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PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO 66 Sistemas de Distribuição 2 PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO A operação de um sistema de distribuição visa a manter os consumidores abastecidos de energia segundo padrões adequados de continuidade, qualidade e economicidade. Para isto, a concessionária deve ter uma estrutura que lhe permita operar o sistema de distribuição, enfrentando as operações rotineiras, quer sejam de manobra, quer sejam de manutenção. Paralelamente a isto, as falhas devem ser detectadas e corrigidas no menor tempo possível, para que os índices de desempenho do sistema possam ser mantidos. 2.1 CENTRO DE OPERAÇÃO É o setor destinado a supervisionar e coordenar as atividades operativas do sistema elétrico de distribuição, visando a proporcionar: • Adequado atendimento aos consumidores; • Controle e análise das interrupções ocorridas; • Manutenção da configuração planejada do sistema elétrico; • Melhores condições operativas, tornando consequentemente menores os riscos e mais seguras as manobras; • Dinamização e controle da manutenção do sistema, orientando e prestando informações aos consumidores, no que se refere ao sistema elétrico. A estrutura organizacional do centro de operação será tanto mais complexa quanto maior for o porte do sistema elétrico, a importância da localidade e o tipo de consumidores atendidos. O menor módulo do centro de operação é o escritório da localidade que, em função de suas limitadas atribuições operativas, impostas pelo próprio sistema elétrico, executará também atividades administrativas. Eventualmente, este escritório poderá resumir-se a um único elemento, o eletricista. Para a finalidade operativa, o escritório contará basicamente com os seguintes recursos materiais: • Mapoteca com os diagramas unifilares da rede de distribuição, devidamente atualizados; • Arquivo de dados que deverá conter as interrupções programadas, as não- programadas, a duração e a frequência de interrupção por componente, o número de consumidores e kVA interrompidos e demais informações que deverão ser fornecidas aos órgãos de controle da área. Os recursos humanos serão dimensionados em função das ocorrências operativas associadas às tarefas de natureza administrativa. À medida que os indicadores de porte do sistema elétrico e a importância da localidade crescerem, também crescerão as atribuições dos escritórios e, consequentemente, a sua estrutura organizacional. O centro de operação em seu maior módulo deverá ter a seguinte estrutura organizacional básica: 67 Sistemas de Distribuição • Supervisão da operação; • Central de atendimento; • Central de operação; • Setores de apoio; • Turmas de emergência. 2.1.1 SUPERVISÃO DE OPERAÇÃO As funções deste órgão são: • Supervisionar a operação do sistema elétrico; • Preparar informes para que sejam prestados esclarecimentos aos consumidores e, quando for necessário, encaminhar ao setor de relações públicas da empresa as informações solicitadas a respeito dos detalhes das ocorrências, sua extensão, providências tomadas e o tempo necessário para a restauração; • Manter contatos com as autoridades da localidade, para discutir e tomar providências pertinentes à interrupção; • Emitir e encaminhar aos órgãos pertinentes avisos e informações sobre interrupções programadas e não-programadas; • Analisar e aprovar todas as manobras programadas para execução de obras na rede de distribuição; • Acompanhar o comportamento operativo do sistema, podendo recomendar alterações na rede, para dar maior flexibilidade operativa; • Propor modificações no sistema, inclusive dar sugestões de remanejamento dos dispositivos de proteção e manobra, quando julgar necessário. 2.1.2 SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR (SAC) É o setor responsável pelo recebimento das solicitações dos consumidores, no que se refere a problemas ocorridos na rede de distribuição. Nestas ocasiões deverá ser solicitado ao consumidor seu endereço correto e a informação do que foi observado de anormal no sistema ou em sua instalação, de forma a poder fazer um bom planejamento da ocorrência. Esses dados passarão por um processo de triagem com a finalidade de agrupar as solicitações relativas à mesma ocorrência, evitando a multiplicidade de deslocamento das turmas de emergência na área onde ocorrer o defeito. A central de atendimento não deve limitar-se a receber as solicitações do consumidor; deve procurar orientá-lo e informá-lo a respeito da ocorrência e das condições do restabelecimento da energia elétrica. 68 Sistemas de Distribuição 2.1.3 CENTRAL DE OPERAÇÃO A central de operação é o setor responsável pela análise das informações recebidas, pela localização da área onde ocorreu o defeito, pela distribuição dos serviços às unidades móveis e pela avaliação dos danos e dos recursos materiais e humanos necessários à restauração, bem como do tempo provável para a execução dos serviços. Quando necessário, poderão ser autorizadas manobras para isolar o trecho defeituoso, a fim de que sejam executados os serviços de reparos, e/ou atenuar os efeitos da interrupção causada nos consumidores localizados fora deste trecho. A responsabilidade básica dos operadores é a autorização de manobras na rede de distribuição e sua consequente orientação. 2.1.4 SETOR DE APOIO O centro de operação deverá contar com setores de apoio na retaguarda, para recebimento, coleta e análise de dados e ocorrências que fornecerão subsídios para o acompanhamento e o controle do desempenho do sistema elétrico e o gerenciamento da operação. Os setores de apoio desejáveis são: • Engenharia operacional; • Planejamento operacional. 2.1.4.1 ENGENHARIA OPERACIONAL As atribuições do setor de apoio de engenharia operacional são as seguintes: a) Analisar o desempenho do sistema elétrico através dos índices de confiabilidade, com o objetivo de identificar os pontos fracos e definir os recursos a serem mobilizados na correção da deficiência; b) Analisar as ocorrências por tipo de serviço, natureza, frequência, horário e recursos humanos (Homem-hora – HH) empregados nestes serviços. Depois de feita a análise do tipo e da extensão do defeito, de acordo com as solicitações dos consumidores, serão obtidos subsídios para a avaliação dos recursos materiais e humanos necessários ao atendimento das necessidades de manutenção dos componentes do sistema de distribuição de responsabilidade do centro de operação; c) Acompanhar o desempenho dos equipamentos instalados na rede (religadores, seccionadores, reguladores de tensão e capacitores), propondo as necessárias providências; d) Elaborar manuais de operação do sistema de distribuição, de acordo com as contingências estabelecidas para o sistema, em períodos de baixa e alta carga; 69 Sistemas de Distribuição e) Registrar, acompanhar e analisar o número de reparos, o tempo de preparação, o tempo de localização de falha, o tempo de correção da falha, o tempo médio de reparo ou restabelecimento do serviço e a taxa de falhas por km de rede. Os parâmetros mencionados acima são definidos por: a) Número de reparos (r) – o número de reparos é a frequência de saída do sistema (alimentador, ramal, transformador, etc) com duração superior a 3 minutos, correspondendo ao número de interrupções sustentadas; b) Tempo de preparação (ta) – o tempo de preparação é a parcela de tempo de manutenção requerida para que, a partir do recebimento da solicitação, sejam obtidos e acionados os recursos, para que se iniciem os trabalhos de localização da falha. Este tempo indica a eficiência dos meios de comunicação e dos fluxos de informações burocráticas no centro de operação e, portanto, deverão ser constantemente analisados; c) Tempo de localização da falha (tb) – o tempo de localização da falha é a parcela de tempo de manutenção requerida para o deslocamento até o ponto da falha e a execução de testes e/ou transferências de carga, com a finalidade de localizar precisamente a falha. Este tempo é composto do tempopara o deslocamento até o trecho defeituoso, do tempo para a localização do trecho e da falha propriamente dita. A primeira parcela é basicamente dependente das condições de trânsito e acesso à área do problema. A segunda parcela é função da habilidade do centro de operação em localizar o trecho onde ocorre a falha e em executar as manobras para seu isolamento, ficando a carga das turmas a localização da falha. O acompanhamento e a análise do tempo de localização da falha poderão indicar áreas geográficas onde seria aconselhável manter permanentes turmas de manutenção, de modo a reduzir o tempo de deslocamento, bem como as facilidades operativas do sistema para as manobras. d) Tempo de correção de falha (tc) – o tempo de correção de falha é a parcela do tempo de manutenção necessária para corrigir a falha; esta poderá ser corrigida por: reparos no local; remoção do item que apresentar falhas; remoção e substituição por item semelhante; remoção, reparo e recolocação. Este tempo indica a eficiência dos recursos humanos, dos métodos de trabalho e dos equipamentos utilizados durante a execução dos serviços de reparo na rede de distribuição; e) Tempo médio de reparo ou restabelecimento do serviço – o tempo médio de reparo ou restabelecimento do serviço é a relação entre o tempo acumulado de reparos observados e o número de reparos efetuados. O tempo acumulado é o somatório dos tempos gastos para reparar cada componente do sistema individualmente, sob condições especificadas. O tempo médio de reparo é recíproco à taxa de reparos durante o período: 70 Sistemas de Distribuição (2.1) onde: T’ – tempo acumulado de reparo observado, ou seja, o tempo total da interrupção sustentada ocorrida no sistema; r’ – número de reparos observados, ou seja, número de interrupções sustentadas. Os tempos de preparação, localização e correção de falhas estão inclusos no tempo acumulado de reparo observado. Este tempo médio de reparo ou restabelecimento do serviço depende fundamentalmente dos seguintes fatores: – Arranjo, extensão e recursos operativos (existência de dispositivos de proteção e seccionamento que permitam diminuir o trecho desligado); – Métodos e recursos gerais de transporte e localização de defeitos; – Tempo para a correção da falha, ou seja, a eficiência das turmas de manutenção durante a execução dos serviços na rede de distribuição. Estes dois últimos itens dependem fundamentalmente da atuação do centro de operação em coordenar eficientemente as atividades de restauração de energia. Na figura 2.1 é apresentada a sequência de eventos determinantes daqueles tempos. Figura 2.15: Sequência de eventos determinantes da duração de interrupções no suprimento de consumidores. 71 Sistemas de Distribuição Observação: t0 – intervalo de tempo que a concessionária não tem controle sobre a ocorrência; ta – tempo de preparação (t1 + t2); tb – tempo de localização da falha (t3 + t5); tc – tempo de correção da falha (t6); T – tempo de interrupção • Consumidor no trecho defeituoso = ta + tb + tc + t7 + t8; • Consumidor fora do trecho defeituoso = ta + t3 + t4 + t8; f) Taxa de falhas por 100 km de rede – a taxa de falha por 100 km de rede é o número de reparos observados pela projeção da rede em estudo (2.2) onde λ - taxa de falha por 100 km de rede; r’ – número de reparos observados ou frequência de interrupções sustentadas no sistema; l – projeção da rede em estudo, em quilômetros. Este índice, sendo função do comprimento da rede, define o grau de exposição. 2.1.4.2 PLANEJAMENTO OPERACIONAL A seguir, as atribuições do setor de apoio de planejamento operacional: – Registrar, coletar e analisar as informações relativas à carga do sistema de distribuição, em nível de subestações, alimentadores, ramais e pontos notáveis na rede primária; – Analisar as interrupções momentâneas e sustentadas ocorridas no sistema. Essa análise cresce de importância, principalmente quando o sistema dispõe de consumidores com prioridade de atendimento; – Elaborar a programação, o controle e o acompanhamento dos tempos previstos para manobras programadas e o seu tempo de realização efetiva. A análise das distorções permitirá correções nos tempos de futuras manobras; – Atualizar sistematicamente os diagramas e quadros de operação; 72 Sistemas de Distribuição – Realizar estudos que possam servir ao centro de operação como suporte operativo, indicando as situações críticas que possam ocorrer no sistema de distribuição e as providências cabíveis, bem como analisar o comportamento do sistema que sofreu modificações em sua configuração; – Elaborar estudos no sentido de aprimorar técnicas dos serviços de atendimento ao consumidor, pesquisando os recursos materiais e humanos necessários à obtenção dos objetivos propostos 2.1.4.3 TURMAS DE EMERGÊNCIA A função das turmas de emergência é normalizar, em situações de emergência, o fornecimento de energia elétrica, executando o trabalho de forma rápida, eficiente e segura. Para os casos de emergência, a padronização da rede poderá ser sacrificada em benefício da rapidez do restabelecimento do sistema. A normalização definitiva poderá ser realizada posteriormente por uma turma de manutenção, mediante programação. 2.2 CONTROLE E OPERAÇÃO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO Quando ocorrerem várias interrupções, torna-se necessário o estabelecimento de critérios que permitam uma estratégia de atendimento, definindo as prioridades para o restabelecimento do sistema. Quanto aos componentes do sistema afetado e à natureza das falhas, é recomendada a seguinte escala: • Prioridade 1: casos de risco iminente de perda de vida humana; • Prioridade 2: tronco alimentador primário ou linha de distribuição; • Prioridade 3: ramal primário; • Prioridade 4: falha em equipamento de transformação; • Prioridade 5: falha na rede secundária; • Prioridade 6: falha em ramal ou circuito de iluminação. Em linhas gerais, não deve ocorrer discriminação entre consumidores; no entanto, considerando-se a modalidade dos equipamentos existentes, dimensionados para operarem convenientemente segundo condições preestabelecidas, os consumidores deverão ser classificados de acordo com a modalidade de seus equipamentos e de sua vulnerabilidade ao desligamento. Esta classificação, em nível tático, será de grande auxílio na tomada de decisão final, quando ocorrerem as eventuais interrupções programadas e não-programadas, fazendo com que a restauração do sistema se faça de forma seletiva. Para o levantamento destes consumidores, deverão ser coletadas as seguintes informações: • Nome da empresa, endereço e telefone; 73 Sistemas de Distribuição • Ramo de negócio e número de empregados; • Carga instalada e consumo mensal; • Período de funcionamento; • Modalidade do equipamento ligado; • Características do fornecimento; • Geradores de emergência. 2.2.1 ESCALA DE PRIORIDADES NO ATENDIMENTO AOS CONSUMIDORES EM SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA Tendo em vista as escalas de prioridade e considerando que, de modo geral, os processos de produção ou de atividades dos consumidores têm uma dependência maior ou menor da continuidade do fornecimento, é conveniente estabelecer uma escala de prioridades no atendimento aos consumidores, a fim de que os centros de operação possam se orientar quanto à sequência do restabelecimento da energia: a) Consumidores com prioridade A: consumidores para os quais qualquer interrupção não programada, mesmo as momentâneas, ocasionam: – Paralisação de suas atividades principais, do processo de produção ou perda do produto, em qualquer caso, com prejuízos sociais para a comunidade ou prejuízos vultosos para o consumidor; – Risco para a segurança e para a vida humana; – Impossibilidade de voltar imediatamente às atividades normais, após o restabelecimento de energia. São exemplos desses consumidores: fábricas de café solúvel, fábricas de leite em pó, indústrias de fios e cabos, centros de processamento de dados,emissoras de rádio e TV, hospitais, indústrias têxteis, fábricas de papel. Para estes consumidores as interrupções não programadas, mesmo as momentâneas, devem ser evitadas ao máximo. b) Consumidores com prioridade B: consumidores para os quais as interrupções sustentadas não programadas, ocasionam: – Paralisação de suas atividades principais, do processo de produção ou perda do produto, em qualquer caso, com prejuízos financeiros vultosos para o consumidor; – Risco para a segurança e para a vida humana; São exemplos desses consumidores: indústrias com alto-forno, estabelecimentos bancários, órgãos governamentais, estações de tratamento de água. Para estes consumidores, as interrupções sustentadas não-programadas devem ser evitadas ao máximo. c) Consumidores com prioridade C: consumidores para os quais as interrupções sustentadas não programadas, ocasionam: 74 Sistemas de Distribuição – Paralisação de suas atividades principais, do processo de produção ou perda do produto, em qualquer caso, com prejuízos financeiros para o consumidor; ou órgãos superiores da administração pública federal, estadual e municipal não enquadrados em A ou B São exemplos desses consumidores: oficinas mecânicas, centros comerciais, hotéis, cinemas, padarias, edifícios com elevadores, etc. Para estes consumidores, as interrupções sustentadas não-programadas superiores a 10 minutos devem ser evitadas ao máximo. d) Consumidores com prioridade D: consumidores não enquadrados em A, B ou C. 2.2.2 QUADRO DE OPERAÇÃO É a representação unifilar, de forma esquemática e em escala apropriada, da rede de distribuição da área atendida pelo centro de operação. Para uma rápida visualização do sistema elétrico e de seus componentes, e para a análise da extensão do desligamento durante a programação de manobras, do quadro de operação, deverão constar: • Diagrama unifilar da rede de distribuição primária; • Identificação de todos os alimentadores e ramais; • Identificação de todos os equipamentos de proteção e manobra e suas respectivas posições de funcionamento (NA ou NF); • Escala de prioridades no atendimento aos consumidores; • Identificação dos bancos capacitores e respectivas características de funcionamento (fixo ou manobrável). Além destas informações, a central de operações deverá possuir arquivos de dados do sistema de distribuição com as características dos dispositivos de regulação de tensão, de proteção e de seccionamento instalados no sistema. 2.3 PLANEJAMENTO E ANÁLISE DAS INTERRUPÇÕES A sucessão de interrupções, programadas ou não, reflete-se negativamente no conceito que o público faz da concessionária, além de provocar prejuízos financeiros ou sociais irreparáveis. Dessa forma, caberá ao centro de operação: a responsabilidade de procurar reduzir ao mínimo as interrupções, e, consequentemente, atenuar suas consequências, mediante a utilização de um planejamento operativo racional e normas de procedimentos adequadas. Ao planejar uma manobra ou uma interrupção, programada ou não, vários aspectos deverão ser abordados, dentre os quais se destacam: • Recursos operativos disponíveis (interligações) no sistema, de forma a minimizar o trecho defeituoso, o que será desligado ou o local em que serão executados os serviços com linha-viva; 75 Sistemas de Distribuição • Duração, horário e conveniência do desligamento; • Segurança das manobras; • Importância, tipo e classificação dos consumidores que devem sofrer as interrupções; • Necessidade de emissão de avisos aos consumidores; • Conveniência da utilização de geradores de emergência da concessionária, que serão destinados aos consumidores com prioridade de atendimento; • Consequências da interrupção. 2.3.1 INTERRUPÇÕES PROGRAMADAS NA REDE DE DISTRIBUIÇÃO Analisados os itens anteriores e definido o desligamento, deverão ser tomadas as providências abaixo relacionadas. 2.3.1.1 REDE DE DISTRIBUIÇÃO SECUNDÁRIA (ABAIXO DE 600 V) No planejamento operacional da interrupção, deverão ser identificados todos os consumidores industriais ou comerciais ligados no trecho a desligar, cujos nomes serão confrontados com o cadastro de consumidores e apurada a existência de consumidores com prioridade de atendimento no trecho. Para estes consumidores, deverá ser providenciada a emissão de avisos de interrupção, no qual se informará o dia, a hora e o tempo de interrupção. Os demais consumidores só deverão ser comunicados se a interrupção tiver uma duração significativa. 2.3.1.2 REDE DE DISTRIBUIÇÃO PRIMÁRIA (13,8 OU 34,5 KV) Todas as interrupções programadas no sistema de distribuição, mesmo as momentâneas, deverão ser previamente comunicadas e aprovadas pelo centro de operação. As interrupções sustentadas na rede primária deverão ser comunicadas aos consumidores, através de avisos de interrupção publicados no jornal de maior circulação na cidade, com uma antecedência de, no mínimo, 72 horas. Os consumidores com prioridade de atendimento deverão ser avisados por telefone ou mediante a emissão do aviso de interrupção, mesmo que haja apenas uma interrupção momentânea para manobras. 76 Sistemas de Distribuição 2.3.2 INTERRUPÇÃO NÃO PROGRAMADAS NA REDE DE DISTRIBUIÇÃO 2.3.2.1 REDE DE DISTRIBUIÇÃO SECUNDÁRIA (ABAIXO DE 600 V) Conhecida a interrupção e identificada sua localização, a extensão dos danos e avaliado o tempo médio de reparo ou restabelecimento, a turma de emergência deverá iniciar o reparo, desde que existam as necessárias condições técnicas e de segurança. Caso isto não ocorra, o centro de operação deverá ser acionado e, então, providenciará o deslocamento das turmas de manutenção. Os consumidores com prioridade de atendimento deverão ser avisados, os consumidores residenciais e outros só serão avisados se o tempo médio de reparo for elevado. 2.3.2.2 REDE DE DISTRIBUIÇÃO PRIMÁRIA (13,8 OU 24,5 KV) Tão logo seja localizada a falha e avaliada a sua extensão, o centro de operação deverá: a) Analisar as contingências operativas do sistema, de sorte que seja mínimo o número de consumidores atingidos; b) Programar as manobras necessárias; c) Acionar, paralelamente, os recursos necessários para serem deslocados para a área do problema; d) Avisar apenas os consumidores com prioridade de atendimento, se o tempo médio de reparo não for significativo; se o tempo for significativo, deverá ser emitida uma comunicação para o serviço de relações públicas da concessionária; se a interrupção for de grande repercussão ou atingir áreas ou localidades, os níveis hierárquicos superiores da empresa deverão ser informados. 2.4 RECURSOS 2.4.1 DIMENSIONAMENTO DAS TURMAS DE EMERGÊNCIA Na execução dos serviços pelas turmas de emergência, a finalidade é promover o pronto restabelecimento do serviço, bem como das condições de segurança humana e das instalações, reduzindo ao máximo as consequências de uma falha do material, do equipamento ou do sistema, de forma a atender prontamente ao consumidor. 77 Sistemas de Distribuição 2.4.1.1 COMPOSIÇÃO De acordo com o que ficou constatado junto às empresas distribuidoras de energia, cujas informações foram resumidas na tabela 2.1, para se ter uma ideia do tempo gasto em cada manutenção, ressalvando que somente uma pequena parcela dos serviços típicos é que não poderá ser realizada por dois elementos. Serviço Equipe Tempo hora: min Veículo Manobra em circuitos primários (abrir ou fechar chaves-faca) 1 eletricista 1 ajudante de eletricista 00:10 Caminhonete Substituição de ramal de serviço de baixa tensão 1 eletricista 1 ajudante 00:30 Caminhonete Descruzamento de ramal de serviço com reesticamento 1 eletricista 1 ajudante 00:30 Caminhonete Jampeamento de medidor de baixa tensão 1 eletricista 1 ajudante 00:20 Caminhonete Reaperto de emenda 1 eletricista1 ajudante 00:15 Caminhonete Jampeamento de medidor de alta tensão 1 eletricista 1 ajudante 00:30 Caminhonete Emenda de um condutor no circuito primário 2 eletricistas 1 ajudante01:00 Caminhonete Retirar religador de serviço 1 eletricista1 ajudante 00:10 Caminhonete Escorar poste 1 eletricista2 ajudantes 01:00 Caminhonete Cortar galhos de árvore 1 eletricista1 ajudante 00:20 Caminhonete Amarrar condutor no isolador 1 eletricista1 ajudante 00:15 Caminhonete Substituir chave-faca ou chave-fusível 1 eletricista 1 ajudante 00:30 Caminhonete Retirar objeto estranho da linha (papagaios, arames, etc) 1 eletricista 2 ajudantes 00:15 Caminhonete Substituir isolador de pino de alta tensão 1 eletricista 1 ajudante 00:30 Caminhonete Substituir fusível 1 eletricista1 ajudante 00:15 Caminhonete Substituir conector 1 eletricista1 ajudante 00:15 Caminhonete Substituir transformador 1 encarregado2 eletricistas 01:30 Caminhão com guindauto 78 Sistemas de Distribuição Fixar pino de aço 1 eletricista1 ajudante 00:15 Caminhonete Refazer jumper de alta tensão (conexão) 1 eletricista 1 ajudante 00:30 Caminhonete Tabela 2.5: Tempos para execução de serviços típicos. Torna-se difícil definir a turma de emergência ideal, pois sua composição pode variar, dependendo das características regionais. Contudo, as turmas compostas de dois elementos, de modo geral, são as mais adequadas. 2.4.1.2 SUMÁRIO DE CARGOS Encarregado: compete ao encarregado planejar, organizar e supervisionar a execução dos trabalhos de emergência. Ele é o responsável, perante a chefia imediata, pelos serviços, equipamentos, ferramentas e pela segurança da turma de emergência. Eletricista: compete ao eletricista executar, com as ferramentas apropriadas, os serviços de emergência determinados pelo encarregado. Ajudante de eletricista: compete ao ajudante de eletricista executar, preferencialmente, as tarefas secundárias, auxiliando sempre que necessário, o eletricista. 2.4.2 DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE TURMAS Não existem, até o momento, critérios fixos para a determinação do número de turmas de manutenção nas empresas concessionárias de energia elétrica. A determinação desse número é feita atualmente de forma empírica, conforme a sensibilidade dos administradores e através de critérios subjetivos. No entanto, é possível estabelecer critérios que, sendo objetivos, podem balizar as decisões em uma faixa mais estreita. O regime de funcionamento das turmas de emergência possui características que se adaptam ao método estatístico denominado teoria das filas. Por isso, foram desenvolvidos dois modelos baseados nessa teoria, utilizando a formulação direta e a simulação de dados. O número de turmas estabelecido através dos critérios aqui definidos deve ser considerado como estimativa, sendo, portanto, apenas uma diretriz para a escolha. O uso da simulação em problemas de fila é particularmente útil, quando o processo não alcança estabilidade (como um centro de atendimento que não funciona em tempo integral) ou quando os transientes são críticos. Neste caso, o método analítico é de difícil aplicação. O segundo método é aplicável, quando as condições de chegada (atendimento) seguem a distribuição de Poisson e os tempos de atendimento seguem a distribuição exponencial negativa. Ao que tudo indica, o centro de atendimento de distribuição atende a estas características, e o modelo analítico tem aplicação mais imediata, devido à maior facilidade para obtenção e manipulação dos dados. 79 Sistemas de Distribuição A teoria das filas aplica-se às situações em que há um acúmulo de solicitações de serviço e há clientes e serviços prestados, por exemplo: almoxarifados, correios, bancos, etc. Em sua forma mais familiar, uma fila é gerada quando os clientes, ao chegarem a um posto de serviço, não podem ser atendidos prontamente, tendo que esperar. O grupo que espera é a fila. 2.4.2.1 APLICAÇÃO DA TEORIA DA FILA NA DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE TURMAS 1. Dados necessários Os dados necessários para se aplicar a teoria são: Número de atendimento por hora, solicitados ao plantão ou ao centro de operação da distribuição, por turno, e os relativos à emergência; Tempo de atendimento, ou seja, o tempo de localização do trecho defeituoso mais o tempo de correção da falha para a restauração do fornecimento; Tempo de preparação, ou seja, o tempo de espera para o consumidor, decorrido entre a solicitação ao plantão ou ao centro de operação e o início do deslocamento para atender a ocorrência. A figura 2.2, a seguir, apresenta estas definições: Figura 2.16: Dados necessários versus a ordem de acontecimentos das ocorrências. 2. Determinação do número de turmas As fórmulas utilizadas para a determinação do número de turmas são as seguintes: (1) Para S x C > D (2.3) (2) Para S x C > D (2.4) Para uma única turma, essas expressões se reduzem a 80 Sistemas de Distribuição (3) Para C > D (2.5) (4) Para C > D (2.6) onde: TP – tempo de preparação (tempo médio de espera); S – número de turmas; D – número médio de atendimentos por hora, por turno, solicitados ao centro de operação; C – capacidade de atendimento, por hora, ou seja, o número de atendimentos por hora que uma turma faz, em média; P0 – probabilidade de que todas as turmas estejam sem serviço a executar ou que não haja ocorrência no sistema; N – número inteiro, que varia entre 0 e S – 1. O cálculo do número de turmas é feito utilizando as fórmulas acima (2.3 a 2.6) por tentativa, atribuindo-se valores de S para se obter o TP desejado, observando-se a condição de que S x C > D. 2.5 LINHAS VIVAS Nas últimas décadas, as exigências regulatórias em termos de qualidade afetaram significativamente as operadoras, obrigando-as a buscar tecnologias e procedimentos para reduzir o DEC global. Esta manutenção visa aprimorar a qualidade dos serviços através da redução do DEC em obras programadas, utilizando trabalhos em linha viva ou outras soluções alternativas que busquem, no mesmo procedimento, a redução dos fatores de riscos de choques elétricos sem onerar a operação. Os trabalhos em linha viva são baseados no conceito básico: é preferível saber que se está trabalhando em rede energizada do que achar que se está trabalhando em rede desenergizada. Respeitando a adequação entre segurança dos operadores, serviços aos clientes e desempenho, foram desenvolvidas várias ferramentas e procedimentos conforme as regras e padrões nacionais, oferecendo novas possibilidades de: 1. Trabalhos em linha viva: combinação de 3 métodos de trabalho em linha viva, à distância, ao contato, ao potencial com o objetivo de: – Instalação de chaves provisórias para obras em campo; – Substituição de isolador de ancoragem; 81 Sistemas de Distribuição – Manutenção de chave aérea; – Troca de condutor; – Implantação / troca de poste. 2. Trabalhos em linha desenergizada (riscos identificados em linha viva): – Uso de transformador móvel (diminuindo ou elevando a tensão); – Uso de um posto de transformação móvel. 2.5.1 MÉTODOS DE TRABALHO EM REDE ENERGIZADA Os métodos de trabalho em rede energizada podem ser divididos em três categorias, a saber: • A distância; • Ao potencial; • Ao contato. 2.5.1.1 MÉTODO DE TRABALHO À DISTÂNCIA Os operadores estão posicionados em escadas isolantes ou no cesto aéreo de uma plataforma elevatória móvel com braço metálico. Os operadores ficam a uma distância permanente de mais de 60 cm dos condutores nus sob tensão: é o que se chama de 6 EP. As ferramentas de trabalho dos operadores são fixadas nas extremidades de bastões isolantes. A figura 2.3 mostra o esquema aproximado do trabalho em linha viva à distância. A figura 2.4 mostra uma equipe de manutenção realizando a confecção de uma amarração e a figura 2.5 mostra uma outra equipe instalando um poste novo. Figura 2.17: Método de trabalho em linha viva à distância. 82 Sistemas de Distribuição Figura 2.18: Confecção de uma amarração. Figura 2.19: Implantação de um poste novo. 2.5.1.2 MÉTODO DE TRABALHO AO POTENCIAL Os operadores estão posicionados no cesto de uma plataforma elevatória móvel com braço isolante. O cesto está conectadoao potencial da fase na qual os operadores estão trabalhando. Os operadores respeitam os EP referentes às outras fases e ao aterramento. Os operadores trabalham segurando as ferramentas com as mãos, conforme é mostrado nas figuras 2.6 e 2.7. 83 Sistemas de Distribuição Figura 2.20: Método de trabalho em linha viva ao potencial. Figura 2.21: Exemplo de um trabalho em linha viva dentro do cesto. 2.5.1.3 MÉTODO DE TRABALHO AO CONTATO Os operadores estão posicionados no cesto de uma plataforma elevatória móvel com braço isolante. Os operadores usam luvas longas isolantes FT MT 126 ou 126A. Os operadores respeitam os EP referentes às fases e ao aterramento. Os operadores trabalham segurando as ferramentas com as mãos conforme as figuras 2.8 e 2.9 84 Sistemas de Distribuição Figura 2.22: Método de trabalho em linha viva ao contato. Figura 2.23: Exemplo de um trabalho ao contato no potencial de fase. 85 Sistemas de Distribuição Figura 2.24: Exemplo de um trabalho ao contato no potencial de terra. 2.5.2 SERVIÇOS EM LINHA VIVA Alguns dos serviços que podem ser realizados com linha viva são: a) Abertura ou fechamento de pontes de interligação: Manobras operacionais correntes que, com um número reduzido de clientes afetados por interrupções, permitem alterar esquemas ou desligar áreas em obras. Dependendo da importância e da natureza das cargas a serem cortadas, a equipe de linha viva/MT utilizará dispositivos de manobra em carga. Figura 2.25: Abertura ou fechamento de pontos de interligação. 86 Sistemas de Distribuição 2.6 EXEMPLO 2.6.1 O BLECAUTE DE 10 DE NOVEMBRO DE 2009 Na noite de 10 de novembro de 2009, o escoamento de energia elétrica por três das quatro linhas de transmissão que conectam a usina hidrelétrica de Itaipu ao Sudeste do país foi interrompido devido a uma conjunção de falhas que culminou no corte de carga de 24 giga watts (GW), cerca de 40% da carga do Sistema Interligado Nacional. O incidente foi deflagrado às 22:13 pela ocorrência de curtos-circuitos, quase simultâneos, na subestação de Itaberá e nos Circuitos 1 e 2 da linha de transmissão de 765 quilovolts (kV) que liga Ivaiporã a Itaberá (no Paraná), causando a interrupção de 5.564 MW. Logo em seguida, a atuação incorreta de uma proteção (reator shunt) na subestação de Ivaiporã provocou o desligamento de todos os três circuitos que ligam Ivaiporã a Itaberá, o que levou à interrupção de outros 2.950 MW. A interrupção repentina do escoamento desses três circuitos desestabilizou a interligação Sul-Sudeste, ocasionando a interrupção do fluxo remanescente de 5.329 MW provenientes de Itaipu pelo sistema de transmissão em corrente contínua. Numa reação em cadeia, esses desligamentos provocaram outras perturbações, fazendo com que os cortes de carga se alastrassem pelas regiões Sul, Sudeste, Nordeste, Centro-Oeste e Norte (Acre e Rondônia). Ao todo 18 estados foram afetados. O tempo médio de recomposição das cargas foi de 222 minutos (3 horas e 42 minutos), mas a recomposição completa só foi obtida às 06:08 da manhã seguinte – quase oito horas depois da ocorrência inicial que desencadeou o blecaute. O incidente suscitou uma grande investigação para desvendar suas causas e para definir o que poderia ser feito para tornar o sistema menos vulnerável. A investigação concluiu que os curtos-circuitos foram ocasionados por falha dos isoladores. Os isoladores são componentes aos quais os cabos elétricos são fixados. Sua função é de isolar eletricamente cada um dos corpos condutores (os cabos) dos demais corpos condutores, assim como dos outros equipamentos (as torres a partir das quais os cabos são suspensos). A inspeção das instalações constatou marcas de descargas nos isoladores. Constatou-se, ainda, que muitos isoladores apresentavam trincas, fissuras ou a ação de poluentes que podem comprometer a sua qualidade dielétrica. Estas evidências indicam manutenção inadequada. Além disso, pesquisas experimentais demonstraram que, em condições de chuva intensa (precipitação acima de 3 milímetros por minuto), os isoladores apresentam comportamento instável, susceptível a descargas. Isto indica que os isoladores empregados nas linhas não funcionam de forma adequada durante chuvas intensas. A principal recomendação foi, portanto, a substituição de todos os isoladores nas linhas de transmissão por isoladores com deflatores de chuva (booster sheds, também conhecidos como chapéus chineses devido ao seu formato) para assegurar a sua qualidade dielétrica em condições de precipitação intensa. 87 Sistemas de Distribuição ÍNDICES DE CONFIABILIDADE 90 Sistemas de Distribuição 3 ÍNDICES DE CONFIABILIDADE Quando se pensa em regulação, a tendência natural é se concentrar no processo de definição de tarifas. Mas a regulação não se limita apenas à relação entre preço e quantidade porque há outra dimensão tão importante quanto a modicidade tarifária: a qualidade. Zelar pela qualidade do fornecimento de energia é uma tarefa complexa. Em primeiro lugar, porque é preciso dar atenção para as múltiplas dimensões da qualidade do fornecimento: confiabilidade, conformidade e presteza do serviço. O serviço adequado envolve a combinação dessas três dimensões. Em segundo lugar, porque a qualidade depende da atuação conjunta de um grande número de agentes que inclui geradores, transmissores e distribuidores. Isso significa que a regulação precisa ser cuidadosamente concebida para proporcionar incentivos e punições adequadas para disciplinar a atuação de todos agentes. Em terceiro lugar, porque é preciso aferir o nível de qualidade almejado pelos consumidores, contrapondo o benefício de uma melhora na qualidade ao custo incorrido para obtê-la. Qualidade tem custo, que se traduz em preço/tarifa para o consumidor, e este compromisso nem sempre é claramente comunicado e compreendido. A prestação do serviço de fornecimento de energia é um dos serviços mais desafiadores da sociedade moderna. Para que o consumidor disponha de energia no momento que aciona um interruptor ou conecta um aparelho elétrico na tomada é preciso que um vasto aparato – composto por centenas de centrais geradoras, linhas de transmissão, subestações, linhas e transformadores de distribuição – esteja apto a operar de forma coordenada. Como não há formas economicamente viáveis de armazenar energia elétrica, é preciso sincronizar a produção de energia com o consumo em tempo real. Isso significa que a operação de sistemas elétricos precisa ajustar-se continuamente às oscilações no consumo de energia, a fim de evitar desequilíbrios que, em casos extremos, podem até levar todo o sistema ao colapso, com severas consequências para os consumidores de energia elétrica. A energia elétrica permeia a nossa rotina diária, sendo utilizada para: iluminação, conservação de alimentos (refrigeração), produção de trabalho mecânico (eletrodomésticos, bombeamento de água, elevadores, transporte público), telecomunicações (televisão, telefonia, internet), computação, climatização, entre muitos outros fins. É difícil pensar como seria a vida moderna sem energia elétrica. Embora o setor elétrico responda por apenas 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, a falta de energia tem um impacto sobre o PIB que vai muito além desse percentual, porque a eletricidade é um insumo básico de consumo e de produção utilizado em todos os setores da economia. Os prejuízos provocados pela falta de energia elétrica tipicamente superam o próprio custo da energia elétrica. Uma interrupção inesperada no fornecimento de energia elétrica pode ocasionar graves danos, por exemplo: • Acidentes devido à perda da sinalização de trânsito; • Males à saúde devido à perda de climatização (especialmente para os idosos); 91 Sistemas de Distribuição • Incêndios ou explosões devido à perda de sensores e controles eletrônicos em aplicações industriais; • Danos a equipamentos industriais; • Perda de produção na indústria, perda de vendasno comércio, perda de negócios; • Vandalismo, roubos e saques. Mesmo falhas momentâneas, de alguns poucos minutos, podem provocar elevados prejuízos, sendo muito mais severas quando ocorrem de forma inesperada do que quando são previamente programadas e comunicadas. A qualidade do fornecimento de energia elétrica é, portanto, uma preocupação central no planejamento e operação do setor elétrico. Para assegurar a qualidade do fornecimento de energia elétrica, há dois grandes desafios que precisam ser encarados: • Como assegurar a confiabilidade de um sistema no qual a responsabilidade pelo fornecimento é compartilhada por tantas empresas diferentes; • Como discernir o nível de qualidade almejado pelos consumidores que seja compatível com as receitas tarifárias requeridas para prover o serviço. Assegurar a confiabilidade do sistema composto por tantas empresas diferentes é desafiador, pois há fortes interdependências entre as empresas que atuam no setor elétrico. Para que o fornecimento de energia elétrica funcione adequadamente, é necessário que todos os agentes desempenhem suas funções de forma adequada. A qualidade da prestação de serviço de todos os demais agentes do setor pode ser prejudicada se uma empresa falhar. Quando o fornecimento de energia é provido por uma única empresa verticalmente integrada, há clara responsabilização pelas falhas. Além disso, os problemas identificados podem ser resolvidos por comando e controle da direção da empresa. Já em um ambiente composto por múltiplos agentes, como no caso do setor elétrico brasileiro, é essencial que haja uma governança institucional e uma regulamentação robusta para delimitar claramente as responsabilidades de cada agente. Elas devem prever penalidades para os que não cumprirem suas responsabilidades e proporcionar uma estrutura de incentivos adequada para induzir cada agente a zelar pela qualidade do serviço que lhe cabe. O segundo desafio envolve a definição do nível de qualidade desejado. Alguns atores procuram levianamente defender a tentadora e populista ideia do “quanto mais qualidade, melhor” até o momento em que o custo associado ao grau de qualidade exigido lhes é apresentado. Mais qualidade significa mais investimentos e maiores custos operacionais, o que também implica maiores tarifas. É preciso avaliar qual é a relação custo-benefício que melhor atende às necessidades do consumidor. 92 Sistemas de Distribuição 3.1 CONCEITUAÇÃO DE QUALIDADE NO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA Quando ocorre uma interrupção no fornecimento de energia, as atenções dos consumidores imediatamente se voltam à concessionária de distribuição de eletricidade local, mas a interrupção pode ter sido ocasionada por falha: • Na rede da concessionária de distribuição; • Em alguma instalação da rede de transmissão que transporta a energia até a distribuidora; • Em alguma central de geração que supre energia para a rede de transmissão. São centenas de empresas que precisam atuar de forma harmoniosa e síncrona para assegurar que o consumidor tenha energia no momento desejado. As causas dessas interrupções no fornecimento de energia elétrica também podem ser muito variadas. No jargão do setor, o evento ou ação que leva o sistema interligado a operar fora de suas condições normais é denominado de “ocorrência”. Uma ocorrência pode ter origem “interna” ou “externa”. As principais ocorrências de origem interna são: • Escassez do recurso energético natural (caso de estiagem nos reservatórios das hidrelétricas) e período de calmaria (falta de ventos nas usinas eólicas); • Sobrecarga; • Falha de equipamento; • Planejamento equivocado; • Erro operacional. • As principais ocorrências de origem externa são: • Tempestades (raios, ventanias, enchentes, quedas de árvores e barrancos); • Queimadas; • Acidentes (acidentes de trânsito envolvendo batidas em postes, objetos enroscados nos cabos elétricos); e • Manipulação de instalações de distribuição por terceiros (furto de energia, furto de cabos e equipamentos, sabotagem). Já uma perturbação é caracterizada quando a ocorrência leva ao desligamento forçado de um ou mais componentes do sistema interligado, resultando em: a) Corte de carga; b) Desligamento de outros componentes do sistema; c) Danos em equipamentos; d) Violação de limites operativos. 93 Sistemas de Distribuição Resumidamente estes conceitos estão descriminados na figura 3.1. Figura 3.1: Dimensões da qualidade do fornecimento de energia elétrica. Uma vez que um sistema elétrico sempre estará sujeito a ocorrências, é importante que sejam concebidos e operados de forma a prover a confiabilidade desejada pela população. Isso requer que o sistema seja dimensionado adequadamente para atender à carga prevista e que tenha margem de manobra suficiente para lidar com grande parte dessas ocorrências de forma a evitar perturbações excessivas no fornecimento de energia aos consumidores. Além do zelo pela continuidade do serviço, há também a questão da conformidade da corrente elétrica. Oscilações no fornecimento de energia elétrica podem prejudicar a operação de aparelhos elétricos ou mesmo danificá-los. A energia elétrica em corrente alternada apresenta uma série de propriedades físicas que devem respeitar certos padrões para que não haja problemas para o consumidor. Finalmente, há a questão da qualidade do atendimento comercial do consumidor. A experiência do consumidor não se resume ao fornecimento físico de energia elétrica. A qualidade do atendimento também é muito importante. Portanto, quando se fala em qualidade de fornecimento de energia elétrica, é preciso também levar em conta a presteza com a qual a empresa atende ao consumidor, o grau de satisfação do atendimento e o nível de cumprimento das obrigações da concessionária. 3.1.1 CONFIABILIDADE Quando se fala em qualidade do fornecimento de energia elétrica, geralmente os consumidores se referem à confiabilidade do fornecimento. Os consumidores desejam poder consumir energia na hora e na quantidade que lhes convém. Por isso, a discussão sobre a qualidade do fornecimento de energia não pode ser feita sem a formalização do conceito de confiabilidade. Esta primeira dimensão da qualidade – a confiabilidade – é mais facilmente percebida pelo seu oposto: a sua falta. Tanto é assim que os índices mais utilizados para avaliar o grau de confiabilidade medem justamente a ocorrência 94 Sistemas de Distribuição e duração das interrupções no fornecimento. Esses índices de continuidade são apresentados nas próximas seções e são denominados por: FEC, DEC, FIC, DIC, DMIC e DICRI. O conceito de confiabilidade, por sua vez, envolve dois conceitos: • Adequabilidade; • Segurança. O primeiro conceito remete à questão do dimensionamento do sistema para atendimento à demanda, enquanto o segundo se refere à robustez do sistema para lidar com contingências. 3.1.2 ADEQUABILIDADE A adequabilidade se refere à capacidade do sistema para atender à demanda do consumidor. É preciso examinar a capacidade combinada de geração, transmissão e distribuição do sistema para entregar energia ao consumidor em cada instante, levando em conta o comportamento da carga ao longo de cada dia, semana, mês e ano. Na maioria dos países, grande parte da energia elétrica é gerada por termelétricas a carvão, gás natural e nuclear. Nesses sistemas, a adequação da geração é relativamente fácil, porque depende essencialmente da capacidade instalada de cada usina de geração e de sua respectiva taxa de indisponibilidade, seja por motivo de manutenção preventiva, seja por interrupção forçada ocasionada por falha do equipamento. No entanto, quando o sistema é baseado numa matriz elétrica com predominância de usinas de fontes renováveis, a adequação da oferta não é tão simples porque o montante de energia disponibilizado por essas usinas não depende somente da capacidade instalada da usina, mas também da disponibilidade dos recursos energéticosnaturais que a impulsionam: disponibilidade de água, no caso de hidrelétricas; de ventos, no caso de eólicas; do bagaço de cana ou serragem, por exemplo, no caso de usinas termelétricas a biomassa; e radiação solar, no caso de geradores fotovoltaicos ou termo solares. A oferta de energia proveniente de fontes renováveis é estocástica, isto é, apresenta um componente aleatório, o que significa que a produção dessas usinas não é inteiramente previsível. Esse é um dos fatores que complicam a avaliação da adequação de oferta de eletricidade no Brasil. Como a maior parte da geração no Brasil advém de hidrelétricas, a oferta potencial de energia do parque gerador varia muito de ano a ano em função das condições climáticas. Dessa forma, é preciso avaliar qual a quantidade de energia esperada dessas usinas na maior parte do tempo. No Brasil, essa expectativa é denominada de Garantia Física da usina. Com base nas estatísticas da hidrologia, coletadas ao longo de mais de oitenta anos, avalia-se o nível de geração que se pode produzir das hidrelétricas com um certo nível de confiança desejado (ou arbitrado). Assim como na adequação da geração, a adequação da transmissão também se torna mais complexa em sistemas com grande participação de fontes renováveis, pois os fluxos de energia na rede passam a variar não só em intensidade (devido à 95 Sistemas de Distribuição variação da carga), mas também devido à variação das fontes. Quando uma fonte renovável, um aerogerador, por exemplo, reduz sua produção devido à indisponibilidade de vento, é preciso acionar outra usina – tipicamente uma usina localizada em outra região – para atender à carga. Assim, a rede de transmissão precisa ser dimensionada para viabilizar o escoamento de energia, levando em conta as diversas combinações de geradores que podem vir a ser acionados em dado momento. Na distribuição, a adequação das redes também é um desafio constante, pois é preciso ajustar a configuração da rede de distribuição para acompanhar a evolução da carga na sua área de concessão. Isso significa reforçar a capacidade de fornecimento para áreas que sofrem adensamento do consumo. Por exemplo, no caso de um bairro em que as casas são gradualmente substituídas por prédios. Pode significar também a construção de novas linhas e subestações para expandir a rede, a fim de atender a novas áreas, como um novo loteamento ou parque industrial. 3.1.3 SEGURANÇA A segurança do sistema elétrico refere-se à capacidade do sistema para lidar com ocorrências internas, tais como falhas de equipamentos, e ocorrências de origem externa (causadas, por exemplo, por tempestades e acidentes). Um sistema elétrico raramente tem à sua disposição todos os seus componentes para atender à carga num dado momento. Sempre há equipamentos fora de serviço, seja para manutenção preventiva, seja por falha do equipamento. Desse modo, para que essas indisponibilidades não prejudiquem demasiadamente o fornecimento de energia elétrica, sistemas elétricos precisam ser dimensionados com algum grau de redundância. No elo da geração, isso se traduz na necessidade de margens de reserva, ou uma disponibilidade de geração adicional, caso haja algum problema com os geradores que inviabilize a operação de usinas programadas para entrar em funcionamento. Já nas redes de transmissão e distribuição, geralmente adota-se o critério N-1, o que significa que a rede deve ser configurada para suportar a falha de qualquer um dos seus componentes sem interrupção do fornecimento. Em algumas regiões ou situações em que se deseja maior segurança, adota-se o critério N-2, o que significa que a rede deve ser configurada para suportar a falha de até dois componentes quaisquer sem comprometer a continuidade do serviço. A segurança não é impactada unicamente pelo planejamento da expansão do sistema, mas também pelos procedimentos de operação. É muito importante que haja clara delimitação da hierarquia operacional dos centros de operação. Deve haver clara atribuição das responsabilidades de cada agente. Os operadores devem ser qualificados e treinados para lidar com uma ampla gama de contingências. Esquemas de alívio de carga devem ser previamente definidos para implantação rápida. Assim, uma eventual perturbação que leve a uma queda no suprimento de energia não provocará o colapso total do sistema. Aspectos centrais da operação para manutenção da segurança do sistema são: • A programação diária da operação, na qual se define quando e quais usinas serão acionadas ao longo do próximo dia; 96 Sistemas de Distribuição • Ações manuais e automáticas de gerenciamento de carga, como corte indireto (redução intencional do nível de tensão), corte direto da carga e remanejo de cargas entre instalações da rede básica de transmissão. Toda a operação é coordenada pelo Operador Nacional do Sistema, situado no Rio de Janeiro e quatro outros Centros Regionais de Operação: do Centro-Oeste e Norte, localizado em Brasília; do Nordeste, no Recife; do Sudeste, no Rio de Janeiro; e do Sul, em Florianópolis. Tão importante quanto a prevenção de interrupções e de colapsos de tensão são os preparativos para promover a rápida recomposição do sistema após a ocorrência de um apagão. A recomposição após um colapso não é trivial. É preciso contar com usinas de auto restabelecimento para iniciar a recomposição, sincronizar os geradores e retomar a carga de forma gradual, a fim de evitar oscilações de potência e tensão que possam dar origem a novas perturbações. Finalmente, destaca-se a importância da análise pós-operação para examinar as causas das perturbações ocorridas. Essa análise é fundamental para o aprimoramento da segurança do sistema, com o objetivo de prevenir a repetição do mesmo problema no futuro. 3.1.4 CONFORMIDADE A segunda dimensão da qualidade refere-se à conformidade do fornecimento de energia alternada no nível de tensão e frequência padrão. No Brasil, a tensão final de fornecimento de energia elétrica é estabelecida em 110/127 ou 220 Volts (V), em corrente alternada, com frequência de 60 Hertz (Hz). A conformidade de energia elétrica aborda os seguintes aspectos: • Nível de tensão em regime permanente; • Desequilíbrio de tensão; • Variação de tensão de curta duração; • Flutuação de tensão; • Variação de frequência; • Fator de potência; • Harmônicos. A tensão é avaliada de várias formas. O nível de tensão em regime permanente refere-se à avaliação do nível de tensão a partir de um conjunto de leituras de dez minutos de duração cada. Os equipamentos elétricos são projetados para operar numa determinada tensão. Alguma variação na tensão é tolerável, mas acima de determinados limites os equipamentos deixam de funcionar adequadamente, sendo que variações maiores podem até danificar os equipamentos. O desequilíbrio de tensão refere-se a alterações dos padrões trifásicos do sistema de distribuição. As redes trifásicas são compostas de três linhas (fases), cada qual com a corrente alternada defasada em 120 graus em relação à onda senoidal da linha anterior. Redes trifásicas são utilizadas porque elas minimizam os 97 Sistemas de Distribuição campos eletromagnéticos no transporte e permitem o uso de máquinas trifásicas mais eficientes pela utilização plena dos circuitos magnéticos, mas, para isso, é necessário que as três fases estejam balanceadas. A variação de tensão de curta duração consiste em desvios no nível de tensão em curtos intervalos de tempo. Neste caso, curta duração representa fenômenos momentâneos, de até três segundos; e temporários, de até três minutos. Esses desvios podem tomar a forma de afundamento de tensão (redução no nível de tensão), elevação de tensão, ou mesmo de interrupção do fornecimento. Embora a variação de tensão seja transitória, ela também pode comprometer o funcionamento de aparelhos elétricos. A flutuação de tensão consiste de uma série de variações de tensão, regulares ou irregulares, que ocasionamo fenômeno conhecido como cintilação (flicker). A flutuação de tensão geralmente decorre da operação de cargas variáveis. O seu principal efeito é a variação do fluxo luminoso de lâmpadas (principalmente de lâmpadas incandescentes). Além da tensão, deve-se atentar também para a frequência da corrente alternada. As variações de frequência geralmente derivam da alteração da velocidade de rotação das turbinas e seus respectivos geradores em resposta a variações abruptas na carga. A frequência, de forma geral, é a dimensão da qualidade que gera menos preocupação em sistemas interligados, porque a própria inércia dos geradores interligados tende a autocorrigir os desvios de frequência. No limite, no entanto, variações de frequência também podem prejudicar o funcionamento de equipamentos, especialmente aqueles que utilizam a corrente para a contagem de tempo. O fator de potência refere-se à relação de potências ativa e reativa na rede. Há equipamentos que provocam variações no fator de potência. Motores a indução, por exemplo, demandam energia reativa quando acionados. Essa energia reativa é aquela que circula de forma oscilante nas instalações, mas essa energia não é consumida nem produz trabalho útil. A demanda de potência reativa reduz o fator de potência da rede, o que requer mais potência aparente para atender à mesma carga. Alternativamente, essa distorção pode ser minimizada ou corrigida localmente por meio de investimentos em bancos de capacitores ou reatores. Os harmônicos são distorções na forma do sinal de tensão ou da corrente alternada causadas por componentes senoidais, com frequências iguais a múltiplos inteiros da frequência do sistema. Esses distúrbios harmônicos são ocasionados por dispositivos com núcleo ferromagnético saturável e por dispositivos chaveados eletronicamente. Tais dispositivos se tornaram muito mais comuns nos últimos anos, agravando o problema e elevando a demanda por aprimoramento da qualidade do fornecimento de energia. A presença de harmônicos na rede cria uma série de problemas: sobreaquecimento, erros de medição, vibrações em máquinas, alterações no acionamento, redução do fator de potência. O problema pode ser mitigado com a instalação de filtros especiais. 3.1.5 ATENDIMENTO COMERCIAL A terceira dimensão da qualidade do fornecimento de energia elétrica refere-se ao atendimento comercial do consumidor. A relação da empresa com o consumidor não se manifesta apenas por meio da entrega física de elétrons. O consumidor também 98 Sistemas de Distribuição deseja ter suas solicitações atendidas com presteza e cortesia. Isso inclui o tratamento recebido nas centrais de atendimento, nos call centers (centrais de atendimento telefônico) e no atendimento de serviços solicitados na unidade de consumo, tais como: vistoria, ligação, aferição de medidor, ressarcimento por danos elétrico, elaboração de estudos, orçamentos, projetos, etc. Como descrito nas seções anteriores, as três dimensões da qualidade – confiabilidade, conformidade e atendimento comercial – têm naturezas muito diferentes e requerem ações distintas para que seja assegurada a satisfação do consumidor. No entanto, as três dimensões impõem o mesmo “duplo desafio” ao regulador: • Zelar pela qualidade resultante da atuação de múltiplos agentes, tarefa essa que requer uma delimitação clara e objetiva das responsabilidades de cada agente, uma fiscalização abrangente da atuação de cada agente, e uma regulamentação com previsão de punições e recompensas que induza cada agente a zelar pela qualidade; • Identificar o nível de qualidade desejado pelo cliente. O aprimoramento da qualidade é custoso e, portanto, é necessário equilibrar até qual ponto se deseja sacrificar a modicidade tarifária em troca de mais qualidade. Agora será examinado alguns indicadores de qualidade do fornecimento de energia no Brasil. 3.2 INDICADORES DE CONFIABILIDADE DO FORNECIMENTO AO CONSUMIDOR FINAL Tipicamente avalia-se a confiabilidade do fornecimento de energia com base em indicadores de continuidade. Há duas famílias básicas de indicadores de continuidade: • As que mensuram a frequência de interrupções durante um determinado intervalo de tempo; • As que mensuram a duração cumulativa das interrupções ocorridas durante um determinado intervalo de tempo. A frequência de interrupções está associada principalmente às condições físicas dos ativos da distribuidora: a configuração da rede, o grau de redundância e o estado dos equipamentos (idade dos equipamentos e qualidade de sua manutenção). Assim, a frequência está mais associada aos dispêndios de capital (capex), isto é, aos investimentos realizados pela empresa ao longo dos anos. Já a duração das interrupções está associada, principalmente, aos recursos humanos e materiais disponibilizados para realizar reparos visando à recomposição e ao reparo da rede, ou seja, está mais associada aos custos operacionais (opex) incorridos pela distribuidora. Os indicadores de continuidade mais conhecidos no Brasil são o FEC e DEC. O FEC – Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora – indica o número de interrupções médio de um determinado conjunto de consumidores no período de apuração (soma do número de interrupções sofridas em cada unidade consumidora no período de apuração, dividida pelo número de unidades consumidoras). 99 Sistemas de Distribuição O DEC – Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora – indica a média de horas que os consumidores de um determinado conjunto ficaram sem fornecimento de energia no período de apuração (soma do número de horas que cada unidade consumidora passou sem energia no período de apuração, dividida pelo número de unidades consumidoras). Esses indicadores correspondem, respectivamente, aos indicadores SAIFI (System Average Interruption Frequency Index) e SAIDI (System Average Interruption Duration Index) utilizados na literatura internacional. Tais estatísticas consideram apenas interrupções com três minutos ou mais de duração. Diferentemente dos indicadores SAIFI e SAIDI – que reportam indicadores para sistemas inteiros –, os indicadores FEC e DEC são construídos a partir de subgrupos de consumidores de cada distribuidora, denominados conjuntos elétricos. A abrangência do conjunto elétrico varia muito: há conjuntos que incluem vários municípios e há conjuntos que abrangem apenas partes de um município. Os conjuntos são definidos por meio de um processo de análise estatística denominada clustering, pelo qual as unidades consumidoras de energia são agrupadas em áreas contíguas com base na semelhança dos seus atributos físico-elétricos: Os conjuntos serão caracterizados pelos seguintes atributos: a) Área em quilômetros quadrados (km2); b) Extensão da rede de média tensão (MT), segregada em urbana e rural, em quilômetros (km); c) Energia consumida nos últimos 12 meses, segregada pelas classes residencial, industrial, comercial, rural e outras classes, em megawatt-hora (MWh); d) Número de unidades consumidoras atendidas, segregadas pelas classes residencial, industrial, comercial, rural e outras classes; e) Potência instalada em quilovolt-ampère (kVA); f) Padrão construtivo da rede (aérea ou subterrânea); g) Localização (sistema isolado ou interligado). O exame da trajetória histórica desses indicadores no país (Figura 3.2) revela que houve uma melhora substancial na qualidade do fornecimento de energia na última década e meia. Entre 1996 e 2013, o FEC médio do país foi reduzido em 52% e o DEC foi reduzido em 30%. Esses dados foram coletados da ANEEL. 100 Sistemas de Distribuição Figura 3.2: Trajetória dos indicadores de continuidade. O FEC apresenta queda ao longo de praticamente todo o período. O DEC apresentou queda substancial entre 1996 e 2001, um repique em 2002, um quadro de estabilidade entre 2003 e 2008, elevou-se em 2009 e manteve-se estável desde então. Boa parte dessa elevação decorre de falhas na Rede Básicade Transmissão que resultaram em grandes interrupções no suprimento de energia das redes das distribuidoras nos últimos anos. Segundo dados coletados pela Aneel, o tempo médio de atendimento das ocorrências emergenciais nos anos de 2011 a 2013 foi de aproximadamente 5,9 horas. Em muitos casos (43%), as ocorrências são sanadas sem que os consumidores sofram interrupção no fornecimento. A fim de obter um melhor diagnóstico sobre a gestão da qualidade por parte das distribuidoras, a Aneel exige que as concessionárias reportem os tempos médios de atendimento de forma segmentada, em três categorias: • Preparação; • Deslocamento; • Execução. O tempo de preparação é o tempo compreendido entre o instante em que se tomou conhecimento da existência de uma ocorrência e o instante em que a equipe de emergência é despachada. Trata-se do tempo requerido para reunir a equipe, os materiais, ferramentas e equipamentos requeridos para realizar o atendimento. O tempo de deslocamento é o tempo compreendido entre o instante que a equipe de atendimento de emergência é despachada até o instante de sua chegada ao local da ocorrência. O tempo de deslocamento depende da distribuição geográfica das equipes e das condições de transporte na região (condições das estradas e do trânsito). O tempo de execução é o tempo compreendido entre o instante em que a equipe chega ao local da ocorrência até o restabelecimento do fornecimento. O tempo de execução depende da natureza da ocorrência, da qualidade das informações recebidas 101 Sistemas de Distribuição previamente sobre o defeito que gerou a ocorrência, e dos procedimentos utilizados para solucionar o problema. Segundo os dados coletados entre 2011 e 2013, a preparação é a etapa responsável pela maior parte do tempo de atendimento das concessionárias de distribuição no Brasil: quase três quartos (73%) do tempo médio requerido para restabelecer o fornecimento após a constatação de uma interrupção é consumido na preparação. A execução responde por 15% do tempo e o deslocamento responde por um pouco mais de 12% do tempo. Portanto, a mobilização de equipes para atendimento das ocorrências detectadas parece ser a atividade que apresenta maior espaço para melhorias. Outra fonte de informações para avaliar a qualidade de fornecimento é o Boletim de Monitoramento do Sistema Elétrico, publicado mensalmente pelo Ministério de Minas e Energia. O boletim apresenta o número de ocorrências registradas e a demanda interrompida, tanto no Sistema Interligado Nacional como nos Sistemas Isolados. Os indicadores desse boletim (Figura 3.3) também apontam para uma tendência de sensível melhora dos indicadores tanto no que se refere à carga interrompida (eixo da esquerda) quanto ao número de ocorrências (eixo da direita). Figura 3.3: Número de ocorrências e demanda interrompida no Sistema Interligado e nos Sistemas Isolados. Nota-se que, embora haja uma correlação entre o número de ocorrências e a carga interrompida, há momentos em que a carga interrompida é grande apesar de o número de ocorrências manter-se estável, como se constatou em 2012 e 2013. Isso acontece quando falhas no suprimento de energia resultam em blecautes de grandes proporções. 3.2.1 INDICADORES DE CONFIABILIDADE NA REDE BÁSICA DE TRANSMISSÃO No que se refere à frequência de interrupções, a maior parte das ocorrências surge nas redes de distribuição. Isso é esperado devido à capilaridade das redes de distribuição e à alta exposição de tais redes ao surgimento de ocorrências. Afinal, são cerca de 2 milhões de quilômetros de linhas de distribuição no Brasil, número que contrasta com os 107 mil quilômetros de linhas de transmissão. As ocorrências na Rede 102 Sistemas de Distribuição Básica de Transmissão podem ser muito mais dramáticas, pois quando resultam em interrupção (seja por falha de geradores ou da própria rede de transmissão) tendem a provocar blecautes de grandes proporções. Há muitas formas de mensurar a gravidade de um blecaute: a magnitude da demanda interrompida, a sua duração, o seu impacto econômico, o número de consumidores afetados. Seja qual for o critério utilizado, o Brasil se destaca entre os países que tem sofrido alguns dos maiores blecautes. A Figura 3.4 apresenta alguns dos maiores blecautes registrados no mundo em termos de pessoas afetadas. O Brasil responde por dois dos oito maiores blecautes, segundo o Clean Technica, Union of Concerned Scientists, Ovoenergy, Associated Press. Figura 3.4: Maiores blecautes no mundo por população afetada. O sistema elétrico brasileiro é mais suscetível a blecautes de larga escala devido ao fato de o suprimento depender de energia proveniente de grandes usinas hidrelétricas muito distantes dos centros de carga. Essa configuração exige que grandes quantias de energia sejam deslocadas por longos trechos de transmissão. Por sua vez, as extensas linhas de transmissão implicam maior exposição às intempéries. Já os grandes volumes de energia implicam maior dificuldade para solucionar as falhas. Apesar da suscetibilidade conjuntural do sistema elétrico brasileiro, de forma sistêmica, a qualidade do suprimento na Rede Básica de Transmissão é boa e vem sendo aprimorada ao longo do tempo. Os indicadores de continuidade utilizados para avaliar a qualidade no suprimento de energia no elo de transmissão são a Frequência de Interrupção do Ponto de Controle (FIPC) e a Duração da Interrupção do Ponto de Controle (DIPC). Esses indicadores são análogos ao FEC e DEC, sendo que a diferença é que são medidos nos pontos de controle, isto é, na fronteira entre as instalações que compõem a Rede Básica de Transmissão e os ativos de conexão dos geradores, distribuidoras e Consumidores Livres, conforme figura 3.5 segundo a ONS. 103 Sistemas de Distribuição Figura 3.5: Frequência e duração de interrupções na Rede Básica de Transmissão. Embora esses dois indicadores apresentem maior volatilidade, a tendência de longo prazo indica melhora na confiabilidade do suprimento. As taxas de interrupção relativamente elevadas nos últimos dois anos, no entanto, merecem atenção. Outro indicador de confiabilidade, utilizado para avaliar redes de transmissão, é o indicador de robustez, que mostra a relação percentual entre o número de perturbações sem corte de carga e o número total de perturbações no período de observação. O indicador de robustez apresentou uma média de 86,9% entre 2005 e 2013. Excluindo as interrupções pequenas (com corte de carga inferior a 100 MW), a média de 2005-2013 sobe para 96,7%. Ambos os indicadores de robustez apresentam tendência de melhora ao longo do tempo, como se pode constatar pelas linhas de tendência apresentadas na Figura 3.6 segundo a ONS. Figura 3.6: Figura 3.6: Percentual de perturbações sem corte de carga. 104 Sistemas de Distribuição Pode-se ainda avaliar a confiabilidade pela magnitude da energia não suprida, isto é, a quantidade de energia demandada pelo consumidor que deixou de ser fornecida devido a interrupções, conforme a figura 3.7, de acordo com a ONS. Figura 3.7: Energia Não Suprida. A energia não suprida nos últimos oito anos tem sido inferior a 0,01% do total demandado em todos os anos, com exceção de 2009, quando houve um grande blecaute (vide exemplo mencionado no capítulo 2), e 2012, ano que também sofreu vários blecautes. Outro modo de olhar o mesmo indicador é pelo seu inverso: a taxa que representa a relação entre a energia demandada e a energia suprida, que na média foi de 99,9%. 3.3 INDICADORES DE CONFORMIDADE O fator usualmente monitorado para avaliar a conformidade é o nível de tensão. A partir de campanhas de leitura de tensão, é avaliada a incidência de desvios de diferentes magnitudes do nível de tensão contratado. Isso é feito classificando as tensões apuradas na campanha de leitura em três categorias: • Adequada; • Precária; • Crítica. Cada categoria representa um grau de discrepância crescente, para cima ou para baixo,da tensão contratada. Por exemplo, para um consumidor com tensão nominal de 110 Vvolts (V), considera-se tensão adequada a que estiver entre 101V e 116V; precária se for maior ou igual a 96V e menor que 101V, ou se for maior que 116 e menor ou igual a 117; e crítica se estiver abaixo de 96V ou acima de 117V. Com base nessa informação pode-se, então, construir dois índices: 105 Sistemas de Distribuição • O índice de duração relativa da transgressão para tensão precária – DRP, que representa o percentual das leituras em que o nível de tensão estava na faixa de tensão classificada como precária; • O índice de duração relativa da transgressão para tensão crítica – DRC, que indica o percentual de leituras na faixa de tensão crítica. A Figura 3.8 apresenta os índices DRP e DRC médios de 62 concessionárias de distribuição nos últimos quatro anos. Percebe-se que a incidência de tensão precária permanece relativamente estável, mas a incidência de tensão crítica vem sendo reduzida de forma constante. As informações foram obtidas no site da ANEEL. Figura 3.8: Incidência de nível de tensão precária e crítica. 3.4 INDICADORES DE PRESTEZA A Aneel preocupa-se não somente com a qualidade técnica do fornecimento de energia, mas também com o atendimento comercial ao consumidor. As empresas recebem, anualmente, milhões de reclamações relativas às questões comerciais. Cerca de 95% das reclamações são resolvidas no âmbito da empresa de distribuição; outros 3% são resolvidos mediante apelo à ouvidoria da distribuidora; e, pouco mais de 1% são resolvidos no âmbito da agência reguladora (seja a Aneel ou alguma agência regional conveniada). Com o objetivo de monitorar a qualidade do atendimento comercial, a Aneel definiu dois indicadores análogos ao FEC e DEC: • A Frequência Equivalente de Reclamação – FER, que mede a quantidade de reclamações procedentes a cada mil unidades consumidoras da distribuidora; • A Duração Equivalente de Reclamação – DER, que mede o prazo médio de solução das reclamações procedentes solucionadas pela distribuidora (medido em dias). 106 Sistemas de Distribuição A frequência de reclamações tem diminuído nos últimos anos. Em 2010 foram recebidas mais de 3,3 milhões de reclamações comerciais, em 2011 foram 3,0 milhões, e em 2012 foram 2,7 milhões, sendo que 43% dessas reclamações eram improcedentes. Apesar de ser um dos serviços públicos mais universalizados, a energia elétrica é um dos serviços públicos básicos que menos recebe reclamações, segundo os registros do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor. A energia elétrica foi a oitava colocada na lista dos setores/produtos que mais receberam representações nos órgãos de defesa do consumidor em 2011, e nona colocada em 2012. Os dados foram obtidos do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor. Figura 3.9: Número de reclamações recebidas pelos órgãos de defesa do consumidor. Em suma, a revisão dos diversos indicadores de qualidade ao longo das três dimensões (confiabilidade, conformidade e atendimento comercial) indica que houve melhoras substanciais na qualidade do fornecimento de energia elétrica no Brasil nas últimas décadas. Deve ser feita uma ressalva quanto à qualidade de suprimento de energia na Rede Básica de Transmissão, que apresentou indicadores menos favoráveis nos últimos quatro anos devido a algumas ocorrências de grandes proporções. Ainda não está claro se as variações nos indicadores, nos últimos anos, foram meros desvios passageiros ou se apontam para uma alteração da tendência de melhoria da qualidade constatada no passado. A expansão da Rede Básica e intensificação de fluxos inter- regionais podem vir a representar crescente vulnerabilidade da Rede Básica, com consequências sobre o padrão de qualidade do suprimento. Da perspectiva do consumidor, a visão global é positiva, conforme se pode constatar pelas pesquisas realizadas por diversas entidades. Por exemplo, a pesquisa de opinião realizada pela CNI/Ibope indica que o fornecimento de energia elétrica é considerado o serviço público de maior qualidade no Brasil. 107 Sistemas de Distribuição Figura 3.10: Qualidade do Serviço Público. De modo semelhante, pesquisas de opinião junto aos consumidores – como o Índice de Satisfação da Qualidade Percebida (ISQP), apurado pela Abradee; e o Índice Aneel de Satisfação do Consumidor (IASC) – indicam que os consumidores consideram a qualidade do serviço satisfatória. O IASC não apresenta uma tendência bem definida, mas trata-se de um indicador mais recente e com descontinuidades. O ISQP, um indicador que dispõe de uma série mais longa, aponta uma clara tendência de melhoria da percepção da qualidade ao longo dos anos. Figura 3.11: Pesquisas de Satisfação do Cliente. 108 Sistemas de Distribuição 3.5 CONTINUIDADE DE FORNECIMENTO A continuidade de fornecimento é, em geral, avaliada pelas empresas de distribuição, a partir das ocorrências na rede de distribuição. Por exemplo, uma determinada falha em dado equipamento da rede pode causar a interrupção de vários consumidores. A contabilização da qualidade de serviço a estes consumidores ou relacionada a este sistema de distribuição é avaliada após um determinado período, em geral, mensalmente, trimestralmente ou anualmente. Tratar-se-á este tipo de avaliação do serviço como avaliação a posteriori. Em algumas outras situações, é importante realizar uma estimativa da qualidade de serviço. Em geral, tal estimativa é feita com base em alguns parâmetros estatísticos, como valores históricos de taxas de falha dos equipamentos (número de vezes, em determinado período, que o equipamento deve falhar) e como tempos médios para atendimento de uma determinada ocorrência na rede, ou seja, avaliação a priori. 3.5.1 AVALIAÇÃO DA CONTINUIDADE DE FORNECIMENTO A POSTERIORI Veja o exemplo da figura 3.12. Neste sistema, estão representados dois circuitos primários: o circuito em análise e o circuito que o socorre quando de contingências. Além disso, estão representados: os disjuntores, D, na saída da SE, chave de proteção, P, chaves fusíveis, F, na saída dos ramais, chave de seccionamento, NF, que opera na condição normal fechada, e chave de socorro entre os dois circuitos, NA, que opera na condição normal aberta. No caso de ocorrer, em um instante t0, um defeito no trecho 01 – 04, poderia ter-se a seguinte sequência de eventos: • O disjuntor do circuito em análise, D, atua desenergizando todo o circuito; • A equipe de manutenção percorre o alimentador, identificando o ponto de defeito e, em seguida, abre a chave de proteção P isolando o trecho com defeito; • Fecha no instante t1 a chave de socorro, NA, restabelecendo o suprimento aos consumidores a jusante da barra 04; • Procede-se ao reparo do defeito e, ao tempo t2, término do reparo, abre a chave NA, fecha a chave de proteção, P, e liga o disjuntor, restabelecendo o suprimento de todo o alimentador. Assim, nessa contingência tem-se: No intervalo de tempo ∆t1 = t1 – t0, a interrupção do suprimento a 140 consumidores e a potência instalada não atendida foi de 5,4 MVA (consumidores de todo o circuito); No intervalo de tempo ∆t2 = t2 – t1, a interrupção do suprimento a 30 consumidores e a potência instalada não atendida foi de 2,0 MVA (consumidores e carga do trecho 01 - 04); 109 Sistemas de Distribuição Figura 3.12: Rede para análise de interrupção. Para possíveis defeitos nos demais trechos do circuito, ter-se-ia condições análogas, isto é, a cada interrupção no fornecimento de energia por manutenção, seja ela corretiva ou preventiva, pode-se determinar o tempo em que a energia não foi distribuída, o número de consumidores atingidos pela interrupção e a demanda não atendida. Assim, definindo as seguintes variáveis Cai – número de consumidores atingidos na interrupção i; Cs – número total de consumidores existentes na área em estudo; ti – duração da interrupção de suprimento i, usualmente em minutos; Pi – demanda não atendida na contingência
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