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TRANSPORTE E TROCAS GASOSAS VIAS AÉREAS As vias aéreas ou vias respiratórias são chamadas dessa forma por transportarem ar desde as cavidades nasais até os pulmões, mais especificamente até os alvéolos pulmonares que é onde ocorrerá as trocas gasosas. Essas vias são anatomicamente subdivididas em duas porções conforme a localização no trato respiratório humano: as vias superiores localizam-se mais acima na anatomia respiratória, formada pelas cavidades nasais onde se encontram os pelos nasais responsáveis pela filtração do ar que entra, atuando como uma barreira de defesa mecânica do trato respiratório, nasofaringe, orofaringe, laringofaringe, laringe e parte mais superior da traqueia. Geralmente as infecções nessas regiões são menos graves e assemelham-se aos resfriados. As vias aéreas inferiores localizam-se na porção mais baixa do trato respiratório, é formada pela parte inferior da traqueia, pelos brônquios, bronquíolos, bronquíolos terminais, os alvéolos e vasos pulmonares chamados de unidades distais do pulmão que formam o principal órgão respiratório: o pulmão. As infecções que afetam essas regiões inferiores são mais graves e alvos de bactérias, podendo causar pneumonia, asma e bronquite crônica. A porção inferior do trato respiratório subdivide-se em porções funcionalmente distintas: zonas de condução composta pela porção terminal da traqueia, brônquios, bronquíolos e bronquíolos terminais, mais ou menos até a 16 ramificação da arvore respiratória. Essa porção é responsável por transportar o ar, aquecer e umidificar, filtrar as partículas, além de contribuir para a vocalização. É como se essa porção funcional inicial preparasse o ar para que posteriormente ocorra as trocas gasosas. Já a porção funcional terminal da via aérea inferior é denominada de zona de transição respiratória onde ocorrem as trocas gasosas nos sacos alveolares. Essa porção é composta pelos bronquíolos respiratórios, pelos ductos alveolares responsáveis por transportar o ar até os alvéolos e pelos sacos alveolares onde irá ocorrer a troca gasosa, na 23 ramificação da arvore respiratória. Além de realizar as trocas, essa região é responsável também pela produção de surfactante e ativação ou inativação de partículas. Cada ÁCINO, unidade funcional dos pulmões, corresponde a uma reduzida parcela de tecido ventilada por um bronquíolo terminal. Após confluir no ácino pulmonar, o bronquíolo terminal divide-se em segmentos cada vez mais finos, os bronquíolos respiratórios, e, por fim, nos ductos alveolares. No final de cada canal alveolar encontram-se os alvéolos, microscópicas bolsas elásticas, de parede muito fina e repleta de ar, agrupadas para formarem um saco alveolar. Em algumas microscopia eletrônica de varredura é possível observar bronquíolos terminais, bronquíolos respiratórios e os ductos alveolares que irão levar o ar aos pulmões. A porção funcional do pulmão como já dito antes é denominada de ácino. Outras microscopia eletrônica de varredura é possível identificar a presença dos ductos alveolares e dos próprios sacos alveolares. Além de algumas células de defesa como macrófagos. Existem algumas vias de passagens denominadas de poros de Kohn, Canais de Lambert e Martin por onde partem tanto ar, quanto surfactante e macrófagos contribuindo para a ventilação colateral alveolar. O termo ventilação colateral significa 'lado a lado' e 'ventilar'. Essa expressão traduz a ideia de que pelo fato dos alvéolos estarem situados um ao lado do outro, o ar poderia passar pela parede de um alvéolo para o outro. O fenômeno da ventilação colateral pode ser definido como “a ventilação de estruturas alveolares por meio de passagens e canais que contornam as vias aéreas de condução”. Ou seja: Os poros de Kohn e os canais de Lambert e Martin são caminhos alternativos para a passagem de ar, que podem ser utilizados quando as vias aéreas de condução encontram-se bloqueadas ou com resistência aumentada. A rede de capilares cercam os alvéolos praticamente de maneira integral, pode ainda, existir alguns grandes vasos como arteríolas e vênulas muito próximas aos alvéolos. Toda essa rede de capilares e vasos são meios fundamentais para a realização das trocas gasosas. Os capilares não estão exatamente adjacentes com os sacos alveolares, existe uma membrana que separa as duas estruturas: membrana alvéolo-capilar composta pelo epitélio alveolares, pela lamina basal formada pelo epitélio alveolar e pelo endotélio capilar e pelo próprio endotélio capilar. Ou seja, essa membrana tripla é responsável por separar minimamente alvéolo de capilar. Minimamente pois essa membrana possui uma espessura de 0,3 – 0,5 µm de espessura. No entanto, apesar da área de espessura for bastante pequena, a área de extensão é muito elevada, sendo de 50 – 100 metros quadrados, envolvendo toda a extensão alvéolo-capilar, fato esse que facilita as trocas gasosas entre os alvéolos e capilares ou vênulas e arteríolas. LEI DE FICK: A transferência de um gás é proporcional a área do tecido, à diferença de pressão entre os dois lados e inversamente proporcional à espessura da barreira (alvéolo-capilar). V = A x D x PP / E A = área superficial da barreira D = coeficiente de difusão do gás PP = diferença de pressão E = espessura da barreira A Lei de Fick relaciona a intensidade das trocas gasosas em relação a área, diferenças de pressão e espessura da barreira alvéolo-capilar. A área dos alvéolos e da membrana alvéolo-capilar podem variar, por exemplo, em casos de exercícios físicos, os alvéolos sofrem uma dilatação, assim como os capilares e a membrana alvéolo-capilar, esse aumento da área total faz com que as trocas gasosas sejam intensificadas, quanto maior for a área de trocas, maior será a intensidade das trocas gasosas. Em alguns casos, pode ocorrer diminuição da área total da membrana alvéolo-capilar, como em hemorragias que levam a diminuição do fluxo sanguíneo e também a diminuição da intensidade das trocas, já que os capilares estão contraídos também como mecanismo regulatório. Outro parâmetro proporcionalmente comparado é a pressão parcial dos gases nos dois locais de trocas, os alvéolos possuem maior quantidade de oxigênio, logo, a pressão de oxigênio é maior nos alvéolos, enquanto o capilar possui maior pressão parcial de gás carbônico devido a maior quantidade presente no sangue venoso que chega para troca gasosa. Novamente, em casos de exercícios físicos, intensificamos a respiração, e logo, mais ar entra nos alvéolos, aumentando a pressão de oxigênio ainda mais, o mesmo ocorre com o gás carbônico, as células aumentam o metabolismo e logo aumentam a liberação de CO2 no sangue, aumentando a pressão parcial desse gás no capilar. Ou seja, quanto maior a diferença de pressão do mesmo gás nos dois locais, maior será a intensidade da troca. Por fim, o parâmetro inversamente proporcional que é a da espessura da barreira, quanto mais for a espessura menor será a troca gasosa, obviamente por ser uma barreira, impede a passagem de substancias por ela, se for mais espessa, mais difícil ainda será a passagem. Além das condições do meio, como as diferenças de pressão entre os gases, a área superficial da barreira e a espessura dessa barreira que se relaciona de maneira inversamente proporcional com a intensidade das trocas gasosas. Existem também características que são especificas dos gases envolvidos: SOLUBILIDADE. A solubilidade é a capacidade que um gás possui de atravessar ou “ser solúvel” através da barreira alvéolo- capilar em que ele pretende passar. O CO2 possui cerca de 10x mais solubilidade do que o O2 para atravessar a barreira, logo, difunde-se com maior facilidade. FIBROSE PULMONAR A fibrose pulmonar ocorre a partir de uma infecção pulmonar como pneumonias, em que organismos estranhos chegam as vias respiratórias inferiores e geram um processo inflamatório.Ao gerar um processo inflamatório, inúmeras células de defesa migram para os pulmões na tentativa de combater aquele patógeno, aumentando a deposição de células de defesa na barreira alvéolo-capilar. Além disso, é produzido uma camada de hialina sobre o epitélio alveolar, e ocorre uma deposição de células no endotélio capilar. Todo esse processo leva ao aumento da espessura da barreia alvéolo-capilar, diminuindo a intensidade das trocas gasosas, responsável por gerar os sintomas clínicos como dispneia intensa. LIMITAÇÕES NAS TROCAS GASOSAS A primeira limitação se diz a respeito do tempo em que o oxigênio se difunde relacionada a velocidade com que sai dos alvéolos e entra nos capilares até atingir a pressão parcial máxima de 100 mmHg que é quando ele está totalmente no capilar e fora dos alvéolos. Em casos de exercícios físicos, a velocidade de difusão deve ser máxima, uma pessoa normal atinge a pressão de 100 mmHg em apenas 0,25 segundos desde a entrada da primeira molécula de O2, evidenciando que a velocidade de difusão e passagem de O2 está rápida. Já indivíduos que em exercícios físicos demora mais ou menos 0,75 segundos para que todo o oxigênio dos alvéolos passem para os capilares, levando a pressão máxima de 100 mmHg apresenta-se anormal, mas ainda consegue atingir uma capacidade máxima apesar de maior tempo. E pessoas que levam mais que 0,75 segundos para chegar a pressão máxima de 100 mmHg e mesmo assim não conseguem difundir todo o oxigênio para os capilares, apresentam-se extremamente anormal e muito provavelmente com condições patológicas pulmonares graves que estão impedindo a troca gasosa como uma fibrose pulmonar. Outro problema que pode limitar as trocas gasosas é a diminuição da capacidade de difusão, o que leva ao problema evidenciado com o oxigênio anteriormente como: aumento do espessamento da barreira, queda na área superficial da barreia, redução da captação de gases pelos eritrócitos e desigualdade na ventilação- perfusão do indivíduo (pode estar ventilando de forma normal, mas com a perfusão muito baixa). TRANSPORTE DE GASES NO SANGUE A dinâmica do transporte de gases no organismo é baseada nas diferenças de pressões parciais desses gases nos locais de passagem: pulmões, vasos do sangue e tecidos. Iniciando pelo oxigênio: o oxigênio é inspirado com uma pressão parcial de 150 mmHg, no entanto, nem todo o volume é utilizado para trocas gasosas, alguns compõe o volume residual e outros perfundem para áreas mortas do pulmão (ponto morto pulmonar). Do restante, o oxigênio chega com uma pressão parcial de 105 mmHg nos sacos alveolares para realizar a troca de gases. A pressão no interior dos alvéolos é muito maior que a pressão nos capilares (cerca de 40 mmHg) devido obviamente a diferença de volume em ambos os locais. Devido a diferença de pressão, o oxigênio passa dos pulmões para o sangue e é carregado pelos eritrócitos até os tecidos alvos. Ao chegar no tecido, novamente existe uma diferença de pressão entre os eritrócitos (100 mmHg) e os tecidos (40 mmHg) fazendo com que o oxigênio se difunda em direção aos locais de menor pressão (tecidos) e assim oxigenam todas as células. Já o CO2 percorre o caminho inverso do O2, porem com índices de pressão parcial menores. Após o fim da respiração celular, o CO2 é liberado pelas células e se acumula nos tecidos, exercendo uma pressão de cerca de 46 mmHg. Essa pressão tecidual maior que a pressão do CO2 no sangue (41 mmHg) faz com que o gás seja difundido em direção ao sangue, capturado pelos eritrócitos e levado até os capilares pulmonares. Nos capilares pulmonares, a pressão parcial de 41 mmHg é maior do que a pressão no interior dos alvéolos (40 mmHg) o que leva o CO2 a ser difundido em direção aos alvéolos pulmonares para ser expirado para fora do organismo com uma pressão parcial muito baixa, de cerca de 2 mmHg. A pressão do CO2 é comumente menor que do O2 devido a maior solubilidade que esse gás possui, a fim de equivaler a passagem de ambos, é preciso alterar os volumes presentes de cada gás, levando a alteração da pressão parcial de cada um. As etapas descritas no ciclo dos gases no organismo recebem nomes específicos: quando os gases estão no pulmão é chamado de etapa ventilatória ou ventilação, quando os gases se encontram no sangue estão na fase de circulação ou convecção e nos tecidos fazem parte do metabolismo celular. A passagem de um gás de um local para o outro sempre ocorre na forma de DIFUSÃO SIMPLES DE GASES. O GÁS OXIGÊNIO (O2) O oxigênio (O2) é o principal gás respiratório vital para o metabolismo celular, no sangue encontra-se cerca de 97% associado a hemoglobina nos eritrócitos e 3% encontra-se dissolvido no plasma sanguíneo. LEI DE HENRY: O número de moléculas dissolvidas em um líquido é diretamente proporcional à pressão parcial do gás na superfície do liquido. A Lei de Henry em termos mais convencionais diz que quanto maior a quantidade moléculas de um gás no liquido, maior será a pressão parcial desse gás dentro daquele liquido. Em exemplos práticos, para o oxigênio exercer uma pressão parcial de 1 mmHg, precisa-se de 0,003 ml de O2 a cada 100 ml de sangue. Para exercer uma pressão de 40 mmHg, precisa-se de 0,12 ml de O2 em 100 ml de sangue. E assim por diante... A necessidade tecidual de oxigênio em repouso é de mais ou menos 300 ml O2/min. O coração bombeia cerca de 30 L por minuto. No exercício físico demanda tecidual pode chegar até 3000 ml/min. Todo esse volume em questão é relacionado ao volume de O2 dissolvido no plasma sanguíneo. Para gerar uma pressão de oxigênio de 100 mmHg necessária para que o O2 passe do sangue para os tecidos é preciso que cada 30L bombeados pelo coração por minuto contenha cerca de 90 ml de O2 dissolvidos. Já que como citado na tabela, 0,3 ml de O2 em cada 100 ml de sangue gera uma pressão de 100 mmHg. O restante do oxigênio, como já dito, é transportado por uma proteína denominada hemoglobina que se encontra nos eritrócitos e transporta cerca de 97% de todo o oxigênio efetuado nas trocas. A associação entre o oxigênio e a hemoglobina é denominada de OXIEMOGLOBINA, quando não está associada ao O2 é chamada de DESOXIEMOGLOBINA. É importante salientar que a HbO2 aumenta ainda a afinidade ao O2 dos sítios heme restantes, como se induzisse que os outros sítios também se ligassem ao oxigênio. Os homens possuem mais quantidade de hemoglobina a cada 100 ml de sangue do que as mulheres, por isso transportam maior quantidade de oxigênio no sangue do que as mulheres. Essa diferença é um dos fatores que alteram o desempenho físico dos homens em relação as mulheres. O gráfico acima representa a curva de dissociação do O2 em relação a saturação de hemoglobina e a pressão parcial do O2 no sangue em mmHg. O oxigênio ao entrar na corrente sanguínea se liga imediatamente a hemoglobina das hemácias, formando o complexo de oxiemoglobina (HbO2). No entanto, essa Hb apresenta uma saturação de oxigênio, mais ou menos em torno de 80% de todos os sítios heme ocupados. Ou seja, a partir de determinado ponto de saturação e com aumento da pressão parcial de oxigeno, os sítios de hemoglobina começam a ficar saturados e diminuir a capacidade de ligação com o oxigênio presente no sangue. Assim, uma maior quantidade de oxigênio não consegue se associar a hemoglobina, permanecendo livre no plasma sanguíneo. É praticamente impossível que todos os sítios de hemoglobina sejam ocupados pelo oxigênio, já que para isso ocorrer é preciso uma pressão parcial de 600 mmHg. A saturação de oxigênio da hemoglobina corresponde a porcentagem de oxigênio que está ligado a todos os sítios de Hb disponíveis no sangue. Matematicamente é calculado pela quantidade de O2 ligado a Hb em relação a quantidade de O2 disponível naquele sistema circulatório (venoso ou arterial). Geralmente quando a pressãoarterial de O2 está em torno de 100 mmHg a saturação de oxigênio é de mais ou menos 97,5%, enquanto a pressão parcial venosa de O2 de 40 mmHg apresenta uma saturação de 75% mais ou menos. ANEMIA E POLICITEMIA A anemia é caracterizada por uma redução dos níveis de hemoglobina no sangue, devido a redução dos valores de eritrócitos saudáveis presente circulação sanguínea. Sabe-se que uma determinada quantidade de hemoglobina é capaz de transportar um volume de oxigênio pelo sangue (1 grama de Hb transporta cerca de 1,26 ml de O2). Quando essa quantidade está reduzida, menor vai ser a quantidade oxigênio que vai estar associada a Hb e logo, menor será a saturação de O2 no sangue. Já existem casos inversos denominados de policitemia em que o indivíduo apresenta uma maior quantidade de hemácias circulantes, assim como maior número de Hb disponível para se ligar ao oxigênio. O nível de saturação de O2 ligado a hemoglobina é elevado, ainda que não atinja 100% de saturação, mas chega a mais de 95% em muitos casos. Pessoas com policitemia são mais resistentes a exercícios físicos e apresentam melhores desempenhos em competições. No entanto, existem fatores que deslocam a curva de dissociação da hemoglobina. Em que desvios para a direita reflete maior oferta de O2 (aumenta pressão parcial) diminuindo a afinidade de O2 enquanto o desvio para esquerda aumenta o carregando de O2 pela Hb. Fatores como a temperatura, a concentração do gás hidrogênio e a pressão parcial de dióxido de carbono, além da concentração de 2,3-bifosfoglicerato (BPG) atuam no deslocamento da curva de dissociação de oxigênio. FATORES DE AFINIDADE DE HbO2 Alguns fatores são responsáveis por modificar a curva de dissociação do oxigênio, alterando a afinidade do gás com a hemoglobina. Quando a curva dissociação desloca-se para a esquerda, a afinidade do O2 sofre um aumento, quando se move para a direita sofre uma queda. Essa queda da afinidade do oxigênio com a Hb pode ser causada por inúmeros fatores: o primeiro deles é o aumento das pressões parciais de CO2, em casos de exercício físico por exemplo, mais CO2 é produzido e assim, maior o volume desse gás no sangue. O CO2 possui uma afinidade maior com a Hb do que com o O2 fazendo com que o “espaço” destinado a formação da oxiemoglobina fique menos disponível, diminuindo a saturação de O2 e também a afinidade. Como consequência do aumento da pressão parcial de CO2 que se liga à H20 gerando o ácido carbônico H2CO3 que se dissocia em H+ e HCO3-. O aumento do H+ faz com que o PH diminua e crie um quadro de acidose metabólica, diminuindo a afinidade do O2 com a Hb e deslocando também a curva para a direita. A temperatura é outro fator que modifica a curva, quedas de temperatura aumentam a afinidade do O2 com a Hb, já que quanto menor a temperatura de um liquido, maior é a solubilidade dele. Já o aumento de temperatura, como no caso de exercícios físicos, junto com aumento da pCO2 e a concentração de H+ fazem com que a curva tombe para a direita, diminuindo, logo a afinidade de O2 com a Hb (saturação diminui também). Os níveis de BPG, quando aumentam, também causam o deslocamento da curva para a direita e diminuição da afinidade do O2 com a Hb. O BPG é uma substância encontrada no interior da hemácia responsável por reduzir a afinidade da hemoglobina (Hb) pelo oxigênio (O2) através da sua ligação à hemoglobina, com a finalidade de facilitar a liberação do oxigênio para os tecidos. O 2,3-BPG existe em quantidade idêntica à da hemoglobina e encontra-se em combinação com este pigmento. O nível de BPG no organismo pode variar de acordo com algumas condições como, por exemplo, altas altitudes, falta de oxigenação (hipóxia), anemia e insuficiência respiratória. Níveis aumentados de BPG no organismo são parcialmente responsáveis pela adaptação às grandes altitudes, um processo fisiológico complexo onde estão envolvidos dois eventos; o aumento da quantidade de hemoglobina nos eritrócitos e o aumento do número de eritrócitos, processo esse que demora algumas semanas para ser finalizado. MACETE: os fatores que diminuem a afinidade do oxigênio com a hemoglobina são causados pelo CO2 ÁCIDO E QUENTE (diminuição do PH e aumento da temperatura). EFEITO BOHR: O efeito de Bohr é caracterizado pelo estímulo à dissociação entre o oxigênio e a hemoglobina (Hb), causando liberação de oxigênio para o sangue, quando ocorre um aumento na concentração de gás carbônico, ou pela promoção da ligação do oxigênio à hemoglobina quando ocorre um aumento no pH sanguíneo, facilitando, consequentemente, a expulsão do gás carbônico pelos pulmões. O GÁS CARBÔNICO (CO2) O gás carbônico é outro gás essencial para a respiração celular, sendo produto do processo metabólico da maioria das células do organismo. Diferentemente do oxigênio, o CO2 encontra-se no organismo em três formas diferentes e não apenas duas: dissolvido no plasma sanguíneo (10% do total) ligados a proteínas, principalmente a hemoglobina (20% do total) e na forma de BICARBONATO (70% do total) O gás carbônico apresenta 20x mais solubilidade do que o oxigênio, por isso, as porções dissolvidas no plasma são 20x maiores que do O2. Por exemplo, para uma mesma pressão arterial de 40 mmHg, teria que existir 0,12 ml de O2 em 100 ml de sangue, para gerar uma pressão semelhante, o CO2 está dissolvido com uma quantidade de 2,4 ml em 100 ml de sangue. Já no sangue venoso, devido a maior concentração de CO2 existe cerca de 2,7 ml em 100 ml de sangue venoso em uma pressão de 40 mmHg. A outra forma de se encontrar o CO2 no organismo e a mais importante delas é na forma de bicarbonato ou quimicamente na forma de HCO3-. O bicarbonato é formado a partir de duas reações: CO2 + H20 = H+ + HCO3- ou através de OH- + H20 = HCO3-. Essas reações ocorrem devido a presença da anidrase carbônica que catalisa a reação de dióxido de carbono com a agua, e gera como produto o bicarbonato. Ao entrar na hemácia, o CO2 proveniente do tecido cerca de 70% sofrem ação da anidrase carbônica e juntamente com a H20 originam o ácido carbônico ou H2CO3 que posteriormente se ioniza em H+ e HCO3- no interior das hemácias. O restante se liga a Hb. O H+ produto da reação química se liga à Hb, formando o complexo HHb acidificado, enquanto o bicarbonato é transportado para fora das hemácias. É importante ressaltar que o H+ possui maior afinidade com a Hb do que o O2, por isso, a elevação dos níveis de H+ fazem com que a afinidade do O2 com a Hb descrita antes sofra uma diminuição e a curva se desloque para o lado direito. A fim de manter a neutralidade elétrica do sangue, o bicarbonato só é eliminado devido ao trocador entre o HCO3- e o Cl-, fazendo com que o cloro entre para as hemácias, enquanto o bicarbonato saia para o sangue. A última forma de transporte do CO2, equivalente a mais ou menos 20% do total é associado a proteínas plasmáticas, principalmente com a hemoglobina (Hb) em geral. Devido a essa ligação ser muito mais frouxa quando chega nos alvéolos pulmonares, o CO2 é facilmente liberado dos eritrócitos e expirado. A figura representa a curva de dissociação do gás carbônico. Conforme maior a pressão parcial de CO2 devido ao aumento das moléculas desse gás no sangue maior é a afinidade com a Hb, aumentando a saturação de CO2. Essa saturação pode aumentar mais ainda se a saturação com o oxigênio estiver baixa, quanto menor maior será a disponibilidade de Hb para se ligar ao CO2 e assim, maior será a saturação. EFEITO HALDANE O efeito Haldane ilustra como ocorre a troca gasosa no interior das hemácias a partir da hemoglobina, sendo dividida em alguns passos que facilitarão o entender desse efeito. Ao chegar próximo do tecido, o CO2 dissolvido entra por difusão para o interior das hemácias. No interior das hemácias, esse CO2 se liga à H20 e por meio da enzima anidrase carbônica (AC) quecatalisa a seguinte reação: CO2 + H20 = H2CO3. A formação do ácido carbônico, totalmente instável faz com que ele se ionize rapidamente segundo a reação de ionização: H2CO3 = H+ + HCO3-. Produzindo íon H+ livre e bicarbonato. O íon H+ livre é responsável por se ligar a hemoglobina (Hb) e fazer com que o complexo HbO2 seja desfeito e o O2 fique livre para ir direção aos tecidos, enquanto o H+ se liga a Hb formando o complexo HHb chamado de carbamino. O outro produto da reação, o bicarbonato HCO3- é liberado para fora das hemácias a partir de um trocador especial de HCO3- e Cl-. A fim de manter o equilíbrio elétrico do plasma sanguíneo, o trocador faz com que o bicarbonato (HCO3-) saia da célula e o Cl- entre para o interior das hemácias. EFEITO HALDANE: O Efeito de Haldane é a expressão que designa o aumento da tendência do dióxido de carbono de deixar o sangue conforme aumenta a saturação da hemoglobina pelo oxigênio. A importância do efeito de Haldane no transporte de gás carbônico é igual ou maior que a importância do efeito de Bohr no transporte do oxigênio, e os dois tem fundamento muito similar.
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