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Capítulo 20 Sepse / Choque Séptico Relatores: Docente: Prof. Dr. James José de Carvalho Cadidé Preceptora: Dra. Jacielma Freire (Serviço de Vigilância e Segurança do Paciente) Médicos Residentes: Dra. Taline Brito Andrade Fernandes e Dr.Marcos Vinícius Carruego Colaboradoras: Farmacêutica Sra. Núbia Paiva Enfermeira: Sra.Maíza Ramos Validado em 04 de maio de 2017. 1. Conceitos Sepse: Presença provável ou confirmada, de infecção junto a manifestações sistêmicas de tal infecção. A presença dos critérios abaixo deve alertar a equipe multidisciplinar para o diagnóstico: Temperatura > 37,8°C ou < 36° C; Frequência cardíaca > 90 bpm; Frequência respiratória > 20rpm, ou PaCO2 <32 mmHG; Leucócitos totais > 12000/mm3, ou < 4000/mm3 ou presença de > 10% de formas jovens (desvio à esquerda). A presença de disfunção orgânica define o diagnóstico de sepse. Segue abaixo as principais disfunções orgânicas: Hipotensão (PAS < 90 mmHg ou PAM < 65 mmHg ou queda de PA > 40 mmHg); Oligúria (<= 0,5 ml/Kg/h) ou elevação da creatinina (>2 mg/dl); Relação PaO2/FiO2 <300, necessidade de O2 para manter SpO2>90%; Contagem de plaquetas < 100000/mm3 ou redução de 50% no número de plaquetas em relação ao maior valor registrado nos últimos 3 dias; Acidose metabólica inexplicável: déficit de bases <= 5,0 mEq/l e lactato > do valor normal; Rebaixamento do nível de consciência, agitação, delirium; Aumento significativo de bilirrubinas (>2X o valor de referência). Choque Séptico: Hipotensão induzida por sepse (PAS <90 mmHg PAM < 70 mmHg, ou PAS com diminuição de 40 mmHg ou dois desvios padrão abaixo do normal, excluídas outras causas de hipotensão) persistente apesar de ressuscitação fluida adequada. IMPORTANTE: Pacientes imunodeprimidos (idosos, portadores de doenças crônicas, uso de medicações imunossupressoras) podem não apresentar critérios de SIRS mesmo em sepse. Dessa forma, nesse grupo de pacientes, uma dessas disfunções, sem outra explicação, deve deflagrar o pacote de sepse. Em qualquer tempo que esteja afastado o diagnóstico de infecção o antimicrobiano pode ser suspenso. Considerações: Congresso do International Sepsis Forum: Revisão das definições de Sepse (a definição de um caso de sepse só era realizada com os critérios de disfunção orgânica); Excesso de sensibilidade do diagnóstico de sepse em países desenvolvidos, o que não agrada médicos, pesquisadores e fontes pagadoras; Escolha dos fatores para o qSOFA (taquipneia, hipotensão e alteração mental) para definir sepse na presença de infecção. (São realmente os fatores que logo chamam a atenção num paciente que chega na emergência ou está numa enfermaria de hospital); Esperar que o paciente tenha 2 destes 3 para definir sepse pode atrasar o tratamento. O trabalho de triagem em emergência ou no andar (time de resposta rápida) requer sensibilidade alta, e não priorizar especificidade. Outro grande ponto de controvérsia é a ausência do lactato sérico nas definições de sepse, ficando apenas para definir choque séptico. A presença do lactato não acrescentou sensibilidade ou especificidade ao modelo devido: a ausência da medida de lactato em mais de 80% dos pacientes com infecção na coorte da UPMC; um fator associado à hiperlactatemia é a hipotensão, que pode ter sido mais forte estatisticamente no modelo de regressão logística que definiu o qSOFA. O qSOFA não mostrou acurácia suficiente nos pacientes em UTI. A recomendação é de usar alterações de mais de 2 pontos no escore SOFA para ajudar a definir sepse. Tabela 1: SOFA Escore: SOFA Escore 0 1 2 3 4 Respiração PaO2 / FiO2 (a) >400 <400 <300 <200 <100 Coagulação Plaquetas 10³/mm >150 <150 <100 <50 <20 Hipotensão Cardiovascular (b) PAM>70 PAM<70 Dopamina<=5 Ou Dobutamina Dopamina>5 ou Epinefrina ou norepinefrina<=0,1 Dopamina>15 ou Epinefrina ou norepinefrina >0,1 Fígado Bilirrubina mg/dl <1,2 1,2 - 1,9 2,0 - 5,9 6,0 – 11,9 >12 SNC >14 13 - 14 10 - 12 6 – 9 <6 escala de coma de Glasgow Renal Creatinina ou débito urinário <1,2 1,2 – 1,9 2,0 – 3,4 3,5 – 4,9 <500 >5 ou <200 (a) Com suporte ventilatório (b) Agentes adrenérgicos administrados por pelo menos 1 hora (doses em g/Kg/min Dependendo do grau de comprometimento, são atribuídos escores entre zero e 4 a cada um dos sistemas: cardiovascular, respiratório, hepático, hematológico, neurológico e renal. 2. Aplicação do Score SOFA Aplica-se a todas as unidades assistenciais que identifiquem pacientes com perfil estabelecido neste protocolo. Dessa forma todo paciente com suspeita ou certeza de infecção com um aumento maior igual a 2 pontos no qSOFA em resposta a uma infecção tem critério de Sepse. Se está definido sepse associada a necessidade de vasopressores para manter PAM>65 E lactato > 2mmol/l após reanimação volêmica adequada então define-se choque séptico. 3. Justificativa Considerando a gravidade da patologia relacionada nesse protocolo, a necessidade de abordagem sistemática das condutas nas unidades da assistência visa garantir melhor eficiência terapêutica, protegendo a saúde objetivando preservar a vida. 4. Objetivos Reconhecer a partir de critérios padronizados um quadro de sepse e suas escalas de gravidade. Otimizar a abordagem multidisciplinar da sepse e choque séptico nas unidades assistenciais com o objetivo de melhor qualidade no atendimento, redução de morbi-mortalidade e custos. 5. Material Necessário: . Suporte diagnóstico laboratorial especializado (hematológicos, microbiológicos e bioquímicos); . Suporte para transferência de pacientes com necessidade de tratamento em Unidade de Terapia Intensiva, . Bomba de infusão contínua, . Glicosímetro e fitas para glicemia capilar, . Esfigmomanômetro, estetoscópio e termômetro, . Cateteres: Cateter Arterial Vascular Central, Jelcos para Pressão Invasiva Arterial . Medicamentos preconizados nos protocolos individuais (antimicrobianos, aminas, cristalóide, sedativos, curares, etc). 6. Pessoal Necessário: . Equipe médica e especialidades de suporte; . Enfermeiro e técnico de enfermagem; . Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional; Fisioterapia; . Bioquímicos; . Farmacêuticos; . Fonoaudiologia; . Psicologia; . Comissão de Controle de Infecção Hospitalar; . Comissão Local de Protocolos Clínicos; . Equipe de terapia dialítica; . Equipe de terapia transfusional. 7. Atividades Essenciais: Registrar o momento da suspeita, data e hora; no prontuário ou na folha específica de triagem do protocolo institucional. 8. Identificação do paciente com sepse 8.1. Detecção de Pacientes Sépticos 8.1.1 Verificar se há pelo menos 2 critérios de SIRS. Temperatura > 37,8°C ou < 36° C; Frequência cardíaca > 90 bpm; Frequência respiratória > 20rpm, ou PaCO2 <32 mmHG; Leucócitos totais > 12000/mm3, ou < 4000/mm3 ou presença de > 10% de formas jovens (desvio à esquerda). 8.1.2 Verificar se há história compatível com Infecção aguda Ex: Pneumonia / Empiema; Infecção do trato urinário; Infecção abdominal aguda Meningite; Infecção de pele/ partes moles/outros 8.1.3 Verificar se há pelo menos 01 critério de disfunção orgânica aguda3. Hipotensão (PAS < 90 mmHg ou PAM < 65 mmHg ou queda de PA > 40 mmHg); Oligúria (<= 0,5 ml/Kg/h) ou elevação da creatinina (>2 mg/dl); Relação PaO2/FiO2 < 300 - necessidade de O2 para manter SpO2>90%; Contagem de plaquetas < 100000/mm3 ou redução de 50% no número de plaquetas em relação ao maior valor registrado nos últimos 3 dias; Acidose metabólica inexplicável:déficit de bases <= 5,0 mEq/l e lactato > do valor normal; Rebaixamento do nível de consciência, agitação, delirium; Aumento significativo de bilirrubinas (>2X o valor de referência).m ( Ao iAo final do protocolo, disponível ficha de triagem de sepse adaptada do Instituto latino Americano de Sepse. 9. Pacote inicial de Sepse – Primeiras 3 horas a partir do registro. IMPORTANTE: Todas as pacientes com critérios de disfunção orgânica deverão ser reguladas para unidade com suporte de UTI para adultos. 9.1 Exames Pacote de exames Solicitar lactato arterial inicial e ao final da terceira hora. Encaminhar imediatamente para que o resultado esteja disponível em menos de 30 min. Solicitar 2 hemoculturas antes do início do antibiótico, em sítios diferentes ao mesmo tempo, desde que não atrase o início da antibioticoterapia. Coletar outras culturas se indicado (solicitação e coleta < 15 mim). Gasometria venosa central 60/60 min até ScvO ≥ 70 mmHg (anote hora ScvO2 ≥70), se acesso central disponível Solicitar gasometria, hemograma, glicose, Na, K, Ur, Cr, bilirrubinas, PCR quantitativa e outros se indicado. Solicitar exames de imagem conforme a clínica apresentada. 9.2 Antibioticoterapia e foco infeccioso Iniciar antibiótico de amplo espectro em tempo < 1 h de acordo com o protocolo de terapia empírica da MCO (descalonar após resultados de culturas). Para pacientes sem critérios de disfunção orgânica, provenientes da comunidade, introduzir ceftriaxone associado a Metronidazol; pacientes sem disfunção orgânica provenientes de outra unidade hospitalar, introduzir Piperacilina/ Tazobactan. Pacientes com critérios de disfunção orgânica provenientes de comunidade introduzir Piperacilina/ Tazobactan, provenientes de outra unidade hospitalar introduzir Meropenem e Vancomicina. Remoção URGENTE de foco infeccioso, se houver (no máximo em 12 horas). Se suspeita de infecção por cateter, retirá-lo imediatamente, encaminhando ponta para cultura. Posologia dos antimicrobianos: Ceftriaxone: 2g IV de 12 em 12 horas até estabilização do quadro e/ou definição do foco infeccioso quando poderá passar para 2g a cada 24 horas. Meropenem:1g IV de 8 em 8 horas até estabilização do quadro e/ou definição do foco infeccioso quando reduzirá para 500 mg de 8 em 8 horas. Metronidazol: 1g na dose inicial, seguido de 500 mg a cada 6 horas até estabilização do quadro e/ou definição do foco quando reduzirá para 500 mg a cada 8 horas. Piperacilina/ Tazobactan:4,5g IV de 8 em 8 horas. Vancomicina: 15 a 20mg/Kg/dose, duas vezes ao dia. Não exceder 2g/dia. 9.3 Procedimentos Considerar necessidade de: Punção de jugular externa Cateterização venosa central (PVC) Cateterização vesical (CV) Ventilação mecânica (VM) Cateter duplo lúmen 9.4 Fluidoterapia endovenosa: Reposição volêmica agressiva precoce em pacientes com hipotensão ou lactato acima de 02 vezes o valor de referência. Cristaloides (soro fisiológico a 0,9% ou ringer lactato) IV 30 ml/kg. Até reestabelecimento de parâmetros clínicos não invasivos (PA e FC) Se persistir a hipotensão, a cada 30 minutos fazer desafio de fluido com observação das variáveis dinâmicas (ex: alteração da pressão de pulso, variação do volume sistólico) ou estáticas (ex: pressão arterial, FC). Observação criteriosa de pacientes cardiopatas. 9.5 Vasopressores Se a parâmetros clínicos permanecerem inadequados PAM permanecer 65 mmHg apesar de atingir PVC de 8-15 mmHg, iniciar terapia vasopressora. Pode ser necessário empregar vasopressores precocemente como na emergência em pacientes com choque séptico. Noradrenalina: titular dose até PAM ≥ 65 a 90 mmHg (anote hora PAM ≥ 65 mmHg). 9.6 Avaliações/reavaliações Monitorização contínua da Scv02 até ≥70 mmHg Aferição de PA Solicitar lactato ao fim da sexta hora. Transfusão de hemoderivados. Se PVC, PAM e Ht foram otimizadas, e SvcO2 < 70%, considerar terapia inotrópica. Dobutamina 2,5 mcg/kg/min, titular a cada 30 min até SvcO2 ≥ 70% até 20 mcg/kg/min. 10. Terapias de suporte para sepse 10.1. Corticosteroide Paciente dependente de altas doses de vasopressor – Administrar hidrocortisona 50 mg IV de 6/6 h. Não utilizar na ausência de choque, exceto se já fazia uso prévio. 10.2. Controle glicêmico Iniciar o controle glicêmico em pacientes com instabilidade hemodinâmica a cada 1 ou 2 horas até estabilização e de 4/4 horas após. Iniciar infusão contínua e insulina se duas medidas de glicemia > 180 mg/dl. Manter níveis glicêmicos até 180 mg/dL Ventilação mecânica Pressão de platô inspiratória ≤ 30 cm H2O. Volume corrente – meta de 6 ml/kg. Titular menor PEEP necessária para impedir colapso alveolar e garantir SaO2>90%. Manobras de recrutamento devem ser usadas em pacientes sépticos com hipoxemia refratária. 10.3. Nutrição Administração de alimentação oral ou enteral, se necessário, conforme tolerância da paciente, ou fornecimento exclusivo de glicose intravenosa dentro das primeiras 48 horas de diagnóstico. 11. Manejo subsequente do paciente séptico Prosseguindo o tratamento após 24 horas: Controle do foco infeccioso; Descalonamento dos antimicrobianos de acordo com microbiologia (em 48-72 horas) e monitorização terapêutica (Ex: dosagem de vancomicina); Medidas de prevenção de insuficiência renal aguda; Avaliar suspensão intermitente de sedação; Evitar uso de curares; Protocolos de desmame da V.M. Desmame de corticóides, quando os vasopressores não forem mais necessários. 12. Responsabilidade de cada profissional 12.1 Laboratório São atribuições dos profissionais de laboratório: receber solicitação médica, cadastro do paciente e do exame solicitado, identificação do paciente no setor solicitante, coleta dos materiais necessários do paciente, preparo de amostras para análise, manutenção preventiva dos equipamentos, provimento de insumos e reagentes necessários, realização dos exames, análise dos resultados pelo laboratório, liberação/informação dos resultados para o setor, entrega dos laudos para o setor. Na sepse: Realizar a coleta de exames imediatamente (Idealmente em 15 minutos, máximo em 30 minutos), tão logo seja solicitada por telefone, pela enfermagem, e desde que seja informado que se trata de sepse; Coleta de gasometria venosa. Liberar resultado de “gasometrias” em 15 minutos; Tempo ideal máximo para resultado do lactato: 30 minutos; Liberar os demais resultados dos enxames do “Pacote de Sepse” em 2 horas e 30 minutos (exceto culturas). Entrada solicitação de exame pelo profissional médico Coleta de material para exame no setor solicitante Solicitação da Enfermagem por telefone com comunicação de alerta de sepse por meio eletrônico e/ou manual Idealmente em 15 minutos, máximo em 30 minutos. Hemoculturas Coleta em dois sítios diferentes Tempo < 45 minutos. Gasometria Arterial e Venosa e Lactato inicial, final da terceira e da sexta hora Demais exames: 2 horas e 30 minutos. 12.2. Enfermeiro Realizar acolhimento com classificação de risco – Protocolo de Manchester e aferição de dados vitais orientada; Comunicar ao médico plantonista alterações de dois ou mais sinais vitais e demais achados no exame físico; Registrar o horário de alteração, quais alterações e demais comunicações realizadas ao médico; PREENCHER NOTIFICAÇÃO DE ENFERMAGEM Coordenar junto ao médico as ações da equipe de assistência na execução do pacote de seis horas e realizar supervisão de enfermagem; Em conjunto com o médico, preencher formulário de Sepse e Choque Séptico sobre ações de pacote de seis horas; Providenciar oxigenoterapia se necessário: Realizar monitorização; Orientar o técnico de enfermagem (mensuração PVC, PA, oximetria,monitoramento cardíaco, balanço hídrico, glicemia capilar, etc.); Observar meta de PVC, 8 a 12 mmHg (se em VM até 15 mmHg), diurese maior/igual 0,5 ml/Kg/h, saturação venosa maior 70%; Solicitar laboratório registrando o horário da solicitação (tempo entre o pedido e a coleta deve ser inferior a 15 minutos); Verificar resultados junto a equipe (primeiros resultados devem estar disponíveis em, no máximo 30 minutos); Coletar sangue de acesso venoso central, se solicitado; Identificar a prescrição com o diagnóstico de Sepse e Choque Séptico; Orientar o técnico de enfermagem quanto à necessidade de envio imediato a farmácia local; Supervisionar prescrições, como infusão de fluídos, vasopressores e administração de antibióticos; Realizar cateterismo vesical se prescrito e coletar urina, se necessário; Atender intercorrências; Encaminhar solicitação transferência para a regulação; Acompanhar transporte do paciente para ambulância equipada para Cuidados Intensivos; Organizar registros do prontuário e realizar comunicações necessárias. 12.3. Técnico de Enfermagem Admissão do paciente (sala de observação apropriada para urgência); Aferir sinais vitais na admissão e conforme prescrição, assim como nas reavaliações em caso de instabilidade hemodinâmica; Comunicar ao enfermeiro no caso de dois ou mais sinais vitais alterados, e na ausência deste, ao médico plantonista; Registrar o horário de alteração, quais alterações e demais comunicações realizadas ao enfermeiro e/ou médico; Administrar oxigênio conforme prescrito; Auxiliar o enfermeiro na monitorização do paciente e no atendimento de emergências; Dirigir-se à farmácia para atendimento da prescrição de antimicrobianos rapidamente, com prescrição carimbada assinada pelo prescritor e comunicação verbal na apresentação à farmácia; Administrar antimicrobianos, imediatamente após coleta de cultura; Se forem prescritos dois antibióticos, sendo um deles em bolus, administrar primeiro este e, logo após, o outro com diluição. Se necessário, puncionar duas veias periféricas, para que a administração ocorra o mais rápido possível; Realizar registro das ações e horários de execução das mesmas, comunicar alterações à equipe. 12.4. Médico Identificar pacientes que devem ser incluídos no protocolo, comunicar equipe e proceder registros necessários, inclusive hora do diagnóstico e da disfunção na SEPSE; (obstetra) Responsabilidade pela implementação de protocolo e compartilhamento do monitoramento de ações do pacote de seis horas com a equipe de enfermagem; (obstetra) Se necessário, providenciar acesso venoso profundo observando rotinas de barreira máxima (CCIH); (verificar com anestesista) Solicitar coleta de exames laboratoriais e exames de imagem se necessárioOBSTETRA; Avaliar resultados de exames e solicitar nova dosagem de lactato ao final da terceira e da sexta hora. Avaliar saturação venosa central; (sangue coletado do acesso central, com leitura no hemogasômetro) Prescrever bolus de fluídos e vasopressores se hipotensão refratária; (anestesio/ obstetra) Avaliar antibiótico adequado de acordo com provável foco infeccioso; (obstetra discutir com infecto se necessário) Se necessária remoção de foco, solicitar parecer da equipe cirúrgica imediatamente (prazo de 12 horas); Preencher ficha de antimicrobiano; Solicitar transferência através da regulação para Unidade de Terapia Intensiva (UTI); (obstetra) Monitorar e executar ações para atingir as metas das primeiras 6 horas; Responsável pelo tratamento até transferência do PacienteOBSTETRA; Notificar em Impresso Ficha e ficha de Sepse e Choque Séptico. 12.5. Farmácia Dispensar antimicrobianos prescritos e diluentes específicos, soluções de reposição volêmica e outros medicamentos em até 15 minutos, com prioridade para prescrições identificadas por sepse /choque séptico; Acompanhamento do farmacêutico clínico. Avaliar prescrição e ficha de antimicrobiano. 12.6. Comissões/ Grupos de trabalho do NSP para Protocolos Clínicos Implementar os Protocolos com o apoio da gestão; Realizar treinamentos para as coordenações relativos ao protocolo de sepse e sua operacionalização; Monitorar a aplicação dos protocolos a partir de visitas técnicas, com registros, fechamento estatístico e análise dos resultados; Investigar os casos de sepse; Divulgar resultados nos setores, com abrangência de toda equipe multiprofissional 13. Orientações para procedimentos essenciais 14.1 Administração de Hemoderivados . Apenas transfundir glóbulos vermelhos após resolução da hipoperfusão de tecido e na ausência de agravos na saúde, se a concentração de HB < 7g/dl, visando correção para concentração entre 7g/dl e 9g/dl em adultos; . Na anemia associada a sepse grave, não usar eritropoetina como tratamento específico; . Não corrigir anomalias laboratoriais de coagulação na ausência de hemorragia ou procedimentos invasivos planejados com plasma fresco congelado; . Não usar antitrombina para tratamento de sepse grave e choque séptico; . Administrar plaquetas profilaticamente quando a contagem estiver abaixo de 10.000/mm3 na ausência de sangramento aparente. Se risco de hemorragia, administrar quando as plaquetas estiverem abaixo de 20.000/mm3. Quando evidência de sangramento ativo, necessidade de cirurgia ou procedimentos invasivos, administrar mesmo com plaquetas mais altas. 14.2 Ventilação mecânica da Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) induzida por sepse . Solicitar suporte do profissional de fisioterapia e se necessário apoio do anestesista; . Visar um volume corrente do peso corporal previsto de 6ml/Kg; . Medir as pressões de platô tendo por meta limite superior em um pulmão inflado passivamente, inicialmente, pressão de platô menor que 30 cm H2O; . Aplicar Pressão Expiratória Final Positiva (PEEP), evitando atelectotrauma (colapso alveolar na expiração final; . Na SDRA moderada a grave induzida por sepse considerar estratégias baseadas em PEEP mais altos; . Usar manobras de recrutamento em pacientes sépticos com hipoxemia refratária grave; . Manter a cabeceira elevada entre 30 e 45 graus nos pacientes que estão em ventilação mecânica (VM) prevenindo risco de aspiração/ pneumonia associada a VM (PAV); . Ponderar risco/benefício do uso da Ventilação Não Invasiva (VNI); . Testar regulamente a ventilação espontânea para desmamar a VM, usando os seguintes critérios: pacientes despertáveis, hemodinamicamente estáveis sem drogas vasoativas, sem novos eventos patológicos, com baixo requisito de VM e PEEP, baixo requisito de FIO2 (possibilidade de troca para máscara facial ou cânula nasal) . Não usar beta 2-agonistas para pacientes sem broncoespasmo ou outras indicações específicas. 14.3 Sedação, analgesia e bloqueio neuromuscular em sepse Minimizar sedação contínua ou intermitente em pacientes sépticos mecanicamente ventilados, Evitar bloqueadores neuromusculares (BNM) devido ao risco de efeito prolongado após descontinuação; Em pacientes com SRDA precoce induzida por sepse e PaO2/Fio2 menor 150 mmHg, fazer uma série curta de BNM (no máximo 48 horas). 14.4 Controle da glicemia Iniciar dosagem de insulina quando dois níveis consecutivos de glicemia forem superiores a 180 mg/dl; Monitorar glicemia a cada 1 a 2 horas até estabilização dos níveis glicêmicos e infusão de insulina. A partir de então, monitorar a cada 4 horas; Interpretar com cautela os níveis obtidos por glicemia capilar, uma vez que valores obtidos em sangue ou plasma são mais fidedignos. 14.5 Terapia de substituição renal / Hemodiálise intermitente Usar terapias contínuas para promover equilíbrio fluido em pacientes sépticos hemodinamicamente instáveis. Profilaxia para Trombose Venosa Profunda (TVP)Heparina de baixo peso molecular (HBPM) em doses subcutâneas diária. Se o Clearance de creatinina for menor que 30ml/min usar heparina não fracionada (HNF) ou dalteparina. 14.6 Exames solicitados na investigação inicial da sepse Ácido lático / lactato nas primeiras 3 horas, repetindo em 6 horas se o inicial estiver elevado. Quando constatada hiperlactatemia ou hipotensão administrar cristalóides 30ml/Kg ainda ns primeiras 3 horas. Caso não haja resposta a reposição volêmica, constata-se o choque séptico e introduz droga vasopressora mantendo a PAM acima de 65 mmHg; Hemoculturas (duas amostras) antes da antibioticoterapia que deve ser instituída o quanto antes, nas primeiras 3 horas do atendimento; Leucograma; Gasometria arterial; Bioquímica básica (PCR, bilirrubinas, glicemia, ureia, creatinina); Bioquímica complementar (TGO, TGP, eletrólitos, amilase, lipase, sumário de urina); Demais culturas (urocultura, coleções, feridas...); Exame complementar de imagem (US, TC...) 14. Indicadores: Serão realizadas pelo Núcleo de Segurança do Paciente (NSP), auditorias rotineiras para verificação do cumprimento deste protocolo, visando a correta aplicação dos critérios de identificação de sepse e respeito ao tempo de aplicação do pacote de sepse inicial. Serão utilizados dois indicadores: 15.1 N° de diagnósticos estabelecidos conforme os critérios do ítem 8.1; 15.2 Proporção de pacientes com hemoculturas coletadas no tempo estabelecido no ítem 9.1. Referências Bibliográficas: INSTITUTO LATINO AMERICANO DE SEPSE, Roteiro de Implementação de Protocolo Assistencial Gerenciado, disponível em: http://www.ilas.org.br/assets/arquivos/ferramentas/roteiro-de-implementacao.pdf . Acesso em abr.2017 INSTITUTO LATINO AMERICANO DE SEPSE, Campanha de sobrevivência a sepse protocolo clínico, revisado em março de 2016, disponível em: www.sepsisnet.org/upfiles/arquivos/protocolo-de-tratamento.pdf. Acesso em abr.2017 Japiaçu, André, Artigos comentados em terapia intensiva. Disponível em: http://artigoscomentados.blogspot.com.br/2016/02/novas-definicoes-de-sepse-polemica.html. Acesso em abr.2017 Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais – FHEMIG. Diretrizes Clínicas Protocolos Clínicos; 2014. Disponível em WWW.fhemig.mg.gov.br. Acesso em ago. 2015 UpToDate, Drug information – Uptodate, disponível em https://www.uptodate.com/contents/vancomycin-drug-information acesso em 04/01/2018 http://www.ilas.org.br/assets/arquivos/ferramentas/roteiro-de-implementacao.pdf http://www.sepsisnet.org/upfiles/arquivos/protocolo-de-tratamento.pdf http://artigoscomentados.blogspot.com.br/2016/02/novas-definicoes-de-sepse-polemica.html http://www.fhemig.mg.gov.br/ https://www.uptodate.com/contents/vancomycin-drug-information Início AFERIÇÃO DOS SINAIS VITAIS 1- Temperatura > 38,3 ou < 36 ºC 2- Frequência cardíaca > 90bpm ou queda > 40 mmHg Frequência respiratória > 20 irpm 3-Frequência respiratória > 20 irpm 4-Tremores ou calafrios 5-PA sistólica < 90 mmHg 6-Diminuição da diurese 7-Sonolência ou confusão mental 8-Necessidade de uso de oxigênio AFERIR OS DADOS NOVAMENTE NOVAMENTE Manter observação COMUNICAR A SUPERVISÃO DE ENFERMAGEM Alteração de 2 ou mais SINAIS VITAIS SOLICITAR AVALIAÇÃO MÉDICA SEPSE Não Alteração de pelo menos 02 SINAIS VITAIS? CHOQUE SÉPTICO OU PELO MENOS 01 SINAL DE DISFUNÇÃO ORGÂNICA– REGULAR A PACIENTE S Não Manter observação PACOTE 3 HORAS 1. Medir lactato 2.Obter hemocultura antes do antiocoterapia 3.Administrar antibióticos de largo espectro 4.Administrar 30 ml/kg de cristalóide para hipertensão ou hiperlactatemia LIBERAÇÃO RÁPIDA DA MEDICAÇÃO PARA SER COMPLETADO EM 6 HORAS 5.Utilizar vasopressor quando indicado 6.implantar cateter de e monitorar PVC e saturação venosa quando indicado 7.Nova medida de lactato TERAPIA DE SUPORTE Uso de corticóide 50 mg 6/6 h em pacientes com altas doses de vasopressor; Controle glicêmico < 180 mg/dl; Ventilação mecânica com pressão de Platô < 30 cmH20 METAS: PVC 8-12 mm/Hg; PAM > 65 mmHg Saturação Venosa Central > 70 mmHg Diurese > 0,5 ml/kg/h Adaptado do Fluxograma do Protocolo de Sepse da Rede FHEMIG – Fundação Hospitalar do estado de Minas Gerais. Fluxograma de Protocolo de Sepse Abordagem multidisciplinar
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