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ETICA DE VIRTUDES 01 _ 17_08_20-

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CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
DISCIPLINA: Filosofia e Ética Empresarial 2020-2	
PROFESSOR: Prof. Fernando Mauricio da Silva
ALUNA: Jenifer Moreira Souza 
TRANSCRIÇÃO AULA DO DIA 17/08/20 – ÉTICA DE VIRTUDES 1 
Nós tivemos algumas aulas anteriores tratando do tema geral, definindo o que é ética e moral, bem como a classificação dos tipos de ética e seus setores de investigação, a saber: 
i. a metaética;
ii. a ética normativa; 
iii. a ética prática. 
Demos ênfase à normativa, especialmente à ética deontológica e à ética teleológica. A partir desse primeiro áudio, iniciaremos o estudo do primeiro modelo de ética normativa chamada ética de virtudes, que será apresentado em quatro áudios muito embora isso corresponda na prática, a duas aulas, duas semanas de aulas. Na primeira aula falaremos do livro: “Tudo o que você precisa saber sobre Ética” dos autores Maria de Lourdes Borges, Darlei Dall”Agnol e Delamar Volpato Dutra e nos ocuparemos do capítulo ética de virtudes, quarto capítulo.
Primeiramente, estudaremos o que é ética de virtude em geral, em seguida estudaremos a ética de Aristóteles como um modelo de ética antiga que no mundo atual é bastante reconsidera. Posteriormente, discutiremos um texto de apoio colocado no classroom na aba leitura obrigatória com o título “Teoria das virtudes principialistas”, escrito pelo Professor Fernando Mauricio Senna. E por fim, traremos uma aula expositiva sobre a aplicação da ética das virtudes, uma perspectiva em ética prática no setor do seu estudo, correspondente ao curso que você desenvolve na Faculdade Municipal de Palhoça. 
1. ÉTICA DE VIRTUDES
Em primeiro lugar: o que é ética de virtudes? 
A ética de virtudes é uma das três formas de ética normativa:
1. Ética deontológica; 
2. Ética teleológica; e 
3. Ética axiológica.
 
A ética teleológica, por sua vez, se divide em: consequencialismo e ética de virtudes. Cabe ressaltar, porém, que a ética de virtudes merece uma advertência ao ser classificada como ética normativa, uma vez que as éticas normativas, em geral, se caracterizam por se basear em princípios éticos. A ética de virtudes não se baseia em princípios, mas, sim, em padrões de virtudes. Em outras palavras, a ética de virtudes baseia-se em alguma concepção de virtude ou caráter, enquanto as éticas deontológicas e consequencialistas se baseiam em regras ou princípios.
Enquanto a ética consequencialista fala em princípios do tipo “temos obrigações de produzir beneficiência”, ou como diz o utilitarismo “temos a obrigação de maximizar a felicidade de todos os envolvidos”, a ética de virtudes, por sua vez, não vai falar nem em beneficiência nem em felicidade, mas em benevolência, que é uma característica da virtude ou do caráter de uma pessoa virtuosa. Beneficência e felicidade, por um lado são diferentes de benevolência, por outro. 
Um filósofo contemporâneo chamado Watson esclarece, entretanto, que toda teoria normativa trata das três coisas, ou seja, da deontologia, do consequencialismo e da ética de virtude. O que muda é a centralidade, o que se coloca no centro. Nas éticas de virtudes os conceitos gerais são dois: o conceito de virtude e o conceito de sabedoria prática. Mas, se fossemos falar da ética de virtudes de Aristóteles, os conceitos principais seriam três na opinião de alguns: areté, palavra grega para virtude (virtus, no Latin) em segundo lugar a frônese, que significa em grego sabedoria prática ou prudência, e em terceiro lugar eudaimonia que significa em grego felicidade, realização, aquilo que sentimos por conseguir produzir algo - a tradução mais comum é felicidade.
Nem toda ética de virtudes é eudaimônica, ou seja, nem toda da ética de virtudes inclui o conceito de felicidade como central, mas toda ética de virtude inclui o conceito de areté (virtude) frônese (sabedoria prática). Para concluir, podemos dizer que os conceitos mais gerais e comuns em todos os modelos de ética de virtudes são o conceito de virtude e de sabedoria prática. 
A ética de virtudes nasce no mundo antigo, no século IV a.C., com Platão e Aristóteles. Platão fala da ética em diversos lugares, onde, no mínimo, dois livros se destacam: o livro Mênon, que busca responder a pergunta: o que é a virtude e se ela pode ser ou não ensinada, e no livro mais conhecido A República, que começa perguntando o que é a justiça e desenvolve toda uma teoria ética e política da justiça e das demais virtudes. 
Essas virtudes, em Platão, são quatro: 
· a justiça;
· a sabedoria;
· a moderação; e
· a coragem.
A partir do iluminismo, ou seja, no que diz respeito à história da filosofia, a partir do período moderno, mais precisamente a partir do Séc. XVIII, a teoria das virtudes começa a perder a centralidade a ponto de no Séc. XIX quase nenhum eticista ter mostrado interesse sobre o programa das virtudes.
Mas, em 1958, essa situação muda com a publicação de um livro chamado Filosofia Moral Moderna, de um importante autor chamado Anscombe[footnoteRef:2], que faz uma crítica à filosofia moderna em favor de uma recuperação da ética de virtudes. [2: Referência completa disponível no capítulo 4 do livro “Tudo o que você precisa saber sobre Ética”, dos autores Maria de Lourdes Borges, Darlei Dall”Agnol e Delamar Volpato Dutra.
 ] 
Este livro tem muito muito efeito na história da ética, dos quais podemos destacar pelo menos três: o esclarecimento de que uma teoria das virtudes é diferente de uma ética de virtude. Toda ética pode incluir uma teoria de virtudes, no entanto isso não é a mesma coisa que uma ética de virtudes.
 
O segundo efeito importante é que outras teorias, que não ética de virtude (a deontologia e o consequencialismo) revigoraram seus argumentos, precisaram desenvolver melhor e com maior riqueza as suas teorias para responder às críticas de Anscombe.
O terceiro e último efeito importante foi um retorno à teoria das virtudes de Kant, que havia sido deixado de lado pelos intérpretes, além de um retorno à filosofia das virtudes de Aristóteles, razão pela qual esses autores mais tarde terão que ser estudados. 
Após esta contextualização conceitual e histórica, discutiremos em geral as ideias diretrizes da ética de virtude que são, como já dito, o conceito de virtude e o conceito de sabedoria prática.
VIRTUDE
Em geral o conceito de virtude é entendido de três maneiras, sendo (i) ter certo caráter, (ii) ser certo tipo de pessoa ou (iii) ter motivos para agir. Seja como for, além disso o conceito de virtude (no latim virtus e no grego areté) pode sempre ser pensado em graus - a mais ou menos. Dificilmente se pretende que alguém seja virtuoso em todas as circunstâncias ou, ainda, que alguém tenha todas as virtudes plenamente desenvolvidas. Isso pode ser exemplificado, pelo menos por enquanto, através de duas teorias, a de Aristóteles e o principialismo de Beauchamp e Childress.
Aristóteles fala em justa medida, que significa que os graus de virtudes tem que ser ajustados conforme as características da pessoa e da circunstância que se vai agir.
A segunda teoria, agora do nosso século, é o principialismo, que apesar de não ser uma ética de virtudes possui uma teoria das virtudes dentro da sua teoria normativa, Nesta teoria a virtude também é disponibilizada em graus de diversos tipos que vai desde o grau mais simples, como fazer o que é esperado, até graus um pouco mais elevados como ações meritórias e, ainda, até os graus mais altos com uma das suas chamadas ações heróicas ou ações santas.
A maioria das éticas de virtudes são de tendência aristotélica, quer dizer que admite conceito de virtude e de sabedoria prática, mas para dizer que temos a tendência aristotélica temos que dizer que admite um terceiro conceito que é o conceito de felicidade (no grego eudaimonia).
Outra maneira de distinguir os tipos de ética de virtudes é em relação ao grau de perfeição de uma virtude. Alguns autores contemporâneos entendem que quando falamos em virtude estamos querendo dizer virtude perfeita, ou seja, excelência. Já outros modelos de ética de virtudes entendem que quando falamos devirtude não estamos querendo dizer excelência, e sim continência - força de vontade. 
Essa distinção foi criticada por um autor importante da nossa época chamado Foot, quando diz que ela é contra-intuitiva, não corresponde ao modo como a gente pensa na maioria das vezes no nosso dia a dia. Tal distinção levaria um conceito difícil, que nós tivéssemos, por um lado um caráter relativamente estável, e por outro tivéssemos virtudes admiráveis em graus variados conforme a circunstância. 
A crítica é que a distinção entre excelência e força de vontade é contra-intuitiva, pois faz aceitarmos alguma hora sendo tratado como um caráter forte, permanente, estável, enquanto por outro lado avaliado em graus diferentes, conforme as circunstâncias, sendo as vezes mais admirável, as vezes menos. 
Assim, concluímos o primeiro aspecto que é o conceito de virtude, sendo que o segundo aspecto importante nos modelos de ética de virtude que é a sabedoria prática. 
SABEDORIA PRÁTICA
Para entendermos o que é sabedoria prática, no grego fronesis, comecemos com uma crítica. A sabedoria pratica nao corresponde à ideia de que a virtude é aquilo que torna o seu portador bom, ou seja, a virtude não é o conceito que diz respeito à qualidade que um portador tem para que mereça ser chamado de uma boa pessoa. 
Essa definição foi criticada desde o mundo antigo, só isso nao basta pra sabedoria prática, para não ser capaz de ter a capacidade de pensar de maneira prática. Essa definição, portanto, vamos chamar de definição trivial.
 
Por exemplo, a coragem é sempre correta? A compaixão é sempre correta? A compaixão não poderia tornar um médico incapaz de agir quando ele precisar de um certo distanciamento do sofrimento de seu paciente? Em outras ocasiões, a compaixão não é algo indispensável para que a ação correta seja feita? Portanto dizer que a virtude, por exemplo da compaixão ou a da coragem, é aquilo que torna alguém bom é insuficiente. Alguém pode ter estas qualidades e não saber o que fazer com elas. 
Aristóteles no mundo antigo já dizia que a virtude não é ter bom sentimento, porque justamente há uma diferença entre a virtude natural, ou seja a qualidade dada pela natureza que nós sentimos como sentimentos através das nossas tendencias ou inclinações, e a frônese, a sabedoria pratica que permite alguem agir, escolher e decidir agir conforme um certo conhecimento, por isso sabedoria prática e não simplesmente tendência à prática. 
Ou seja, na frôneses o indivíduo compreende o que é benéfico e o que é prejudicial e, além disso, ele sabe como produzir o benefício. Ele não tem simplesmente a boa vontade de produzir. A sabedoria prática é aquilo que permite alguém fazer a coisa certa e não simplesmente ter a intenção de fazer a coisa certa.
Dizia Aristóteles que a sabedoria prática:
· Só vem com a experiência. Uma história de escolhas e na medida que você vai escolhendo, a experiência vai ensinando e desenvolvendo a sabedoria prática.
· A sabedoria prática também dependerá da capacidade de avaliar a situação conforme a relevância moral.
Veja que a sabedoria prática requer, então, experiência e capacidade de avaliação, e não simplesmente ter bons sentimentos.
Com isso, concluímos o segundo item dos dois conceitos centrais da ética de virtude em geral, que são a virtude e a sabedoria prática. 
TIPOS DE ÉTICA DE VIRTUDE
Agora entraremos no terceiro ponto, onde falaremos em geral dos tipos de éticas de virtude.
A ética de virtude, que a essa altura o aluno ou aluna não confunde mais com teoria da virtude, pois uma teoria normativa pode incluir uma teoria das virtudes mas a teoria das virtudes não for o ponto central ela não é uma ética de virtude. Mas, se uma teoria normativa adota a teoria das virtudes como central, então a gente chama essa teoria ética de ética de virtudes.
Uma ética de virtudes pode ser de três tipos: 
I) Pode ser eudaimonista (eudaimonia=felicidade);
II) Pode ser uma ética de virtude baseada no agente (aquele que age, executa a ação);
III) Pode ser uma ética de virtudes baseada na meta.
Para o primeiro tipo, ética de virtudes baseada na eudaimonia, virtude significa a característica ou a qualidade que contribui para a felicidade. Se você tem uma qualidade que produz felicidade, essa qualidade é chamada de virtude, segundo as teorias eudaimonistas. 
O que significa eudaimonia? Temos três maneiras de compreender, pois as palavras gregas têm um significado muito mais amplo. 
Costumamos traduzir por felicidade, que no mundo moderno tem o sentido de bem-estar, satisfação. É uma felicidade pessoal, individual. Mas a palavra grega eudaimonia não tem só esse significado. Ela significa, em primeiro lugar, a felicidade no sentido de realização, aquele sentimento que você tem ou aquele estado que você se encontra devido aquilo que você pôde produzir devido aos fins que você realizou ou alcançou.
Em segundo lugar, eudaimonia significa florescimento. Diremos, por exemplo, que o filósofo Kant floresceu aos 50 anos de idade, quando publicou seus primeiros importantes livros. A eudaimonia de Kant começa neste momento. Até então estava em desenvolvimento. A eudaimonia não é só felicidade, é florescimento, é uma conquista pessoal de algo que ao mesmo tempo faz com que a pessoa floresça. É um pouco semelhante ao que nós chamamos de maturidade. Que obviamente pode acontecer em graus diferentes e qualquer faixa etária. 
Em terceiro lugar, eudaimonia significa bem-estar. Está conectada ao prazer, no grego hedone. No mundo antigo Platão e Aristóteles travaram uma discussão muito séria sobre até que ponto a eudaimonia estava ligada a hedone ou não. Para Platão, a eudaimonia está completamente afastada do prazer, pois o prazer é uma característica do corpo e a eudaimonia é uma característica da alma.
Para Aristóteles, onde esta separação não é tão forte, a eudaimonia, ainda que seja diferente da hedone, pode aprender com a hedone. O prazer e o bem-estar podem contribuir para a felicidade, embora eles não sejam a felicidade. 
Sobre isso é importante fazer a seguinte distinção: uma coisa é uma ética eudaimonista, da felicidade. Outra coisa é uma ética hedonista, ou seja, uma ética da hedone, que vem do grego e significa prazer. Uma ética que tem o prazer como central não é uma ética de virtude, e sim ética hedonista. Você pode ter éticas hedonistas baseadas numa teoria da virtude. Como exemplo, citamos a ética de Epicuro, filósofo muito importante no período helênico, pouco antes do surgimento do Império Romano, ou você pode ter uma ética hedonista consequencialista, de que a ética xxxxx (17:35) lá na modernidade
Voltando à eudaimonia, que é um conceito chave da éticas eudaimonistas, e significa tanto felicidade, quando o florescimento, quanto bem-estar. Para a ética eudaimonista, sempre existe pelo menos uma pergunta a ser respondida: como que a felicidade se conecta com o prazer ou bem-estar e a partir daí surgem várias teorias. 
Aristóteles diz que necessariamente prazer e felicidade se ligam, mas não é suficiente para ter virtude. Platão, assim como os chamados filósofos estóicos, também no período helênico, diz que o prazer não é necessário e nem suficiente, ainda que ele não seja evitado. MacIntyre, filósofo importante das virtudes diz que o prazer é contributivo e inerente, embora não seja a mesma coisa. E o principialismo, que nós ainda vamos estudar, de Beauchamp e Childress, uma teoria das virtudes da nossa época - que não é uma ética de virtudes mas uma teoria das virtudes embutida na ética normativa - diz que as virtudes só contribuem, são só contributivas assim como prazer. 
Outra coisa importante para concluir esse primeiro tipo de ética de virtudes que é a ética eudaimonista é entender que para falarmos que estamos diante de uma teoria eudaimonista temos que dizer em geral que a virtude é inerente à felicidade. Ou seja que a eudaimonia não admite a virtude com uma coisa extrínseca, mas ela tem que ser uma coisa inerente e é por isso que a virtude não se confunde com uma vida dedicada aoprazer, em primeiro lugar, nem como uma vida dedicada a riqueza, em segundo lugar.
Então temos três palavras importantes: a eudaimonia, o prazer e as riquezas. As virtudes ligadas ao prazer estão ligadas ao corpo, a saúde, o bem-estar. As virtudes as virtudes ligadas à riqueza estão ligadas a sociedade, a vida econômica, a vida política. Essa riqueza pode ser material, como dinheiro, como imaterial, como a honra. São as virtudes sociais, políticas. Por isso Aristóteles vai dizer que existem três tipos de vida: uma vida dedicada a eudaimonia, uma vida dedicada ou que tem como central o prazer ou bem-estar, e uma vida dedicada ao que tem como central a riqueza ou as honras. Para Aristóteles a vida só é moral quando ela tem como central a eudaimonia. Uma vida que tem como central o bem-estar ou a riqueza não é uma vida dedicada à ética ou guiada pela ética, pois a única coisa que orienta a vida ética é a eudaimonia, ou seja o desenvolvimento do florescimento e da realização.
Você com isso já consegue imaginar inclusive algo que Aristóteles teorizou com detalhes. Aristóteles diz que nós temos três tipos de amizade: amizade baseada no interesse, que é devida ao fato de que está centralizada na vida é a riqueza, a riqueza é o tellos, o fim, o objetivo, a meta e não a eudaimonia; uma vida baseada ou uma amizade baseada na vida de pessoas que estão contraindo amizade, ou seja, relações de confiança, não é amizade no sentido romântico que nós temos. Pode ser a relação entre, por exemplo, um patrão e o funcionário, uma relação de confiança mas que entretanto se dá devido ao bem-estar produzido ali. E o terceiro tipo de amizade, ou seja, de relação de companheirismo e confiança entre as pessoas seja na vida privada na vida pública, é aquela em que as pessoas desenvolvem amizade, e não a inimizade, devido a eudaimonia, seja porque elas se reconhecem umas às outras como tendo desenvolvido e florescido as mesmas virtudes, e são muito importantes, por exemplo, para pensar a área da Educação como também para pensar, a área da Administração. De maneiras diferentes, isso pode ser tranquilamente aplicado a ambos os lugares entre outras profissões, mas isso discutiremos mais tarde.
ÉTICA DE VIRTUDES BASEADA NO AGENTE
Passemos agora, depois de estudar a ética de virtude do tipo eudaimonista, o segundo tipo de ética de virtudes que é a ética de virtudes baseada no agente. Esse modelo de ética de virtudes entende que as qualidades motivacionais, ou seja disposições para agir, as qualidades que motivam alguém para executar uma ação, são tão centrais ou mais importantes que a eudaimonia, por isso que não é uma ética da eudaumonia mas é baseada no agente, ou seja as qualidade motivacionais do agente. Todo mundo conhece a linguagem hoje em diversos campos em que se fala da importância da motivação Então esse é um tipo de abordagem do desenvolvimento das qualidades humanas, ou seja, das virtudes, chamado de ética de virtudes baseada no agente.
Você vai encontrar dois tipos de ética de virtudes baseadas no agente: uma se chama exemplarista, que tem a ver com exemplo. A ética de virtudes baseada no agente exemplarista diz que existem pessoas exemplares, agentes exemplares e esses agentes exemplares, esses modelos de pessoas fundam a virtude e quando nós dizemos que temos um bom motivo para agir, o que estamos querendo dizer na opinião dos exemplaristas é que temos motivos iguais a essa pessoa modelo, essa pessoa exemplar para agir. Ou seja o modo como essa pessoa vive e age, o modo como ela atingiu seu florescimento, nós encaramos como o modo certo ou bom de viver. Encaramos como uma medida de dever.
Diferente disso é uma teoria motivista, como encontramos em Slot(22:40), que entende que as qualidades psíquicas, as qualidades pessoais, as qualidades motivacionais é que explicam a virtude, a eudaimonia, as normas, o dever e tudo o mais. Ou seja, o que importa em primeiro lugar é efetivamente a motivação eu não me motivo a partir de um exemplo de pessoa, eu me motivo a partir de mim mesmo - isso é um motivista falando. Em suma, para você ter uma ética baseada no agente você precisa satisfazer duas condições: a) explicar o que deve ser feito, explicar o que deve se fazer, desde qualidades motivacionais e não desde outras; b) que as propriedades dessa motivação não possam ser explicadas por outra coisa, que sejam explicadas só pela motivação. Simplificando, isso é muito simples. Isso simplesmente quer dizer o seguinte que para você ter uma teoria baseada no agente, para você reconhecer que alguém está defendendo isso, a motivação tem que ser central e as características da motivação não podem ser explicadas por outra coisa a não ser os próprios motivos. Por exemplo, se eu digo que eu não roubo alguém e você me pergunta por que motivo eu não roubo alguém e eu respondo porque eu não quero ser preso, você percebeu que o meu motivo não é explicado por ele próprio, meu motivo é explicado por medo da punição. Então eu não sou nesse caso um motivista. Eu não estou aqui dizendo que a razão que eu tenho para agir estar baseada no agente, ou seja, está baseada em outra coisa. Na verdade no medo da punição. Para eu ter uma teoria baseada no agente o motivo tem que ser explicado em mim mesmo, por exemplo, eu não roubo porque toda vez que eu faço a coisa certa eu sou mais feliz. Fazer a coisa certa me deixa motivado a viver, torna a minha vida melhor, torna-me mais feliz e mais realizado. Nesse caso eu tenho uma teoria baseada no agente, pois o que explica o motivo para agir tem a ver diretamente com o agente. 
ÉTICA DE VIRTUDES BASEADA NA META
Em terceiro e último lugar temos a ética de virtudes baseada na meta. Falamos de ética de virtudes eudaimonista, falamos da ética de virtudes baseada no agente e agora temos a teoria das virtudes baseada na meta.
A ética eudaimonista discute sobre o que é a felicidade. Por exemplo, até que ponto ela depende do bem-estar ou prazer e até que ponto a depende da riqueza só do florescimento da pessoa. A ética baseada no agente discute o que é o motivo, até que ponto os motivos dependem só de nós ou de coisas externas, mas a ética baseada na meta, ela pergunta quais são as próprias concepções de virtude que nós temos, que nós criamos para nós mesmos para atingir as nossas metas. a ideia central de uma ética de virtudes baseada na meta é a seguinte: as virtudes elas são qualidades humanas, ela já estão aí, mas elas estão aí de maneira não esclarecida. Nós incorporamos a virtude de maneira social de forma não esclarecida. Muitas vezes nós temos ideias claras de virtudes, como a compaixão, mas temos uma relação não esclarecida com ela, por exemplo, achamos que temos que sempre ajudar as pessoas e não nos damos conta de que se ajudamos as pessoas erradas ou ajudamos as pessoas na hora errada a compaixão pode produzir mais prejuízos do que benefícios. Isso é um uso não esclarecido de uma virtude.
A ideia central da ética de virtude baseada na meta é que o primeiro passo da ética é tornar as virtudes uma coisa esclarecida, isso não significa levar as virtudes até uma vida eudaimonica, uma vida de felicidade, também não significa cumprir a motivação que a gente tem para agir, mas ao contrário esclarecer, considerar as virtudes conhecidas para que a gente obtenha aprovação e não censura e para que a gente possa avaliar as pessoas. Obviamente, o melhor exemplo para você visualizar isso, embora não seja o único, é a vida profissional. A profissão ela requer uma série de virtudes uma série de qualidades com as quais você vai ser avaliado e então aprovado e para você ter essa avaliação e essa aprovação, essas virtudes que você desenvolveu, essas virtudes que você porta elas têm que estar esclarecidas elas tem que estar compreendidas adequadamente para os fins que elas foram criadas no caso essa profissão seja ela qual for.
Se a virtude, na ética baseada na meta, é aquilo que dependendo da meta que a gente tem, a virtude leva a aprovação e a possibilidade de avaliarmos as pessoas, isso implica pelo menosquatro coisas importantes: a) o campo em que a virtude está sendo considerada. Diferentes campos terão diferentes virtudes. Diferentes profissões, por exemplo, exigem diferentes virtudes, porque as metas de cada profissão não são as mesmas. Em segundo lugar, o modo de responsabilidade, o modo como nos responsabilizamos pelas virtudes que temos. Se você é aprovado para uma profissão, por exemplo, você com isso, ao reconhecer que você tem as virtudes necessárias, automaticamente você passa a assumir todas as responsabilidades de quem tem essas virtudes. Por exemplo, você passa a responder pelos benefícios ou malefícios que produz ao outro. Isso leva um terceiro aspecto que é a base de reconhecimento, o fundamento do reconhecimento, as pessoas continuaram te avaliando ao longo de todo o seu trabalho para verificar se através dessas virtudes você não teve a capacidade de produzir benefícios a si ou aos outros com essas virtudes. E por último lugar, obviamente a virtude vai depender da meta. Então, por exemplo, ser generoso é uma virtude que produz benefício que compartilha os benefícios. A generosidade visa, têm como meta, compartilhar os benefícios. A compaixão tem como meta aliviar o sofrimento do outro e assim sucessivamente cada virtude é definida pela sua meta - mas não esquecer do item inicial que essa meta também tem que ser pensada pelo campo em que cada virtude é reconhecida. Campos diferentes, como por exemplo profissões diferentes, requerem virtudes diferentes e então elas podem ter metas diferentes.
Repetindo: a) o campo da virtude; b) a responsabilidade que ela implica; c) o reconhecimento ao longo da vida de se você mantém ou não essa virtude; d) responder quais metas tais e tais virtudes buscam neste ou naquele campo.
Muito bem, agora nós podemos dizer o que é um ato virtuoso nessa teoria. Um ato virtuoso é o ato que atinge a meta específica do seu campo, de modo específico, como foi buscado nesse campo. Repetindo: um ato virtuoso é aquele que atinge a meta em seu campo, de modo específico. Como essa definição não é simples, por que existem muitas maneiras possíveis de realizar, isso nós podemos fazer a pergunta: como é possível limitar a ação virtuosa a mais ou menos virtudes? Quantas virtudes são necessárias para executar um ato virtuoso, um ato que atinja a meta em seu campo de modo específico? Essa pergunta leva os autores da ética de virtude baseada na meta se dividir em três tipos de teoria. Lembre-se: a ética de virtudes baseada no agente podia ser exemplarista ou motivista. A ética baseada na meta ela pode ser também dividida, agora em três tipos: o perfeccionismo ou a teoria perfeccionista, a teoria permissiva e a teoria minimalista. Não se preocupe muito com essas nomes, mas a ideia que está por trás disso é uma ideia simples. Perfeccionismo tem a ver com perfeição diz: para eu conseguir executar um ato virtuoso, ou seja o atingir a meta no seu campo próprio e de modo específico eu tenho que desenvolver amplamente todas as virtudes para qualquer circunstância. Então o perfeccionista acha que você só consegue produzir atos virtuosos se você não estiver só preocupado em ser virtuoso no seu campo profissional, mas que suas virtudes possam ser aplicados em muitos outros canpos. Já o ponto de vista permissivo, que tem a ver com permissão, diz que basta fazer o suficiente em cada contexto. Seria demais esperar que as pessoas sempre façam o melhor, pois fazer o suficiente já seria bastante adequado. E o minimalista, que tem a ver com o mínimo, vai dizer que não, nem precisamos fazer o suficiente. Ou melhor, já seria razoável que as pessoas não fossem viciosas, não tivessem um comportamento, por exemplo, corrompido, que não executassem ações corruptas ou ações maléficas prejudiciais, viciosas no geral. Basta o mínimo e esse mínimo é não executar ações viciosas - já seria suficiente. Enfim, estas são as três formas: a perfeccionista, a permissiva e a minimalista de você elaborar uma ética de virtude baseada na meta. 
Com isso concluímos a apresentação sobre o que é e os tipos de ética de virtudes. Lembrando que você encontra isso, ainda que de uma maneira sumária, no capítulo 4 do livro base da disciplina. Para concluir, não podemos deixar de mencionar algumas críticas que não podemos deixar de mencionar algumas críticas que a ética deontológica e ética consequencialista levantariam contra a ética de virtudes, ou seja críticas que dizem: olha nós temos que ter uma teoria da virtude, mas não dá para tratar a virtude como algo central ou fundamental como querem os proponentes da ética de virtude. Vejamos, então, para concluir, algumas dessas críticas mais comuns.
Primeira crítica comum: a aplicação.
Anscombe havia dito que a ética de virtudes responde a pergunta o que devemos
fazer e não a pergunta a que pessoas. Será que a ética de virtudes é
capaz de responder realmente o que devemos fazer? 
Segunda crítica: a adequação.
A ética de virtudes parece defender que se há uma pessoa virtuosa então a ação correta será feita, e se eu estou diante de uma ação correta, é porque a pessoa que fez é virtuosa. A pergunta é: será que o virtuoso é suficiente para ver ação correta e vice-versa? Será que há uma adequação entre uma coisa e outra? Será que uma pessoa não virtuosa não é capaz de por outros meios fazer o certo? E será que alguém não pode fazer o certo por outras razões que não as virtudes que ele tem? 
Terceira crítica: muito importante é a acusação de relativismo.
A ética de virtudes parece levar ou a uma variedade de concepções de virtude de uma sociedade para outra ou pelo menos a uma variedade de concepções de virtude de uma profissão para outra ou de um campo para outro. Isso não levaria a um relativismo? Para se levar a um relativismo haveriam muitas concepções de moral e as pessoas não conseguiriam garantir, por exemplo, uma vida
benéfica, uma vida pacífica e assim por diante ou seja a ética de virtude não
conseguiria resolver os nossos conflitos. 
Aliás, essa pode ser dita como uma quarta crítica, que corresponde a pergunta. Será que a ética de virtudes consegue resolver os nossos conflitos ou ela produz novos conflitos, justamente porque as pessoas que possuem qualidades humanas diferentes irão possuir concepções diferentes do bom e do ruim.
Uma quinta crítica é a crítica da auto anulação.
Essa crítica diz: será que agir por virtude não anula o bom ou certo da ação? Vamos dar um exemplo: digamos que eu adote uma etica de virtudes exemplarista (ou seja, que é um tipo de ética baseada no agente) e eu vou visitar um amigo doente no hospital e meu amigo doente pergunta “porque que você veio me visitar?” e eu respondo porque eu estou seguindo o exemplo das boas pessoas, as pessoas boas visitam seus amigos quando eles estão doentes. Então eu estou seguindo o exemplo. Ora, isso é o mesmo que dizer que você não está visitando o seu amigo porque você quer, mas por que você está seguindo o modelo de pessoa correta isso anula, de certa forma, a amizade, por isso essa crítica chama-se auto anulação.
Para uma sexta crítica, pense no problema da justificação. O que justifica ter uma virtude? É a minha motivação interna ou são as motivações externas? São as razões psicológicas que eu mesmo me dou ou são as razões, por exemplo que a minha educação e costumes me dão? 
Ambas implicam em problemas, porque afinal de contas se for interno, cada um
pode ter concepções muito diferentes de virtudes. Alguém pode inclusive achar que
ser um bom ladrão é uma virtude. Se for externas teremos o mesmo problema, já que afinal de contas existem variáveis concepções de educação, de pessoa correta, de vida boa e assim por diante.
Para uma sétima sétima crítica e essa é muito forte, temos uma acusação de que a ética de virtudes leva ao egoísmo. Dedicar a sua vida ao desenvolvimento do próprio florescimento e das próprias virtudes é esquecer de levar os outros em consideração. É esquecer que um ato é bom quando ele produz um benefício também para os outros. Então a ética de virtudes poderia levar ao egoísmo.Para uma última crítica, levantaremos a seguinte pergunta: como que podemos atribuir a qualidade de virtude, e não de vício, a uma pessoa que não conhecemos? Se a virtude é uma qualidade pessoal, se ela for um traço de caráter, como que avaliam os caráter do outro? Será que existe uma maneira objetiva de avaliar o caráter do outro. Será que sempre quando avaliamos o caráter do outro é porque não estamos partindo do nosso caráter? É muito comum quando nós criticamos o caráter do outro outro nos responder que mal caráter somos nós. É muito comum as
pessoas se desentenderem sobre o que é ser ou não um bom caráter. Há discussões dramáticas sobre isso, então essa última crítica questiona se a ética de
virtudes tem uma boa solução para a concepção de caráter, ou, dito de outro modo, se a concepção de caráter seria uma boa maneira de basear a ética, já que não parece uma concepção objetiva, pelo menos para nossa época onde as ciências do
comportamento são mais desenvolvidas ou sofisticadas.
Terminamos a primeira exposição sobre o que é ética de virtudes em geral. você não necessita estar se concentrando em todos os aspectos, pois é o professor que tem a responsabilidade de ter que apresentar todos os itens básicos para que você tenha uma um aprendizado geral. Depois, na tarefa que será pedida, você obviamente poderá se concentrar apenas no item que mais interessou. Para isso, é interessante que, para todos os áudios você os escute e os estude sempre tomando notas e também acompanhando no material básico que está disponível.
Na nossa próxima exposição ainda falaremos de ética de virtude e nos ocuparemos de alguns aspectos importantes de um tipo de ética de virtudes que é a ética eudaimonista, mais precisamente a ética de Aristóteles.
TRANSCRIÇÃO AULA DO DIA 17/08/20 – ÉTICA DE VIRTUDES 2
Esse é a nossa segunda exposição sobre o tema ética de virtudes, nessa segunda exposição trataremos das linhas gerais da ética de virtudes de Aristóteles. 
Essa exposição estará dividida em três itens:
1. Em primeiro lugar em que a teoria de Aristóteles é uma teoria da Felicidade;
2. Em segundo lugar que a teoria de Aristóteles é uma teoria das virtudes na forma de padrão social;
3. E em terceiro lugar que o desenvolvimento da virtude de Aristóteles pressupõe uma teoria da justa medida. 
Pode encontrar mais detalhes e explicações de estudo no livro: “Tudo o que você precisa saber sobre Ética” dos autores Maria de Lourdes Borges, Darlei Dall”Agnol e Delamar Volpato Dutra no quarto capítulo, chamado ética de virtudes, aproximadamente na metade do capítulo você encontra um subtítulo, a saber, as virtudes e a felicidade em Aristóteles. 
2. ÉTICA DE VIRTUDES DE ARISTÓTELES
Começamos então no primeiro aspecto A felicidade, Aristóteles que se estima que viveu de 384/322 a.C. foi um importante filósofo da antiguidade, importante também na área da ética, e a sua principal obra de ética, chama-se ética A Nicômaco, ou seja, como Nicômaco era o nome do filho de Aristóteles então o livro tinha como título ética em homenagem ao seu filho, a ética da virtude de Aristóteles é uma ética eudaimônica caso você ainda tenha dúvidas sobre o que é uma ética de virtudes eudaimonica volte a exposição em áudio anterior onde é explicado os três tipos de ética de virtudes sendo que a primeira ética eudaimônica. A ética eudaimônica ou da felicidade de Aristóteles é assim classificada pelo seguinte motivo: Aristóteles defende que a virtude é a qualidade que nos motiva a agir, mas quando Agimos, Agimos principalmente em vista de um fim, em vista de uma meta e as metas podem ser ou os fins podem ser de três tipos: As fins que nós buscamos por causa de outra coisa, os fins que nós buscamos por causa de outra coisa e por causa de si mesmo, e os fins que nós buscamos por causa apenas de si mesmo, vou repetir com exemplos uma das coisas que a gente busca quando trabalha é ganhar dinheiro, então vamos dizer que trabalha é ação ganhar dinheiro é o fim a finalidade, bom, alguém agora pode perguntar, por que, que você busca esse fim? ganhar dinheiro cujo o meio é o trabalho. A resposta: bom, eu busco ganhar dinheiro porque quero comprar uma casa, bom, então se você busca o dinheiro para comprar uma casa, é porque você buscar o dinheiro por causa de outra coisa que não o próprio dinheiro, por exemplo, comprar a casa, mas por que, que você comprar uma casa alguém ainda poderia perguntar e você responderia para ter conforto e segurança bom, então você não busca comprar a casa por si mesmo, mas por uma ainda mais outra razão e assim sucessivamente. Aristóteles acha que existe uma única coisa que sempre buscamos e quando buscamos, buscamos por si mesmo essa coisa é a felicidade por isso Aristóteles acredita que a felicidade é o fundamento da ética. Você pode encontrar uma observação de Aristóteles citada no nosso livro no Capítulo 4 ética de virtudes na sessão às virtudes e a Felicidade de Aristóteles logo no começo lemos a seguinte citação “a felicidade é sempre procurada por si mesma e nunca em interesse de outra coisa, ao passo que embora escolhemos a honra, o prazer, a inteligência e todas as virtudes por si mesma, pois ainda que nada delas resultassem, continuaremos a buscá-las também escolhemos elas no interesse da felicidade pois pensando que a conquista dessas virtudes tornar-nos-á felizes”. No nosso exemplo eu busco dinheiro para comprar uma casa, mas isso ao mesmo tempo eu busco dinheiro para comprar uma casa significa que eu estou buscando Felicidade, eu vou comprar uma casa para ter conforto e segurança mais isso, ao mesmo tempo é buscar a felicidade. E agora se eu pergunto, por que é que você busca a felicidade? Você pode até dá outra resposta, mas essa resposta sempre irá incluir a felicidade de novo, ou seja, o dinheiro pode remeter a casa, que vai remeter ao conforto, que vai remeter a família etc., mas a felicidade sempre acabará de uma maneira ou de outra remetendo a si próprio. Nesse sentido a felicidade é um fim que buscamos sempre por si mesmo e é por essa razão que a ética de Aristóteles é uma ética da Felicidade, é uma ética eudaimônica. 
Segunda coisa, para começarmos então o nosso segundo ponto precisamos agora responder: o que é a Virtude em Aristóteles? No primeiro ponto respondemos o que nós buscamos? qual é o fim da nossa ação? Nós buscamos sempre a felicidade por si mesmo, ainda que buscamos outras coisas por causa de terceiras coisas, mas a Felicidade sempre buscamos por si mesmo. Agora a pergunta nesse segundo ponto é, o que é a resposta de Aristóteles? Pode aparecer no primeiro momento estranha mais uma vez compreendido ela se traduz relativamente óbvia. Diz Aristóteles que a virtude é o que o virtuoso chama de virtude, a virtude é o que o Virtuoso chama de virtude essa definição quer dizer o seguinte, qualquer que seja a concepção de virtude que uma pessoa, ou uma sociedade tenha, para ela ter essa concepção de virtude é porque antes alguém foi considerado Virtuoso e foi tratado como modelo de virtude, vamos dar um exemplo: Suponhamos que o professor Fernando queira concorrer a uma vaga de professor de ética para faculdade Municipal de Palhoça para isso ele terá que fazer um concurso público através desse concurso público ele irá fazer uma série de avaliações, por exemplo, terá que responder uma prova, um questionário, terá que executar uma prova didática, ou seja, dar uma aula, para quem o professor irá dar essa aula? esse professor que se oferece como candidato, terá que dar aula para alguém que supostamente já conheça antes dele o assunto pessoas que estejam em condições avaliado por uma banca de doutores e pós-doutores especializados na área no caso a ética que iram ouvir a exposição do Professor Fernando como candidato e depois iram julgá-los com que direito eles podem me julgar? Um fato de que ele já possui o título de Doutores e especialistas na hora da ética, mas da onde eles tiram esse título? Do fato de que eles no passado fizeram exatamente, executaram na mesma maneira esse procedimento foram avaliados poroutros que já sabiam antes dele, e cuja avaliação considerou que eles estavam devidamente capacitados assim o que Aristóteles quer dizer é que toda vez que dizemos que uma pessoa é capacitada, toda vez que dizemos que uma pessoa possui as virtudes necessárias para executar um conjunto de ações, é porque outras pessoas já estavam antes, bem avaliadas, outras pessoas já eram reconhecidas como capacitados para isso e são adotados como modelos para julgar a essa nova pessoa você poderá perguntar, bom, mas se esse modelo do que é bom em outras sociedades for diferente? a resposta de Aristóteles é muito simples se uma outra sociedade tiver avaliadores tiveram modelo de pessoas devidamente capacitadas diferente da nossa isso simplesmente significará que nessa outra sociedade os modelos e padrões de virtudes são diferente do nosso. Para Aristóteles Isso não é um problema, mas ao contrário a própria característica da virtude, assim, por exemplo, o que consideramos um bom músico numa época, é muito diferente do que consideramos um bom músico numa outra época, antes da obra de Johann Sebastian Bach o que era considerado uma música muito diferente do que se passou a considerar depois, Johann Sebastian Bach aprendeu a música da sua época, mas depois a revolucionou com novidades, com Produções musicais bastante mais complexas, inovações muito significativos uma vez que ele conseguiu realizar isso ele passou a ser o modelo de um bom músico para posteridade que por sua vez continuou desenvolvendo novos modelos, por isso que a virtude para Aristóteles teve esse caráter de modelo social para as pessoas, faz com que a história, a tradição de uma determinada sociedade se desenvolva, e é por isso que as virtudes são bases tanto da vida ética, quanto da vida social e política em geral na opinião de Aristóteles. Assim, repetindo segundo Aristóteles a virtude é aquilo que o Virtuoso chama de virtude e isso leva, ou isto implica, no fato de que novas pessoas ao desenvolver suas virtudes a partir do modelo anterior poderão cada vez mais tornar esses padrões de virtudes, sempre a cada vez melhores, porque isso se deve ao primeiro item para quê as novas pessoas capacitados na virtude a partir do modelo anterior, não sejam simplesmente repetições do modelo anterior de maneira que não haveriam, não teríamos uma evolução histórica da sociedade. Além da virtude temos que ter os fins da virtude que é o florescimento da felicidade, a realização e é por isso que ao buscar a eudaimonia (que é a felicidade, o florescimento a realização), as virtudes sempre levam ao melhor. 
Para concluirmos a nossa exposição sobre Aristóteles, passemos a falar de um terceiro aspecto importante da sua teoria que é a teoria do justo meio, da justa medida. Nesse assunto, neste momento faremos uma nova pergunta, não tanto que a virtude que é o modelo do conector, não tanto que a virtude busca que é a eudaimonia ou felicidade. A pergunta agora é de que maneira tornamos alguém virtuoso? Essa pergunta é importante pelo seguinte motivo, pessoas podem ser educadas por um mesmo mestre ou professor e, entretanto, o resultado de aprendizado não ser mesmo, pessoas podem tomar alguém como um modelo ou líder ou modelo de liderança, entretanto não obterão as mesmas qualidades e capacitações. Por que, que isso acontece porque, existem 3 aspectos do desenvolvimento da virtude, por um lado são as virtudes naturais cada pessoa nasce dotado de uma série de tendências naturais. Há pessoas, diria Aristóteles que tem tendências a serem naturalmente mais corajosas e a pessoas que naturalmente tendem a ser menos corajosa, a pessoa tende a ser mais esbanjadoras no campo econômico, e as pessoas que tendem a serem menos esbanjadoras no campo econômico, a pessoas que tendem a serem mais ociosas outras menos, assim por diante. Essas são as tendências naturais possíveis, essas tendências são traduzidas em sentimentos, emoções, afetos por outro lado, do lado contrário das virtudes naturais existem as virtudes sociais que são os nossos costumes, os nossos hábitos, hábitos esses adquiridos pela nossa tradição, pela nossa educação. Por exemplo, você pode viver numa sociedade em que o habitual é comer carne e naturalmente você tem uma grande chance de desenvolver esse hábito de comer carne, mais se você for um indiano tradicional, lugar este em que o gado é considerado um animal sagrado então dificilmente você comera carne pelo menos de gado. Isso significa que as tendências sociais que você provavelmente desenvolverá irá variar muito, de país para país, de sociedade para sociedade, de época para época, pois muito bem agora imagine que eu por natureza tenha tendência a comer muito, num país em que é habitual comer carne, conclusão: há uma grande probabilidade de eu me exceder em comer carne, se eu vivo em um país em que o costume é comer muito arroz, e se eu for uma pessoa que cuja tendência natural é não gostar de arroz, eu posso vir então eu tenho um déficit orgânico de carboidratos, supondo obviamente que nessa sociedade o arroz, seja o carboidrato principal, ora, então sempre estarei com um problema, ou eu estarei cometendo excessos ou eu estarei cometendo deficiências, faltas em função ou das minhas tendências naturais ou em função das tendências da minha sociedade, em que eu vivo, por isso só tem uma maneira de alguém desenvolver a virtude, ela deve detectar quais são as tendências, digamos por exemplo que eu tenho a tendência a exceder o consumo de carne de gado, uma vez que detecto essa tendência eu devo exercitar-me, cultivar o exercício contrário, como a natureza invencível como a natureza possui uma força de produção de tendências, que eu jamais poderia esperar completamente eu nunca vou conseguir inteiramente me afastar dessa tendência diz Aristóteles, mas se eu me exercitar no contrário eu que estava pendendo para o excesso de um lado, vou pouco a pouco através do exercício desenvolver um novo hábito, um segundo hábito, como se fosse uma segunda natureza, a saber eu vou ficar um pouco mais próximo sobriedade um pouco mais próximo do meio entre o excesso e a deficiência esse meio nunca vai ser completamente atingido, por que as forças da natureza são sempre maiores do que os artifícios diz Aristóteles entretanto eu posso pelo exercícios devolvendo um novo hábito, ou seja, estar numa justa medida, cada vez mais próximo do meio pessoas com tendências inversas a minha, ou seja, que tendem a não comer, que podem correr o risco de desenvolver uma anorexia tem que se exercitar no sentido contrário não se trata de ir para o lado contrário, pessoas que não têm por natureza o impulso da coragem não devem executar de imediato ações que requer muita coragem, ao contrário elas devem começar por ações que requerem pouca coragem e lentamente ir se habituando com ações e circunstâncias que requerem a coragem, ela nunca vai se tornar aquela pessoa que tem a tendência ao talento natural para coragem, mas ela pouco a pouco poderá desenvolver uma coragem na justa medida para circunstancias que ela exercita. 
Portanto, vamos colocar em conceitos básicos essa teoria da justa medida de Aristoteles, em primeiro lugar o conceito de hábito (Hábito em grego se diz Ethos) de onde vem a palavra ética, Aristóteles não escolhe a palavra hábito por um acaso ele sabe que a própria palavra hábito é uma palavra grega que também se da em ética. Aristóteles dirá que o hábito se for bom, se produzir resultados bons e se vier numa justa medida ele é chamado de “virtus”, mas se o hábito for ruim ele será chamado de vicio. Dito de outro modo, virtude e vicio são exatamente a mesma coisa hábito, só que a virtude é um bom hábito e o vício é um mal habito, para que eu tenha virtude, portanto, eu tenho que desenvolver um hábito bom. Como que eu desenvolvo um habito bom? Através da justa medida, essa justa medida é a medida entre o meu exercício, o meu cultivo próprio e as minhas tendências naturais e sociais que me impulsionam para o extremo, ou outro, para o excesso ou para uma ciência de alguma coisa. 
Portanto,para concluir diremos que para cada virtude não existe um vício contrário, não, antes devemos dizer que para cada virtude existem dois vícios contrários, um que é o hábito por excesso e outro que é um hábito por falta, assim, por exemplo, um excesso de medo leva a covardia, uma ausência completa de medo, leva alguém a ser impetuoso, a justa a coragem é o nome da justa medida que varia de pessoa para pessoa entre a covardia e a impetuosidade. Portanto o vício que corresponde a coragem são dois: você pode cair no vício da covardia ou você pode cair no vício do excesso de coragem, ou seja, da ausência completa de medo. Isto é da impetuosidade isso valeria para todas as outras virtudes com exceção, diga-se de passagem, diz Aristóteles da Justiça, a justiça é a única virtude que às vezes ela é justa medida, ou seja, distribuída a proporção correta e às vezes, ela é a medida exata, no centro, ela é a divisão exata, então para Aristóteles, a justiça é a única virtude que tem duplo sentido às vezes Justiça significa dar a mesma quantidade, distribuir a mesma quantidade para cada um, se eu tenho 10 pessoas e tenho 10 bens cada um deverá receber um, então estou dividindo ao meio, mas às vezes a justiça não é dividir ao meio, o ato justo é dividir na devida proporção. Em certas situações, portanto, por exemplo, em situações de risco pessoas mais vulneráveis, por exemplo, crianças terão que ser atendidos primeiro. Esse é um exemplo contemporâneo, Aristóteles não deu esse exemplo mais é só para você entender que às vezes faz sentido diz Aristóteles distribuir os bens em proporções diferentes, porque as pessoas e circunstâncias são muito diferentes, ou seja, às vezes distribuir igual produziria uma distribuição injustiça. Enfim, essa foi então a teoria da justa medida em que você através da experiência desenvolve hábitos que estão ajustados entre um extremo e outro de excesso ou deficiência de uma tendência natural sua. 
Resumindo vimos três aspectos da teoria de Aristóteles, em primeiro lugar a teoria da felicidade que é o único bem se escolhe por si mesmo, em segundo lugar a definição de virtude o modelo do homem Virtuoso, e em terceiro lugar a teoria da justa medida. 
Na próxima exposição, nós falaremos da teoria principialista das virtudes que está sintetizada num texto postado no Classroom, leitura obrigatória na forma de uma apostila, obrigado mais uma vez, até o próximo áudio.

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