Buscar

Monografia final

Prévia do material em texto

2
Associação Educacional Assistencial Santa Lúcia
Faculdade Santa Lúcia
Curso de Direito 
O ENCARCERAMENTO FEMININO E OS DIREITOS DO NASCITURO.
Mônica Fortini Sousa
Mogi Mirim
2
2019
O ENCARCERAMENTO FEMININO E OS DIREITOS DO NASCITURO
Monografia apresentada à Faculdade de Santa Lúcia, da Associação Educacional e Assistencial Santa Lúcia, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel Direito.
Orientador: Professor Doutor Marcelo Vanzella Sartori 
 Mirim
2019
ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL E ASSISTENCIAL SANTA LÚCIA
Faculdade Santa Lúcia
Professor Mestre Jose Marcos Zanella Pinto
Diretor da Faculdade Santa Lúcia
Professor Mestre Dairson Mendes de Souza
Coordenador do Curso de Direito
Sousa, Mônica Fortini
S729e	 O encarceramento feminino e os direitos do nascituro/ Monica Fortini Sousa. -- Mogi Mirim: [s.n.], 2019
 ....p. 
 Orientador: Prof.. Dr. Marcelo Vanzella Sartori
 Monografia (graduação) – Faculdade Santa Lúcia, graduação em Direito. 
1. Direito constitucional. 2. Direito penal. 3. Direito do nascituro. 4. Encarceramento feminino. 5. Condições desumanas. I. Sartori, Marcelo Vanzella II. . II. Faculdade Santa Lúcia. III. Título.
 CDD 346.0134 
 
 Ficha catalográfica elaborada por Beatriz de Fátima Barbosa CRB/8ª 6982
ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL E ASSISTENCIAL SANTA LÚCIA
FACULDADE SANTA LÚCIA
Graduação em Direito 
FOLHA DE APROVAÇÃO
Membros da Comissão Julgadora da Monografia de Graduação de MÔNICA FORTINI SOUSA, apresenta a monografia O Encarceramento Feminino e os Direitos do Nascituro à Faculdade Santa Lúcia da Associação Educacional e Assistencial Santa Lúcia, em...
 COMISSÃO JULGADORA:
_____________________
_____________________
__________________
		Dedico esse trabalho ao meu pai, Edilson Gonçalves, por todo amor, dedicação e gestos de carinho, mesmo com tão pouco tempo de convivência
AGRADECIMENTOS
Houve momentos em que pensei em desistir, foram vários. Entretanto, tive grande apoio da minha mãe, dos meus padrinhos, do meu namorado e da minha querida e amada prima, estes foram grandes incentivadores e financiadores de meu sucesso, agradeço por nunca desistirem de mim, pelos conselhos, pelas repreensões, elogios, pela imensa paciência e por todas as demonstrações de amor.
Devo gratidão aos meus amigos nessa jornada que compartilharam comigo momentos de alegria e tristeza, mas que sempre estiveram ao meu lado, apoiando independente de qualquer coisa. E, também ao Dr. Edelton Carbinatto e Dr. Paulo Rogério Malvezzi por me passarem ensinamentos da rotina jurídica, talvez desconheçam a significância de suas influências em minha vida, foram grandes responsáveis por eu não ter desistido desta graduação.
Agradeço a todos os colaboradores da Santa Lúcia, que sempre me apoiaram nessa jornada, e, também, aos meus professores os quais dedicaram-se nas aulas transmitindo todo seu conhecimento. 
	Não poderia deixar de agradecer, ao meu querido orientador Marcelo Sartori pelo apoio, incentivo, ensinamentos, paciência e compreensão durante as orientações ministradas, não tenho palavras para agradecer o carinho e persistência incessante dedicada a mim. Sou extremamente grata pelos conselhos, por entender meus problemas e ajudar a solucioná-los e por ser enérgico ao exigir o máximo do pretendido no trabalho.
“Dor, prazer e morte não são mais que um processo para existência. A luta revolucionária neste processo é um portal aberto à inteligência”. 
Frida Kahlo. 
FORTINI, M.S, Do Encarceramento Feminino e os Direitos do Nascituro. Monografia. Direito. Associação Educacional e Assistencial Santa Lúcia. Faculdade Santa Lúcia. 2019.
						
RESUMO
Este trabalho trata sobre o encarceramento feminino, mais especificamente em relação as mulheres que estão em período gravídico ou em fase de aleitamento materno. Sua finalidade é analisar as condições desumanas nos encarceramentos destinados as mulheres e abordar sobre a falta de lugares específicos aos recém-nascidos cujas genitoras se encontram em cumprimento de pena. Busca-se apresentar ainda, sobre os princípios que garantem direitos às encarceradas e seus bebês. Pretende-se analisar o posicionamento do Supremo Tribunal Federal acerca do assunto tratado, bem como trazer os efeitos das decisões proferidas por este. Concluiu-se que o sistema carcerário feminino deixa a desejar, tanto para as mulheres quanto aos nascituros, expondo-os a situações constrangedoras, com tratamento desumano e impetuoso, ferindo a dignidade da pessoa humana.
Palavras-chave: encarceramento feminino; efeitos de decisão judicial. Direitos do nascituro
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CNJ		Conselho Nacional de Justiça
CNPC	 	Conselho Nacional De Política Criminal e Penitenciária
INFOPEN	Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias
ONU		Organização das Nações Unidas
SUS		Sistema Único de Saúde
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	1
2. SISTEMA CARCERÁRIO FEMININO	2
2.1 Evolução Histórica	2
2.2 A Lei de Execução Penal	3
2.3 Princípios que norteiam o sistema carcerário	7
2.3.1 Princípio da Igualdade	8
2.3.2 Princípio da Individualização da Penal	9
2.3.3 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana	11
2.3.4 Princípio do Melhor Interesse da Criança	13
3. CONDIÇÕES DO SISTEMA CARCERÁRIO	15
3.1 Das condições desumanas	15
3.2 Tema de Repercussão Geral do Supremo Tribunal Federal	17
3.3 Da saúde da mulher	19
4. A MATERNIDADE NO SISTEMA PRISIONAL	20
4.1 Infraestrutura	20
4.2 Maternidade nos presídios	23
4.3 O direito do nascituro e da criança	27
4.4 O acórdão coletivo do Supremo Tribunal Federal	30
CONCLUSÃO	32
REFERÊNCIAS	34
INTRODUÇÃO 
Busca-se apresentar neste trabalho, os princípios e garantias fundamentais que todo ser humano possui e é garantido pelas normas constitucionais, abordando o que acontece com as mulheres que se encontram em período gestacional, que estão em cumprimento de pena, bem como abordar o sistema carcerário feminino no Brasil.
O primeiro capítulo, traz um estudo sobre a evolução histórica dos primeiros estabelecimentos para abrigar as mulheres condenadas à pena restritiva de liberdade, sendo o primeiro criado em 1941, serão postos em evidência a Lei de Execução Penal, bem como os princípios constitucionais, sendo eles o princípio da igualdade, da dignidade da pessoa humana, e por fim o princípio da individualização da pena.
No segundo capítulo, será tratado sobre as condições desumanas que assolam as penitenciárias femininas no Brasil, e como houve repercussão geral perante o Supremos Tribunal Federal, que decidiu por indenizar as presas que vivem dia após dia em situação desumana no Brasil, informa ainda, sobre a saúde assegurada as mulheres no nosso País.
Por fim, terceiro e derradeiro capítulo, será voltado para apresentar a infraestrutura nas penitenciárias femininas, que evidenciam a superlotação e falta de celas, sem dormitórios adequados para gestantes, falta de berçário e creches para que tanto a genitora quanto os bebês possam ter uma vida digna mesmo em fase de cumprimento de pena.
Pretende-se abordar também, os direitos do nascituro e das crianças, o acórdão coletivo proferido pela suprema corte Brasileira, que beneficiou inúmeras mulheres, grávidas, lactantes e mães que estavam cumprindo prisão preventiva
Portanto, são muitas as reflexões do presente trabalho, que procura demonstrar sobre a falta de comprometimento do estado com as mulheres que estão gravidas, e da importância de assegurar aos nascituros as garantias necessárias de um nascimento digno e dentro dos parâmetros esperados.
2. SISTEMA CARCERÁRIO FEMININO
2.1 Evolução histórica do encarceramento feminino.
	
	Este capítulo, tem como objetivoapresentar a evolução histórica do sistema carcerário Brasileiro, trazendo a realidade das primeiras penitenciárias destinadas as mulheres expondo as garantias e princípios fundamentais previstas no ordenamento jurídico no que diz respeito ao cumprimento de pena na lei de execução penal.
No período colonial, as mulheres eram presas em penitenciárias onde os encarcerados do sexo masculino eram os que prevaleciam, poucas mulheres eram condenadas e crimes eram praticados em sua maioria por homens, quando realizavam a prática de um crime, eram obrigadas a dividirem as celas com os homens, fazendo com que muitas sofressem abusos sexuais (ANGOTTI, 2011).
No século XIX, ocorreram debates sobre a necessidade de penitenciárias específicas para o encarceramento das mulheres, tendo em vista a situação precária que se encontravam, pois compartilhavam celas com os presos do sexo masculino, então o objetivo era a separação.
O objetivo da separação das penitenciárias era a ressocialização das mulheres, através do aprendizado de tarefas domésticas, artesanais, tradições e religiões da época (ANGOTTI, 2011).
Em 1937 chegou ao Brasil a primeira penitenciária destinada ao sexo feminino, o Instituto Feminino de Readaptação Social no Rio Grande do Sul, era uma cadeia masculina, onde havia uma ala para atender as sentenciadas. Em 1940 com a criação do Código Penal, houve um importante marco nacional que trazia o cumprimento de pena em estabelecimento específico para abrigar mulheres, ou quando não fosse possível, um espaço reservado nos presídios masculinos (ANGOTTI, 2011).
Em 1941 foi criado o presídio de mulheres de São Paulo, e em 1942, a penitenciária feminina do Distrito Federal, onde somente esta última era voltada exclusivamente para mulheres encarceradas. As penitenciarias do Rio grande do Sul e de São Paulo foram adaptadas para que pudessem receber as presas, poucas eram as penitenciarias que se destinavam apenas para as mulheres (ANGOTTI, 2011).
Em 1943 na palestra nomeada “As Mulheres Criminosas e seu Tratamento Penitenciário” trouxe o percentual de criminosas condenadas no Brasil, que era em média apenas 6% em relação aos encarcerados do sexo masculino embora menor, com o crescimento do número de mulheres detidas, fez-se necessário a reforma prisional, gerando a construção dos primeiros presídios femininos. (ANGOTTI, 2011). Portanto, entre anos de 1930, 1940 e 1950 foram criadas as primeiras penitenciárias femininas no Brasil.
Não existiam muitas condenações de mulheres, por conta da herança cultural que via a mulher como um ser fraco, onde Olga Spinoza (2002, p. 35 ) diz:
[...] Nesse sentido, podemos citar as explicações psicogenéticas da criminalidade feminina (perturbações psicológicas, transtornos hormonais, etc.) que ocasionaram a implementação de políticas penitenciarias especificas para as mulheres, cujos objetivos buscam corrigir e regenerar as mulheres “ descarriladas e o peligro de caer”. Confirmando esta asservação, devemos notar que a maioria das prisões femininas foi instalada em conventos, com finalidade de induzir as mulheres “ desviadas” a aderirem aos valores de submissão e passividade [...]
Segundo a ministra Carmen Lúcia para o CNJ“O número proporcional de mulheres presas no Brasil ainda é baixo, se observamos a média mundial. No entanto, temos observado um crescimento elevado nos últimos anos, devido à condenação de mulheres envolvidas no tráfico”.
Nota-se grande incidência de mulheres encarceradas atualmente no Brasil, em pesquisa realizada pelo INFOPEN, em julho de 2016, houve um aumento de 535% comparado ao ano de 2000, quando menos de seis mil mulheres estavam encarceradas, superando os encarcerados do sexo masculino. Verifica-se que 74 % dos presídios se destinam aos homens, 16% são mistos, ou seja, abrigam homens e mulheres, e apenas 7% destinados ás mulheres, os crimes por elas praticados são normalmente de tráfico de drogas.
Conclui-se que ocorreu uma mudança significativa nos presídios, embora atualmente já esteja consolidada a ideia de prisões específicas para as mulheres os problemas são outros, como a falta de encarceramento para mulheres, as prisões superlotadas e ambientes insalubres.
2.2 Lei de Execução penal
A lei de execução penal tem como objetivo, regulamentar sobre a execução das penas e das medidas de segurança, observando a Declaração dos Direitos humanos, visando que as sentenças sejam cumpridas, prevenindo que novos crimes voltem a ser praticados e ainda recuperar os condenados para que posteriormente voltem ao convívio social, como disposto no artigo 1º, da lei nº 7.210/84, Lei de Execução Penal, in verbis: “ A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado “
A referida lei possui diversos deveres e direitos aos sentenciados, no artigo 11 da lei n° 7.210/84, Lei de Execução Penal, in verbis: “assegura direito à assistência, material, à saúde, jurídica, educacional, social, religiosa”.
A assistência tem efetiva ligação a ressocialização, sendo obrigação do Estado promovê-la. Segundo o autor Paulo Fernando dos Santos (1999, p.67)
[...] Considera-se assistência todo meio pelo qual a Administração coloca à disposição do sentenciado no sentido de promover a sua readaptação integral à sociedade, gerando-lhe condições de suplantar as carências que a vida carcerária lhe impinge, fazendo com que ele tenha, tanto quanto possível, todas as possibilidade atingíveis pelo homem livre. Evidentemente, todo o assistencialismo estatal há de se estabelecer ao egresso, notadamente quem mais dele necessita, com o fito principal de se evitar a recidiva [...]
Aos encarcerados a Lei de Execução Penal salienta que serão asseguradas todas as assistências cabíveis para que os condenados consigam se ressocializar posteriormente, evidenciando as possibilidades atingíveis pelo homem livre.
 Para Michel Foucault (1987, p.244), o encarceramento significa:
[...] privar o indivíduo de sua liberdade considerada ao mesmo tempo como um direito e como um bem. Segundo essa penalidade, o corpo é colocado num sistema de coação e de privação, de obrigações e de interdições. O sofrimento físico, a dor do corpo não são mais os elementos constitutivos da pena. O castigo passou de uma arte de sensações insuportáveis e uma economia dos direitos suspensos. Se a justiça ainda tiver que manipular e tocar o corpo dos justiçáveis, tal se fará à distância, propriamente, segundo regras rígidas e visando a um objetivo bem mais “elevado”. Por efeito dessa novas retenção, um exercício inteiro de técnicos veio substituir o carrasco, anatomista imediato do sofrimento: os guardas, os médicos, os capelães, os psiquiatras, os psicólogos, os educadores; por sua simples presença ao lado do condenado, eles cantam á justiça o louvor de que ela precisa: eles lhe garantem que o corpo e a dor não são os objetos últimos de sua ação punitiva [...]
Conforme o artigo 41 da Lei de Execuções Penais n° 7.210.84, o Estado deve certificar aos presos a garantia dos princípios básicos para o cumprimento da pena, in verbis:
[...] Art. 41 - Constituem direitos do preso: I - alimentação suficiente e vestuário; II - atribuição de trabalho e sua remuneração; III - Previdência Social; IV -constituição de pecúlio; V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação; VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados; XI - chamamento nominal; XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena; XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento; XIV - representação e petição a qualquerautoridade, em defesa de direito; XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes. XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente [...]
O ordenamento jurídico elenca regras as penitenciárias no Brasil, como a alimentação, roupas, poder laborar para posteriormente abater no cumprimento da pena, exercícios profissionais, intelectuais, artísticos, assistência à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa, igualdade de tratamento, contato com o mundo externo, por cartas e leitura de outros meios de informação. Ou seja, a Lei de Execução Penal protege os encarcerados no Brasil, assegurando diversas garantias.
Neste sentido, o autor Paulo Fernando dos Santos (1999, p.82) disse sobre os direitos dos condenados:
[...] conserva o preso todos os direitos não atingidos pela perda de sua liberdade, direitos estes que não sejam incompatíveis com a pena, não podendo também desrespeitar a sua integridade física e moral. Assim se diz dos seus direitos humanos, fundamentais e processuais. Imanentes à sua condição de pessoa [...]
A referida lei em seu artigo 3º traz, in verbis: “Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei”. Neste sentido, o Estado de Direito brasileiro pugna pelo modelo democrático, ou seja, aquele que garante a evolução da pessoa humana. 
Tratando sobre as encarceradas do sexo feminino o legislador trouxe em sua lei, artigos que tratam sobre as detentas que se encontram grávidas, garantindo direito de uma gestação digna. É o que consta na Lei nº 7.210/84,Lei de Execução Penal:
[...] Artigo 14. Assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento § 2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento. medico, farmacêutico e odontológico. § 3o  Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido [...]
É garantido as presas do sexo feminino todas as proteções da Lei de Execução Penal, dentre elas a saúde, segurando-as que quando não for possível promover a assistência médica no cárcere, está será encaminhada para outro local, principalmente no pré-natal e pós-natal.
Ainda, sobre o encarceramento feminino o artigo 83 da citada lei traz, in verbis:
[...] Artigo 83 O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá contar em suas dependências com áreas e serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva.
§ 2o  Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de idade [...]
É garantido nas penitenciárias do Brasil áreas destinadas a educação, trabalho, recreação, e em relação as mulheres serão garantidos dependências para seus filhos, como berçário e creches.
O artigo 88 da Lei de Execução Penal, nº 7.210/84, garante a todos os encarcerados direitos básicos na cela em que irão cumprir a pena. 
[...] Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório. Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular: a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação condicionamento térmico adequado à existência humana; b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados [...]
As palavras de Tailson Pires Costa (2004, p. 47) citando Baltard (1829, p. 198) sobre as prisões são que:
[...] A prisão deve ser um aparelho disciplinas exaustivo. Em vários sentidos: deve tomar a seu encargo todos os aspecto dos indivíduo, seu treinamento físico, sua aptidão para o trabalho, seu comportamento cotidiano, sua atitude moral, suas disposições: a prisão muito mais que a escola, a oficina ou o exercício, que implicam sempre numa certa especialização, é o ‘onidisciplinar’. Além disso a prisão é sem exterior nem lacuna; não se interrompe, a não ser depois de terminada totalmente sua tarefa; sua ação sobre o individuo deve ser ininterrupta: disciplina incessante [...]
Portando, a lei de execução penal muito mais que uma forma de punir os condenados, visa pela readaptação integral à sociedade, assegurando que a pena seja cumprida de forma sublime com assistência de todas as suas necessidades, garantindo a sentenciados direitos constitucionais, proibindo abusos e desrespeitos.
	2.3. Princípios que norteiam o sistema penitenciário
Neste tópico serão tratados os princípios fundamentais que norteiam o sistema carcerário levando em consideração a subsistência do ser humano, será tratado o princípio da igualdade, da dignidade da pessoa humana, da individualização da pena, tomando conhecimento de sua importância para o Direito Brasileiro, em relação ao tema tratado.
Ao passar do tempo, uma série de princípios foram instituídos para estruturar o Estado de Direito. Esses princípios devem ser observados na Constituição, pois são responsáveis por definir a estrutura básica, fundamentos e bases para determinado sistema.
Muitos princípios foram implantados e, atualmente representam o pilar do Estado Brasileiro. Segundo André Ramos Tavares (2007, p. 100), sobre os princípios constitucionais:
[..] Os princípios constitucionais são normas presentes na constituição que se aplicam ás demais normas constitucionais. Isso porque são dotados de grandes abstratividade, e têm por objetivo justamente imprimir determinado significado às demais normas. Daí resulta o que se denomina sistema constitucional, que impõe a consideração da Constituição como um todo coeso de normas que se relacionam entre si. Os princípios constitucionais, portanto servem de vetores para a interpretação válida da Constituição [...] 
 	Os princípios constitucionais gerais, pertencem ao Direito Constitucional, é um estudo conhecido como ciência universal são doutrinários e científicos, é um conjunto de normas utilizados para nortear o ser humano. Os princípios constitucionais passaram a reger todo o sistema legal de forma que alcance a dignidade da pessoa humana em todas as relações jurídicas. Ou seja, os princípios são responsáveis pela incorporação de valores essenciais no ordenamento jurídico.
A respeito do conceito de princípio, Ivo Dantas (1995, p.59), diz que:
[...] Princípios são categorias lógicas e, tanto quanto possível, universal, muito embora não possamos esquecer que, antes de tudo, quando incorporados a um sistema jurídico constitucional positivo, refletem a própria estrutura ideológica do Estado, como tal, representativa dos valores consagrados por uma determinada sociedade [...] 
 
Ainda, sobre os princípios constitucionais o autor Luiz Antônio Rizzato Nunes (2002, p.40).
[...] Os princípios constitucionais são o ponto mais importante de todo o sistema normativo, já que estes são os alicerces sobre os quais se constrói o Ordenamento Jurídico. São os princípios constitucionais que dão estrutura e coesão ao edifício jurídico [...].
Portanto, os princípios são responsáveis por definir a estrutura básica, e fundamentos para o andamento do ordenamento jurídico cuja matéria deve ser observada, imputando obrigações ao estado para com a sociedade.
2.3.1 Princípio da Igualdade:
O princípio da igualdade, indica um tratamento igualitário para todos os cidadãos. É primordial entre os princípios constitucionais. De acordo com a Carta Magma, o princípio da igualdade está previsto no artigo 5º, que, in verbis: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Esta igualdade é chamada de formal, e de acordo com ela, é vetado que os legisladores criem ou editem leis que a violem. 
Ademais, cabe ressaltar que na nossa Constituição Federal se encontra presentes artigos que dispõem sobre o Princípioda Igualdade, quais sejam: artigos. 3º e 5º caput, I, VIII, XLII; e 7º, XXX, XXXI e XXXIV in verbis.
[...] Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;II - garantir o desenvolvimento nacional;III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. [...]
E, além do artigo 3º da Constituição Federal, também tem o artigo 5º caput, I, VIII, XLII, que complementa o princípio da igualdade, in verbis:
[...] Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; [...]
	Ainda, no que diz respeito ao princípio da Igualdade, a Constituição Federal em seu artigo 7º conceitua este princípio, in verbis:
[...] art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso [...]
O princípio da igualdade foi inserido pela Constituição federal para que tanto o legislador, como o aplicador da lei deverão propor aos cidadãos situação de igualdade absoluta. Neste sentido é a lição de Luiz Alberto David Araújo (2006, p. 131).
[...] A Constituição da República instituiu o princípio da igualdade como um de seus pilares estruturais. Por outras palavras, aponta que o legislador e o aplicador da lei devem dispensar tratamento igualitário a todos os indivíduos, sem distinção de qualquer natureza. Assim, o princípio da isonomia deve constituir preocupação tanto do legislador como do aplicador da lei. No mais das vezes a questão da igualdade é tratada sob o vértice da máxima aristotélica que preconiza o tratamento igual aos iguais e desigual aos 
desiguais, na medida dessa desigualdade [...]
Com isso, fica evidente que a Constituição Federal em seu texto deixa explícito que todos são iguais perante a lei, sendo necessário tratamento igualitário sem distinção de qualquer natureza, é regra fundamental para a convívio dos cidadãos e andamento do ordenamento jurídico.
2.3.2 Princípio da Individualização da pena.
Busca-se apresentar neste tópico sobre o princípio da individualização da pena, sendo obrigatório a observação do mesmo para realizar análise do caso concreto para posteriormente aplicar pena a ser cumprida.
O princípio tratado é direito fundamental dos condenados visando uma pena justa e individualizada. Para o autor Nucci (2005 ,p.311). 
[...] Individualizar significa tornar individual uma situação, algo ou alguém, quer dizer particularizar o que antes era genérico, tem o prisma de especializar o geral, enfim, possui o enfoque de, evitando a estandartização, distinguir algo ou alguém, entro de um contexto [...]
Com a pena sendo individualizada, o sentenciado terá a garantia de uma pena justa e adequada para o crime cometido, verificando sua personalidade e realizando exame criminológico.
No que diz respeito a personalidade do condenado Guilherme de Souza Nucci (2013, p. 171) cita que levará em conta:
[...] aspectos positivos: bondade, alegria, persistência, responsabilidade nos afazeres, franqueza, honestidade, coragem, calma, paciência, amabilidade, maturidade, sensibilidade, bom-humor, compreensão, simpatia; tolerância, especialmente à liberdade de ação, expressão e opinião alheias; aspectos negativos: agressividade, preguiça, frieza emocional, insensibilidade acentuada, emotividade desequilibrada, passionalidade exacerbada, maldade, irresponsabilidade no cumprimento das obrigações, distração, inquietude, esnobismo, ambição desenfreada, insinceridade, covardia, desonestidade, imaturidade, impaciência, individualismo exagerado, hostilidade no trato, soberba, inveja, intolerância, xenofobia, racismo, homofobia, perversidade [...].
O exame criminológico, tem previsão na Lei de Execução Penal nº 7.210/84 em seu artigo 8º, in verbis:
[...] Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução. Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semiaberto [...]
	No Código Penal tem previsão em ser artigo 34 in verbis:
[...] Art. 34 O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução [...]
Conforme os ensinamentos do doutrinador Alvino Augusto de Sá (2010), sobre o exame criminológico o sistema penal brasileiro explica a elaboração de um diagnóstico e prognóstico dos sentenciados à pena privativa de liberdade, por meio de uma análise interdisciplinar realizada, envolvendo as áreas jurídica, psiquiátrica, psicológica, social e familiar.
Por todo exposto, o legislador trouxe o princípio da individualização da pena, para que seja aplicado em casos que o acusado deverá cumprir pena, serão analisados diversos requisitos tanto sobre o delito, quanto a personalidade do réu e condições sociais e econômicas. 
2.3.3 A dignidade da pessoa humana.
O conceito de dignidade, foi fixado ao decorrer do tempo, de acordo com os acontecimentos vivenciados pelo homem o que a princípio se mostrava apenas como reflexão filosófica foi evoluindo para um dever e obrigação de proteção à dignidade da pessoa humana criando caráter normativo. Quando nos deparamos com o instituto da dignidade da pessoa na Constituição Federal, se vê um dos princípios mais importantes do nosso ordenamento jurídico.
A dignidade é conceituada como, honra, autoridade, modo de proceder que inspira respeito; consciência do próprio valor; nobreza e honestidade. A palavra é derivada do latim dignitas, que se entende como qualidade moral (SILVA, 2001).
Neste sentido, o respeitável doutrinador, Gomes Canotilho (2002, p.3) sobre a dignidade da pessoa humana observa:
[...] o conceito de dignidade da pessoa humana obriga a uma densificação valorativa que tenha em conta o seu amplo sentido normativo-constitucional e não uma qualquer ideia apriorística do homem, não podendo reduzir-se o sentido da dignidade humana à defesa dos direitos pessoais tradicionais, esquecendo a nos casos de direitos sociais, ou invocá-la para construir ‘teoria do núcleo da personalidade’ individual, ignorando-a quando se trate de garantir as bases da existência humana”. Daí decorre que a ordem econômica há de ter por fim assegurar a todos exigência digna (art. 170), a ordem social visará a realização da justiça social (art. 193), a educação, o desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania (art. 205) etc., não como meros enunciados formais, mas como indicadores do conteúdo normativo eficaz da dignidade da pessoa humana [...]
A nossa constituição Federal, prevê pelo bem estar ao ser humano, e a proteção de sua dignidade, previsto no artigo 1° da Constituição Federal de 1988, o rol de princípios fundamentais, dentre os quaisestá presente o princípio da dignidade da pessoa humana in verbis:
[...] Art 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:I - a soberania;II - a cidadania;III - dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;V - o pluralismo político [...]
A norma prevista na carta magna tem como origem à Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), previsto em seu artigo 5º, itens 1 e 2, divulgada pelo Decreto Presidencial nº 678, de 06 de novembro de 1992, in verbis:
Art. 5º. Direito à Integridade Pessoal. 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral. 2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade inerente ao ser humano.
A dignidade da pessoa humana não pode ser renunciada, e está sempre prevista no ser humano. O ordenamento jurídico tem o poder de efetivar sua garantia e estabelecer um rol taxativo para a sobrevivência do ser humano e suas garantias básicas á saúde, proteção e bem estar. Neste sentido sobre importância da dignidade da pessoa humana é destacada por Uadi Lammêgo Bulos (2009, p 392):
[...] a dignidade humana reflete um conjunto de valores civilizatórios incorporados ao patrimônio do homem pois seu conteúdo jurídico interliga-se às liberdades públicas, em sentido amplo, abarcando aspectos individuais, coletivos, políticos e sociais do direito à vida, dos direitos pessoais tradicionais, dos direitos metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogêneos), dos direitos econômicos, dos direitos educacionais, dos direitos culturais [...].
Ou seja, a dignidade da pessoa humana tem a preocupação de levar a promoção dos direitos humanos e da justiça social consagrando-a como valor nuclear de ordem constitucional (DIAS, 2015). 
Assim como ensina Jose Afonso da Silva (2010, p.40) sobre o princípio da dignidade humana.
[...]e é fundamento é porque se constitui num valor supremo, num valor fundante da República, da Federação, do País, da Democracia e do Direito. Portanto, não é apenas um princípio da ordem jurídica, mas o é também da ordem política, social, econômica e cultural. Daí sua natureza de valor supremo, porque está na base de toda vida nacional [...].
	A dignidade da pessoa humana é princípio essencial para o andamento do sistema jurídico, é imprescindível para a convivência social e jurídica. Segundo o autor Alexandre de Moraes (2005, p. 129) sobre a dignidade da pessoa humana,
[...] A dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos [...]
A posição doutrinária predominante, relata sobre a dignidade da pessoa humana que, explicado nas palavras de Alexandre de Moraes (2004, p. 52) 
[...] A dignidade da pessoa humana: concede unidade aos direitos e garantias fundamentais, sendo inerente às personalidades humanas. Esse fundamento afasta a idéia de predomínio das concepções transpessoalistas de Estado e Nação, em detrimento da liberdade individual. A dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos [...] 
Portando, ficou evidente que o legislador tem a preocupação de proteger e assegurar as garantias mínimas para o ser humano, devendo sempre respeitar a dignidade da pessoa humana, pois, onde não há respeito pela vida, integridade moral e física do homem, o princípio não estará sendo respeitando, assim provocando injustiças com os seres humanos.
2.3.4 O Princípio do Melhor Interesse da Criança.
Neste tópico, passamos a analisar o princípio do melhor interesse da criança. A princípio sua previsão surgiu com a Declaração Universal dos Direitos da Criança, na ONU, em 1959, mas, nesta, somente abordava o conceito internacional. No que diz respeito ao nosso ordenamento jurídico ele ganho evidencia em torno do princípio da dignidade humana.
Embora não previsto de forma expressa em nossa Constituição Federal, é necessário que seja feita uma interpretação hermenêutica, para Paulo Lobo (2002, p.69) as crianças devem ser asseguras de:
[...]O princípio do melhor interesse significa que a criança – incluído o adolescente, segundo a Convenção Internacional dos Direitos da Criança – deve ter seus interesses tratados com prioridade, pelo Estado, pela sociedade e pela família, tanto na elaboração quanto na aplicação dos direitos que lhe digam respeito, notadamente nas relações familiares, como pessoa em desenvolvimento e dotada de dignidade[...]
	
Em relação ao princípio do melhor interesse nas palavras de Andréa Rodrigues Amin (2017, p. 70) esclarece que:
[...] trata-se de princípio orientador tanto para o legislador como para o aplicador, determinando a primazia das necessidades da criança e do adolescente como critério de interpretação da lei, deslinde de conflitos, ou mesmo para elaboração de futuras regras [...]
há inúmeros conceitos sobre o princípio do melhor interesse da criança, mas somente a teoria não é suficiente para demonstrar a importância do mesmo, muitas vezes surgem problemas quanto sua aplicação, e ocasionalmente as soluções jurídicas encontradas ferem a dignidade das crianças, é primordial que não haja predomínio, por parte do magistrado, da sua percepção sobre o melhor interesse. Assim, é imprescindível a ponderação pela perspectiva da normal legal, dos fatos e da axiologia (GONÇALVES).
Em relação ao princípio do melhor interesse da criança e sua falta de previsão acerca de todas as situações que poderia ser aplicado a doutrina de Colucci explica que (2009, p. 11)
[...] Por um lado, essa definição é vantajosa, já que seria impossível haver previsão de todas as situações em que o melhor interesse da criança poderia vir a ser aplicado, por envolver variada gama de relações familiares, que não são objetivas. Com isso. Embora a pesquisa estivesse buscando determinar interesse, ficou claro que tal intento não é possível. Todos os fatores envolvidos em cada caso concreto devem ter criteriosamente analisados, de preferencia com o auxilio de equipe multidisciplinar, para que se determine, naquela situação especifica, qual é o melhor interesse para aquela determinada criança [...]
Portanto, pode-se concluir que o princípio do melhor interesse da criança, tem objetivo de resguardar sua integridade, assegurando segurança, saúde, entre outras certezas previstas em nosso ordenamento jurídico. Salientando que deverá ser realizada análise do caso concreto com observância do princípio do melhor interesse da criança para que seja decidido o que é melhor para a criança em determinada situação.
3. CONDIÇÕES DO SISTEMA CARCERÁRIO
3.1 Condições desumanas
A situação que assola as cadeias públicas no brasil, é evidenciado pela superlotação e pela falta de higiene e saúde, mostrando omissão por parte do Poder Público com a dignidade da Pessoa Humana. Embora haja diversos princípios que asseguram uma vida respeitável e uma Lei que diz respeito ao cumprimento de pena, garantindo aos sentenciadosa ressocialização e que não venham a praticar novos crimes, diante de um sistema extremamente falho, superlotado, sem exigências físicas e que comporta um número elevado de presos, o que é pretendido não ocorre (INFOPEN, 2016)
A Lei de execução penal, garante à saúde do preso e do internado, de caráter preventivo e curativo, que deve compreender atendimento médico, farmacêutico e odontológico; e quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover tal assistência, esta será prestada em outro local, mediante autorização da direção da instituição. 
Em relação as encarceradas do sexo feminino, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) fez uma pesquisa nos estabelecimentos prisionais em quinze estados e no Distrito Federal, para que fosse apurado os cuidados com as gestantes, lactantes e com os bebês. Foi constatado, em todas as cadeias que não à acesso a saúde das genitoras e dos bebês, no qual foi apurado acomodações precárias, mães e bebês recebendo alimentação inadequada, além de crianças que não possuíam nem sequer certidão de nascimento. Nas penitenciárias visitadas verificou-se que a grande maioria delas não possuíam ginecologistas e obstetras para a realização do pré-natal e pós natal das gravidas, além de não ter pediatras para os bebês ainda, em algumas penitenciárias foram encontrados bebês que não haviam tomado as vacinas necessárias para uma vida sadia.
Conforme preleciona Guilherme de Souza Nucci (2010, p. 39) sobre a dignidade humana assegurada aos cidadãos.
[...] Trata-se sem dúvida, de princípios regentes, cuja missão é a preservação do ser humano, desde o nascimento até a morte, conferindo-lhe autoestima e garantindo-lhe o mínimo existencial. Para que o ser humano tenha sua dignidade preservada, torna-se essencial o fiel respeito aos direitos e garantias individuais. Por isso, esse princípio é a base e a meta do Estado Democrático de Direito, não podendo ser contrariado, nem alijado de qualquer cenário, em particular, do contexto penal e processual penal [...].
Diante disso, a Lei de execução Penal deve estar inteiramente ligada com os princípios constitucionais assegurando aos sentenciados a dignidade da pessoa humana. Neste sentido esclarece Alexandre de Moraes que (2015, p. 47), “os direitos humanos são universais, que conferem poder de existência digna, livre e igual de todos os seres humanos”.
O princípio da dignidade da pessoa humana é direito fundamental e deve ser respeitado no estado democrático de direito, amparando a Lei de execução penal no que diz respeito ao cumprimento de pena.
A Organização das Nações Unidas, garante aos presos instalações limpas, adequadas, higiênicas, arejadas, salubre, alimentação saudável e à manutenção da higiene pessoal.
Segundo consta na Resolução nº14 de 1994, em seu artigo 15 o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, traz em seu bojo regras mínimas para o tratamento de Presos no Brasil, in verbis:
[...] art. 15. A assistência à saúde do preso, de caráter preventivo curativo, compreenderá atendimento médico, psicológico, farmacêutico e odontológico. Art. 16. Para assistência à saúde do preso, os estabelecimentos prisionais serão dotados de: I – enfermaria com cama, material clínico, instrumental adequado a produtos farmacêuticos indispensáveis para internação médica ou odontológica de urgência; II – dependência para observação psiquiátrica e cuidados toxicômanos; III – unidade de isolamento para doenças infecto-contagiosas. Parágrafo Único - Caso o estabelecimento prisional não esteja suficientemente aparelhado para prover assistência médica necessária ao doente, poderá ele ser transferido para unidade hospitalar apropriada [...].
 
Embora na teoria haja previsões que garantam unidade básicas de saúde nas penitenciarias, e berçários, na pratica não ocorre o esperado. Nas palavras da Juiza auxiliar da presidência do CNJ Andremara dos Santos: 
 [...] O que faz a diferença entre uma e outra penitenciária é o empenho de quem está na direção do estabelecimento penal para cumprir a lei e utilizar adequadamente os recursos do fundo penitenciário, disponibilizados pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional) e pelas secretarias de Administração Penitenciária [...]
Verificou-se ainda a péssima qualidade nas dietas oferecidas às gestantes e lactantes, sopa com gordura, muito sódio, marmitas estragadas e sem cozimento adequado para o consumo. 
Por fim, pode-se concluir que há omissão por parte do estado nas penitenciarias no brasil, contrariando o princípio da dignidade da pessoa humana, e deixando as encarceradas em situação desumana e degradante, sem atender as condições previstas em normas.
3.2 Tema de repercussão geral do Supremo Tribunal Federal
O tema de repercussão geral trata daqueles temas de questões relevantes para o país, no que diz respeito ao aspecto econômico, político, social e jurídico. Em nossa legislação o tema está previsto no Código de Processo Civil em seu artigo 1.035, in verbis:
[...] Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo.§ 1º Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo.§ 2º O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal.§ 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que:I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal;III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do  § 4º O relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. § 5º Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional. § 6º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se sobre esse requerimento. § 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º ou que aplicar entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos caberá agravo interno. § 8º Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem que versem sobre matéria idêntica. § 9º O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus § 11. A súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no diário oficial e valerá como acórdão [...] 
O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal consiste nos trâmites para o funcionamento administrativo do Supremo Tribunal Federal, em relação a sua composição e limite. Sobre os temas de repercussão geral, como dispõe o artigo 322, in verbis:
Art. 322. O Tribunal recusará recurso extraordinário cuja questão constitucional não oferecer repercussão geral, nos termos deste capítulo. (Parágrafo único.Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões que, relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, ultrapassem os interesses subjetivos das partes.
Neste sentido, sobre o tema de repercussão geral, a ementa do Supremo Tribunal Federal, decide que: 
Recurso extraordinário representativo da controvérsia. Repercussão Geral. Constitucional. Responsabilidadecivil do Estado. Art. 37, § 6º. 2. Violação a direitos fundamentais causadora de danos pessoais a detentos em estabelecimentos carcerários. Indenização. Cabimento. O dever de ressarcir danos, inclusive morais, efetivamente causados por ato de agentes estatais ou pela inadequação dos serviços públicos decorre diretamente do art. 37, § 6º, da Constituição, disposição normativa autoaplicável. Ocorrendo o dano e estabelecido o nexo causal com a atuação da Administração ou de seus agentes, nasce a responsabilidade civil do Estado. 3. "Princípio da reserva do possível". Inaplicabilidade. O Estado é responsável pela guarda e segurança das pessoas submetidas a encarceramento, enquanto permanecerem detidas. É seu dever mantê-las em condições carcerárias com mínimos padrões de humanidade estabelecidos em lei, bem como, se for o caso, ressarcir danos que daí decorrerem. 4. A violação a direitos fundamentais causadora de danos pessoais a detentos em estabelecimentos carcerários não pode ser simplesmente relevada ao argumento de que a indenização não tem alcance para eliminar o grave problema prisional globalmente considerado, que depende da definição e da implantação de políticas públicas específicas, providências de atribuição legislativa e administrativa, não de provimentos judiciais. Esse argumento, se admitido, acabaria por justificar a perpetuação da desumana situação que se constata em presídios como o de que trata a presente demanda. 5. A garantia mínima de segurança pessoal, física e psíquica, dos detentos, constitui dever estatal que possui amplo lastro não apenas no ordenamento nacional (Constituição Federal, art. 5º, XLVII, “e”; XLVIII; XLIX; Lei 7.210/84 (LEP), arts. 10; 11; 12; 40; 85; 87; 88; Lei 9.455/97 - crime de tortura; Lei 12.874/13 – Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura), como, também, em fontes normativas internacionais adotadas pelo Brasil (Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas, de 1966, arts. 2; 7; 10; e 14; Convenção Americana de Direitos Humanos, de 1969, arts. 5º; 11; 25; Princípios e Boas Práticas para a Proteção de Pessoas Privadas de Liberdade nas Américas – Resolução 01/08, aprovada em 13 de março de 2008, pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos; Convenção da ONU contra Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, de 1984; e Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros – adotadas no 1º Congresso das Nações Unidas para a Prevenção ao Crime e Tratamento de Delinquentes, de 1955). 6. Aplicação analógica do art. 126 da Lei de Execuções Penais. Remição da pena como indenização. Impossibilidade. A reparação dos danos deve ocorrer em pecúnia, não em redução da pena. Maioria. 7. Fixada a tese: “Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento”. 8. Recurso extraordinário provido para restabelecer a condenação do Estado ao pagamento de R$ 2.000,00 (dois mil reais) ao autor, para reparação de danos extrapatrimoniais, nos termos do acórdão proferido no julgamento da apelação.
Com a ementa citada acima, ficou claro que o Estado deverá indenizar os presos quando os mesmos se encontrarem em situação desumana nos encarceramentos no Brasil, pois é responsabilidade deste atender o princípio da dignidade no cumprimento da pena, e, quando houver desobediência o Estado terá a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais nas penitenciárias. 
Portanto, realizada análise de tema de repercussão geral, as superlotações das cadeias públicas e a situação desumanas em que os condenados vivem, sem alimentação adequada, sem médicos disponíveis, ambientes providos de higiene, cadeias superlotadas, além de situação humanamente ultrajante a Suprema Corte decidiu pela efetiva proteção aos direitos, e garantias dos condenados, indenizando aqueles que são conhecidos como grupos minoritários, expostos a vulnerabilidade política, social e econômica. Pois, embora comtemplado na Constituição Federal e na Lei de Execução Penal sobre as garantias e deveres do Poder Público a realidade é completamente diferente, os deveres são descumpridos por parte do Poder Executivo, que age com indiferença e descaso, causando graves danos aos direitos fundamentais e a dignidade da pessoa humana.
3. 3. Da saúde da mulher
As mulheres são a maior parte da população no Brasil e as principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo consta no livro Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (2004), no Brasil, a saúde da mulher foi inserida nas políticas nacionais de saúde no século XX, sendo delimitada, às mulheres que estivessem gravidas, abordando matérias relativas à gravidez e ao parto, como se as mulheres fossem limitadas ao sistema reprodutor, as mulheres reivindicaram pelos seus direitos, para que a saúde fosse garantida em todos os ciclos de sua vida e ao decorrer dos anos mais precisamente em 1984, houve a elaboração do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher, trazendo um novo conceito que incluía ações educativas, preventivas, clínica de diagnósticos, tratamento, recuperação, ginecologia e assistência ao pré-natal, parto, planejamento familiar, exames, além de outras indispensabilidades. 
	A saúde também é garantia fundamental prevista na Constituição Federal de 1988, prevista em seu artigo 196 in verbis: 
 
[...] Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado [...].
Portanto, fica evidente que a saúde e direito fundamental de todos os seres humanos e as mulheres estão inclusas no programa do Governo para que suas necessidades sejam atendidas como devem ser. As mulheres que se encontram em cumprimento de pena ficam expostas a diversas enfermidades como DST/aids, Tuberculose, pneumonias, dermatoses, transtornos mentais, hepatite, além de outros problemas decorrentes da vida adulta. Neste sentido foi instituída Portaria Interministerial n º 1.777, para que fossem promovidas à saúde da população encarcerada atendidas as demandas especificas.
4. MATERNIDADE NO SISTEMA PRISIONAL.
4.1 Infraestrutura 
	
	Pretende-se analisar neste tópico a maternidade no sistema prisional, bem como sua infraestrutura prisional, as acomodações para as encarceradas no que diz respeito a maternidade, e ainda, o direito do nascituro e das crianças e por fim demonstrar o teor do acórdão coletivo proferido pelo Supremo Tribunal Federal.
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciaria em outubro de 2016, foi realizada uma pesquisa pelo INFOPEN que encontrou dados pertinentes às penitenciárias, indicando os problemas de superlotação, como por exemplo, entre o ano de 2000 a 2016, houve um crescimento na população feminina de 656% no Brasil, a Penitenciária Feminina de Campinas, inaugurada em 01/03/1993, segue com o regime fechado e tem capacidade de 556 pessoas, e atualmente está com população de 955 presas, a Penitenciária Feminina da Capital de São Paulo, inaugurada em 04/09/1973, segue em regime fechado, tem capacidade de 604 pessoas, e está com uma população atual de 645, verificando também as condições semelhantes apresentadas pelas Penitenciária de Mogi Guaçu, como maior acumulo do estado de São Paulo, com aproximadamente duzentas mulheres a mais do previsto. No centro de detenção Provisória de franco da Rocha, no qual as mulheres ficam na espera da sentença, ocorre 20% a mais de superlotação, verificando também as condições semelhantes apresentadas pelas Penitenciária Feminina II de Tremembé, que tem capacidade de 796 detentas e está com população de 895.
As penitenciarias que participaram da pesquisa somam 27.029 vagas disponíveis para as mulheres, sendo que compõe a ocupação de 156,7%, contando com a falta de 15.326 vagas. Apontando que em 2016, 77,6% dos presídios sofreram de superlotação, ou seja, em 219 unidade prisionais, 170 estão suportando número de detenta maior do previsto (INFOPEN).
Como o exacerbado crescimento na população carcerária feminina, é necessário dar as devidas importâncias às políticas sociais no interior das penitenciarias, para que sejam atendidas as necessidades básicas das mulheres.
Nunca foi dada a importância necessária da condição da mulher na criação de estabelecimentos femininos, visto que a formação e construção dos presídios são aptas para atender e receber homens pouco dando importância para a realidade feminina, na qual as necessidades dificilmente são atendidas, e quando são, são violadas, juntamente com a dignidade das mesmas
Sendo pouco abordado e debatidos os crimes por elas realizados, e como são delimitadas as penas, como são impostas e executadas dentro do cárcere, podemos chegar à conclusão que no que diz respeito à maternidade nos presídios, o que demonstra uma maior preocupação com as categorias de mãe e criança. (Ramos, 2011)
Mesmo com a humanização dentro dos presídios composto pelas leis brasileiras, ocorre que sendo há um impasse no processo de cumprimento de pena em questão, Olga Espinoza (2004, p. 148) relata:
[...] As interações no cárcere, mesmo feminino, se reproduzem pela regra do medo, ou seja, a doutrina de prêmios e castigos é reconstruída na sua versão mais perversa, visto que não se apela ao estímulo, mas à coerção, para produzir alterações na conduta das pessoas. A disciplina converte-se então em mecanismo justificado para o incremento do sofrimento [...]
Embora haja previsão de uma execução de pena cercada de proteção, há evidente ausência de investimentos para prisões voltadas para as condições femininas, não sendo possível para as mulheres habitar os presídios sem uma mínima adaptação para atender às suas necessidades básicas, e muito menos quando estão gravidas, e necessitam de um cuidado maior.
 O autor Viafore (2005, p. 99) explica que as encarceradas que cumprem a pena privativa de liberdade e se encontram gravidas sofrem muito pois não à proteção da saúde:
[...]As apenadas grávidas, em que pese estarem sendo punidas por um ato ilícito que cometeram, não podem ser mais uma vez castigadas pela escassa assistência médica, isto é, em algo ultrapassa a sua sentença condenatória. Ademais, o feto é o principal prejudicado pela ausência de assistência médica adequada neste período. A saúde é um direito de todos independentes de quem seja, e é dever do Estado prestar este atendimento com a maior dignidade humana possível [...]. 
Com embasamento no artigo 41 da Lei de Execuções Penais, o Estado deve assegurar aos presos a garantia dos princípios básicos, como o direito à alimentação, educação, vestuário, instalações higiênicas, assistência médica, farmacêutica e odontológicas, para que se torne possível a subsistência dos condenados dentro dos presídios. A Organização das Nações Unidas (ONU), na também traz questões sobre mães encarceradas.
Adotadas pelo 1º Congresso das Nações Unidas sobre Prevenção do Crime e Tratamento de Delinquentes, realizado em Genebra, em 1955, e aprovadas pelo Conselho Econômico e Social da ONU através da sua resolução 663 C I (XXIV), de 31 de julho de 1957, aditada pela resolução 2076 (LXII) de 13 de maio de 1977. Em 25 de maio de 1984, através da resolução 1984/47, o Conselho Econômico e Social aprovou treze procedimentos para a aplicação efetiva das Regras Mínimas. 
REGRA 23
1 Nos estabelecimentos prisionais para mulheres devem existir instalações especiais para o tratamento de presas
grávidas, das que tenham acabado de dar à luz e das convalescentes. Desde que seja possível, deverão ser tomadas
medidas para que o parto ocorra em um hospital civil. Se a criança nascer num estabelecimento prisional, tal fato
não deverá constar no seu registro de nascimento.
2.Quando for permitido às mães presas conservar as respectivas crianças, deverão ser tomadas medidas para
organizar uma creche, dotada de pessoal qualificado, onde as crianças possam permanecer quando não estejam ao
cuidado das mães.
Portanto, podemos ressaltar que a superlotação é maior impedimento para que os direitos e garantias sejam atendidos, além disso cabe ressaltar que é fator impeditivo da eficácia da pena, porque as chances de ressocialização em situação desumana é mínima, no que tange sobre mulheres que estão em período gravítico a situação é ainda mais complicada, pois não existem acomodações para atender suas necessidades e dos recém-nascidos, tampouco é asseguradas de acompanhamento necessário durante o pré-natal e pós-natal.
4.2 A Maternidade nos presídios
A Organização de Nações Unidas prevê que os presídios femininos devem ter instalações especiais para o tratamento das presas gestantes, e para os filhos menores de 0 a 6 anos será ainda assegurado o atendimento em creche. Então a gestação da mulher não poderá cominar com o afastamento do direito e garantias assegurados pela constituição e pela Organização de Nações Unidas.
Em nosso ordenamento jurídico, no momento que a mulher descobre a gestação a lei ampara pelo direito ao pré-natal, devendo ser transferida caso não tenha em seu presídio equipe médica e estrutura para o acompanhamento da gravidez, e o parto ocorre em uma unidade hospitalar do Sistema Único de Saúde. 
Também terá direito ao pós-natal, onde o sistema carcerário terá que possuir berçário e equipe médica para o acompanhamento da mãe e do bebê, tendo a obrigação de receber vacinas e fazer o teste do pezinho, assegurado pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, nos Direitos e Deveres das mulheres presas. 
É garantido às encarceradas, o direito de permanecer em presídios que tenham berçários para que seja possível a amamentar seus filhos, à luz do artigo 5º da Constituição Federal em seu inciso L, disposto da seguinte forma, in verbis:
[...] L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação [...]
O Estatuto da Criança e do Adolescente também, assegura a gestante o atendimento médico e o acompanhamento médico, garantindo o direito à amamentação, inclusive no caso de mães em penas privativas de liberdade.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, igual a Constituição Federal também deixou expresso em seu texto que a gestante possui direitos, como disposto no artigo 8º do Estatuto da Criança e do Adolescente, lei nº 8.069/90, in verbis:
[...] Artigo 8º “ é assegurado a gestante, através do Sistema Único de Saúde o atendimento pré e perinatal. Artigo 9º “ O poder público, as instituições e os empregados propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade [...]
Uma das garantias concedidas as mulheres encarceradas em seu período gestacional, é sobre a forma que ela deverá cumprir pena, o artigo 88 da Lei de Execução Penal lei nº 7.210/84 garante a todos os encarcerados requisitos básicos da unidade celular, como a salubridade do ambiente uma área mínima, dormitório, aparelho sanitário, dentre outros in verbis:
[...] Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório. Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular: a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação condicionamento térmico adequado à existência humana; b)área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados) [...]
Ainda sobre o a forma que as condenadas deverão cumprir a pena a lei de Execução Penal nº 7.210/84 dispõe no artigo 83, in verbis:
[...] Artigo 83 O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá contar em suas dependências com áreas e serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva.
§ 2o  Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de idade [...]
Neste sentido para complementar a Lei de Execução Penal Artigo 89 adveio a Redação dada pela Lei nº 11.942, de 2009, onde estabelece alguns requisitos a serem atendidos pela penitenciária no que diz respeito às mulheres em seu período gestacional in verbis: 
[...] Art. 89: Além dos requisitos referidos no art. 88, a penitenciária de mulheres será dotada de seção para gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver presa.
Parágrafo único.  São requisitos básicos da seção e da creche referidas neste artigo:
I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo com as diretrizes adotadas pela legislação educacional e em unidades autônomas; e
II – horário de funcionamento que garanta a melhor assistência à criança e à sua responsável [...]
 
Verifica-se preocupação por parte do legislador com as mães e os recém-nascidos. Há a necessidade da genitora exercer todas suas funções maternais com o seu bebê, nos estabelecimentos penais, especificamente aqueles destinados as mulheres, sendo obrigatório que sejam dotados de estrutura como berçário e creches, a fim de que estas pudessem amamentar seus filhos e que estes pudessem ter um ambiente destinado unicamente para suas atividades.
O Conselho Nacional De Política Criminal e Penitenciária (CNPC) traz regras mínimas para o tratamento de preso no Brasil, beneficiando as genitoras lactantes.
[...]RESOLUÇÃO Nº 14, DE 11 DE NOVEMBRO DE 1994 DA SELEÇÃO E SEPARAÇÃO DOS PRESOS:
Art. 7° Presos pertencentes a categorias diversas devem ser alojados em diferentes estabelecimentos prisionais ou em suas seções, observadas características pessoais tais como: sexo, idade, situação judicial e legal, quantidade de pena a que foi condenado, regime de execução, natureza da prisão e o tratamento especifico que lhe corresponda, atendendo ao principio da individualização da pena.
 § 1° As mulheres cumprirão pena em estabelecimentos próprios.
 § 2° Serão asseguradas condições para que a presa possa permanecer com seus filhos durante o período de amamentação dos mesmos [...]
Ainda no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, é essencial aos filhos dos presos:
[...] Art. 11. Aos menores de 0 a 6 anos, filhos de preso, será garantido o atendimento em creche e em pré – escola.
Art. 17. O estabelecimento prisional destinado a mulheres disporá de dependência dotada de material obstétrico. Para atender à grávida, à parturiente e à convalescente, sem condições de ser transferida a unidade hospitalar para tratamento apropriado, em caso de emergência [...]
Além da Lei de Execução Penal, e da Resolução, no que tange as regras mínimas para o tratamento dos presos a Organização das Nações Unidas (ONU), elencado na regra 23 garantias as genitoras condenadas, como instalações especiais para o tratamento das gestantes.
Conforme Quadros e Santa Rita (2008), mulheres gravidas necessitam de cuidados especiais quando estão em execução da pena privativa de liberdade, pois as condições em que se encontram nos complexos prisionais são extremamente precárias, na qual as penitenciarias acabam não dispondo de recursos primordiais como tratamento do pré-natal e pós-natal.
Conforme pesquisa realizada pelo INFOPEN em apenas 14% das penitenciarias femininas existe berçários, apenas 3% das unidades contam com espaço de creche, e grande maioria das penitenciarias sequer deram as informações para realizar a pesquisa.
As mulheres não são privadas apenas de seu direito à liberdade, mas do seu direito de intimidade, maternidade e saúde. (DEBORA DINIZ, 2014)
Mirabete (2004) ressalva que não deve ocorrer o desvio da execução quando comprometida com a dignidade humana, onde a Lei de Execução Penal traz expressamente os direitos constitucionais das presas.
Embora o legislador tenha dado ênfase ao tratar sobre os direitos das mulheres que estejam gravidas no período de cumprimento de pena e sobre os direitos do nascituro e da criança, não há que se falar que as obrigações do estado esteja sendo integralmente cumpridas, pois é sabido sobre a falta de assistência e de condições mínimas de existência, do atendimento adequado a mulher gestante, do tempo do convívio da mãe com a criança, além da superlotação das penitenciarias e da falta de ambientes adequados aos recém-nascidos, mostrando o abandono por parte do Estado.
4.3 O direito do nascituro e da criança
Neste capítulo busca-se analisar as necessidades do nascituro e da criança bem como seus direitos e garantias a luz Constituição Federal e do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Importante salientar, primeiramente o que é nascituro e o seu conceito para Maria Helena Diniz (1998, p. 334), nascituro é: 
[...] Aquele que há de nascer, cujos direitos a lei põe a salvo. Aquele que, estendo concebido, ainda não nasceu e que, na vida intra-uterina, tem personalidade jurídica formal, no que atina aos direitos de personalidade, passando a ter personalidade jurídica material, alcançando os direitos patrimoniais, que permaneciam em estado potencial, somente com o nascimento com vida [...] 
No mesmo sentido o doutrinador Silvio de Salvo Venosa (2005, p. 153) nascituro é aquele:
[...] O nascituro é um ente já concebido que se distingue de todo aquele que não foi ainda concebido e que poderá ser sujeito de direito no futuro, dependendo do nascimento, tratando-se de prole eventual. Essa situação nos remete à noção de direito eventual, sendo este um direito de mera situação de potencialidade, de formação [...]
Assim, o nascituro mesmo que ainda não tenha nascido possui direitos assegurados tanto pela Constituição Federal, quanto pelo Código Civil e Estatuto da Criança e do Adolescente. 
É garantia assegurada ao nascituro, a vida, de maneira que o Estado deve proteger sua existência, e a progenitora também tem o dever de protege-lo, proibindo a pratica do aborto, que é tratado como crime no artigo 124 do Código Penal “Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque: Pena- detenção de 1(um) a 3 (três) anos”. Considerado crime doloso contra a vida.
Como disposto no artigo 5º da Constituição Federal de 1988 é garantia o direito à vida e inalterabilidade “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida”.
Muitos são os direitos invioláveis, mas principalmente o direito à vida, pois é um direito fundamental do ser humano. Foi tratado sobre o assunto no Pacto de São José da Costa Rica, em seu artigo 4º “Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei, em geral, desde o momento da concepção, ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente”
O direito à vida não está relacionado apenas a sua inviolabilidade mas também a garantia de respeito, educação lazer, emprego, moradia, cultura, entre outros garantidos.
Neste mesmo sentido sobre as seguranças as crianças o artigo 227 da Constituição Federal preceitua que in verbis:
 [...] Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda formade negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão [...]
O Estado possui o dever de fornecer a promoção do desenvolvimento sadio ao nascituro, fornecendo a mãe atendimento pré-natal e perinatal, por meio do Sistema único de Saúde, trazendo no estatuto da criança e do adolescente
[...] Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. Art. 8o  É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde § 1o  O atendimento pré-natal será realizado por profissionais da atenção primária.  § 2o  Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher. § 3o  Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de apoio à amamentação. § 4o  Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal § 5o  A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser prestada também a gestantes e mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que se encontrem em situação de privação de liberdade. § 6o  A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato.  § 7o  A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento materno, alimentação complementar saudável e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral da criança.  § 8o  A gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos. § 9o  A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. § 10.  Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento integral da criança.      
 
Quando o nascituro nasce com vida a prova é feita pela certidão de nascimento assentada no Registro Civil de Pessoas Naturais. Todo nascimento ocorrido no Brasil deve ser declarado por registro, pois nascido já é pessoa, possui direitos e deveres (SEMIÃO, 2015).
No código Civil, em seu artigo 2º “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. 
No nosso ordenamento jurídico o nascituro tem o direito assegurado ao recebimento de direitos aos alimentos gravídicos ainda no período gestacional, com o intuito de uma gestação tranquila e sadia, para garantir a saúde do nascituro
A fim de compreender melhor sobre o assunto, a Lei nº11.804/2008.
[...] Art. Art. 2o  Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes.  Parágrafo único.  Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos [...]
Verifica-se no parágrafo 6º da Lei de Alimentos Gravídicos, que os alimentos gravídicos após o nascimento do nascituro, converte-se em pensão alimentícia. 
[...] Art. 6o  Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré.  Parágrafo único.  Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão [...]
A finalidade da Lei dos Alimentos Gravídicos é assegurar as mães que engravidam, de um homem que não seja seu marido ou companheiro.
O legislador também se preocupou com o curador do nascituro com isso deixou expresso no Código Civil sobre a matéria in verbis no artigo 1.779 do Código Civil, in verbis “Dar-se à curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar. Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro”
Tanto para a genitora quanto para a criança são assegurados os direitos de uma gestação tranquila e acompanhada por médicos, a um parto ou Cesária dignos e humanizados, informação sobre alimentação adequada e balanceada, orientação sobre a amamentação para o crescimento saudável da criança, atendimento a psicólogos para amenizar as consequências do estado puerperal, ainda é dever do poder público garantir às gestantes e as mulheres com os filhos que estejam em cumprimento de pena ambiente que atendas as normas sanitárias e assistência à saúde.
4.4 O acórdão coletivo proferido pelo Supremo Tribunal Federal
Pretende-se analisar neste tópico sobre o remédio constitucional de forma coletiva, que foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal, no que se refere as mulheres encarceradas que possuem filhos.
No dia 20 de fevereiro deste ano, foi concedido Habeas Corpus coletivo em nome de todas as presas gestantes e mulheres que são mães de crianças com até 12 anos de idade, que estivessem em situação de prisão preventiva convertendo-a em prisão domiciliar, com exceção dos crimes cometidos com violência ou grave ameaça, contra os próprios filhos.
A corte máxima entendeu que há violações aos direitos das mulheres nessa situação que se encontram, foi entendido que o remédio constitucional seria uma forma de proteger as mulheres, crianças e aos recém-nascidos do que vinham sofrendo a muito tempo. 
Por determinação do Ministro Ricardo Lewandowski foi realizada pesquisa levantando que grande parte das mulheres que estão presas são mães, gestantes e lactantes, e foi identificado que em grande parte das unidades prisionais têm superlotação, falta de assistência médica adequada, e déficit de berçários e creches
Neste sentido o acórdão coletivo do Supremo Tribunal Federal, nº, data da publicação, no que diz respeito às encarceradas, decidiu que:
Ementa: HABEAS CORPUS COLETIVO. ADMISSIBILIDADE. DOUTRINA BRASILEIRA DO HABEAS CORPUS. MÁXIMA EFETIVIDADE DO WRIT. MÃES E GESTANTES PRESAS. RELAÇÕES SOCIAIS MASSIFICADAS E BUROCRATIZADAS. GRUPOS SOCIAIS VULNERÁVEIS. ACESSO À JUSTIÇA. FACILITAÇÃO. EMPREGO DE REMÉDIOS PROCESSUAIS ADEQUADOS. LEGITIMIDADE ATIVA. APLICAÇÃO ANALÓGICA DA LEI 13.300/2016. MULHERES GRÁVIDAS OU COM CRIANÇAS SOB SUA GUARDA. PRISÕES PREVENTIVAS CUMPRIDAS EM CONDIÇÕES DEGRADANTES. INADMISSIBILIDADE. PRIVAÇÃO DE CUIDADOS MÉDICOS PRÉNATAL E PÓS-PARTO. FALTA DE BERÇARIOS E CRECHES. ADPF 347 MC/DF. SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO. ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL.

Continue navegando