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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos Departamento de Química Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica Primeira Prova de Química de Materiais 1) Considere um metal simples com estrutura cúbica. De uma forma simplificada, a energia total deste metal pode ser dada por: E= (n2x + n 2 y + n 2 z) h 2/ 8 ma2; em que m= massa do elétron, h= constante de Planck e a o parâmetro de rede do cubo, n são os números quânticos principais. Aplique esta equação para estimar a variação de energia de uma transição eletrônica para o sódio. Valor experimental para transição da camada L para K é de 2,8 eV. Para um metal cúbico, as energias do elétron para cada nível de energia permitido é dada pela equação E= (n2x + n 2 y + n 2 z) h 2/ 8 ma2, em que m= massa do elétron, h= constante de Planck e a o parâmetro de rede do cubo, n são os números quânticos principais. Considerando que um elétron é excitado de um dos níveis 1s, 2s ou 2p do átomo de sódio, passando a ocupar o orbital vazio, observa-se que dependendo se o elétron veio do topo ou fundo da banda, a energia irá variar. Essa variação de energia (0-Emáx) corresponde a energia dos elétrons metálicos. Para estimar a variação de energia de uma transição eletrônica para o sódio, utiliza-se a equação acima. Assim, a partir da equação já mencionada e sabendo-se que a equação para uma esfera de raio r é: r2= x2 + y2 + z2, pode-se tratar o termo (n2x + n 2 y + n 2 z) como definindo uma esfera, e cada grupo de valores de n, que corresponde a um nível de energia, é um ponto dentro da esfera, sendo o número total de valores dentro da esfera, o volume desta. Como nx, ny e nz podem ser apenas positivos, considera-se apenas um oitavo da esfera total. Dessa maneira, tem-se que o número de níveis é um oitavo do volume da esfera de raio r, que tem o valor de 4/3 π r3. Assim, Número de níveis = = Assim, como E= r2 h2/ 8 ma2 r2 = r2= x2 + y2 + z2 = Como cada nível permite 2 elétrons de acordo com o Princípio de Pauli, N é o número de elétrons para uma Emáx, sendo dado por: N= = N = N= N= 8 / (h2)3/2 N= Esta expressão corresponde para unidade de volume se for considerado a= 1. Assim: N = Elevando-se ambos os lados a 2/3, para encontrar a energia máxima: N2/3= N2/3 h2 = Isolando-se Emáx: Emáx= Nessa equação, N é o número de elétrons neste volume. Fazendo-se a substituição das constantes, em que h= 6,626. 10-34 J.s e m= 9,11. 10-31 Kg: Emáx= Emáx= [J 2.s2 / Kg] Emáx= [J 2.s2 / Kg] Emáx= 0,2419. [J 2.s2 / Kg] Emáx= 5,83 [J 2.s2 / Kg] Como J= Kg.m2/ s2 Emáx= 5,83 [Kg 2.m4 / s4 ] . [s2/ Kg] Emáx= 5,83 [Kg.m 2 / s2 ] . [m2] Emáx= 5,83 [J] . [m 2] Adotando-se análise dimensional para transformar a energia de J para eV e m para pm, e considerando que N é o número de elétrons nesse volume, ou seja, a densidade de elétrons no metal: Emáx= 5,83 [J.m 2].[1 eV/ 1,6.10-19 J]. [pm2/ (10-12)2 m2] Emáx= 364375 [eV. pm 2]. [1/ pm2] Emáx= 364375 [eV] Emáx= 3,64.10 5 [eV] Como n é o número de elétrons doado por cada átomo, V é o volume da célula unitária (pm3), A é o número de átomos em cada célula unitária, e tem-se para o sódio que A= 2 e a= 423,5 pm por ser metal cúbico de corpo centrado, e, portanto, o V= a3= (423,5)3 e o número de elétrons doados por átomo é 1, obtém-se: Emáx= 3,64.10 5 Emáx= 3,64.10 5 Emáx= 3,64.10 5. 8,851.10-6 Emáx= 3,2 eV Assim, a energia máxima de transição para o átomo de sódio é 3,2 eV. 2 ) O óxido de lítio, Li2O, tem ânions em uma estrutura cúbica de face centrada, com Li+ ocupando todas as posições tetraédricas. a) Desenhe a estrutura do Li2O. A estrutura cúbica de face centrada possui átomos localizados em cada um dos vértices e nos centros de todas as faces do cubo. Nessa estrutura, cada átomo em um vértice é compartilhado por oito células unitárias, enquanto um átomo localizado no centro de uma face pertence a apenas duas células unitárias. Assim, um oitavo de cada um dos oito átomos nos vértices e metade de cada um dos seis átomos nas faces pode ser atribuído a uma célula unitária, ou seja, a estrutura cúbica de face centrada possui uma célula unitária com quatro átomos. Dessa maneira, como o óxido de lítio tem ânions em uma estrutura cúbica de face centrada, esses ocupam cada um dos vértices e os centros das faces do cubo. Enquanto os cátions ocupam todas as posições tetraédricas presentes na subestrutura do ânion, possuindo um número de coordenação 4. Assim, a estrutura do óxido de lítio é: Figura 1: Estrutura do óxido de lítio Li2O, Li + ocupando as posições tetraédricas e O2- ocupando os vértices e centro de cada face. b) Calcule o valor do parâmetro de rede a. Conforme já descrito, o óxido de lítio tem ânions em uma estrutura cúbica de face centrada, ou seja, os ânions O2- ocupam os vértices e o centro de cada face de um cubo, enquanto os cátions estão em todas as posições tetraédricas. Para o cálculo do parâmetro de rede a utiliza-se a geometria do cubo e, como pode ser observado, considera-se uma das faces que contém apenas os ânions O-2. Aplicando-se o Teorema de Pitágoras a essa forma geométrica, obtém-se: (4r)2 = a2 + a2 16 r2 = 2 a2 a2 = 8 r2 a = r a = 2 r Considerando-se o raio iônico do oxigênio (r= 0,132 nm) para o cálculo do parâmetro de rede a, pois esse encontra-se na forma de ânion O-2, obtém-se que: a = 2 r a = 2 0,132 a= 0, 373 nm= 373 pm Dessa maneira, o valor do parâmetro de rede a vale 373 pm. c) Calcule a densidade do Li2O. Sabendo-se que a densidade é massa dividida pelo volume e considerando que o Li2O tem estrutura cúbica e, portanto, têm modelos idênticos ao longo de três direções perpendiculares, ou seja, a1= a2= a3=a, seu volume é determinado pelo produto entre comprimento, largura e altura do cubo, sendo igual a V= a3. Assim, como o valor de parâmetro de rede a é 0,373 nm, tem-se que: V= a3 V= (0,373. 10-9 m)3 V= 0,0519. 10-21 m3 = 5,19. 10-23 cm3 Para o cálculo da massa, considera-se o número de átomos por célula unitária, dividido pelo número de Avogrado. Conforme já mencionado: Átomos O = 8 + 6 = 4 Célula unitária 8 2 Àtomos de lítio= 8 Assim, Densidade = massa/ célula unitária Volume/ célula unitária Massa= (4 mO + 8 mLi)/ N Massa= (4 . 15,999 + 8 . 6,939)/ 6,022. 1023 Massa= 1,984. 10-22 g Portanto, Densidade= massa / a3 Densidade= 1,984. 10-22 g / 5,19 . 10-23 cm3 Densidade= 3,82 g/cm3 Portanto, o valor da densidade é 3,82 g/ cm3. d) Compare esses valores com dados experimentais. O valor experimental obtido para o parâmetro de rede a é 0,461 nm, enquanto o calculado é 0,373 nm. Observa-se que o valor experimental é maior que o calculado, e isso pode ser devido ao fato de que para o cálculo do parâmetro foi considerado que os átomos se tocam, ou seja, considera-se que não há espaço vazio entre eles. Já no valor experimental são medidos também os espaços vazios entre os átomos, e por isso é maior. Além disso, não foi considerado que o cristal possui defeitos quando se calculou o parâmetro de rede, enquanto no experimental é considerado. Para a densidade, o valor experimental obtido é 2,013 g/ cm3, enquanto o calculado foi de 3,82 g/ cm3. Isso ocorre, pois, conforme já mencionado, para o cálculo do parâmetro de rede foi considerado que os átomos se tocam, e, dessa maneira, há uma quantidade menor de espaço vazio na célula e, conseqüentemente, a densidade é maior, pois considera-seos átomos mais unidos. Assim, a densidade calculada é maior que a experimental, que considera os espaços entre os átomos e, portanto, tem densidade menor. 3) Explique em termos de orbitais moleculares e orbitais híbridos, a estrutura do Grafite e do Diamante. Qual outro composto covalente pode apresentar a mesma estrutura do Grafite e Diamante? Como seria os orbitais moleculares desse composto? Quando dois ou mais átomos se juntam para formar uma molécula, os orbitais atômicos (AO) dos elétrons de valência se combinam para formar os orbitais moleculares (OM) correspondentes na molécula, e o elétron de valência preenche os orbitais de menor energia. O carbono possui número atômico seis, possuindo a seguinte configuração eletrônica no estado fundamental: 1s2 2s2 2p2, e, assim, apresenta quatro elétrons na camada de valência. Para ocorrer ligação química é necessário orbital semipreenchido, e, dessa maneira, o carbono que apresenta apenas dois orbitais semipreenchidos faria apenas duas ligações. O fato de o carbono poder fazer quatro ligações é justificado pela teoria da hibridização, que admite que o elétron do orbital s seja promovido ao orbital p vazio através da absorção de energia, podendo estar hibridizado nas formas sp, sp2 e sp3. Essa hibridização é devido à sobreposição dos orbitais s e p da camada de valência. No carbono sp3, os quatro elétrons de valência estão distribuídos em quatro orbitais híbridos degenerados do tipo sp3, em que os elétrons do carbono estão localizados nos vértices de um tetraedro regular, sendo formadas ligações do tipo σ. Na hibridização sp2, três elétrons encontram-se igualmente distribuídos em três orbitais híbridos degenerados e simétricos (ligações σ) e o quarto elétron restante no orbital p pode formar uma ligação π com outro orbital p, apresentando uma configuração trigonal plana. No carbono sp, dois elétrons formam dois orbitais híbridos simétricos (ligações σ) e os outros dois elétrons formam duas ligações do tipo π, configuração linear. Uma das formas alotrópicas mais estáveis do carbono é o grafite. Nessa estrutura, os átomos de carbono se unem no anel aromático através dos orbitais híbridos, chamados elétrons-σ, devido às ligações covalentes em três dos elétrons dos orbitais finais de cada átomo de carbono. O elétron adicional da camada L, elétron-π, se movimenta em torno dos anéis de carbono e contribui para a ligação entre os planos, sendo esta ligação particularmente responsável pelas propriedades elétricas do grafite. A banda de energia dos elétrons-σ está posicionada abaixo da banda dos elétrons-π, causando uma sobreposição de bandas e tornando-os sempre suficientes para um significativo nível de condução. Essa condutividade elétrica permite aos elétrons-π se movimentarem facilmente nas camadas planas, mas necessitam de altas energias para se mover deste plano para outro. Assim, o grafite possui uma estrutura na qual os átomos de carbono formam um arranjo hexagonal plano, devido a estrutura eletrônica do carbono que proporciona esse formato hexagonal. No grafite cada átomo se liga com três outros átomos de carbono e, assim, possui uma estrutura tipo placas. As placas separadas são mantidas juntas por ligações fracas de Van der Waals. A estrutura cristalina do grafite é constituída de várias camadas paralelas compostas por anéis com seis átomos de carbono condensados paralelamente. Os átomos de carbono encontram-se ligados por ligação covalente, em que a distância entre esses átomos no plano basal é 1,42 angstron, e a hibridização é sp2. O diamante, outra forma alotrópica do carbono, um material extraduro encontrado na natureza e constituído inteiramente de carbono, evidencia que as ligações covalentes resultam em forças atrativas fortes em átomos. Nessa forma alotrópica, o carbono forma fortes ligações simples com quatro outros átomos de carbono, ligando-se covalentemente a esses outros quatro átomos que se localizam nos vértices de um tetraedro regular, apresentando uma hibridização do tipo sp3. No carbono sp3 todos os quatro elétrons de valência encontram-se igualmente distribuídos em quatro orbitais híbridos degenerados do tipo sp3. Nesta configuração, o átomo de carbono central possui seus quatro elétrons localizados nos vértices de um tetraedro regular. As ligações formadas são do tipo σ, e o ângulo formado entre estas ligações é de 109º. Assim, o diamante consiste integralmente de átomos com hibridização sp³ dispostos em uma rede cúbica de face centrada e, devido à coordenação de 4 átomos dentro da rede, as ligações σ no diamante formam uma estrutura rígida tridimensional. Outro composto covalente que pode apresentar a mesma estrutura do grafite e do diamante é o nitreto de boro (BN). O nitreto de boro é isoelêtronico com o carbono e existe em duas formas que são análogas, em estrutura, ao grafite e diamante. A fase hexagonal (h-BN) tem estrutura similar a do grafite, sendo formada também por ligações sp2, possuindo planos que consistem em átomos de nitrogênio e boro alternadamente separados de 1,45 angstrom em anéis hexagonais. A distância entre dois planos de átomos vizinhos é de 3,34 angstrom, o que é suficientemente elevado para sugerir que há apenas forças de van der Waals entre as camadas de átomos. A fase cúbica (c-BN) possui estrutura similar a do diamante, tendo hibridização sp3, com átomos de boro e nitrogênio alternados. Essa fase é bem interessante, pois é o segundo material mais duro depois do diamante, é quimicamente inerte com ferro ou ligas ferrosas, sendo mais resistente a oxidação do que o carbono, possui alta condutividade térmica, baixa constante dielétrica, alto ponto de fusão e não é tóxico. Assim, observa-se que devido ao boro utilizar elétrons da camada 2 e o nitrogênio da camada 3, que é mais energética, há uma maior diferença de energia entre os orbitais moleculares ligantes e anti-ligantes do nitreto de boro, do que no caso do diamante e grafite que possuem uma diferença menor, pois utilizam a mesma camada e, além disso, nas estruturas de carbono só ocorre ligação entre carbono-carbono, ou seja, não há diferença de eletronegatividade nesses elementos, como ocorre no composto nitreto de boro. 4) Baseado no artigo em anexo: a)Faça um comentário geral do artigo. Segundo o artigo, as células fotoeletroquímicas oferecem a possibilidade para armazenar energia química através da quebra da água em moléculas de oxigênio e hidrogênio e a hematita (α-Fe2O3) tem surgido como um material promissor para ser utilizado como fotoeletrodo nessas células, pois possui significante absorção de luz, estabilidade química em meios aquosos e ampla abundância. Porém, seu desempenho como fotoânodo na oxidação da água tem sido limitada pelas reduzidas propriedades optoeletrônicas que causa baixa eficiência, além de grande sobrepotencial requerido para oxidação fotoassistida da água. A célula fotoeletroquímica consiste em uma nova forma para armazenar a potência solar, convertendo diretamente energia eletromagnética em energia química na forma de ligações moleculares, semelhante ao processo de fotossíntese e, devido à abundância da água, sua reação de quebra é o mais atraente mecanismo para fotossíntese artificial, produzindo hidrogênio e oxigênio, tendo como uma de suas vantagens permitir a produção espacialmente separada de O2 e H2. Essa célula utiliza materiais fotoativos como eletrodos, e a oxidação, responsável pela evolução de O2, ocorre no ânodo, a redução que gera H2 ocorre no cátodo e um eletrólito aquoso completa a corrente entre os eletrodos e um circuito externo. Um ou ambos os eletrodos podem ser um semicondutor fotoativo, em que uma camada espaço-carga é formada no semicondutor/junção líquida (SCLJ). Sob radiação, transportadores fotogerados são separados pelo campoespaço-carga e os transportadores minoritários, no caso de fotoânodo tipo-n tem-se h+ (buraco) e elétrons para um fotocátodo tipo-p, vão para SCLJ para executar uma meia reação de quebra da água. As reações que ocorrem são as seguintes: ânodo: 2 OH- + 2 h+ → H2O + ½ O2 e no cátodo: 2 H2O + 2 e _ → H2 + 2 OH -. Assim, tem-se procurado um material para ser empregado nas células para a quebra da água, sendo necessário uma pequena bandgap do semicondutor para ampla absorção de luz solar, energia das bandas de condução e valência que estende-se sobre os potenciais de redução e oxidação da água, alta eficiência de conversão dos transportadores fotogerados para os produtos de quebra da água, durabilidade em meios aquosos e baixo custo. Muitos materiais têm sido usados, como, por exemplo, TiO2 e WO3, além de combinações de semicondutores, e o óxido de ferro (III) é um material promissor para esta aplicação, devido as suas características cromáticas, abundância e não toxidade. A hematita (α-Fe2O3) é a mais termodinamicamente estável forma de óxido de ferro sob condições ambientais e também a mais comum forma de cristal desse óxido. Os átomos de Fe e O se arranjam em uma estrutura escalenoédrica trigonal-hexagonal. A sua estrutura é baseada no empacotamento dos ânions (O-2), que estão arranjados em um empacotamento hexagonal sobre a direção [001]. Os cátions (Fe3+) ocupam dois terços dos interstícios octaédricos (regularmente, com dois cheios seguidos por um vazio) no plano basal (001) e os sítios tetraédricos permanecem desocupados. Possui simetria C3v e existem dois diferentes comprimentos da ligação Fe-O. O arranjo dos ânions de oxigênio e o alto spin dos cátions (d5) afetam a orientação do momento magnético spin dos átomos de ferro e a propriedade magnética do bulk. Ela é antiferromagnética em temperaturas abaixo de 260 K e uma fraca ferromagnética na temperatura ambiente. Assim, enquanto as propriedades magnéticas da hematita não estão particularmente adequadas para a seu desempenho fotoeletroquímico, a configuração de spin do ferro influencia as propriedades optoeletrônicas da hematita. A absorção de fótons pela hematita começa na região de infravermelho próximo, onde as bandas de absorção fraca são devido aos estados de transição d-d entre níveis de energia do íon Fe3+. A fotoexcitação da hematita nesses comprimentos de onda tem sido realizada para aumentar sua condutividade e a fotocorrente não será observada em um sistema fotoeletroquimico se a irradiação for menor que a energia de bandgap (Eg), que dependendo do método de preparação da hematita está entre 1,9 e 2,2 eV correspondendo para o comprimento de onda de 650 para 560 nm. O coeficiente de absorção da hematita pura aumenta abruptamente na energia de bandgap. A hematita possui uma cor característica vermelha, devido a absorção forte do amarelo para fótons ultravioleta na região visível e transmissão do laranja para fótons infravermelho e sua razoável uniforme refletividade como uma função do comprimento de onda da luz visível lhe oferece uma aparência metálica. A natureza da bandgap na hematita é de ótimo interesse para entender seu desempenho como material para conversão da energia solar. Além disso, a condutividade da hematita precisa ser melhorada para seu uso em células fotoeletroquímicas. Assim, é possível aumentar sua condutividade pelo uso de átomos como Mg+, Cu2+ ou Ti4+, Sn4+, Zr4+, Nb5+ , e pela substituição em níveis suficientes, alta condutividade pode ser alcançada, e esses dopantes não tem mostrado mudanças significativas na Eg ou coeficiente de absorção. A hematita, como já mencionado, possui excelente estabilidade, além de eficiência faradaica para oxidação da água. Porém, foram identificados alguns desafios no seu emprego para quebra da água fotoeletroquímica, como um potencial de banda plana tão baixo em energia para redução da água, um grande sobrepotencial para oxidação da água, relativamente baixo coeficiente de absorção, necessitando de filmes grossos (400-500 nm) para completa absorção da luz e baixa condutividade, e soluções estão sendo desenvolvidas para melhorar esses aspectos. Um desses desafios é o grande sobrepotencial para a oxidação da água. Para iniciar a quebra da água, um potencial externo de 0,3-0,4 VRHE deveria ser necessário, baseado no potencial de banda plana. Porém, o início da fotocorrente de oxidação da água é não observada geralmente até 0,8-1,0 V mesmo em alto pH de 13,6 e para eletrodos de cristal único. O sobrepotencial remanescente de 0,5-0,6 V é um maior inconveniente para a implemantação dessas células baseadas na hematita e tem sido atribuída para duas propriedades distintas de superfície. Primeiro, há evidência que estados de energia de meio bandgap resultando de ambas as vacâncias de oxigênio e desordem cristalina pode deixar buracos na superfície, e isso pode resultar em níveis de Fermi em alguns eletrodos, e, segundo, cinéticas de reação de evolução de oxigênio são lentas comparadas com outros semicondutores óxidos, e isso deve ser devido ao caráter de maior banda de valência Fe3+ comparado com outros óxidos. Para superar a limitação da pobre cinética da reação de evolução de oxigênio, vários catalisadores têm sido anexados para a superfície do fotoanodo hematita, como, por exemplo, Co, IrO2 e Co- Pi. Porém, o fato que mesmo o melhor catalisador deixa um significativo sobrepotencial remanescente (0,3-0,4 V) sugere uma outra limitação da superfície, que ainda tem importante papel para fotoânodos hematita. O máximo de densidade de fotocorrente (12,6 mA.cm-2) deve ser obtido somente em 0,6 V, e isso implica um sobrepotencial de apenas 0,1-0,2 V. Dessa maneira, estão sendo desenvolvidas formas para melhorar a atividade da hematita na reação de quebra da água para geração de energia, e uma dessas formas é através do controle da sua morfologia. b) Discutir como a morfologia do Fe2O3 interfere no processo de quebra da água. Diferentes técnicas de deposição têm permitido o controle da morfologia da hematita e afetado seu desempenho como fotoânodo. A morfologia ideal para o fotoânodo de hematita seria uma na qual o material tivesse de 10-20 nm de SCLJ. Desde os primeiros trabalhos, filmes porosos de hematita tiveram boa adesão ao substrato e o tamanho da partícula estava na faixa de 25-75 nm. Porém, a incidência de fóton para eficiência da corrente (IPCE) desses fotoânodos para a quebra da água foi completamente baixa. O IPCE foi 100 vezes mais baixo quando o ânodo foi iluminado na interface hematita-eletrólito quando comparado para a interface substrato-hematita. Assim, concluiu-se que recombinação carregador de carga foi o fator crítico controlando a fotocorrente. A mais alta eficiência de partículas similares quando dispersadas em eletrólito indicou que os grãos de contorno nos poros dos filmes eram a causa da excessiva recombinação e pobre desempenho, sendo essa limitação tratada pela alteração da espessura do filme para otimizar a questão da absorção de luz. A incorporação de dopantes em concentração suficiente gerou relativamente altas fotocorrentes para a quebra da água, após a confirmação que a limitação desses poros dos filmes era o transporte e coleção de carregadores. Foi observado, também, que para uma alta temperatura foi gerada uma alta fotocorrente e, mesmo com a introdução de dopantes, a alta temperatura foi necessária. Esse fato sugere que a mínima energia de ativação é necessária para superar a barreira para a difusão e ativação dos cátions dopantes na hematita, e está apoiada na informação de uma mudança no coeficiente de difusão dos isótopos 55Fe3+ na hematita e além de aumentar a distorção C3V no cristal, e esses fatos ocorrem aproximadamente na mesma temperatura. Assim, o último desses efeitos foi mostrado ser diretamente correlacionado para um aumento no coeficientede absorção nos filmes sintetizados nessas altas temperaturas sugerindo que essa relaxação da rede é um importante aspecto influenciando as propriedades optoeletrônicas da hematita na reação de quebra da água. Outro efeito do tratamento em alta temperatura é o aumento do tamanho do perfil original de 5-10 nm para mais que 50 nm via sinterização, e esse grande tamanho da partícula impede as densidades de fotocorrentes de superar o único cristal ou disco. Para superar essa limitação, um método para controlar independentemente o tamanho do perfil e a funcionalidade com eletrodos óxidos nanoestruturados usando encapsulação tem sido desenvolvido. Nessa técnica, o filme foi submetido a uma morfológica annealing para proporcionar boas conexões entre partículas e estabelecer o tamanho do perfil e, assim, esse tamanho foi controlado. O grande tamanho do perfil no controle do eletrodo resultante da sinterização sem SiO2 espalha luz visível e o eletrodo aparece translúcido com alta opacidade, enquanto tamanhos do perfil no eletrodo confinado (“morfológica” annealing) permanece tão pequeno para espalhar luz, continuando transparente. As imagens de microscopia de varredura do elétron mostram claramente a diferença do tamanho do perfil, que é de 25 nm para a encapsulação e cresce para 100- 200 nm no outro caso. Assim, como os menores tamanhos do eletrodo encapsulado permitem a fotogeração de buracos mais próximos ao semicondutor/junção líquida (SCJL), um notável aumento na fotocorrente de oxidação da água foi observado e este notável aumento na fotocorrente foi mostrado ser devido a um aumento da eficiência de conversão do fóton (IPCE) especialmente em maiores comprimentos de onda. Porém, tenta-se o uso de mais baixas temperaturas, resultando em filmes com menores fotocorrentes apesar do menor tamanho do perfil, que deveriam permitir mais buracos fotogerados para alcançar a SCLJ. A alteração da espessura do filme sugeriu que uma difícil passagem para condução do elétron com muitos grãos de contorno limitam o transporte dos elétrons nos filmes preparados em temperaturas menores. Uma solução para este problema é o uso de nanômetro bastão ou matrizes fio. Uma matriz de um único cristal nanobastão com diâmetros na taxa de 10 nm, anexado e orientado ortogonalmente para uma estrutura de condução, eliminaria contornos de grãos e forneceria uma passagem direta para coleção de elétrons, e ainda permitiria buracos fotogerados para eficientemente chegar a SCLJ. Essas estruturas foram investigadas sobre diferentes orientações paralelas e perpendiculares para o substrato, obtendo-se uma melhora na fotocorrente, porém a fotocorrente total permaneceu baixa, indicando que os defeitos da superfície são os maiores fatores que limitam o desempenho da hematita preparada por esta técnica. Além disso, técnicas eletroquímicas de deposição têm sido empregadas para a preparação dos filmes, possibilitando um aumento da fotocorrente devido a uma estrutura de dupla camada formada que inclui uma grande área para a oxidação da água e uma matriz nanotubo orientada verticalmente para transporte de elétrons. Utiliza-se também anodização para obter nanoporos ou nonatubular Fe2O3, porém o grande tamanho da partícula obtida permanece uma limitação para alta densidade de fotocorrente. Em geral, enquanto morfologias impressionates podem ser obtidas com técnicas de deposição eletroquímica, fotocorrentes de oxidação da água tem sido limitada pela qualidade do material produzido. Outras técnicas empregadas são spray pirólise e deposição química vapor a pressão atmosférica, que é a técnica que apresentou as maiores fotocorrentes e maior eficiência de conversão. Dessa maneira observa-se que o controle da morfologia através de inúmeras técnicas vem possibilitando um aumento na fotocorrente de quebra da água e aumento na eficiência de conversão do fóton, pois a morfologia afeta o transporte de elétrons, além do tamanho da partícula permitir a fotogeração de buracos mais próximos ao semicondutor/junção líquida, aumentando também a fotocorrente de quebra da água.
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