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alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO QUESTÕES SOBRE A AULA ................................................................................................................................. 2 GABARITO .......................................................................................................................................................... 8 QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................................. 9 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 QUESTÕES SOBRE A AULA 1. João integra uma organização criminosa que, além de contrabandear e armazenar, vende, clandestinamente, cigarros de origem estrangeira nas ruas de determinada cidade brasileira. A partir dessa situação hipotética, julgue o item subsequente. Considere que João e sua organização criminosa utilizem transporte marítimo clandestino para fazer ingressarem no território brasileiro os cigarros contrabandeados. Nessa situação, a pena pelo crime de contrabando será aumentada pela metade. Certo ( ) Errado ( ) 2. Analise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é Certo ou Errado. Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Esta é a definição prevista na Lei n. 12.850/2013. Certo ( ) Errado ( ) 3. João integra conhecida organização criminosa de âmbito nacional especializada em tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Com o objetivo de tornar legal o dinheiro obtido ilicitamente, ele convenceu Pedro e Jorge, conselheiros fiscais de uma cooperativa de mineradores que atuam na região Norte do país, a modificar valores obtidos em uma mina de ouro. Pedro, sem conhecer a fundo a origem dos valores, concordou em fazer a transação. Antes de concluí-la, entretanto, ele desistiu da ação, e tentou convencer Jorge a fazer o mesmo. Tendo Jorge decidido prosseguir no esquema, Pedro, então, fez uma denúncia sigilosa à polícia, que passou a investigar o fato e reuniu elementos necessários ao indiciamento dos envolvidos. Antes que concretizasse a ação final de registro de valores, Jorge foi impedido pela polícia, que o prendeu em flagrante. Acerca dessa situação hipotética, julgue o item subsequente. Em relação ao crime de lavagem de dinheiro, a pena de João poderá ser aumentada de um a dois terços, em razão de o crime ter sido cometido por intermédio de organização criminosa. Certo ( ) Errado ( ) 4. Em cada um do item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada. Antenor foi condenado a pena de reclusão por crime decorrente de organização criminosa. Nessa situação, ele deverá cumprir toda sua pena em regime fechado e, portanto, ser-lhe-á vedado trabalhar dentro ou fora da penitenciária, durante o cumprimento da pena. Certo ( ) Errado ( ) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 5. Na forma da Lei n. 12.694/12, em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente, a inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, a prolação da sentença, a progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena, a concessão de liberdade condicional, a transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima, entre outros. Certo ( ) Errado ( ) 6. Analise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é Certo ou Errado. Prevê a Lei n. 12.694/2012 que, nos processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual. Neste caso, o juiz poderá instaurar o colegiado, indicando os motivos e as circunstâncias que acarretam risco à sua integridade física em decisão fundamentada, da qual será dado conhecimento ao órgão correcional. O colegiado será formado pelo juiz do processo e por 3 (três) outros juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, escolhidos por sorteio eletrônico. Certo ( ) Errado ( ) 7. O critério do domínio funcional do fato é empregado para a responsabilização do agente que tem o controle sobre a atuação de um aparelho organizado de poder, como é o caso de uma organização criminosa. Certo ( ) Errado ( ) 8. João integra uma organização criminosa que, além de contrabandear e armazenar, vende, clandestinamente, cigarros de origem estrangeira nas ruas de determinada cidade brasileira. A partir dessa situação hipotética, julgue o item subsequente. Se João for preso em flagrante e o escrivão estiver impossibilitado de proceder à lavratura do auto de prisão, a autoridade policial poderá designar qualquer pessoa para fazê-lo, desde que esta preste o compromisso legal anteriormente. Certo ( ) Errado ( ) 9. Acerca dos entorpecentes, da prevenção ao uso de drogas, do combate ao narcotráfico e da lei que versa sobre organizações criminosas, julgue o seguinte item. A infiltração de agentes de polícia em tarefa de investigação deve ser pautada pelo princípio constitucional da adequação, pelo que será averiguado se o meio é adequado para se atingir o fim pretendido. Certo ( ) Errado ( ) 10. Acerca dos entorpecentes, da prevenção ao uso de drogas, do combate ao narcotráfico e da lei que versa sobre organizações criminosas, julgue o seguinte item. A nova definição de organização criminosa abarca apenas os crimes com pena máxima superior a quatro anos. Certo ( ) Errado ( ) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 11. Considerando a Convenção das Nações Unidas contra o crime organizado transnacional, julgue os seguintes itens. I - Grupo criminoso organizado é conceituado como o grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas na convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material. II - A infração será considerada de caráter transnacional se for cometida em um só Estado, mas envolver a participação de grupo criminoso organizado que pratique atividades criminosas em mais de um Estado. III - Os Estados-partes que aderiram à convenção cumprirão as obrigações dela decorrentes com respeito aos princípios da igualdade soberana e da integridade territorial dos Estados, bem como da não ingerência nos assuntos internos dos demais. IV - A convenção prevê a responsabilidade das pessoas jurídicas, respeitando-se o ordenamento jurídico de cada Estado-parte, responsabilidade que poderá ser penal, civil ou administrativa e não obsta a responsabilidade penal das pessoas físicas que tenham cometido as infrações. Assinale a opção correta. A) Apenas os itens I e III estão certos. B) Apenas os itens I e IV estão certos. C) Apenas os itens II e III estão certos. D) Apenas os itens II e IV estão certos. E) Todos os itens estão certos. 12. Acerca dos crimes contra a fé pública e dos crimes praticados por associações ou organizações criminosas, assinale a opção correta. A) Aquele que falsifica documento para, em seguida, usá-lo em procedimento subsequente comete os crimes de falsificação de documento e de uso de documento falso, haja vista a presença de dolos distintos e autônomos em relação a cada conduta praticada. B) A falsidade ideológica é configurada pelo dolo genérico de se omitir, em documento público ou particular, declaraçãoque dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, mesmo que não enseje proveito ilícito ou prejuízo a terceiros. C) A estabilidade e a permanência nas relações entre os agentes reunidos em conjugação de esforços para a prática reiterada de crimes são essenciais para que se configure a associação criminosa, diferenciando-se essa do simples concurso eventual de pessoas para realizaram uma ação criminosa. D) A associação criminosa, denominação atual do antigo crime de quadrilha ou bando, por ser crime material, só se realiza quando mais de três pessoas se reúnem, em caráter estável e permanente, para o cometimento de crimes, consumando-se com a prática efetiva de um delito. E) A conduta de se colocar em circulação uma única cédula falsa, no valor de cinquenta reais, não pode ser reputada como algo que efetivamente perturba o convívio social, sendo admissível enquadrá-la como materialmente atípica pela incidência do princípio da insignificância. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 5 13. Os crimes previstos na Lei n. 12.850/2013, que define organização criminosa, e as infrações penais conexas, serão apurados mediante procedimento. A) sumaríssimo, previsto na Lei n. 9.099/1995. B) sumário, previsto no Código de Processo Penal. C) ordinário, previsto no Código de Processo Penal. D) especial, previsto na Constituição Federal. E) extraordinário, previsto na Constituição Federal. 14. O Legislador brasileiro adotou, a partir de 2013, o termo “Organizações Criminosas” para tratar o tema, tão falado na mídia e na sociedade, das atividades reconhecidas como “Crime Organizado”. Por ensejar, para alguns, uma maior complexidade de aplicação de recursos e pessoas, de uma logística própria, que passaria despercebida ou pelo menos dificultaria os meios cotidianos de investigação e apuração de responsabilidades, a Lei 12.850/13, para além de trazer a definição objetiva de “Organização Criminosa”, traz também regras específicas para o procedimento. Uma delas, disposta no Capítulo III, se dá no âmbito da “Investigação e dos Meios de Obtenção de Prova”. Sobre estes, assinale a alternativa correta: A) Em nenhuma fase da persecução penal serão afastados os sigilos financeiro, bancário e fiscal. B) Em qualquer fase da persecução penal, será permitida, sem prejuízo de outros, já previstos em lei, a colaboração premiada como meio de obtenção de prova. C) Apenas após o recebimento da denúncia, será permitida, sem prejuízo de outros já previstos em lei, a colaboração premiada como meio de obtenção de prova. D) Apenas após o recebimento da denúncia, será permitida, sem prejuízo de outros já previstos em lei, a prisão preventiva como meio de obtenção de prova. E) Em qualquer fase da persecução penal, será permitida, sem prejuízo de outros já previstos em lei, a prisão preventiva como meio de obtenção de prova. 15. Considerando a disciplina das leis de Proteção a Vítimas e a Testemunhas, Lavagem de Dinheiro e Organizações Criminosas, assinale a alternativa correta. A) Em caso de vítimas ou testemunhas de crimes que estejam coagidas ou expostas a grave ameaça em razão de colaborarem com a investigação ou processo criminal, deverá o delegado de polícia, independente de anuência da pessoa protegida, ou de seu representante legal, providenciar a sua inclusão em programas especiais organizados para a proteção especial a vítimas e a testemunhas. B) Para a punição dos crimes previstos na Lei nº 9.613/1998, exige-se a punibilidade da infração penal antecedente, ainda que desconhecida a sua autoria. C) Não constitui direito do agente infiltrado recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada conforme disposto na Lei nº 12.850/2013. D) Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção, ouvido o proprietário ou possuidor direto do bem objeto da medida assecuratória, nos termos da Lei nº 9.613/1998. E) Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno, nos termos da Lei nº 9.613/1998. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 6 16. Para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas a lei contempla validamente nos procedimentos de investigação e formação de provas o seguinte: A) o acesso a dados, documentos e informações fiscais, bancárias, financeiras, eleitorais e outras obtidas diretamente de acesso à correspondência eletrônica do agente mediante despacho fundamentado da autoridade condutora do inquérito policial ou procedimento administrativo criminal pelo Ministério Público. B) infiltração por agentes de polícia ou de inteligência, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes, mediante justificativa da autoridade policial no relatório do inquérito. C) a captação e a interceptação ambiental de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos, e o seu registro e análise, mediante autorização judicial sumária. D) a ação controlada, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou a elas vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações. E) aquisição de produto de crime com recursos provenientes do tesouro nacional em ação controlada, mediante autorização judicial, para proporcionar a caracterização do flagrante delito. 17. São crimes que se configuram durante a investigação e a obtenção de provas, previstos na Lei n° 12.850/2013 (Lei de Combate às Organizações Criminosas), exceto: A) Praticar o agente infiltrado, no curso da investigação, crime doloso no âmbito da infiltração, quando inexigível conduta diversa. B) Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas. C) Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação controlada e a infiltração de agentes. D) Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia autorização por escrito. 18. Acerca da Lei n° 12.694/12 (que dispõe sobre o processo e o julgamento colegiado em primeiro grau de jurisdição de crimes praticados por organizações criminosas), assinale a alternativa correta: A) o órgão colegiado não pode decidir sobre a transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima, por tratar-se de decisão relativa à execução penal. B) o juiz determinará a alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção. C) diante de provável situação de risco, não decorrente exclusivamente do exercício da função, das autoridades judiciais ou membros do Ministério Público e de seus familiares, o fato será comunicado à polícia judiciária, que avaliará a necessidade, o alcance e os parâmetros da proteção pessoal. D) o colegiado será formado pelo juiz do processo e por 3 (três) outros juízes escolhidos por sorteio eletrônico dentre aqueles de competência criminal em exercício no primeiro grau de jurisdição. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 7 19. Preencha a lacuna e assinale a alternativa correta. De acordo com o que dispõe a Lei nº 12.850/2013, considera-se organização criminosa a associação de ____________, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, aindaque informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. A) 4 (quatro) ou mais pessoas B) 3 (três) pessoas C) 5 (cinco) ou mais pessoas D) 2 (duas) pessoas E) 5 (cinco) pessoas 20. Assinale a alternativa correta quanto ao que se apresenta como direito do colaborador, previsto expressamente na Lei das Organizações Criminosas: A) ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservados. B) usufruir das medidas socioeducativas previstas na legislação específica. C) participar das audiências com contato visual com os outros acusados. D) ser conduzido, em juízo, conjuntamente com os demais coautores e partícipes. E) cumprir pena em estabelecimento penal idêntico aos demais corréus ou condenados. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 8 GABARITO 1. ERRADO 2. CERTO 3. CERTO 4. ERRADO 5. CERTO 6. ERRADO 7. ERRADO 8. CERTO 9. ERRADO 10. ERRADO 11. E 12. C 13. C 14. B 15. E 16. D 17. A 18. B 19. A 20. A https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 9 QUESTÕES COMENTADAS 1. João integra uma organização criminosa que, além de contrabandear e armazenar, vende, clandestinamente, cigarros de origem estrangeira nas ruas de determinada cidade brasileira. A partir dessa situação hipotética, julgue o item subsequente. Considere que João e sua organização criminosa utilizem transporte marítimo clandestino para fazer ingressarem no território brasileiro os cigarros contrabandeados. Nessa situação, a pena pelo crime de contrabando será aumentada pela metade. GABARITO: ERRADO SOLUÇÃO RÁPIDA A questão trata do crime de contrabando, Art. 334-A, do Código Penal (CP). Esse crime possui como possibilidade de aumento de pena para o dobro, ou seja, de 4 anos a 10 anos pelo fato do transporte ser feito por rios, mares ou pelo ar. Solução objetiva, direto ao ponto da questão. SOLUÇÃO COMPLETA Ademais, lembre-se de que para a configuração de organização criminosa há a necessidade de pelo menos mais três pessoas estejam participando dessa organização juntamente com João, e o crime na forma do Art.1°, § 1º da Lei nº 12.850/2013. Além disso, o crime praticado deve ter pena máxima em abstrato superior a 4 anos. Como o crime mencionado na questão possui pena máxima em abstrato de 5 anos, há possibilidade da aplicação da Lei nº 12.850. § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Uma vez o caso em tela sendo hipótese de organização criminosa, os integrantes da organização criminosa respondem pelo crime que cometeram e pela Lei nº 12.850 em concurso material de crimes, Art.69 do CP. Segundo Renato Brasileiro (LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação Criminal especial. Vol. Único. Ed, JusPODIVM, 7º edição, Salvador, 2019, p. 779): Se os membros da organização criminosa praticarem as infrações penais para as quais se associaram, deverão responder pelo crime do Art.2º, caput, da Lei nº 12.850/13, em concurso material (CP, Art.69) com os demais ilícitos por eles perpetrados. Neste sentido, basta atentar para o preceito secundário do próprio Art.2°, que prevê a pena de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 10 2. Analise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é Certo ou Errado. Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Esta é a definição prevista na Lei n. 12.850/2013. GABARITO: CERTO SOLUÇÃO RÁPIDA A questão transcreve o conceito legal de organização criminosa do Art.1°, § 1º da Lei nº 12.850/2013. § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. SOLUÇÃO COMPLETA Conforme explica Guilherme Nucci (Nucci, Guilherme de Souza. Organização Criminosa. Ed. Forense, 2º edição. Rio de Janeiro, 2015, p. 20 e 21): A revogada Lei 9.034/1995, que cuidava do crime organizado, não trazia um tipo penal incriminador para tal atividade. Assim sendo, a única maneira de se criminalizar qualquer conduta associativa para a prática delituosa dava-se pelo tipo penal do Art. 288 do Código Penal (quadrilha ou bando). Tecnicamente, pois, aprimorou-se o sistema, incluindo um tipo específico para punir o integrante da organização criminosa, além de alterar a redação e modificar o título do delito estabelecido pelo Art. 288 do Código Penal. Quanto à modificação deste último, consultar o Capítulo VII. Embora a Lei 12.850/2013 não tenha fornecido o título ou a rubrica do crime, pode-se perfeitamente adequá-la ao óbvio: trata-se do delito de organização criminosa. 3. João integra conhecida organização criminosa de âmbito nacional especializada em tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Com o objetivo de tornar legal o dinheiro obtido ilicitamente, ele convenceu Pedro e Jorge, conselheiros fiscais de uma cooperativa de mineradores que atuam na região Norte do país, a modificar valores obtidos em uma mina de ouro. Pedro, sem conhecer a fundo a origem dos valores, concordou em fazer a transação. Antes de concluí-la, entretanto, ele desistiu da ação, e tentou convencer Jorge a fazer o mesmo. Tendo Jorge decidido prosseguir no esquema, Pedro, então, fez uma denúncia sigilosa à polícia, que passou a investigar o fato e reuniu elementos necessários ao indiciamento dos envolvidos. Antes que concretizasse a ação final de registro de valores, Jorge foi impedido pela polícia, que o prendeu em flagrante. Acerca dessa situação hipotética, julgue o item subsequente. Em relação ao crime de lavagem de dinheiro, a pena de João poderá ser aumentada de um a dois terços, em razão de o crime ter sido cometido por intermédio de organização criminosa. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 11 GABARITO: CERTO SOLUÇÃO RÁPIDA Art.1°, §4º da Lei nº 9.613/98 traz a causa de aumento que a questão trata. § 4º A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa. SOLUÇÃO COMPLETA O termo Lavagem de Capitais ou Lavagem de Dinheiro tem origem na expressão norte-americana money laundering. Isso porque os gangsters teriam usado lavadeiras para disfarçar a origem ilícita do dinheiro obtido pela venda de drogas e álcool. Portanto, desde sua origem, o crime de lavagem de capitais busca a ocultação de crimes maiores. Segundo Renato Brasileiro (LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação Criminal Especial. Vol. Único. Ed, JusPODIVM, 7º edição, Salvador, 2019, p. 594): Em síntese, a lavagem de capitais é o ato ou o conjunto de atos praticados por determinado agente com o objetivo deconferir aparência lícita a bens, direitos ou valores provenientes de uma infração penal. A Lei nº 9.613/98 traz esse conceito em seu Art.1º. Art. 1° Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. Além disso, o § 4º do mesmo dispositivo traz duas causas de aumento de pena, por reincidência específica no crime de lavagem ou se o crime de lavagem for praticado por organização criminosa. Esta última é a resposta da questão em estudo. Segundo Renato Brasileiro (LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação Criminal especial. Vol. Único. Ed, JusPODIVM, 7º edição, Salvador, 2019, p. 648): Por fim, convém destacar que não há bis in idem entre a majorante do § 4º do Art.1º da Lei nº 9.613/98 e a condenação por associação criminosa, uma vez que se está diante de duas objetividades jurídicas distintas. A lavagem de capitais tem como bem jurídico tutelado a ordem econômico-financeira, ao passo que o crime de associação criminosa é espécie de crime contra a paz pública. § 4º A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa. É importante ressaltar que o crime de associação criminosa a que o autor refere-se é o de organização criminosa do Art.1°, § 1º da Lei nº 12.850/2013, e não o crime de associação criminosa do Art. 288 do CP. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 12 4. Em cada um do item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada. Antenor foi condenado a pena de reclusão por crime decorrente de organização criminosa. Nessa situação, ele deverá cumprir toda sua pena em regime fechado e, portanto, ser- lhe-á vedado trabalhar dentro ou fora da penitenciária, durante o cumprimento da pena. GABARITO: ERRADO SOLUÇÃO RÁPIDA É importante frisar que não há nenhum crime, no sistema pátrio, em que seja vedado o benefício de progressão de regime, uma vez que o Direito Penal rege-se por princípios como dignidade da pessoa humana, proporcionalidade da pena, princípio da individualização da pena. SOLUÇÃO COMPLETA Além dos princípios de Direito Penal, há também regras para a progressão de regime no sistema jurídico brasileiro e formas de remissão da pena. Conceito de remissão de pena: possibilidade de o preso diminuir o tempo de cumprimento da pena privativa de liberdade nos regimes fechado e semiaberto, pelo trabalho ou estudo, devendo o tempo remido ser computado como pena já cumprida. Atenção! O Pacote Anticrime, Lei nº 13.964 de dezembro de 2019, revogou parcialmente e a Lei de Crimes Hediondos, retirando dela a parte que dizia respeito ao regime de progressão para os crimes hediondos e ainda alterou a LEP (Lei nº 7.210/1984) transformando as frações de cumprimento de pena em porcentagem de cumprimento de pena. Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 13 VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional. 5. Na forma da Lei n. 12.694/12, em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente, a inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, a prolação da sentença, a progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena, a concessão de liberdade condicional, a transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima, entre outros. GABARITO: CERTO SOLUÇÃO RÁPIDA O Art. 2° da Lei nº 12.694/12 foi revogado tacitamente pela Lei nº 12.850/13, porém, essa revogação foi parcial, portanto a maior parte da Lei nº 12.694/12 continua válida. Por exemplo, o Art. 1° da Lei nº 12.694/12 está em vigor e foi cobrado de forma literal pela questão. Art. 1º Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente: I - decretação de prisão ou de medidas assecuratórias; II - concessão de liberdade provisória ou revogação de prisão; III - sentença; IV - progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena; V - concessão de liberdade condicional; VI - transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima; e VII - inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado. SOLUÇÃO COMPLETA Como dito anteriormente, a Lei nº 12.850/13 revogou tácita e parcialmente a Lei nº 12.694/12, que trata sobre o processo e o julgamento colegiado em primeiro grau de jurisdição de crimes praticados por organizações criminosas. Isso porque, segundo Renato Brasileiro (LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação Criminal Especial. Vol. Único. Ed, JusPODIVM, 7º edição, Salvador, 2019, p. 773): https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 14 Se, de um lado sustentamos que o conceito de organização criminosa deve ser unificado em torno da definição constante no Art.1°, § 1º, da Lei nº 12.850/13, daí não se pode concluir que a Lei nº 12.694/12 teria sido integralmente revogada. Ora, por mais que tenha havido a revogação tácita do Art. 2° da Lei nº 12.694/12 pela Lei nº 12.850/13, os demais dispositivos constantes desta Lei permanecem com plena vigência. Afinal, o objeto desses dois diplomas normativos é distinto: enquanto a Lei nº 12.694/12 dispõe sobre a formação do juízo colegiado para julgamento de crimes praticados por organizações criminosas, a Lei nº 12.850/13 define o crime de organização criminosa, infrações penais correlatas, regulamentando a investigação criminal e meios de obtenção de prova. Subsiste, pois, a possibilidade de formação de juízo colegiado para o julgamento de crimes praticados por organizaçõescriminosas, tal qual disposto no Art. 1º da Lei nº 12.694/12. Porém, para fins de conceituação de organizações criminosas, há de ser utilizada a definição constante no Art. 1º, § 1º, da Lei nº 12.850/13, que revogou tacitamente o disposto no Art. 2° da Lei nº 12.694/12. (grifo nosso) 6. Analise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é Certo ou Errado. Prevê a Lei n. 12.694/2012 que, nos processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual. Neste caso, o juiz poderá instaurar o colegiado, indicando os motivos e as circunstâncias que acarretam risco à sua integridade física em decisão fundamentada, da qual será dado conhecimento ao órgão correcional. O colegiado será formado pelo juiz do processo e por 3 (três) outros juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, escolhidos por sorteio eletrônico. GABARITO: ERRADO SOLUÇÃO RÁPIDA Composição do colegiado de juízes: O colegiado é formado por 3 (três) magistrados: - o juiz natural do processo; - mais 2 (dois) outros juízes escolhidos por sorteio eletrônico dentre aqueles de competência criminal em exercício no primeiro grau de jurisdição. A questão fala em 3 outros juízes: O colegiado será formado pelo juiz do processo e por 3 (três) outros juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição quando, segundo o Art.1°, §§ 1º e 2º da Lei nº 12.694/2012, são utilizados no colegiado apenas 2 outros juízes. § 1º O juiz poderá instaurar o colegiado, indicando os motivos e as circunstâncias que acarretam risco à sua integridade física em decisão fundamentada, da qual será dado conhecimento ao órgão correicional. § 2º O colegiado será formado pelo juiz do processo e por 2 (dois) outros juízes escolhidos por sorteio eletrônico dentre aqueles de competência criminal em exercício no primeiro grau de jurisdição. SOLUÇÃO COMPLETA Segundo Renato Brasileiro (LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação Criminal Especial. Vol. Único. Ed, JusPODIVM, 7º edição, Salvador, 2019, p. 767) Produto de um Estado ausente, a criminalidade organizada é um dos maiores problemas no mundo globalizado de hoje. Apesar de não se tratar de fenômeno recente, o crescimento dessas organizações criminosas representa uma grave https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 15 ameaça não apenas para à sociedade, mas também ao próprio Estado Democrático de Direito, seja pelo grau de lesividade das infrações penais por elas praticadas, seja pelo grau de influência que exercem dentro do próprio Estado. A Lei nº 12.694/2012 foi uma conquista da Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE). A ideia é garantir maior segurança aos magistrados que atuam em processos envolvendo organizações criminosas, visando justamente minimizar o grau de influência que exercem dentro do próprio Estado mencionado anteriormente, diminuindo eventuais ameaças sofridas pela categoria de magistrados, efetuadas por organizações criminosas. O colegiado de juízes pode ser instaurado em qualquer tipo de processo ou procedimento desde que os crimes em julgamento sejam praticados por organizações criminosas. Além disso, o colegiado de juízes poderá ser instaurado antes, durante, ou mesmo depois da ação penal, ou seja, o colegiado pode ser instaurado antes de proposta a denúncia, durante a ação penal ou mesmo na fase de execução penal ou até mesmo em processo incidente. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) na ADI nº 4414/AL, a Lei nº 12.694/2012 tem incidência até no Tribunal do Júri. Isso porque, embora a decisão sobre a matéria de fato e se o acusado deve ser absolvido no julgamento em Plenário, deverá ser sempre tomada pelos jurados, por força constitucional (Art. 5º, XXXVIII, c), há fases em que o juiz atua monocraticamente, como, por exemplo, na decisão de pronúncia ou impronúncia e também na fase de dosimetria da pena. 7. O critério do domínio funcional do fato é empregado para a responsabilização do agente que tem o controle sobre a atuação de um aparelho organizado de poder, como é o caso de uma organização criminosa. GABARITO: ERRADO SOLUÇÃO RÁPIDA Teoria do domínio do fato. Autor imediato (agente que pratica de fato a conduta típica). Autor mediato (agente que, embora não pratique a conduta típica tem o controle sobre a atuação de um aparelho organizado de poder). Coautor - agente que realiza uma parte necessária do plano global (domínio funcional do fato), embora não seja um ato típico, desde que integre a resolução delitiva comum. A questão mistura os conceitos de coautoria com o conceito de autor mediato, fazendo com que a afirmativa esteja errada. SOLUÇÃO COMPLETA Existem várias teorias a respeito do conceito de autoria. As mais relevantes para as provas são: Teoria Restritiva; Teoria Extensiva; Teoria do Domínio do Fato. Segundo Rogério Greco na Teoria Restritiva (GRECCO, Rogério. Código Penal Comentado. Ed. Impetus, 9ª edição, Rio de Janeiro, 2015, p.110): https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 16 [...] autor será aquele que praticar a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Todos os demais que, de alguma forma, o auxiliarem, embora não realizem a conduta narrada pelo verbo do tipo penal, serão considerados partícipes. Essa primeira teoria é criticada, pois segundo ela o mandante responderia como partícipe e não como autor da conduta típica. Ainda segundo Rogério Greco, na Teoria Extensiva: O Conceito extensivo de autor encontra-se numa situação diametralmente oposta à do conceito restritivo. Pelo fato de partir da teoria da equivalência das condições, os adeptos do conceito extensivo não fazem distinção entre autor e partícipes. Todos aqueles que, de alguma forma, colaboram para a prática do fato são considerados autores. Entretanto, essa teoria também recebe críticas, pois não se percebe nela a aplicação do princípio da individualização da pena. Segundo Cezar Roberto Bitencourt em seu artigo científico, A teoria do domínio do fato e a autoria colateral, na publicado revista eletrônica ConJur. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2012-nov-18/cezar-bitencourt-teoria- dominio-fato-autoria-colateral: A teoria do domínio do fato reconhece a figura do autor mediato, desde que a realização da figura típica, apresente-se como obra de sua vontade reitora, que é reconhecido como o “homem de trás”, e controlador do executor. A teoria do domínio do fato tem as seguintes consequências: 1ª) a realização pessoal e plenamente responsável de todos os elementos do tipo fundamenta sempre a autoria; 2ª) é autor quem executa o fato utilizando a outrem como instrumento (autoria mediata); 3ª) é autor o coautor que realiza uma parte necessária do plano global (“domínio funcional do fato”), embora não seja um ato típico, desde que integre a resolução delitiva comum. Por fim, é importante ressaltar que na organização criminosa há tanto a coautoria quanto a autoria mediata, porém os conceitos não se confundem, Art.1°, § 1º da Lei nº 12.850/13 9 (já transcrito anteriormente). Portanto, tão importante quanto o estudo específico das Leis nº 12.694/2012 e 12.850/13 é o estudo dos conceitos básicos de Direito Penal e processo penal. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 17 8. João integra uma organização criminosa que, além de contrabandear e armazenar, vende, clandestinamente, cigarros de origem estrangeira nas ruas de determinada cidade brasileira. A partir dessa situação hipotética, julgue o item subsequente. Se João for preso em flagrante e o escrivão estiver impossibilitado de proceder à lavratura do auto de prisão, a autoridade policial poderá designar qualquer pessoa para fazê-lo, desde que esta preste o compromissolegal anteriormente. GABARITO: CERTO SOLUÇÃO RÁPIDA: Basta a leitura do CPP, Art. 305 e Art. 808. Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o compromisso legal. Art. 808. Na falta ou impedimento do escrivão e seu substituto, servirá pessoa idônea, nomeada pela autoridade, perante quem prestará compromisso, lavrando o respectivo termo. SOLUÇÃO COMPLETA Prisões cautelares consistem na limitação de liberdade de forma não definitiva, ou seja, que não resultam de uma decisão condenatória transitada em julgado. Espécies de prisões cautelares: Prisão temporária; Prisão provisória; Prisão em flagrante ou preventiva. Prisão em Flagrante possui natureza administrativa e o próprio CPP define o que é estado de flagrância, Art. 302. Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. Segundo Guilherme Nucci (Nucci, Guilherme de Souza. Organização Criminosa. Ed. Forense, 2º edição. Rio de Janeiro, 2015, p. 26): O crime de organização criminosa, por si só, é grave o suficiente para permitir a decretação da prisão preventiva. Se houver causas de aumento, como portar arma de fogo, torna-se ainda mais exigível a segregação provisória do agente. A Jurisprudência brasileira é consoante ao entendimento do autor nos seguintes julgados: HC 20140768428/SC, HC 10000130859150000/MG. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 18 9. Acerca dos entorpecentes, da prevenção ao uso de drogas, do combate ao narcotráfico e da lei que versa sobre organizações criminosas, julgue o seguinte item. A infiltração de agentes de polícia em tarefa de investigação deve ser pautada pelo princípio constitucional da adequação, pelo que será averiguado se o meio é adequado para se atingir o fim pretendido. GABARITO: ERRADO SOLUÇÃO RÁPIDA A infiltração de agente policial, Art. 10, §2º da Lei nº 12.850/13 é regida pelos princípios da proporcionalidade e subsidiariedade, porém não é regida pelo princípio da adequação. SOLUÇÃO COMPLETA Assim como na Lei de Interceptação Telefônica, Lei nº 9.269/96, a infiltração de agente policial é a última medida a ser realizada numa investigação quando não restar outro meio de obtenção de prova. Na interceptação telefônica isso se deve ao fato da interceptação ser extremamente lesiva aos direitos fundamentais do investigado. Neste mesmo entendimento Guilherme Nucci (Nucci, Guilherme de Souza. Organização Criminosa. Ed. Forense, 2º edição. Rio de Janeiro, 2015, p. 79): e) subsidiariedade da infiltração policial: nos mesmos moldes sustentados para a interceptação telefônica, que é invasiva à intimidade alheia, a infiltração não deve ser a primeira medida de investigação policial. O meio de prova se caracteriza como a ultima ratio (a derradeira hipótese), quando não mais existirem meios idôneos para captar todo o cenário da organização criminosa (Art. 10, § 2.º, segunda parte, da Lei 12.850/2013); Porém, na infiltração de agente policial a justificativa se dá pelo fato do extremo risco que essa ação oferece ao policial. Renato Brasileiro (LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação Criminal Especial. Vol. Único. Ed, JusPODIVM, 7º edição, Salvador, 2019, p. 860) explica: [...] porque sua utilização é medida de ultima ratio (Lei nº 12.850/13, Art.10, §2º). Em conclusão porque, a luz do princípio da proporcionalidade, a periculosidade social inerente às organizações criminosas acaba justificando o emprego de procedimentos investigatórios mais invasivos, sem os quais não seriam capazes de localizar fontes de prova e coligir elementos de informação necessários para a persecução penal. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 19 10. Acerca dos entorpecentes, da prevenção ao uso de drogas, do combate ao narcotráfico e da lei que versa sobre organizações criminosas, julgue o seguinte item. A nova definição de organização criminosa abarca apenas os crimes com pena máxima superior a quatro anos. GABARITO: ERRADO SOLUÇÃO RÁPIDA O erro da afirmativa está na palavra “apenas”, uma vez que há a hipótese do crime cometido pela organização criminosa transnacional ter a pena máxima inferior a 4 anos. Justifica-se o gabarito da questão somente porque a forma como a afirmativa colocada não contemplou a parte final do Art.1°, §1º da Lei nº 12.850/13, a saber, “ou que sejam de caráter transnacional”. SOLUÇÃO COMPLETA O conceito de transnacionalidade está previsto na Convenção de Palermo, Decreto nº 5.015 de 2004, Art.3°, §2º. Art.3°, §2º do Decreto nº 5.015 de 2004: Para efeitos do parágrafo 1º do presente Artigo, a infração será de caráter transnacional se: a) For cometida em mais de um Estado; b) For cometida num só Estado, mas uma parte substancial da sua preparação, planeamento, direção e controle tenha lugar em outro Estado; c) For cometida num só Estado, mas envolva a participação de um grupo criminoso organizado que pratique atividades criminosas em mais de um Estado; ou d) For cometida num só Estado, mas produza efeitos substanciais noutro Estado. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 20 11. Considerando a Convenção das Nações Unidas contra o crime organizado transnacional, julgue os seguintes itens. I Grupo criminoso organizado é conceituado como o grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas na convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material. II A infração será considerada de caráter transnacional se for cometida em um só Estado, mas envolver a participação de grupo criminoso organizado que pratique atividades criminosas em mais de um Estado. III Os Estados-partes que aderiram à convenção cumprirão as obrigações dela decorrentes com respeito aos princípios da igualdade soberana e da integridade territorial dos Estados, bem como da não ingerência nos assuntos internos dos demais. IV A convenção prevê a responsabilidade das pessoas jurídicas, respeitando-se o ordenamento jurídico de cada Estado-parte, responsabilidade que poderá ser penal, civil ou administrativa e não obsta a responsabilidade penal das pessoas físicas que tenham cometido as infrações. Assinale a opção correta. A) Apenas os itens I e III estão certos. B) Apenas os itens I e IV estão certos. C) Apenas os itens II e III estão certos. D) Apenas os itens II e IV estão certos. E) Todos os itens estão certos. GABARITO: E SOLUÇÃO RÁPIDA A Convenção das Nações Unidas contra o crime organizado transnacional, também conhecida como Convenção de Palermo, ratificada pelo Brasil como Decreto nº 5.015, de 12 de março de 2004, revela no Art. 3º o conceito de crimes transnacionais. O dispositivo legal foi transcrito na questão anterior. SOLUÇÃO COMPLETA O conceito de organização criminosa só se consolidou com a Lei nº 12.694/2012 e posteriormente pela Lei nº 12.850/2013, porém desde muito antes houve tentativas de consolidar um conceito de organização criminosa. Segundo Renato Brasileiro (LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação Criminal Especial. Vol. Único. Ed, JusPODIVM, 7º edição, Salvador, 2019, p. 769): A despeito da profusão de referências legislativas ao termo organizações criminosas, sempre houve controvérsias acerca da existência desse conceito legal no ordenamento pátrio. Conquanto a revogada Lei9.034/95 definisse e regulasse meios de prova e procedimentos investigatórios referentes a ilícitos decorrentes de ações praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo (Art.1°, caput), não havia, no bojo da referida lei, uma definição legal de organizações criminosas, razão pela qual tal diploma normativo sempre teve https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 21 aplicação restrita às quadrilhas (CP, antiga redação do Art.288) e às associações criminosas (v.g., Lei nº 11.343/06, Art.35; Lei n º 2.889/56, Art.2º). Diante dessa lacuna legal e com o advento da Convenção das Nações Unidas contra o crime organizado transnacional (Convenção de Palermo), ratificada pelo Brasil, Decreto nº 5.015/2004, cogitou-se em utilizar-se do conceito de organização criminosa presente no Art.2° do dispositivo. Porém, o entendimento do STF foi no sentido de não aplicação da Convenção, uma vez que isso feriria o princípio em Direito Penal da reserva legal, ou seja, o princípio da legalidade em estrito senso. Porém, o Decreto nº 5.015/2004 traz para o sistema jurídico o sentido de transnacionalidade dos crimes de organização criminosa como visto anteriormente. 12. Acerca dos crimes contra a fé pública e dos crimes praticados por associações ou organizações criminosas, assinale a opção correta. A) Aquele que falsifica documento para, em seguida, usá-lo em procedimento subsequente comete os crimes de falsificação de documento e de uso de documento falso, haja vista a presença de dolos distintos e autônomos em relação a cada conduta praticada. B) A falsidade ideológica é configurada pelo dolo genérico de se omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, mesmo que não enseje proveito ilícito ou prejuízo a terceiros. C) A estabilidade e a permanência nas relações entre os agentes reunidos em conjugação de esforços para a prática reiterada de crimes são essenciais para que se configure a associação criminosa, diferenciando-se essa do simples concurso eventual de pessoas para realizaram uma ação criminosa. D) A associação criminosa, denominação atual do antigo crime de quadrilha ou bando, por ser crime material, só se realiza quando mais de três pessoas se reúnem, em caráter estável e permanente, para o cometimento de crimes, consumando-se com a prática efetiva de um delito. E) A conduta de se colocar em circulação uma única cédula falsa, no valor de cinquenta reais, não pode ser reputada como algo que efetivamente perturba o convívio social, sendo admissível enquadrá-la como materialmente atípica pela incidência do princípio da insignificância. GABARITO: C SOLUÇÃO RÁPIDA Art.288 do CP c/c Art.22 do CP. SOLUÇÃO COMPLETA A) Aquele que falsifica documento para, em seguida, usá-lo em procedimento subsequente comete os crimes de falsificação de documento e de uso de documento falso, haja vista a presença de dolos distintos e autônomos em relação a cada conduta praticada. ERRADO, aquele que falsifica documento para, em seguida, usá-lo em procedimento subsequente pratica crime único do Art.297 do Código Penal (CP). Quando o agente que falsifica o documento é o mesmo que utiliza, o crime de falsificação absorve o crime de uso, gerando uma única conduta delituosa. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 22 Porém, quando um agente que falsifica o documento é um e a pessoa que utiliza é outra, o primeiro responde por falsificação de documento, Art.297 do CP e o segundo por uso de documento falso, Art.304 do CPP. B) A falsidade ideológica é configurada pelo dolo genérico de se omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, mesmo que não enseje proveito ilícito ou prejuízo a terceiros. ERRADO, a falsidade ideológica é um crime de dolo especial, ou seja, o agente precisa, além de realizar uma das condutas típicas do delito, ter uma finalidade específica descrita no próprio tipo penal, a saber: prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. C) A estabilidade e a permanência nas relações entre os agentes reunidos em conjugação de esforços para a prática reiterada de crimes são essenciais para que se configure a associação criminosa, diferenciando-se essa do simples concurso eventual de pessoas para realizar uma ação criminosa. CORRETO, Segundo Rogério Greco (GRECCO, Rogério. Código Penal Comentado. Ed. Impetus, 9ª edição, Rio de Janeiro, 2015, p.950): Conforme tivemos oportunidade de salientar, para que se configure o delito de associação , será preciso conjugar seu caráter de estabilidade, permanência, com a finalidade de praticar um número indeterminado de crimes. A reunião desse mesmo número de pessoas para a prática de um único crime, ou mesmo dois deles, não importa o reconhecimento do delito em estudo. D) A associação criminosa, denominação atual do antigo crime de quadrilha ou bando, por ser crime material, só se realiza quando mais de três pessoas se reúnem, em caráter estável e permanente, para o cometimento de crimes, consumando-se com a prática efetiva de um delito. ERRADO, a expressão mais de três pessoas pressupõe que para a configuração do crime de associação criminosa, Art.288 do CP, precisa-se de, no mínimo, 4 pessoas. Entretanto, para a configuração da associação criminosa, são necessárias, no mínimo, 3 pessoas, e não 4. Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: (...) E) A conduta de se colocar em circulação uma única cédula falsa, no valor de cinquenta reais, não pode ser reputada como algo que efetivamente perturba o convívio social, sendo admissível enquadrá-la como materialmente atípica pela incidência do princípio da insignificância. Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), no Habeas Corpus (HC) nº 126.285/MG, não cabe aplicação do princípio da insignificância ao crime do Art. 289 do CP, a saber falsificação de moeda. Uma vez que a fé pública não pode ser mensurada, não há como saber se ela foi pouco ou muito afetada pela conduta delituosa. O julgado explora justamente o caso concreto de um homem que foi preso porque falsificou uma nota de 50 reais. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 23 13. Os crimes previstos na Lei n. 12.850/2013, que define organização criminosa, e as infrações penais conexas, serão apurados mediante procedimento. A) sumaríssimo, previsto na Lei n. 9.099/1995 B) sumário, previsto no Código de Processo Penal. C) ordinário, previsto no Código de Processo Penal. D) especial, previsto na Constituição Federal. E) extraordinário, previsto na Constituição Federal. GABARITO: C SOLUÇÃO RÁPIDA A resposta desta questão encontra amparo no Art.22 da Lei nº 12.850/2013. Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais conexas serão apurados mediante procedimento ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), observado o disposto no parágrafo único deste artigo. SOLUÇÃO COMPLETA Em Processo Penal, procedimento é a sucessão dos atos processuais, ou seja, é o meio pelo qual se instaura, desenvolve e encerra o processo penal. Os procedimentos dividem-se em comuns e especiais, Art. 394 do Código de Processo Penal (CPP). O procedimentos comuns são aqueles que assim considera o CPP como tais. Já os procedimentos especiais são todos aqueles que não estão descritos como comum pelo CPP, por exclusão. Art. 394. O procedimento será comum ou especial. § 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: ProcedimentoOrdinário: Crimes com a pena máxima em abstrato seja igual ou superior a 4 anos. Procedimento Sumário: Crimes com a pena máxima em abstrato seja inferior a 4 anos. Procedimento Sumaríssimo: Crimes de menor potencial ofensivo, assim definidos pelo Art.69 da Lei nº 9.099/95. (NOVAES, Felipe. Manual de Prática Penal. Ed. Método, 4º edição, Rio de Janeiro, 2016, p.3019) 14. O Legislador brasileiro adotou, a partir de 2013, o termo “Organizações Criminosas” para tratar o tema, tão falado na mídia e na sociedade, das atividades reconhecidas como “Crime Organizado”. Por ensejar, para alguns, uma maior complexidade de aplicação de recursos e pessoas, de uma logística própria, que passaria despercebida ou pelo menos dificultaria os meios cotidianos de investigação e apuração de responsabilidades, a Lei 12.850/13, para além de trazer a definição objetiva de “Organização Criminosa”, traz também regras específicas para o procedimento. Uma delas, disposta no Capítulo III, se dá no âmbito da “Investigação e dos Meios de Obtenção de Prova”. Sobre estes, assinale a alternativa correta: A) Em nenhuma fase da persecução penal serão afastados os sigilos financeiro, bancário e fiscal. B) Em qualquer fase da persecução penal, será permitida, sem prejuízo de outros, já previstos em lei, a colaboração premiada como meio de obtenção de prova. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 24 C) Apenas após o recebimento da denúncia, será permitida, sem prejuízo de outros já previstos em lei, a colaboração premiada como meio de obtenção de prova. D) Apenas após o recebimento da denúncia, será permitida, sem prejuízo de outros já previstos em lei, a prisão preventiva como meio de obtenção de prova. E) Em qualquer fase da persecução penal, será permitida, sem prejuízo de outros já previstos em lei, a prisão preventiva como meio de obtenção de prova. GABARITO: B SOLUÇÃO RÁPIDA ALTERNATIVA A: Nesta alternativa a expressão “Em nenhuma fase da persecução penal” está em contradição com o caput do Art. 3º da Lei nº 12.850/13, ou seja, a quebra dos sigilos financeiro, bancário e fiscais pode ocorrer tanto na fase pré-processual (investigação policial), quanto na fase processual (ação penal) e até mesmo, após o término do processo (execução penal). Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova: VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica. ALTERNATIVA B: Essa alternativa traz a resposta para a questão, uma vez que transcreve o que dispõe o Art.3° inciso I da Lei nº 12.850/13. Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova: I - colaboração premiada; ALTERNATIVA C: O erro desta alternativa encontra-se na expressão “Apenas após o recebimento da denúncia” que vai de encontro com a redação do Art.3°, inciso I, visto anteriormente. ALTERNATIVA D: Como visto anteriormente, a prisão preventiva é aceita em âmbito da Lei de Organizações Criminosas, porém, nenhuma prisão cautelar constitui meio de obtenção de prova. Ademais, a alternativa volta a insisti que “Apenas após o recebimento da denúncia” o que vai de encontro com a redação do Art.3º da Lei nº 12.850/13. ALTERNATIVA E: não precisa ser explorada, uma vez que pela leitura das explicações supramencionadas deduz-se que esta alternativa também está errada. SOLUÇÃO COMPLETA Segundo Guilherme Nucci (Nucci, Guilherme de Souza. Organização Criminosa. Ed. Forense, 2º edição. Rio de Janeiro, 2015, p. 38) Constituem genéricos meios de prova, no processo penal: testemunha, documento, perícia, confissão, interrogatório, indício, acareação, reconhecimento de pessoa ou coisa, busca e apreensão. Especificamente, prevê o Art. 3º da Lei 12.850/2013 os seguintes: a) colaboração premiada; b) captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; c) ação controlada; d) acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais; e) interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica; f) afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica; g) infiltração, por policiais, em atividade de investigação; h) cooperação https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 25 entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal. A colaboração premiada é gênero cujas espécies são, Art. 4º, incisos I ao V da Lei 12.850/2013: 1º Delação Premiada, Art.4°, inciso I, Lei nº 12.850/2013. I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; Na delação premiada há a identificação dos coautores e partícipes assim como os crimes cometidos por eles, portanto, neste caso a autoridade policial e o Ministério Público não têm ciência de quem faz parte da organização criminosa. 2º Revelação da Estrutura Hierárquica e da Divisão de Tarefas da Organização Criminosa, Art.4°, inciso II da Lei nº 12.850/2013. II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; Neste caso, a autoridade de polícia e o Ministério Público já têm ciência de quem são os integrantes da organização criminosa, porém precisam saber quem lidera a organização para fins de circunstâncias agravantes ou a divisão de tarefas para fins de individualização da pena, posteriormente no processo penal. É o que se denomina de colaboração reveladora. 3º Colaboração Preventiva, Art.4°, inciso III da Lei nº 12.850/2013. III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; Na colaboração preventiva, o indiciado por meio da sua cooperação, sem delatar, previne o crime. Evita-se que o ato delitivo ocorra, por isso o nome de colaboração preventiva. Nesta modalidade o colaborador expõem crimes futuros, horário, local, data etc. 4° Colaboração Material, Art.4°, inciso IV da Lei nº 12.850/2013. IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; Nesta colaboração o indiciado ajuda na recuperar o produto ou proveito do(s) crime(s) no todo ou em parte. Ademais, o assunto prisão preventiva já foi abordado na questão anterior, portanto não se faz necessária nova descrição, uma vez que este não é o assunto central do estudo. 15. Considerando a disciplina das leis de Proteção a Vítimas e a Testemunhas, Lavagem de Dinheiro e Organizações Criminosas, assinale a alternativa correta. A) Em caso de vítimas ou testemunhas de crimes que estejam coagidas ou expostas a grave ameaça em razão de colaborarem com a investigação ou processo criminal, deverá o delegado de polícia, independente de anuência da pessoa protegida, ou de seu representante legal, providenciar a sua inclusão em programas especiais organizados para a proteção especial a vítimas e a testemunhas. B) Para a punição dos crimes previstos na Lei nº 9.613/1998, exige-se a punibilidade da infração penal antecedente, ainda que desconhecida a sua autoria. C) Não constitui direito do agente infiltrado recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada conforme disposto na Lei nº 12.850/2013. D) Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 26 houver dificuldade para sua manutenção, ouvido o proprietário ou possuidordireto do bem objeto da medida assecuratória, nos termos da Lei nº 9.613/1998. E) Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno, nos termos da Lei nº 9.613/1998. GABARITO: E SOLUÇÃO RÁPIDA ALTERNATIVA A: Esta alternativa torna-se errada pela expressão “independente de anuência da pessoa protegida, ou de seu representante legal,” pois a colaboração premiada pressupõe a livre e espontânea vontade do indiciado em colaborar e também em exercer seus direitos como colaborador ou não, para tanto o juiz exerce um papel de fiscalizar se os direitos do colaborador estão sendo observados. Art. 4°, § 7º, inciso IV da Lei nº 12.850/13: § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo termo, as declarações do colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor, oportunidade em que analisará os seguintes aspectos na homologação: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - voluntariedade da manifestação de vontade, especialmente nos casos em que o colaborador está ou esteve sob efeito de medidas cautelares. ALTERNATIVA B: Esta alternativa torna-se errada pela expressão “exige-se a punibilidade da infração penal antecedente”, uma vez que o agente da infração anterior pode ser inimputável ou que a punibilidade esteja extinta, conforme Art. 2°, § 1º da Lei nº 9.613/1998. § 1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente. ALTERNATIVA C: Esta alternativa está errada por utilizar o advérbio de negação (NÃO) no início da afirmação, tornando a alternativa em ERRADA, já que é um direito do agente infiltrado interromper a ação de infiltração no momento que achar conveniente. Isso porque ele corre grande perigo em sua atuação, Art.14, inciso I da Lei nº 12.850/13. ALTERNATIVA D: Esta alternativa torna-se errada pela expressão “ouvido o proprietário ou possuidor direto do bem objeto da medida assecuratória” que não está presente na redação do artigo 4º, § 1º, da Lei 9.613/98. § 1° Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção. ALTERNATIVA E: Com base no que foi exposto até a presente alternativa, ela torna-se a única resposta possível à questão e o Art. 17-D, da Lei 9.613/98 confirma que esta alternativa é a CORRETA. SOLUÇÃO COMPLETA https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 27 Em relação aos direitos do colaborador na Lei nº 12.850/13, Guilherme Nucci (Nucci, Guilherme de Souza. Organização Criminosa. Ed. Forense, 2º edição. Rio de Janeiro, 2015, p. 66) comenta: Corretamente, por cautela, a Lei 12.850/2013 (Art. 4.º, § 13) especifica que, sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações. A avaliação do juiz acerca da voluntariedade (liberdade de ação) do delator ficará muito mais evidente por meio de gravação audiovisual. Cabe ressaltar que os direitos trazidos pelo Art.5° da Lei 12.850/2013 visão guarda a incolumidade do delator, logo, não podem ser considerados como benefícios do Art.4°, caput e §§ 5º e 6º da Lei 12.850/2013. A partir disso, Guilherme Nucci (Nucci, Guilherme de Souza. Organização Criminosa. Ed. Forense, 2º edição. Rio de Janeiro, 2015, p. 70) comenta: Em verdade, ser delator é um fardo; traz benefícios penais, mas também muitas preocupações. O prêmio recebido deve ser muito bem ponderado para valer os sacrifícios que se seguirão após a colaboração prestada. Além disso, os direitos do colaborador jamais podem ser impostos a ele contra a sua vontade. Cumpre ainda fazer uma breve explanação sobre a infiltração do agente policial. Sobre isso Guilherme Nucci (Nucci, Guilherme de Souza. Organização Criminosa. Ed. Forense, 2º edição. Rio de Janeiro, 2015, p. 77) explica: A infiltração representa uma penetração, em algum lugar ou coisa, de maneira lenta, pouco a pouco, correndo pelos seus meandros. Tal como a infiltração de água, que segue seu caminho pelas pequenas rachaduras de uma laje ou parede, sem ser percebida, o objetivo desse meio de captação de prova tem idêntico perfil. Por ser muito perigosa, Guilherme Nucci (Nucci, Guilherme de Souza. Organização Criminosa. Ed. Forense, 2º edição. Rio de Janeiro, 2015, p. 84) comenta: havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre risco iminente, a operação será sustada mediante requisição do Ministério Público ou pelo delegado de polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial (Art. 12, § 3.º, da Lei 12.850/2013) Cabe ainda salientar que também o próprio agente pode recusar-se ou interromper a infiltração, a esse respeito Guilherme Nucci (Nucci, Guilherme de Souza. Organização Criminosa. Ed. Forense, 2º edição. Rio de Janeiro, 2015, p. 86) discorre: Estabelece o Art. 14 da Lei 12.850/2013 serem direitos do agente os seguintes: a) recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada (Art. 14, I): não aceitar a atividade de agente infiltrado é natural, pois o trabalho precisa ser feito por quem realmente está apto e deseja enfrentar o risco. Entretanto, inserir em lei a possibilidade e recusa favorece o agente policial, que não pode ser compelido a isso, sob pena de violação funcional. Quanto a cessar a atuação infiltrada, não pode ser um direito absoluto e infundado, pois pode comprometer toda uma operação, colocando em risco outros agentes e fazer o Estado perder muito em todos os sentidos. Diante disso, a cessação deve ligar-se a motivos imperiosos, https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 28 comprometedores da segurança do agente, de sua família ou algum problema inédito, que não mais lhe dê condições de permanência. Em suma, seus motivos serão averiguados no âmbito administrativo. Uma vez infiltrado, o agente policial não conseguirá manter seu disfarce sem cometer nenhum delito, por óbvio, a Lei 12.850/2013 traz excludente de ilicitude para o agente nesta condição, Art.13, Parágrafo Único da Lei 12.850/2013. Porém, tal excludente não é uma cheque em branco para ser utilizado negligentemente. Muito pelo contrário, haverá responsabilização do agente policial infiltrado caso o crime cometido não tenha conexão com as atividades da organização criminosa na qual se encontra infiltrado. 16. Para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas a lei contempla validamente nos procedimentos de investigação e formação de provas o seguinte: A) o acesso a dados, documentos e informações fiscais, bancárias, financeiras, eleitorais e outras obtidas diretamente de acesso à correspondência eletrônica do agente mediante despacho fundamentado da autoridade condutora do inquérito policial ou procedimento administrativo criminal pelo Ministério Público. B) infiltração por agentes de polícia ou de inteligência, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes, mediante justificativa da autoridade policial no relatório do inquérito. C) a captação e a interceptação ambiental de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos, e o seu registro e análise, mediante autorização judicial sumária. D) a ação controlada, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada pororganizações criminosas ou a elas vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações. E) aquisição de produto de crime com recursos provenientes do tesouro nacional em ação controlada, mediante autorização judicial, para proporcionar a caracterização do flagrante delito. GABARITO: D SOLUÇÃO RÁPIDA ALTERNATIVA A: A alternativa mistura os incisos IV e VI do Art. 3° da Lei nº 12.850/13. Há quebra do sigilo permitido pelo Art.3° inciso VI da Lei nº 12.850/13 é apenas com relação aos sigilos fiscais, bancárias, financeiras, porém quebra de sigilo é diferente de acesso a documentos, dados e informações. Ademais, alternativa possui outro erro ao misturar os dois incisos e dizer que todos eles ocorreram mediante despacho fundamentado da autoridade condutora do inquérito policial ou procedimento administrativo criminal pelo Ministério Público. Isso porque o Art.3°, inciso IV, realmente se dá desta maneira, por força do Art.15 da Lei nº 12.850/13. Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito. Porém, segundo o Art.3°, inciso VI da Lei nº 12.850/13, somente se procederá à quebra do sigilo mediante autorização judicial. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 29 ALTERNATIVA B: Essa alternativa possui dois erros: infiltração por agentes de polícia ou de inteligência, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes, mediante justificativa da autoridade policial no relatório do inquérito. Segundo a literalidade do Art.10, caput, da Lei nº 12.850/13, somente os agentes de polícia podem realizar infiltração em organizações criminosas. Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites. ALTERNATIVA C: A captação ambiental ou interceptação são, para fins desta lei, a mesma coisa, e encontra-se presente no Art. 3º, inciso II, da Lei nº 12.850/13. Porém, a lei nada fala a respeito deste meio de prova necessitar de autorização judicial. ALTERNATIVA D: Esta alternativa está de acordo com o que diz o Art. 8º, caput da Lei nº 12.850/13, bem como no Art. 53, inciso II da Lei nº11.343/06, Lei de Tráfico de Drogas e Art.4º-B da Lei nº 9.613/98, Lei de Lavagens de Capitais. Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. ALTERNATIVA E: Esta alternativa versa sobre o flagrante preparado o qual pela construção jurisprudência, Súmula nº 145 do STF, não é permitido no sistema jurídico brasileiro. Súmula nº 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. SOLUÇÃO COMPLETA A respeito da quebra de sigilo do Art.3°, VI da Lei nº12.850/13, Guilherme Nucci posiciona-se da seguinte maneira (Nucci, Guilherme de Souza. Organização Criminosa. Ed. Forense, 2º edição. Rio de Janeiro, 2015, p.46): Esse meio de prova vem disciplinado pelo Art. 3.º, VI, da Lei 12.850/2013. O sigilo financeiro é regulado pela LC 105/2001. Somente pode ser quebrado, para fins de prova, mediante autorização judicial. No mais, os sigilos bancário e fiscal são igualmente tutelados pela Constituição Federal, sob o bem jurídico da intimidade e vida privada, razão pela qual também só comportam quebra por meio de autorização expedida por juiz competente. Ainda sobre o posicionamento do autor mencionado anteriormente (Nucci, Guilherme de Souza. Organização Criminosa. Ed. Forense, 2º edição. Rio de Janeiro, 2015, p.41) A previsão do Art. 15 não merece censura, pois os dados cadastrais referentes à qualificação pessoal (nome completo, RG, CPF, profissão, nacionalidade, estado civil), à filiação (nome dos pais) e ao endereço (lugar de domicílio ou residência) não constituem meios de prova contra o indivíduo, mas sua identificação. O direito de não produzir prova contra si mesmo nunca abrangeu a ocultação de tais dados. Igualmente, não tem o investigado ou acusado o direito de https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 30 manter silêncio sobre isso. Esses informes constituem dados de natureza pública, não constituindo cenário da intimidade, razão pela qual é desnecessária a intervenção judicial. Por isso, a autoridade policial e o membro do Ministério Público podem acessar os mencionados dados diretamente dos entes retratados no artigo. Aliás, podem ir além, consultando outros órgãos, como os de proteção ao crédito, lojas etc. É importante ressaltar também que até bem pouco tempo era permitido que um agente de inteligência, por exemplo, agente da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) fosse infiltrado nas organizações policiais, isso mudou com o advento da Lei nº 12.850/2013 que revogou a Lei 9.034/95. a) ser agente policial: a anterior Lei 9.034/1995 permitia também a atuação de agentes de inteligência, advindos de órgãos diversos da polícia. Tal situação não é mais admitida; somente agentes policiais, federais ou estaduais podem infiltrar- se em organizações criminosas; Outros aspectos da infiltração de agente de polícia já foram tratados na questão anterior. Outro ponto da questão é a captação ou interceptação ambiental, Art.3°, inciso II da Lei nº 12.850/2013. Segundo Renato Brasileiro (LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação Criminal Especial. Vol. Único. Ed, JusPODIVM, 7º edição, Salvador, 2019, p. 797): Apesar de o dispositivo legal fazer referência ao termo captação, houve certa redundância por parte do legislador, porquanto a captação dos sinais eletromagnéticos, ópticos (v.g., filmagem e fotografia) ou acústicos (gravação ambiental de uma conversa entre pessoas presentes), funciona, na verdade, como elemento integrante do conceito de interceptação ambiental, também conhecida como vigilância eletrônica. Depois de conceituada a captação ambiental é importante salientar que esta na leitura fria da lei trabalhada nada diz sobre a necessidade ou não da autorização judicial. Porém, em provas mais aprofundadas em conteúdo isso pode ser questionado. Renato Brasileiro defende a necessidade da autorização por tratar-se de um meio de prova com conceito muito amplo abrangendo três espécies, a saber: interceptação ambiental em sentido estrito e escuta ambiental. Renato Brasileiro (LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação Criminal Especial. Vol. Único. Ed, JusPODIVM, 7º edição, Salvador, 2019, p.799): Nos mesmos moldes do Art. 1º da Lei nº 9.296/96, que abrange a interceptação telefônica em sentido estrito quanto a escuta telefônica, parece-nos que o Art.3º, inciso II, da Lei n° 12.850/13, faz uso da expressão “captação ambiental” em sentido amplo, englobando a interceptação ambiental em sentido estrito e a escuta ambiental. Isso porque ambas consistem em processo de captação da comunicação alheia. Aliás, como a Lei n° 12.850/13 nada dispõe acerca do procedimento a ser adotado para a interceptação ambiental (meio de obtenção de prova atípico), o ideal é aplicar,
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