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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA POLITÉCNICA DA USP PECE – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA EAD – ENSINO E APRENDIZADO À DISTÂNCIA eST-301 / STR-301 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES PARTE B ALUNO SÃO PAULO, 2020 EPUSP/PECE CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO – EEST EDIÇÃO/ANO: 1/2020 CRÉDITOS: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - EPUSP DIRETORA: LIEDI LEGI BARIANI BERNUCCI Programa de Educação Continuada - PECE COORDENADOR GERAL: LUCAS ANTÔNIO MOSCATO Laboratório de Controle Ambiental, Higiene e Segurança na Mineração - LACASEMIN COORDENADOR: SÉRGIO MÉDICI DE ESTON VICE – COORDENADOR: WILSON SHIGUEMASA IRAMINA ASSESSORIA TÉCNICA E ADMINISTRATIVA: MARIA RENATA MACHADO STELLIN Equipe Técnica Professor Presencial (PP) - HUMBERTO FARINA - RICARDO METZNER - WALTER NEGRISOLO Conversores Presencial para distância (CPD) - CAROLINA COSTA BATISTA - LUCAS BICUDO TING - KARLA JULIANE DE CARVALHO Filmagem e Edição (FE) - THALITA SANTIAGO DO NASCIMENTO Instrutores Multimídia à distância - IMAD (TUTORIA) - DIEGO DIEGUES FRANCISCA - FELIPE BAFFI DE CARVALHO - RENATA JULIANA LEMOS MARINHO Equipe Administrativa - NEUSA GRASSI DE FRANCESCO - CRISTIANE FIDELIS SOARES RIOS - FERNANDA GABRIELA DE CAMARGO - RAFAEL DA SILVA CRUZ ASSESSORIA DE NOVOS PROJETOS EDUCACIONAIS: VICENTE TUCCI FILHO Equipe Financeira - GUSTAVO SIQUEIRA DO NASCIMENTO ANTONIO - MADALENA EIKO HASEGAWA Equipe de Divulgação - NATALIA FIRMINO GUCCIONI “Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, sem a prévia autorização de todos aqueles que possuem os direitos autorais sobre este documento”. SUMÁRIO eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. i SUMÁRIO CAPÍTULO 1. DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO ATIVA E PASSIVA CONTRA INCÊNDIO EM UMA INDÚSTRIA .................................................... 1 1.1. EXERCÍCIO ........................................................................................................ 2 1.2. ROTEIRO ............................................................................................................ 3 1.3. RESOLUÇÃO ..................................................................................................... 4 CAPÍTULO 2. DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO PASSIVA CONTRA INCÊNDIO EM UM PRÉDIO ............................................................................. 6 2.1. EXERCÍCIO ........................................................................................................ 7 2.2. ROTEIRO ............................................................................................................ 8 2.3. RESOLUÇÃO ..................................................................................................... 9 CAPÍTULO 3. TIPOS DE EXPLOSÕES ..........................................................................11 3.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12 3.2. CONCEITOS ..................................................................................................... 12 3.3. TIPOS DE EXPLOSÕES .................................................................................. 13 3.3.1. EXPLOSÕES FÍSICAS .............................................................................. 13 3.3.2. EXPLOSÕES QUÍMICAS ........................................................................... 15 3.4. PREVENÇÃO DE UMA EXPLOSÃO ................................................................ 17 3.5. PROTEÇÃO CONTRA EXPLOSÕES ............................................................... 19 3.6. TESTES ............................................................................................................ 20 CAPÍTULO 4. BLEVE - BOILING LIQUID EXPANDING VAPOUR EXPLOSION E UVCE - UNCONFINED VAPOUR CLOUD EXPLOSION ..............................................................21 4.1. BLEVE .............................................................................................................. 22 4.1.1. O QUE SIGNIFICA UM BLEVE? ............................................................... 22 4.2. UVCE ................................................................................................................ 26 4.2.1. O QUE SIGNIFICA UMA UVCE? ............................................................... 26 4.3. TESTES ....................................................................................................... 31 CAPÍTULO 5. EXPLOSÃO DE POEIRAS .......................................................................33 5.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 34 5.2. PÓ E POEIRA ................................................................................................... 35 5.3. SUPERFÍCIE ESPECÍFICA .............................................................................. 35 5.4. EXPLOSÃO PRIMÁRIA E EXPLOSÃO SECUNDÁRIA ................................... 42 5.5. CLASSES DE EXPLOSÕES DE POEIRA ........................................................ 44 5.5.1. MATERIAL ................................................................................................. 45 5.5.2. CONCENTRAÇÃO NO AMBIENTE ........................................................... 45 5.5.3. DISPERSÃO NO AMBIENTE .................................................................... 46 5.5.4. CONCENTRAÇÃO DE O2 .......................................................................... 46 5.5.5. CALOR ...................................................................................................... 46 5.6. MEDIDAS DE PREVENÇÃO CONTRA EXPLOSÃO DE POEIRAS ................. 47 5.7. MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA EXPLOSÃO DE POEIRAS ................... 48 5.8. TESTES ............................................................................................................ 49 CAPÍTULO 6. BRIGADA CONTRA INCÊNDIO E PLANO DE EMERGÊNCIA ...............50 SUMÁRIO eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. ii 6.1. BRIGADA DE INCÊNDIO ................................................................................. 51 6.1.1. DOCUMENTOS BÁSICOS ........................................................................ 51 6.1.2. PROGRAMA DE TREINAMENTO ............................................................. 51 6.1.3. DIMENSIONAMENTO DA BRIGADA ........................................................ 51 6.1.4. OUTROS ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS .................................... 52 6.2. PROCEDIMENTOS DE RESPOSTA A EMERGÊNCIAS.................................. 54 6.2.1. OBJETIVO DOS PROCEDIMENTOS ........................................................ 54 6.2.2. COMUNICAÇÕES...................................................................................... 55 6.2.3. PESSOAS A SEREM ACIONADAS .......................................................... 56 6.2.4. EQUIPAMENTOS ...................................................................................... 57 6.2.5. PONTOS DE ENCONTRO (REUNIÃO) ..................................................... 57 6.2.6. NORMAS INTERNAS ............................................................................... 57 6.2.7. RELATÓRIO .............................................................................................. 58 6.2.8. EXEMPLO DE ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO DE EMERGÊNCIA ..................................................................................................... 59 6.3. PROCEDIMENTOS DE ABANDONO EM SITUAÇÕESDE EMERGÊNCIA .... 60 6.3.1. PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO ........................................................ 60 6.3.2. AÇÕES PRÉVIAS ...................................................................................... 61 6.3.3. AÇÕES DURANTE O ABANDONO ........................................................... 62 6.3.4. SIMULADOS .............................................................................................. 63 6.3.5. AÇÕES PERMANENTES .......................................................................... 63 6.3.6. EXTRATO DA NBR 9077 – SAÍDAS DE EMERGÊNCIA ........................... 63 6.4 TESTES ............................................................................................................. 65 CAPÍTULO 7. SISTEMAS FIXOS DE INUNDAÇÃO TOTAL COM AGENTES LIMPOS .67 7.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 68 7.2. REVISÃO DE CONCEITOS BÁSICOS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS ................................................................................................................................. 69 7.2.1. COMBUSTÃO X FOGO ............................................................................. 69 7.2.2. COMBUSTÍVEL ......................................................................................... 70 7.2.3. CALOR ...................................................................................................... 71 7.2.4. OXIGÊNIO ................................................................................................. 71 7.3. REAÇÃO EM CADEIA ...................................................................................... 72 7.4. CLASSES DE INCÊNDIO ................................................................................. 72 7.5. AGENTE EXTINTOR LIMPO ............................................................................ 73 7.5.1. NORMAS E ORGANISMOS RELACIONADOS ......................................... 73 7.5.2. DEFINIÇÃO DE AGENTE EXTINTOR LIMPO ........................................... 74 7.5.2.1. FORMAS DE UTILIZAÇÃO .................................................................... 75 7.5.2.2. MECANISMOS DE EXTINÇÃO ............................................................... 80 7.6. TOXICIDADE .................................................................................................... 81 7.7. TOXICIDADE DO PRODUTO EM ESTADO NATURAL ................................... 81 7.8. TOXICIDADE DOS SUBPRODUTOS DA DECOMPOSIÇÃO TÉRMICA ......... 82 7.9. MEIO AMBIENTE ............................................................................................. 83 7.9.1. NOVEC ...................................................................................................... 84 SUMÁRIO eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. iii 7.9.2. ONDE USAR E ONDE NÃO USAR ........................................................... 85 7.9.3. PROJETO E DIMENSIONAMENTO .......................................................... 85 7.10. MÉTODOS SIMPLIFICADOS – PRÉ-CALCULADO ....................................... 85 7.11. MÉTODO CALCULADO POR SOFTWARE ................................................... 88 7.12. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS ................................................................... 89 7.13. EQUIPAMENTOS PARA SISTEMA FE-25TM .................................................. 91 7.14. TESTES .......................................................................................................... 92 CAPÍTULO 8. SISTEMA DE DETECÇÃO E ALARME DE INCÊNDIO ............................93 8.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 94 8.2. NORMAS DE REFERÊNCIA ............................................................................ 94 8.3. REVISÃO DE CONCEITOS BÁSICOS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS ................................................................................................................................. 95 8.3.1. PRODUTOS DA COMBUSTÃO ................................................................. 95 8.3.2. CURVA DO FOGO ..................................................................................... 97 8.4. SISTEMAS DE DETECÇÃO E ALARME CONTRA INCÊNDIO ....................... 98 8.5. SISTEMAS CONVENCIONAIS ......................................................................... 99 8.6. SISTEMAS ENDEREÇÁVEIS ANALÓGICOS (INTELIGENTES) ................... 101 8.7. COMPONENTES DO SISTEMA ..................................................................... 103 8.7.1. PAINEL DE CONTROLE (CENTRAL) ..................................................... 103 8.7.2. DETECTORES DE FUMAÇA PONTUAIS ............................................... 104 8.7.3. DETECTORES DE TEMPERATURA E TERMOVELOCIMÉTRICOS PONTUAIS ........................................................................................................ 108 8.7.4. DETECTORES DE CHAMA ..................................................................... 109 8.7.5. DETECTORES LINEARES ...................................................................... 109 8.7.6. DETECTORES DE FUMAÇA POR ASPIRAÇÃO .................................... 110 8.7.7. ACIONADORES MANUAIS ..................................................................... 112 8.7.8. DISPOSITIVOS DE SAÍDA ...................................................................... 113 8.7.9. TUBULAÇÕES E FIAÇÃO ....................................................................... 114 8.8. TESTES .......................................................................................................... 116 CAPÍTULO 9. ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA .......................................................... 117 9.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 118 9.2. EXIGÊNCIAS PARA O SISTEMA ................................................................... 118 9.3. LOCAIS DE INSTALAÇÃO ............................................................................ 119 9.4. TIPOS DE ILUMINAÇÃO ................................................................................ 120 9.5. REQUISITOS BÁSICOS PARA O SISTEMA DE ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA ....................................................................................................... 120 9.6. FONTES DO SISTEMA DE ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA ...................... 123 9.6.1. FONTES CENTRAIS ................................................................................ 123 9.6.2. UNIDADES AUTÔNOMAS ...................................................................... 124 9.7. AUTONOMIA DO SISTEMA ........................................................................... 125 9.8. TESTES .......................................................................................................... 126 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 128 Capítulo 1. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Ativa e Passiva Contra Incêndio em uma Indústria eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 1 CAPÍTULO 1. DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO ATIVA E PASSIVA CONTRA INCÊNDIO EM UMA INDÚSTRIA OBJETIVOS DO ESTUDO Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos básicos de dimensionamento dos equipamentos de proteção ativa e passiva contra incêndio em uma área industrial por meio de um exercício prático. Ao término deste capítulo você deverá estar apto a: • Iniciar o dimensionamento dos equipamentos contra incêndio. Capítulo 1. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Ativae Passiva Contra Incêndio em uma Indústria eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 2 1.1. EXERCÍCIO Considere a situação da seguinte indústria moveleira, da fábrica de móveis PRÁVIDATODA. Trata-se de 1 conjunto de 3 galpões, sendo um utilizado como depósito de matérias– primas e produtos acabados (galpão 1). As matérias–primas são madeiras naturais. O galpão 1 mede 20 x 40 m. No galpão 2, de 20 x 40 m, estão os equipamentos de corte e montagem, em número de 30. Os equipamentos foram sendo instalados ao longo dos anos, à medida da compra, sendo necessário fazer-se um ziguezague para entrar e sair do setor de produção. Ao longo do caminho de entrada e saída, há equipamentos que distam 0,80 m uns dos outros. Esta movimentação em ziguezague também se observa no galpão 1, no qual as matérias primas e produtos acabados são “arrumados” à medida que chegam ou são produzidos. Entre pilhas de materiais há locais com distâncias de 0,70 m. A iluminação de emergência existe, porém não funciona. Não há chuveiros automáticos. O galpão 1 comunica-se com o galpão 2 pela passagem A, com a rua pela passagem B e com o galpão 3 pela passagem C. As passagens A e C são comunicações simples (não há portas) No galpão 3, de 25 x 20 m, encontram-se os escritórios da empresa. A área 4 é um viveiro de plantas, cultivado pelo proprietário da empresa. Entre o viveiro e o bloco 2 há uma porta simples e sobre ela está indicada a saída de emergência, sendo a única assim sinalizada. A área é de 20 x 3,0 m. Considere que os galpões 1, 2 e 3 têm paredes comuns (estruturas geminadas), porém cada um com seu telhado próprio, constituindo-se em riscos isolados. As paredes externas, de 1 tijolo de espessura, são construídas por tijolos cerâmicos de 8 furos, de 0,10 x 0,10 x 0,20 m. As setas indicam os fluxos de produção, matéria-prima e produto acabado. Pede-se: 1. Indicar as necessidades de proteção contra incêndios ativa e passiva desta empresa, caso se tratasse de edificação nova, 1.1. Se considerasse a área única (a soma das áreas dos 3 galpões). 1.2. Se considerasse cada galpão de forma isolada. 2. Indicar as necessidades de proteção contra incêndios ativa e passiva desta empresa, caso se tratasse de edificação anterior ao ano de 1983, 2.1. Se considerasse a área única (a soma das áreas dos 3 galpões). 2.2. Se considerasse cada galpão de forma isolada. Considere somente o decreto, 63911/18, a IT 43/19 e a NR 23 (máximo 1 página para os itens 1 e 2). 3. Comente as diferenças entre 1.2 e 1.1, e 2.2 e 2.1 (máximo 1 página). 4. Você e sua equipe foram contratados pelo proprietário da empresa para fazer um diagnóstico das condições encontradas e recomendações. Apresentem um relatório de diagnóstico e recomendações (máximo 2 páginas). Capítulo 1. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Ativa e Passiva Contra Incêndio em uma Indústria eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 3 OBS: Considere somente os Decretos Estaduais de São Paulo 63911/18 e 46076/01, as Instruções Técnicas (IT’s) do Corpo de Bombeiros de São Paulo e a NR 23, disponibilizados na plataforma. Assuma e justifique todos os dados que julgarem necessários. 1.2. ROTEIRO 1. Determinar a classe de risco dos galpões (Tabelas 1 a 2) pág. 10 a 13 do Decreto 63911/18; 2. Verificar a carga de incêndio (Anexo A e Tabela B1 da IT14/01); 3. Determinar risco de incêndio (Tabela 3, Decreto 63911/18); 4. Determinar necessidades segundo Decreto 63911/18- Tabelas 4, 5, 6I.1.a 6J.2); 5. Repetir os procedimentos 1), 2), 3) e 4), utilizando o Decreto 63911/18, a IT 43/19 e a NR23; 6. Verificar as necessidades estruturais dos galpões (Anexo A da IT 08/19); 7. Verificar as características das construções (comparar com o Anexo B da IT 08/19); 8. Verificar as necessidades e soluções, segundo a IT 09 /19; 9. Determinar a classificação do tipo de construção, segundo a Tabela 3 da IT11/19; 10. Dimensionar as saídas de emergência, segundo as Tabelas 4 a 6 da IT11/19. Estoque (1) Produção (2) Escritório s (3) 4 Estacionamento Terreno vizinho Rua Rua A B C Capítulo 1. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Ativa e Passiva Contra Incêndio em uma Indústria eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 4 1.3. RESOLUÇÃO Quadro 1.1. Resolução: 1) Somando as 3 áreas, temos: galpão 1, 800 m²; galpão 2, 800 m²; galpão 3, 500 m²; e área 4, 60 m²; totalizando 2160 m². 2) Verificando na IT 14 Anexo A, encontramos, em “industrial”, “móveis” com uma carga de incêndio de 600 MJ/m2. Supor para o depósito uma altura de empilhamento de 2,0 metros, chegando-se, no anexo B, a 720MJ/m2. 3) Na tabela 1 do Decreto 63911/18, o galpão 1 é classificado como J3, o 2 como I2 e o 3 como D1. 4) Na Tabela 3 do decreto 63911/18, os galpões são de médio risco quanto à carga de incêndio. 5) Na tabela 4 do Decreto 63911/18, assumindo-se, por exemplo, que o prédio seja térreo encontram-se as exigências para cada um dos galpões e para o conjunto para antes de 1983. 6) Nas tabelas do decreto 63911/18, 5, 6I1 e 6J2, encontram-se as exigências para cada um dos galpões. Para o conjunto (área total), utiliza-se novamente a tabela 6J2. 7) Repete-se o procedimento utilizando o Decreto 63911/18 e a IT 43/19. 8) Ao comparar-se as exigências, percebe-se que quanto maior a área (ou a altura), maiores as exigências (adicionalmente alarme de incêndio e hidrantes) na legislação relativa a construções até 1983, tornando-se mais rigorosas, também em função da área e da altura, na legislação de 2001, e ainda mais rigorosas, independentemente do ano de construção, na legislação de 2011. 9) Consultar o item 23.1.1.a da NR 23, consultar a tabela 3 do decreto 63911/18, assumir risco de fogo médio, determinar na IT 21 a máxima distância a percorrer até Capítulo 1. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Ativa e Passiva Contra Incêndio em uma Indústria eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 5 a unidade extintora (20 m) e o número de extintores que constituem uma unidade extintora, lembrando que cada pavimento deverá ter no mínimo 2 extintores. 10) No Anexo A da IT 08/19, a partir das ocupações das áreas, determina-se os TRRF. 11) No Anexo B da IT 08/19 indica as características das construções. 12) No Anexo B IT 09/19, de acordo com o tipo de ocupação, indica área máxima que pode ser compartimentada (assumindo-se construção térrea, por exemplo). 13) A IT 11/19, em seu Anexo A, indica 1 pessoa para cada 30 metros quadrados de área no caso do depósito e 1 pessoa para cada 10 m2 no caso da área fabril, ou seja, para o depósito com 800 m2, 26 pessoas, e para a área fabril, com 800 m2, 80 pessoas, compatível com uma unidade de passagem, temos então, do anexo B, assumindo a não existência de chuveiros de emergência e nem de detectores de fumaça, a distância máxima a ser percorrida para encontrar uma saída de emergência de 28 metros. Estes 28 metros correspondem aos 40 m indicados para as ocupações I2 e J3, reduzidos em 30%, conforme a nota b, abaixo da mesma tabela, supondo que não se tenha ainda o arranjo físico (layout) definido. Já para o escritório, cuja área é de 500 m² da tabela 1 do Decreto 56819/2011, tem-se a classificação D1 e do anexo A da IT 11/19 1 pessoas por 7m2 ou 72 pessoas, compatível com uma unidade de passagem. Assumindo a não existência de chuveiros de emergência e nem de detectores de fumaça, a distância máxima a ser percorrida para encontrar uma saída de emergência é de 28 metros. Estes 28 metros correspondem aos 40 m indicados para as ocupações D, reduzidosem 30%, conforme a nota b, abaixo da mesma tabela, supondo que não se tenha ainda o arranjo físico (layout) definido. 14) Observar que, além da desorganização, falta de espaçamento entre os materiais e equipamentos e mau funcionamento do sistema de iluminação, a saída de emergência para a área 4 é na verdade uma armadilha (não há saída), o que contraria o item 23.2 da NR 23. Capítulo 2. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Passiva Contra Incêndio em um Prédio eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 6 CAPÍTULO 2. DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO PASSIVA CONTRA INCÊNDIO EM UM PRÉDIO OBJETIVOS DO ESTUDO Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos básicos de dimensionamento dos equipamentos de proteção passiva contra incêndio em um prédio por meio de um exercício prático. Ao término deste capítulo você deverá estar apto a: • Iniciar o dimensionamento dos equipamentos de proteção passiva contra incêndio. Capítulo 2. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Passiva Contra Incêndio em um Prédio eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 7 2.1. EXERCÍCIO Considere somente o Decreto Estadual 63911/18 de São Paulo, as Instruções Técnicas (IT’s) do Corpo de Bombeiros de São Paulo e a NR 23, disponibilizados na plataforma. No terreno abaixo, de 61 x 25 m, já há um prédio de 20 andares, tendo cada andar 20 x 20 metros. A face lateral esquerda do prédio (fundos do prédio) dista 3,5 m da divisa esquerda do terreno e está centralizada em relação ao eixo maior do terreno. Pretende-se construir um segundo prédio de mesmas dimensões do primeiro e que apresenta as seguintes características arquitetônicas: a) Os prédios ficarão frente a frente, sendo que a distância entre os fundos do prédio novo e a divisa do lado direito do terreno, é a mesma já descrita no primeiro parágrafo. b) O novo prédio terá na face frontal 10 janelas por andar, de 1,0 metro de lado e 1,5 metro de altura. Nos 2 lados adjacentes, há 5 janelas por andar, de mesma dimensão, igualmente espaçadas. c) Na face traseira não há janelas. A fachada é lisa, sem ressaltos. d) Haverá um restaurante no prédio novo, que atenderá não só a população dos prédios, mas o público em geral também. Este restaurante será abastecido por uma cozinha industrial, que ocupará 2 andares do prédio. e) A menos do citado em d), os 2 prédios serão de escritórios. f) O novo prédio será provido de um sistema de ar condicionado central e de rede centralizada de comunicações e dados, de forma que os cabos de comunicação e dados atravessarão, dentro de bandejas, todos as áreas de um mesmo andar e todos os andares de um mesmo edifício. 1) Você e sua equipe foram contratados pelo proprietário da empresa para fazer um diagnóstico do projeto arquitetônico do prédio novo e de apresentação de recomendações de proteção passiva para os seguintes itens: Pede-se, por escrito (2 páginas no máximo): 1.1) Cozinha, especificamente na área de dutos de coifas. 1.2) Dutos de ar condicionado. 1.3) Bandejas metálicas de cabos de dados que se intercomunicam (entre áreas de um mesmo pavimento e entre pavimentos). 1.4) Fachada do prédio. 1.5) Distanciamento entre edifícios. Da forma como foi descrito, os prédios poderão ser construídos no terreno existente? Abstraia necessidades de recuo ou outras exigências de códigos de obra. Que tipo de sugestão vocês dariam para que a construção pudesse ser feita? 1.6) Suponha agora que o terreno em questão fosse vizinho à indústria do exercício da anterior, e que as 3 construções (a fábrica e mais os dois prédios) depois de terminadas ficariam em um mesmo terreno. Desconsidere limitações relacionadas aos afastamentos. Quais itens da fábrica deveriam ser especialmente verificados e se necessário modificados, visando o aumento da proteção passiva? Justifique a sua resposta. Capítulo 2. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Passiva Contra Incêndio em um Prédio eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 8 1.7) Assuma que a estrutura dos telhados dos 3 galpões seja metálica e sem nenhuma proteção contrafogo. Que sugestão você daria? Assuma e justifique todos os dados que julgar necessários. 2.2. ROTEIRO 1. Determinar a classe de risco dos galpões (tabelas 1 a 2 do decreto 63911/18). 2. Verificar a carga de incêndio (anexo A da IT 14/19). 3. Determinar as necessidades solicitadas para a cozinha, segundo a IT 38/19. 4. Determinar as necessidades solicitadas, para os dutos de ar condicionado e bandejas, segundo a IT 09/19. 5. Verificar as alternativas para fachada na IT 09/19. 6. Calcular o distanciamento entre edifícios, segundo a IT 07/19. 7. Comparar o valor de 6) com o valor do projeto. 8. Propor alternativas. 9. Para o item 6) solicitado no exercício, verificar a IT 08/19. 10. Apresentar sugestões, baseado no item 9), baseado no que foi visto na disciplina. Capítulo 2. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Passiva Contra Incêndio em um Prédio eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 9 2.3. RESOLUÇÃO Quadro 2.1. Resolução: 1) Da tabela 1 do decreto 63911/18, identificamos o prédio como D1, da tabela 2 que é do tipo VI e depois de verificar a carga de incêndio (anexo A da IT14), temos, na tabela 3, que o risco de carga de incêndio é médio. 2) Da IT 07 tabela 2, chega-se à classe de severidade II. 3) Assumindo 3,0 metros de altura por andar, calculando para 20 andares, a área lateral do prédio é de (1 + 20) x 3 x 20 = 1260 m². 4) Considerando que a área de abertura é 10 x (1,0 x 1,5) x (20 + 1) = 315 m². 5) A relação de áreas é de 315 / 1260 = 0,25 ou seja 25% de aberturas. 6) A relação entre altura e largura é (20 + 1) x 3 / 20 = 3,15. Arredondaremos para 3,2. 7) Na tabela 3 do Anexo A-1 da IT 07, com os itens acima, obtém-se a = 1,42. 8) Portanto, como D = a x largura + b, sendo que assumiremos que no município em questão exista Corpo de Bombeiros, portanto b = 1,5, ou seja, D = 1,42 x 20 + 1,5 = 29,9 m. 9) Com 29,9 m de distância entre os prédios, não seria possível a construção na distância pretendida, sendo inclusive maior do que a dimensão do terreno. 10) Ao analisar-se as possibilidades decorrentes da proteção de estruturas (Anexo B da IT 07), observa-se que mesmo se a distância fosse reduzida em 50%, não seria possível executar a construção na distância prevista. 11) Uma alternativa, mantendo-se as características arquitetônicas do projeto é diminuir a área de abertura, o que se consegue fazendo com que o prédio seja construído a 180 graus da posição inicialmente prevista, pois na parede traseira não há janelas. Há outras alternativas, como, por exemplo, a compartimentação Capítulo 2. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Passiva Contra Incêndio em um Prédio eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 10 horizontal e vertical também são possíveis, implicando em uma redução da distância entre as edificações. 12) Quanto à cozinha, devem ser observados os requisitos de item 5.2 da IT 38. Também se deve observar que, em termos de segurança contra incêndios da instalação, é crítica a manutenção da limpeza dos componentes e tubulações, pois a existência e o acúmulo de gordura e resíduos, na presença de calor podem facilmente transformar-se em focos de início de incêndio que, se não forem controlados, tenderão a se alastrar por toda a rede de dutos. 13) No caso dos dutos de ar condicionado, bandejas elétricas e de dados, devem ser observados, respectivamente os itens 5.3.3, 6.3.4 e 6.3.5 da IT 09. 14) Quanto à edificação vizinha (os 3 galpões), um dosaspectos mais importantes diz respeito à resistência ao fogo da cobertura, pelo risco de propagação entre cobertura e fachada, devendo-se observar o item 5.6 da IT 08 (a resistência ao fogo da cobertura deve ser a mesma das estruturas principais da edificação). 15) Como possibilidades para aumentar o TRRF da estrutura do telhado, podem ser citadas, por exemplo, a aplicação de pintura intumescente e de argamassa projetada. Capítulo 3. Tipos de Explosões eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 11 CAPÍTULO 3. TIPOS DE EXPLOSÕES OBJETIVOS DO ESTUDO Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos básicos de explosões e os tipos, além de princípios de proteção. Ao término deste capítulo você deverá estar apto a: • Discutir os principais conceitos vinculados à ocorrência de explosões; • Reconhecer os tipos de explosões; • Diferenciar explosões físicas de químicas; • Discutir ações de proteção de explosões de gases e vapores. Capítulo 3. Tipos de Explosões eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 12 3.1. INTRODUÇÃO Há uma ampla gama de eventos relacionados a explosões. O espectro deste tipo de ocorrência é extremamente variado e envolve situações acidentais e intencionais. Acidentais, como no caso de uma bexiga em uma festa de aniversário que estourou ao encostar em uma superfície aquecida ou colidir contra um alfinete, ou um pneu de uma bicicleta que arrebentou ao ser perfurado por um prego, ou uma roda de 3,0 metros de diâmetro de caminhão fora de estrada que durante a pressurização se rompeu, um reator químico que se desfez quando se perdeu o controle da reação, até uma caldeira que ao explodir destruiu tudo e todos em um raio de 150 m à sua volta. Envolve também eventos intencionais, como a remoção, utilizando-se explosivos, de toneladas de material em uma frente de lavra de minério de ferro, ou a transformação de energia química em mecânica dentro do cilindro de um motor a explosão, ou a demolição de uma estrutura ou prédio utilizando-se de cargas explosivas, ou ainda a explosão de uma bomba para extinguir um incêndio em um poço de petróleo. Percebe-se nestes casos que, contrariamente ao que se supõe popularmente, a explosão em si não pode ser classificada como algo indesejável ou ruim, podendo sim, ser um evento altamente desejável. 3.2. CONCEITOS Explosões são ocorrências nas quais há uma súbita liberação de energia que se materializa em um aumento de pressão associada à liberação de gases e que pode eventualmente ser acompanhada de liberação de calor. Desta forma, pode-se afirmar que em todas as explosões há um aumento súbito de pressão e que há explosões nas quais não ocorre a liberação de calor. Quadro 3.1 Qual é a definição de explosões? RESPOSTA: Explosões são ocorrências nas quais há uma súbita liberação de energia que se materializa em um aumento de pressão associada à liberação de gases e que pode eventualmente ser acompanhada de liberação de calor. Quando ocorre o aumento súbito de pressão, pode haver ou não a projeção de materiais, como no caso da explosão da frente de lavra ou da que ocorre dentro do cilindro de um motor. Capítulo 3. Tipos de Explosões eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 13 3.3. TIPOS DE EXPLOSÕES As explosões podem ser divididas em físicas, químicas, nucleares e elétricas. Estas duas últimas, devido aos conhecimentos específicos necessários, não serão discutidas neste texto. Os efeitos de uma explosão variam enormemente com as características do que explodiu, suas características intrínsecas e quantidades envolvidas, o que é verdadeiro tanto para eventos acidentais quanto intencionais, se o ambiente é aberto ou fechado e da existência e características de instalações próximas. Por exemplo, um botijão de gás cuja explosão ocorra em um campo aberto provavelmente produzirá efeitos menos danosos do que se o mesmo botijão explodir dentro de uma instalação de envasamento e armazenamento de gás liquefeito de petróleo. Da mesma maneira, se esta instalação for vizinha a uma região densamente habitada, os efeitos da explosão poderão ser ainda mais nefastos. No caso dos eventos acidentais e de ocorrências não planejadas nos eventos intencionais, os efeitos poderão ser materiais, com danos a instalações e equipamentos, ambientais, gerando danos ambientais, com reflexos nos ecossistemas, além da possibilidade de ocorrências de incêndios, e das consequências sobre seres humanos, com feridos e mortos. 3.3.1. EXPLOSÕES FÍSICAS As explosões físicas decorrem de uma incapacidade do vaso que contém a substância de resistir à pressão desta substância, sem que tenham ocorrido fenômenos químicos. Quadro 3.2 As explosões físicas decorrem de qual fenômeno? RESPOSTA: As explosões físicas decorrem de uma incapacidade do vaso que contém a substância de resistir à pressão desta substância, sem que tenham ocorrido fenômenos químicos. Ocorre quando da dilatação da substância ou à mudança de seu estado físico como, por exemplo, na transformação de líquido em vapor. Assim, quando uma bexiga é enchida com a boca ou um pneu de bicicleta, com um compressor de ar, e são enchidos com ar além de um determinado limite, tanto a bexiga como o pneu simplesmente arrebentam. Capítulo 3. Tipos de Explosões eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 14 Da mesma maneira, um tanque que contenha uma determinada substância líquida ou gasosa em seu interior e que seja exposto a uma elevação de temperatura terá um aumento em sua pressão interna. Caso a pressão nestas condições produza esforços maiores do que o vaso seja capaz de resistir, ele romperá de forma explosiva. Um exemplo deste tipo de situação é o que ocorre com tambores com produtos que ficam expostos a altas temperaturas, como no caso de cargas expostas em caminhões. Caso se trate de um produto volátil, por exemplo, haverá um equilíbrio entre a fase líquida e a fase gasosa. O aumento da temperatura fará com que haja dilatação da fase liquida e consequente diminuição do volume “vazio”. O aquecimento também provocará um aumento na geração de vapor. A combinação destes dois fatores provocará um aumento de pressão neste que poderá resultar na ruptura do tambor. A ruptura poderá ocorrer devido ao aumento da pressão ou à diminuição da resistência do tanque ou reservatório. A resistência mecânica poderá diminuir ou ser menor do que necessária devido a diversos fatores. A diminuição da resistência mecânica pode se dever: • a um erro de projeto, seja no dimensionamento ou na especificação de materiais; • à diminuição de espessura, decorrente de corrosão ou; • ao impacto, como a queda ou colisão do tanque contra alguma superfície ou de alguma ferramenta, equipamento, veículo ou material contra o tanque. • à diminuição da resistência do reservatório devido à exposição do tanque a uma fonte de calor concentrado, como a chama de maçarico, uma operação de solda ou o uso de uma lixadeira, ou ainda a fragilização, o que ocorre quando o aço é exposto a temperaturas negativas. Explosões físicas também ocorrem nas chamadas vaporizações brutais. Neste caso um líquido entra em contato com outro, sendo que o segundo tem densidade menor e se encontra a uma temperatura superior à de ebulição do primeiro líquido. Caso o primeiro seja despejado sobre o segundo, o que ocorreria, por exemplo, no caso de um tanque aberto que contivesse um líquido em chamas e no qual se tentasse controlar o fogo com a utilização de água, proveniente de um balde ou de uma mangueira, o líquido de maior densidade, neste caso a água, afundariae, pelo fato da temperatura ser superior à sua de ebulição, vaporizaria instantaneamente. Como o vapor d’água ocupa um volume 1700 vezes superior ao equivalente em massa de água líquida, ao ocorrer a vaporização, o vapor emerge do interior do tanque de forma explosiva, arrastando parte do líquido em chamas, podendo atingir pessoas, instalações e o meio ambiente a distâncias consideráveis, tanto horizontal quanto verticalmente, do local da ocorrência inicial. Outro tipo de vaporização brutal, a explosão decorrente da expansão de vapor de líquidos mantidos a temperaturas superiores às de ebulição nas condições do ambiente, o chamado BLEVE, será tratado em um próximo capítulo. Capítulo 3. Tipos de Explosões eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 15 Há casos de explosões físicas decorrentes de má operação de equipamentos, como as que podem ocorrer se a válvula de descarga de uma bomba de deslocamento positivo em funcionamento for fechada. Caso não exista nenhum dispositivo de proteção contra o fechamento da válvula ou de limitação de pressão, esta última continuará subindo até que algo se rompa: talvez a tubulação, ou uma válvula ou a própria bomba, sempre de forma explosiva, com lançamento de partes do equipamento ou linha, além do material contido, com suas características intrínsecas de temperatura, corrosividade e agressividade a pessoas, ao meio ambiente e a outros equipamentos e instalações. É importante frisar que os fenômenos descritos e suas eventuais consequências catastróficas, não são de maneira nenhuma, restritos e exclusivos de ambientes industriais ou situações que envolvam ambientes profissionais. Basta citar os casos de aquecedores de água de acumulação de uso tanto comercial quanto residencial que, ao explodirem, feriram e mataram pessoas. Ou das inúmeras ocorrências de explosões de panelas de pressão, com graves consequências em termos de ferimentos e lesões permanentes dos envolvidos e seus parentes, inclusive crianças, quanto a danos de instalações e equipamentos. 3.3.2. EXPLOSÕES QUÍMICAS Nas explosões químicas ocorre algum tipo de reação entre as substâncias existentes, como, por exemplo, uma oxidação, uma reação exotérmica ou uma polimerização. As explosões químicas podem ser homogêneas e heterogêneas. Nas explosões homogêneas toda a massa de material reage simultaneamente, como no caso de reações fotoquímicas ou de polimerizações. A velocidade da reação é função da temperatura do material. Já nas explosões heterogêneas, a reação se inicia em uma parte da massa e se propaga pelo restante do material. É o que acontece nas explosões que envolvem gases, vapores ou poeiras em suspensão e que serão apresentadas em outros capítulos. Quanto à velocidade de deslocamento da frente de reação, esta pode ser da ordem de grandeza dos metros por segundo (deflagração) ou de quilômetros por segundo (detonação) dependendo de características intrínsecas do material e outras relacionadas à sua concentração no ambiente e homogeneização da mistura com o ar. No disparo de uma arma de fogo, como por exemplo um revólver, as velocidades da frente de reação são da ordem de grandeza de metros por segundo. Nas detonações as pressões geradas são maiores do que nas deflagrações: enquanto nas deflagrações os valores estão na faixa de 4 a 10 bars, no caso das detonações os aumentos de pressão encontram-se na faixa de 20 a 40 bars. É importante observar que na faixa de 0,15 bar, em seres humanos, há a possibilidade de ruptura de tímpano e valores da ordem de 0,07 bar já provocam arrancamentos de telhas e materiais semelhantes. Capítulo 3. Tipos de Explosões eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 16 Para que se tenha uma ideia dos efeitos das sobre pressões, no acidente que ocorreu em 1974 em Flixborough e que está descrito em outro capítulo, as pressões geradas foram da ordem de 2,5 bar no nível do solo no local da explosão, 1 bar a 150 m de distância e 0,5 bar a 240 m, com destruição total das instalações. Nas explosões heterogêneas a combinação de elementos é a mesma que existe para que ocorra uma combustão, ou seja, o encontro simultâneo de quantidades apropriadas de combustível, comburente e calor. O combustível pode ser um gás inflamável, o vapor de uma substância inflamável ou uma poeira inflamável. O comburente geralmente é o oxigênio existente no ar presente no ambiente. O calor pode ser de fonte elétrica, química, mecânica ou solar. Conforme citado, o calor, o comburente e o combustível devem se encontrar em proporções adequadas. A explosão só ocorrerá se a mistura entre comburente e combustível se encontrar dentro da faixa de explosividade. A faixa de explosividade ou de inflamabilidade é determinada por dois valores: o limite inferior de explosividade ou de inflamabilidade e o limite superior de explosividade ou de inflamabilidade. Os dois limites anteriormente citados encontram-se respectivamente acima e abaixo da relação estequiométrica, a condição na qual todas as moléculas de combustível têm comburente suficiente para reagir. Acima da proporção estequiométrica, quando houver mais combustível do que o necessário, a mistura é dita rica. Quando o componente em excesso é o comburente, a mistura é dita pobre. Em proporções acima do limite superior explosividade ou abaixo do limite inferior de explosividade, a explosão não ocorre, respectivamente por que o comburente disponível não é suficiente ou o combustível disponível não é suficiente. Há fatores que influenciam e alteram os limites de explosividade e que, portanto, podem ampliar ou restringir a amplitude da faixa de explosividade. A concentração de oxigênio, por exemplo, à medida que aumenta, desloca o limite superior de explosividade e amplia a faixa de explosividade. A pressão atmosférica, por sua vez, poderá aumentar ou diminuir o limite superior de explosividade. No caso de ambiente estar a pressões inferiores à atmosférica, tanto o limite superior quanto o inferior de explosividade serão diminuídos. O aumento da energia de ativação - o calor disponível para que a reação se inicie - tende a ampliar a faixa de explosividade, diminuindo o limite inferior e aumentando o limite superior de explosividade. A temperatura ambiente poderá aumentar ou diminuir a faixa de explosividade, conforme respectivamente aumente ou diminua. A umidade relativa do ar tem o mesmo efeito de ampliação ou diminuição da faixa de explosividade, conforme respectivamente diminua ou aumente. Quando além da explosão há um incêndio, ou seja, além do efeito da sobrepressão há um efeito térmico, o efeito da explosão é ainda mais devastador. Por esta razão, se Capítulo 3. Tipos de Explosões eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 17 comparadas as explosões de mesma magnitude, físicas e químicas, as que produzem efeitos térmicos tendem a ter efeitos ainda mais destrutivos. 3.4. PREVENÇÃO DE UMA EXPLOSÃO Prevenir uma explosão é tomar medidas para impedir que o combustível, o comburente e a fonte de calor se encontrem simultaneamente. Com relação ao combustível, a prevenção de explosões se refere, entre outras medidas, a: • Extração do ambiente gases ou vapores combustíveis. • Eliminação de vazamentos de materiais sejam estes gases, vapores, líquidos ou sólidos. • Manutenção dos ambientes limpos com relação à presença de elementos combustíveis, especialmente no caso de pós. A umectação dos materiais é uma alternativa, desde que não degrade ou reaja com estes materiais ou com os componentes dos equipamentos. • Inspeção periódica de equipamentos e instalações. • Detecção de vazamentos. • Contenção de vazamentos (especificamente para líquidos). • Treinamentodos envolvidos na atividade. Quadro 3.3. Quais são as principais medidas de prevenção de incêndios? RESPOSTA: • Extração do ambiente gases ou vapores combustíveis. • Eliminação de vazamentos de materiais. • Manutenção dos ambientes limpos com relação à presença de elementos combustíveis, especialmente no caso de pós. A umectação dos materiais é uma alternativa, desde que não degrade ou reaja com estes materiais ou com os componentes dos equipamentos. • Inspeção periódica de equipamentos e instalações. • Detector de vazamentos. • Contenção de vazamentos (especificamente para líquidos). • Treinamento dos envolvidos na atividade. Capítulo 3. Tipos de Explosões eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 18 O item treinamento é de fundamental importância, pois com o conhecimento e aplicação das necessidades relacionadas aos materiais, ao processo, à segurança do processo e à segurança das pessoas e do meio ambiente, a possibilidade de criação de situações potencialmente desastrosas é expressivamente diminuída. Quanto ao comburente, a prevenção de explosões se refere aos procedimentos de inertização, ou seja, tornar a atmosfera do ambiente inerte. Isto pode significar reduzir o teor de oxigênio ou adicionar um outro gás, como, por exemplo, o gás carbônico ou o nitrogênio em proporções tais que o oxigênio disponível não seja suficiente para reagir com o combustível. A inertização pode ainda ser utilizada como técnica de “varredura” de uma instalação, removendo resquícios de materiais combustíveis em tubulações, tanques e equipamentos, ou no preenchimento de espaços “vazios” de tanques, e também na transferência de materiais líquidos ou na forma de pós. Atenção especial deve ser dada aos meios de alimentação do gás inerte, para que não se transforme em uma fonte de novos problemas, como no caso da geração de eletricidade estática devido ao atrito da descarga de gás carbônico com o bocal plástico de um extintor de incêndio. Explosões já ocorreram quando da utilização de extintores de gás carbônico para a inertização de tanques de combustível. No que se refere ao calor ou às fontes que podem produzir calor, deve-se ter em mente que as fontes são bastante variadas e incluem: • Trabalhos a quente • Atrito • Eletricidade estática • Faíscas • Arcos elétricos • Reações exotérmicas • Equipamentos e instalações inadequados para os ambientes As medidas preventivas, da mesma forma, têm de abranger todas as possibilidades de ocorrência ou presença dos fatores acima, o que incluiria: 1) Executar trabalhos a quente somente em ambientes, equipamentos e instalações cujas atmosferas não sejam explosivas, após monitoramento. Observar que as condições são dinâmicas, de forma que o que foi medido no início do trabalho poderá não ser necessariamente verdadeiro durante ou ao final do mesmo. Lembrar que a explosividade da atmosfera não é o único parâmetro a ser monitorado, sendo tão importante quanto este o teor de oxigênio no ambiente e a presença de materiais agressivos à saúde dos trabalhadores. 2) Manter equipamentos e instalações em bom estado de manutenção e de limpeza eliminando pontos de atrito como mancais danificados ou o atrito entre superfícies, como no caso de um transportador de correia se atritando contra material no piso ou na estrutura do transportador. 3) Manter em bom estado o aterramento elétrico da instalação e equipamentos. Capítulo 3. Tipos de Explosões eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 19 4) Utilizar ferramentas, equipamentos e instalações apropriados para o ambiente, como no caso de áreas classificadas. Observar que um simples martelo de aço, ao atingir a cabeça de um prego, pode gerar uma faísca. 5) Segregar materiais que reajam entre si exotermicamente. 6) Impedir a presença de condições favoráveis à reação, como no caso de luz em reações fotoquímicas. 3.5. PROTEÇÃO CONTRA EXPLOSÕES Proteger contra uma explosão significa adotar medidas para que, caso a explosão ocorra, as consequências serão minimizadas. Uma das alternativas de proteção é dispor de tanques e instalações que resistam às sobrepressões geradas no momento da explosão. É o caso também de discos de ruptura em tanques ou a utilização de janelas ou portas que, com um pequeno aumento de pressão, liberam a energia da explosão sem que o vaso ou instalação sejam prejudicados. Outra alternativa se refere aos projetos de instalações que prevejam espaços abertos, de forma que a explosão se propague sem atingir pessoas, instalações e equipamentos. Outra possibilidade se refere à interposição de barreiras que não permitam a transmissão da onda de choque pela instalação, preservando pessoas e equipamentos. É importante observar que as 4 alternativas acima demandam um estudo detalhado da disposição de máquinas e pessoas e toda a modificação deverá ser cuidadosamente e criteriosamente analisada, caso contrário a proteção poderá deixar de existir. Capítulo 3. Tipos de Explosões eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 20 3.6. TESTES 1. Se em um ambiente houver uma nuvem de gás ou vapor inflamável, ar ou oxigênio e uma fonte de ignição suficiente para que ocorra a inflamação, qual a outra condição necessária para garantir que ocorra a inflamação? a) Os componentes estejam todos juntos. b) Os componentes estejam em um recipiente/ambiente fechado. c) Os componentes estejam em um ambiente aberto. d) A mistura inflamável esteja dentro dos limites de inflamabilidade (LSI e LSE). e) O sistema não esteja aterrado. Feedback: Quadro 3.2. 2. Nas explosões sempre haverá um resultado comum, qualquer que seja o tipo dela: a) Geração de energia térmica. b) Geração de onda de pressão. c) Geração simultânea de energia térmica e onda de pressão. d) Energia luminosa. e) Geração de radiação. Feedback: item 3.2. “Com a expansão rápida dos gases, há geração de ondas de 3. As explosões podem ser classificadas em 4 principais tipos. Assinale a alternativa correta: a) Físicas, químicas, orgânicas, elétricas. b) Físicas, biológicas, nucleares e químicas. c) Biológicas, orgânicas, físicas e elétricas. d) Físicas, químicas, nucleares e elétricas. e) Químicas, nucleares, biológicas e elétricas. Feedback: item 3.3. 4. Qual é a principal semelhança entre uma inflamação comum e uma inflamação na explosão? a) O barulho. b) O efeito destrutivo. c) A velocidade de ocorrência da inflamação. d) O efeito térmico. e) O efeito da pressão gerada (onda de choque). Feedback: Em ambos os casos há geração de calor, porém em velocidades distintas. Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud Explosion eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 21 CAPÍTULO 4. BLEVE - BOILING LIQUID EXPANDING VAPOUR EXPLOSION E UVCE - UNCONFINED VAPOUR CLOUD EXPLOSION OBJETIVOS DO ESTUDO: Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos de UVCE e apresentar as causas, mecanismos, efeitos, prevenção, proteção e exemplos de BLEVEs. Ao término deste capítulo você deverá estar apto a: • Discutir eventos caracterizados por BLEVE; • Discutir eventos caracterizados por UVCE. Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud Explosion eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 22 4.1. BLEVE A ocorrência de BLEVEs ao longo da história tem se materializado no grande número de pessoas atingidas, entre mortos e feridos ou pessoas que perderam suas residências ou empresas que perderam suas instalações e na magnitudeda destruição que provocam, direta ou indiretamente. Diretamente pela liberação brutal de energia quando da ocorrência de um BLEVE, que pode vir acompanhada de incêndios, e indiretamente pelos efeitos da destruição que um BLEVE pode provocar, incluindo-se aí a explosão de outros equipamentos e materiais presentes no local e a ocorrência de incêndios. Um BLEVE geralmente é uma ocorrência catastrófica e, apesar de ser um tipo de vaporização brutal, e como tal uma explosão física, já apresentada em outro capítulo, é apresentado como um item destacado, devido à sua intensidade, tanto da ocorrência em si, quanto da gravidade de suas consequências. 4.1.1. O QUE SIGNIFICA UM BLEVE? BLEVE é a abreviatura das palavras inglesas Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion ou, em português, expansão explosiva do vapor de um líquido em ebulição. É um fenômeno mundialmente estudado e a sua denominação é internacionalmente conhecida, razão pela qual será mantida desta forma neste texto. Os cenários são bastante variados, mas há elementos comuns que estão presentes em todas as ocorrências de BLEVE. Um gás liquefeito ou um líquido armazenado encontra-se em um recipiente ou tanque fechado e recebe calor. Quadro 4.1 Como ocorre o início de um BLEVE (expansão explosiva do vapor de um líquido em ebulição)? RESPOSTA: Um gás liquefeito ou um líquido armazenado encontra-se em um recipiente ou tanque fechado e recebe calor. Como os acidentes mais frequentes que se convertem em BLEVEs envolvem gases liquefeitos, é em uma ocorrência que envolve este tipo de material que a descrição a seguir se baseia. O calor pode ser proveniente de um incêndio, chama aberta ou da ignição de alguma fonte nas proximidades do tanque. Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud Explosion eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 23 A fase líquida do produto liquefeito é aquecida até o ponto no qual a temperatura do líquido seja superior à temperatura de ebulição nas condições ambientais externas ao tanque. Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud Explosion eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 24 A fase gasosa ao ser aquecida, aumento de pressão. Por causa do calor ou de algum impacto externo, eventualmente resultante de outra explosão, acontece a diminuição da resistência mecânica do recipiente e, na presença do aumento de pressão citado, ocorre a ruptura do vaso. Neste mesmo instante, o líquido aquecido ou a fase líquida aquecida, em contato com o ambiente externo, se vaporiza instantaneamente. Para a mesma massa, o vapor ocupa um volume muitas vezes superior ao do liquido correspondente, transformando esta vaporização em uma vaporização brutal e explosiva, destruindo o recipiente e lançando suas partes, como se fossem mísseis, por vezes a centenas de metros de distância. Partes de vagões ferroviários de grande capacidade foram encontradas a mais de 700 metros do local de ocorrência do BLEVE. Dependendo das características do material, caso se trate de material inflamável, o BLEVE poderá ser acompanhado de uma bola de fogo (fire ball, em inglês). Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud Explosion eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 25 A bola de fogo, por sua vez, poderá provocar outros incêndios e eventualmente contribuir para a ocorrência de novos BLEVEs em tanques e recipientes vizinhos, configurando um cenário verdadeiramente catastrófico. Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud Explosion eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 26 É importante observar, no entanto, que BLEVEs podem ocorrer tanto com materiais inflamáveis quanto com materiais não inflamáveis. Materiais não inflamáveis como cloro, ou inflamáveis como GLP, estireno ou cloreto de vinila. Um dos acidentes mais conhecidos relacionados a BLEVEs foi a explosão de um depósito de botijões de GLP, na Cidade do México, em 1984. Após um início de incêndio na instalação, botijões superaquecidos explodiram em sequência na forma de BLEVE. Estas explosões e o calor gerado por sua vez produziram novos BLEVEs, produzindo novas explosões, que terminaram por atingir e destruir residências vizinhas. Terminadas as explosões e controlado o incêndio, constatou-se que 500 pessoas haviam morrido além da destruição das instalações e das casas vizinhas. 4.2. UVCE Os cenários já foram retratados em filmes de ação: o vazamento de uma substância em estado gasoso e que se espalha pelo ambiente. A nuvem de gás se desloca pelo ambiente e a quantidade de material que vaza no ambiente vai se tornando cada vez maior, até que ocorre o encontro da nuvem de gás com uma fonte de calor. Aí ocorre a explosão. Quadro 4.2 Como ocorre uma UVCE (expansão explosão de nuvem de vapor não confinada)? RESPOSTA: Ocorre o vazamento de uma substância em estado gasoso ou vapor proveniente de um material líquido volátil e que se espalha pelo ambiente. A nuvem de gás se desloca pelo ambiente e a quantidade de material que vaza no ambiente vai se tornando cada vez maior, até que ocorre o encontro da nuvem de gás com uma fonte de calor. Aí ocorre a explosão. 4.2.1. O QUE SIGNIFICA UMA UVCE? UVCE é a abreviatura das palavras inglesas Unconfined Vapour Cloud Explosion ou, em português, explosão de nuvem de vapor não confinada. O material que dá origem a uma UVCE pode ser proveniente tanto do vazamento de um gás ou vapor, quanto da vaporização de um material líquido volátil. Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud Explosion eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 27 No caso do gás ou do vapor, a origem da liberação destes materiais pode se dever: ao excesso de pressurização do sistema ou à perda de controle de alguma reação química ou parâmetro de processo (aumento excessivo de temperatura ou pressão, por exemplo) ou à falta de estanqueidade de algum elemento do sistema. Quadro 4.3 A origem da liberação de gás ou vapor se deve a quais fenômenos? RESPOSTA: • Ao excesso de pressurização do sistema; • À perda de controle de alguma reação química ou parâmetro de processo (aumento excessivo de temperatura ou pressão, por exemplo); • À falta de estanqueidade de algum elemento do sistema. No que se refere aos elementos não estanques podem ser citados: 1) Equipamentos: • Bombas; • Tanques; • Compressores; • Trocadores de calor, etc. 2) Tubulações: • Flanges mal apertadas; • Juntas deterioradas; • Corrosão em soldas ou tubulações, etc. 3) Equipamentos de segurança (válvulas de segurança e seus componentes). 4) Componentes de controle do processo, como, entre outros: • Vazamentos em válvulas e conexões; • Vazamentos em pontos de instrumentação (manômetros e termômetros); • Fechamento incorreto de pontos de amostragem. Para que a explosão ocorra, é necessário que a nuvem se encontre dentro da faixa de explosividade, além da existência de uma fonte de calor com energia suficiente para desencadear a reação explosiva, entre combustível e comburente. Misturas muito ricas ou excessivamente pobres não explodem, devido respectivamente ao excesso de combustível e ao excesso de comburente. Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud Explosion eST - 301 - Proteção Contra Incêndioe Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 28 A UVCE, pelo mecanismo descrito acima, ou seja, a presença simultânea de combustível, comburente (dentro da faixa de explosividade) e calor, é uma explosão química. Quando se trata de um líquido, a existência do material que possa ser vaporizado no ambiente geralmente se deve ao derramamento do material, o que pode ocorrer, por exemplo, no caso de enchimento excessivo de reservatório ou do fechamento parcial de pontos de coleta de amostra, além dos pontos já citados no caso de vazamentos de gases. A nuvem pode ser introduzida em ambientes nos quais a pressão seja menor à do ambiente externo, ou devido à existência de equipamentos que aspirem ar externo ao ambiente, por exemplo, para refrigeração ou mesmo compressão de ar. É o que acontece em ambientes nos quais haja ventiladores ou compressores ou máquinas que se utilizem destes tipos de equipamentos para seu funcionamento. Nesta situação, a nuvem de gás penetra no ambiente, encontra uma fonte de calor e ocorre a explosão. A energia e o calor liberados na explosão do ambiente interno farão com que a nuvem externa de massa maior, venha a explodir, com efeitos geralmente devastadores. Situações semelhantes ocorrem quando o gás ou vapor é mais denso que o ar. Em situações deste tipo, a nuvem se desloca junto ao piso e, se porventura encontrar uma depressão no piso, nela penetrará. Depressões como valas, ralos, condutores de águas pluviais (“bocas de lobo”). Este tipo de situação pode ocorrer, por exemplo, quando ocorre um vazamento de gás liquefeito de petróleo (GLP). O gás, mais pesado que o ar, desloca-se pelas partes baixas do ambiente. Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud Explosion eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 29 Caso o GLP penetre em uma tubulação de esgoto, esteja dentro da faixa de explosividade e venha a encontrar uma fonte de calor com energia suficiente, a explosão ou a combustão ocorrerá e a chama retrocederá por dentro da linha até encontrar a nuvem maior ou talvez a própria fonte do vazamento. A fonte de calor poderá ser um trabalho a quente (soldagem, uso de maçarico, ou até a faísca proveniente do impacto de um martelo contra um prego) ou o acendimento de um fósforo ou de uma lâmpada. É possível perceber no exemplo do GLP que: 1) A fonte de calor pode estar bastante distante da fonte do vazamento e mesmo assim a explosão ocorrerá. 2) A possibilidade deste tipo de acidente não é exclusiva de situações industriais, sendo possível ocorrer também em ambientes domésticos. Situações “não industriais” podem ser encontradas em galerias de acesso a instalações de esgoto, telefonia ou energia, pela infiltração de gases inflamáveis, como, por exemplo, o metano presente em redes de esgoto e em locais onde ocorra a decomposição de materiais orgânicos. Uma vez mais é necessário frisar que as situações que podem levar a explosões podem dar-se em ambientes outros que não os exclusivamente industriais. Como ilustração será descrito um dos casos mais conhecidos de UVCE, que ocorreu em Flixborough, na Inglaterra, em 1974. Naquela oportunidade ocorreu um vazamento de ciclohexano. O material é altamente inflamável e explosivo. O ciclohexano que vazou formou uma nuvem. Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud Explosion eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 30 Esta nuvem se deslocou por algumas centenas de metros pelas instalações até que encontrou uma fonte de calor com energia suficiente para que a explosão ocorresse. A instalação industrial foi completamente destruída e 28 pessoas faleceram. Foram necessários 10 dias para que o incêndio resultante pudesse ser controlado. Os danos se estenderam a cerca de 1800 imóveis, alguns dos quais localizados a 1500 metros do local do vazamento. Estimativas feitas após o acidente indicaram que o diâmetro da nuvem formada era de aproximadamente 150 metros e que correspondia a cerca de 40 toneladas de gás. O vazamento ocorreu em função do rompimento de uma tubulação, que havia sido incorretamente montada. O acidente ocorreu num sábado, dia no qual a instalação contava com efetivo reduzido. Estimou-se que o número de mortos poderia ter sido muito maior (cerca de 500 pessoas) caso o rompimento da tubulação tivesse ocorrido durante um dia de semana. Pela magnitude das consequências citadas, o acidente de Flixborough é tido como um marco no estudo dos chamados acidentes industriais ampliados. Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud Explosion eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 31 4.3. TESTES 1. Um BLEVE só ocorre com produtos inflamáveis. a) Verdadeiro. b) Falso. Feedback: item 4.1.1. (pode ocorrer com não inflamáveis) 2. Um BLEVE precisa de um agente iniciador para ocorrer. Esse agente pode ser: I - Uma outra explosão. II - Um incêndio. III - A chama de um fogão ou a parede de um forno aquecido. a) Apenas I é verdadeira. b) Apenas II e III são verdadeiras. c) Apenas I e III são verdadeiras. d) Apenas II é verdadeira e) Todas são verdadeiras. Feedback: item 4.1.1. 3. Para que ocorra um BLEVE pelo menos duas condições devem existir simultaneamente. Quais são? a) Líquido confinado na temperatura e pressão ambiente e reservatório íntegro. b) Poça de líquido dentro de um dique de contenção. c) Líquido confinado acima de sua temperatura de ebulição à pressão externa e rompimento do reservatório. d) Líquido em temperatura e pressão ambiente e rompimento do reservatório. e) Líquido confinado acima de sua temperatura de ebulição a pressão normal e reservatório íntegro. Feedback: item 4.1.1. 4. Na ocorrência de um BLEVE, o principal efeito destrutivo é causado pela onda de choque gerada pela expansão da evaporação brusca do líquido. a) Verdadeiro. b) Falso. Feedback: item 4.1.1. 5. Quando da ocorrência de um BLEVE de produto inflamável, deve-se apagá-la a qualquer custo devido os danos causados pelos gases de combustão. a) Verdadeiro. b) Falso. Feedback: item 4.1.1. Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud Explosion eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 32 6. Se ocorrer um vazamento em um depósito de líquido inflamável (gasolina), com formação de uma nuvem de seus vapores, que tipo de explosão pode ocorrer? a) BLEVE. b) Física. c) Vaporização instantânea. d) UVCE. e) Mista. Feedback: item 4.2. 7. As UVCE ocorrem em ambiente fechado (confinado). a) Verdadeiro. b) Falso. Feedback: UVCE (Explosão de nuvem de vapor não confinada). 8. Sendo as condições de ocorrência semelhantes, as UVCE produzem consequências mais catastróficas que os BLEVE de material inflamável. a) Verdadeiro. b) Falso. Feedback: item 4.2. 9. Quando identificado uma situação onde pode ocorrer uma UVCE, no mínimo 3 ações imediatas devem ser feitas. Assinale a sequência que poderia evitar a ocorrência de uma explosão: a) Cortar o suprimento de combustível, isolar a área e evacuar a área. b) Evacuar a área, sinalizar a área e cortar o suprimento de ar. c) Cortar/isolar as fontes de energia existentes na área, cortar o suprimento de combustível e evacuar a área. d) Cortar o suprimento de ar na área, evacuar a área e cortar o suprimento de combustível. e) Sinalizar a área, cortar o suprimento de combustível e cortar/isolar as fontes de energia existentes na área. Feedback: item 4.2. 10. No caso de existir uma nuvemde produto inflamável num ambiente aberto, dentro dos limites de explosividade, ela entrar em contato com uma fonte de ignição e ocorrer a explosão dessa nuvem, as consequências serão mais graves se: a) A nuvem estiver num ambiente totalmente aberto, sem quaisquer obstáculos, como num descampado, num pasto. b) A nuvem explosiva estiver num local onde existam alguns edifícios, uma fábrica ou área residencial. Feedback: Quanto maior o número de estruturas e pessoas na área atingida, maiores serão os danos. Capítulo 5. Explosão de Poeiras eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 33 CAPÍTULO 5. EXPLOSÃO DE POEIRAS OBJETIVOS DO ESTUDO Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos de explosão de poeiras. Capítulo 5. Explosão de Poeiras eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 34 5.1. INTRODUÇÃO Explosões em minas subterrâneas são relatadas com alguma frequência. As situações geralmente ocorrem em minas de carvão e as notícias divulgadas pelos órgãos de imprensa sempre dão conta de um elevado número de pessoas mortas e desaparecidas. Situações deste tipo já aconteceram em diversos países, como por exemplo, a China, Inglaterra, Estados Unidos e Brasil. Explosões em instalações de industrialização, armazenagem e movimentação de alimentos, como grãos, rações e biscoitos, entre muitos exemplos, já foram relatadas, geralmente associadas à ocorrência de mortes e a um elevado número de feridos e de danos materiais de monta. Acidentes deste tipo acontecem em silos, tanques, túneis, transportadores e em áreas de carga e descarga de materiais. Situações deste tipo também já aconteceram em diversos países, como por exemplo, Brasil, Alemanha, França e Estados Unidos. Neste texto buscar-se-á responder entre outros pontos: 1) Qual a semelhança, além das mortes e destruição, entre as situações dos parágrafos anteriores? 2) Como materiais aparentemente inofensivos podem se transformar em poderosos explosivos? 3) Será que um quilograma de madeira pode explodir? Capítulo 5. Explosão de Poeiras eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 35 5.2. PÓ E POEIRA Um material que seja suficientemente triturado, moído, ralado, lixado ou cortado, tende a se transformar em um pó. Como ordem de grandeza, pós têm dimensões inferiores a 500µm. Segundo a Associação Nacional de Proteção contra Incêndios dos Estados Unidos (NFPA), pós têm dimensão inferior a 420 µm. Um pó é, portanto, do ponto de vista químico, o mesmo material do sólido que o gerou. Assim, pode-se, a partir de um pedaço de madeira que pese 1 Kgf, produzir 1 Kgf de pó de madeira, por exemplo, a partir do lixamento ou da trituração da peça original. É importante ressaltar que o pedaço original de madeira não tem a capacidade de explodir. O pó pode ser acondicionado dentro de um recipiente e ocupará um volume correspondente. A poeira, por sua vez, é o pó em suspensão em um ambiente. O volume ocupado pela poeira varia de acordo as dimensões do ambiente, com a geometria e a existência de obstáculos, além da quantidade de pó originalmente existente material e da turbulência existente no ambiente. A composição química da poeira não será necessariamente a do material que gerou o pó, pois dependerá de gases e outros materiais que poderão estar presentes no ambiente. 5.3. SUPERFÍCIE ESPECÍFICA A capacidade de um material reagir quando na forma de uma poeira é extraordinariamente maior do que a do material que gerou o pó. Isto se explica pelo aumento exponencial das superfícies existentes para que o material reaja. A relação entre área e massa é a superfície específica. Quadro 5.1 Como se explica o aumento da capacidade de reagir da poeira, em relação ao material que o originou? RESPOSTA: O aumento da capacidade de reagir da poeira se explica pelo aumento exponencial das superfícies existentes para que o material reaja. Capítulo 5. Explosão de Poeiras eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 36 Desta forma, se imaginarmos um material, um sólido, que possui uma massa M e que seja, por simplificação, de forma cúbica, de lado “l”, a área será 6*l2 e a superfície específica 6*l2/M. Caso este cubo seja dividido pela metade, a massa total permanecerá a mesma, porém, a área será 2* (2*l2 + 4*l*l/2) = 8*l2 e a superfície específica será 8*l2/M. Se os dois “cubos” forem divididos pela metade, teremos como área total 4*(2*l2 + 4*l*l/4) = 12*l2 e a superfície específica será 12*l2/M. Capítulo 5. Explosão de Poeiras eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 37 Caso os quatro sólidos sejam divididos pela metade, teremos como área total 8*(2*l2 + 4*l*l/8) = 20*l2 e a superfície específica será 20*l2/M. Nestas quatro situações, observa-se o aumento da superfície específica à medida que o material é fracionado. À medida que a superfície específica aumenta, a probabilidade de partículas do material entrarem em contato com o oxigênio também aumenta. Se este material estiver em suspensão, na forma de poeira, este contato será altamente provável e muito íntimo. Entenda-se por íntimo, neste contexto, o fato de cada partícula do material estar cercada por ar e o fato do ar estar entremeado entre todas as partículas do material. Caso a concentração do material esteja dentro da faixa de explosividade e haja uma fonte de calor com energia capaz de iniciar o processo de combustão, lembrando que uma combustão muito rápida é uma explosão, haverá grande probabilidade de ocorrência de explosão. Capítulo 5. Explosão de Poeiras eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 38 Quadro 5.2. Quais são os fatores necessários para que a probabilidade de explosão seja grande? RESPOSTA: A concentração do material precisa estar dentro da faixa de explosividade e existir uma fonte de calor com energia capaz de iniciar. Assim, haverá grande probabilidade de ocorrência de explosão. A fonte de calor poderá inclusive ser decorrente da deposição, por efeito gravitacional, do pó existente no ambiente sobre uma superfície aquecida. Isto se explica pelo fato das partículas mais pesadas que o ar tenderem a descer até o ponto de encontrarem alguma superfície, que, no limite, será o próprio piso. O pó poderá, por exemplo, ser de um material orgânico, como cereais, biscoitos, leite em pó ou açúcar, de materiais empregados na indústria farmacêutica ou ainda carvão ou alumínio. Uma parte das partículas poderá se depositar sobre superfícies originalmente destinadas à dissipação de calor, como, por exemplo, as aletas de um motor elétrico. O pó depositado sobre superfícies destinadas à dissipação de calor limita ou impede que o calor seja transferido do equipamento para o ambiente. Como resultado, a superfície abaixo da camada de pó vai se aquecendo. Quanto maior a camada de pó, mais intenso é este efeito isolante de calor e maiores são as temperaturas atingidas. Dependendo da temperatura existente, o pó poderá entrar em combustão, transformando-se então na fonte de calor que propiciará a explosão da poeira existente no ambiente. Capítulo 5. Explosão de Poeiras eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 39 Capítulo 5. Explosão de Poeiras eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B PECE, 3o ciclo de 2020. 40 Capítulo 5. Explosão de Poeiras eST - 301 - Proteção Contra Incêndio e Explosão – Parte B
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