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Tópicos de Atuação Profissional - Pedagogia - Unidade ll

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5 Educação SociaL
5.1 Breve histórico
Ao pensarmos em educação, podemos compreendê-la pelas mais variadas concepções. Desta forma, 
escolhemos a de Maturana (1999), para quem a educação é um processo de interação que ocorre o 
tempo todo, ou seja, o conviver em sociedade é o que permite a troca entre o educando e o educador. 
Vista por esse ângulo, a educação não pode acontecer apenas em instituições escolares, mas em espaços 
não escolares.
Partindo desse conceito, a educação é um processo que sofre interferências subjetivas como 
questões culturais e históricas, que permeiam nossa vida. Essa ideia passou a ser nomeada como 
educação social que, segundo Paulo Freire (2008), é um processo de formação humana, ou de 
humanização. As ideias centrais de Paulo Freire dizem respeito à necessidade de se construir uma 
educação prioritariamente democrática, que seja capaz de levar o educando de uma consciência 
ingênua à consciência crítica. Para que isso se torne possível, os métodos pedagógicos devem 
proporcionar ao educando a compreensão crítica dos problemas que envolvem seu bairro, seu país e 
mundo.
Freire não propõe apenas a mudança de concepções de educação, mas a modificação do 
espaço físico: se, na educação formal, as salas de aula com carteiras enfileiradas são condições 
para o aprendizado, para o autor, a educação social pode construir-se em espaços não escolares, 
organizados em círculos para o debate de temas socialmente relevantes entre educadores e 
educandos.
A origem latino-americana, a nacionalidade brasileira, a regionalidade nordestina e a experiência 
empírica desenvolvida no Estado do Rio Grande do Norte fazem-nos optar por um estudo mais 
aprofundado do legado de Paulo Freire para a compreensão mais ampliada da educação social. Os 
motivos que julgamos centrais para essa escolha são: sua contribuição no plano do contato efetivo 
com a realidade local dos excluídos no contexto imediato que nos cerca e seu caráter crítico, reflexivo e 
pesquisador da teoria desenvolvida. Assim, é inquestionável a importância dos estudos de Freire como 
marco teórico para compreensão e reflexão sobre a Pedagogia Social nos contextos não escolares de 
educação social.
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Figura 23 – Paulo Freire
Para compreender a Pedagogia Social, é preciso entender também o contexto histórico em 
que ela surge. A educação formal sempre foi privilégio das classes mais abastadas, ou seja, 
das detentoras do poder, mas durante os séculos XX e XXI, percebeu-se que as classes menos 
favorecidas recebiam educação de pouca qualidade, isso gerava uma exclusão daqueles que já 
estavam nessa situação.
 observação
Paulo Freire atuou também em cargos políticos: de 1 de janeiro de 1989 
a 27 de maio de 1991 foi Secretário da Educação da Cidade de São Paulo.
5.1.1 A iniciativa das ONGs
Na tentativa de reinserir ou inserir socialmente aqueles que foram excluídos, foram criadas as 
iniciativas de Organizações Não Governamentais (ONGs), bem como de instituições públicas a fim de 
desenvolverem políticas compensatórias de formação dos excluídos que compõem a massa das classes 
populares.
Na sua maioria, esses projetos referenciam uma educação voltada à 
cidadania, não mais no sentido da garantia da participação e organização da 
população civil, na luta contra o regime militar, tal como ocorria no período 
dos anos 1970 e 1980, mas no sentido de uma cidadania ressignificada para 
o exercício da civilidade, da responsabilidade e para a responsabilização 
social de todos (MOURA apud MAKARENKO, 1989, p. 229).
A partir de 1990, as ONGs difundiram-se país afora. O projeto de educação social no Brasil deslocou-
se para a esfera de organizações que geram recursos próprios e lutam na perspectiva lucrativa por 
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acesso aos fundos públicos. Com isso, a economia informal, ou terceiro setor, passou a ser um dos 
principais espaços de realização da educação social. Diante do crescente aumento das ONGs, nasceu a 
necessidade de qualificação de seus quadros de educadores sociais.
O Banco Mundial, a partir dos anos 1990, como agência financiadora da educação em países em 
desenvolvimento, estabeleceu diálogos e parcerias com as ONGs. Diante desse incentivo, o terceiro 
setor passou a se caracterizar como o novo setor favorável no plano da economia social. Com sua 
expansão, o desenvolvimento sustentável criou e desenvolveu frentes de trabalho, estruturou-se 
como uma empresa que se autodenominou cidadã e que tornou-se o foco inicial de contestação 
dos educadores sociais progressistas. O eixo articulatório que passou a fundamentar a participação 
na educação social nos anos 1990 é dado pelo princípio da lucratividade e da economia. Causas 
humanitárias também passaram a agregar valor às entidades, como organização pela paz, contra 
fome, contra violência, entre outros temas. Esta nova era econômica, política e social, na qual os 
conflitos sociais não são apenas pela distribuição de trabalho e renda, mas também de ordem de 
interpretação sobre o sentido de justiça, confere um importante papel a todos os processos de gestão 
social e política.
Conforme Moacir Gadotti:
A integração entre formação e trabalho constitui-se na maneira de sair da 
alienação crescente, reunificando o homem com a sociedade. Essa unidade, 
segundo Marx, deve dar-se desde a infância. O tripé básico da educação 
para todos é o ensino intelectual (cultura geral), desenvolvimento físico 
(ginástica e esporte) e o aprendizado profissional polivalente (técnico e 
científico) (GADOTTI, 1984, p. 54-55).
Os educadores sociais buscam recriar alternativas pedagógicas repensando a realidade que os 
cercam, ou seja, a comunidade em que estão inseridos, pois conhecem a necessidade de formação. 
Já os educandos, por sua vez, são percebidos como responsáveis por todos os trabalhos e saberes 
que devem ser elevados, devendo relacionar-se diretamente à sua sobrevivência. Os acolhidos em 
contexto de educação social participam, constroem e implementam a composição dessa ideia de 
educação.
A educação social deve realizar-se em todos os contextos nos quais se desenvolve a vida do 
ser humano, dentro e fora da instituição escolar, por exemplo. Apesar de sua larga contribuição 
nos espaços não formais de educação, reconhecemos que não se pode definir exclusivamente por 
opção praxiológica para espaços não escolares. Concordamos com Ortega (1999), ao assinalar que 
pensar assim implica em uma redução das possibilidades de extensão dela. Portanto, entendemos 
que é necessário que mesmo os educadores que veicularão seu trabalho em espaços escolares 
tomem ciência desse referencial teórico, tão necessário no enfrentamento dos contextos de 
exclusão social.
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Figura 24 – Escola solidária
5.2 Pedagogia Social
A sociedade de hoje é pedagógica. Há muito mais educação fora do que dentro do sistema escolar, 
essa noção é reforçada quando nos lembramos do objetivo da educação “ao longo da vida” propugnado 
no Relatório Delores. Nesses tempos, a educação social deve, antes de tudo, mediar uma aprendizagem 
para o “ser” e para o “conviver” em comunidade. O objetivo maior que persegue a educação social pode 
sintetizar-se como um contributo para que o indivíduo se associe no meio social com capacidade crítica 
para melhorá-lo e transformá-lo (Ortega, 1999).
A Pedagogia Social encoraja os grupos marginalizados e as comunidades 
marginalizadas a construir alianças políticas umas com as outras e, dessa 
forma, erradicar a homogeneidade cultural, interpretando e reconstruindo sua 
própria história. Como parte de um esforço planejadode luta anticapitalista, 
a Pedagogia Social procura estabelecer a igualdade social e econômica em 
contraste com a ideologia conservadora e liberal de oportunidade igual, que 
mascara a distribuição desigual existente de poder e de riqueza (McLAREN, 
2002, p. 106).
O fortalecimento do debate da educação social tem se dado pela interlocução desenvolvida com 
a Pedagogia Social, como teoria e como prática de intervenção educativa, que tem impulsionado a 
oferta de uma formação acadêmica específica, concomitante com a consolidação do campo de atuação 
profissional.
O significado científico, disciplinar e intervencionista da Pedagogia Social apresenta conceitos 
diversificados, acumulados no tempo em função dos contextos em que se tem desenvolvido, tal como 
ocorre com a Pedagogia na perspectiva ampliada. Portanto, torna-se necessário conhecer o processo 
epistemológico do pensamento sobre a Pedagogia Social para se estabelecer diálogos e fronteiras com 
a educação não escolar, muitas vezes, nomeada de sociocomunitária.
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A Pedagogia Social vem com o propósito de melhorar a vida das pessoas que enfrentam dificuldades 
pela exclusão social, visando a promover o pleno exercício da cidadania. Na assistência social, existem 
âmbitos que desenvolvem projetos para a educação de adultos, educação de jovens para a inclusão 
social, a orientação escolar dos alunos atingidos por condicionamentos sociais (pobreza, exclusão social, 
desagregação e trabalho familiar). Considerando a diversidade de práticas pertencentes à Pedagogia 
Social, Soares aponta que:
O âmbito referencial da Pedagogia Social está formado por todos os 
processos educativos que compartilham no mínimo, dois ou três dos 
seguintes atributos: dirigem-se prioritariamente ao desenvolvimento da 
sociabilidade dos sujeitos; têm como destinatários privilegiados indivíduos 
ou grupos em situações de conflito social; têm lugar em contextos ou por 
meios educativos não formais (SOARES, 2003, p. 121).
Atividades coletivas, que são organizadas na própria comunidade, podem favorecer os educandos a 
interagir socialmente, bem como reconhecer que o conhecimento se dá em relação ao outro por meio 
da participação social.
5.2.1 Pedagogia Social e espaços não escolares
Se, no passado, a escola era o único espaço que poderia ser considerado como fonte de formação e 
informação, atualmente essa ideia já não é mais aceitável, pois se entende que a educação ultrapassou os 
muros escolares. O espaço de aprendizagem se ampliou, ultrapassou os limites das instituições escolares 
formais, passou a incluir instituições não escolares (empresas, sindicatos, meios de comunicação) e 
também os movimentos sociais organizados.
No século XXI, um novo panorama educacional se anuncia sobre a educação para o profissional 
que se insere no mercado de trabalho, sob diversas abrangências. Atualmente, muito se discute sobre 
globalização, neoliberalismo, terceiro setor, educação on-line, em função da nova estrutura social 
firmada, que exige profissionais cada vez mais qualificados, flexíveis e preparados para atuarem neste 
cenário ampliado e competitivo.
Em consequência da atual realidade em que se encontra a sociedade, a educação transformou-se 
no foco principal para enfrentar os desafios gerados pela globalização e pelo avanço tecnológico, a tão 
inovadora e desafiadora Era da Informação. Também tem sido entendida pelas políticas assistenciais 
como foco para transformar a situação de miséria, tanto intelectual quanto econômica, política e social 
do povo, promovendo acesso à sociedade daqueles que são vistos como excluídos.
O modelo da educação assistencial é uma forma de caracterizar a exclusão 
com face de inclusão, pela benevolência do Estado frente à “carência dos 
indivíduos”. Essa se dá também nas políticas sociais das sociedades capitalistas 
desenvolvidas, uma vez que, no limite, o conflito capital trabalho permanece 
mantendo a desigualdade social. Mesmo ampliando-se a qualidade e 
quantidade do usufruto de bens e serviços pela força do trabalho, o Estado 
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burguês permanece pautado na “distributividade” das soluções nos limites 
dos interesses do capital (SPOSATI apud GADOTTI, 2000, p. 31).
Assim, as políticas sociais têm se pautado no modelo de sociedade, isto é, a construção política é 
marcada e modificada por valores culturais e princípios que são adotados em cada sociedade, por isso 
suas possibilidades de transformação. Diante disso, Maria da Glória Gohn explica:
Os efeitos da crise econômica globalizada e a rapidez das mudanças na era 
da informação levaram a questão social para o primeiro plano, e com ela o 
processo da exclusão social, que já não se limita à categoria das camadas 
populares, possibilitando o debate para a transformação da sociedade numa 
sociedade mais justa e igualitária (GOHN, 2001, p. 9).
No contexto atual, a educação sofre mudanças em seu conceito, pois deixa de ser restrita ao 
processo de ensino-aprendizagem em espaços escolares formais, transpondo-se dos muros da escola 
para diferentes e diversos segmentos como: ONGs, família, trabalho, lazer, igreja, sindicatos, clubes etc. 
Abre-se assim um novo espaço para a educação: o campo da educação não formal, ou melhor, para 
educação não escolar.
Apesar de os problemas da educação escolar estarem relacionados a questões tão antigas quanto 
à própria escola, os motivos geradores das questões atuais são muito mais amplos e diversificados. 
Talvez mais do que em qualquer outra época, as referências à crise da educação no contexto atual 
remetem para condicionantes econômicos, sociais, político e ideológicos muito diversificados e, 
consequentemente, as explicações produzidas e divulgadas são hoje mais heterogêneas e contraditórias 
(Afonso, 2001).
Não podemos esquecer que a crise da educação, para ser compreendida, precisa levar em consideração 
alguns pontos decisivos: as condições atuais de expansão e internacionalização da economia capitalista 
num contexto de hegemonia ideológica neoliberal, a emergência do “capitalismo informacional”, as 
mutações aceleradas nas formas de organização do trabalho e a inevitabilidade, ideologicamente 
construída, do desemprego estrutural, afetam, sobretudo, as novas gerações.
A crise da educação a permeabilidade e vulnerabilidade em função das pressões sociais, pressões que 
permitem que os espaços educativos, quase sempre passivamente tornam-se o “bode expiatório” para 
as crises econômicas cada vez mais frequentes. Os discursos da teoria do capital humano que induzem 
os cidadãos a pensar que a falta de emprego é devida a não qualificação dos indivíduos, sendo essa, por 
sua vez, acriticamente atribuída à incapacidade estrutural das propostas educativas para preparar os 
estudantes em função das (supostas) necessidades da economia (Afonso, 2001).
Um dos grandes problemas da educação encontra-se na grande desvalorização da sociedade em 
relação à educação, pois não se acredita que por meio da educação o indivíduo possa assegurar uma 
colocação no mercado de trabalho. Dessa forma, a educação precisa assumir novos rumos à medida que 
os problemas sociais aumentam, diversificam-se e tornam-se mais complexos.
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É indiscutível que a educação social tenha se popularizado, pois com a vida moderna, o tempo 
escasso e o advento da internet, novos espaços para a aprendizagem tornaram-se necessários. Como 
exemplo disso, a emergência dos novos lugares imateriais e virtuais de educação não escolar que 
configuram o ciberespaço, ou os contextos, não menos fluidos e de fronteiras também instáveis, que 
se relacionam demasiadamente com a chamada sociedade cognitiva (Brandão, 1986). Razão pela qual 
temos que refletir maisaprofundadamente sobre os dilemas e os desafios futuros que derivam do fato 
de o campo da educação não escolar ser disputado por muitos e diferentes interesses, contraditórios às 
racionalidades políticas e pedagógicas.
A regulamentação dos espaços não escolares acontece com as diretrizes curriculares, a partir de 2005, 
em que o curso de Pedagogia aborda necessária a formação de profissionais para a Educação Infantil e 
nos anos iniciais do Ensino Fundamental, formação de professores, bem como uma formação voltada 
para o planejamento, gestão e avaliação escolar e ainda, planejar, executar, coordenar, acompanhar e 
avaliar projetos e experiências educativas não escolares.
5.2.2 O pedagogo em programas assistenciais
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia, por meio da Resolução 
do Conselho Nacional de Educação, o profissional de Pedagogia deve ser capaz de trabalhar em 
espaços escolares e não escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do 
desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo. Além disso, o 
estágio curricular deverá contemplar a experiência de exercício profissional em ambientes escolares e 
não escolares. (BRASIL, 2006).
A formação integral do pedagogo exige, sobretudo, uma avaliação sobre a situação de vulnerabilidade 
e análise sobre as necessidades, identificando e agrupando as demandas como subsídios para a construção 
da proposta de intervenção sociopedagógica, de modo a não ser reduzido a uma recomendação para o 
espontaneísmo individual e solitário de alguns profissionais.
O conceito formação é geralmente associado a alguma atividade, sempre 
que se trata de formação para algo. Assim, a formação pode ser entendida 
como função social de transmissão de saberes, de saber fazer ou de saber-
ser que se exerce em benefício do sistema socioeconômico, ou da cultura 
dominante. A formação pode também ser entendida como um processo de 
desenvolvimento e de estruturação da pessoa que se realiza com um duplo 
efeito de uma maturação interna e de possibilidades de aprendizagem, de 
experiências dos sujeitos. Por último, é possível falar-se de formação como 
instituição, quando nos referimos à estrutura organizacional que planifica 
e desenvolve as atividades de formação. A formação pode adotar diferentes 
aspectos conforme se considera o ponto de vista do objeto, ou do sujeito 
(GARCIA, 1999, p. 19).
O autor afirma ainda que se pressuponha engajamento, vontade e desejo do profissional 
em relação à formação. O indivíduo é o responsável último pela ativação e desenvolvimento 
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dos processos formativos, o que não significa dizer que ele seja autônoma, mas dependente 
fundamentalmente do querer ser e estar no espaço de formação e atuação como docente para que 
a práxis seja significativa.
De acordo com Ryynannen (2009), pesquisadora finlandesa, o Brasil está em fase crescente de 
estudos sobre Pedagogia Social. Segundo esta autora:
Posso afirmar que o Brasil está em fase de sistematização da Pedagogia 
Social como área de formação. Isso não significa que a Pedagogia Social 
já não exista no país, muito pelo contrário. Ressalta-se que no Brasil a 
história das abordagens que podem ser classificadas como sociopedagógico 
é longa e a tradição sociopedagógica é forte, incluindo, por exemplo, o 
movimento da Educação Social de Rua (ESR), O Movimento Nacional de 
Meninos e Meninas de Rua (MNMMR), e os Centros de Defesa da Criança e 
do Adolescente (RYYNANNEN, 2009, p. 24).
Dessa forma, a educação, em relação às ações sociais, representa um processo de descoberta e tomada 
de consciência desses usuários sobre as suas responsabilidades no exercício de direitos, cumprimento 
de deveres e na organização social por novas conquistas, baseando-se no referencial histórico e cultural 
do povo brasileiro.
A educação para transformação encontra-se além dos muros das creches, escolas e universidades, 
ou seja, está na capacidade de organizar, refletir e produzir conhecimentos que possam ser aplicados 
em espaços coletivos que reconheçam as potencialidades dos indivíduos e a capacidade coletiva de (re)
criar o mundo a partir da inclusão social.
A contribuição da educação para a fundamentação da abordagem nas ações na Pedagogia Social está 
relacionada à base teórica que o pedagogo traz para a reflexão sobre a importância da participação ativa 
das pessoas no processo de aprendizagem e vivências, que consolida a educação para a transformação. 
Contudo, é preciso considerar as diferenças de cada ator social envolvido e, ao mesmo tempo, buscar 
uma linha de atuação que marque as abordagens sob uma lógica comum, evitando, assim, problemas de 
interpretação que gerem conflitos desnecessários e ameacem o trabalho coletivo.
A importância do pedagogo para o exercício da cidadania é na estruturação de um espaço que 
promova a reflexão e/ou ações que acolha conflitos, dificuldades e potencialidades, produzindo 
coletivamente ideias e estimulando novas vivências. Portanto, o trabalho pedagógico em espaços 
não escolares é fruto das exigências expressas pelo mundo contemporâneo no sentido de refletir 
sobre como se alteram as condições de regulação social/desigualdade/poder; ou ainda está atrelada 
à ampliação do campo profissional em virtude da necessidade social. Consequentemente, como foi 
possível notar, a atuação do pedagogo na área da Pedagogia Social deve estar pautada na reflexão, 
no uso de estratégias lúdicas que assegure o direito à educação e permeie o processo de inclusão. 
Assim, o profissional de Pedagogia poderá estabelecer metas, objetivos, estratégias para articulação 
de projetos assistenciais.
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6 PEdaGoGia EMPRESaRiaL
Não há uma forma nem um único modelo de educação; a escola não é o 
único lugar em que ela acontece..., o ensino escolar não é a única prática, 
e o professor profissional não é o seu único praticante. Em casa, na rua, 
na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos 
pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para conviver, todos 
os dias misturamos a vida à educação.
Carlos Brandão
Atualmente, a Pedagogia não é apenas um curso de licenciatura, de formação de professores como 
na sua origem. Segundo Santos (2004, p. 4), “a Pedagogia moderna, entre outras coisas, visa a preparar 
o pedagogo para uma atuação junto às empresas de vários ramos”. Essa tem sido a perspectiva de um 
novo e amplo campo de trabalho para pessoas que desejam trilhar uma nova carreira em uma empresa, 
sem a necessidade de graduar-se na área administrativa e econômica.
A Pedagogia Empresarial busca utilizar técnicas diferenciadas, que são aplicadas de acordo com a 
necessidade do setor ou das pessoas em análise. Segundo Libâneo (1997, p. 132) “a Pedagogia é uma 
área do conhecimento que investiga a realidade educativa no geral e no particular, em que a ciência 
pedagógica pode postular para si”, ou seja, ramos de estudos particulares dedicados aos vários âmbitos 
da prática educativa, complementados com a contribuição das demais ciências ligadas à educação. Por 
outro lado, a atuação do pedagogo vai além de aplicação de técnicas que apenas visam a estabelecer 
políticas educacionais dentro da escola. O conhecimento não deve ser direcionado à Educação Infantil, 
Ensino Fundamental ou outras modalidades da educação como tradicionalmente muitos acreditam que 
deve ser a atuação de um pedagogo.
6.1 Histórico e base legal
O surgimento de qualquer profissão dentro de uma sociedade está ligado a um contexto relacionado 
com a época, com as demandas dentro da realidade na qual está inserida. A atuação do pedagogo nas 
empresas surge na década de 1970 em meio às inovações tecnológicas e organizacionais que tornaram 
possível a reestruturação da produção ea reorganização dos mercados interno e externo. Com o processo 
de globalização, as mudanças no consumo e o comportamento dos consumidores, os processos de 
produção sofreram uma reestruturação que causou a necessidade de desenvolver pessoas capacitadas 
na área da educação para atuar nas empresas.
No Brasil, a Pedagogia Empresarial surgiu vinculada à ideia da necessidade de preparação e formação 
dos Recursos Humanos nas empresas, tido como um fator essencial para o êxito empresarial. Esse 
personagem surge nas empresas com o apoio da Lei nº 6.297 de incentivos fiscais do treinamento. 
Para compreender essa relação de interesse e necessidade das empresas na formação e capacitação do 
trabalhador, é necessário um entendimento sobre a lei que abre caminhos no Brasil para a atuação do 
pedagogo neste ambiente.
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Lei nº 6.297 - de 15 de dezembro de 1975
Dispõe sobre a dedução do lucro tributável, para fins de imposto sobre a 
renda das pessoas jurídicas, do dobro das despesas realizadas em projetos de 
formação profissional, e dá outras providências.
O Presidente da República, faço saber que o Congresso Nacional decreta e 
eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º. As pessoas jurídicas poderão deduzir do lucro tributável, para fins do 
imposto sobre a renda, o dobro das despesas comprovadamente realizadas, 
no período-base, em projetos de formação profissional, previamente 
aprovados pelo Ministério do Trabalho.
Parágrafo único. A dedução a que se refere o caput deste artigo não deverá 
exceder, em cada exercício financeiro, a 10% (dez por cento) do lucro 
tributável, podendo as despesas não deduzidas no exercício financeiro 
correspondente serem transferidas para dedução nos três exercícios 
financeiros subsequentes.
Art. 2º. Considera-se formação profissional, para os efeitos desta Lei, 
as atividades realizadas em território nacional, pelas pessoas jurídicas 
beneficiárias da dedução estabelecida no Art. 1º que objetivam a preparação 
imediata para o trabalho de indivíduos, menores ou maiores, através da 
aprendizagem metódica, da qualificação profissional e do aperfeiçoamento 
e especialização técnica, em todos os níveis.
§ 1º. As despesas realizadas na construção ou instalação de centros de 
formação profissional, inclusive a aquisição de equipamentos, bem como as 
de custeio do ensino de 1º grau para fins de aprendizagem e de formação 
supletiva, do 2º grau e de nível superior, poderão, desde que constantes dos 
programas de formação profissional das pessoas jurídicas beneficiárias, ser 
consideradas para efeitos de dedução.
§ 2º. As despesas efetuadas pelas pessoas jurídicas beneficiárias com os 
aprendizes matriculados nos cursos de aprendizagem a que se referem o Art. 
429 da Consolidação das Leis do Trabalho e o Decreto-lei n.º 8.622, de 10 de 
janeiro de 1946, poderão também ser consideradas para efeitos de dedução.
Art. 3º. As isenções da contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem 
Industrial – Senai – previstas no Art. 5º do Decreto-lei n.º 4.048, de 22 de 
janeiro de 1942; Art. 5º do Decreto-lei n.º 4.936, de 7 de novembro de 1942 
e Art. 4º do Decreto-lei número 6.246, de 5 de fevereiro de 1944, bem como 
as isenções da contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial 
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– Senac – previstas no Art. 6º do Decreto-lei n.º 8.621, de 10 de janeiro de 
1946, não poderão ser concedidas cumulativamente com a dedução de que 
trata o Art. 1º desta Lei.
Art. 4º. O Poder Executivo estabelecerá as condições que deverão ser 
observadas pelas entidades gestoras de contribuições de natureza parafiscal, 
compulsoriamente arrecadadas, nos termos da legislação vigente, para fins 
de formação profissional.
Art. 5º. O Poder Executivo regulamentará a presente Lei no prazo de 60 
(sessenta) dias, contados a partir da data de sua publicação.
Art. 6º. Esta Lei entrará em vigor a 1º de janeiro de 1976, revogadas as 
disposições em contrário.
Brasília, 15 de dezembro de 1975; 154º da Independência e 87º da República. 
(BRASIL, 1975).
Com o apoio da lei, o surgimento do sindicalismo independente e o fato da escola formal não 
atender às expectativas do mercado, a formação profissional passou a ser adquirida no próprio local de 
trabalho e com grande demanda para a formação imediata de profissionais.
6.1.1 O papel do pedagogo
O pedagogo passa a ser o profissional capacitado para atuar dentro dessa realidade, conforme cita 
Urt e Lindquist:
O pedagogo começou a ser chamado para atuar na empresa no final da 
década de sessenta, início de setenta. Os princípios de racionalidade, 
eficiência e produtividade foram transportados da economia para a educação, 
de modo conciliatório com a política desenvolvimentista. A concepção de 
educação que predominava trazia consigo a ideologia desenvolvimentista, 
fundamentada nas teorias do Capital Humano, muito presente no cenário 
nacional, respaldando políticas e ações que visavam ao aperfeiçoamento do 
sistema industrial e econômico capitalista. Na década de 1970, observou-se 
uma crescente automação do processo de trabalho, de novas tecnologias. 
No entanto, a classe trabalhadora encontrava-se totalmente despreparada 
para o estágio de desenvolvimento industrial. O mercado de trabalho passou, 
então, a reclamar a profissionalização dos trabalhadores para acompanhar 
as mutações que estavam ocorrendo no mundo do trabalho, decorrentes 
de transformações tecnológicas. A escola encontrava-se despreparada para 
oferecer contribuições na profissionalização dos trabalhadores para que 
atendessem as perspectivas de desenvolvimento industrial. Sendo assim, 
buscaram-se outros mecanismos situados fora da escola formal para formar 
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o trabalhador viável àquele momento. A formação profissional passou 
a ter seu âmbito cada vez mais definido no local de trabalho ou através 
de treinamentos intensivos, coordenados por instituições ou pela própria 
empresa. (URT; LINDQUIST, 2004, s/n).
Em princípio, o foco da Pedagogia Empresarial era o treinamento e desenvolvimento de pessoal 
nas empresas. As ações realizadas em treinamentos, planejamentos e programação tinham um 
caráter didático e referiam-se à estruturação dos cursos, à formulação dos objetivos, à seleção de 
conteúdo, recursos instrucionais e métodos de avaliação, assim como à seleção de treinadores e 
instrutores. Nesse contexto, o pedagogo treinava e avaliava o avanço dos indivíduos, normalmente 
com baixa escolaridade. Suas intervenções pouco contribuíam para ascensão pessoal e profissional 
desses indivíduos.
O termo Pedagogia Empresarial foi cunhado pela professora Maria Luiza Marins Holtz (2006) na 
década de 1980 para designar todas as atividades que envolviam cursos, projetos e programas de 
treinamento e desenvolvimento. Assim, a atuação do pedagogo nas empresas seria de estruturação e 
reestruturação do trabalho e do profissional em uma determinada área problemática, sem esquecer a 
importância de se conhecer e respeitar o homem. Morgan (1996) já avaliava que quando a organização 
é vista por alguém de fora, essa pessoa tem a percepção de uma realidade diferente da atual, e quando 
a situação é trabalhada de forma combinada e em conjunto, o resultado será uma produção totalmente 
diferente, com novas descobertas e interpretações entre pessoas e máquinas. Visualizar o problema e 
buscar soluções para ele é mais fácil quando se está observando de fora, como em qualquer situação e 
local. Verificar e compreender as relações do empregado e empregador é melhor quando se está fora da 
situação/problema, pois se obtém uma visão diferenciada.
6.2 o conhecimento e o mundo atual
Se a inserção do pedagogo deu-se no contexto das revoluções tecnológicase rapidez nas informações 
e sua necessidade provém de compreender e adequar-se à nova realidade, precisamos compreender sob 
que aspecto é visto o conhecimento no mundo atual.
Figura 25 – Exposição às informações
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Vivemos em um mundo em que o atual processo de globalização tornou tudo muito mais rápido. 
Com a revolução nas comunicações, as informações circulam rapidamente e o conhecimento está 
em constante mudança, com uma velocidade imensurável. Esse fenômeno atingiu o mercado e vem 
demandando um profissional mais qualificado que, para competir no mercado de trabalho, precisa se 
destacar, ter um diferencial, estar em constante atualização do conhecimento. E o capital intelectual é 
esse diferencial no mercado de hoje.
De acordo com Isolda Lopes, Ana Beatriz Trindade e Márcia Alvim Cadinha (2009), a obsolescência 
intelectual talvez seja o maior risco de qualquer profissional em todos os ramos de negócios atualmente. 
À medida que mais empresas investem no capital intelectual de seus funcionários, assegura-se 
a manutenção e retenção do seu quadro de profissionais, elevando seus padrões de qualidade e 
desempenho no mercado. Segundo Gilberto Dimenstein, “trata-se de um novo conceito no mercado 
de trabalho resultante da rápida obsolescência dos conhecimentos técnicos devido aos constantes 
avanços em áreas como computação, engenharia genética, administração [...]” (DIMENSTEIN, 2003, 
p. 10).
Fazer com que seus funcionários não se acomodem com os conhecimentos adquiridos é um desafio 
para as empresas que buscam motivar o crescimento, aprimoramento e desenvolvimento intelectual 
de seus funcionários partindo do conceito de aprendizagem permanente. Assim, no mundo atual, é 
necessário adotar o hábito da aprendizagem permanente para manter-se no mercado de trabalho e 
acompanhar todas as suas mudanças.
Figura 26 – Aprendizagem permanente
Há alguns anos, as empresas buscavam desenvolver em seus profissionais competências e habilidades 
específicas para o desempenho de suas atividades dentro da organização. Atualmente, não basta só 
possuir tais competências e habilidades, é importante desenvolver a atitude, é fundamental querer 
investir no conhecimento no qual somente o indivíduo é capaz de mudar sua situação no mercado de 
trabalho e crescer profissionalmente.
Para uma maior compreensão do que viria a ser esse querer do indivíduo voltado para a ampliação 
dos seus conhecimentos e melhoria de sua capacidade profissional, é válido citar um artigo com o título 
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de “Prazer é a alma do negócio”, retirado do livro Aprendiz do futuro: cidadania hoje e amanhã, do autor 
Gilberto Dimenstein, 2003.
Prazer é a alma do negócio
Apesar dos 72 anos, Herbert Spirer professor da Universidade de Columbia, em Nova 
York, sentiu a necessidade de estudar espanhol. “Estou começando do zero” diz, animado.
Quem já passou pelo desafio de aprender uma língua depois de adulto conhece o 
tormento. Tormento e, para quem vai morar no exterior, não raro constrangimento; em 
poucos meses, os pais recebem pitos (em público, claro) dos filhos pequenos pelos erros de 
pronúncia.
Spirer teve de abrir brecha na sua carregada agenda. Professor de administração de 
empresas, dá um curso disputadíssimo, com filas de espera. Ensina a detectar fraudes, 
manipulações e distorções estatísticas. Prepara novo livro e coleta casos de deformações 
por todos os cantos do mundo – entre eles, o número de meninos de rua no Brasil, que, 
de milhões, passou para milhares, depois de simples contagens pelas praças e esquinas. 
Chegou à conclusão de que o esforço de aprender outra língua valeria a pena, ajudaria nas 
pesquisas, enriquecendo os livros e aulas.
Essa lição é valiosa. Pesquisa realizada nos Estados Unidos vê um especial significado no 
gesto do professor às voltas com o aprendizado de novo idioma – é a chave para qualquer 
indivíduo sobreviver no próximo século.
A associação dos Diretores de Escola dos Estados Unidos encomendou pesquisa com 55 
respeitados psicólogos, empresários, administradores de empresas, especialistas em recursos 
humanos e demógrafos. Eles deveriam dizer quais as características necessárias para um 
profissional sobreviver, no século XXI, levando em consideração fatores como velocidade 
das descobertas tecnológicas e competição provocada pela globalização.
Saiu um relatório de 74 páginas que mistura dicas sobre tipo de conhecimento necessário 
e comportamento. Exemplo de dica: mesmo o trabalhador comum deve ser educado a 
acompanhar tendências internacionais, entendendo a diversidade cultural. Tanto no Brasil 
como nos Estados Unidos, só por acidente um operário lê matérias sobre política exterior 
ou finanças internacionais.
Uma palavra-chave transmitida por todos os entrevistados da pesquisa é a matriz de 
todas as dicas e explica o significado que está por trás das aulas de espanhol do professor 
Spirer: lifelong learning. Tradução: aprendizagem permanente.
Até agora, essa postura de aprendizagem permanente estava restrita aos intelectuais, 
professores, pesquisadores, técnicos de alto nível, gente que nunca para de estudar. Com 
a competição feroz dos novos tempos, sem fronteiras, agora é exigência para qualquer 
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trabalhador. Aprendiz permanente é o curioso permanente, movido pelo prazer da descoberta 
e pela coragem de descartar antigas fórmulas. Soa ridículo falar em prazer da descoberta 
no Brasil, onde um trabalhador tem, em média, apenas quatro anos de estudo. Menos que 
no Paraguai.
DIMENSTEIN, 2003, p. 10.
Refletindo a partir desse artigo, podemos concluir que o que há de mais valioso nas empresas é o 
capital intelectual de seus profissionais. E, ao profissional, é importante que vise, além do resultado, à 
qualidade de sua produção, que seja polivalente, atuando e intervindo na empresa, dotado de uma visão 
crítica, audacioso e criativo. Necessita “querer” para se desenvolver. É nesse ponto que atualmente a 
Pedagogia Empresarial procura intervir para favorecer uma aprendizagem significativa e aperfeiçoamento 
do capital intelectual dos funcionários.
Figura 27 – Conhecimento é atemporal
6.2.1 Capital intelectual
Capital: sm (lat capitale) 1 Posses, quer em dinheiro, quer em propriedades, 
possuídas ou empregadas em uma empresa comercial ou industrial por um 
indivíduo, firma, corporação etc. 2 Importância que se põe a render juros; 
principal. 3 Cabedal em dinheiro para uma empresa. 4 Qualquer coisa que 
sirva de meio de ação ou utilidade permanente. 5 Econ polít Riqueza ou 
valores acumulados, destinados à produção de novos valores. 6 Riqueza. 7 
Numerário. (DICIONÁRIO MICHAELIS, 2012).
A partir da definição dos dicionários, podemos dizer que capital é toda riqueza capaz de produzir 
renda. Um item de extrema importância quando se abre uma empresa é o capital, pois é ele que 
inicialmente constitui e forma essa nova empresa. Se associarmos à palavra intelectual ao conceito 
de capital, podemos dizer que são recursos gerados pelas empresas através do intelecto das pessoas. 
Porém, a definição de capital intelectual abrange vários elementos intangíveis, além do próprio capital 
humano. Assim, o capital intelectual pode ser definido como o conjunto de informações e conhecimentos 
encontrados nas organizações, que agregam ao produto e/ou serviços valores mediante à aplicação da 
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inteligência e não do capital monetário. Quando não subestimado e usado de forma eficiente, pode 
trazer à empresa bons negócios e melhor rentabilidade.
Figura 28 – Capital intelectual
Atualmente, com a evolução empreendedorismo, incluem-se no capitalda empresa insumos invisíveis 
como a inteligência, a criatividade, a intuição, que está relacionada ao feeling. E o capital intelectual é 
a riqueza “invisível” que inclui, além dos insumos citados, conhecimento acumulados por indivíduos por 
meio de livros, cursos, congressos, seminários, vivências, dinâmicos encontros para troca de experiências.
O capital de uma empresa pode ser composto de capital de terceiros – quando constitui a parte da 
empresa que deve a terceiros – e capital próprio – que pode ser originado de duas fontes: recursos do 
proprietário (capital inicial) e o capital proveniente do crescimento da empresa (os lucros). Futuramente, 
esses lucros seriam transformados em reservas.
Figura 29 – Tempo pode gerar capital
Segundo Edvinsson e Malone (1998, p. 9), para que seja produzido o capital intelectual, precisamos 
de três fatores ocultos, que são: 1) o capital humano, composto pelo conhecimento, expertise, poder 
de inovação e habilidade dos empregados, além dos valores, cultura e a filosofia da empresa; 2) o 
capital estrutural, que inclui equipamentos de informática, softwares, banco de dados, patentes, marcas 
registradas e tudo o mais que apoia a produtividade dos empregados; 3) o capital de clientes, que 
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envolve o relacionamento com clientes e tudo o mais que agregue valor para os clientes da organização. 
Para esses autores, o capital intelectual representa uma lacuna entre o valor de mercado e o valor 
contábil, sendo a junção do capital humano e o capital estrutural.
Edvinsson e Malone apoiaram os primeiros movimentos que fomentaram o capital Intelectual e 
explica esse conceito a partir do desenho de uma árvore.
Figura 30 – Representação figurativa do conceito de capital intelectual
Em que, segundo eles:
As partes visíveis da árvore, tronco, galhos e folhas, representam a 
empresa conforme é conhecida pelo mercado e expressa pelo processo 
contábil. O fruto produzido por essa árvore representa os lucros e os 
produtos da empresa. As raízes, massa que está abaixo da superfície, 
representa o valor oculto. Para que a árvore floresça e produza bons 
frutos, ela precisa ser alimentada por raízes fortes e sadias. (EDVINSSON; 
MALONE, 1998, p. 28.)
O capital intelectual é um recurso obtido exclusivamente pelos seres humanos que desenvolvem 
seu potencial, gerando conhecimento e inovando os objetivos das organizações, transformando-os 
em benefícios para as empresas. Assim, o papel da educação nesse novo cenário está ligado a um 
novo modelo de racionalização dos processos produtivos, requalificação profissional, reorganização do 
trabalho, desenvolvimento de novas competências, entre outros.
E é justamente com esses aspectos que atua o pedagogo empresarial, um profissional que 
contribuirá no desenvolvimento dos seus funcionários em todos os seus aspectos: intelectual 
(conhecimentos e habilidades), social e afetivo (atitudes). Itens que denominam o CHA da 
competência, que é um dos modelos mais atuais com o quais as melhores empresas trabalham 
para avaliar seus colaboradores. O “C” significa conhecimento sobre um determinado assunto, o 
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“H” significa habilidade para produzir resultados com o conhecimento que se possui, o “A” significa 
atitude assertiva e proativa, iniciativa.
Para construir tais competências, o profissional necessita desenvolver algumas competências básicas 
que, segundo Lopes, Trindade e Cadinha, são:
Espírito de liderança: sujeito capaz de orientar, conduzir sua equipe para 
alcançar resultados. Acreditar nas habilidades e no discernimento das 
pessoas; ser flexível, acessível e ter carisma.
Orientação para o cliente: saber identificar as necessidades do cliente; 
conhecer seu perfil; direcionar suas atividades de forma que o satisfaçam.
Orientação para resultados: busca incessante para alcançar os objetivos.
Comunicação clara e objetiva: ter pensamentos ordenados e claros para 
haver comunicação eficaz e eficiente.
Flexibilidade e adaptabilidade: adaptar-se às inovações, ter a capacidade de 
modificar, em um curto espaço de tempo, a produção ou os produtos em 
função de variações no ambiente externo, buscando atender de forma ágil 
às flutuações do mercado.
Criatividade e produtividade: ser inovador, ousado, usar do poder da 
criatividade para fazer a diferença nos resultados.
Iniciativa e proatividade: ser ágil, ter ação, antecipar fatos, os resultados.
Aprendizagem contínua: buscar sempre superar seus próprios conhecimentos, 
acompanhar as inovações, atualizar-se sempre, questionar-se (LOPES; 
TRINDADE; CADINHA, 2009, p. 31).
Devido às novas exigências do mercado de trabalho, a Pedagogia Empresarial é responsável por ligar 
o desenvolvimento do indivíduo às estratégias organizacionais, visto que a Pedagogia é a ciência que 
estuda o fenômeno educativo e faz uso de ferramentas que possibilitam isso.
7 o PEdaGoGo NaS EMPRESaS
O campo de atuação do profissional formado em Pedagogia é tão vasto 
quanto são as práticas educativas na sociedade. Em todo lugar onde 
houver uma prática educativa com caráter de intencionalidade, há aí uma 
Pedagogia.
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Como já vimos, várias são as áreas de atuação do pedagogo. Elas vão além do ambiente escolar, 
onde o pedagogo atua como professor, gestor, planejador, coordenador, orientador ou supervisor de 
ensino. Fora desse ambiente, o pedagogo desenvolve atividades pedagógicas não escolares em empresas 
privadas, órgãos públicos – em setores como da saúde, alimentação, cultura, promoção social –, ONGs, 
entre outros.
O pedagogo é um especialista em aprendizagem e é capaz de conduzir o comportamento das pessoas, 
buscando uma mudança: a aprendizagem. Como especialista em aprendizagem e educação, na sua ação 
educativa em qualquer ambiente, procura resolver questões educacionais. Para isso, tem necessidade de 
conhecer os aspectos que envolvem o ser humano e toda a sua complexidade, desenvolvendo condições 
de orientá-lo eficazmente e encontrar soluções práticas para os problemas que o aflige, tanto de ordem 
individual, social e espiritual.
Dentro das empresas, o pedagogo enfrenta o desafio de contrabalançar os efeitos desequilibradores 
da especialização profissional, limitante e muitas vezes castradora, usando atividades recriadoras e 
motivação.
Figura 31 – Pedagogo nas empresas
Sua atenção é voltada à educação integral, isto é, ao processo de influenciar e sugestionar 
positivamente os funcionários em todos os aspectos da sua personalidade, propiciando o desenvolvimento 
da produtividade pessoal nas mais diversas atividades. O pedagogo atuando nas empresas precisa fazer 
com que o empresário, ou grupo gestor, perceba que o seu ideal de vida, suas aspirações e objetivos 
pessoais correspondem a uma questão ética e social na empresa.
Sendo assim, o pedagogo estuda e aplica doutrinas e princípios para um programa de ação, com os 
meios mais eficientes de formação, aperfeiçoamento e estímulo das faculdades da personalidade humana, 
para que o sujeito aproprie-se dos conhecimentos produzidos pela humanidade e continue a produzir 
novos saberes, novos conhecimentos, novas formas de cultura, evoluindo, refletindo, questionando e 
analisando conhecimentos anteriores para assim modificá-los e reconstruir novos conhecimentos.
Então, a Pedagogia Empresarial também busca agir na realização de ideais e objetivos definidos, 
provocar mudanças no comportamento das pessoas, adequando-as às necessidades das empresa para 
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que alcance os resultados desejados. Para isso, o pedagogo trabalha as relações no ambiente de trabalho, 
visto que a empresaé o local onde o empregado passa grande parte do seu dia. A empresa tem de 
respeitar o profissional, pois ele é um fator extrema importância no seu desenvolvimento e permanência 
no mercado.
Para que uma empresa progrida, é importante a construção de uma missão, visão e objetivos baseados 
no crescimento do seu maior bem: o profissional e o capital intelectual que ele possui. Um profissional 
valorizado produz mais e sente-se motivado a aprender mais também. O homem não é uma máquina: 
tem necessidades, sejam elas físicas ou pessoais.
 Saiba mais
Um bom exemplo para compreensão de que o homem não serve apenas 
para apertar parafusos e tampouco é uma máquina é o filme Tempos 
Modernos (1936), do diretor Charles Chaplin.
O filme focaliza a vida na sociedade industrial caracterizada pela 
produção com base no sistema de linha de montagem e especialização 
do trabalho. É uma crítica à “modernidade” e ao capitalismo representado 
pelo modelo de industrialização, onde o operário é engolido pelo poder do 
capital e perseguido por suas ideias “subversivas”.
7.1 atuação do pedagogo nas empresas
No seu trabalho nas empresas, o pedagogo pode atuar na universidade corporativa, que tem como 
objetivo oferecer cursos técnicos específicos para os colaboradores, estruturando os cursos exatamente 
de acordo com as políticas e estratégias das empresas, o que reduz custos do treinamento convencional, 
além da rapidez na formação da mão de obra.
Figura 32 – Atuação do pedagogo
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A seleção de pessoal pode ser definida como a escolha do profissional mais adequado aos cargos 
existentes na empresa visando à manutenção ou ao aumento da eficiência e do desempenho. Deve 
compreender que as diferenças em cada ser, tanto no plano físico como no plano psicológico, levam a 
comportamentos e percepções diferentes e, consequentemente, a desempenhos diferentes nas empresas. 
E cabe ao pedagogo identificar as diferenças e adaptá-las à missão da empresa. No treinamento 
de pessoal é onde se oferece oportunidades para que as pessoas possam refletir, criticar, estudar e 
profissionalizar-se. É uma espécie de investimento sob medida que atende às necessidades da empresa.
Treinamento é o processo educacional de curto prazo, aplicado de 
maneira sistemática e organizada, através do qual as pessoas aprendem 
conhecimentos, habilidades e competências função de objetivos definidos 
(CHIAVENATO, 2004, p. 402).
Para a execução do treinamento, é necessário ter bem claro quem precisa ser treinado e o que 
necessita ser aprendido. Isso envolve as seguintes etapas:
• O diagnóstico, que nada mais é que o levantamento das necessidades de treinamento.
• A programação e elaboração do treinamento para atender às necessidades levantadas no 
diagnóstico.
• A execução do treinamento.
• A avaliação dos resultados.
Outra forma de atuação mais recente está ligada à elaboração de projetos de responsabilidade 
social das empresas, que se dá quando cumpridas as prescrições de leis e de contratos. Essa atividade 
constitui uma resposta da empresa às necessidades da sociedade, respondendo ao que se espera da 
organização no mundo globalizado e ligada também à sustentabilidade, cada vez mais discutida 
atualmente.
A responsabilidade social volta-se para a atitude e o comportamento da empresa frente às exigências 
sociais em consequência das suas atividades.
Responsabilidade social significa a atração responsável socialmente de seus 
membros, as atividades de beneficência e os compromissos da organização 
com a sociedade em geral e de forma mais intensa com aqueles grupos ou 
parte da sociedade com a qual está mais em contato (CHIAVENATO, 2004, 
p. 483).
Outra forma de atuação desse profissional é organização da liderança e formação de equipe. Para 
isso, é preciso que ele compreenda os aspectos que envolvem o conceito de liderança, como um bom 
líder de equipe deve compartilhá-la com outros membros, estimulando, elevando a autoestima e a 
satisfação pessoal daqueles que assumem compromissos com a equipe, assim como também o aumento 
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da busca pelo aperfeiçoamento e por novos conhecimentos e competências.
Ribeiro fornece algumas dicas para formação de um líder e para o trabalho de formação de 
equipes.
1. As pessoas gostam de se sentir especiais... dê-lhes elogio;
2. As pessoas buscam um futuro melhor... dê-lhes esperança;
3. As pessoas precisam ser entendidas... dê-lhes ouvido;
4. As pessoas têm falta de sentido na vida... dê-lhes direção (RIBEIRO, 
2006, p. 4).
De acordo com Pascoal (2007), as competências de um pedagogo dentro da empresa se articulam 
em cinco campos: atividades pedagógicas, técnicas, sociais, burocráticas e administrativas:
• Conceber, planejar, desenvolver e administrar atividades relacionadas 
à educação na empresa.
• Diagnosticar a realidade institucional.
• Elaborar e desenvolver projetos, buscando o conhecimento também 
em outras áreas profissionais.
• Coordenar a atualização em serviço dos profissionais da empresa.
• Planejar, controlar e avaliar o desempenho profissional dos 
funcionários da empresa.
• Assessorar as empresas no que se refere ao entendimento dos assuntos 
pedagógicos atuais (PASCOAL, 2007, p. 190).
Então, a função da Pedagogia Empresarial é mostrar como agir de maneira mais construtiva 
e produtiva para si, para os outros e para a sociedade. A Pedagogia apresenta atividades práticas 
que levam a atingir a um objetivo determinado, além de conhecer e encontrar as soluções 
práticas para as questões que envolvem a otimização da produtividade das pessoas – o objetivo 
de toda empresa.
Almeida define essa atuação:
A atuação do profissional de Pedagogia nas organizações será importante e 
positiva à medida que elas não estejam visualizando apenas a manutenção 
de políticas de RH clientelistas, mas sim estejam preocupadas com o 
desenvolvimento humano de forma efetiva voltadas para a potencialização 
da inteligência de cada um individualmente e da organização como um 
todo (ALMEIDA, 2006, p. 130).
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Figura 33 – O pedagogo preocupa-se com o desenvolvimento humano
O artigo a seguir, de Roselene N. M. Lindquist e Sonia da Cunha, contribui para uma melhor 
compreensão do papel do pedagogo nas empresas e, portanto, é aqui reproduzido na íntegra.
O pedagogo na empresa: um “novo” personagem nas novas formas de sociabilidade 
do trabalho?
Esta investigação teve como propósito buscar o entendimento sobre por que, em 
determinado momento histórico, as organizações empresariais passaram a absorver 
o pedagogo, e a que interesses eles foram chamados a atender. Procura-se também 
compreender como as mudanças no mercado de trabalho, os novos perfis exigidos pelas 
empresas contribuíram para a inserção desse profissional no meio empresarial.
Mota (1987) afirma que, para se apreender o surgimento de uma profissão, é necessário 
examinar o próprio movimento da sociedade, identificando não somente as necessidades 
existentes como também o seu processo de criação e apropriação pelos agentes no interior da 
correlação de forças de classes. Vejamos primeiro como se deu historicamente a aproximação 
desse profissional nas organizações. O pedagogo começou a ser chamado para atuar na 
empresa no final da década de 1960, início de 1970. Esse período foi muito influenciado 
pela tecnocracia. Nesse momento, o papel da educação era contribuir para a aceleração do 
desenvolvimento econômico e do progresso social. Os princípios da racionalidade, eficiência 
e produtividade foram transportados da economia para a educação, de modo conciliatório 
com a política desenvolvimentista. A concepção de educação que predominava trazia 
consigo a ideologia desenvolvimentista, fundamentada nos princípiosda Teoria do Capital 
Humano, muito presente no cenário nacional, respaldando políticas e ações que visavam ao 
aperfeiçoamento do sistema industrial e econômico capitalista.
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Na década de 1970, observou-se uma crescente automação do processo de trabalho, 
de novas tecnologias. No entanto, a classe trabalhadora encontrava-se totalmente 
despreparada para o estágio de desenvolvimento industrial. O mercado de trabalho passou, 
então, a reclamar a profissionalização dos trabalhadores para acompanhar as mutações que 
estavam ocorrendo no mundo do trabalho, decorrentes de transformações tecnológicas. 
A escola encontrava-se despreparada para oferecer contribuições na profissionalização 
dos trabalhadores para que atendessem às perspectivas de desenvolvimento industrial. 
Sendo assim, buscaram-se outros mecanismos situados fora da escola formal para formar o 
trabalhador viável àquele momento. A formação profissional passou a ter seu âmbito cada 
vez mais definido no local de trabalho ou por meio de treinamentos intensivos, coordenados 
por instituições ou pela própria empresa.
No momento de sua chegada, o pedagogo encontrou uma empresa com características 
tayloristas-fordistas, com trabalhadores com pouca escolaridade. O seu papel então voltou-se 
quase exclusivamente para a área de treinamento. Ele era a pessoa que fazia o levantamento 
das necessidades, planejava, ministrava os treinamentos, avaliava e ainda conduzia alguns 
processos de escolarização que ocorriam dentro da organização. Em um primeiro momento, 
o pedagogo era contratado para atuar nos famosos Centros de Treinamento das Empresas. 
Esses espaços eram específicos para treinar o funcionário nas diversas tarefas que eles teriam 
de realizar no seu trabalho, os cursos funcionavam quase como um adestramento. Nesse 
contextos, os pedagogos definiam horários, métodos de ensino, avaliação e orientavam 
os instrutores operacionais leigos em didática como “treinar”. A eficácia era o quanto os 
funcionários sabiam fazer a tarefa, com rapidez e qualidade.
A preocupação da empresa naquele momento era a de ter um trabalhador que tivesse 
uma escolaridade básica, o conhecimento técnico da atividade que iria desenvolver e que 
não promovesse conflitos. Por isso, dentro da área de treinamento, existia a preocupação 
com a adaptação pacífica do empregado ao posto de trabalho. Dessa forma, dentro do 
processo de treinamento, estavam os cursos de relações humanas, que na maioria das vezes 
eram ministrados pelo pedagogo em parceria com o psicólogo.
No primeiro momento da presença do pedagogo na empresa, a sua atuação estava 
voltada para a coordenação de programas educativos, como: a viabilização de programas 
de ensino normal que proporcionassem a escolaridade básica aos empregados que não 
tinham, a condução dos programas de treinamentos, o planejamento, a organização, a 
avaliação dos treinamentos e a formação de instrutores. Além disso, ministrava cursos de 
relações humanas, motivação, liderança etc. A ênfase da sua prática estava no pedagógico, 
no sentido de trabalhar com o processo de aprendizagem dentro dos programas de ensino 
formal e dos treinamentos. Para atender às suas necessidades, a empresa tinha de possuir 
um trabalhador que soubesse ler, escrever, contar e ser especialista em determinada função. 
Essa forma de atuação atendia aos interesses do modelo produtivo com características 
taylorista/fordista, que centrava as ações de formação na construção de um saber técnico, 
no saber fazer. Nesse período (década de 1970), em função de uma crescente automação 
do processo de trabalho e de a escola formal não atender às expectativas imediatistas 
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do mercado, a formação profissional no local de trabalho passou a ter grande ênfase, 
proporcionando uma demanda grande de treinamentos.
As metamorfoses do mercado de trabalho, as inovações tecnológicas, os novos perfis de 
trabalhador repercutiram muito na prática do pedagogo na empresa. Um fator significativo 
foi a suspensão da Lei 6297/75, em 12 de abril de 1990, eliminando o apoio financeiro do 
governo às empresas, o que enfraqueceu o processo de treinamento nas organizações e, 
como consequência, muitos centros de treinamento foram desativados. As empresas que 
tinham um número grande de pedagogos passaram a ficar somente com o psicólogo e um 
pedagogo. Esse último, que antes se envolvia em todo o processo de treinamento, passa a 
ser o articulador, o que contrata e avalia a processo de treinamento. Porém, as mudanças 
nas formas de organização do trabalho exigiram desse profissional mudanças no seu perfil 
e prática.
Partindo do pressuposto de que a presença do pedagogo na empresa é histórica e que 
ocorreu em um momento de expansão do capital para atender as novas necessidades sociais, 
pretendemos discutir a inserção do pedagogo no meio empresarial. Realizamos a coleta dos 
dados da pesquisa empírica na cidade de São Paulo, em 06 (seis) empresas das quais duas 
pertenciam ao ramo da indústria, setores de alumínio e cosméticos; duas do comércio, setor 
varejista e duas de serviços, setor bancário e de informação. Dessas empresas, entrevistamos 
pedagogos e os gerentes de recursos humanos.
Uma das pedagogas entrevistadas sintetizou a necessidade de transformação na prática 
do pedagogo: “Com o passar dos anos, com a própria automação industrial e informatização 
dos processos, o manuseio operacional dos equipamentos deixou de ser tão fundamental 
e, com isso, o Centro de Treinamento também. Contudo, em contrapartida, as empresas 
tomaram a consciência de que seu sucesso não estava na utilização dos braços e mãos, 
mas na capacidade inventiva e dedutiva dos seus funcionários. Os ambientes de constantes 
mudanças exigiram dos homens uma grande habilidade de aprender rapidamente e aplicar 
novos conceitos, quebrando paradigmas. A gestão do “capital intelectual”, como ficou 
conhecida, é estratégica para as organizações no mercado e para sua própria sobrevivência. 
Nesse contexto, o pedagogo é útil em atuar na produção, disseminação e gestão de 
conhecimento. Além disso, tem de ter o domínio das ferramentas mais modernas que 
existem, porque as pessoas as utilizam. Um exemplo disso são as metodologias ‘e-learning’ ”.
O modelo flexível, atual paradigma do setor produtivo, exige um novo perfil de 
trabalhador, no qual as capacidades subjetivas do indivíduo são essenciais. Esse modelo 
apresenta outra lógica de utilização da força de trabalho: divisão menos acentuada do 
trabalho e integração mais pronunciada de funções. Palagana & Bianchetti (1995) destacam 
que as exigências intelectuais são maiores e distintas das que predominavam durante o 
modelo taylorista–fordista. Em função da prática produtiva, da automação e flexibilização, 
há uma apelação para o saber fazer, principalmente para a capacidade de dominar vários 
segmentos de uma linha produtiva, sendo a palavra de ordem a polivalência da mão de obra: 
maior versatilidade na ocupação do posto de trabalho, formação geral ampliada, formação 
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técnica, envolvimento com a qualidade e atenuação de barreiras entre diferentes categorias 
de trabalhadores.
Num momento em que a capacidade manual não é mais imprescindível, mas a capacidade 
cognitiva e emocional são fatores de desenvolvimento e produtividade, a empresa reivindica 
a “mente e o coração” do indivíduo; essa captura exige uma ação pedagógica muito 
contundente com vistas ao controle do trabalhador e do processo de trabalho.
No quadro da empresa atual, sob o modelo da Qualidade Total, da flexibilização, o 
pedagogo tem um espaço predominantemente “pedagógico”. A formação do trabalhador 
dentro das expectativas do mercado atualexige o reforço da equipe de recursos humanos, 
uma vez que são grandes as expectativas de um “novo trabalhador”, como se percebe na 
fala da gerente de recursos humanos: “Em função de toda a mudança, tem que ser uma 
pessoa muito mais crítica, muito mais capaz de se adaptar à mudança, muito mais flexível, 
muito mais curativo, que contribua efetivamente para o processo. Então, a grande mudança 
que eu percebo nesse sistema é que você hoje não quer mais pessoas que simplesmente 
façam, tem que ser pessoas que façam, mas que melhorem continuamente o processo, que 
contribuam efetivamente com sugestão, ideias, iniciativa. Em linhas gerais, esse é o nosso 
perfil para ser operacional; no nível administrativo, é lógico que a gente tem outro nível 
de exigências em termos de formação, que está associado à área de atuação, mas que tem 
todo esses pontos também, criatividade, inovação... A gente tem todo um perfil que está 
baseado no mapeamento de competências para as pessoas administrativas nos vários níveis 
da organização. A gente divide em dois grupos: 1) as competências comportamentais, que 
são iguais para a organização como um todo. Quando a gente fala de áreas administrativas, 
cada competência tem comportamentos diferentes associados, e tem uma mudança a 
partir do nível gerencial; assim, algumas competências são diferentes. E 2) as competências 
técnicas, que são focadas na atividade de cada área. Aí sim, a área de treinamento tem um 
conjunto de competências técnicas diferente da área de remuneração, diferente da área de 
administração de pessoal”.
O modelo das competências é o principal parâmetro atual com relação ao perfil 
de trabalhador almejado. Esse modelo valoriza, além do conhecimento técnico, o 
comportamento, as atitudes e as posturas do trabalhador na solução dos problemas do 
trabalho. Os elementos subjetivos são essenciais para a adaptação do trabalhador às novas 
práticas produtivas. O modelo das competências, associado ao conceito de empregabilidade, 
expressa as modernas formas de controle que se busca exercer sobre o trabalhador, que 
precisa controlar a si mesmo para se enquadrar dentro dos parâmetros exigidos. Esse modelo 
possui um caráter extremamente individualizante porque tira o foco do posto de trabalho, 
da categoria, passando para o indivíduo, transfere a responsabilidade da não contratação 
ou demissão para o trabalhador.
O pedagogo é o agente educacional da empresa, sua função é a concretização da 
educação dentro dos interesses empresariais de cada momento específico. Sendo assim, 
é dentro do contexto da empresa flexível, dos programas de controle do processo de 
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trabalho, do modelo das competências que o pedagogo se estabelece na empresa como 
um profissional que agrega valores, pois juntamente com outros profissionais como o 
psicólogo, o administrador, o assistente social, a equipe de recursos humanos, educa e forma 
o trabalhador dentro das perspectivas empresariais atuais.
Nas empresas, esses profissionais atuam na área de recursos humanos em setores como: 
desenvolvimento e treinamento, recrutamento e seleção e desenvolvimento gerenciado. 
Eles não têm uma função específica de pedagogo. Embora se afirme que, devido à sua 
formação, o seu forte seja treinamento, ele atua em várias frentes, como recrutamento, 
seleção e contratação. De forma geral, é denominado de analista de recursos humanos ou 
consultor de recursos humanos, fazendo parte de um grupo, dentro de recursos humanos, 
do qual fazem parte também, o psicólogo e o administrador.
Geralmente, os pedagogos são responsáveis pelo programa de integração de novos 
funcionários, ou seja, eles têm a responsabilidade de veicular, nos primeiros momentos do 
empregado novo na empresa, todas as informações que precisam saber sobre a organização 
e sobre a atividade que desenvolverá. O momento da integração é fundamental para a 
empresa porque é nesse momento que, além de se transmitirem informações sobre a 
instituição, informações técnicas, burocráticas, passa-se a ideologia da organização, 
a cultura, a missão, os valores e as expectativas com relação ao trabalhador que está 
entrando na organização. Praticamente todas as empresas que pesquisamos desenvolvem 
o “programa de integração”, e, em todas, o pedagogo é o responsável por esse processo. Ou 
seja, o pedagogo começa a exercer poder e influência a partir do primeiro momento em que 
o trabalhador coloca os pés na empresa, é ele que “mostra a cara” da empresa. O pedagogo 
segue todo o desenvolvimento profissional do funcionário, acompanhando a performance, 
viabilizando cursos internos e externos, técnicos ou comportamentais, palestras, cursos de 
idiomas e acompanha o processo de avaliação de desempenho desse profissional. Sendo 
assim, a proximidade e o acesso a todos os funcionários é constante, o que dá condição a 
esse profissional de exercer um papel significativo no desenvolvimento dos empregados.
Alguns entrevistados afirmaram que a empresa não está prioritariamente interessada no 
pedagogo, ela quer um profissional de recursos humanos que agregue valor à organização. 
No parecer dos responsáveis pelos Recursos Humanos, o pedagogo é um dos profissionais 
de humanas que tem um know how (saber) que agrega valor à instituição, mas o título não 
é o fundamental, e sim a postura, a atitude e o perfil.
Na visão da empresa, parece que o pedagogo detém um saber que lhe é interessante. 
E esse saber está ligado ao conhecimento do processo de aprendizagem, de técnicas, de 
recursos, de formas para que o processo de aprendizagem dentro da organização se dê da 
melhor forma possível. Hoje é imprescindível para as organizações o controle do processo 
de conhecimento. A organização precisa encontrar métodos para que esse processo seja 
eficiente, pois desse processo depende seu sucesso ou fracasso. O empregado precisa estar 
apto para aprender a lidar com as novas tecnologias, a nova versão do software, novo 
modelo organizacional e, principalmente, ter uma estrutura emocional que lhe dê condições 
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de suportar as incertezas, as exigências por metas e resultados, as novas formas de relações, 
a instabilidade e o risco. E o pedagogo é visto pela empresa como um dos profissionais de 
recursos humanos mais aptos para lidar com esse processo, embora não seja exclusividade 
desse profissional, uma vez que a maioria das empresas se posicionaram de forma não 
restritiva com relação à formação acadêmica.
Formar o trabalhador polivalente, flexível, dinâmico, criativo, que se envolva com os 
projetos da empresa, que dê resultados, esse é o grande desafio para o modelo empresarial. E 
como afirma Moraes (1999), é um novo um desafio para o próprio trabalhador que, no limite, 
é visto como um colaborador. E, nesse sentido, a participação, o interesse e o envolvimento 
sinalizam o aumento da produção e constituem fatores importantes para a manutenção 
do emprego e ascensão na carreira. São esses objetivos que fazem da área de recursos 
humanos das organizações a área mais estratégica, que agrega valor, porque está voltada 
para o desenvolvimento das pessoas, para o preparo de trabalhadores motivados, envolvidos 
e qualificados. Esse é, na visão da administração moderna, o maior patrimônio de uma 
organização, visão esta que se fundamenta nos princípios da teoria do capital humano, que 
em uma nova roupagem credita à educação a solução de problemas econômicos e sociais. 
Dentro desse princípio, a educação/ treinamento são considerados grandes investimentos, e 
o trabalhador, dono de seu “capital humano”, deve vendê-lo no mercado competitivo.
A habilidade do pedagogo em lidar com a comunicação, com a aprendizagem, faz dele 
uma figura importantíssima no processo mais abrangente de pedagogização do trabalhador. 
Como declarou uma das pedagogasentrevistadas: “O pedagogo contribui na questão da 
formação das pessoas, no aprimoramento, no aperfeiçoamento, para elas acompanharem as 
mudanças que as próprias empresas passam. A gente está em sala falando de comportamento, 
falando de atitudes, de postura, ajudando a pessoa a mudar as ações, mudar as atitudes”. 
Ou seja, o pedagogo vai “moldando” o trabalhador de acordo com os interesses da empresa, 
desenvolvendo um papel de “mediador” como declarou uma das pedagogas entrevistadas: 
“Eu acho que o pedagogo consegue o efeito mediador, o que a empresa quer do funcionário, 
ele medeia. Então, a empresa passa o que os profissionais precisam aprender, e eu vou 
trabalhar em cima, utilizando ferramentas para estar transmitindo esse conteúdo, para 
estar formando as pessoas, então eu acho que ele faz esse link entre empresa e profissional”.
Os desafios lançados sobre o pedagogo são grandes. A empresa flexível não o quer 
somente para coordenar os treinamentos, para elaborar planos didáticos, avaliar, ministrar 
cursos de relações humanas. Ela quer muito mais! Ela quer um aliado, um parceiro, um 
representante, alguém que lhe entenda e ajude a alcançar os seus objetivos. Alguém que 
forme, que “controle”, mas também que alivie as dores do trabalhador.
A empresa “humanizada” é a que não está mais interessada em robôs, em músculos, mas no 
coração, nos pensamentos, na vontade, na adesão do trabalhador. Afirma que o trabalhador 
é importante, que está preocupada com o bem-estar dele, que quer estar próximo de seus 
familiares, que são parceiros, que todos ganham, e alguém precisa convencer o trabalhador 
de tudo isso. Um desafio difícil porque os fatos muitas vezes contradizem o discurso. A 
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pressão por resultados, as demissões, a queda dos salários, o controle contradizem todo o 
“amor” que o patrão diz ter pelo trabalhador. O trabalhador é chamado de “colaborador”. 
Tenta-se iludi-lo afirmando que não é um subalterno, um subserviente, e sim colaborador.
O desafio do pedagogo é a atuação nesse campo ideológico. Ele precisa convencer 
o trabalhador dos desígnios do mercado, que o desemprego é uma realidade natural e, 
que se ele não se esforçar para se enquadrar, muitos candidatos estão esperando para 
substituí-lo, que a política salarial é essa mesma, os salários estão diminuindo, que todos 
precisam se adaptar ao perfil caso não queiram ser excluídos do mercado. Precisa convencer 
os trabalhadores dos desígnios da empresa, de que o encaminhamento que a empresa dá 
para as questões que envolve o trabalhador é o melhor. Mas por que esse convencimento 
todo? Por que as empresas perceberam a importância de se ter o trabalhador integralmente, 
totalmente envolvido com a organização, como demonstra o depoimento da gerente de 
recursos humanos?
De acordo com uma das pedagogas entrevistadas: “Hoje, a grande mudança de recursos 
humanos é a gente estar cada vez mais junto do negócio, porque o negócio começa a 
perceber que faz diferença a pessoa comprometida, a pessoa motivada, a pessoa treinada; a 
pessoa envolvida gera resultados. Então, se está buscando muito isso, e a gente ajuda nesse 
processo”.
Juntamente com o convencimento e a conquista da adesão dos empregados aos ideais 
da empresa, há a função de potencializar todas as capacidades do indivíduo e enquadrá-las 
no atual modelo exigido do capital, o que não é uma tarefa muito fácil. Trabalhar a 
subjetividade do indivíduo, o conhecimento, as experiências que esse indivíduo tem, para 
que venha a ter as competências requeridas no momento atual.
Realmente parece que o encargo do pedagogo na empresa é árduo, pela responsabilidade 
em formar e desenvolver o trabalhador dentro das perspectivas do mercado atual, de ser 
mediador, de minimizar conflitos, em um momento extremamente complexo, em que 
agudas crises atingem o mundo do trabalho. Um momento em que o trabalhador se vê 
sendo substituído pela máquina, tendo que mudar sua forma de ser, tendo que flexibilizar 
a sua vida, correr riscos, tendo que lutar pela sobrevivência de forma solitária, pois como 
coloca Antunes (1999), as transformações e a crise atingiram diretamente a subjetividade 
do trabalhador, sua consciência de classe, afetando seus organismos de representação, dos 
quais os sindicatos e os partidos são expressão.
O desafio é muito maior para o pedagogo consciente, aquele que percebe a contradição, 
que enxerga as artimanhas do capital, o caráter excludente e, às vezes, até cruel das 
exigências lançadas sobre os trabalhadores. E, na maioria das vezes, sua atuação precisa se 
restringir a reforçar, acomodar e a solidificar as propostas do capital.
Acreditamos que, mais do que nunca, é importante pensar nesse profissional, que a 
nosso ver, de certa forma, foi ignorado, poderíamos até dizer, discriminado. A preocupação 
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com o profissional pedagogo, de uma forma geral, sempre foi remetida às questões de 
âmbito escolar, sejam elas técnicas ou pedagógicas. Mas a indiferença diante dessa prática, 
nos dias atuais, é impossível. Na chamada sociedade do conhecimento (Drucker), da 
tecnologia da informação, das organizações da aprendizagem (Senge), as ações educativas 
se tornam cada vez mais necessárias e valorizadas. E o pedagogo poderá ser cada vez mais 
requisitado para atuar nas várias esferas do mundo empresarial, ainda que essa requisição 
vise à conformação às novas exigências do capital.
Nos momentos finais deste estudo, cabe-nos questionar: Estaria esse profissional 
fadado somente ao papel de “servo” do capital? Não sabemos exatamente quais são essas 
possibilidades que deverão ser construídas. Assim como o psicólogo e o assistente social, 
que enquanto categoria profissional têm buscado outras possibilidades como alternativas 
de desvencilhamento do determinismo histórico que marca as profissões, de construção de 
novas referências e novas práticas na defesa do trabalhador, o pedagogo parece também 
poder, a partir de dados objetivos sobre a sua prática, enquanto categoria, discutir os limites 
e possibilidades de uma prática que esteja voltada para atendimento das necessidades do 
“patrão” e não dos companheiros de classe.
Pensamos que as alternativas para construção de novas práticas e nova consciência 
profissional passam primordialmente por uma boa formação, uma formação que contemple 
de uma forma crítica fundamentos históricos, psicológicos, sociológicos e pedagógicos, com 
muita discussão sobre as relações de trabalho e esclarecimentos sobre as possibilidades que 
a profissão do pedagogo representa na sociedade atual.
O propósito de nosso trabalho não foi de discutir se o pedagogo deve ou não estar na 
empresa, mesmo porque ele já está presente na empresa. Essa é uma questão que está posta. 
Existem os pedagogos que têm o compromisso com a socialização dos saberes pela escola, 
com ensino público e gratuito, que lutam por uma educação democrática e de qualidade, 
que se preocupam com a formação de futuros cidadãos, e que estão na escola, mas a escola 
não é o único espaço do pedagogo. A indagação que fica é: devemos virar as costas para 
os profissionais da empresa? Devemos negar a existência dessa prática? Acreditamos que 
não. Acreditamos que devemos discutir essa questão. Buscar seriamente dados sobre essa 
prática, conhecer quem é o pedagogo na empresa, o que pensa, o que faz, como faz e como 
ele é visto e desejado pela empresa.
LINDQUIST; CUNHA, 2004, p. 1-14 (adaptado).
 observação
Algumas empresas atualmente abrigam em seu interior creches ou 
locais específicos para os filhos de funcionários. Essas creches também 
compõe o campo de atuação do pedagogo.
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7.2 Terceiro setor
A educação é um processo social, é desenvolvimento.

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