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TRANSPORTE E TROCAS GASOSAS

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TRANSPORTE E TROCAS GASOSAS 
VIAS AÉREAS 
As vias aéreas ou vias respiratórias são chamadas dessa 
forma por transportarem ar desde as cavidades nasais 
até os pulmões, mais especificamente até os alvéolos 
pulmonares que é onde ocorrerá as trocas gasosas. 
Essas vias são anatomicamente subdivididas em duas 
porções conforme a localização no trato respiratório 
humano: as vias superiores localizam-se mais acima na 
anatomia respiratória, formada pelas cavidades nasais 
onde se encontram os pelos nasais responsáveis pela 
filtração do ar que entra, atuando como uma barreira 
de defesa mecânica do trato respiratório, nasofaringe, 
orofaringe, laringofaringe, laringe e parte mais 
superior da traqueia. Geralmente as infecções nessas 
regiões são menos graves e assemelham-se aos 
resfriados. 
As vias aéreas inferiores localizam-se na porção mais 
baixa do trato respiratório, é formada pela parte 
inferior da traqueia, pelos brônquios, bronquíolos, 
bronquíolos terminais, os alvéolos e vasos pulmonares 
chamados de unidades distais do pulmão que formam 
o principal órgão respiratório: o pulmão. As infecções 
que afetam essas regiões inferiores são mais graves e 
alvos de bactérias, podendo causar pneumonia, asma 
e bronquite crônica. 
A porção inferior do trato respiratório subdivide-se em 
porções funcionalmente distintas: zonas de condução 
composta pela porção terminal da traqueia, brônquios, 
bronquíolos e bronquíolos terminais, mais ou menos 
até a 16 ramificação da arvore respiratória. Essa 
porção é responsável por transportar o ar, aquecer e 
umidificar, filtrar as partículas, além de contribuir para 
a vocalização. É como se essa porção funcional inicial 
preparasse o ar para que posteriormente ocorra as 
trocas gasosas. 
Já a porção funcional terminal da via aérea inferior é 
denominada de zona de transição respiratória onde 
ocorrem as trocas gasosas nos sacos alveolares. Essa 
porção é composta pelos bronquíolos respiratórios, 
pelos ductos alveolares responsáveis por transportar o 
ar até os alvéolos e pelos sacos alveolares onde irá 
ocorrer a troca gasosa, na 23 ramificação da arvore 
respiratória. Além de realizar as trocas, essa região é 
responsável também pela produção de surfactante e 
ativação ou inativação de partículas. 
Cada ÁCINO, unidade funcional dos pulmões, 
corresponde a uma reduzida parcela de tecido 
ventilada por um bronquíolo terminal. Após confluir no 
ácino pulmonar, o bronquíolo terminal divide-se em 
segmentos cada vez mais finos, os bronquíolos 
respiratórios, e, por fim, nos ductos alveolares. No final 
de cada canal alveolar encontram-se os alvéolos, 
microscópicas bolsas elásticas, de parede muito fina e 
repleta de ar, agrupadas para formarem um saco 
alveolar. 
 
Em algumas microscopia eletrônica de varredura é 
possível observar bronquíolos terminais, bronquíolos 
respiratórios e os ductos alveolares que irão levar o ar 
aos pulmões. A porção funcional do pulmão como já 
dito antes é denominada de ácino. 
Outras microscopia eletrônica de varredura é possível 
identificar a presença dos ductos alveolares e dos 
próprios sacos alveolares. Além de algumas células de 
defesa como macrófagos. 
Existem algumas vias de passagens denominadas de 
poros de Kohn, Canais de Lambert e Martin por onde 
partem tanto ar, quanto surfactante e macrófagos 
contribuindo para a ventilação colateral alveolar. 
O termo ventilação colateral significa 'lado a lado' e 
'ventilar'. Essa expressão traduz a ideia de que pelo 
fato dos alvéolos estarem situados um ao lado do 
outro, o ar poderia passar pela parede de um alvéolo 
para o outro. O fenômeno da ventilação colateral pode 
ser definido como “a ventilação de estruturas 
alveolares por meio de passagens e canais que 
contornam as vias aéreas de condução”. Ou seja: Os 
poros de Kohn e os canais de Lambert e Martin são 
caminhos alternativos para a passagem de ar, que 
podem ser utilizados quando as vias aéreas de 
condução encontram-se bloqueadas ou com 
resistência aumentada. 
A rede de capilares cercam os alvéolos praticamente 
de maneira integral, pode ainda, existir alguns grandes 
vasos como arteríolas e vênulas muito próximas aos 
alvéolos. Toda essa rede de capilares e vasos são meios 
fundamentais para a realização das trocas gasosas. 
Os capilares não estão exatamente adjacentes com os 
sacos alveolares, existe uma membrana que separa as 
duas estruturas: membrana alvéolo-capilar composta 
pelo epitélio alveolares, pela lamina basal formada 
pelo epitélio alveolar e pelo endotélio capilar e pelo 
próprio endotélio capilar. Ou seja, essa membrana 
tripla é responsável por separar minimamente alvéolo 
de capilar. Minimamente pois essa membrana possui 
uma espessura de 0,3 – 0,5 µm de espessura. 
No entanto, apesar da área de espessura for bastante 
pequena, a área de extensão é muito elevada, sendo 
de 50 – 100 metros quadrados, envolvendo toda a 
extensão alvéolo-capilar, fato esse que facilita as 
trocas gasosas entre os alvéolos e capilares ou vênulas 
e arteríolas. 
 
LEI DE FICK: A transferência de um gás é proporcional 
a área do tecido, à diferença de pressão entre os dois 
lados e inversamente proporcional à espessura da 
barreira (alvéolo-capilar). V = A x D x PP / E 
A = área superficial da barreira 
D = coeficiente de difusão do gás 
PP = diferença de pressão 
E = espessura da barreira 
A Lei de Fick relaciona a intensidade das trocas gasosas 
em relação a área, diferenças de pressão e espessura 
da barreira alvéolo-capilar. A área dos alvéolos e da 
membrana alvéolo-capilar podem variar, por exemplo, 
em casos de exercícios físicos, os alvéolos sofrem uma 
dilatação, assim como os capilares e a membrana 
alvéolo-capilar, esse aumento da área total faz com 
que as trocas gasosas sejam intensificadas, quanto 
maior for a área de trocas, maior será a intensidade das 
trocas gasosas. 
Em alguns casos, pode ocorrer diminuição da área total 
da membrana alvéolo-capilar, como em hemorragias 
que levam a diminuição do fluxo sanguíneo e também 
a diminuição da intensidade das trocas, já que os 
capilares estão contraídos também como mecanismo 
regulatório. 
Outro parâmetro proporcionalmente comparado é a 
pressão parcial dos gases nos dois locais de trocas, os 
alvéolos possuem maior quantidade de oxigênio, logo, 
a pressão de oxigênio é maior nos alvéolos, enquanto 
o capilar possui maior pressão parcial de gás carbônico 
devido a maior quantidade presente no sangue venoso 
que chega para troca gasosa. Novamente, em casos de 
exercícios físicos, intensificamos a respiração, e logo, 
mais ar entra nos alvéolos, aumentando a pressão de 
oxigênio ainda mais, o mesmo ocorre com o gás 
carbônico, as células aumentam o metabolismo e logo 
aumentam a liberação de CO2 no sangue, aumentando 
a pressão parcial desse gás no capilar. Ou seja, quanto 
maior a diferença de pressão do mesmo gás nos dois 
locais, maior será a intensidade da troca. 
Por fim, o parâmetro inversamente proporcional que é 
a da espessura da barreira, quanto mais for a espessura 
menor será a troca gasosa, obviamente por ser uma 
barreira, impede a passagem de substancias por ela, se 
for mais espessa, mais difícil ainda será a passagem. 
Além das condições do meio, como as diferenças de 
pressão entre os gases, a área superficial da barreira e 
a espessura dessa barreira que se relaciona de maneira 
inversamente proporcional com a intensidade das 
trocas gasosas. Existem também características que 
são especificas dos gases envolvidos: SOLUBILIDADE. 
A solubilidade é a capacidade que um gás possui de 
atravessar ou “ser solúvel” através da barreira alvéolo-
capilar em que ele pretende passar. O CO2 possui cerca 
de 10x mais solubilidade do que o O2 para atravessar 
a barreira, logo, difunde-se com maior facilidade. 
FIBROSE PULMONAR 
A fibrose pulmonar ocorre a partir de uma infecção 
pulmonar como pneumonias, em que organismos 
estranhos chegam as vias respiratórias inferiores e 
geram um processo inflamatório.Ao gerar um processo inflamatório, inúmeras células 
de defesa migram para os pulmões na tentativa de 
combater aquele patógeno, aumentando a deposição 
de células de defesa na barreira alvéolo-capilar. Além 
disso, é produzido uma camada de hialina sobre o 
epitélio alveolar, e ocorre uma deposição de células no 
endotélio capilar. Todo esse processo leva ao aumento 
da espessura da barreia alvéolo-capilar, diminuindo a 
intensidade das trocas gasosas, responsável por gerar 
os sintomas clínicos como dispneia intensa. 
 
LIMITAÇÕES NAS TROCAS GASOSAS 
A primeira limitação se diz a respeito do tempo em que 
o oxigênio se difunde relacionada a velocidade com 
que sai dos alvéolos e entra nos capilares até atingir a 
pressão parcial máxima de 100 mmHg que é quando 
ele está totalmente no capilar e fora dos alvéolos. 
Em casos de exercícios físicos, a velocidade de difusão 
deve ser máxima, uma pessoa normal atinge a pressão 
de 100 mmHg em apenas 0,25 segundos desde a 
entrada da primeira molécula de O2, evidenciando que 
a velocidade de difusão e passagem de O2 está rápida. 
Já indivíduos que em exercícios físicos demora mais ou 
menos 0,75 segundos para que todo o oxigênio dos 
alvéolos passem para os capilares, levando a pressão 
máxima de 100 mmHg apresenta-se anormal, mas 
ainda consegue atingir uma capacidade máxima apesar 
de maior tempo. 
E pessoas que levam mais que 0,75 segundos para 
chegar a pressão máxima de 100 mmHg e mesmo 
assim não conseguem difundir todo o oxigênio para os 
capilares, apresentam-se extremamente anormal e 
muito provavelmente com condições patológicas 
pulmonares graves que estão impedindo a troca 
gasosa como uma fibrose pulmonar. 
 
Outro problema que pode limitar as trocas gasosas é a 
diminuição da capacidade de difusão, o que leva ao 
problema evidenciado com o oxigênio anteriormente 
como: aumento do espessamento da barreira, queda 
na área superficial da barreia, redução da captação de 
gases pelos eritrócitos e desigualdade na ventilação-
perfusão do indivíduo (pode estar ventilando de forma 
normal, mas com a perfusão muito baixa). 
TRANSPORTE DE GASES NO SANGUE 
A dinâmica do transporte de gases no organismo é 
baseada nas diferenças de pressões parciais desses 
gases nos locais de passagem: pulmões, vasos do 
sangue e tecidos. 
Iniciando pelo oxigênio: o oxigênio é inspirado com 
uma pressão parcial de 150 mmHg, no entanto, nem 
todo o volume é utilizado para trocas gasosas, alguns 
compõe o volume residual e outros perfundem para 
áreas mortas do pulmão (ponto morto pulmonar). Do 
restante, o oxigênio chega com uma pressão parcial de 
105 mmHg nos sacos alveolares para realizar a troca de 
gases. A pressão no interior dos alvéolos é muito maior 
que a pressão nos capilares (cerca de 40 mmHg) devido 
obviamente a diferença de volume em ambos os locais. 
Devido a diferença de pressão, o oxigênio passa dos 
pulmões para o sangue e é carregado pelos eritrócitos 
até os tecidos alvos. Ao chegar no tecido, novamente 
existe uma diferença de pressão entre os eritrócitos 
(100 mmHg) e os tecidos (40 mmHg) fazendo com que 
o oxigênio se difunda em direção aos locais de menor 
pressão (tecidos) e assim oxigenam todas as células. 
Já o CO2 percorre o caminho inverso do O2, porem 
com índices de pressão parcial menores. Após o fim da 
respiração celular, o CO2 é liberado pelas células e se 
acumula nos tecidos, exercendo uma pressão de cerca 
de 46 mmHg. Essa pressão tecidual maior que a 
pressão do CO2 no sangue (41 mmHg) faz com que o 
gás seja difundido em direção ao sangue, capturado 
pelos eritrócitos e levado até os capilares pulmonares. 
Nos capilares pulmonares, a pressão parcial de 41 
mmHg é maior do que a pressão no interior dos 
alvéolos (40 mmHg) o que leva o CO2 a ser difundido 
em direção aos alvéolos pulmonares para ser expirado 
para fora do organismo com uma pressão parcial muito 
baixa, de cerca de 2 mmHg. 
A pressão do CO2 é comumente menor que do O2 
devido a maior solubilidade que esse gás possui, a fim 
de equivaler a passagem de ambos, é preciso alterar os 
volumes presentes de cada gás, levando a alteração da 
pressão parcial de cada um. 
As etapas descritas no ciclo dos gases no organismo 
recebem nomes específicos: quando os gases estão no 
pulmão é chamado de etapa ventilatória ou ventilação, 
quando os gases se encontram no sangue estão na fase 
de circulação ou convecção e nos tecidos fazem parte 
do metabolismo celular. A passagem de um gás de um 
local para o outro sempre ocorre na forma de DIFUSÃO 
SIMPLES DE GASES. 
 
O GÁS OXIGÊNIO (O2) 
O oxigênio (O2) é o principal gás respiratório vital para 
o metabolismo celular, no sangue encontra-se cerca de 
97% associado a hemoglobina nos eritrócitos e 3% 
encontra-se dissolvido no plasma sanguíneo. 
LEI DE HENRY: O número de moléculas dissolvidas 
em um líquido é diretamente proporcional à pressão 
parcial do gás na superfície do liquido. 
A Lei de Henry em termos mais convencionais diz que 
quanto maior a quantidade moléculas de um gás no 
liquido, maior será a pressão parcial desse gás dentro 
daquele liquido. 
Em exemplos práticos, para o oxigênio exercer uma 
pressão parcial de 1 mmHg, precisa-se de 0,003 ml de 
O2 a cada 100 ml de sangue. Para exercer uma pressão 
de 40 mmHg, precisa-se de 0,12 ml de O2 em 100 ml 
de sangue. E assim por diante... 
 
 
 
 
A necessidade tecidual de oxigênio em repouso é de 
mais ou menos 300 ml O2/min. O coração bombeia 
cerca de 30 L por minuto. No exercício físico demanda 
tecidual pode chegar até 3000 ml/min. Todo esse 
volume em questão é relacionado ao volume de O2 
dissolvido no plasma sanguíneo. 
Para gerar uma pressão de oxigênio de 100 mmHg 
necessária para que o O2 passe do sangue para os 
tecidos é preciso que cada 30L bombeados pelo 
coração por minuto contenha cerca de 90 ml de O2 
dissolvidos. Já que como citado na tabela, 0,3 ml de O2 
em cada 100 ml de sangue gera uma pressão de 100 
mmHg. 
O restante do oxigênio, como já dito, é transportado 
por uma proteína denominada hemoglobina que se 
encontra nos eritrócitos e transporta cerca de 97% de 
todo o oxigênio efetuado nas trocas. A associação 
entre o oxigênio e a hemoglobina é denominada de 
OXIEMOGLOBINA, quando não está associada ao O2 é 
chamada de DESOXIEMOGLOBINA. É importante 
salientar que a HbO2 aumenta ainda a afinidade ao O2 
dos sítios heme restantes, como se induzisse que os 
outros sítios também se ligassem ao oxigênio. 
Os homens possuem mais quantidade de hemoglobina 
a cada 100 ml de sangue do que as mulheres, por isso 
transportam maior quantidade de oxigênio no sangue 
do que as mulheres. Essa diferença é um dos fatores 
que alteram o desempenho físico dos homens em 
relação as mulheres. 
 
O gráfico acima representa a curva de dissociação do 
O2 em relação a saturação de hemoglobina e a pressão 
parcial do O2 no sangue em mmHg. O oxigênio ao 
entrar na corrente sanguínea se liga imediatamente a 
hemoglobina das hemácias, formando o complexo de 
oxiemoglobina (HbO2). No entanto, essa Hb apresenta 
uma saturação de oxigênio, mais ou menos em torno 
de 80% de todos os sítios heme ocupados. 
 Ou seja, a partir de determinado ponto de saturação e 
com aumento da pressão parcial de oxigeno, os sítios 
de hemoglobina começam a ficar saturados e diminuir 
a capacidade de ligação com o oxigênio presente no 
sangue. Assim, uma maior quantidade de oxigênio não 
consegue se associar a hemoglobina, permanecendo 
livre no plasma sanguíneo. É praticamente impossível 
que todos os sítios de hemoglobina sejam ocupados 
pelo oxigênio, já que para isso ocorrer é preciso uma 
pressão parcial de 600 mmHg. 
A saturação de oxigênio da hemoglobina corresponde 
a porcentagem de oxigênio que está ligado a todos os 
sítios de Hb disponíveis no sangue. Matematicamente 
é calculado pela quantidade de O2 ligado a Hb em 
relação a quantidade de O2 disponível naquele sistema 
circulatório (venoso ou arterial). 
Geralmente quando a pressãoarterial de O2 está em 
torno de 100 mmHg a saturação de oxigênio é de mais 
ou menos 97,5%, enquanto a pressão parcial venosa de 
O2 de 40 mmHg apresenta uma saturação de 75% mais 
ou menos. 
ANEMIA E POLICITEMIA 
A anemia é caracterizada por uma redução dos níveis 
de hemoglobina no sangue, devido a redução dos 
valores de eritrócitos saudáveis presente circulação 
sanguínea. Sabe-se que uma determinada quantidade 
de hemoglobina é capaz de transportar um volume de 
oxigênio pelo sangue (1 grama de Hb transporta cerca 
de 1,26 ml de O2). Quando essa quantidade está 
reduzida, menor vai ser a quantidade oxigênio que vai 
estar associada a Hb e logo, menor será a saturação de 
O2 no sangue. 
Já existem casos inversos denominados de policitemia 
em que o indivíduo apresenta uma maior quantidade 
de hemácias circulantes, assim como maior número de 
Hb disponível para se ligar ao oxigênio. O nível de 
saturação de O2 ligado a hemoglobina é elevado, ainda 
que não atinja 100% de saturação, mas chega a mais 
de 95% em muitos casos. Pessoas com policitemia são 
mais resistentes a exercícios físicos e apresentam 
melhores desempenhos em competições. 
 
No entanto, existem fatores que deslocam a curva de 
dissociação da hemoglobina. Em que desvios para a 
direita reflete maior oferta de O2 (aumenta pressão 
parcial) diminuindo a afinidade de O2 enquanto o 
desvio para esquerda aumenta o carregando de O2 
pela Hb. 
Fatores como a temperatura, a concentração do gás 
hidrogênio e a pressão parcial de dióxido de carbono, 
além da concentração de 2,3-bifosfoglicerato (BPG) 
atuam no deslocamento da curva de dissociação de 
oxigênio. 
FATORES DE AFINIDADE DE HbO2 
Alguns fatores são responsáveis por modificar a curva 
de dissociação do oxigênio, alterando a afinidade do 
gás com a hemoglobina. Quando a curva dissociação 
desloca-se para a esquerda, a afinidade do O2 sofre um 
aumento, quando se move para a direita sofre uma 
queda. 
Essa queda da afinidade do oxigênio com a Hb pode ser 
causada por inúmeros fatores: o primeiro deles é o 
aumento das pressões parciais de CO2, em casos de 
exercício físico por exemplo, mais CO2 é produzido e 
assim, maior o volume desse gás no sangue. O CO2 
possui uma afinidade maior com a Hb do que com o O2 
fazendo com que o “espaço” destinado a formação da 
oxiemoglobina fique menos disponível, diminuindo a 
saturação de O2 e também a afinidade. 
Como consequência do aumento da pressão parcial de 
CO2 que se liga à H20 gerando o ácido carbônico 
H2CO3 que se dissocia em H+ e HCO3-. O aumento do 
H+ faz com que o PH diminua e crie um quadro de 
acidose metabólica, diminuindo a afinidade do O2 com 
a Hb e deslocando também a curva para a direita. 
A temperatura é outro fator que modifica a curva, 
quedas de temperatura aumentam a afinidade do O2 
com a Hb, já que quanto menor a temperatura de um 
liquido, maior é a solubilidade dele. Já o aumento de 
temperatura, como no caso de exercícios físicos, junto 
com aumento da pCO2 e a concentração de H+ fazem 
com que a curva tombe para a direita, diminuindo, logo 
a afinidade de O2 com a Hb (saturação diminui 
também). 
Os níveis de BPG, quando aumentam, também causam 
o deslocamento da curva para a direita e diminuição da 
afinidade do O2 com a Hb. O BPG é uma substância 
encontrada no interior da hemácia responsável por 
reduzir a afinidade da hemoglobina (Hb) pelo oxigênio 
(O2) através da sua ligação à hemoglobina, com a 
finalidade de facilitar a liberação do oxigênio para os 
tecidos. O 2,3-BPG existe em quantidade idêntica à da 
hemoglobina e encontra-se em combinação com este 
pigmento. 
O nível de BPG no organismo pode variar de acordo 
com algumas condições como, por exemplo, altas 
altitudes, falta de oxigenação (hipóxia), anemia e 
insuficiência respiratória. Níveis aumentados de BPG 
no organismo são parcialmente responsáveis pela 
adaptação às grandes altitudes, um processo 
fisiológico complexo onde estão envolvidos dois 
eventos; o aumento da quantidade de hemoglobina 
nos eritrócitos e o aumento do número de eritrócitos, 
processo esse que demora algumas semanas para ser 
finalizado. 
MACETE: os fatores que diminuem a afinidade do 
oxigênio com a hemoglobina são causados pelo CO2 
ÁCIDO E QUENTE (diminuição do PH e aumento da 
temperatura). 
EFEITO BOHR: O efeito de Bohr é caracterizado pelo 
estímulo à dissociação entre o oxigênio e a 
hemoglobina (Hb), causando liberação de oxigênio 
para o sangue, quando ocorre um aumento na 
concentração de gás carbônico, ou pela promoção 
da ligação do oxigênio à hemoglobina quando 
ocorre um aumento no pH sanguíneo, facilitando, 
consequentemente, a expulsão do gás carbônico 
pelos pulmões. 
O GÁS CARBÔNICO (CO2) 
O gás carbônico é outro gás essencial para a respiração 
celular, sendo produto do processo metabólico da 
maioria das células do organismo. Diferentemente do 
oxigênio, o CO2 encontra-se no organismo em três 
formas diferentes e não apenas duas: dissolvido no 
plasma sanguíneo (10% do total) ligados a proteínas, 
principalmente a hemoglobina (20% do total) e na 
forma de BICARBONATO (70% do total) 
O gás carbônico apresenta 20x mais solubilidade do 
que o oxigênio, por isso, as porções dissolvidas no 
plasma são 20x maiores que do O2. Por exemplo, para 
uma mesma pressão arterial de 40 mmHg, teria que 
existir 0,12 ml de O2 em 100 ml de sangue, para gerar 
uma pressão semelhante, o CO2 está dissolvido com 
uma quantidade de 2,4 ml em 100 ml de sangue. Já no 
sangue venoso, devido a maior concentração de CO2 
existe cerca de 2,7 ml em 100 ml de sangue venoso em 
uma pressão de 40 mmHg. 
A outra forma de se encontrar o CO2 no organismo e a 
mais importante delas é na forma de bicarbonato ou 
quimicamente na forma de HCO3-. O bicarbonato é 
formado a partir de duas reações: CO2 + H20 = H+ + 
HCO3- ou através de OH- + H20 = HCO3-. Essas reações 
ocorrem devido a presença da anidrase carbônica que 
catalisa a reação de dióxido de carbono com a agua, e 
gera como produto o bicarbonato. 
 
Ao entrar na hemácia, o CO2 proveniente do tecido 
cerca de 70% sofrem ação da anidrase carbônica e 
juntamente com a H20 originam o ácido carbônico ou 
H2CO3 que posteriormente se ioniza em H+ e HCO3- 
no interior das hemácias. O restante se liga a Hb. 
O H+ produto da reação química se liga à Hb, formando 
o complexo HHb acidificado, enquanto o bicarbonato é 
transportado para fora das hemácias. É importante 
ressaltar que o H+ possui maior afinidade com a Hb do 
que o O2, por isso, a elevação dos níveis de H+ fazem 
com que a afinidade do O2 com a Hb descrita antes 
sofra uma diminuição e a curva se desloque para o lado 
direito. 
A fim de manter a neutralidade elétrica do sangue, o 
bicarbonato só é eliminado devido ao trocador entre o 
HCO3- e o Cl-, fazendo com que o cloro entre para as 
hemácias, enquanto o bicarbonato saia para o sangue. 
A última forma de transporte do CO2, equivalente a 
mais ou menos 20% do total é associado a proteínas 
plasmáticas, principalmente com a hemoglobina (Hb) 
em geral. Devido a essa ligação ser muito mais frouxa 
quando chega nos alvéolos pulmonares, o CO2 é 
facilmente liberado dos eritrócitos e expirado. 
 
A figura representa a curva de dissociação do gás 
carbônico. Conforme maior a pressão parcial de CO2 
devido ao aumento das moléculas desse gás no sangue 
maior é a afinidade com a Hb, aumentando a saturação 
de CO2. Essa saturação pode aumentar mais ainda se a 
saturação com o oxigênio estiver baixa, quanto menor 
maior será a disponibilidade de Hb para se ligar ao CO2 
e assim, maior será a saturação. 
EFEITO HALDANE 
O efeito Haldane ilustra como ocorre a troca gasosa no 
interior das hemácias a partir da hemoglobina, sendo 
dividida em alguns passos que facilitarão o entender 
desse efeito. 
Ao chegar próximo do tecido, o CO2 dissolvido entra 
por difusão para o interior das hemácias. No interior 
das hemácias, esse CO2 se liga à H20 e por meio da 
enzima anidrase carbônica (AC) quecatalisa a seguinte 
reação: CO2 + H20 = H2CO3. 
A formação do ácido carbônico, totalmente instável faz 
com que ele se ionize rapidamente segundo a reação 
de ionização: H2CO3 = H+ + HCO3-. Produzindo íon H+ 
livre e bicarbonato. 
O íon H+ livre é responsável por se ligar a hemoglobina 
(Hb) e fazer com que o complexo HbO2 seja desfeito e 
o O2 fique livre para ir direção aos tecidos, enquanto o 
H+ se liga a Hb formando o complexo HHb chamado de 
carbamino. 
O outro produto da reação, o bicarbonato HCO3- é 
liberado para fora das hemácias a partir de um 
trocador especial de HCO3- e Cl-. A fim de manter o 
equilíbrio elétrico do plasma sanguíneo, o trocador faz 
com que o bicarbonato (HCO3-) saia da célula e o Cl- 
entre para o interior das hemácias. 
EFEITO HALDANE: O Efeito de Haldane é a expressão 
que designa o aumento da tendência do dióxido de 
carbono de deixar o sangue conforme aumenta a 
saturação da hemoglobina pelo oxigênio. A 
importância do efeito de Haldane no transporte de 
gás carbônico é igual ou maior que a importância do 
efeito de Bohr no transporte do oxigênio, e os dois 
tem fundamento muito similar.

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