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Montes Claros/MG - 2012
Biogeografia II
Ronaldo Alves Belém
Aureliane Aparecida de Araújo 
2012
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Os infratores serão processados na forma da lei.
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Chefe do Departamento de Artes
Maristela Cardoso Freitas
Autores
Professor Ms. Ronaldo Alves Belém 
Possui Bacharelado e Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais 
e Mestrado em Geografia – Análise Ambiental pela Universidade Federal de Minas Gerais. 
É doutorando em Geografia pela UFMG e professor do Departamento de Geociências da 
Universidade Estadual de Montes Claros. Tem experiência em Geografia Física, com ênfase 
em Geomorfologia, Biogeografia e Análise Ambiental, atuando nos seguintes temas: biomas 
Cerrado e Caatinga no Norte de Minas, Geomorfologia do Norte de Minas, Meio Ambiente e 
Unidades de Conservação. 
Professora Aureliane Aparecida de Araújo 
Possui Lecenciatura plena em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros - 
UNIMONTES  e Pós-Graduação em Geografia e Meio Ambiente pela Unimontes. É professora 
do curso de Geografia da Universidade de Uberaba (Uniube) em Montes Claros onde atua 
com as disciplinas Meio Ambiente, Geomorfologia, Regionalização e Representações 
Cartográficas. 
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Biomas do Brasil e do mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 Os biomas do mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.3 Os Biomas Do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
Perturbações, proteção e legislação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
2.1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
2.2 O Sistema Terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
2.3 Meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.4 Perturbação, degradação ambiental e impactos ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
2.5 Proteção e legislação ambiental brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
Referências Básicas e Complementares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
Atividades de Aprendizagem – AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49
9
Geografia - Biogeografia II
Apresentação
Caro (a) acadêmico (a), é com muita satis-
fação que estamos aqui para oferecê-lo(a) a 
oportunidade de conhecer uma parte do fas-
cinante mundo da Biogeografia. Assim, neste 
caderno didático de Biogeografia II, você fará 
contato com dois temas que se destacam en-
tre os mais importantes e emblemáticos desta 
disciplina: os biomas do Brasil e do mundo e as 
noções de legislação e preservação dos ecos-
sistemas. O papel da disciplina Biogeografia II 
nos conteúdos deGeografia nas escolas e nas 
análises ambientais é de extrema relevância, 
pois esses assuntos representam a maioria do 
conteúdo a ser trabalhado no ensino básico 
e constituem a base conceitual indispensável 
para os diagnósticos ambientais. Nesse con-
texto, o estudo dos biomas, seus impactos e a 
legislação ambiental que assegura a proteção 
dos recursos naturais é algo imprescindível 
para o futuro professor de Geografia. Além do 
mais, o estudo desses temas oferece toda a 
base conceitual e legal indispensável aos tra-
balhos ligados à consultoria ambiental. 
Os conteúdos estão distribuídos em duas 
unidades. Na unidade I é abordado o conceito 
de bioma e, posteriormente, destaca-se uma 
ampla caracterização dos biomas brasileiros e 
do mundo. Nessa caracterização, também se-
rão considerados os principais problemas am-
bientais que esses grandes ecossistemas en-
frentam. A unidade II apresenta uma discussão 
sobre perturbações ambientais, proteção e 
legislação ambiental. Ao longo de todo o tex-
to, serão apresentadas algumas sugestões de 
vídeos, sites e dicas que subsidiarão o estudo 
da disciplina. Ao final de cada unidade, tem-se 
um resumo e serão apresentadas algumas ati-
vidades que vão ajudá-los a praticar e reforçar 
o conteúdo estudado. 
Todos os tópicos apresentados neste ca-
derno são importantes, por isso leia-no com 
atenção, faça todas as atividades propostas e 
desenvolva estudos individuais e compartilha-
dos com colegas, professores e tutores. Enfim, 
aproveite cada um desses momentos da me-
lhor forma possível, a fim de aprender o máxi-
mo em cada situação. Bom trabalho e que este 
caderno possa contribuir positivamente na 
sua formação.
Bons Estudos!
Ronaldo Alves Belém 
Aureliane Aparecida de Araújo
11
Geografia - Biogeografia II
UNIDADE 1
Biomas do Brasil e do mundo 
1.1 Introdução 
O estudo dos biomas é um dos mais im-
portantes tópicos da Geografia, uma vez que 
esse conteúdo apresenta a caracterização dos 
grandes complexos vegetacionais do globo 
terrestre dentro de uma perspectiva que con-
sidera as paisagens vegetais como o reflexo 
das interações entre os diversos componentes 
do Sistema Terra. Nesta unidade, serão estu-
dados todos os biomas do Brasil e do mundo 
através de uma abordagem em que esses do-
mínios vegetacionais retratam interações en-
tre solo, clima, rochas e relevo. Além da carac-
terização de cada bioma, a unidade também 
apresentará alguns dos principais impactos 
ambientais que afetam esses domínios.
A palavra bioma deriva do grego 
“bio”(vida) e “oma”(grupo). Assim, o bioma 
define-se como um conjunto de tipos vege-
tacionais contíguos e identificáveis em escala 
regional com condições geoclimáticas simila-
res (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-
ca, 2004). Para o Instituto Estadual de Floresta 
(2006), o bioma equivale ao domínio e define-
-se como um espaço geográfico caracterizado 
pela presença de uma tipologia vegetal pre-
dominante sobre as demais. Para alguns au-
tores como Coutinho (2006), o termo bioma 
pode estar associado a uma única fitofisiono-
mia. Entretanto, esse autor reconhece que a 
maioria dos grandes biomas brasileiros possui 
vários tipos vegetacionais. Constata-se que a 
denominação empregada pelo IBGE(2004) é 
a mais adequada e que se deve evitar o em-
prego do termo bioma como sinônimo de fi-
tofisionomia. Neste contexto, a Mata Seca ou 
Floresta Estacional Decidual, a Caatinga Arbus-
tiva ou as Veredas são exemplos de fitofisiono-
mias.
1.2 Os biomas do mundo
Em relação à classificação e mapeamento 
dos biomas do mundo, não existe consenso 
entre os pesquisadores, de modo que podem 
ser encontrados diversos mapeamentos apre-
sentando nomes e quantidades de biomas 
que variam de um trabalho para outro. Neste 
caderno didático procurou-se fazer uma adap-
tação da classificação mais usada e que consi-
dera a existência de nove biomas no mundo 
conforme a figura 1:
Figura 1: Os biomas do mundo representados 
por números.
Fonte: LOPES & FERREIRA, 2004/Adaptado por Belém, 
(2011)
►
GLOSSáRIO 
Fitofisionomia: É um 
termo associado à apa-
rência assumida pela 
vegetação. Refere-se às 
características morfo-
lógicas da comunidade 
vegetal, por isso o 
termo fitofisionomia 
é considerado como 
sinônimo de formação 
ou tipologia vegetal. 
Vegetação de alto 
porte, densa e com três 
estratos são exemplos 
de características 
fisionômicas de uma 
vegetação.
12
UAB/Unimontes - 8º Período
1.2.1 As Florestas Tropicais
As Florestas Tropicais representam o mais 
importante banco genético do planeta e sua 
cobertura original se estende por toda faixa 
intertropical abrangendo uma área que vai da 
América do Sul e Central até o Sudeste Asiá-
tico, passando pela região Centro-Ocidental 
africana. Entretanto, grande parte desse bio-
ma já foi devastado em função das ações an-
trópicas que se intensificam devido às pres-
sões demográficas, à expansão urbana e as 
crescentes necessidades por novos recursos 
naturais.
De acordo com Brown e Lomolino (2006), 
as florestas tropicais úmidas são as mais ricas 
e mais produtivas dos biomas terrestres, pois 
abrigam cerca de 50% das espécies do plane-
ta. Essa imensa biodiversidade se reflete na 
existência de várias formações florestais ora 
densas, ora mais abertas. No entanto, o predo-
mínio das formações densas é uma realidade 
encontrada na maioria das Florestas Tropicais 
do globo devido às altas médias pluviométri-
cas presentes nas baixas latitudes. Entre os 
países que apresentam as maiores áreas reves-
tidas pela Floresta Tropical destacam-se o Bra-
sil, o Peru, a Venezuela, o Congo, o Gabão e a 
Indonésia.
Para Tyller e Miller (2008), as imensas ár-
vores da Floresta Tropical Úmida formam um 
topo (dossel) denso e fechado que dificulta a 
passagem da luz até o chão, fazendo com que 
a vegetação presente no nível do solo seja es-
cassa e as poucas plantas que se desenvolvem 
nessa porção da floresta apresentem folhas 
grandes para capturar a mínima quantidade 
de luz. Na figura 2 pode-se observar uma pai-
sagem da Amazônia brasileira com seu aspec-
to denso, típico das Florestas Tropicais.
 
Encontrada entre as latitudes 10° Norte 
até 10° Sul, as Florestas Tropicais estão asso-
ciadas a um clima equatorial quente e úmido 
com índices pluviométricos que podem alcan-
çar 2.000 mm anuais. As plantas dominantes 
são árvores de grande porte que formam um 
dossel fechado que dificulta a passagem da 
luz solar, impedindo a proliferação de espécies 
herbáceas e arbustivas. Essas árvores podem 
alcançar 40 metros de altura e a presença de 
epífitas e lianas é muito forte (BROWN & LO-
MOLINO, 2006).
A origem da distribuição das Florestas 
Tropicais úmidas tem gerado muita polêmica 
no meio científico e até hoje não existe um 
consenso geral em torno dessa questão. Sabe-
-se que a gênese da distribuição dessas flores-
tas possui uma íntima relação com a dinâmi-
ca das placas tectônicas e com as mudanças 
climáticas pleistocênicas (ocorridas há 18.000 
anos).
De acordo com Puig (2008), no Final da Era 
Paleozóica (a cerca de 245 milhões de anos), os 
continentes já estavam unidos, formando o 
Supercontinente de Pangéia que apresentava 
uma cobertura florestal diversificada bastante 
expressiva. Quando esse continente se abriu, 
cada fragmento levou consigo um pouco das 
floras existentes que em cada continente passa-
ram a evoluir independentemente (PUIG, 2008).
DICAS
Para uma melhor com-
preensão das caracte-
rísticas fisionômicas 
dos biomas é interes-
sante que o acadêmico 
faça contato com o 
maior número possível 
de imagens relaciona-
das ao tema que está 
sendo estudado.
Assim, aconselha-se o 
uso da internet para 
pesquisas sobre fotos 
correspondentes a 
cada bioma estudado.
Quanto mais imagens 
forem analisadas, 
melhor será o entendi-
mento do bioma. Entre 
no site do Google, digi-
te o nome do bioma e 
em seguida clique em 
imagens. Depois, basta 
abrir as fotos esco-
lhidas. Acesse: www.
google.com.br
Figura 2: Nessas duasfotos percebe-se o 
dossel fechado da 
Floresta Amazônica 
brasileira em 
duas unidades de 
conservação: a Reserva 
do Tupé e a Reserva 
Adolfo Ducke em 
Manaus.
Fonte: Arquivo pessoal, 
Belém, 2010.
►
GLOSSáRIO
Epífitas: As epífitas são 
plantas que se utilizam 
de outras plantas como 
suporte para se de-
senvolverem. Diversas 
espécies de bromélias 
realizam o epifitismo.
Lianas: As lianas são 
cipós ou trepadeiras 
que germinam no solo, 
mas que precisam das 
árvores como suporte 
para alcançarem a luz 
do sol.
http://www.google.com.br
http://www.google.com.br
13
Geografia - Biogeografia II
As florestas tropicais úmidas formam um 
bioma diversificado com diferentes fitofisiono-
mias florestais, mas o tipo vegetacional predo-
minante é a Floresta Ombrófila Densa de Terra 
firme que se caracteriza por apresentar árvo-
res de grande porte com uma variedade imen-
sa de lianas e epífitas.
1.2.2 As Savanas
A Savana é um bioma que se encontra no 
entorno das florestas tropicais e que ocorre 
principalmente na África, América do Sul e no 
sul da Ásia. A sua característica mais marcante 
se refere à presença de uma vegetação aberta 
com dois estratos bem definidos: um arbóreo 
e um herbáceo-arbustivo. O imenso tapete 
graminoso pontilhado por árvores e arbustos 
espaçados fazem das savanas um habitat pre-
ferencial para espécies animais de grande por-
te (Figura 3).
Nesse sentido, as Savanas africanas com 
suas girafas, leões, rinocerontes e elefantes se 
tornaram conhecidas no mundo todo. No en-
tanto, as savanas do Brasil, conhecidas como 
Cerrados, também apresentam uma riqueza 
faunística e florística de destaque, haja vista 
que esse bioma é um dos dois únicos Hotspots 
brasileiros.
De acordo com Brown & Lomolino (2006), 
as Savanas tropicais são biomas dominados 
por uma fitomassa quase contínua de gramí-
neas e árvores ou arbustos resistentes ao fogo. 
Em relação à localização, as Savanas ocorrem 
em latitudes intertropicais que se encontram 
entre 25° N e 25° S e são caracterizadas por 
uma notável sazonalidade de precipitações, 
com uma ou duas estações chuvosas, segui-
das por intensas secas (BROWN & LOMOLINO, 
2006). Essas precipitações apresentam índices 
que variam entre 500 e 1600 mm anuais.
Para Dajoz (2006), as Savanas podem ser 
herbáceas com gramíneas de até 80 cm ou 
arbustivas com árvores esparsas. A Savana 
herbácea é muito representativa na África e 
caracteriza-se pelo predomínio das gramí-
neas sobre os arbustos e árvores. Na América 
do Sul, as Savanas Herbáceas formam os lha-
nos da Venezuela (DAJOZ, 2006). As Savanas 
Arbustivas, por outro lado, possuem muitas 
árvores com até 15 metros de altura e uma 
casca espessa contendo muita cortiça resis-
tente ao fogo. Na Savana Arbustiva africana 
se destacam árvores como o Baobá e a Acácia, 
enquanto na Austrália os Eucaliptos são abun-
dantes (DAJOZ, 2006). 
1.2.3 As Florestas Temperadas Decíduas
As Florestas Temperadas Decíduas consti-
tuem o bioma mais devastado do planeta, pois 
grande parte da sua cobertura original se en-
contrava nas regiões que hoje são as mais in-
dustrializadas, populosas e antigas do mundo. 
Assim, esse bioma cobria a maioria dos terri-
tórios dos Estados Unidos, Europa Ocidental e 
China. 
GLOSSáRIO 
Hot Spot: O termo 
HotSpot foi criado em 
1988 pelo ecólogo in-
glês Norman Myers que 
destacou as 10 áreas 
com pelo menos 1500 
espécies endêmicas e 
que tenham perdido 
mais de ¾ de sua vege-
tação original. Poste-
riormente, um grupo 
de cientistas ampliou 
o número de Hotspots 
para 34. Os atuais 
Hotspots ocupam cerca 
de 2,5% das terras 
emersas e são áreas 
ameaçadas e conside-
radas prioritárias para a 
conservação.
▲
Figura 3: A Savana 
africana no Kênia 
com seus grandes 
mamíferos pastando 
nas gramíneas do 
estrato herbáceo. 
Fonte: Disponível em: 
<http://4.bp.blogspot.
com/_HeBJ_edeczo> Aces-
so em 17 de Abril de 2012.
Figura 4: A Floresta de Sherwood é um dos 
últimos remanescentes da Floresta Temperada 
decídua na Europa e está localizada no Condado 
de Nottingham, Centro-Norte da Inglaterra.
Fonte: Disponível em:<http://viagem.uol.com.
br/>Acesso em 10 de Março de 2012.
►
14
UAB/Unimontes - 8º Período
Sabe-se que essas regiões são as mais 
industrializadas do planeta e que passaram 
por um processo de ocupação muito antigo, 
sobretudo, na Europa Ocidental e na China, 
o que explica esse quadro de devastação en-
contrado nessas áreas onde deveriam ocorrer 
Florestas Temperadas Decíduas. As poucas 
manchas ainda preservadas hoje ocorrem em 
unidades de conservação, como o parque que 
preserva a famosa Floresta de Sherwood na 
Inglaterra ou a Floresta Negra na Alemanha. 
Na figura 4 destaca-se uma trilha no interior 
da Reserva Natural da Floresta Sherwood In-
glaterra. Todos os anos a área abriga festivais 
que celebram as lendas de Robin Hood: o fa-
moso fora da lei que, de acordo com estórias 
seculares, morava no interior da floresta.
Para Troppmair (2004), em algumas áre-
as, essa formação vegetação é praticamente 
artificial, uma vez que vêm ocorrendo reflo-
restamentos com espécies em sua área de 
ocorrência desde o século XVI. As suas árvores 
apresentam uma altura média de 20 metros e 
as folhas são finas. Essas folhas caem no ou-
tono iniciando o período em que a vegetação 
entra em estado latente (TROPPMAIR, 2004). 
De acordo com Brown & Lomolino (2006), 
as Florestas decíduas temperadas são também 
denominadas como florestas decíduas verdes 
de verão, haja vista que têm um ritmo anual 
caracterizado pela presença de árvores que 
perdem as folhas no frio do inverno. O porte e 
a densidade da cobertura vegetal e a compo-
sição do sub-bosque variam muito, dependen-
do do clima local, tipo de solo e a frequência 
dos incêndios (BROWN & LOMOLINO, 2006). 
Entre as espécies arbóreas desse bioma 
merecem destaque a Faia (Fagus silvata), a Bé-
tula (Carpinus betulus), o Carvalho (Quercus ro-
bus) e a Tília (Tilia cordata) ( TROPPMAIR, 2004).
1.2.4 A Floresta Boreal
A Floresta Boreal ou Taiga é um bioma 
que apresenta um dos mais altos índices de 
preservação entre todos os grandes ecossiste-
mas terrestres, no entanto, constitui uma im-
portante fonte de matéria-prima para as indús-
trias moveleira e de celulose em países como 
Canadá, Noruega, Suécia e Rússia. Sua ocorrên-
cia compreende uma ampla faixa que cruza o 
norte da América do Norte, Europa e Ásia. Essa 
faixa se encontra aproximadamente entre as 
latitudes 55° e 75° graus e marcam as regiões 
de clima tipicamente frio com vegetação ho-
mogênea caracterizada pelo predomínio de 
pinheiro, faias e abetos (BROWN & LOMOLINO, 
2006). 
Para Dajoz (2006), a Taiga ocupa cerca de 
31% das florestas do globo e seu clima é mar-
cado por quatro meses em que a temperatura 
média é superior a 10° C, o que permite o es-
tabelecimento desse bioma. As espécies arbóreas adaptadas ao frio constituem um conjunto de 
coníferas, tais como o Pinheiro, o Abeto, o Espruce e o Lariço, todas misturadas a outros indivídu-
os arbóreos como a Bétula e o Salgueiro. 
As espécies coníferas da Taiga são geralmente marcadas pela presença de folhas aciculadas 
(em forma de agulha), cobertas por uma resina que suporta o frio intenso e a aridez do inverno 
quando a neve é abundante (TYLLER e MILLER , 2008).
De acordo com Brown e Lomolino (2006), a Taiga também ocorre em regiões de maiores 
altitudes, como, por exemplo, ao sul das cordilheiras do oeste dos Estados Unidos na direção me-
ridional do México. Os solos da área de ocorrência das Florestas Boreais são geralmente ácidos 
que, combinados com as temperaturas relativamente baixas, criam condições estressantes que 
limitam a diversidade de espécies arbóreas. 
Para Troppmair (2004), a acidez dos solos está associada à decomposição dos acículos que 
caem na superfície formando uma espessa camada de matéria orgânica rica em ácidos, fato que, 
associado aos longos invernos de baixa atividade bacteriana, contribui para a intensa podzolisa-
ção e redução do pH.▲
Figura 5: As espécies 
em forma de cone da 
Taiga canadense é a 
característica mais 
marcante das Florestas 
Boreais.
Fonte:<http://blogdo-
meioambienteconsciente.
blogspot.com> Acesso em 
10 de Março de 2012. 
http://blogdomeioambienteconsciente.blogspot.com
http://blogdomeioambienteconsciente.blogspot.com
http://blogdomeioambienteconsciente.blogspot.com
15
Geografia - Biogeografia II
1.2.5 Os Desertos
As áreas desérticas são ecossistemas frágeis marcados por condições geoclimáticas bastan-
te adversas que exigem adaptações específicas das escassas formas de vida desses biomas. Os 
índices pluviométricos nos desertos são extremamente baixos e não ultrapassam 250 mm anu-
ais. Como se observa na figura 6 a escassez vegetacional nessas áreas é muito grande devido à 
aridez.
No entanto, deve-se ressaltar que os 
desertos podem ocorrer em áreas tropicais, 
subtropicais ou temperadas. Assim, existem 
desertos considerados como quentes e os de-
sertos frios. Os desertos quentes apresentam 
médias térmicas relativamente altas ao longo 
do ano. Nesse sentido, essas áreas possuem 
uma amplitude térmica anual geralmente pe-
quena (diferença entre o mês mais frio e o mês 
mais quente). 
Em relação à amplitude térmica diária, os 
desertos quentes apresentam variações térmi-
cas muito elevadas ao longo das 24 horas do 
dia. À tarde, as temperaturas podem chegar a 
45 °C e à noite, as temperaturas chegam a va-
lores próximos de zero 0º C. No tocante à ori-
gem da aridez dos desertos, sabe-se que en-
tre as principais causas da carência de chuvas 
nessas áreas se destaca o fato de a maioria dos 
desertos se encontrarem próximos à faixa sub-
tropical e por essa razão sofrerem os efeitos da 
pressão vertical dos ventos secos vindos dos 
trópicos.
 Conforme a figura 7, esses desertos se 
encontram em uma área de alta pressão at-
mosférica (áreas anticiclonais), ou seja, eles 
ocorrem em uma grande faixa do globo que 
é marcada pela constante descida de ar seco 
que pressiona a superfície, dificultando a as-
censão de massas de ar que formam as chu-
vas. Além da pressão atmosférica, a aridez dos 
desertos também pode estar associada às cor-
rentes marinhas frias e ao relevo.
Para Tyller e Miller (2008), os desertos es-
tão associados às baixas precipitações e po-
dem ser encontrados nas zonas tropical, tem-
perada e polar. Nesse sentido, as regiões frias 
e áridas da Patagônia e da Antártida também 
devem ser consideradas como desérticas. Con-
clui-se que o que faz uma área ser considera-
GLOSSáRIO
Podzolisação: Proces-
so que consiste essen-
cialmente na trans-
ferência de materiais 
como matéria orgânica 
ou óxido de ferro e de 
alumínio do Horizonte 
A para o Horizonte B.
Figura 7: O ar 
descendente exerce 
pressão sobre os 
desertos dificultando 
as convecções e a 
formação de chuvas.
Fonte: Coelho, 1992/ Adap-
tado por Belém 2011.
▼
◄ Figura 6: O Deserto 
do Saara no Norte da 
África: a aridez intensa 
é um obstáculo ao 
desenvolvimento da 
vegetação que ocorre 
apenas nos oásis. 
Fonte:http:<//www.
dicasdiarias.com/deserto-
-do-saara> Acessso em 10 
de Março de 2012.
16
UAB/Unimontes - 8º Período
da como desértica é a escassez pluviométrica 
e não as temperaturas. Assim, existem deser-
tos frios e quentes, mas ambos não possuem 
uma precipitação anual superior a 250 mm. 
Para Brown & Lomolino (2006), a evaporação 
nos climas desérticos é tão intensa que muitas 
espécies têm adaptações especiais para ab-
sorver, armazenar e impedir a perda de água. 
Presença de espinhos, tubérculos nas raízes e 
caules esponjosos são exemplos de situações 
adaptativas nas regiões desérticas.
Nas regiões menos áridas, a vegetação se 
caracteriza por apresentar pequenos arbus-
tos, algumas vezes intercalados com cactáceas 
(BROWN & LOMOLINO, 2006). 
1.2.6 A Tundra
A Tundra é um bioma que ocorre nos 
polos e suas adjacências. Os rigores do clima 
polar fazem com que a vegetação da Tundra 
tenha uma duração de dois a três meses. Essa 
curta duração está associada ao período em 
que os polos apresentam temperaturas um 
pouco mais elevadas, possibilitando o desen-
volvimento de gramíneas, musgos e líquens. 
Os musgos e gramíneas da Tundra constituem 
importante fonte de alimento para a fauna 
herbívora que ocupa os círculos polares nas 
épocas favoráveis (Figura 8).
Para Brown e Lomolino (2006), a Tundra 
é um bioma sem árvores, encontrado entre a 
Floresta boreal e a calota polar. Esse domínio 
apresenta condições ambientais mais estres-
santes do que a realidade encontrada nas 
florestas boreais, e a aridez é tão intensa que 
muitas vezes a precipitação é menor do que 
nos desertos quentes.
De acordo com Troppmair (2004), a co-
bertura vegetal da Tundra está intimamente 
ligada às condições climáticas polares marca-
das por invernos rigorosos e verões curtos e 
secos. Nesse sentido, a Tundra possui uma ve-
getação de curta duração que se desenvolve 
exatamente nos dois ou três meses mais quen-
tes do verão. Em relação aos aspectos pedoló-
gicos, a Tundra apresenta um solo conhecido 
como Permafrost. Os horizontes superiores do 
Permafrost permanecem congelados durante 
grande parte do ano, formando uma camada 
impermeável responsável por encharcamen-
tos durante o derretimento da neve (TROPP-
MAIR, 2004).
De acordo com Brown & Lomolino (2006), 
o Permafrost é uma camada congelada e im-
permeável que se encontra a uma profundida-
de de aproximadamente um metro no verão. 
Por isso, a diversidade biológica da Tundra é 
muito modesta e chega a ser inferior à maioria 
de outros biomas terrestres (BROWN & LOMO-
LINO, 2006). 
1.2.7 As Pradarias e Estepes
A Pradaria é um bioma encontrado nas 
faixas temperada e subtropical e que se ca-
racteriza por apresentar um predomínio ab-
soluto de espécies herbáceas. Sua ocorrência 
está associada às condições climáticas e pedo-
lógicas das extensas planícies do meio-oeste 
dos Estados Unidos, dos pampas argentinos e 
uruguaios e de grande parte da região central 
da Rússia. Os solos de alta fertilidade natural 
que geralmente ocorrem nessas áreas subme-
teram as pradarias a um intenso processo de 
ocupação que desencadeou sérios problemas 
ambientais, tais como a salinização e a deser-
tificação. 
De acordo com Brown & Lomolino (2006), 
a Pradaria é o domínio herbáceo que se en-
contra entre os desertos e as florestas tempe-
radas e que ocupa uma faixa localizada entre 
as latitudes 30° e 60°. Como pode ser observa-
do na figura 9, a vegetação possui apenas um 
estrato e é dominada por gramíneas e outras 
plantas herbáceas.
Figura 8: A Tundra 
com suas gramíneas 
e musgos representa 
importante fonte de 
alimento para animais 
como os Alces no 
período de verão. 
Fonte: <http://geografia-
ensinomedio.blogspot.
com > Acesso em 10 de 
Março de 2012.
▼
http://geografiaensinomedio.blogspot.com
http://geografiaensinomedio.blogspot.com
http://geografiaensinomedio.blogspot.com
17
Essa vegetação rasteira passa a impres-
são de que a biomassa da pradaria é pequena, 
o que não é verdade, uma vez que a rede de 
raízes das plantas perenes constitui um gran-
de volume de biomassa (BROW & LOMOLINO, 
2006). Quanto aos aspectos pedológicos, es-
ses autores destacam que os prados tempe-
rados tendem a ter solos de alta acumulação 
de matéria orgânica e significativa fertilidade 
natural, o que tem atraído diversas atividades 
agrícolas para essas áreas. 
Em relação à Estepe, deve-se ressaltar 
que esse ecossistema se refere a uma prada-
ria marcada pelo predomínio de gramíneas e 
pequenos arbustos, mas que ocorre em áreas 
com índices pluviométricos mais baixos, che-
gando às condições de semi-aridez. Essa situ-
ação pode ser constatada no entorno do Mar 
de Aral no Cazaquistão ou no norte da Mon-
gólia. 
1.2.8 Os biomas Semi-Áridos 
Os biomas Semi-Áridos apresentam uma 
larga distribuição na superfície terrestre e são 
geralmente encontrados no entorno das re-
giões desérticas ao longo das zonas tropical, 
subtropical e temperada. Apresentam índices 
pluviométricosque variam entre 300 e 750 
mm ao longo do ano e que refletem a existên-
cia de formações vegetais marcadas pela pre-
sença de espécies xerófilas como cactáceas e 
bromélias entremeadas por arbustos e peque-
nas árvores. Em algumas regiões da Ásia Cen-
tral o bioma Semi-Árido se faz presente atra-
vés de grandes pradarias secas denominadas 
como Estepes. 
Alguns autores definem as Estepes como 
um bioma que pode ser considerado como 
sinônimo de pradaria, enquanto que outros 
associam as Estepes a todas as formações 
semi-áridas. Nesse sentido, Dajoz (2006), esta-
belece que o bioma Semi-Árido ou Estepe seja 
um domínio que se distingue das Savanas por 
apresentar uma cobertura herbácea descontí-
nua marcada pela presença de plantas lenho-
sas espinhosas. Assim, esse bioma apresenta 
fitofisionomias herbáceas ou herbáceo-lenho-
sas com árvores espinhentas e suculentas (DA-
JOZ, 2006). 
Ainda em relação às ideias de Dajoz 
(2006), os domínios Semi-Áridos mais expressi-
vos ocorrem na região do Sahel africano (Figu-
ra 10) e no Nordeste do Brasil, onde as forma-
ções semi-áridas compõem o bioma Caatinga. 
Por fim, deve-se ressaltar que as forma-
ções semi-áridas têm sido submetidas a um 
processo de ocupação humana que, nas últi-
mas décadas, desencadeou a desertificação 
de expressivas áreas. Na região do Sahel afri-
cano, por exemplo, a desertificação tem feito 
com que a área do deserto do Saara seja ex-
pandida pelas bordas. Da mesma forma, gran-
des áreas do sertão semi-árido brasileiro tam-
bém têm sofrido os efeitos da desertificação. 
◄ Figura 9: A Pradaria 
da Dakota do Sul, nos 
Estados Unidos, é uma 
pastagem natural para 
animais como o Bisão. 
Fonte: <www.viajeaqui.
abril.com.br> Acesso em 
10 de Março de 2012.
▲
Figura 10: Vegetação 
Semi-Árida no Sahel do 
Senegal, África.
Fonte:<http://oceanworld.
tamu.edu/resources> 
Acesso em 12 de Março 
de 2012. 
http://www.viajeaqui.abril.com.br
http://www.viajeaqui.abril.com.br
http://oceanworld.tamu.edu/resources
http://oceanworld.tamu.edu/resources
18
UAB/Unimontes - 8º Período
1.2.9 Altas Montanhas 
O bioma Altas Montanhas se refere ao 
conjunto de ecossistemas que se localiza nas 
altitudes mais elevadas das grandes cordilhei-
ras montanhosas do globo. São formações ve-
getais que, devido aos efeitos da altitude e da 
pressão atmosférica, apresentam característi-
cas únicas e especiais (Figura 11).
De acordo com Dajoz (2006), o ar rarefeito 
das grandes altitudes afeta significativamente 
a radiação solar, a temperatura e a umidade 
relativa, fazendo com que o desenvolvimento 
da vegetação seja totalmente influenciado por 
esses fatores. Assim, à medida que a altitude 
aumenta, vão se sucedendo várias zonas de 
vegetação cujos limites altitudinais variam de 
acordo com as regiões (DAJOZ, 2006). No en-
tanto, as variações com suas respectivas carac-
terísticas variam de uma montanha para outra.
Nessa perspectiva, Troppmair (2004) con-
sidera para a Cordilheira dos Andes a existência de quatro ambientes que variam em função da 
altitude: a Terra quente com floresta até 1.100 metros de altitude, a Terra Temperada com flo-
resta aberta entre 1.100 e 2.200 metros, a Terra Fria entre 2.200 e 3.300 metros com pequenas 
árvores e coníferas e a Terra Gelada em altitudes superiores a 3.300 metros. Na Terra Gelada a 
vegetação arbórea desaparece, dando lugar às gramíneas e às camadas de neve.
Os tipos vegetacionais encontrados nas grandes altitudes são fortemente influenciados 
pela temperatura e pela pressão atmosférica formando um gradiente fitofisionômico caracteri-
zado pelo aumento da biomassa vegetal de cima para baixo. Nessa perspectiva, praticamente 
todas as grandes cordilheiras montanhosas não apresentam vegetação em seus topos, mas ape-
nas rocha e neve devido aos rigores climáticos que caracterizam essas áreas. 
1.3 Os Biomas Do Brasil
O Brasil possui uma grande extensão territorial que se reflete na diversidade de biomas com 
suas respectivas fitofisionomias associadas às mais variadas condições geológicas, geomorfoló-
gicas e edáficas. Em relação ao mapeamento dos biomas brasileiros existe muita polêmica no 
tocante à diferenciação entre os mapas de biomas e os mapas da vegetação brasileira.
O mapa da vegetação é constituído de fitofisiono-
mias ou formações vegetais, enquanto o mapa de bio-
mas é formado por várias fitofisionomias agrupadas for-
mando grandes conjuntos. Esse problema se origina no 
tratamento simplista que muitos autores de livros didáti-
cos conferem aos biomas brasileiros. Ao se referirem ao 
bioma Cerrado, por exemplo, esses livros tratam apenas 
de uma ou duas formações vegetais presentes nesse do-
mínio extremamente complexo e diversificado.
Também existe muita controvérsia em torno do nú-
mero de biomas brasileiros. A maioria dos autores reco-
nhece a presença de sete biomas no território brasileiro: 
Floresta Amazônica, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, 
Campos Naturais, Pantanal e Mangue. No último mape-
amento dos biomas brasileiros feito pelo Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatística – IBGE em 2004 o bioma 
Mangue não foi individualizado, mas esse trabalho é o 
mais importante registro cartográfico sobre os biomas 
brasileiros, sendo muito usado no ensino básico e supe-
rior (Figura 12).
▲
Figura 11: Cordilheira 
dos Andes na América 
do Sul: a vegetação se 
altera à medida que a 
altitude aumenta. Nos 
topos se destacam as 
“neves eternas”.
Fonte:<http://www.
culturamix.com/
turismo>Acesso em 10 de 
Março de 2012.
Figura 12: Mapa de 
biomas do IBGE.
Fonte: Disponível em: 
<http://www.ibge.gov.br> 
Acesso em: 20 fev. 2012.
▼
http://www.culturamix.com/turismo
http://www.culturamix.com/turismo
http://www.culturamix.com/turismo
19
Geografia - Biogeografia II
1.3.1 A Floresta Amazônica 
A Floresta Amazônica é o maior bioma 
brasileiro em extensão e ocupa quase metade 
do território nacional, ou seja, cerca de 49,29% 
de todo o país (IBGE, 2004). Sendo também a 
mais expressiva reserva de diversidade bio-
lógica do mundo, a Floresta Amazônica tam-
bém ocupa 2/5 da América do Sul e 5% da su-
perfície terrestre (IBGE, 2004). Além do mais, 
sua área de aproximadamente 6,5 milhões de 
quilômetros quadrados, abriga a maior rede 
hidrográfica do planeta, o que constitui uma 
das maiores reservas de água doce do mundo. 
Para o IBGE (2004), esse bioma imenso em ta-
manho e riquezas naturais ocupa a totalidade 
de cinco unidades da federação (Acre, Amapá, 
Amazonas, Pará e Roraima), grande parte de 
Rondônia (98,8%), mais da metade de Mato 
Grosso (54%), além de parte de Maranhão 
(34%) e Tocantins (9%).
No meio acadêmico se discute muito so-
bre a diversidade vegetacional da Amazônia. 
Por outro lado, entre as pessoas comuns ou no 
âmbito do ensino básico, percebe-se uma no-
ção de Amazônia formada por uma massa ve-
getacional constituída de árvores do mesmo 
tamanho sem nenhuma diversidade ambien-
tal ou fitofisionômica.
Mas o bioma Amazônico, na verdade, com-
preende um verdadeiro mosaico de formações 
vegetais condicionadas por fatores edáficos, 
geomorfológicos e climáticos. Para Rizzini 
(1997), na Amazônia existem três tipos florestais 
básicos: a Floresta de Igapó, a Floresta de Vár-
zea e a Floresta de Terra Firme ( figura 13). 
A Floresta de Igapó é aquela que permanece sempre alagada ao longo do ano. Em outras pa-
lavras, o Igapó é uma mata pantanosa, aberta, baixa e pobre. A Floresta de Várzea se alaga apenas 
em determinadas épocas do ano e em relação ao porte, é bem mais desenvolvida do que a Mata 
de Igapó. No entanto, as Florestas de Várzeas próximas aos rios barrentos (bacia do Solimões) são 
mais ricas e desenvolvidas do que as florestas 
da bacia do Rio Negro que se assentam sobre 
solos muitos arenosos e distróficos (Figura 14).
A Floresta de Terra Firme, por outro lado, 
não apresenta acúmulo da água na superfície 
em nenhuma época do ano. É a formação flo-
restal mais exuberante e de maior porte em 
toda a Amazônia (RIZZINI, 1997).
Ainda em relaçãoàs formações florestais 
o bioma Floresta Amazônica também possui 
outra fitofisionomia muito peculiar, a Campina-
rama. Essa formação vegetal ocorre nas áreas 
mais chuvosas do extremo Norte do Brasil, ou 
seja, nas bacias dos rios Negro e Branco onde os 
índices pluviométricos podem chegar a 4.000 
mm anuais (RIZZINI, 1997). Para Ferri (1980), a 
Campinarama é uma fitofisionomia florestal 
aberta e perenifólia que está associada aos so-
los pobres, arenosos e extremamente lixiviados 
pelas constantes chuvas que ocorrem na região.
DICA
Na hora de estudar 
os biomas brasilei-
ros, sempre associe 
o bioma à noção de 
conjunto ou de um 
todo formado por 
partes. Essas partes são 
as diversas fitofisio-
nomias submetidas 
às mesmas condições 
geoclimáticas. Exem-
plo: o bioma Cerrado 
em Minas Gerais possui 
fitofisionomias como o 
Cerrado Típico, o Cam-
po Cerrado, o Campo 
Rupestre, A Mata Ciliar 
e a Mata Seca.
◄ Figura 13: Na 
figura notam-se 
os principais tipos 
vegetacionais do bioma 
Floresta Amazônica 
representados em 
degraus a partir 
da margem do Rio 
Amazonas.
Figura 14: Floresta de 
Várzea na margem do 
Rio Negro, Amazonas.
Fonte: Belém, 2010.
▼
20
UAB/Unimontes - 8º Período
A Amazônia também apresenta formações campestres, principalmente no estado de Rorai-
ma, representadas pelas disjunções do bioma Cerrado incrustadas no bioma Floresta Amazônica. 
Essas formações são localmente conhecidas como Campos do Rio Branco que ora caracterizam-
-se como um Campo Limpo ora como um Campo Cerrado com árvores espaçadas.
Por fim, quando o assunto é Amazônia muito se discute sobre a fertilidade dos solos que 
sustentam sua exuberante floresta. Nessa perspectiva, Lepsch (2002), constata que os primeiros 
exploradores do norte do Brasil acreditavam que a grandiosa floresta amazônica estava associa-
da a solos naturalmente muito férteis. Entretanto, sabe-se que a grande maioria dos solos ama-
zônicos é pobre em nutrientes e que a maior parte dos elementos minerais necessários às plan-
tas são oriundos da própria floresta (LEPSCH, 2002).
1.3.2 O Cerrado 
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro em área, apenas superado pela Floresta 
Amazônica. Trata-se de um complexo vegetacional com cerca de 2,0 Milhões de km², o que re-
presenta cerca de 23% do território nacional (FERRI, 1980; RIBEIRO e WALTER, 2008). Localizado 
basicamente no Brasil central, esse bioma abrange como área contínua os estados de Goiás, To-
cantins e o Distrito Federal, além de parte dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, 
Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia e São Paulo (RIBEIRO & WALTER, 2008).
O bioma Cerrado ainda ocorre como disjunções vegetacionais nos estados do Amapá, Ama-
zonas, Pará e Roraima. Para Chagas et al. (1997), o bioma Cerrado é um complexo vegetacional 
formado por várias fitofisionomias em que se destaca o Cerrado Típico, que, do ponto de vista 
fisionômico, caracteriza-se por apresentar uma estrutura definida pela presença de dois estratos: 
um arbóreo-arbustivo e outro herbáceo. 
A padronização da nomenclatura vegetacional é uma tarefa muito difícil, pois diversos au-
tores usam critérios e escalas distintas. De acordo com a terminologia usada por Ribeiro & Walter 
(2008),  o  bioma Cerrado possui 10 tipos fitofisionômicos distribuídos em três grupos vegetacio-
nais: as formações florestais: Mata Ciliar, Mata Seca ou Floresta Estacional Decidual e o Cerradão; 
as formações savânicas: Cerrado sentido restrito ou Cerrado Típico, Campo Cerrado, Palmeiral e 
Vereda; e as campestres: Campo Sujo, Campo Limpo e Campo Rupestre. 
No tocante à fisionomia, as formações florestais são aquelas que apresentam o predomínio 
de espécies arbóreas e onde há a formação de dossel contínuo ou descontínuo. Nesse grupo se 
inserem as Matas Ciliares, as Matas de Galeria, a Mata Seca e o Cerradão (figura 15)
A expressão savana se refere a uma vegetação com árvores e arbustos esparsos e distribu-
ídos sobre um estrato de gramíneas, sem a formação de dossel contínuo. Nesse sentido, as for-
maçães savânicas se referem a fitofisionomias abertas, tais como o Cerrado Típico, o Palmeiral, a 
Vereda, o Cerrado Rupestre e o Cerrado Denso (figura 16).
GLOSSáRIO
Solos distróficos: 
São solos com baixa 
fertilidade natural, 
ao contrário dos 
solos eutróficos que 
apresentam muitos 
nutrientes minerais 
e consequentemen-
te, maior fertilidade 
natural.
Disjunções: São 
repetições em escala 
menor de outro tipo 
de vegetação que se 
insere no contexto 
do tipo vegetacional 
dominante em uma 
região. Exemplo: 
o Campo Limpo 
típico do bioma 
Cerrado ocorre como 
disjunções ou ilhas 
no bioma Floresta 
Amazônica. 
Solos lixiviados: São 
solos que perde-
ram grande parte 
dos seus nutrientes 
através do transporte 
realizado pela água 
que circula vertical-
mente ao longo dos 
horizontes.
Figura 15: Formações 
florestais do bioma 
Cerrado
Fonte: < http://www.wwf.
org.br/natureza_brasileira 
>.Acesso em 07 de Maio 
de 2012.
►
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira
21
Geografia - Biogeografia II
O termo campo se refere às áreas com predomínio de herbáceas e algumas arbustivas. Por-
tanto, as formações campestres são constituídas de fitofisionomias em que a presença de árvo-
res é extremamente escassa e onde a vegetação rasteira é predominante(figura 17).
O Cerrado típico ou Cerrado Senso Res-
trito é a mais importante formação vegetal do 
Bioma Cerrado. É uma fitofisionomia que ocor-
re em solos arenosos, geralmente ácidos e de-
ficientes de matéria orgânica e macronutrien-
tes como o cálcio, magnésio, fósforo e potássio 
(BELÉM, 1997). De acordo com Ferri (1980), o 
Cerrado típico é uma vegetação com dois es-
tratos bem definidos: um arbóreo-arbustivo e 
outro herbáceo. Conforme a figura 18, as árvo-
res e os arbustos geralmente apresentam cau-
les e galhos tortuosos, cascas grossas, folhas 
coriáceas (cerosas) ou pilosas (com pêlos). O 
estrato arbóreo do Cerrado típico varia de 3 a 8 
metros de altura. De acordo com Belém (1997), 
entre as espécies arbóreas predominantes nes-
ta formação, destacam-se Caryocar brasilien-
se (pequizeiro), Eugenia Dysentérica (Cagaita), 
Stryphnodendron adstringens (Barbatimão), Hy-
menaea stigonocarpa (Jatobá), entre outras. 
A Mata Seca ou Floresta Estacional Deci-
dual pode se definida como a vegetação que 
se caracteriza por apresentar um longo perío-
do biologicamente seco, apresentando o es-
trato arbóreo predominantemente caducifólio, 
com mais de 50% dos indivíduos desprovidos 
de folhagem na época desfavorável (IBGE, 
1996) (figura 19). O Cerradão é uma formação 
florestal associada a solos profundos, areno-
sos, de média a baixa fertilidade. Entretanto, a 
fertilidade do Cerradão é superior à encontra-
da nas áreas de Cerrado Típico. De acordo com 
Ribeiro& Walter (2008), do ponto de vista fisio-
nômico, o Cerradão é uma floresta com florísti-
ca similar a um Cerrado Típico. 
Figura 18: Cerrado Típico em Buritizeiro, Norte 
de Minas Gerais. Notam-se os três estratos bem 
definidos.
Fonte: Belém, 2009.
►
◄ Figura 16:Formações 
Savanicas do bioma 
Cerrado
Fonte: < http://www.wwf.
org.br/natureza_brasileira 
>.Acesso em 07 de Maio 
de 2012.
Figura 17: Campo 
limpo no topo da 
Serra Espinhaço em 
Botumirim, Norte 
de Minas. Esse 
ambiente é conhecido 
regionalmente 
como Campinas de 
Botumirim.
Fonte: Belém, 2005
▼
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira
22
UAB/Unimontes - 8º Período
O Campo Cerrado é uma formação savâ-
nica que ocorre nos solos pedregosos e cas-
calhentos das áreas em declive (BRANDÃO, 
2000). Ocorre geralmente nas vertentes de 
colinas convexas e é muito raro nas áreas pla-
nas. A vereda é uma fitofisionomia savânica 
que ocorre nas depressões alagadas presen-
tes no topo ou no sopé das escarpas das cha-
padas areníticas. Os solos são mal drenados, 
arenosos e com matéria orgânica (Neossolos 
hidromórficos) (figura 20).O Campo Rupestre 
é uma fitofisionomia que ocorre geralmente 
em altitudes superiores a 900 metros e que se 
caracteriza pela presença de um estrato herbá-
ceo-arbustivo, com presença eventual de arvo-
retas pouco desenvolvidas (RIBEIRO e WALTER, 
2008).
A Mata Ciliar é uma formação florestal 
que acompanha os rios de médio e grande 
porte da região do Cerrado (BRANDÃO, 2000). 
Trata-se de uma vegetação que exerce um pa-
pel extremamente importante na dinâmica 
ecológica existente na relação entre os rios, 
o lençol freático e os solos das margens. De 
acordo com Brandão (2000), o Campo Sujo é 
constituído por um campo graminoso, no qual 
aparecem algumas arvoretas e arbustos muito 
afastados entre si. O Palmeiral é uma fitofisio-
nomia savânica que ocorre em solos bem dre-
nados das áreas mais elevadas, mas que tam-
bém pode ocorrer em depressões alagadas 
(RIBEIRO & WALTER, 2008). 
1.3.3 A Caatinga
A Caatinga é um bioma exclusivamente 
brasileiro que possui uma área de 844.000 Mil 
km², o que representa cerca de 11% do territó-
rio nacional (FERRI, 1980). Localizado no domí-
nio semi-árido, esse bioma abrange os estados 
do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, 
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas 
Gerais. A Caatinga se destaca no cenário na-
cional por ser o bioma menos conhecido e o 
menos protegido. Nesse sentido, está entre os 
mais ameaçados, uma vez que a intensidade 
da pressão antrópica sobre a região é direta-
mente proporcional à presença de pesquisas e 
unidades de conservação. 
Ao se analisar a etimologia da palavra Caa-
tinga, de origem tupi, nota-se que o seu signifi-
cado é Mata Branca. O motivo para esta denomi-
nação reside no fato de apresentar-se a caatinga 
verde somente no inverno, época das chuvas de 
curta duração. E esse aspecto esbranquiçado é 
o mais duradouro, pois a estiagem persiste por 
muito mais tempo (FERRI, 1980).
De acordo com Ferri (1980), não podemos 
supor que a Caatinga seja uma vegetação uni-
forme e homogênea. Ao contrário, a Caatinga 
é um substantivo que precisa ser qualificado 
pela adição de adjetivos que definirão os di-
versos tipos de Caatinga (FERRI, 1980). 
Para Prado (2005), a Caatinga pode ser 
definida como um conjunto de formações 
que podem ser caracterizadas como florestas 
arbóreas ou arbustivas, compreendendo prin-
cipalmente árvores e arbustos baixos, muitos 
dos quais apresentam espinhos e algumas 
características xerofíticas. Compreende um 
mosaico vegetacional bastante diversificado 
e formado por fisionomias muito variadas. As-
sim, a Caatinga possui formações que variam 
de florestas altas e secas com até 15-20 metros 
de altura, a caatinga arbórea típica de solos 
mais férteis (a verdadeira caatinga dos índios 
Tupi), até afloramentos de rochas com arbus-
tos baixos esparsos e espalhados, com cactos 
e bromeliáceas nas fendas (PRADO, 2005). 
▲
Figura 19: Mata Seca de 
afloramentos calcários 
fotografada no mês de 
setembro no Parque 
Estadual da Lapa 
Grande, Montes Claros, 
Norte de Minas. Nota-
se que os indivíduos 
arbóreos estão 
totalmente desprovidos 
de folhagem no 
período seco.
Fonte:Arquivo pessoal, 
Belém, 2010.
▲
Figura 20: Vereda no município de Buritizeiro, 
Norte de Minas Gerais. As Veredas são ecossistemas 
protegidos por lei em função da sua importância 
para o contexto socioeconômico e ambiental do 
bioma Cerrado.
Fonte: Arquivo pessoal, Belém, 1996.
DICAS
Aproveite as viagens 
que você for fazer para 
compreender melhor 
as características das fi-
sionomias dos biomas. 
Acompanhado de uma 
mapa rodoviário e um 
mapa com os biomas 
preste atenção na mu-
dança nas paisagens 
à medida que os tipos 
vegetacionais forem 
aparecendo. 
23
Depois de discutir a evolução dos termos 
usados para a definição das diversas tipolo-
gias da Caatinga, Prado (2005) considera a 
Caatinga como um domínio formado por oito 
fisionomias distintas: Floresta de caatinga alta, 
Floresta de caatinga média, Floresta de caatin-
ga baixa, Caatinga arbórea aberta, Caatinga 
arbustiva, Caatinga arbustiva aberta, Floresta 
de caatinga de galeria e Floresta de caatinga 
média.
Entre todas essas fitofisionomias de Caa-
tinga, a Floresta de caatinga alta e a caatinga 
arbustiva aberta são as mais representativas 
no sentido de apresentar os aspectos mais 
marcantes do bioma. A Floresta de caatinga 
alta, com todo o seu caráter esbranquiçado e 
despido de folhas no período seco, certamen-
te era a formação vegetal que os indígenas ob-
servaram ao criar o nome Caatinga. No tocan-
te à localização, esse tipo vegetacional ocorre 
no Piauí, na Bahia e no Norte de Minas Gerais.
A Caatinga arbustiva aberta se destaca 
por apresentar um estrato arbustivo marcado 
pela presença maciça de cactáceas da espécie 
Pilosocereus gounellei (Xique-Xique) e estrato 
arbóreo com arvores espaçadas e de peque-
no porte. Essa fitofisionomia ocorre principal-
mente no Seridó do Rio Grande do Norte, no 
Cariri paraibano e nas áreas mais secas do Nor-
te de Minas Gerais (Figura 21). 
Ainda de acordo as ideias de Prado 
(2005), a província das caatingas pertence ao 
Arco do Pleistoceno cuja origem deve estar 
associada a mudanças climáticas que ocorre-
ram durante o Pleistoceno Superior há cerca 
de 18.000 anos atrás, quando a extensão das 
geleiras da última glaciação atingiu seu limite 
máximo fazendo com que grande parte do va-
por d’água da atmosfera se concentrasse nos 
polos na forma de neve. Assim, os trópicos fi-
caram mais secos e as florestas úmidas recua-
ram, deixando apenas os refúgios úmidos cer-
cados por florestas secas, caatingas e savanas 
(PUIG, 2008).
Existem muitas controvérsias em rela-
ção às causas da consolidação de um regime 
semi-árido no domínio da Caatinga. A região 
também gera polêmica ao se encontrar em 
uma posição próxima ao equador e manter-se 
seca na maioria dos meses do ano. Nesse sen-
tido, o sertão semi-árido constitui uma grande 
anomalia climática da zona intertropical. Mas 
o certo é que a escassez de chuvas do semi-
-árido nordestino não está associada apenas à 
barreira imposta pelo Planalto da Borborema 
às massas de ar úmidas oriundas do Atlântico. 
A realidade é mais complexa e resulta da 
combinação de diversos fatores, tais como a 
localização da região e a distância da mesma 
em relação à influência da massa polar atlân-
tica (mPa), a ação de sistemas atmosféricos 
complexos sobre a área e as mudanças de 
temperatura dos oceanos Pacífico e Atlântico 
em determinadas épocas do ano (ALMEIDA-
-CORTEZ et al., 2007).
Recentemente, tem-se discutido também 
a influência do Deserto de Kalahari sobre a 
semi-aridez nordestina (JATOBÁ & LINS, 2008). 
Para esse autor o clima do nordeste também 
está associado a ventos secos que se deslocam 
do sudeste africano em direção ao Brasil em 
determinadas épocas do ano, reduzindo ainda 
mais a pluviosidade da Depressão Sertaneja. 
 
1.3. 4 A Mata Atlântica 
Para o IBGE (2004), O bioma Mata Atlân-
tica constitui o conjunto de formações flores-
tais que cobriam quase toda a costa brasileira 
no início do século XVI. Originalmente, esse 
bioma ocupava inteiramente três estados - Es-
pírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina - 
e 98% do Paraná, além de parte de outras 11 
unidades da federação. 
O bioma Mata Atlântica é um domínio ex-
tremamente devastado em função do proces-
so de ocupação do território brasileiro iniciado 
na faixa litorânea brasileira a partir 1530 com 
ciclo do Pau-Brasil. Do século XVI até hoje, a 
Mata Atlântica sofreu todos os impactos das 
atividades econômicas vinculadas a esse pro-
cesso de ocupação. Assim, o bioma perdeu 
praticamente tudo da sua cobertura vegeta-
cional original. 
Figura 21: Caatinga 
arbustiva aberta em 
Cabaceiras, Paraíba. No 
município mais seco 
do Brasil a Caatinga 
se manifesta com a 
presença marcante de 
cactáceas da espécie 
Pilosocereus gounellei, 
o Xique- Xique.
Fonte: Arquivo pessoal, 
Belém, 2011
▼
24
UAB/Unimontes - 8º Período
Assim, dos 1,3 Milhões de Km² de área,que cobriam grande parte da faixa litorânea 
e boa parte de Minas Gerais, só restaram cer-
ca de 5%. A Mata Atlântica possui diversas fi-
tofisionomias ainda preservadas em manchas 
espalhadas por vários estados brasileiros, tais 
como Floresta Tropical perenifólia, a Floresta 
Subtropical, a Floresta Tropical Semi-Decidual 
e a Floresta Estacional Decidual ou Mata Seca.
Para Ferri (1980), o bioma Mata Atlântica 
pode ser definido como um conjunto de Flo-
restas Latifoliadas Higrófilas costeiras bastante 
semelhantes aos tipos fisionômicos da Flores-
ta Amazônica. De acordo com Rizzini (1997), 
a Mata Atlântica apresenta quatro formações 
florestais distintas: a Floresta Pluvial Montana, 
a Floresta Pluvial baixo-montana, a Floresta de 
Araucária e a Floresta Pluvial ripária. 
A Floresta Pluvial Montana reveste os re-
levos com altitudes entre 800 e 1.500 metros. 
É a fitofisionomia mais densa e alta do bioma 
Mata Atlântica, podendo apresentar árvores 
de até 40 metros de altura. A Floresta Pluvial 
baixo-montana encontra-se entre 300 e 800 
metros e é uma formação que ocorre no Mar 
de Morros dos estados de Minas Gerais e Es-
pírito Santo e também nas áreas mais baixas 
próximas ao litoral do Nordeste ( Figura 22). 
As árvores dessa fitofisionomia não ultrapas-
sam os 25 metros e se encontram em uma 
região com uma estação seca de 4 a 5 meses, 
por isso são florestas subcaducifólias. A Flo-
resta Riparia está associada aos cursos de rios 
e córregos. Correspondem às matas ciliares 
que ocorrem na Caatinga e no Cerrado. A Flo-
resta de Araucária é uma comunidade florestal 
mista em que indivíduos da espécie Araucária 
angustifólia (Pinheiro do Paraná) se associam a 
outras espécies das demais fitofisionomias do 
Bioma Mata Atlântica (RIZZINI, 1997).
Para o IBGE (2004), o bioma Mata Atlân-
tica constitui um mosaico formado por cinco 
fitofisionomias: a Floresta Ombrófila densa, a 
Floresta Ombrófila mista, a Floresta Ombrófila 
aberta, a Floresta Semi-Decidual e a Floresta 
Decidual. A Floresta Ombrófila densa ocor-
re do Rio Grande do Norte até o Rio Grande 
do Sul. A Floresta Ombrófila aberta ocorre 
em uma faixa que vai da Paraíba a Alagoas e 
também no leste de Minas Gerais. A Floresta 
Ombrófila Mista aparece em São Paulo e na 
Região Sul (Araucárias). As Florestas Semideci-
duais ou subcaducifólias são encontradas prin-
cipalmente nas regiões centro-leste de Minas 
Gerais, ao passo que as Florestas Estacionais 
Deciduais ocorrem como manchas na Bahia e 
no Nordeste de Minas Gerais. 
Para Troppmair (2004), a Mata Atlântica é 
o mais devastado dos biomas brasileiros e sua 
biodiversidade chega a ser maior do que a da 
Amazônia. Essa intensa diversidade biológica 
se explica pela existência de diferentes am-
bientes proporcionados pela extensão latitu-
dinal e as diferenças de altitude encontradas 
dentro do domínio. Essa biodiversidade, as-
sociada ao grau de endemismo e ao fato de a 
Mata Atlântica ter perdido mais de 90% da co-
bertura original, faz com esse bioma seja um 
dos dois Hots spots brasileiros. 
PARA SABER MAIS
A lei da Mata Atlântica e as Matas Secas do Norte de Minas Gerais
Todos sabem que o bioma Mata Atlântica é um domínio extremamente devastado em função do processo 
de ocupação do território brasileiro iniciado na faixa litorânea brasileira a partir de 1530 com ciclo do Pau-
-Brasil. Do século XVI até hoje, a Mata Atlântica sofreu todos os impactos das atividades econômicas vin-
culadas a esse processo de ocupação. Assim, o bioma perdeu praticamente tudo da sua cobertura vege-
tacional original : dos 1,3 Milhões de Km2 de área, que cobriam grande parte da faixa litorânea e boa parte 
de Minas Gerais, só restaram cerca de 5%. O bioma Mata Atlântica possui diversas fitofisionomias ainda 
preservadas em manchas. Uma dessas fitofisionomias é a Floresta Estacional Decidual ou Mata Seca, que 
possui uma afinidade florística muito grande com as fitofisionomias da Mata Atlântica mais próximas do 
litoral. Como a Mata Seca está presente em outros biomas, todos os seus remanescentes espalhados pelo 
Brasil a fora foram incluídos na Lei Federal 11.428 de 22 de dezembro de 2006 ou Lei da Mata Atlântica. Nesse 
contexto, até as Matas Secas do bioma Cerrado encontradas no estado de Tocantins têm que seguir as de-
terminações da Lei Federal 11.428, o que tem gerado muita polêmica, sobretudo, no Norte de Minas, onde 
um grande número de agricultores, pecuaristas e donos de carvoeiras não concordam com essa legislação. 
▲
Figura 22: Floresta 
Pluvial baixo-montana 
em Itacaré, Bahia.
Fonte:Belém, 2008
25
Geografia - Biogeografia II
1.3.5 O Pantanal 
O Bioma Pantanal é um complexo vegeta-
cional associado a uma imensa planície fluvial 
com uma área de 220 km2 distribuídos pelos 
estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso 
(IBGE, 2004). O termo “Complexo do Pantanal” 
está associado ao fato da área apresentar uma 
complexidade de tipos vegetacionais condi-
cionados por diversas condições ambientais 
(FERRI, 1980).
Para Ferri (1980), o Pantanal apresenta 
vários tipos de vegetação sendo que as prin-
cipais fitofisionomias são o Campo Limpo, o 
Campo Cerrado, o Cerrado Típico, a Florestas 
Subcaducifólia que acompanha a margem dos 
rios e as Florestas Estacionais de afloramentos 
calcários.
De acordo com Fernandes (1998), o Panta-
nal é uma das áreas de maior riqueza biológi-
ca do Brasil e que apresenta uma importância 
ecológica que transcende os limites do país.
A importância ecológica do Pantanal 
reside-se principalmente no fato da sua área 
constituir um imenso ecossistema natural em 
perfeito equilíbrio com os regimes de cheias e 
vazantes que marcam o clima regional (BRAN-
CO,1988). Para esse autor, os rios do Pantanal 
são os grandes transportadores e fornece-
dores dos nutrientes que garantem o cresci-
mento da vegetação e a incrível produção de 
peixes, jacarés e aves aquáticas que povoam 
a região. Assim, os rios que cortam o Pantanal 
inundam periodicamente imensas planícies, 
fertilizando os solos e garantindo a sobrevi-
vência da vegetação que assegura o alimento 
da fauna (Figura 23) (BRANCO, 1988).
De acordo com o site da Empresa Brasi-
leira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, o 
Pantanal não é único, mas, sim, um conjunto 
de pantanais com características próprias de 
solo, vegetação e clima. Estudos efetuados 
pela Embrapa Pantanal identificaram 11 pan-
tanais: Cáceres, Poconé, Barão de Melgaço, 
Paraguai, Paiaguás, Nhecolândia, Abobral, 
Aquidauana, Miranda, Nabileque e Porto Mur-
tinho. Nesses onze pantanais foram identifica-
dos quase duas mil espécies de plantas com 
potencial para forrageiras, produção de mel, 
frutíferas e madeireiras.
Nas três últimas décadas toda a riqueza 
do Pantanal tem sido ameaçada pelas ativida-
des econômicas que vêm sendo implantadas 
nos planaltos do entorno da planície pantanei-
ra. 
A agricultura mecanizada desenvolvi-
da nessas áreas tem favorecido a intensifica-
ção dos processos erosivos que assoreiam os 
rios do Pantanal, além de contaminarem suas 
águas com agrotóxicos. Para Branco (1988), o 
turismo ecológico planejado tem se destacado 
como uma atividade econômica que contribui 
para a preservação do Pantanal. Além do mais, 
essa vertente do turismo tem favorecido o au-
mento da sensibilização da população local no 
sentido de proteger o Pantanal e evitar a ex-
ploração predatória.
DICAS
Procure associar cada 
bioma a uma ou mais 
cidades de referência. 
Desta forma torna-se 
possível ter uma noção 
da localização dos 
biomas até mesmo em 
um mapa rodoviário 
ou de regiões do IBGE. 
Por exemplo, associe 
Manaus ou Belém ao 
bioma Floresta Ama-
zônica. Salvador ao 
bioma Mata Atlânti-
ca. Brasília ao bioma 
Cerrado. Petrolina ou 
Fortaleza ao bioma 
Caatinga. 
GLOSSáRIO 
Higrófila: Termo 
associado às plantas 
adaptadas a ambientes 
muito úmidos.
◄ Figura 23: A Planície 
Pantaneira no início do 
período de estiagem: 
os rios abaixaram, 
os campos foram 
fertilizados e as lagoas 
ficaram povoadas depeixes. Essa é a perfeita 
dinâmica ecológica 
do Pantanal Mato-
Grossense. 
Fonte:<http://www.pas-
seiweb.com> Acesso em 
12 de Março de 2012.
26
UAB/Unimontes - 8º Período
1.3.6 O Manguezal 
O Manguezal ou Mangue é um bioma 
encontrado na transição entre o ambiente ma-
rinho e o terrestre e que, de acordo com Tro-
ppmair (2004), é o único domínio intertropical 
com características vegetacionais homogê-
neas. As plantas do Manguezal possuem um 
sistema radicular complexo formado por raí-
zes respiratórias e raízes escora que compõem 
um emaranhado que contribui em muito para 
a fixação de sedimentos do litoral (TROPP-
MAIR, 2004).
Os Mangues também possuem uma 
importância muito grande para a dinâmica 
ecológica da biota marinha, uma vez que es-
ses ambientes funcionam como verdadeiros 
berçários de espécies de peixes e crustáceos. 
Entretanto, os Mangues não têm sido valori-
zados, haja vista o ataque indiscriminado que 
esses ecossistemas vêm sofrendo das pessoas 
que transformaram essas áreas em depósitos 
de lixo e esgoto, além dos desmatamentos e 
aterros realizados com fins imobiliários (TRO-
PPMAIR, 2004). 
Os Manguezais possuem outra caracterís-
tica peculiar: a presença de espécies halófilas 
que se adaptaram ao ambiente salobro típico 
do contato continente/oceano. Para Viadana 
(2010), esse aspecto dos manguezais constitui 
uma adaptação equilibrada entre a vegeta-
ção e as marés com sua salinidade e pequena 
quantidade de oxigênio dissolvido (Figura 24).
Essa salinidade explica a presença de 
plantas com raízes respiratórias (pneumatófo-
ras) constituídas de delgadas estruturas que 
não mergulham por completo no solo enchar-
cado e lamacento do Mangue. Devido a essa 
característica, Ab’Saber (2009) define os Man-
gues como helobiomas de água salobra em 
função da constante invasão de águas salinas 
durante a maré alta.
1.3.7 Os Campos Naturais
Os Campos Naturais constituem o bioma 
herbáceo do Rio Grande do Sul. O domínio das 
pradarias brasileiras é mais complexo do que o 
nome possa significar. Para Ab’Saber (2009), os 
campos naturais Sul-Riograndenses também 
podem ser denominados de pradarias mistas 
que se assentam sobre as coxilhas (colinas) on-
duladas do sudoeste do Rio Grande do Sul. 
De acordo com Fernandes (1998), todo o 
território do Rio Grande do Sul deveria ser re-
vestido por florestas subtropicais, haja vista 
que a região possui índices pluviométricos ca-
pazes de proporcionar esse tipo de vegetação, 
mas o componente edáfico do sudoeste do 
estado não é favorável ao desenvolvimento de 
formações florestais devido ao fato de os solos 
serem bastante arenosos. Esse autor também 
ressalta que os Campos Naturais do Sul não 
são formados apenas por um imenso tapete 
de gramíneas. Essas pradarias são marcadas 
por outras formações vegetais que pontuam 
os campos quebrando a monotonia herbácea. 
Assim, nos campos também existem as formações palustres (de brejos), as matas galeria que 
margeiam os rios e nas áreas de nascentes ocorrem Capões (Figura 25) (FERNANDES, 1998).
Figura 24: As raízes 
aéreas das plantas 
do Mangue é uma 
adaptação ao ambiente 
salobro criado pela 
constante subida das 
marés.
Fonte:< http://www.
brasilescola.com/brasil/
mangues> Acesso em 10 
de Março de 2012.
►
GLOSSáRIO
Pneumatóforas: São 
raízes que apresentam 
lenticelas ou estruturas 
que auxiliam na respi-
ração da planta.
Figura 25: Os Campos 
Naturais no do 
Rio Grande do Sul 
destacando o tapete 
herbáceo, os capões e 
as matas ciliares.
Fonte:< http://mochileiro.
tur.br/biomapampa.htm> 
Acesso em 10 de Março 
de 2012.
▼
http://www.brasilescola.com/brasil/mangues
http://www.brasilescola.com/brasil/mangues
http://www.brasilescola.com/brasil/mangues
http://mochileiro.tur.br/biomapampa.htm
http://mochileiro.tur.br/biomapampa.htm
27
Geografia - Biogeografia II
Os Campos Naturais do Rio Grande do sul 
são conhecidos regionalmente como pampas 
gaúchos e apresentam diversos tipos de gra-
míneas em que se destacam as espécies dos 
gêneros Paspalum, Andropogon, Aristida e Bri-
za (FERNANDES ,1998).
Deve-se ressaltar que, ao longo do pro-
cesso de ocupação do sul do Brasil, essa ve-
getação foi alterada através da pecuária e da 
agricultura mecanizada. Como os solos dos 
pampas gaúchos são muitos arenosos e susce-
tíveis à erosão, essas atividades intensificaram 
o processo de arenização de uma imensa área 
localizada entre os municípios de Itaqui, Ale-
grete e Quaraí, desencadeando uma série de 
impactos socioambientais na região (SUERTE-
GARAY, 2000). Em algumas áreas a degradação 
dos solos e a presença de areia é tão grande 
que alguns autores têm considerado que a 
área está sendo desertificada. Em Alegrete, 
por exemplo, existe o famoso “Deserto de São 
João” ou Saara dos Pampas”.
De acordo com Suertegaray (2000), o 
emprego do termo desertificação não é apro-
priado para os processos que ocorrem no 
sudoeste do Rio Grande do Sul, pois a região 
não apresenta índices pluviométricos baixos. 
Neste caso, mesmo que esses “areais” assu-
mam feições desérticas, o emprego do termo 
desertificação não é correto. Por outro lado, o 
emprego do termo desertificação ao Nordeste 
Brasileiro ou ao Sahel africano é adequado em 
função das condições climáticas dessas regi-
ões (SUERTGARAY, 2000). 
Referências
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biente: uma visão do Brasil. Rio de Janeiro, 1996. 208p.
LOPES, E. ; FERREIRA, G.L. Atlas geográfico geral escolar - Mapas do mundo e dos continen-
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PRADO, D. E. As Caatingas da América do Sul In: LEAL, I.; TABARELLI, M.; SILVA, J. M. C. (Orgs.). 
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ticos. São Paulo: Ambito cultural edições, 1997. 557p.
SUERTEGARAY, D.M.A. Desertificação: Recuperação e Desenvolvimento Sustentável. In. 
DICAS
O mapa dos biomas 
brasileiros é mais bem 
compreendido quando 
estudado a partir da 
comparação entre um 
mapa do caderno didá-
tico e outro mapa a ser 
feito pelo acadêmico. 
Nesse caso, o acadê-
mico deve procurar 
refazer um mapa de 
biomas de um livro 
qualquer, dando ênfase 
às cores e à legenda. 
Depois, procure asso-
ciar os biomas às cida-
des importantes que se 
localizam no domínio 
em questão. Associe 
também os nomes dos 
biomas aos números de 
cada unidade. Por fim, 
use cores fortes. 
28
UAB/Unimontes - 8º Período
GUERRA, A.J.T.; CUNHA, S. B. (Orgs). Geomorfologia e Meio Ambiente. Rio de Janeiro :Bertrand 
Brasil, 2000 Cap.5, p. 249-287.
TYLER, G; MILLER, JR. Ciência Ambiental. São Paulo. Cengage learning, 2008. 501p.
TROPPMAIR, H. Biogeografia e Meio Ambiente. Rio Claro: Divisa,2004. 206p.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS – UFLA; INSTITUTO DE FLORESTAS – IEF. Mapas e Inventá-
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VIADANA, A. G. Um estudo de Biogeografia fitofisionômica – Ilha Comprida/SP. Rio Claro: A. 
G. Viadana, 2010.
 
29
Geografia - Biogeografia II
UNIDADE 2
Perturbações, proteção e 
legislação ambiental 
2.1. Introdução 
A relação entre o homem e o seu ambien-
te tem variado ao longo do tempo e entre re-
giões e culturas. Entretanto, mesmo diante de 
diferentes comportamentos e  visões de mun-
do,  o homem  contemporâneo tem tido cada 
vez mais certeza de que  a  Terra se encontra 
em uma situação crítica  em função da manei-
ra pela qual as sociedades humanas têm-se re-
lacionado com o planeta. Assim, os efeitos da 
apropriação predatória  dos recursos naturais  
nunca foram tão visíveis como na atualidade. 
De acordo com Brito  & Câmara (1998), esses 
efeitos estão relacionados principalmente  ao 
fato de os  modelos de desenvolvimento das 
civilizações até nossos dias terem sido projeta-
dos pelo homem para acumular riquezas ma-
teriais, bens e serviços.
Nesse contexto, o mundo atual se vê 
diante de uma grave crise socioambiental 
marcada por vários problemas ambientais 
que ameaçam o futuro da humanidade. Esses 
problemas têm provocado sérios transtornos 
no funcionamento do planeta, o que coloca 
em xeque o destino de todas as suas formas 
de vida e, em especial, o futuro dos seres hu-
manos.
Mesmo diante dessa ameaça premente, 
por pura alienação ou por estarem alijadas 
dos mecanismos de instrução, muitas pessoas 
se encontram totalmente adormecidas, sem 
se preocuparem com a terrível situação que 
assola a todos. Aquecimento global, desertifi-
cação, desmatamento, poluição atmosférica, 
violência urbana, miséria, corrupção, fome e 
muitos problemas de nosso tempo não as in-
comodam. Muitos nem pensam na existência 
dos mesmos e outros nem sabem que suas 
ações são parte de um ou outro problema. Al-
guns sabem de tudo, não temem, mas não se 
preocupam e nem fazem nada para mudar a 
realidade. O certo é que todos devem tomar 
uma atitude concreta no sentido de combater 
os mecanismos que ameaçam a vida em seu 
sentido pleno.
Diante do quadro apresentado, qual é o 
papel da Biogeografia nessa crise? A Biogeo-
grafia é um ramo do conhecimento que cami-
nha lado a lado com outras disciplinas dentro 
de uma perspectiva interdisciplinar e holística 
que considera os problemas ambientais como 
parte de um todo formado por diversos com-
ponentes integrados.
Essa perspectiva de enfrentamento dos 
problemas ambientais é considerada como 
visão sistêmica que considera o planeta Terra 
como um grande sistema formado por diver-
sos subsistemas ou componentes integrados 
e em equilíbrio. Assim, quando um compo-
nente é alterado, tem-se um reflexo em todo 
o sistema. 
2.2 O Sistema Terra
A Terra é um complexo e grandioso sistema formado por um con-
junto de subsistemas integrados (Figura 26). Todas as grandes pertur-
bações ambientais da atualidade resultaram de intervenções antrópicas 
sobre uma ou outra parte do sistema e que acabaram se refletindo no 
todo.
Existem diversos pontos de vista relacionados à noção que consi-
dera o Planeta como um Sistema. Casseti (1995) afirma que, embora a 
Figura 26: A Terra vista 
do espaço mostra a 
complexidade de um 
sistema formado pela 
Atmostera, Hidrosfera, 
Listosfera e Biosfera. 
Fonte: <http://
pt.wikipedia.org/wiki/
Terra> Acesso em 10 de 
Fev. de 2012.
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Terra
http://pt.wikipedia.org/wiki/Terra
http://pt.wikipedia.org/wiki/Terra
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UAB/Unimontes - 8º Período
Terra possa ser considerada um enorme siste-
ma, encontra-se representada por três subsis-
temas integrados: o atmosférico, o continen-
tal ou litosférico e o aquático ou hidrosférico 
(figura 27). Na zona de interação dessas três 
unidades ocorre a vida (subsistema biosférico 
incluindo o homem). Portanto, refere-se a um 
conjunto de ecossistemas em equilíbrio dinâ-
mico, em que qualquer intervenção num pon-
to do sistema repercute no conjunto.
A intervenção dos referidos subsistemas 
não pode, portanto, ser entendida de forma 
dissociada, uma vez que implicaria a ruptu-
ra das relações processuais como um todo, 
proporcionando uma abordagem metafísica 
(ROSS, 2001). Assim, todo o conjunto pertence 
a um sistema, cujas ações e reações estão con-
dicionadas pela matéria e pelas fontes ener-
géticas (internas e externas). Wicander & Monroe (2009) comparam o sistema Terra a um auto-
móvel, ou seja, um sistema de componentes interconectados que interagem e afetam de várias 
maneiras uns aos outros. Como o homem faz parte deste sistema, as suas ações são suficientes 
para produzir alterações com efeitos de grande amplitude (WICANDER & MONROE, 2009).
Para Ross (2001), o homem se faz presente nesse sistema de relações, exercendo grande 
pressão sobre o meio e influenciando o movimento circular das substâncias da Terra e gerando 
muitas perturbações ambientais. Para Drew (1998), a intervenção humana pode afetar de forma 
significativa os sistemas que envolvem os seres vivos (ecossistemas), uma vez que esses são os 
mais vulneráveis às ações antrópicas.
Nesse contexto, o uso racional dos recursos naturais exerce um papel de fundamental im-
portância no processo de busca por uma sociedade sustentável e, ao mesmo tempo, consolida o 
caminho a ser buscado no sentido de reverter a crise ambiental da atualidade. 
2.3 Meio ambiente
O vocábulo meio ambiente tem sido mui-
to usado pelos meios de comunicação na atu-
alidade para designar uma grande variedade 
de situações causando, assim, certa confusão 
no tocante à apreensão do verdadeiro signifi-
cado dos termos. Constata-se, portanto, que 
se criou um esvaziamento do conceito científi-
co e legal de meio ambiente (FONSECA e PRA-
DO, 2008). 
Sabe-se que o termo meio ambiente é 
muito comum na Biogeografia e em diversas 
ciências afins, mas a terminologia empregada 
nas ciências ambientais com um todo é muito 
ampla e alguns conceitos não possuem consen-
so entre os profissionais, fazendo com que cer-
tas definições sejam permeadas por significa-
dos imbuídos de senso comum. Nesse sentido, 
faz-se necessário uma breve revisão sobre esses 
conceitos para facilitar a compreensão da ter-
minologia que será usada nesse caderno. 
De acordo com Melo (2007), o meio am-
biente consiste em algo que está ao redor de 
um centro e que o mesmo é formado por di-
versos elementos, tais como, rochas, solos luz, 
água, plantas, animais, o homem, entre outros. 
Assim, toda a vida do planeta se hospeda na 
natureza ou que se pode chamar de meio am-
biente (MELO, 2007). Nessa perspectiva, esse 
autor vai além e conceitua meio ambiente 
como o espaço onde estão presentes as con-
dições necessárias para que a vida se desen-
volva, ou seja, o meio ambiente corresponde 
à biosfera. Nessa mesma linha de raciocínio, 
Oliveira (1982) considera o meio ambiente 
como um conjunto de componentes bióticos, 
abióticos e bióticos-abióticos. Os elementos 
abióticos correspondem às rochas, ao relevo e 
ao clima, enquanto os bióticos dizem respeito 
à flora e fauna, incluindo o homem. O biótico-
-abiótico corresponde aos solos, um compo-
nente intermediário importantíssimo para a 
vida (OLIVEIRA, 1982).
Para Miller Jr. (2007), o meio ambiente é 
algo extremamente complexo cujo funciona-
mento afeta todas as formas de vida do pla-
neta. Com base nas ideias de Sánchez (2008), 
Figura 27: Os diversos 
componentes do 
sistema Terra em 
interação.
Fonte: Drew, 1998.
►
31
Geografia - Biogeografia II
o conceito de meio ambiente é muito amplo, 
pois pode incluir tanto a natureza com a socie-
dade. Além do mais, esse conceito também é 
maleável, haja vista que pode ser reduzido ou 
ampliado em função das necessidades especí-
ficas ou dos interesses envolvidos (SÁNCHEZ, 
2008). Existem conceitos mais restritos como o 
de Guerra & Guerra (2001), que

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