Inovação e Tecnologia no Turismo - AULA 1

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INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO
TURISMO
AULA 1
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Grazielle Ueno Maccoppi
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CONVERSA INICIAL
Olá, seja bem-vindo! Com os estudos que desenvolveremos, esperamos que você consiga
perceber a relação da tecnologia da informação e da comunicação com o turismo e ainda consiga
vislumbrar novos mercados e novas oportunidades com base nessa interação.
O objetivo desta aula é entendermos os conceitos iniciais que irão permear a nossa disciplina. O
que é tecnologia, como está presente e interagindo na nossa sociedade e, por consequência, como
somos influenciados e impactados por sua existência no ambiente profissional. A modificação da
sociedade e as intervenções e reflexos no turismo e os destinos turísticos inteligentes. Por fim, vamos
aproximar a temática das tecnologias da informação e da comunicação no contexto do turismo.
Preparado? Então, vamos lá!
CONTEXTUALIZANDO
Se pensarmos no dia a dia de um profissional de turismo, é muito difícil separar a sua atuação
do uso da tecnologia e dos recursos que estão aliados a ela. Buscamos constantemente aprimorar e
reconhecer as informações relevantes sobre um determinado destino turístico, desenvolver novos
produtos de viagem, agregar serviços e ofertar a melhor experiência para o consumidor de viagem.
Estamos envoltos pelas ferramentas tecnológicas para retirar do seu uso, o máximo de proveito na
transformação deste “saber” em viagens mais significativas.
Independentemente do motivo da viagem, toda a sua estrutura prevê de forma ativa a
participação dos recursos tecnológicos. O uso dos mapas, sites, blogs, perfis de redes sociais,
sistemas de informação gerencial, aplicativos e tantos outros recursos que são cotidianamente
utilizados pelo turismo, de tal forma que é difícil descrevê-los sem esquecer algum. Isso tudo pode
estar presente e no controle das nossas mãos.
Isso sem falar nos recursos tecnológicos que são fundamentais para o funcionamento de toda a
cadeia turística. São sistemas de reservas aéreas instantâneas, reservas de acomodações dos mais
variados tipos, espetáculos e shows, restaurantes, atrativos turísticos, serviços auxiliares, enfim, toda a
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oferta turística está interligada e também depende da tecnologia e da sua constante inovação para se
manter atuante.
Com base nesse horizonte, vamos trilhar nossas discussões iniciais sobre o que é tecnologia e
como podemos aprimorar a sua aplicação no turismo. Vamos lá?
TEMA 1 – TECNOLOGIA
Para dar o início ao entendimento do que é tecnologia, é importante que você saiba que, antes
de ser considerada como uma ferramenta, a tecnologia está associada à aplicação de uma técnica.
Portanto, não podemos limitar a tecnologia aos instrumentos que surgem a partir do emprego da
sua técnica. Ela é mais do que um aparelho de celular de última geração ou de um sistema de
inteligência artificial, que interpreta nossa voz – estes seriam instrumentos originados dela.
Sendo assim, é fundamental que tenhamos claro que a tecnologia é mais do que um
instrumento específico, pode ser considerada como o resultado de uma forma de solucionar
problemas, ou até como uma ciência. A técnica seria considerada como uma forma adaptável e que
pode ser empregada em diferentes contextos e com recursos variados, enquanto a tecnologia estaria
associada a algo mais amplo e complexo. Para desvelar a complexidade da tecnologia, vamos iniciar
nossos estudos compreendendo a sua definição.
1.1 DEFINIÇÃO DE TECNOLOGIA
Vários autores discutem a definição da tecnologia e também o seu emprego nas sociedades
atuais. Para Manuel Castells (1999), a sociedade contemporânea vive imersa de maneira profunda na
tecnologia e nas suas técnicas, o que dificulta, por este motivo, o entendimento do seu limiar, onde
termina o conceito de uma e onde começa a definição de outra, caracterizando o que ele chama de
sociedade em rede, em que a tecnologia e a técnica estão presentes de forma profunda e enraizada as
ações.
Já para Vieira Pinto (2005), as definições dos limites entre técnica e tecnologia são fundamentais
para denominar os seus significados. É com o conhecimento da técnica que o homem é capaz de
interferir no seu espaço e modificar promovendo benefícios reais e condizentes com as suas
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necessidades. Assim, o autor destaca que a tecnologia possui ao menos quatro significados distintos,
a saber:
Figura 1 – Significados da tecnologia
Fonte: Maccoppi, 2020, com base em Vieira Pinto, 1995.
Etimológico: associado a uma teoria, uma ciência, um estudo que relacione técnica, método,
processo em uma discussão, a funcionalidade
Técnica: classifica a tecnologia como algo equivalente a técnica
Conjunto de técnicas ou know how: interpreta a tecnologia como um conjunto de todas as
técnicas de que dispõem uma sociedade
Ideologia: a tecnologia significa a ideologia da técnica, ou seja, é algo bem maior do que é
possível enxergar e por meio do qual todos os males da humanidade poderiam ser
solucionados
Quando observamos a complexidade dos significados da tecnologia, percebemos que uma única
definição seria reducionista e, certamente, não daria suporte para toda a sua amplitude.
De qualquer forma tenhamos claro que a tecnologia é o uso de conhecimentos científicos para
oportunizar a reprodução de atividades que permeiam o ser humano, suas intenções e suas
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necessidades – podendo trazer modificações para o espaço em que ele está inserido (Castells, 1999;
Santos, 2012).
Com base nas colocações de Castells (1999) e Santos (2012), podemos perceber que, no
contexto do turismo, a tecnologia está presente em todo o processo de transformação de um espaço
em destino turístico.
Podemos considerar que quando ocorre a intervenção humana para adaptar um atrativo para
receber turistas, quando há adaptações em empreendimentos e estabelecimentos comerciais para o
atendimento deste fluxo, quando ocorre a criação de novos produtos ou novos serviços a serem
ofertados a esse público, enfim, há tecnologia quando há aplicação prática de conhecimentos,
transformando o espaço vivido em espaço turístico.
TEMA 2 – TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO
Considerando que a tecnologia está associada à melhoria dos processos a partir do uso de
técnicas para facilitar a interação humana, podemos entender que, entre as inúmeras modificações,
estão também o formato e a gestão dos negócios. Os processos de criação e de gestão de negócios
vêm sendo influenciado por essa corrente, desde a década de 1950. Sendo assim, muitos modelos de
negócios foram sendo transformados e influenciados pela presença da tecnologia.
A tecnologia da informação e da comunicação, ou as conhecidas TICs, nada mais são que um
conjunto de instrumentos e dispositivos utilizados para coletar, processar, armazenar e distribuir
informações. Todos esses dispositivos possuem a intenção de facilitar o processo de comunicação
entre as pessoas e entre as organizações (Castells, 1999; Rezende, 2004). Importante destacar que
mesmo as formas tradicionais humanas tão conhecidas como a fala, o olhar, os gestos e a escrita
também são consideradas TICs, uma vez que são técnicas aplicadas para se comunicar (Lévy, 1999).
Retomando o conceito de TICs como instrumentos que facilitam a comunicação, podemos
exemplificá-las tanto no ambiente doméstico quanto no profissional, com a presença de
computadores, celulares, televisores, câmeras, acessórios de suporte como pen-drive, CD, DVD eoutros dispositivos de armazenamento, e-mail, internet, fotografia, vídeo e uma infinidade de
recursos e objetos que alicerçam a comunicação pessoal e profissional da nossa sociedade. Com base
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nos exemplos, fica mais tranquilo observar o quanto as TICs são fundamentais na sociedade atual e
quanto a sua aplicação é real, especialmente no ambiente profissional e corporativo.
Com a presença da internet e a evolução das TICs, tornou-se possível consultar informações em
tempo real em qualquer lugar, acessar dados específicos, processar, transformar e compartilhar em
benefício da sociedade.
Para o desenvolvimento da atividade turística nos moldes que conhecemos, foi preponderante a
presença e progresso das tecnologias da informação e da comunicação. Não somente para o
turismo, mas também para qualquer área de atuação é importante perceber que a tecnologia da
informação e comunicação não está restrita a um determinado serviço, e sim presente em processos
que permeiam de maneira profunda, tanto a geração de conhecimento, como o estabelecimento
constante de melhorias e adaptações de uma sociedade.
No turismo, a quantidade de informações geradas pelo fluxo natural dos turistas foi
condicionando um novo significado para as formas e processos de tratamento de dados e, com base
nesse fluxo, adaptações e melhorias vão sendo processadas continuamente, figurando no
atendimento das necessidades da sociedade da informação.
Saiba mais
Da mesma forma que é impossível pensar na prática humana sem o uso dos recursos das
TICs, é necessário destacar que o seu avanço pode promover a dependência excessiva. Fonte de
estudo de muitos pesquisadores, a influência e a dependência das TICs podem acarretar
transtornos, distúrbios e uma série de outros problemas de saúde que desafiam os especialistas.
TEMA 3 – SOCIEDADE E TECNOLOGIA
Como já destacamos, a presença das ferramentas de tecnologia da informação e comunicação
são uma realidade em nossa sociedade, mas nem sempre foi dessa forma. Atualmente, nossa
sociedade é chamada de sociedade da informação, justamente por ter como característica mais
relevante o acesso, o compartilhamento e sua consequente dependência pelas informações.
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Pela complexidade de serviços que é formado o turismo, a sua gestão é da mesma forma
múltipla e incide em desdobramentos que envolvem diferentes áreas do conhecimento, inúmeras
variáveis, desafiadoras formas de controle além das habilidades intra e interpessoais. Cientes dessa
complexidade do fenômeno turístico, conhecer as características da sociedade da informação é estar
atento as relações que envolvem o funcionamento do fenômeno e, por conseguinte, a sua gestão.
A sociedade da informação tem em sua base dois elementos importantes que definem suas
características. O primeiro elemento fundamental é a presença das TICs somada a todos os processos
de transformação que surgiram com o comportamento social e profissional. O segundo elemento é a
globalização. Nesse formato de mercado global em que as trocas são cada vez mais fluidas e
intensas, configuramos as relações mercadológicas altamente competitivas e as relações sociais cada
vez mais superficiais.
Nesta sociedade, o fluxo e a estrutura econômica são amplamente interferidos por esses dois
elementos, o que gera constantemente a necessidade de encontrar novas formas de organizar e
controlar processos dentro das organizações. Uma vez que inovar e modernizar são sinônimo de
vantagem competitiva pela dinâmica natural do capitalismo neoliberal, tendo como cenário a
competitividade dos mercados globais, a sociedade da informação se desenvolve incorporando as
mudanças e dando continuidade às transformações.
Ao pensar sobre a evolução histórica das sociedades, outros elementos atrelados aos fatores
econômicos já foram sinônimo de demarcação de uma era. Para Toffler (1980), a economia é
dinâmica e influenciada por vários aspectos, e a trajetória histórica da sociedade pode ser demarcada
por três períodos principais:
Primeira onda, agrícola, demarcada pelos recursos naturais e o trabalho físico;
Segunda onda, industrial, caracterizada pelo uso das máquinas e pelos trabalhadores
uniformizados;
Terceira onda, da informação, em que a força de trabalho está relacionada ao uso e aplicação
da tecnologia da informação sob os cuidados de trabalhadores do conhecimento.
O que se percebe é que já tivemos uma era mais rural, passamos por uma onda industrial e
agora estamos vivenciando a era da informação. Como pontua Toffler (1980), os avanços econômicos
e tecnológicos geram impactos culturais e sociais que modificam e interferem a sociedade.
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A sociedade da informação, para Lévy (1999), seria essencialmente informacional, caracterizada
pela desmaterialização dos bens tangíveis enquanto riqueza. Ocorre nessa era uma transição de
valores e os elementos intangíveis passam a ter valor superior, o que acontece com o conhecimento,
as informações, os serviços atribuídos ou as marcas.
Trazendo a perspectiva do mercado, Kotler (2002) descreve as características do consumidor da
sociedade da informação, corroborando com as características descritas por Lévy (1999) e que
podem contribuir sobremaneira no processo de gestão das organizações desta era. Para Kotler
(2002), os consumidores da sociedade da informação:
São cada vez mais informados, sensíveis e sofisticados nos seus desejos;
Possuem cada vez mais obrigações a cumprir com menor tempo;
São abertos a novas escolhas, desde que percebam facilmente algum benefício próprio;
São dotados de alto grau de expectativas quanto ao atendimento, sujeitos a frustração com
facilidade.
Observando os pontos revelados pelas características e condicionantes da sociedade da
informação, destaca-se a importância do alinhamento na prestação de serviços, especialmente no
turismo. A cadeia de prestação de serviços turísticos precisa estar cada vez mais alinhada com o seu
público. Considera-se esse alinhamento com base na forma de se comunicar e no atendimento das
suas expectativas. São altos os níveis de exigência, menor e mais escasso o tempo de tolerância por
espera ou resposta e altos índices de informações permeiam todo o processo de compra.
Assim, serviços exclusivos e personalizados se mostram como tendência ao atendimento da
sociedade da informação, justamente por aliar as expectativas e exigências de alto padrão. Ações de
incremento a fidelidade da marca e que promovam o encantamento também podem ser
vislumbrados com atenção.
Reconhecendo basicamente o comportamento e as características da sociedade, certamente os
recursos tecnológicos e de gestão podem ser melhores empregados, de modo que as organizações
aprimorem os seus processos internos e estabeleça o gerenciamento com competência dos seus
recursos.
TEMA 4 – IMPACTOS E TRANSFORMAÇÕES
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Como já dito, a globalização encurtou as distâncias no mundo todo. As viagens estão cada vez
mais acessíveis, independente do destino, levantar informações sobre como chegar, onde ficar,
melhores atrativos a se visitar. A informação e o processo de digitalização do mundo encurtaram as
distâncias e carregaram seus consumidores de informação e novos padrões de exigência.
Podemos reconhecer que a atividade turística é uma atividade dinâmica e que a medida em que
a sociedade se modifica, absorve essas modificações e se adapta para seguir atender as novas
necessidades. Acompanhe algumas das modificações que foram incorporadas pelo turismo.
Figura 2 – Evolução e modificações no turismo
Fonte: Maccoppi, 2020, com base em Barreto, 2014.
Olhando para a evoluçãodo turismo, é fácil perceber que com o passar dos anos a atividade
veio se adaptando e incorporando modificações à medida que evoluía. Mais recentemente a
evolução da tecnologia da informação e comunicação, trouxe para o segmento turístico muitas
mudanças. As viagens passaram a seguir um novo traçado, da mesma forma que ocorreu
anteriormente com o surgimento das máquinas à vapor, a eletricidade, o motor de explosão. Todas
essas tecnologias foram absorvidas pela indústria do turismo e agora o elemento da vez é baseado
na informação e na tecnologia.
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Assim, surgem novos recursos tecnológicos que pouco a pouco vão denotando ao turismo um
novo ritmo de desenvolvimento. São aplicativos, realidade aumentada, inteligência artificial,
constantemente inseridos a oferta turística e que passam a configurar um novo período, a era dos
destinos turísticos inteligentes.
Destino turístico é considerado um espaço turístico inovador, acessível a todos, consolidado em
uma infraestrutura de vanguarda tecnológica que garanta o desenvolvimento sustentável do
território, facilitando a interação e integração do visitante com o ambiente e aumentando a
qualidade de sua experiência no local de destino e da qualidade de vida residentes (Gomes; Gândara;
Ivars-Baidal, 2017, p. 510).
Os espaços turísticos podem ser definidos como locais que dispõem de atrativos que tenham
apelo turístico, ou seja, que motive a visitação. O espaço turístico inovador além de ter atrativos
precisa apresentar inovações para suprir a necessidade de interação do turista com o espaço. Seriam
exemplos: semáforos com sensores, atrativos com geolocalização, gamificação dos espaços, uso da
realidade virtual entre outros.
No que tange a acessibilidade, um destino inteligente deve ser acessível tanto para o público
externo (turistas) como para o público interno (moradores). Essa acessibilidade também deve ser
estendida aos portadores das mais diversas deficiências, prevalecendo uma infraestrutura de
vanguarda tecnológica justamente para suprir essas necessidades.
Sobre o desenvolvimento sustentável do território, está relacionado à interação e à integração
do visitante com o ambiente, articulando as ações com as bases econômica, ambiental e social.
Sendo a harmonia e o equilíbrio uma busca constante nas ações.
Ainda como componente presente no conceito de destinos turísticos inteligentes está a
hospitalidade. É importante que o turista se sinta integrado ao espaço turístico de forma acolhedora.
Essa característica é potencializada com a tecnologia e a personalização de experiências. Para que
haja uma experiência completa, é possível criar um engajamento positivo por parte da comunidade
que habita o destino, neste sentido, é fundamental que sejam elaboradas políticas públicas de
melhoria no bem-estar, beneficiando ao residente e repercutindo ao visitante. Assim, considera-se
que o uso das tecnologias da informação e comunicação e a inteligência dos dados são elementos
fundamentais na transição do turismo.
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TEMA 5 – TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO DO
TURISMO
O turismo é um meio de alcançar transformação social e desenvolvimento territorial e
sustentável. Muitos autores concordam que, além de um expoente para o desenvolvimento
econômico, o turismo permite a redução das desigualdades, pois é capaz de conectar comunidades
para a construção de uma sociedade mais justa (OMT, 2009). Portanto, o planejamento responsável
do destino é necessário para garantir o respeito a capacidade de carga do destino, onde a qualidade
deve prevalecer e não a quantidade.
Somente destinos turísticos que se comportam de maneira sustentável serão viáveis no futuro, é
com base nessa premissa que as tecnologias da informação e da comunicação podem contribuir
diretamente com o turismo.
Certamente que o turismo também possui efeitos negativos derivados do mal planejamento, em
que o alto fluxo possui efeitos desastrosos, especialmente para destinos que são dependentes de
recursos naturais e culturais. Entre os efeitos negativos do turismo, podemos citar:
a)  Os prejuízos no patrimônio turístico, especialmente em áreas naturais;
b)  Dependência econômica exclusiva do fluxo turístico;
c)    A sensibilidade da imagem/marca do destino; uma experiência ruim pode
comprometer negativamente um destino;
d)    Conflitos sociais em comunidades receptoras, gerados pelo alto fluxo.
Com os efeitos negativos do desenvolvimento turístico, muitos destinos passaram a
compreender a importância de garantir a sustentabilidade e a produtividade da atividade.
Sustentabilidade proveniente da pesquisa, da tecnologia e inovação e da sua aplicação para manter e
expandir de forma consistente os nichos de mercado conquistados.
Neste processo, destaca-se a internet como instrumento revolucionário. A internet impactou as
empresas nos anos 1990 e se tornou mais do que uma necessidade, um elemento diferenciador do
turismo em direção a uma economia baseada no conhecimento e na informação. Com a aplicação
das TICs, as empresas se tornam cada vez mais competitivas, impondo um novo paradigma e são a
base material do que é chamado de terceira revolução industrial.
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No caso do turismo, que é uma atividade composta por um conjunto de prestação de serviços, a
inovação é um fator diferenciador e que pode contribuir independentemente do estágio em que o
destino se encontra ou em qualquer um dos componentes da cadeia. Nesse sentido, Buhalis (2000)
considera: “quanto mais maduro é um serviço, maior a sua capacidade de inovação que possui” e
aproveitar as novas tecnologias contribui sobremaneira para a competitividade e visibilidade do
destino, reduzindo custos e melhorando a cooperação local.
Um exemplo da presença das TICs no turismo, são o surgimento das cias aéreas low cost ou
companhias aéreas de baixo custo. As companhias low cost têm um modelo baseado em custos
unitários inferiores a outros tipos de companhias aéreas. Esse modelo de gestão somado a aplicação
das ferramentas tecnológicas permitiu a prática de preços reduzidos em viagens aéreas. A figura 3
ilustra uma empresa norte-americana pioneira nessa modalidade.
Figura 3 – Aeronave da companhia low cost JetBlue
Crédito: Markus Mainka/Shutterstock.
Em resumo empresas low cost utilizam-se da aplicação de tecnologias e sistemas de inteligência
como principal vantagem competitiva. Assim, os sistemas de inteligência auxiliam na organização da
oferta e da demanda, oportunizando o incremento na circulação de pessoas no transporte aéreo.
Voltando ao tema dos negócios, o turismo é um setor intensivo em informações e as TICs
mudaram na forma como se relacionam com os clientes, trazendo profundas mudanças na gestão e
infraestrutura das empresas. Isso gerou, por um lado, uma notável melhora na capacidade produtiva
e competitiva daqueles que souberam tirar proveito desses avanços tecnológicos e, por outro, o
desaparecimento daqueles que não os adotaram.
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Com o surgimento da internet, gradativamente ocorreu uma mudança no modelo de negócios
das empresas de serviços turísticos, especialmente porque prestadores, distribuidores e
consumidores passaram a ter a oportunidade de comunicação direta por meio das aplicações
tecnológicas de dispositivos móveis como smartphones, tablets e laptops emergindo para um novo
paradigma. Esse paradigma é baseado no novo perfil de viajante, os usuários regulares da internet
que valorizam a experiência de viagem e a facilidade de compartilhá-la em tempo real por meio das
redes sociais.
Assim, o novo paradigma supõe a chegada do turismo na sociedadeda informação e, como
consequência, novos hábitos de consumo surgem, tornando-se uma variável complexa que modifica
drasticamente a estrutura do mercado de turismo exigindo a adaptação às novas tecnologias
(Buhalis, 2000).
Com base nos padrões de consumo advindos da sociedade da informação, pode-se apresentar
modificações, conforme Figura 4.
Figura 4 – Modificações no turismo com a aplicação das TICs
Fonte: Maccoppi, 2020, com base em Buhalis, 2000, e Lamfus et al., 2010.
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No que se refere a turismo, as TICs mudaram paradigmas, eliminaram fronteiras, de modo que
parte da atividade econômica realizada com essas ferramentas ocorre entre pessoas que vivem em
países diferentes e não necessariamente dentro da mesma fronteira (Lamsufs et al., 2010). O
consumidor que está presente na internet se demonstra uma pessoa muito informada tanto em
termos de preços como de produtos. Conectados o tempo todo, que se relaciona com pessoas de
todo o mundo, capaz de desenvolver seu próprio conteúdo. Consumidor mais cauteloso no que diz
respeito a gastar e com considerável controle sobre a imagem e comunicação das marcas (Lamsufs et
al, 2010).
Assim, o novo turista pode ser um excelente “prescritor”, ou seja, o consumidor que pode
promover uma marca (ou um destino turístico) se tiver tido boas experiências com o produto ou
serviço. Exercendo grande influência sobre seus amigos de rede. Nesse cenário, a qualidade da marca
se torna um fator-chave para criar uma imagem favorável e incrementar um destino turístico.
TROCANDO IDEIAS
Vimos que a atividade turística é dinâmica e vem se modificando de acordo com marcos e fatos
importantes em nossa sociedade. Tendo como referência a evolução das tecnologias da informação e
da comunicação no turismo, como você percebe a influência dos recursos tecnológicos? Eles são
positivos ou negativos para o desenvolvimento do turismo? Não deixe de compartilhar sua opinião
no fórum de seu ambiente virtual e conhecer outros pontos de vista para enriquecer ainda mais os
seus conhecimentos.
NA PRÁTICA
Tendo como referência os estudos desenvolvidos nesta aula, como você percebe a
personalização do turismo? É possível personalizar a atividade turística? Busque nos serviços que
compõem a cadeia turística aplicações práticas de personalização e enriqueça o seu olhar sobre essa
temática que é uma tendência para o turismo.
FINALIZANDO
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Chegando ao fim de nossa aula, conseguimos compreender melhor o que é a tecnologia, sua
amplitude e as interferências e modificações provocadas na sociedade a partir do seu uso.
Associamos e compreendemos que a sociedade evolui e se modifica também a partir de fatos e
condicionantes históricos e que da mesma forma o turismo absorve essas modificações e segue de
forma dinâmica, adaptando-se às novas realidades desenhadas pela sociedade.
Esperamos que tenha compreendido que o turismo está relacionado a uma nova forma de
perceber e de se construir as relações sociais, e que tem como companhia os avanços tecnológicos e
o desafio de inserir as ferramentas geradas pela tecnologia na sua gestão e organização.
Por fim, as tecnologias evoluem e o turismo deve acompanhar essa evolução caso deseje
continuar movimentando os turistas. A aplicabilidade da tecnologia em um destino não deve ser vista
como um desafio, mas sim como uma oportunidade de melhoria e de adaptação.
REFERÊNCIAS
BUHALIS, D. Marketing the competitive destination of the future. Tourism Management, v. 21,
n.1, p. 97-116, 2000. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/S0261-5177(99)00095-3>. Acesso em:
13 ago. 2020.
CASTELLS, M. Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. Rio de Janeiro: Prentice Hall, 2003.
LAMSFUS, C.; GRÜN, C.; ALZUA, A.; WERTHNER, H. Context-based Matchmaking to enhance
Tourist ś Experiences. Monograph: Information Technology in the Tourism Industry, v. 11, n. 2, p.
14-21, 2010. Disponível em: <https://publik.tuwien.ac.at/files/PubDat_192692.pdf>. Acesso em: 13
ago. 2020.
LÉVY, P. A cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
OMT. El turismo al servicio de los Objetivos de Desarrollo del Milenio. Relatório, 2009.
Disponível em: <http://goo.gl/yFZwf9>. Acesso em: 19 jul. 2020.
SANTOS, M. Pensando o espaço do homem. 5. ed. São Paulo: EDUSP, 2012.
VIEIRA PINTO, A. O conceito de tecnologia. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005.
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