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TCC Isabel III cap Final docx 1 oficial

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35
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITARIO DE RONDONÓPOLIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
ISABEL CAVALCANTE FERREIRA
A CARREIRA DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO DA EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO DE RONDONÓPOLIS –MT.
RONDONÓPOLIS-MT
2014
ISABEL CAVALCANTE FERREIRA
A CONCEPÇÃO DE CARREIRA SUBJACENTE AO PLANO DE CARGOS, CARREIRA E SALÁRIOS DA EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO DE RONDONÓPOLIS –MT.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Educação do Instituto de Ciências Humanas e Sociais- Campus Universitário de Rondonópolis da Universidade Federal de Mato Grosso, como exigência parcial à conclusão do curso de Pedagogia, sob orientação da Prof.ª Dra. Ivanete Rodrigues.
RONDONÓPOLIS- MT
2014
Folha de Aprovação
ISABEL CAVALCANTE FERREIRA
A CONCEPÇÃO DE CARREIRA SUBJACENTE AO PLANO DE CARGOS, CARREIRA E SALÁRIOS DA EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO DE RONDONÓPOLIS –MT.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Educação do Instituto de Ciências Humanas e Sociais- Campus Universitário de Rondonópolis da Universidade Federal de Mato Grosso, como exigência parcial à conclusão do curso de Pedagogia, sob orientação da Prof.ª Dra. Ivanete Rodrigues
BANCA EXAMINADORA
Profª Drª Ivanete Rodrigues dos Santos
Dra. Orientadora
Profª Drª Lindalva Maria Novaes Garske
Examinadora 
Profª Drª Sandra Regina Franciscatto Bertoldo
Examinadora
Aprovado em:___/___/____
AGRADECIMENTOS
Confiro aqui os mais sinceros agradecimentos a todos que colaboraram direto e indiretamente, sem medir esforços e sem mostrar constrangimento, pois se tornou de suma importância para realizar esse trabalho.
Nesta oportunidade, desejo em primeiro lugar agradecer a Deus que nos concedeu a dádiva da vida, nos orienta e direciona os nossos caminhos. Depois ao meu filho pelo apoio, força e compreensão pela de falta de atenção, por ajudar nos afazeres domésticos e por proporcionar momentos de lazer com a finalidade de relaxar.
Agradeço à Profª Drª Ivanete Rodrigues pela orientação, pelo estímulo que nos fez acreditar na capacidade de realizar esse trabalho.
Também não poderia deixar de agradecer a UFMT – Campus Universitário de Rondonópolis e ao SISPMUR (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Rondonópolis-MT) pela oportunidade de atuar como secretária por um período de seis meses, período esse que coletamos dados importantíssimos sobre planos de cargos, carreira e salários para concretizar esse estudo. 
Agradeço a todos os professores, outros profissionais e colegas de sala, com quem convivemos no decorrer do curso e do estudo, discutindo, aprendendo com bastante relevância, determinação e incentivos a importância desse tempo de aprendizado.
Não poderia esquecer todos os profissionais da Umei Monteiro Lobato – CAIC que muito contribuíram durante percurso percorrido desde o início do curso de Pedagogia até os momentos finais. 
Enfim agradecer a todos que criticaram a minha dedicação nos estudos e nos abandonaram no decorrer do curso, pois foi um incentivo imenso para que não desistíssemos do objetivo proposto.
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo compreender a concepção de carreira docente, ou seja, o que é ser trabalhador docente na nova (des) ordem mundial do trabalho que é marcada pela flexibilização, desregulamentação e precarização ocasionada pelos modelos de organização da produção decorrentes do ideário neoliberal e da globalização. Para tanto, desenvolve-se um estudo qualitativo, em que os dados foram coletados a partir da pesquisa bibliográfica e das consultas a documentos de cunho internacional, nacional e municipal que tratam de orientações legais para da construção da identidade/concepção própria, profissionalização e valorização da carreira docente, e elaboração dos planos de cargos, carreira e salário. Os autores que embasaram esse trabalho foram: Antunes (1999), Correia (2000), Frigotto (2000), Marques (1997), Silva (2013), Silva (2007) Carneiro et al, (2011), Libâneo, Oliveira e Toschi (2011), Bianchett (2005) Gatti ett al (2008), Gatti e Barreto (2009), Camargo e Jacomini (2011), entre outros lidos durante o desenvolvimento do trabalho. Conclui-se que o estudo até aqui realizados não podem ser definitivos porque o mundo do trabalho está constantemente em transformação, se reconstruindo, as leis que organiza esse contexto precisam ser revistas, reestruturadas e atualizadas. E sobre carreira, trabalho, profissão, plano de carreira e remuneração possui diversos estudos, porém é um assunto relativamente novo e carece de muita pesquisa. Entretanto, pode-se perceber que a concepção subjacente a elaboração dos planos de carreira, cargos e salários fundamentam-se em uma perspectiva produtivista, em que pouco tempo é destinado a preparação para o exercício da atividade docente, resultando na proletarização, desregulamentação e precarização da carreira docente.
Palavras chaves: concepção de carreira, trabalho docente, plano de cargos, carreira e salários.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	6
1. O MUNDO DO TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE	11
1.1 A hegemonia no mundo do trabalho contemporâneo	14
1.2 A flexibilização no mundo do trabalho contemporâneo	15
1.3 A desregulamentação no mundo do trabalho contemporâneo	16
1.4 A precarização no mundo do trabalho contemporâneo	17
2. O TRABALHO DOCENTE NA NOVA (DES) ORDEM MUNDIAL	19
2.1 Neoliberalismo	21
2.2 Globalização	22
2.3 Características do trabalho docente	24
3. PLANO DE CARGO, CARREIRA E SALÁRIOS NO BRASIL	28
3.1 Planos de Cargos, Carreira e Salários do Profissional da Educação na Legislação Nacional.	32
3.2 Plano de cargos, carreira e salário em Rondonópolis Mato Grosso.	40
CONSIDERAÇÕES FINAIS	47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁGIAS	49
INTRODUÇÃO
Encarar, no século XXI, a carreira docente é uma tarefa que tem exigido muito dos profissionais da educação, pois são inúmeros os desafios apresentados para enfrentá-los na formação e valorização profissional. 
Refletir sobre a concepção da carreira, do trabalho docente, características da profissão, requer a discutição acerca dos princípios de carreira, cargos, direito do profissional, o dever do poder público, organização de carreira que engloba ingresso, jornada, piso salarial (política salarial), progressão na carreira, aposentadoria, financiamento da educação, no contexto da nova (des) ordem do mundo do trabalho, e consideração de sua ligação com as muitas determinações sociais que ocorrem em âmbito geral na história da organização do trabalho.
Assim sendo, a tarefa torna-se árdua, pois são constantes as transformações ocorridas no mundo do trabalho, os ataques do governo a essa carreira constituída pelos profissionais da educação, cuja função é o ato de educar que, para tal, precisa de formação inicial, ter realizado seletivo ou concurso público para assumir seu posto de trabalho e, dessa forma, constituir-se em efetivo exercício com direito a três componentes essenciais: salário, formação e a jornada de trabalho.
Atualmente, exige-se que todo profissional que desenvolve a docência lide com um conhecimento em constante construção e seja capaz de conviver com as mudanças tecnológicas, culturais, sociais, políticas e econômicas. Sabemos que a educação é um dos pontos cruciais no processo de transformação em uma sociedade em que o professor é o elemento fundamental deste contexto. Não basta um bom currículo, equipamentos da mais moderna tecnologia e escolas bem estruturadas se o professor não estiver preparado e for bem remunerado para atuar nessa nova realidade imposta pelos modelos de organizações capitalistas fundadas no neoliberalismo e na globalização.
Nesse sentido Gatti (2008), Gatti e Barreto (2009), Camargo e Jacomini (2011) expõe que a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), juntamente com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), demonstraram estar preocupadas com a valorização do magistério, com as condições de trabalho dos profissionais docentes, coma insatisfação no exercício da função, com a queda nas demandas em prol das licenciaturas e a falta de interesse dos jovens por essa profissão, com a elaboração de planos de carreira e remuneração, a fim de tornar essa carreira de professor mais atrativa. 
Nesse caso, por meio de um documento chamado de “Recomendações” a OIT e UNESCO criaram orientações para que os países aliados elaborassem juntamente com estados e municípios os seus planos de carreira e remuneração, bem como repassassem recursos disponíveis e leis necessárias para sua efetivação.
 A elaboração de planos de cargos, carreira e salários está posta na Constituição no art. 206, inciso V, que remete à questão da educação a lei própria, e na Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96), que no art. 67 atribui a seus entes federativos a responsabilidade pela valorização dos profissionais da educação mediante termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público.
Infelizmente, é bastante comum, na realidade brasileira, professores possuírem poucos conhecimentos relacionados às leis, as diretrizes e planos que direcionam suas carreiras. Sob esta perspectiva, convém ilustrar trecho do CONAE (2014):
É preciso assegurar condições de trabalho e salários justos equivalentes com outras categorias profissionais de outras áreas que apresentam o mesmo nível de escolaridade e o direito ao aperfeiçoamento profissional contínuo. Para tanto, faz-se necessário maior empenho dos governos, sistemas e gestores públicos no pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) e na implementação de planos de carreira, cargo e remuneração que valorizem efetivamente os profissionais da educação básica e superior. Os planos devem estimular o ingresso por meio de concurso público à carreira docente, a formação inicial em nível de graduação para os que se encontram em exercício e, no entanto, ainda não possuem habilitação superior e a formação continuada, inclusive em nível de pós-graduação, elementos essenciais ao pleno exercício da docência e condição para o desenvolvimento e compromisso com a garantia de educação de qualidade social para todos.
Esses conhecimentos precisam ser buscados pelos profissionais da educação para interpretar as ideias e para intervir apropriadamente na situação, de modo a contribuir no processo de construção dos planos de carreira e remuneração relacionados a profissionalização e valorização da sua categoria.
Um plano de cargos, carreira e salário no setor público é um instrumento que, estrutura, normatiza, oficializa as relações funcionais e critérios de enquadramento, remuneração, incentivos, promoção, ascensão e avaliação. E sob esta perspectiva convém ilustrar com as palavras de Libâneo, Oliveira e Toschi (2011), que a existência de uma carreira pressupõe condição necessária para segurança da profissionalização, progressão, remuneração e condições adequadas de trabalho, dos que atuam no ensino, devendo ser contemplados nos planos de carreira, bem como explicitam “que os sistemas de ensino, no processo de elaboração da lei do plano de carreira dêem voz aos professores, por meio de seus sindicatos e associações.”. 
O lócus desse estudo “a carreira dos profissionais da educação do município de Rondonópolis–MT”, possui características de estudo de caso, combinado com estudo documental e bibliográfico que direcionou a ter uma visão qualitativa e ampla da problemática abordada.
O estudo com características estudo de caso contribui para compreender melhor o objeto em estudo na sua individualidade, bem como os processos organizacionais e políticos da sociedade. Ou seja, busca esclarecer decisões a serem tomadas.
Segundo Gil (1991) estudo de caso é um conjunto de subsídios que descrevem uma etapa ou a soma do processo social de uma unidade, em suas várias relações internas e nas suas fixações culturais, quer seja essa unidade uma pessoa, uma família, um profissional, uma instituição social, uma comunidade ou uma nação. 
Portanto, esse estudo se desenvolveu de forma natural, rica em dados descritivo, com um plano aberto, flexível que procurou focalizar a realidade de forma complexa, e contextualizada, com uma estrutura de três capítulos.
 O primeiro capítulo “O mundo do trabalho na contemporaneidade” se refere à conjuntura de acontecimentos socioeconômicos e culturais da sociedade capitalista, que permearam as transformações nas relações entre capital e trabalho nos anos de 1970, 1980 e 1990, que ocasionou a flexibilização, proletarização, desregulamentação e precarização em todos os seguimentos do mundo do trabalho, afetando a subjetividade do trabalhador, inclusive a carreira docente. 
O segundo capítulo trata sobre “O trabalho docente na nova (des) ordem mundial”, em que apontamos as consequências nas conjunturas do contexto sócio-político, econômico e cultural de forma estrutural, geradas pelos órgãos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial, pelas políticas neoliberais e pela globalização. Contexto em que a educação se transforma em mercadoria, em cooperação técnica e financeira, em um produto a ser adquirido no livre mercado, bem como os trabalhadores que nela atuam, por se moldar nas políticas de reprodução do modelo capitalista, por estar acompanhando as reformas, transformações e consequências sofridas no mundo do trabalho, sentida pelo trabalhador docente no aumento do número de alunos por sala, na falta de estrutura para o seu desempenho profissional, falta de tempo para estudo e planejamento das aulas, ocasionado pela remuneração inadequada, que os levam muitas vezes dobrar ou triplicar sua jornada de trabalho e a adaptar- se a nova lógica do mercado.
O terceiro capítulo apresenta a discussão sobre planos de cargos, carreira e salários do profissional da educação na legislação nacional, histórico e orientações para os países, Estados e municípios elaborarem planos de carreira e remuneração. Discorre também sobre a estrutura da carreira dos profissionais da educação do município de Rondonópolis.
1. O MUNDO DO TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE
O conceito de mundo do trabalho na contemporaneidade está relacionado à conjuntura de acontecimentos socioeconômicos e culturais da sociedade capitalista, que ocasionaram transformações nas relações entre capital e trabalho. O entendimento desse conceito pode contribuir significativamente para a compreensão das dinâmicas que caracterizam o papel do trabalho docente como categoria necessária a partir de uma perspectiva histórica em constante movimento. 
Assim, a concepção do trabalho docente não pode ser direcionada sem que se leve em consideração a sua ligação com as muitas determinações sociais que ocorrem em âmbito geral na história da organização do trabalho. Isso porque os desafios enfrentados pelos profissionais da educação são conflituosos, uma vez que vivem em uma luta constante por mudanças no que se refere à legislação tendo em vista a promoção de melhorias nas condições de trabalho, na remuneração, na valorização da categoria, de modo que possam exercer sua função e contribuir com formação dos sujeitos para o exercício da cidadania. 
Um dos desafios relacionados com a da carreira docente e que a mesma está diretamente marcada pela consciência da classe trabalhadora que luta para construir identidade própria e valorização profissional através de movimentos e sindicatos. Nesse caso delinearemos sobre o contexto histórico no tocante ao mundo do trabalho contemporâneo expondo alguns aspectos centrais desde o fordismo/taylorimo para entendimento do mesmo baseado em autores conceituados. 
As transformações no mundo do trabalho se deram com a crise estrutural iniciada nos anos 1970 que permearam os anos 1980 e 1990. Essa crise, segundo Frigotto (2000), é uma herança da acumulação capitalista que assume formas específicas e que varia de intensidade no tempo e no espaço. 
Dessa forma, começa o declínio do modelo fordista nos anos 1980, que até então se configurava no tempo e espaço como modelo desenvolvimentista e hegemônicocom recursos ideológicos imprescindíveis para dominação nos principais países capitalistas da Europa no pós-guerra (II), compreendia-se como um modelo articulador entre produção e consumo em massa, com a padronização e acumulação dos equipamentos de produção em série de produtos de diversas espécies, com ganhos de economia em larga escala, com reprodução da força do trabalho associado ao controle e gerência do trabalho que impunha parâmetros ordenadores como grandes investimentos e uma grande quantidade de contratação de mão de obra com a finalidade de obter dinamismo no capitalismo industrial. 
O trabalho no fordismo tinha por objetivo principal reduzir ao máximo os custos de produção, diminuir o valor do produto e vender para um maior número possível de consumidores. E principalmente impunha que cada função na área de montagem industrial fosse exercida por um trabalhador que se especializava essencialmente em uma única etapa de produção. 
Na perspectiva de explicar a natureza, especificidade e custos humanos da crise ocorrida nos anos 1970/1990, Frigotto (2000) explicita que esta apresentou esgotamento do estado de bem-estar, e do modelo fordista de produção de acumulação e regulação social, por possuir materialidade específica de desenvolvimento que faz parte da organização do capital e por fundar-se economicamente no processo produtivo das leis da acumulação, da concentração e da centralização mediante a separação entre esfera econômica e política, unificação da produção e apropriação da mais-valia, que não conseguiu fundar-se no bem estar social. 
Frigotto (2000, p. 62-64) explica, em sua obra Educação e a Crise do Capitalismo, que: 
 A crise é um elemento constituinte, estrutural, do movimento cíclico da acumulação capitalista, assumido formas específicas que variam de intensidade no tempo e no espaço. [...] as “leis históricas” sob as quais opera o capitalismo não são harmônicas, mas contraditórias e conflitantes. [...] trata-se de um sistema que, pela concorrência sob forças e poder desiguais, conduz à acumulação, concentração e centralização do capital.
 Segundo Antunes (1999, p. 16), o modelo fordista de produção em série era dominante, mas com seus excessos ocasionaram a crise capitalista. E nos anos 1980 ocorreu o fim de sua hegemonia, pois acontecem transformações e momentos de experimentos nas áreas tecnológicas, de automoção, da robótica, microeletrônica que modifica o universo fabril e as relações de trabalho, de produção do capital. 
Nesse contexto, surge um novo modelo na organização do trabalho no Japão chamado de toyotismo que tinha como elemento principal a flexibilização da produção. Modelo que visava à produção necessária e redução dos estoques, o momento da demanda a qualidade do produto e também novas relações mais favoráveis que possibilitariam ao trabalhador qualificação, participação, multifuncionalidade e realização no ambiente de trabalho. Vantagens que conquistaram espaço no cenário mundial por utilizarem apenas um trabalhador para operar diversas máquinas, o que ampliaria a exploração do trabalho, intensificaria o capital, o ritmo de produção e o melhor controle sobre os operários. 
Sobre esse novo modelo com traços contrários ao fordismo, Antunes (1999, p.26-27) expõe que: 
 a produção sob o toyotismo é voltada e conduzida diretamente pela demanda. A produção é variada, diversificada e pronta para suprir o consumo. [...] sustenta-se na existência do estoque mínimo. [...] num processo produtivo flexível [...] trabalhadores multifuncionais [...] o trabalho passa a ser realizado em equipe [...] reduzindo-se o âmbito de produção de montadora e estendendo-se ás subcontratações, às terceiras.
No âmbito do contexto histórico fordista bem como no toyotismo pode-se visualizar a construção de novo tipo de sociedade com crescimento em massa de classes trabalhadoras mais fragmentadas e heterogêneas que passa a viver relações de trabalho precárias, sem acesso a direitos trabalhistas e vínculo empregatício, originando dessa forma flexibilização de contratos na jornada de trabalho e na remuneração do trabalhador no mundo do trabalho contemporâneo. Não ocorrendo de maneira diferenciada com a carreira docente, pois as demandas no mundo do trabalho contemporâneo estabelecem uma nova dinâmica também no cotidiano das escolas, refletindo na profissão e no trabalho dos professores.
Sobre isso Antunes (1999, p.15) assinala que as transformações e mudanças ocorridas foram intensas e a classe-que-vive-do-trabalho “sofreu a mais aguda crise desse século, que atingiu não só sua materialidade, mas teve profundas repercussões na sua subjetividade”.
Percebe-se no decorrer da história que nenhuma carreira escapa da flexibilização e precarização do trabalho, implodindo direitos trabalhistas conquistados, garantidos na estrutura de produção fordista. Com o surgimento do toyotismo, que tinha como intuito reorganizar o ciclo produtivo, nasce também organizações que dissipam as condições de trabalho e remuneração, configurando cada vez mais como forma oculta de trabalho assalariados multiplicando as diferentes formas de horários, salários, funcionamento ou organização, bem como os sindicatos que se tornam cada vez mais corporativistas diante da lógica do mercado, da produtividade e fingem que se preocupam com os interesses das classes trabalhadoras, porém desenvolve um papel de participação apaziguadora, mediadora entre os interesses dos dominados e dominantes. 
Conforme afirma Antunes (1999, p. 64-65) a crise estrutural no mundo contemporâneo do trabalho nos anos 1980/1990 afeta também países do terceiro mundo e o meio sindical. Ocorrendo nesses países e nos meios sindicais tendências de individualização das relações de trabalho, desregulamentação e flexibilização ao limite de mercado de trabalho, esgotamento dos modelos sindicais que optaram por pelo sindicalismo de participação, de burocratização e de institucionalização que se distanciaram dos movimentos sociais autônomos e procuravam preservar os interesses dos trabalhadores estáveis.
Nessa direção Marques (1997) explicita que a conjuntura econômica dos dois modelos de organização do trabalho no mercado brasileiro e mundial acarretam problemas para as camadas mais pobres por não apresentar melhoria imediata. E sim, aumenta o desemprego, o trabalho temporário e a tempo parcial, a desregulamentação e a flexibilização do trabalho. E que esses acontecimentos são decorrentes do surgimento das novas tecnologias e da necessidade imposta pela globalização que visa somente o lucro e a competição no mercado e não à partilha da produtividade. Explicita, ainda, que o mundo do trabalho a precarização está ligado a crise estrutural, sendo resultado das transformações no processo produtivo que se encontra na ordem mundializada e globalizada do capital, atingindo o universo da consciência, da subjetividade do trabalho, das suas formas de representação. 
Para entender melhor as questões até aqui abordadas sobre o mundo do trabalho contemporâneo é necessário buscar rápidas definições sobre hegemonia, flexibilização, desregulamentação e precarização com a finalidade de compreender posteriormente o processo também na concepção da carreira docente.
1.1 A hegemonia no mundo do trabalho contemporâneo
Hegemonia no mundo do trabalho indica forma única de organização, supremacia do sistema capitalista que designa um tipo particular de dominação, ou seja, nesse sentido, a hegemonia está posta na classe que detém o capital, o sistema de produção e forma de governo vigente. O que leva a significação de dominação consentida principalmente de uma classe social sobre a outra. Isso porque essa classe também deterá a destaque a política, terá influência absoluta e liderança sobre as outras que compõem a organização social. 
Etimologicamente segundo Correia (2000) o termo hegemonia deriva do grego egemonia, que designa poder supremo ou absoluto que indica a supremacia política e militar de um Estado nação soberano sobre os outros ou político cultural em relação aos demais.Segundo Corrêa (2000, p. 58) hegemonia oscila entre dois significados:
 Um relaciona hegemonia e domínio, isto é, predomínio e coerção sobre persuasão, da força sobre a direção, da submissão sobre a legitimação e o consenso, da dimensão política sobre a cultural, intelectual e moral [...] Outro [...] relaciona hegemonia e liderança com consentimento. [...] como a capacidade de direção intelectual e moral, política e cultural de uma classe ou grupo social sobre outras classes, grupos sociais ou frações sociais. 
 Nessa perspectiva, Corrêa (2000), a partir de Gramsci, explicita que o termo hegemonia não está ligado somente ao estabelecimento de relações de poder e dominação do capitalismo, mas também ao campo das ideias composta pelas classes intelectuais e culturais. Ou seja, resulta no domínio da linguagem, da moral, da cultura, e do bom senso para denominar as relações de classes sociais no intuito de revelar a coerção política, intelectual, moral e cultural de uma classe sobre a outra através de um consenso ideológico. 
Nessa direção, a hegemonia situa-se numa área de difícil consolidação, porém pode ser mais bem compreendida e assimilada pelos sujeitos mediante recursos políticos à base de um trabalho de consciência para consciência que garante a coesão social através de alianças de classes, grupos sociais em torno de um projeto que representa a ordem social e mascara o domínio de classe.
1.2 A flexibilização no mundo do trabalho contemporâneo
A flexibilização no mundo do trabalho contemporâneo tem por intencionalidade a quebra da rigidez e a capacidade de moldar e deixar mais elásticas as novas conjunturas socioeconômicas e políticas, bem como alavancar a contratação e a abertura de novos postos de trabalho, inserção por meio de especialização no mercado de trabalho, ou seja, geração de novos empregos e tipos de contratos de trabalho. A noção da palavra flexibilização no mercado capitalista está ligada aos direitos trabalhistas e aos fenômenos econômicos e sociais. Conforme explicita Silva (2013, p.98):
 A palavra flexibilização no aspecto laboral abrange, fundamentalmente, o modo de contratação dos trabalhadores, a duração do trabalho, o estabelecimento de salários, à negociação coletiva e as formas de cessação do contrato de trabalho.
 Porém, o objetivo principal é aumentar a competitividade, abrindo brechas para cortes radicais nos direitos trabalhistas e sociais, fragilizando os direitos dos trabalhadores, beneficiando os diretos da acumulação do capital. Para muitos a flexibilização é a saída solucionadora do desemprego e do agravamento das crises socioeconômicas, pois o mundo do trabalho sofre constantes transformações no contexto do neoliberalismo e globalização da economia por estar heterogeneizado, complexificado, fragmentado, apresentando-se frágil diante de tantas mudanças. 
Observamos que o conceito de flexibilização possui várias definições, mas no âmbito do trabalho está ligada a mobilidade funcional, organização do tempo de trabalho, custos gerais e da mão de obra, gestão de recursos entre outros exemplos que direcionam a diversificação e perdas de direitos trabalhistas. Mobilidade esta que no mundo do trabalho ocorre desde a era fordista e toyotista, ocasionando busca desenfreada pelos trabalhadores por especialização em novas áreas com a finalidade de permanência e sobrevivência no mercado de trabalho. 
Em síntese, a flexibilização faz-se perceber na relação de poder das partes envolvidas que se compõem de empregado e empregador e na capacidade de ampliação, de estabelecer e determinar caminhos, e limites que regerão as relações de trabalho.
Para Antunes (2015), a flexibilização ocasionou a intensificação do trabalho, direitos flexíveis, de modo a dispor da força de trabalho em função das necessidades geradas pelo mercado consumidor. Bem como a reestruturação na área de produção, do trabalho, levando a quebra das leis, acarretando assim, maior redução das conquistas sociais e aumentando os trabalhos parciais, temporários, subcontratações, terceirizações que expressam a desregulamentação e precarização do trabalho. 
1.3 A desregulamentação no mundo do trabalho contemporâneo
A desregulamentação consiste na ação ou resultado de não manter algo ajustado, regulado, ao rompimento ou flexibilização de diversas leis trabalhistas, a remoção e simplificação de limitações que intervém nas relações de direitos entre empregados, empregadores, Estados e cidadãos, que restringem as intervenções de forças de mercado, ou seja, conjunturas socioeconômicas, trabalhistas e políticas. Sobre a conceituação da desregulamentação Silva (2013, p.101) esclarece que: 
 Logo, é possível notar-se que a desregulamentação trata-se de um processo muito mais amplo que a mera flexibilização das legislações, pois dá verdadeira liberdade na estipulação das diversas condições que possam reger um contrato de trabalho.
 A desregulamentação segundo Silva (2013, p.101) é distinta da flexibilização porque a flexibilização surge com o objetivo de permitir acordos em determinadas condições de trabalho por parte do Estado, com a desregulamentação o Estado deixa de intervir e as negociações ficam a cargo do coletivo ou do individual não havendo limites para as leis trabalhistas. Porém, não significa a eliminação de leis e sim a redução e privação do controle do governo nas leis e normas que regem o mercado, ou seja, a desregulamentação caminha em direção de um mercado mais livre, em que os serviços passam a ser compartilhados, terceirizados e fragmentados, uma vez que o Estado retira o aparato legal e obrigatório que protege o trabalhador e direciona as relações de trabalho. 
1.4 A precarização no mundo do trabalho contemporâneo
 
O significado da palavra precarização no contexto do mundo do trabalho está relacionado a interesses contrários das classes, a situações difíceis, pouco duráveis, trabalho insuficiente ou escasso, incerto e transitório causado a partir das mudanças e transformações no mercado do trabalho nos moldes flexíveis de produção que exige especializações também flexíveis, que traz instabilidade e insegurança para a classe trabalhadora e para o mercado produtor. Geram problemas e conflitos decorrentes das relações sociais na área de produção do sistema capitalista. Enquanto as classes trabalhadoras buscam melhores condições de trabalho, remuneração coerente, estabilidade e valorização, a classe dominante visa aumento de produção, aumento do lucro e crescimento e acumulação de riquezas. 
O trabalho no sistema capitalista de produção sempre foi precário, porém vem sofrendo significativamente transformações que aumenta sem precedentes o desemprego estrutural em escala global, que se apresenta em diversas formas em decorrência do quadro recessivo, podendo ser trabalho parcial, temporário, subcontratos, terceirizados de acordo com a economia informal. Para Antunes (1999, p. 44), as diversas formas de Categorias de trabalho têm em comum:
 A precariedade do emprego e da remuneração; a desregulamentação das condições de trabalho em relação às normas legais vigentes ou acordadas e a consequente regressão dos direitos sociais, bem como a ausência de proteção e expressão sindicais, configurando uma tendência à individualização extrema da relação salarial.
 Portanto, a precarização configura-se na redução do trabalhador estável, no aumento do subproletariado, no trabalho precário, no assalariamento, na heterogeineização, complexificação e fragmentação da classe trabalhadora, trazendo descontentamentos, conflitos, divergências entre as classes e aumentando a exploração da mão de obra dos trabalhadores, ou seja, configura-se num conjunto de mudanças políticas, econômicas e sociais no mundo do trabalho assinalado por falta de designação nas relações de contrato trabalhista.
As considerações até aqui delineadas sobre os modelos fordismo, toyotismo de desenvolvimento, bem como os conceitos abordados sobre hegemonia, flexibilização, desregulamentação e precarização no contexto do mundo do trabalho contemporâneoocasionou a manutenção do padrão de produção, a exploração intensa do trabalho e controle da força de trabalho, acumulação flexível de capital, a extração da mais-valia, a busca desenfreada por ampla escolaridade e qualificação profissional para entrada e continuação no mercado de trabalho competidor e excludente. Esse processo resultou em desestruturação, na deterioração, fragmentação e precarização das relações do trabalho, na sociedade capitalista.
Esses embates entre capital e trabalho geraram desordem no contexto do mundo do trabalho contemporâneo por estar em constante movimento que causam mudanças em todos os setores de trabalho, inclusive na educação. Nessa perspectiva, passaremos a refletir sobre o trabalho docente na nova (des) ordem mundial na ótica do neoberalismo e globalização, bem como abordar as características do trabalho docente mediante a precarização e flexibilização.
2. O TRABALHO DOCENTE NA NOVA (DES) ORDEM MUNDIAL
No século XX, principalmente nos anos 1970, 1980 e 1990 notamos uma série de transformações, mudanças, reformulações e influências sofridas nas dimensões econômicas, políticas e cultural no mundo do trabalho sob a ótica do neoliberalismo e da globalização, modelos que deseja romper com o taylorismo e fordismo para atender a lógica do mercado econômico global. Mercado esse que a concentração, a acumulação e a centralização do capital e, consequentemente as políticas de reprodução geram diversas crises cíclicas cada vez mais fortes, falta de valorização profissional, o desprestígio de profissionais menos habilitados, passando a exigir maior qualificação dos profissionais para atender novas formas de sociabilidade do capital. Como afirma ...
O trabalho docente nessa desordem mundial sofre consequências nas conjunturas do contexto sócio-político, econômico e cultural de forma estrutural, pois assim como o mundo se transformou num mercado a educação se transforma em mercadoria, por se moldar nas políticas de reprodução do modelo capitalista, por estar acompanhando as reformas, transformações e consequências sofridas no mundo do trabalho.
 Essas consequências provêm das influências dos órgãos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial que apresenta discurso de qualidade total na educação, em que a mesma deve proceder como se fosse uma empresa. Esses órgãos exigem dos profissionais docentes capacitações polivante de maneira que venham a adquirir habilidades múltiplas para permanecerem no mercado: ou buscam adequarem-se as características de flexibilização, versatilidade, poli-valência e precarização das relações de emprego e trabalho do mercado, ou ficam desempregados.
 Corrêa (2000, p. 48) observa que:
De acordo com o Banco Mundial e outros organismos internacionais esses parâmetros devem ser definidos na ótica do mundo produtivo, [...] Significa a “flexibilidade”, estar disponível para qualquer mudança no seu emprego ou de emprego, sem nenhuma garantia.
Corrêa (2000) indaga, ainda, sobre elementos básicos como visão de mundo, o pensar e agir para compreensão da forma violenta e excludente da globalização do capital e o papel da ideologia neoliberal na conformação de um senso comum e de uma postura fatalista dos trabalhadores docentes frente à formação de suas consciências no que se refere ao ideário neoliberal. 
As mudanças nessa nova ordem mundial de mercado estariam redefinindo o trabalho docente segundo a lógica neoliberal que possui características de um sistema essencialmente capitalista de natureza competitiva, individualista, excludente que provoca modificações de conceitos de cidadania, produtividade e competência e transferindo o trabalho docente da esfera dos direitos sociais que o Estado deve garantir aos cidadãos, como consta na Constituição, para a esfera privilegiada do mercado, ou seja, redefinindo a educação como uma mercadoria, uma cooperação técnica e financeira, um produto a ser adquirido no livre mercado, bem como os trabalhadores que nela atuam. Como afirma Corrêa (2000, p. 46 – 49):
As reformas neoliberais [...] transfere a educação da esfera dos direitos para a esfera privilegiada do mercado [...] “cooperação técnica e financeira”, não é novo vem desde metade da década de 70.
As expressões de Frigotto (2000, p.40-53) vêm a confirmar as palavras de Corrêa quando menciona que a educação nesse novo contexto mundial do trabalho está alçada pelo capital humano, sendo definida como fator de produção na teoria da modernização e como indicativo de um disciplinamento de conhecimentos, habilidades e atitudes adquiridas, que funcionam como indicadores da capacidade de trabalho, sobretudo focalizando a reprodução dos interesses do capital e às variações do desenvolvimento e subdesenvolvimento entre os países.
Percebe-se segundo os autores até aqui citados, que esses novos caminhos de trabalho assumidos pelo neoliberalismo e globalização leva a precarização, a proletarização do trabalho docente e intensifica o ritmo da jornada de trabalho. A precarização é sentida pelo trabalhador docente no aumento do número de alunos por sala, na falta de estrutura para o seu desempenho profissional e consequentemente com a falta de tempo para estudo e planejamento das aulas, ocasionado pela remuneração inadequada, que os levam muitas vezes dobrar ou triplicar sua jornada de trabalho, ou seja, essas interferências levam o trabalhador docente a adaptar- se a nova lógica do mercado.
Para entender como fica o trabalhador docente nessa nova ordem mundial é necessário entender o neoliberalismo, globalização e características do trabalho docente.
2.1 Neoliberalismo
O neoliberalismo tem suas origens nos anos 1940, logo após a Segunda Guerra mundial com a finalidade política de intervenção contra o estado de bem-estar vigente ocasionado pelos modelos de organização industrial fordista e pelo modelo político econômico keynesiano. 
Corrêa (2000) observa que há diversas formas de definir o neoliberalismo: no nível econômico-social, no nível cultural e ético político e no nível educacional. Do ponto de vista político ideológico é uma superestrutura que acompanha a transformação histórica do capitalismo moderno. 
O neoliberalismo é [...] um programa de reformas e ajustes estruturais de efeito ampliado pelo monopólio da ciência e das novas tecnologias, o que possibilitou uma expansão do capital até atingir a etapa da globalização. (CORRÊA, 2005, P. 37)
No nível econômico-social apresenta-se rígido no controle da produção e circulações comerciais, envolvendo mercadorias e capitais, de modo a garantir a concentração de riquezas dos países desenvolvidos e acentuar com bastante clareza as desigualdades sociais. No que se refere ao nível cultural e ético político o neoliberalismo se define como modelo ideal das consciências das pessoas em que apontam o sistema capitalista como o único viável para sua realidade de organização social, política e econômica. E no nível educacional o neoliberalismo trata a educação, a cultura e a política com a mesma teoria da economia de mercado. 
Segundo Bianchett (2005, p. 21) o neoliberalismo é “[...] um movimento político-econômico heterogêneo consolidado nos países desenvolvidos, em meados dos anos 70”, sendo uma manifestação contemporânea, uma etapa da hegemonia que valoriza o status quo capitalista da elite empresarial, dos países desenvolvidos, empresas multinacionais e um modelo que ocasiona complicadores como o desemprego, baixos salários, aumento das diferenças sociais e dependência do capital internacional para os países subdesenvolvidos e pobres. 
O autor expõe que o neoliberalismo olha a democracia como mecanismo de mercado, de escolha de governos, de autorizar governos por parte de uma elite pluralista, que propõe o desmantelamento de instituições sociais com finalidade de diminuir os riscos derivados das flutuações que se produzem no funcionamento do livre mercado, limitando à democracia, tornando-a restrita porque a elite tem medo de perder o domínio, ou seja, defendem um conjunto de ideias políticas econômicascapitalistas sem a participação do estado, uma economia mais competitiva, desenvolvimento tecnológico, queda de preços e inflação dos produtos como pontos positivos do neoliberalismo.
[...] a etapa da hegemonia neoliberal que representa um novo modelo de sociedade. [...] o marco histórico-social no qual surge o neoliberalismo nos países de capitalismo desenvolvido e, [...] as consequências que podem ocorrer nos países da periferia capitalista, que adotam este modelo social com o suposto objetivo de integrar-se às novas condições da nova ordem internacional. (BIANCHETTI, 2005, p.19 – 21)
As influências negativas do neoliberalismo sentidas na educação são menos recursos, formação cada vez mais profissionalizante e menos abrangente, privatização do ensino, aprovação em massa para aumentar números de vagas nas escolas privadas, aumento da mão de obra mal remunerada e consequentemente menos consciência crítica.
2.2 Globalização
A globalização é uma nova forma de organização complexa para funcionamento da sociedade mundial conduzida pelos países centrais e dominantes. Organização gerada pela necessidade do capitalismo de se formar uma cadeia global que permita o livre mercado, principalmente no que se refere à produção de mercadorias entre os países, visando à integração econômica, social, cultural e política. 
No dicionário Aurélio, a definição de globalização está relacionada aos termos processo, integração, produção, mercadorias, informações e ao ato ou efeito de globalizar que direcionam para reflexões acerca da complexidade do termo, pois este situa-se como um processo de ligação entre as economias dos diversos países com intuito de uni-los em prol do livre comercio, produção de mercadorias e capitais.
Para Corrêa (2005, p. 30 – 36), a globalização é uma tendência do capitalismo mundial de caráter excludente porque reconfigura as conjunturas locais através de novas formas de identidades culturais, intensificando as desigualdades sociais, econômicas, e culturais dos Estados-nações envolvidos.
Em primeiro lugar a globalização não é apenas mais um dos fenômenos “lá de fora”, porque invade os contextos locais reconfigurando-os através de novas formas de identidades culturais. A influência dessa reestruturação pode ser reconhecida na reconfiguração e/ou intensificação das desigualdades sociais, econômicas e culturais dos Estados-Nações. (CORRÊIA, 2005, p. 30) 
Os efeitos da globalização na educação segundo essa autora são de relações tensas e complexas por ser uma nova organização que visa somente à mão de obra e mercado e, por não serem as mesmas para todos os países. Bem como seria incorreto pensar que eliminaria as diferenças culturais, sociais, políticas e econômica, nesse sentido, os efeitos benéficos se restringem aos países centrais e os negativos aos países periféricos por causa das transformações ocorridas no mercado de trabalho e pelas condições de vida da maioria da população.
As influências complexas e contraditórias da globalização não são as mesmas para todos os países, sendo que seus efeitos benéficos se concentram [...] na Tríade – Estados Unidos Japão e Alemanha- [...] os países ditos periféricos foram mais duramente atingidos pelas acentuadas mudanças no mercado de trabalho e, [...] nas condições de vida da maioria da população. (CORRÊA, 2005, p. 31)
Para Libâneo, Oliveira e Toschi (2011), globalização é uma palavra de difícil conceituação por ser racionalmente complexa e ampla, está na moda, porém, percebe-se que não é passageira é usada para expressar fatores de ordem econômica, social, político e cultural para fins de desenvolvimento do capitalismo no mundo atual. Pressupõe “uma submissão econômica baseada no mercado global competitivo e auto-regulável.”.
 
A palavra globalização está na moda. [...] parece ter vindo para ficar. [...] tem sido usada para expressar uma gama de fatores econômicos, sociais, políticos e culturais que expressa o espírito e a etapa de desenvolvimento do capitalismo em que o mundo se encontra atualmente. (LIBÂNEO, 2011, p. 70)
Esses autores partem do pressuposto que globalização é a aceleração, integração, reestruturação e mundialização do capitalismo, que compreende o progresso da economia, da política, da cultura, da ciência que acabam por propiciar profundas mudanças nos processos de produção e transformações nas condições de vida e trabalho em todos os seguimentos que exige atividade humana. Pressupõe que o trabalhador com mais conhecimento, melhor preparo técnico, mais cultura, mais polivalência e flexibilidade possui características compatíveis com os interesses exigidos pelo mercado atual. 
Esse processo de aceleração, integração, e reestruturação capitalista vem sendo chamado de globalização, ou melhor, de mundialização. [...] entendida como uma estratégia de enfrentamento da crise do capitalismo e de constituição de uma nova ordem econômica mundial. (LIBÂNEO, 2011, p. 74)
Ainda segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2011), foi a partir de 1980 com o capitalismo concorrencial global que os traços, aspectos do capitalismo tornaram-se visíveis e sob o discurso e projeto neoliberal deu impulso e efetivou-se a globalização. Nesse novo contexto de ótica economicista e mercadológica, o desafio da educação está ligado ao novo paradigma de produção e desenvolvimento, de novas tecnologias que exige uma elevada qualificação e educação de qualidade. 
Dessa forma, a educação consiste em capacitar pessoas mais intelectualizadas para o mercado de trabalho, bem como requalifica-las com a finalidade de “satisfazer as exigências do sistema produtivo e formar o consumidor exigente e sofisticado para um mercado diversificado e competitivo”. Novo paradigma que descarta a mobilidade social, a igualdade, as perspectivas de construção de uma educação democrática, equalizadora, formadora e distribuidora de cidadania.
2.3 Características do trabalho docente
As características do trabalho docente estão relacionadas às reformas educacionais sofridas ao longo das transformações ocorridas no mundo do trabalho contemporâneo que trouxeram muitas alterações e exigiram reestruturação do trabalho docente para adequação às exigências dos novos paradigmas como acumulação fordista/taylorismo, toyotismo, neolibelarismo e globalização. 
Nessas transições vividas pelo contexto político, econômico e social, a educação passa por profundas alterações nos seus objetivos, funções e organizações nas esferas federal, estadual e municipal na tentativa de se ajustar as novas demandas a ela apresentadas como novas legislações, diretrizes e estatutos, bem como por ser considerada essencial nos processos de produção e transformações sociais. 
Ou seja, a escola é identificada nas reformas educacionais como espaço de mudanças e o trabalhador docente o principal agente criativo, inovador no processo de transformação da sociedade contemporânea.
Esta conjuntura de crise do capital e a saída proposta produziram novas configurações e regulações na vida social, atingindo os sistemas escolares e os trabalhadores. [...] atingiu diretamente os trabalhadores docentes, pois a intensificação da exploração se expressou também no campo educacional, com novas exigências sobre suas funções, inserido na nova lógica da relação de produção e acumulação em curso na sociedade capitalista. (OLIVEIRA apud CARNEIRO et al, 2011, p. 3-4).
Historicamente as políticas educacionais brasileiras responderam aos anseios do grupo hegemônico, ao neoliberalismo e à globalização em comum acordo com os interesses da elite e classe dominante, passando por processos de descentralização do ensino, financiamentos, avaliações, novas leis, programas, currículos, estatutos/planos político ideológicos, autonomia da escola, entre outros. Libâneo, Oliveira e Toschi (2011, p.153) observam que:
O caráter eletista da educação brasileira fez com que a questão educacional se tornasse um problema apenas com início do processo de industrialização [...] movimentos sociais [...] geraram as condições para [...] a primeira tentativa de elaboraçãode um plano de educação para o país.
Conforme esses autores, os movimentos e leis que antecederam a atual Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional – Lei de nº 9394/96, como o Manifesto dos pioneiros da Educação Nova a Constituição Federal de 1988, já possuíam a preocupação de organizar as políticas educacionais e o trabalho docente mediante estatuto e plano de carreira. Como afirma Libâneo, Oliveira e Toschi (2011, p.278):
A existência de uma carreira constitui condição necessária para a garantia da profissionalização dos que atuam no ensino. [...] na Constituição Federal de 1988, estabelece assegurar estatutos e planos de carreira do magistério público, o que é regulamentado no art. 67 da LDB/96.
As características do trabalho docente estão presentes na organização da profissão nas dimensões trabalhistas, política sindical, e científica, na especificidade da sua função, “o ato de educar” como formadora da identidade do trabalho docente, que carece de formação profissional em universidades para adaptar-se a nova ordem do mercado de trabalho. Na esfera pública, segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2011), o docente deve passar por um processo seletivo ou concurso público que delega sua área e esfera de atuação, tendo como posto de trabalho a escola.
A partir daí constitui-se em real exercício, que se baseará em três componentes para composição da carreira: o salário, a formação, e a jornada de trabalho como princípios de concepção de carreira no trabalho docente. E toda carreira é dotada de organização como ingresso, jornada, piso salarial, progressão, aposentadoria e financiamento da educação para valorização dos profissionais. Atualmente, em âmbito nacional, a carreira docente é regida por planos de cargos, carreira e salários com a finalidade de profissionalização, controle e gerenciamento de conflitos de classes.
[...] a valorização dos profissionais da educação deve ser realizada mediante a garantia, nos planos de carreira, de ingresso exclusivo por concurso público de provas e títulos; licenciamento remunerado para aperfeiçoamento para profissional, piso salarial profissional [...] além de condições adequadas de trabalho. (LIBÂNEO, OLIVEIRA, TOSCHI, 2011, p. 278)
Nessa direção Silva (2007, p. 70) considera que a configuração do trabalho docente ocupa centralidade a partir dos anos 1990 nas reformas educacionais no Brasil com a promulgação da Lei de Diretrizes de Bases – Lei 9394/96, passando, a ter novo princípio educativo, novas preocupações em torno da formação do trabalhador docente e da qualidade da educação, bem como passa a sentir as ações de precarização e flexibilização do trabalho no que se refere à crise estrutural do Estado sob a hegemonia neoliberal.
Desde a Constituição Federal de 1988, é possível identificar novas disposições sobre o estatuto e o funcionamento do trabalho docente, mas foi com a promulgação da Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional (LDB) que as propostas de mudanças foram melhor delineadas. (SILVA, 2007, p.70)
 Silva (2007) no decorrer do seu art. explicita que as políticas de formação e de carreira do trabalho docente individualmente oferece ao profissional docente status ao mesmo tempo em que é marcada pela fragmentação em especialidades e áreas diferenciadas, isto é, ao mesmo tempo em que profissionaliza conduz a desprofissionalização da categoria, a desintelectualização e precarização no coletivo, fragmenta as relações de emprego quando cria, não se cria ou extingue postos de trabalho e funções, apresenta dificuldades salariais, táticas de terceirização de serviços e flexibilizações nos estatutos do magistério e nos planos de cargos, carreira e salários.
Na esfera da formação, encontramos disposições que aparentemente conduzem a um aumento do status social dos docentes, com maior reconhecimento sobre a necessidade de formação e maior destaque aos professores nos programas oficiais de educação. Na esfera das relações de emprego, encontramos disposições que acenam para maior precarização das condições de trabalho, estagnações ou perdas salariais e maiores riscos de perda da estabilidade. (SILVA, 2007, p. 71)
Silva (2007, p.75) relata ainda que a profissionalização do trabalho docente refere-se ao seu processo de trabalho enquanto que a proletarização à valorização do trabalhador docente, isto porque, segundo a autora, profissionalização e proletarização “são conceitos de planos políticos e analíticos distintos, que não podem ser confundidos.”
A seguir refletiremos sobre as implicações dessa nova (des) ordem no contexto do mundo do trabalho contemporâneo para a concepção de carreira do trabalhador docente e para seu plano de cargo, carreira e salário. 
3. PLANO DE CARGO, CARREIRA E SALÁRIOS NO BRASIL
Todo esse processo de transformações, mudanças e reformas no mundo do trabalho contemporâneo serviram para explicar as raízes da crise também na área educacional e na carreira e trabalho docente, e para apontar a necessidade de se criar meios de profissionalização mediante políticas públicas, bem como para organizá-la nos moldes mecanicista e simplificadora do fordismo/ taylorismo, em consonância com modelos organizacionais do mercado de trabalho. Nesse processo, o desafio colocado é o de encontrar um equilíbrio remunerando os professores e demais profissionais da área da educação pela importância do seu cargo e com finalidades externas para realizações de práticas salariais compatíveis com o mercado de trabalho e com intuito de tornar essa carreira mais atrativa por parte dos jovens. Como afirma Gatti et al (2008, p. 8-10) quando explicita sobre atratividade da carreira docente no Brasil.
Em outubro de 2008, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em pronunciamento conjunto por ocasião do Dia Internacional do Professor, revelaram preocupação com a valorização do magistério e com a falta de interesse dos jovens por essa profissão. Tem sido divulgada não só a queda na demanda pelas licenciaturas e no número de formandos, mas também a mudança de perfil do público que busca a docência. Esse conjunto de pesquisas e art.s discute a necessidade de tornar a carreira de professor mais atrativa. (GATTI et al, 2008; GATTI E BARRETTO, 2009).
A opção específica pelo magistério também está inserida no contexto acima colocado. Como explica Valle (2006), repousa sobre algumas lógicas, relacionadas com as representações que se tem de si mesmo, dos significados atribuídos à inserção no mundo do trabalho e, em particular, do exercício da docência.
Na perspectiva de carreira como indicador de valorização, atratividade e profissionalismo docente, os profissionais da educação lutam pela transformação da educação vinculada à luta pela transformação da sociedade. Foi com base nessa perspectiva que estiveram presentes nas discussões sobre educação realizadas pela constituinte, no intuito de consagrar um capítulo da Constituição que atendesse às reivindicações como: carreira, remuneração do trabalho docente/ carreira docente, qualidade da educação, financiamento e jornada de trabalho.
 Nesse sentido, os aspectos históricos relacionados à legislação sobre a construção e profissionalização da carreira docente, seus salários, progressão estão presentes em documentos internacionais e na legislação brasileira, há muito tempo, nos quais se refere ao professor como sendo elemento fundamental no processo de busca por uma educação de qualidade. 
No Brasil os avanços em relação à construção da carreira docente e salários estão sinalizados nas legislações de períodos democráticos, da mesma forma ocorre com financiamento da educação. Nota-se uma maior apreensão de legisladores nesse sentido a partir da Constituição Federal de 1988, no art. 206, inciso V, ao estabelecer que os Estados e municípios devam elaborar planos de cargos, carreira e salários para os profissionais da Educação. Camargo e Jacomini (2011, p. 129) destacam: 
Que orientações legais sobre carreira e salário do professorestão presentes na legislação nacional e em documentos internacionais há bastante tempo, denotando certa compreensão sobre a importância do professor no oferecimento de uma educação de qualidade. No entanto, não se pode falar de continuidade acerca das propostas, pois se percebem movimentos contraditórios em relação à garantia e aos avanços de direitos e à construção de uma carreira e de um salário condigno à condição docente. No Brasil, observa-se que maior preocupação com a carreira e o salário docentes, prescritos na legislação, ocorreu em períodos democráticos, tal como acontece com a vinculação constitucional relativa ao financiamento da educação. 
Documentos e discussões internacionais sobre a carreira e o salário do pessoal docente conforme Camargo e Jacomini (2011) começam a ser intensificados a partir da segunda metade do século XX, após forte desvalorização da carreira do magistério. As discussões e articulações são realizadas pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) e UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), organizações essas que demonstraram estar preocupadas com as condições de trabalho dos profissionais docentes, com a insatisfação no exercício da função, já por duas décadas. 
A OIT nos anos 1950, solicitou a constituição de uma comissão de consultas formada por empregadores e trabalhadores intelectuais. Essa comissão apresenta o primeiro relatório que deixa clara a insatisfação dos trabalhadores docentes com relação às condições de trabalho e consequentemente com as remunerações. Essa mesma organização juntamente com o BIE (Internacional Bureau of Education) organismo da UNESCO responsável pela organização e produção de informações sobre Educação mediante realização de várias reuniões com especialistas estudaram três pontos chaves da insatisfação dos profissionais que são remuneração, a segurança social e os problemas sócios-econômicos.
Camargo e Jacomini (2011) expõem que o primeiro balanço sobre os pontos levantados ocorreu nos anos de 1960, que compreendeu novos pontos como “duração do trabalho, remuneração, folgas, locais e efetivos escolares, cuidados médicos, aposentadoria, alojamento e à participação na definição da política da educação e de formação dos docentes” entre outros. Ainda, nos anos 1960 foi realizada uma conferência da qual participaram 26 países, em que foi estabelecida e aprovada recomendações que cobre o conjunto dos problemas da carreira docente. Recomendações estas relacionadas à formação, seleção, aperfeiçoamento, o acesso à profissão e organização da carreira profissional, com relação à ascensão, promoção, estabilidade no trabalho e medidas disciplinares relacionadas. Porém, Camargo e Jacomini (2011, p. 132-133), dizem que:
É útil perceber, [...] que no período pós-guerra, conhecido como período dos “anos dourados” do desenvolvimento econômico, político e social em termos mundiais, a OIT e a UNESCO já chamavam a atenção mundial para a penúria salarial e as condições de trabalho a que os docentes estavam submetidos em termos internacionais. Além disso, chama a atenção o destaque que o autor dá ao fato de que, num primeiro balanço do processo de implantação das recomendações, perceberam-se dificuldades por conta de restrições orçamentárias, de crise de autoridade do professor e de recrutamento de docentes.
Nas recomendações constavam ainda, de acordo com Camargo e Jacomini (2011) não só os direitos como os comprometimentos dos docentes com o ensino no desempenho de suas funções, como também as condições adequadas de trabalho.
 Nos anos de 1970 os especialistas recrutados pela OIT e UNESCO demonstraram que não conseguiram avançar na direção de três pontos da Recomendação: as restrições orçamentárias, problemas de disciplina e crise de autoridade.
As aplicações da Recomendação tal como são consignadas nos relatórios das organizações (1970 e 1976) deixam poucas ilusões. Não seria útil, a este respeito, fazer alguns estudos regionais - a exemplo daquele iniciado na AL por Lorenzo (1969) – em que seriam examinadas as aplicações, pelos Estados membros, das resoluções tomadas? Estas enquêtes permitiriam melhor confrontar o que se (isto é, a sociedade, o sistema social) espera dos corpos docentes com aquilo que os corpos docentes visam ou desejam realizar a partir de suas formações e do que vivem cotidianamente. (FURTER apud CAMARGO; JACOMINI, 2011, p. 236 e 237)
No documento Recomendação da OIT e UNESCO, aprovada em 1966, é apontada a necessidade dos profissionais da educação terem seu próprio plano de carreira. Explicitam que os princípios gerais da Recomendação nesse sentido têm como objetivo a qualidade da educação, qualificações e competências profissionais. Também estão presentes no documento as orientações a serem consideradas pelos países que fazem parte dessas organizações com a finalidade de elaborarem os planos de carreira de forma a valorizar os profissionais da educação, bem como que deve ser considerada a participação desses profissionais na formulação das políticas educacionais a que se referem, sem qualquer tipo de discriminação. E ainda recomendam que cada país destine recursos suficientes para financiamento da Educação
O reconhecimento da necessidade de os profissionais da educação terem planos de carreira está presente na “Recomendación relativa a la situación del personal docente”, aprovada em 1966. De acordo com os princípios gerais da Recomendação, o progresso e a qualidade da educação dependeriam “primordialmente das qualificações e competências do corpo docente”, e a realização das finalidades e objetivos da Educação exigiria “que os professores desfrutem de uma condição justa e que a profissão docente goze do respeito público que merece”. (OIT/UNESCO, 1966, p. 26)
No balanço realizado nos anos de 1970, consta que as questões orçamentárias e o financiamento da educação são limitadores para se cumprir as recomendações do documento. Nesse balanço é citado que a falta de reconhecimento por parte das autoridades pelo “melhoramento da situação econômica social dos professores” interfere nas condições de vida e trabalho, bem como torna a carreira pouco atrativa, levando-a escassez desses profissionais no mercado de trabalho.
 Camargo e Jacomini (2011) explicitam que o documento assinala a necessidade de melhorar também os cursos de formação inicial nas academias de maneira a tornar a carreira atrativa e os acadêmicos com formação adequada para o exercício do magistério e destaca a formação continuada para aperfeiçoamento profissional com a finalidade de melhorar as práticas pedagógicas de ensino aprendizagem dos profissionais já atuantes no mercado de trabalho e dos iniciantes. O documento sugere reconhecimento internacional da titulação e formação docente e traz orientações aos países, estados e municípios para a elaboração dos planos de carreira na educação.
Um plano de cargo, carreira e salário que contemplem a trajetória da vida profissional do trabalhador em relação à carreira e não afete a sua subjetividade, contemple um conjunto de atribuições com os princípios fundamentais de universalidade, equivalência de cargos, publicidade, gestão partilhada nos moldes da participação coletiva. Plano esse que apresente políticas claras, definidas de acordo com associações, sindicatos e organizações de professores, ascensão e promoção conforme qualificação requerida em concurso público, estabilidade e segurança no emprego, respeitem a jornada de trabalho em período parcial e o direito a dois vínculos empregatícios como consta na Constituição brasileira de 1988, enfim que contemplem os direitos e deveres do trabalhador docente.
Camargo e Jacomini (2011) observam que as orientações internacionais para que os países elaborassem juntamente com seus estados, municípios planos de carreira e remuneração para os profissionais da educação foram também discutidas em conferências como a realizada em Joimtien - Tailândia (1990) e Dakar Senegal (2000), em que se reconhece, com todas as letras, a importância da carreirae da remuneração docente para a implantação de uma educação de qualidade:
O proeminente papel do professor e demais profissionais da educação no provimento de educação básica de qualidade deverá ser reconhecido e desenvolvido, de forma a otimizar sua contribuição. Isso irá implicar a adoção de medidas para garantir o respeito aos seus direitos sindicais e liberdades profissionais e melhorar suas condições e status de trabalho, principalmente em relação à sua contratação, formação inicial, capacitação em serviço, remuneração e possibilidades de desenvolvimento na carreira docente, bem como para permitir ao pessoal docente a plena satisfação de suas aspirações e o cumprimento satisfatório de suas obrigações sociais e responsabilidades éticas. (UNESCO, 1998 apud CAMARGO, JACOMINI, 2011, p. 139 - 140) 
Isso porque o plano de cargos, carreira e salário na área pública de trabalho é uma das maneiras de adquirir progressão vertical e horizontal na carreira docente, por meio de nível de formação e tempo de serviço, aumento salarial real, análise de ganhos e perdas, definição, estrutura das funções, e de discutir toda a política de organização profissional a que se refere. É um documento público que normatiza, estrutura e oficializa as relações de trabalho entre os profissionais da educação, as políticas públicas e as secretarias de educação nas esferas federal, estadual e municipal, definindo as políticas gerais, critérios de enquadramento, remuneração, incentivo, promoção, ascensão e avaliação dos profissionais da educação.
3.1 Planos de Cargos, Carreira e Salários do Profissional da Educação na Legislação Nacional.
Para Camargo e Jacomini (2011, p. 142) os planos de carreira e salários docentes estão presentes em Decreto Imperial de D. Pedro I, datado de 15 de outubro de 1827 constando informações importantes relacionadas à ideia de uma carreira, de remuneração e formação docente. O período do Império no Brasil foi caracterizado por mudanças propostas no campo do governo geral e para as províncias, com a finalidade de oferecer condição ao trabalho docente e “estabelecer garantias de remuneração, formação inicial, regras para processos de seleção, entre outras, para a realização do trabalho do professor nas escolas públicas”.
No período republicano, historicamente a partir da primeira Constituição Federal começa a aparecer informações importantes, presentes nos planos de carreira e salário dos profissionais da educação atual. A Constituição de 1934 sob a influência do “Manifesto dos Pioneiros de 1932”, que assinalavam para a necessidade de uma seleção pública dos professores e formação em nível superior em universidades ou escolas normais, estabelece como obrigatoriedade a elaboração do Plano Nacional de Educação, entretanto esse plano não foi efetivado. 
 Nessa Constituição estão explicitados art.s, incisos, parágrafos e alíneas relacionados à educação e com relação aos docentes cita algumas alusões específicas no capítulo “Dos Direitos e Garantias Individuais” tais como: constar no Plano nacional de educação no art. 158 a obrigatoriedade dos concursos para magistério e os contratos temporários mantidos atualmente. No capítulo que trata das carreiras de todos os funcionários públicos também se refere aos direitos docentes ao tratar da estabilidade com entrada somente via concurso público, férias, licenças, aposentadoria, invalidez, veto contra o acúmulo de cargos, estatutos para consolidar direitos e deveres dos servidores públicos, inclusive do professor. Como assinala Camargo e Jacomini:
No capítulo “dos Funcionários Públicos” uma série de elementos que também irão compor direitos dos quadros docentes das redes públicas, tais como: estabilidade; ingresso exclusivo por concurso público; férias, licenças, procedimentos nos casos de aposentadoria e invalidez; vedação de acúmulo de cargos; necessidade de estabelecimento de estatutos que consolidassem seus direitos e deveres, entre outros. É nesse capítulo que também se encontra a disposição sobre acúmulo de cargos públicos e que diz respeito diretamente ao professor, pois definia: “Excetuam-se os cargos do magistério e técnico científicos, que poderão ser exercidos cumulativamente, ainda que por funcionário administrativo, desde que haja compatibilidade dos horários de serviço” (CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1934 apud CAMARGO; JACOMINI, 2011, p.145-46).
Na Constituição de 1937, período de instalação do Estado Novo e Ditadura do governo do então presidente Getúlio Vargas, apesar de haver capítulo para a educação, de acordo com Camargo e Jacomini (2011) pouco se refere ao plano nacional de educação e direitos para o professor. Repetem-se praticamente todos os art.s, incisos, parágrafos e alíneas relacionados a todo funcionalismo, presentes na Constituição de 1934.
Na Constituição de 1946, Camargo e Jacomini (2011) esclarece que se retomam alguns aspectos relacionados à Constituição de 1934 prevendo parcerias entre empregadores daquele contexto e trabalhadores menores para fins de aprendizagens, respeito aos direitos dos professores, essa constituição manteve o ingresso na carreira por meio de concurso, títulos e prova e o direto a estabilidade para os professores que dessa forma ingressasse na carreira e mencionava a possibilidade dos trabalhadores docentes ter direito a dois vínculos empregatício, desde que um cargo fosse técnico e outro científico e não houvesse incompatibilidade de horário, como ocorre até os dias atuais. 
Ainda com relação a salário dos professores, a Lei Orgânica do Ensino Normal, Decreto-Lei n. 8.530 de 1946, previa que “aos professores de ensino normal será assegurado remuneração condigna providenciarão no sentido de obterem contínuo aperfeiçoamento técnico do professorado das suas escolas primárias”. (art. 49). Ela também previa que o provimento dos professores em caráter efetivo deveria ser por meio de concurso público.
A Lei Orgânica do ensino primário, Decreto-Lei n. 8.529, de 1946, não fazia referência ao salário e à carreira dos professores, mas estabelecia, no art. 35, que “os poderes públicos providenciarão no sentido de obterem contínuo aperfeiçoamento técnico do professorado das suas escolas primárias”. (CAMARGO E JACOMINI, 2011, P. 147-48)
Na Constituição de 1967, instituída no período militar, estabeleceu que o plano Nacional de Educação e de saúde seria de responsabilidade da união. E de acordo com Camargo e Jacomini (2011, p. 148-49) a união passaria a “legislar sobre as diretrizes e bases da Educação nacional e as condições de capacidade para o exercício das profissões liberais e técnico- científicas.” Em relação aos funcionários públicos dispõe que somente juiz e professor poderiam acumular dois cargos. 
No capítulo da Educação expõe sobre o acesso de verbas públicas ao setor privado de ensino e que o ensino posterior ao primário seria gratuito apenas para os que realmente não apresentasse recursos suficientes para manterem-se nas escolas. No tocante aos trabalhadores docentes, como princípio trazia que, “o provimento dos cargos iniciais e finais das carreiras do magistério de grau médio e superior será feito, sempre, mediante prova de habilitação, consistindo em concurso público de provas e títulos quando se tratar de ensino oficial”. Na Emenda Constitucional foi outorgada no ano de 1969, porém, pouca mudança foi sentida para a carreira do magistério.
A primeira Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional (Lei nº 4.024/1961), antecipava alguns aspectos sobre remuneração digna aos professores, formação inicial, registro desses profissionais no Ministério da Educação (MEC). Porém nada relacionado a plano de carreira e salário para essa categoria de profissionais. Somente no art. 60 confirmava o ingresso dos professores na carreira docente via concurso de títulos e provas. 
A Lei 5.540 de 28 de novembro de 1968, conhecida como a lei das reformas universitárias, principalmente na área das licenciaturas, implanta normas de organização e funcionamento para o ensino superior em consonância com o ensino médio. Já naLei 5692/1971 que esteve em vigor até que a Lei de Diretrizes de Bases de 1996 fosse aprovada e sancionada, mantém diversos aspectos da lei 5.540/1968. As políticas públicas relacionadas à vida laboral, como carreira, remuneração do trabalhador docente e financiamentos para a educação ficaram mais claros na LDB 5.692/1971, como também faz considerações sobre a formação profissional dos professores e dos demais profissionais que compõem o quadro da educação. A Lei de Diretrizes e Bases 5.692/71 prevê mudanças estruturais nas políticas públicas para educação de maneira geral, com o objetivo de atualizar e modernizar a educação nacional.
No art. 38, previa-se que “os sistemas de ensino estimularão, mediante planejamento apropriado, o aperfeiçoamento e atualização constantes dos seus professores e especialistas de Educação” e, finalmente, determinava-se que os sistemas de ensino deveriam “fixar a remuneração dos professores e especialistas de ensino de 1º e 2º graus, tendo em vista a maior qualificação em cursos e estágios de formação, aperfeiçoamento ou especialização, sem distinção de graus escolares em que atuem” (LDB, 1971, art. 39) 
Nessa Lei, no que se refere aos docentes, é possível observar menor valorização quanto ao seu status, uma vez que o professor tem criatividade restrita, é visto como especialista executor de técnicas de manuais, havendo certo distanciamento entre o que era proposto pela lei e a realidade. Camargo e Jacomini (201, p. 151-152) esclarecem que essa lei favorecia as especialidades e áreas técnicas, bem como as modalidades de ensino público seriam regidas por estatutos próprios, obedecendo regras do MEC e leis maiores. A educação da rede privada deveria seguir regiamente as Leis do trabalho. Contudo, deve-se observado que a Lei de Diretrizes e Bases de 5692/ 1971 foi elaborada ainda em contexto de governo militar, e sob a influência da concepção liberal tecnicista, em que se previa o aperfeiçoamento por especialidades e fragmentação das profissões no mundo do trabalho contemporâneo. Portanto, não poderia prevê outra situação a não ser atender ao sistema de governo vigente e as demandas mundiais de mercado que passava por séria crise econômica e diversas transformações.
Os planos de cargo, carreira e salário com a finalidade de tornar a carreira docente atrativa, dar ar de profissionalização, reter esses profissionais atuando na profissão, manter equilíbrio e isonomia salarial, motivar os trabalhadores docentes, bem como para prevenção de conflitos trabalhistas, somente se consolidou com a Constituição Federal, promulgada em 05 de outubro de 1988, após muitas lutas, movimentos dos profissionais da Educação amparados por suas associações e sindicatos. A consolidação está posta na Constituição Federal de 1988, Capítulo III, art. 206, inciso V, que é inteiramente dedicado à Educação, em que define a Educação como direito de todos; explicita que a valorização dos profissionais da educação deve ser garantida, mediante planos de carreira e lei do piso salarial para o magistério público. 
V – valorização dos profissionais de ensino, garantidos, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos. 
Após a Constituição de 1988, houve várias emendas constitucionais, entre elas EC nº 14, de 24 de dezembro de 1996, que dispõe sobre os recursos para a manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental e valorização do magistério. Em consonância com essa Emenda Constitucional, a Lei de nº 9.424/1996, que cria o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), assegura no art. 7º a composição do fundo por meio, arrecadação de impostos, complementados quando necessário pela União, para que Estados, Distrito Federal e municípios destinem sessenta por cento para a remuneração dos profissionais do magistério em efetivo exercício das suas atividades.
A Lei de nº 9.424/1996, art. 9º, instituiu prazo limite para que os Estados, municípios e Distrito Federal se organizassem e construíssem seus planos de cargos, carreiras e salários para o magistério.
Art. 9º - Os Estados, o Distrito Federal e os municípios deverão, no prazo de seis meses da vigência desta Lei, dispor de novo Plano de Carreira e Remuneração do Magistério, de modo a assegurar:
I- a remuneração condigna dos professores do ensino fundamental público, em efetivo exercício no Magistério;
II- o estímulo ao trabalho em sala de aula;
III- a melhoria da qualidade do ensino.
§ 1º - Os novos planos de carreira e remuneração do Magistério deverão contemplar investimentos na capacitação dos professores leigos, os quais passarão a integrar quadro em extinção, de duração de cinco anos.
§ 2º - Aos professores leigos é assegurado prazo de cinco anos para a obtenção da habilitação necessária ao exercício das atividades docentes.
§ 3º - A habilitação a que se refere o parágrafo anterior é condição para ingresso no quadro permanente da carreira conforme os novos planos de carreira e remuneração. 
O investimento de 60% que o FUNDEF institui para que federação, estados, municípios destinem aos trabalhadores da educação, de forma que tenham remuneração condigna, demonstra a relevância do profissional docente para a economia da sociedade, por ser esse um dos principais impulsionadores das mudanças no mundo do trabalho atual. A legislação em cada período histórico até aqui citado, expõe os interesses em disputa de forma diferenciada entre o principal agente do ato docente, empresários e representantes governamentais. 
No entanto, segundo Camargo e Jacomini (2011, p.154), os prazos determinados pelo art. 9º da lei do FUNDEF não foram respeitados. Os Estados e municípios têm cumprido vagarosamente a Lei nº 9.424/1996 que foi substituída pela Lei 11.494/2007 que cria o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB, que redefine a aplicação dos recursos na manutenção e desenvolvimento do ensino, passando a contemplar toda a educação básica. O Caderno de Subsídios ao Ministério Público para Acompanhamento do FUNDEB (2008, p. 28-31) explicita que a não criação ou implantação do plano de carreira para os profissionais da Educação Básica e a não destinação dos sessenta por cento de arrecadação para remuneração dos trabalhadores docente é ilícito e caberá investigação. Isso por que: 
Em atenção ao princípio constitucional da valorização do magistério (art. 206, V da CF, art. 40 da Lei nº 11.494/2007, art. 67 da Lei nº 9.394/1996, e item 10.3.1 do Plano Nacional de Educação, a que se refere a Lei nº 10.172/2001), os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão implantar Planos de Carreira e Remuneração dos profissionais da educação básica, de modo a assegurar remuneração condigna, integração entre o trabalho individual e a proposta pedagógica da escola, e a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem, inclusive mediante programas de capacitação profissional. [...] Os recursos do Fundeb são originários dos 25% dos impostos e transferências vinculados à educação por força do disposto no art. 212 da Constituição Federal, que prevê que tal percentual seja aplicado anualmente na manutenção e no desenvolvimento do ensino. Assim, os critérios inerentes à utilização destes recursos devem guardar consonância com essa periodicidade anual (art. 21 da Lei nº 11.494/2007). A destinação da parcela mínima dos 60% do Fundeb para remuneração do magistério deve, portanto, ser cumprida anualmente, não caracterizando irregularidade a eventual inobservância deste limite em determinado mês ou parte de um determinado ano. 
Sobre Plano de Cargo, Carreira e Salários, além do exposto na Constituição Federal de 1988, art. 206, inciso V, na EC nº 14/1996, na Lei nº 11.494/2007 do FUNDEB, que assegura a valorização profissional na forma da lei, assegura também regime jurídico único por parte da união. Porém, a constituição remete esta problemática para outras

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