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13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 1/17 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo Segue um estudo com as principais formas de classificação dos crimes utilizadas pela doutrina e pela jurisprudência. É um assunto essencial para o Direito Penal, tanto para a aplicação dos institutos dessa disciplina quanto para a sua própria compreensão. O conhecimento sobre a classificação dos delitos permite a compreensão dos tipos penais e a atribuição, a cada um deles, de várias características que determinam, por exemplo, o momento da consumação e a possibilidade ou não de punição da forma tentada. É importante ressalvar que os critérios e as denominações utilizados para classificar as infrações penais podem variar entre os doutrinadores. Estudaremos os mais utilizados e consagrados pela jurisprudência, além de mais cobrados pelas bancas de concursos. Vamos lá! Assista ao vídeo Quanto ao sujeito ativo: Os crimes se classificam, quanto ao sujeito ativo, em comuns, próprios e de mão própria: Crime comum: é aquele que não exige nenhuma qualidade específica do sujeito ativo para sua prática. São exemplos os delitos de homicídio, de furto e de estupro. Crime próprio: é aquele que exige determinada qualidade do sujeito ativo para sua prática. A doutrina admite a autoria mediata, a coautoria e a participação nos crimes próprios. São exemplos o peculato, no qual se exige a qualidade de funcionário público (crime funcional); o autoaborto, que só pode ser praticado pela própria grávida; e o delito de entrega de filho menor a pessoa inidônea, o qual só pode ser praticado pelos genitores. https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 2/17 Crime de mão própria: é aquele que somente pode ser praticado pela própria pessoa, por si mesma. Só se admite a participação em crime de mão própria, ressalvado o caso de perícia assinada por dois profissionais, caso em que a doutrina entende excepcionalmente cabível a coautoria. Também denominado de delito de conduta infungível. São exemplos o falso testemunho e a falsa perícia. Quanto à necessidade de resultado naturalístico para sua consumação: Este critério leva em conta o resultado naturalístico, distinguindo os delitos em materiais, formais e de mera conduta. Crime material: é aquele que prevê um resultado naturalístico como necessário para sua consumação. São exemplos o delito de aborto e o de dano. Crime formal: é aquele que descreve um resultado naturalístico, cuja ocorrência é prescindível para a consumação do delito. Também denominado de delito de tipo incongruente. É o caso da extorsão mediante sequestro e do descaminho. Crime de mera conduta: é aquele cujo resultado naturalístico não pode ocorrer, porque sequer há a sua descrição. É o caso do crime de ato obsceno, assim como o de violação de domicílio. Quanto à necessidade de lesão ao bem jurídico para sua consumação Se tomada como critério a necessidade ou não de efetiva lesão ao bem jurídico, temos a classificação dos delitos em crimes de dano e crimes de perigo. Esta forma de classificação toma como base o resultado jurídico do delito. Crime de dano: é aquele em que se exige, para sua configuração, a efetiva ocorrência de lesão ou de dano ao bem jurídico protegido pela norma penal. São exemplos o crime de dano, o crime de vilipêndio a cadáver, o próprio crime de dano e o infanticídio. Crime de perigo: é aquele que, para que se considere consumado, exige apenas que o bem seja exposto a perigo. Portanto, a efetiva ocorrência de dano ao bem jurídico protegido pela lei penal 13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 3/17 é desnecessária para que o crime se consume. São exemplos os crimes de perigo de contágio venéreo, de omissão de socorro e de tráfico ilícito de entorpecentes. Os crimes de perigo podem ser subdivididos em: De perigo concreto: é o crime de perigo em que se sua configuração requer que haja demonstração de que o bem jurídico efetivamente foi posto em perigo. É exemplo o crime de incêndio, em que o perigo deve ser demonstrado. De perigo abstrato (ou puro): é o crime de perigo em que a sua consumação não depende da demonstração de que tenha colocado o bem jurídico em risco. O risco é presumido, de forma absoluta, pela lei. É o caso do crime de posse irregular de munição de uso permitido, do artigo 12 da Lei 10.826/2003 (STF, RHC 146081 AgR, Primeira Turma, Julgamento 10/11/2017) e do crime de associação criminosa. De perigo abstrato de “perigosidade” ou periculosidade real: cuida-se de denominação nova trazida por alguns doutrinadores. Seria o crime de perigo em que deve ser demonstrado o risco, mas não a pessoa certa e determinada. Não é uma denominação utilizada pela maioria da doutrina, que só distingue os crimes de perigo, quanto à demonstração do risco, em concretos e abstratos. De potencial perigo: defendida dentre outros, por Claux Roxin, exige-se, para esta modalidade de crime, a realização de uma conduta e a necessária produção de um ambiente de perigo em potencial, mesmo que em abstrato, de modo que a atividade descrita no tipo penal crie condições para afetar os interesses juridicamente relevantes. Não se exige a demonstração do perigo concreto efetivamente criado em relação ao bem jurídico, mas não basta a mera conduta típica. Referidos crimes não exigem que exista uma vítima ou mais vítimas determinadas ou passíveis de determinação, mas o comportamento deve representar um perigo potencial ao bem jurídico protegido. De perigo individual: é o delito que causa perigo a uma pessoa ou a um grupo determinado de pessoas. Pode-se apontar como exemplo o delito de perigo de contágio de moléstia grave. De perigo comum ou coletivo: é aquele cujo perigo de dano atinge um número indeterminado de pessoas. Temos como exemplos o crime de fabrico, fornecimento, aquisição posse ou 13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 4/17 transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante (artigo 253 do CP) e o de incêndio (artigo 250 do CP). De perigo atual: é aquele cujo perigo causado é contemporâneo à conduta do agente. O crime de desabamento ou desmoronamento do artigo 256 do CP tende a ser de perigo atual, pois o desabamento de um prédio, no momento em que ocorre, já coloca em perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem. De perigo iminente: é aquele cujo perigo está prestes a acontecer. O abandono de incapaz, do artigo 133 do CP, na prática, pode se mostrar um crime de perigo iminente, já que, ainda que a pessoa sob cuidado não fique em perigo imediatamente, pode ficar depois de algum tempo sem cuidado. De Perigo futuro ou mediato: é aquele que produz um risco futuro. Os exemplos são a associação criminosa ou o porte de munição de uso permitido. Quanto à forma da conduta: Leva em conta a forma da conduta, se positiva ou negativa, separando os crimes em comissivos e omissivos. Crime comissivo: é aquele que é praticado por um comportamento positivo do agente, isto é, um fazer. São comissivos os crimes de furto e de infanticídio. Crime omissivo: é aquele que é praticado por meio de um comportamento negativo, uma abstenção, um não fazer. Os crimes omissivos se subdividem em: Omissivos próprios: é aquele previsto em um tipo mandamental, ou seja, um tipo que já descreve um comportamento negativo no seu núcleo. O dever jurídico de agir, naquela situação, decorre do próprio tipo penal, que é chamado, então, de mandamental, por tornar criminosa uma abstenção (ou omissão) em determinadas circunstâncias. O agente, no caso, não temo dever de evitar um resultado, mas simplesmente o dever de agir para não incorrer na prática do crime. Exemplo é o crime de omissão de socorro (“Deixar de prestar assistência, quando possível fazê- lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade 13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 5/17 pública”), em que a própria descrição do tipo penal é um não fazer (deixar de prestar assistência ou não pedir o socorro da autoridade pública). Omissivos impróprios: também chamado de comissivo por omissão, é aquele cujo dever jurídico de agir decorre de uma cláusula geral, que, no Código Penal Brasileiro, está previsto em seu artigo 13, parágrafo segundo. O dever jurídico abrange determinadas situações jurídicas e se refere a qualquer crime comissivo. O sujeito tem o dever de evitar o resultado naturalístico. Por isso, tais delitos são chamados comissivos por omissão. São crimes naturalmente comissivos (praticados por um comportamento positivo, uma ação), como é o caso do homicídio, mas que podem ser praticados por uma conduta omissiva, no caso de o sujeito ter o dever jurídico de agir previsto na cláusula geral. Possuem as seguintes modalidades: Por dever legal: aquele que tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. É o caso dos pais em relação aos filhos menores. Se deixarem de alimentá-los, podem responder pelo homicídio, um delito, no caso, omissivo impróprio. Por dever de garantidor: é o sujeito que, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado. É o salva-vidas de um clube, que, por vínculo de trabalho, se obriga a salvar uma criança que se afoga e pode responder pelo resultado morte, caso se abstenha de agir. Por ingerência na norma: é aquele que, com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. O sujeito que pôs fogo na mata, que se alastrou e não avisa os seus empregados rurais, que podem ser atingidos pelo fogo, responderá por sua abstenção, no caso de sofrerem lesão corporal. Omissivos por comissão: parte da doutrina entende existir uma terceira modalidade de delito omissivo, o omissivo por comissão. Cuida-se de crime tipicamente omissivo, mas há uma ação, um comportamento comissivo, que provoca a omissão. Daí decorre a sua denominação (omissivo por comissão), de modo que temos um delito naturalmente omissivo, mas que é praticado em razão da conduta positiva de outrem. Crime de conduta mista: é aquele cujo tipo prevê uma ação, seguida de uma omissão, sendo que ambos os comportamentos são necessários para a sua configuração. O exemplo é o crime de apropriação de coisa achada, do artigo 162, inciso II, do CP. O tipo penal é o seguinte: “quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, [conduta 13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 6/17 comissiva] deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias [conduta omissiva].” Quanto ao tempo da consumação: Considera o momento em que o crime se consuma: se de forma imediata; se há o prolongamento no tempo desta fase do iter criminis; se, ainda que imediata, a consumação produz efeitos permanentes; ou, por fim, se há um prazo temporal para sua consumação. Crime instantâneo: é aquele que se consuma imediatamente, em um instante definido. Podemos exemplificar com o furto. Crime permanente: é aquele cuja consumação se protrai no tempo, isto é, se prolonga. A fase da consumação persiste enquanto desejar o agente. É o caso da extorsão mediante sequestro. Crime instantâneo de efeitos permanentes: é aquele que se consuma imediatamente, em um momento determinado no tempo, mas cujos efeitos se prolongam no tempo. São exemplos o aborto e o crime de parcelamento ilegal de solo (STJ, RHC 65785/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma, DJe 27/04/2018). Crime a prazo: é aquele que depende de determinado prazo para sua consumação, como o de apropriação de coisa achada (artigo 162, inciso II, do CP) e o de lesão corporal de natureza grave com resultado de incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias (artigo 129, § 1º, inciso I, do CP). Quanto à unicidade ou não do tipo penal: Este critério classificatório se fundamenta no tipo penal ser único ou se ele resulta da fusão de mais de um tipo penal: Crime simples: é aquele que é formado por um único tipo penal, não resultando da reunião de outros tipos. Exemplos: infanticídio e furto. Crime complexo: é aquele cujo tipo é resultante da junção ou fusão de outros tipos penais, como o roubo, que decorre do constrangimento ilegal, da ameaça ou do crime relativo à violência e do furto. Temos, ainda, o latrocínio, resultante da soma do furto e do homicídio. Por fim, podemos exemplificar com a extorsão mediante sequestro, delito no qual se fundem os tipos penais da extorsão e do sequestro. 13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 7/17 Quanto à dependência de outro crime para existir: Considera a relação entre os delitos, se há ou não a dependência de outra infração para a sua configuração e consumação: Crime principal: é aquele que existe independentemente da ocorrência de outro delito. Exemplos: furto, homicídio e estupro. Crime acessório: é aquele cuja ocorrência depende de um crime anterior. Exemplos: receptação, lavagem de capitais e favorecimento real. Quanto à forma de utilização do princípio da consunção: Cuida-se de classificação que simplesmente diferencia as modalidades de aplicação do princípio da consunção ou da absorção, um dos incidentes no chamado concurso aparente de normas: Crime progressivo: é aquele em que o agente, para atingir o seu objetivo, precisa praticar um crime menos grave que é o caminho para a prática de outro. É o caso do homicida que se utiliza de uma faca para a execução do crime. Ele pratica várias lesões corporais para se atingir o homicídio, respondendo apenas por este último crime (norma consuntiva). Progressão criminosa: é aquele que há modificação do elemento subjetivo do agente, que passa pela realização de dois ou mais tipos penais, ocorrendo a absorção pelo crime-fim. É o caso do sujeito que vai até a casa da ex-namorada para lhe dar uns socos e, lá chegando, resolve matá-la. Neste caso, há uma modificação do dolo, a prática das lesões corporais, previstas na norma consunta e que eram o objetivo inicial do agente. Ele então o modifica e, buscando a morte da vítima, torna sua conduta, que inicialmente pretendia, mero meio de execução de um resultado mais gravoso, a morte da vítima. A consequência é que o crime de homicídio absorve o crime- meio. Quanto ao número de atos exigidos para sua consumação: Este critério leva em conta a realização de um só ato ou de uma pluralidade de atos, pelo sujeito ativo, para a configuração do crime: Crime unissubsistente: é aquele que se realiza com um único ato, como o desacato ou a injúria, ambos praticados verbalmente. A doutrina majoritária não admite tentativa deste tipo de crime. 13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 8/17 Crime plurissubsistente: é aquele cuja prática exige mais de uma conduta para sua configuração. É o caso do homicídio, da extorsão mediante sequestro e do estelionato. Quanto à necessidade de mais de um sujeito ativo: Classificam-se os crimes quanto à necessidade ou não de mais de um sujeito ativo para sua configuração: Crime unissubjetivo, monossubjetivo ou de concurso eventual: é aquele que pode ser praticado por apenas umindivíduo. Crime plurissubjetivo ou de concurso necessário: é aquele cuja realização típica exige mais de um agente. O crime plurissubjetivo se subdivide em: Crime plurissubjetivo de condutas convergentes: as condutas dos agentes devem se direcionar uma em direção à outra. Exemplo é o delito de bigamia. Crime plurissubjetivo de condutas paralelas: as condutas dos indivíduos devem atuar paralelamente, possibilitando a prática delitiva. É o caso da associação criminosa. Crime plurissubjetivo de condutas contrapostas – as condutas dos agentes devem ir de encontro umas às outras, ou seja, se contraporem. É assim classificado o crime de rixa. Quanto à exigência de forma específica para sua prática: É o critério de a lei penal prever ou não uma forma determinada para a prática da infração penal, sendo que só se configurará o delito se o sujeito ativo agir daquele modo específico para a realização típica: Crime de forma livre: é aquele que não prevê uma forma específica de realização do núcleo do tipo, como o furto e o homicídio. Crime de forma vinculada: é aquele que tem forma ou formas de realização do núcleo do tipo especificamente previstas em lei. É o caso do curandeirismo, que possui algumas formas previstas nos incisos do artigo 284 em que o núcleo do tipo pode ser realizado: Curandeirismo 13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 9/17 Art. 284 – Exercer o curandeirismo: I – prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância; II – usando gestos, palavras ou qualquer outro meio; III – fazendo diagnósticos: Pena – detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único – Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica também sujeito à multa. Quanto ao lugar: Há a classificação dos crimes para denominar aqueles cujo iter criminisperpassam mais de um local, abrangendo ou não mais de uma soberania: Crime à distância ou de espaço máximo: é a infração penal cujo iter criminis(caminho do crime, com suas fases de cogitação, preparação, execução, consumação e, ao final, eventual exaurimento) abrange mais de um país. Ou seja, é aquela infração penal que, em seu desenvolvimento, percorre mais de um território soberano. Crime plurilocal: é aquele que percorre, em sua prática, mais de um lugar, mas dentro do mesmo território soberano. Quanto aos vestígios: De maior interesse para o Direito Processual Penal, há a classificação dos crimes quanto a deixarem ou não vestígios: Crime de fato transeunte (delicta facti transeuntes): é aquele que não deixa vestígios, tornando desnecessária a realização do exame de corpo de delito. É o caso da injúria verbal e do ato obsceno. Crime de fato permanente (delicta facti permanentis): é aquele que deixa vestígios, tornando necessária a realização do exame de corpo de delito. Classificam-se assim o delito de estupro e o de lesão corporal. 13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 10/17 Quanto à condição objetiva de punibilidade: Classificação de acordo com a necessidade ou não de condição objetiva de punibilidade: Crime condicionado: é aquele que depende de uma condição objetiva de punibilidade, como no caso dos crimes tributários do artigo 1º da Lei 8.137/90 (dependem da constituição definitiva do crédito tributário) e dos crimes falimentares (dependem da sentença que decrete a falência, conceda a recuperação judicial ou homologue o plano de recuperação extrajudicial). Crime incondicionado: é aquele que não possui condições objetiva de punibilidade para sua configuração e consumação. De ordinário, é o que ocorre com o roubo e o descaminho. Quanto à natureza dos crimes militares: Os crimes militares podem ser de dois tipos, os próprios e os impróprios: Crime militar próprio: é aquele que só possui tipificação no âmbito militar, como é o caso de deserção, previsto no artigo 187 do Código Penal Militar. Se um civil praticar referida conduta, haverá fato penalmente atípico. Crime militar impróprio: é aquele que está previsto na legislação penal militar, mas possui tipificação também como crime não militar. São exemplos o furto e o homicídio. Quanto ao sujeito passivo: No tocante ao sujeito passivo, alguns delitos possuem algumas peculiaridades e, por isso, possuem nomenclatura específica: Crime vago: é aquele que possui sujeito passivo imediato um ente sem personalidade jurídica, como a coletividade. É o crime de ato obsceno. Crime de dupla subjetividade passiva: é aquele que possui mais de um sujeito passivo imediato. É o caso do aborto sem consentimento da gestante (artigo 125 do CP) e de violação de correspondência (artigo 151 do CP). Quanto ao número de bens jurídicos atingidos: Os crimes se classificam, no tocante ao número de bens jurídicos ofendidos com a realização típica, em: 13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 11/17 Crime mono-ofensivo: é aquele que atinge apenas um bem jurídico, como furto, que ofende o patrimônio. Crime pluriofensivo: é aquele que viola a mais de um bem jurídico. Podemos exemplificar com o latrocínio, que atinge o patrimônio e a vida. Quanto ao resultado perseguido: Os crimes se classificam: De intenção ou de tendência interna transcendente: Espécie de crime formal, em que o agente persegue um resultado desnecessário para a consumação. A finalidade de obter o resultado é elementar para a configuração do tipo, mas não a própria obtenção do resultado naturalístico, razão pela qual o tipo é incongruente. Pode ser: De tendência interna transcendente de resultado cortado ou de resultado separado: o resultado naturalístico, que não é necessário para a consumação do crime, depende da conduta de um terceiro. Classifica-se assim o delito de extorsão mediante sequestro. De tendência interna transcendente mutilado de dois atos ou atrofiado de dois atos: o agente pratica a conduta para um benefício posterior, que não é necessário ser obtido para sua configuração. O resultado naturalístico, não exigido para a configuração do delito, depende da vontade do agente. A doutrina aponta o caso da moeda falsa, já que o tipo não exige que seja colocada no mercado para que o agente efetivamente se beneficie. De tendência interna peculiar ou intensificada: exige dolo antes e depois da conduta ou um elemento subjetivo especial do tipo, mas que não transcende a conduta. O agente não persegue um resultado desnecessário para a tipificação do crime. São os crimes habituais e aqueles que exigem um elemento subjetivo especial do tipo ou um dolo específico. É o caso da injúria, em que se exige a intenção e, mais ainda, o animus injuriandi, ou seja, que a intenção seja de ofender. O crime não se configura se a ideia foi fazer uma piada, por exemplo, ou uma crítica literária. Quanto ao tratamento diferenciado da tentativa: Há alguns crimes que possuem um tratamento diferenciado quanto à tentativa e consumação: 13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 12/17 Crimes que só admitem a forma tentada: são os de lesa-pátria. Estão previstos na Lei de Segurança Nacional, sendo exemplo o seu artigo 11: Art. 11 – Tentar desmembrar parte do território nacional para constituir país independente. Pena: reclusão, de 4 a 12 anos. O próprio núcleo do tipo é “tentar desmembrar”, de modo que só a conduta tentada é punida. Por que não se pune a forma consumada? Neste caso, a consumação do delito implicaria na formação de um Estado, soberano. Deste modo, não há lógica em se prever a punição de quem conseguir formar um novo país soberano, pois não haveria efetivamente a punição, já que se submeteria a outra ordem jurídica. Crimes de atentado ou de empreendimento:é aquele em que o legislador equipara a forma tentada à forma consumada do delito. É exemplo o artigo 309 do Código Eleitoral: Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem: Pena – reclusão até três anos. Outras classificações: Neste tópico, seguem outras classificações efetuadas pela doutrina, em que há algumas denominações utilizadas em relação às infrações penais: Crime subsidiário: um crime é subsidiário em relação a outro quando descreve um grau menor de violação do bem jurídico. A análise, este caso, é feita em concreto, relação de minus e de plus, ou seja, de maior ou menor intensidade. Neste caso, havendo conflito aparente de normas, é levada em conta a análise do fato. O crime pode ser expressamente subsidiário, como ocorre com o artigo 132 do Código Penal, que prevê o crime de perigo para a vida ou a saúde de outrem: Art. 132 – Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena – detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Crime multitudinário: é aquele cometido por uma reunião de pessoas, no clima de tumulto ou histeria coletiva, que torna os limites éticos dos indivíduos, temporariamente, menos rígidos. 13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 13/17 São, por exemplo, os casos de linchamentos de pessoas acusadas da prática de um crime que causa comoção na comunidade. Crime de opinião: é o crime que se configura com o abuso da liberdade de expressão ou de pensamento, como o caso da difamação. Crime de ação múltipla, de conteúdo variado ou tipo misto alternativo: é o crime que possui mais de um núcleo do tipo, sendo que a prática de apenas um deles é suficiente para a sua consumação e a prática de mais de um deles, no mesmo contexto, configura crime único. É o caso do artigo 33, caput, da Lei 11.343/06: Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. Crime de tipo misto cumulativo: é o crime que possui mais de um núcleo do tipo, sendo que a prática de mais de um deles configura mais de um crime. É o caso do artigo 242 do Código Penal: Art. 242 – Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém- nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: Pena – reclusão, de dois a seis anos. Crime habitual: é o crime que exige uma reiteração de atos para sua consumação, sendo que a doutrina aponta ser necessária a demonstração do estilo de vida do agente. São exemplos o rufianismo e a casa de prostituição. Crime profissional: é o crime habitual, realizado com intuito de lucro. Crime mercenário: é o crime cometido com intuito de lucro. 13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 14/17 Crime de ímpeto: é aquele cometido no calor da emoção, sem premeditação. É o que ocorre no caso de homicídio cometido sob o domínio de violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima. Crime funcional: é o que é cometido pelo funcionário público. Se for funcional próprio, só pode ser cometido pelo funcionário público. Por sua vez, o funcional impróprio pode ser cometido tanto por qualquer pessoa quanto por aquele que é funcionário público para fins penais. Crime de ação violenta: é aquele praticado com emprego de força física ou com grave ameaça. O exemplo pode ser o estupro. Crime de ação astuciosa: é o crime praticado por meio de astúcia, de uma fraude ou um engodo. É o caso do estelionato. De circulação: é o crime praticado na condução de veículo automotor. Internacional ou mundial: é o crime que o Brasil se obrigou a reprimir no Direito Internacional, por meio de tratado ou convenção, como o tráfico internacional de entorpecentes e o tráfico internacional de pessoas para fins de exploração sexual. Remetido: é o delito cuja definição faz remissão ou referência a outro tipo penal. É o caso do crime de uso de documento falso: Uso de documento falso Art. 304 – Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena – a cominada à falsificação ou à alteração. Finalizamos, assim, nosso estudo sobre a classificação das infrações penais. Cuida-se de assunto indispensável para o estudo dos crimes em espécie, bem como das contravenções penais previstas no ordenamento jurídico. Espero que este estudo contribua para a realização dos seus objetivos. Desejo sucesso e deixo um forte abraço, Prof. Michael Procopio Cursos para Carreiras Jurídicas https://www.estrategiaconcursos.com.br/cursosPorProfessor/michael-procopio-3667/ 13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 15/17 Gabarito PMSE Oficial - Direito Penal Militar - Tem Recurso! Gabarito Extraoficial PRF - Direito Constitucional Você já conhece o novo crime da Lei Maria da Penha!? Posts Relacionados Compartilhe: Michael Procopio Juiz Federal (TRF1). Ex-Juiz de Direito (TJSP). Pós-graduado em Filosofia e Teoria do Direito (PUC Minas) e em Justiça Constitucional e Tutela Jurisdicional dos Direitos Fundamentais (Universidade de Pisa). Ver publicações do autor(a) » VEJA OS COMENTÁRIOS: Claudia Orci 17/07/2019 às 23:57 Perfeito! Muito obrigada! Anderson Santos 11/06/2019 às 16:52 https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/gabarito-pmse-oficial-direito-penal-militar-tem-recurso/ https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/gabarito-extraoficial-prf-direito-constitucional/ https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/novo-crime-da-lei-maria-da-penha/ https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/author/procopioavelargmail-com/ 13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 16/17 Excelente Professor , muito obrigado , ajudou-me com todas as minhas duvidas. Icaro 04/06/2019 às 21:11 No crime a prazo o artigo citado está errado, o crime de apropriação de coisa achada é o artigo 169 e n o 162. ZULLY FERREIRA BORGES 10/05/2019 às 10:39 Muito completo o resumo! Excelente! Denisete 19/03/2019 às 17:39 Excelente!!! Muito bom Professor. Ver mais comentários DEIXE SEU COMENTÁRIO: Comentário Nome Email (Não será divulgado) Enviar 13/09/2019 Classificação dos Crimes no Direito Penal: resumo completo https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/ 17/17 CATEGORIAS CONCURSOS PÚBLICOS ÁREA FISCAL https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/cursos-e-concursos/ https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/cursos-e-concursos/area-fiscal/
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