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METÁFRASE – REVISTA DA ABRATES
Nesta edição
CaRta do PResideNte
desmitifiCaNdo a 
PRosPeCção de ClieNtes
a tRadução téCNiCa iNvade 
a tRadução liteRáRia
a tRadução audiovisual
Como o NetwoRkiNg 
RealmeNte fuNCioNa
a tRadução PoR máquiNa 
é uma Realidade
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 NúMERo 11 • JULHo/2018
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olá e bem-vindos ao número 11 da Metáfrase, a revista Abrates! A associação 
está com nova diretoria, mas a disposição de trabalhar em benefício dos 
associados é a mesma e teremos muitas novidades boas pela frente. 
Aguardem!
Este número da nossa revista traz contribuições importantes para o dia a 
dia e o aprimoramento de tradutores e intérpretes. Nossa matéria da capa 
traz Carolina Selvatici explicando um pouco sobre um setor de atuação que 
só faz crescer, o da tradução audiovisual, cada vez mais atraente tanto para 
profissionais experientes quanto iniciantes.
A propósito, em Papo de iniciante, Gisley Rabello desmistifica a prospecção 
de novos serviços, com dicas sobre como encontrar clientes, preparar 
currículos, manter portfólios e outras tarefas importantes para a divulgação 
e administração do profissional. É uma excelente leitura para combinar com 
o texto da Rafa Lombardino em Biz, sobre a necessidade do networking e 
dos eventos profissionais para o tradutor.
Em EntreLivros, Débora Landsberg fala sobre como a tradução técnica 
pode exigir do tradutor literário habilidades de pesquisa que vão além de 
seu trabalho cotidiano. Saber encontrar as fontes certas é crucial para uma 
tradução bem embasada, que transmita qualidade e segurança ao leitor. 
Aliás, facilitar a pesquisa é um dos pontos fortes das ferramentas de auxílio à 
tradução. Sobre essas ferramentas e tecnologias, Sidney Barros nos lembra, 
em Bits, como elas vieram para ficar, dando dicas de como acompanhar a 
velocidade dessa evolução.
Mas para aproveitar tudo o que a revista tem a oferecer, é preciso ter saúde, 
não é mesmo? Por isso, a Cristiane Tribst nos mostra como é importante 
equilibrar vida profissional e vida pessoal em um mundo tão competitivo.
Não podemos terminar este papo sem lembrar que a Drops Abrates, nossa 
coluna de abertura, está à disposição de vocês para dicas de eventos e 
acontecimentos do mundo da tradução.
Aliás, quer colaborar com a Metáfrase? Mande sua proposta de artigo 
para revista@abrates.com.br. Teremos um enorme prazer em avaliar e, 
futuramente, publicar artigos de interessados em colaborar.
Um fortíssimo abraço para todos!
CARTA DO 
PRESIDENTE
Diretoria
Ricardo Souza – Presidente
Val Ivonica – Vice-presidente
Gio Lester – Secretária geral
Cristiane Tribst – Segunda Secretária
Manuela Sampaio – Primeira Tesoureira
Lídio Rodrigues – Segundo Tesoureiro
Equipe Metáfrase
Petê Rissatti – Editor-chefe
Carolina Caires Coelho e 
Flávia Souto Maior – Editoras adjuntas
Camila Fernandes – Revisora
Dener Costa – Designer e diagramador
A revista digital Metáfrase é publicada seis vezes ao 
ano em formato digital (PDF) e disponibilizada no site 
da Associação Brasileira de Tradutores e Intépretes 
(Abrates).
Somos a Abrates – Associação Brasileira de Tradutores 
e Intérpretes –, associação sem fins lucrativos e 
administrada por tradutores/intérpretes voluntários, 
fundada no Rio de Janeiro, nos anos de 1970. 
Promovemos cursos, eventos e fomentamos a troca de 
conhecimento e contatos entre colegas e/ou instituições 
e agências. Através da ponte que estabelecemos flui o 
conhecimento e é feito o networking, mudando carreiras e 
vidas. Cada vez mais presente e atuante, a Abrates oferece 
vários benefícios para os associados. Saiba mais no site 
e associe-se! 
As informações dos artigos presentes nas edições 
da Metáfrase são de inteira responsabilidade de seus 
autores, salvo disposto em contrário. Em caso de dúvidas, 
sugestões, críticas ou reclamações, envie um e-mail para 
revista@abrates.com.br
Entre em contato com a Abrates pelo e-mail 
secretaria@abrates.com.br
Para números anteriores da Metáfrase, acesse: 
www.abrates.com.br/revista-metafrase 
Esta publicação está licenciada sob a Licença Internacional Creative Commons 
de Atribuição – Não Comercial – Sem Derivações 4.0. 
Para visualizar uma cópia dessa licença, acesse: 
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR 
CaRTa Do PRESiDEnTE
http://www.diagramativo.com.br
http://abrates.com.br/%3Fpage_id%3D1334
METÁFRASE – REVISTA DA ABRATES
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Colaboradores 
desta edição
Carolina Selvatici é bacharel em Comunicação Social — Jornalismo pela UFRJ e mestre em Letras — Estudos da Linguagem pela PUC-Rio. 
Completou o curso de formação de tradutores Português/inglês em 2007. Desde então, traduz para diversas editoras e produtoras do país e 
do exterior. Participou da Fabrique des Traducteurs Português/Francês, realizada em arles, França, pelo Colégio internacional de Tradutores 
Literários (CiTL). Participou da elaboração e executou o primeiro edital do Programa de Residência de Tradutores Estrangeiros no Brasil, da 
Fundação Biblioteca nacional.
Cristiane Tribst é engenheira que virou tradutora técnica há mais de 20 anos. Casada, mãe das gêmeas Estela e Geórgia, tenta conciliar a vida 
de tradutora em home office, a constante falta de tempo, com a luta para vencer a preguiça e o sedentarismo. Meio nerd, extremamente curiosa, 
adora pesquisar, ler e mexer com tecnologia, além de não recusar uma boa série de televisão. E-mail: cristiane.tribst@gmail.com 
Débora Landsberg é mestre em Estudos da Linguagem pela PUC-Rio. Em sua dissertação, investigou como tornar diálogos traduzidos mais 
verossímeis. De janeiro a maio de 2017, foi tradutora literária residente da Literature ireland, ministrando um seminário para alunos de mestrado 
do Trinity College Dublin. Tradutora desde 2005, já traduziu obras de autores como Charles Dickens, Margaret atwood, Joyce Carol oates, 
Elizabeth Gilbert e Shirley Jackson, entre outros.
Gisley Ferreira é tradutora, revisora, transcriadora e especialista em controle de qualidade nos pares inglês/espanhol > português brasileiro, 
principalmente nas áreas de Ti, técnica, comercial, e-learning, localização, saúde e beleza, marketing. É bacharel e licenciada em inglês e 
literaturas americana e inglesa (UERJ), com pós-graduação em tradução inglês e português (PUC-RJ), e bacharel em espanhol e português e 
respectivas literaturas (UERJ). atuou de 1990 a 2000 como tradutora interna em multinacionais americanas do setor de Ti e como freelancer em 
várias agências nacionais e internacionais. Em 2001, fundou a Wordlink Traduções e hoje também gerencia projetos e administra a empresa..
RAFA LOMBARDINO é tradutora e jornalista brasileira. Vive na Califórnia desde 2002. É a autora de Tools and Technology in Translation - The 
Profile of Beginning Language Professionals in the Digital age, baseado na aula que ministra no curso de extensão da Universidade da Califórnia 
em San Diego. atua como curadora de conteúdo no blog eWordnews, dirige a rede de tradutores Word awareness e coordena o projeto 
Contemporary Brazilian Short Stories, que promove a literatura brasileira no mundo.
Sidney Barros Junior é tradutor técnico (desde 1999) e intérprete de acompanhamento (desde 2012) especializado em ferrovias, engenharias 
(mecânica e elétrica), Ti, internet, entre outras áreas. atua como mentor no Projeto de Mentoria da aBRaTES, além de manter o grupo Tecnologia 
e Tradução no Facebook e o site sbj.trd.br.
mudança na diretoria da abrates
Em nosso último Congresso, realizado em junho, houve 
a “entrega do boné” pelo ex-presidente 
da Abrates, William Cassemiro, ao 
atual presidente, Ricardo Souza. A 
composição da nova diretoria para 
o biênio 2018-2020 é a seguinte: 
Ricardo Souza, presidente; Val 
Ivonica, vice-presidente; Manuela 
Sampaio, primeira tesoureira; Lídio 
Rodrigues, segundo tesoureiro; Gio 
Lester, secretária geral; Cristiane 
Tribst, segunda secretária. Conselho 
Fiscal: Peterso Rissatti, Liane Lazoski, 
Iara Brazil; Suplentes: William Cassemiro, 
Renato Beninatto,Cláudia Belhassof.
A Metáfrase deseja à nova diretoria um mandato cheio 
de realizações e alegrias. Seguimos juntos! 
Primeiro seminário do instituto Nacional de 
educação de surdos
O Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) 
vai promover, nos dias 18 e 19 de julho de 2018, 
o primeiro Seminário de Tradutores, Intérpretes e 
Guia-Intérpretes do INES: Diálogos e Encontros 
Interdisciplinares — I SETILSP. O evento, 
de caráter formativo, é gratuito e 
direcionado a profissionais da 
área, pesquisadores, docentes 
e estudantes fluentes em 
Língua Brasileira de Sinais 
— LIBRAS. Será um evento 
de grande importância para 
os Tradutores e Interpretes 
de Língua de Sinais. Mais 
informações aqui.
(Notícia enviada por Lenildo Lima 
de Souza.)
drops abrates
Drops Abrates é a seção da Metáfrase que traz notícias sobre a Abrates e seus associados. É também uma 
seção aberta, ou seja, se você que nos lê tiver alguma notícia de sua cidade, estado ou região relacionada 
à tradução e quiser contribuir com a gente, mande um e-mail para revista@abrates.com.br.
Revista Periferias
O Instituto Maria e João Aleixo, localizado no Complexo 
da Maré, criou a revista Periferias para levar ao público 
brasileiro e internacional textos de autores que 
lidam com o tema periferias em âmbito 
nacional e também nas periferias 
globais. O intuito da revista é 
“aproximar pesquisadores, ativistas 
sociais e artistas das Periferias 
do mundo interessados(as) em 
compartilhar experiências múltiplas 
dos territórios populares e construir 
uma representação convergente e 
global sobre a Potência das Periferias”. 
A revista é publicada duas vezes ao 
ano em quatro idiomas (português, inglês, 
espanhol e francês) e está em busca de tradutores 
voluntários para aumentar seus quadros. Conheça a 
revista aqui.
(Agradecemos a Daniel Stefani por nos apresentar o 
projeto.)
simpósio de tradução no vii sernegra
Estão abertas as inscrições para a VII Semana de 
Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça do Instituto 
Federal de Brasília (Sernegra), e uma das seções é 
dedicada à tradução. O evento acontecerá entre os 
dias 18 e 21 de novembro de 2018, no IFB — Campus 
Brasília (SGAN 610, L2 Norte — Brasília/DF). O simpósio 
sobre tradução terá o tema Estudos 
da Tradução & Feminismos 
Negros: descolonial ismo, 
i n t e r s e c i o n a l i d a d e e 
mulheridades negras. Para 
se inscrever, é só acessar 
o site aqui. 
DRoPS aBRaTES
https://setilspines.wixsite.com/setilsp
http://imja.org.br/
http://imja.org.br/
https://www.sernegraifb.org/
 NúMERo 11 • JULHo/2018
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e nfim, tudo pronto para começar a trabalhar! Cursos concluídos, home office preparado, ferramentas compradas… Mas será que 
está tudo pronto mesmo? O que estará faltando? 
Possivelmente, está faltando o principal para os 
seus negócios deslancharem: os clientes! E é nesse 
ponto que dá aquele frio na barriga, pois as dúvidas 
são muitas em relação a como encontrar clientes 
que possam estar interessados em seu trabalho. 
Guarde o frio na barriga para quando vier o primeiro 
trabalho: não há com o que se preocupar. Pode ser 
trabalhoso e demorado se preparar para essa etapa 
de captação de clientes, que no fim das contas é 
praticamente um esforço de venda, de marketing. 
PaPo DE iniCianTE
desmitifiCando a 
prospeCção de 
Clientes
Tudo pronto para começar o trabalho? O Papo de Iniciante desta edição traz 
dicas preciosas sobre como dar o próximo passo: a prospecção de clientes
Por Gisley Rabello
METÁFRASE – REVISTA DA ABRATES
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Mas o iniciante pode perfeitamente, tomando alguns 
cuidados e realizando algumas ações simples, 
começar sua vida profissional com uma carteira de 
clientes bem interessante.
açÕes que faZem a difeReNça
Crie uma identidade visual e uma página na web
Ter uma página na web que descreva seus 
serviços, indique suas áreas de atuação, informe 
um resumo da sua vida profissional e ofereça meios 
de contato é essencial. Mesmo que você não tenha 
muita experiência, vale a pena incluir na página sua 
formação acadêmica e as áreas nas quais você tem 
competência para atuar. Se deseja escrever um 
blog profissional, reserve um espaço para incluí-
lo na página futuramente. Além do blog, a página 
pode conter links para seus perfis em redes sociais, 
como LinkedIn, Facebook e Twitter. Importante: 
só inclua Facebook e Twitter se usar essas redes 
exclusivamente para fins profissionais. É de bom 
tom usar sua identidade visual em todas essas redes 
para reforçar sua imagem. Depois de criar a página 
na web, não se esqueça de disponibilizá-la também 
nos idiomas com os quais pretende trabalhar, mesmo 
que faça isso em uma etapa posterior.
Crie um portfólio e cartões de visita
É importante criar, usando sua identidade visual, 
um portfólio e um cartão de visita. Isso vai ajudar 
você a divulgar seu trabalho quando for a eventos 
como congressos profissionais e feiras (de áreas 
específicas de atuação ou de tradução). 
No cartão de visita é importante ter, além do 
seu nome, seu status profissional (no caso, tradutor 
independente – meu conselho é evitar “freelancer”), 
os pares de idiomas com que trabalha e, por fim, os 
principais meios de contato, como e-mail, site, redes 
sociais, telefone e Skype. 
No portfólio, resuma seus serviços e 
especialidades (se houver) de forma organizada e 
também inclua status profissional, pares de idiomas 
e principais meios de contato. Se você já tem alguma 
experiência no mercado, não é recomendável citar 
nomes de empresas para as quais já trabalhou direta 
ou indiretamente nesse resumo, já que isso pode 
ferir algum contrato de confidencialidade assinado 
por você no passado para realizar tais projetos. 
Sempre atente a isso. Se quiser, também pode incluir 
no portfólio seus diferenciais como fornecedor. Ou 
seja, quais das suas qualificações serão úteis para 
o cliente que você está tentando atrair. 
Por fim, é bom ter o portfólio e o cartão de visita 
em formato bilíngue para alcançar tanto clientes 
nacionais como internacionais.
quem são os ClieNtes PossÍveis
Em geral, os tradutores independentes podem 
trabalhar para clientes diretos ou para agências, e há 
muitas diferenças entre uma situação e a outra. Veja 
abaixo algumas informações sobre esses tipos de 
clientes. Aqui não abordarei editoras, já que é um tipo 
de cliente direto totalmente específico da área editorial. 
Clientes diretos
São pessoas físicas ou empresas cujo negócio 
principal não é tradução, por exemplo, uma empresa 
de informática ou um escritório de advocacia. 
Essas pessoas não têm a mínima ideia do nosso 
 NúMERo 11 • JULHo/2018
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negócio. Detalhes como orçamentos, formatação 
de arquivos, pesquisa terminológica, entre outros, 
são totalmente desconhecidos pelo cliente. Você 
precisará se preparar para receber e processar 
arquivos em formatos diversos, como PDF (às vezes 
não editável), Word (em alguns casos, com imagens 
e tabelas complexas), entre outros. No orçamento, 
cobre por todo esse trabalho extra de preparação do 
material para tradução e de finalização do arquivo já 
traduzido. Em suma, nessa situação, você pode (e 
deve) cobrar mais caro, mas terá que cumprir mais 
etapas para finalizar a tradução.
agências
As agências atuam como elemento intermediário 
entre o tradutor e o cliente final. Em geral, as 
agências trabalham com vários idiomas, tanto as 
nacionais quanto as internacionais; então, o cliente 
final multinacional prefere lidar com agências em 
vez de contratar tradutores independentes, pois, 
dessa forma, pode assinar um contrato com um só 
fornecedor e assim obter os serviços que deseja em 
vários idiomas, tendo um único ponto de contato. 
As agências negociam com esses clientes um valor 
fechado para fornecer os serviços. Isso significa que 
você, tradutor independente, terá pouco poder de 
barganha na hora de negociar tarifas com as agências, 
já que elas não terão, por sua vez, muita margem paraconceder aumentos. Aumentar a tarifa do tradutor 
significa reduzir seu lucro, portanto, a menos que a 
agência tenha uma margem de lucro grande e confie 
bastante em seu trabalho, será bem difícil conseguir 
sucesso na negociação. Por outro lado, as agências 
se responsabilizam por todo o fluxo de trabalho, da 
preparação dos arquivos até a sua finalização. Assim, 
você não precisará se preocupar com nada: receberá 
materiais de referência (guias de estilo, glossários, 
termbases, memórias de tradução etc.) e os arquivos já 
preparados na ferramenta que você usa para traduzir. 
Só terá então que traduzi-los seguindo as instruções 
enviadas pela agência e depois devolvê-los. 
o que os ClieNtes queRem Na HoRa de 
CoNtRataR
Quando precisam de um serviço ou quando 
resolvem recrutar fornecedores, os clientes querem 
e precisam basicamente de duas informações: 
experiência e histórico do prestador de serviços 
no campo de atuação de sua empresa ou do 
assunto da tradução, bem como o preço que terão 
que pagar. Como já mencionado aqui, há muitas 
diferenças entre os clientes diretos e as agências 
de tradução. Para os clientes diretos, talvez essas 
duas informações básicas já sejam o suficiente para 
fechar a contratação. Mas, para as agências, você 
terá que detalhar um pouco mais sua experiência 
para que tenha sucesso no recrutamento. Detalhes 
como quais ferramentas de auxílio à tradução (CAT 
tools) você domina, suas áreas de atuação, sua 
experiência em determinados tipos de projeto e 
até mesmo o volume aproximado já traduzido em 
cada área ou projeto no último ano são informações 
que podem fazer a diferença na hora de a agência 
optar pelos seus serviços. Por isso, vale a pena 
preparar um portfólio digital bem organizado a ser 
apresentado aos clientes diretos e também criar 
currículos mais detalhados para enviar às agências.
Mas, se você tiver pouca ou nenhuma experiência, 
METÁFRASE – REVISTA DA ABRATES
10
não se desespere. Indique as ferramentas que 
domina, as áreas em que julga estar preparado para 
atuar e, se for o caso, cite no portfólio sua formação 
e eventuais experiências em áreas que podem 
interessar ao cliente. Por exemplo, se você trabalhou 
em alguma empresa de propaganda, destaque seu 
contato contínuo com materiais de marketing; se 
trabalhou em alguma clínica ou laboratório médico 
e sua atividade lhe rendeu experiência na área, não 
deixe de mencionar isso.
Os currículos devem ser confeccionados por 
área de atuação. Por exemplo, se você trabalha com 
tecnologia da informação mas também atua na área 
de saúde, é importante ter um CV para cada área 
separadamente, de modo que consiga, em uma 
só página, resumir sua experiência naquele setor 
específico. Os clientes não gostam de ler currículos 
com muitas páginas, portanto, é importante 
apresentar algo simples e fácil de ler, para que o 
contratante não perca tempo e tenha todas as 
informações à mão durante a seleção. Você também 
pode e deve ter um currículo geral, com todas as 
suas especialidades e experiências resumidas, mas 
tenha em mente que só valerá a pena enviar esse CV 
à agência caso esta trabalhe com áreas diversas. 
Se for um iniciante quase sem experiência, é melhor 
começar com o currículo geral, sempre destacando 
experiências em áreas específicas, se houver, que 
possam ajudar em sua colocação em projetos de 
tradução nessas áreas.
Ter perfis em portais de tradutores, como o 
ProZ, pode ser útil, principalmente se você não tiver 
experiência alguma. Ali os clientes são basicamente 
agências e não pagam tão bem, mas você consegue 
adquirir uma experiência mínima para dar o primeiro 
passo na profissão.
Por falar em tarifas, para os clientes diretos, você 
não vai precisar definir um preço por palavra fixo. Orce 
cada trabalho de acordo com o seu esforço. Já com as 
agências, precisará definir duas categorias de tarifas, 
por palavra (tradução) e por hora (revisões e outras 
tarefas, como conferência de documento formatado, 
validação de telas de software, entre outras). 
Como aBoRdaR Cada ClieNte da 
melHoR maNeiRa
Como já mencionamos, cada cliente tem 
necessidades diferentes, por isso é importante ter à 
mão as informações que eles mais prezem na hora 
de escolher um fornecedor. Sabemos também que 
devemos ter vários tipos de materiais de divulgação 
disponíveis para fornecer aos diferentes tipos de 
clientes. Mas onde vamos encontrar essas pessoas 
para enviar tais materiais? Como vamos abordá-las? 
Veja abaixo um pequeno resumo de onde e como 
achar os clientes.
Clientes diretos
Esteja atento aos congressos e feiras de cada 
área na qual você atua ou quer atuar. Por exemplo, se 
você tem como especialidade traduzir para o setor de 
petróleo e gás ou se interessa pela área, vale a pena 
visitar as feiras periódicas que acontecem nas principais 
capitais. Vá munido de cartões de visita e portfólios 
impressos para abordar os clientes nos estandes e nas 
palestras. Muitas vezes um cartão deixado na mesa 
de um palestrante vale uma parceria duradoura. Os 
clientes diretos podem ser encontrados também em 
 NúMERo 11 • JULHo/2018
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buscas pela internet (sites e redes sociais). Busque um 
endereço de e-mail de contato nos sites das empresas 
para enviar uma mensagem de apresentação ou então 
veja se há nos sites algum formulário on-line que você 
possa preencher para candidatar-se a fornecedor. No 
LinkedIn é possível buscar as páginas das empresas e 
entrar em contato por ali, se houver essa possibilidade.
agências
As agências muitas vezes estão presentes nos 
congressos da categoria, como os congressos da 
ABRATES. Portanto, ao se inscrever nesses eventos, 
leve seus materiais impressos de divulgação. As 
agências também podem ser contatadas pela internet, 
via LinkedIn, portais como ProZ, ou nos sites específicos 
de cada agência. A grande maioria das agências 
oferece um link em sua homepage para os fornecedores 
se candidatarem. São formulários on-line que o tradutor 
deve preencher e que às vezes solicitam o envio de um 
arquivo de CV. Siga à risca todas as recomendações 
informadas no site para esse tipo de seleção.
Como última dica, é muito importante desistir 
do contato caso perceba que o cliente precisa de 
algo que você não pode oferecer. Se você quer 
um relacionamento duradouro, não afirme para o 
seu cliente potencial que você pode ajudá-lo em 
algo que não domina. A ética profissional deve 
estar sempre em primeiro lugar tanto ao prospectar 
quanto ao manter um cliente já existente.
A prospecção é uma parte muito importante do 
negócio de tradução; por isso, invista seu tempo 
em atividades que o ajudem a captar clientes. 
Reserve pelo menos uma hora de seu dia para 
esse fim. É essencial que todo material gerado 
com essa finalidade seja também atualizado de 
tempos em tempos, à medida que sua experiência 
vá aumentando. Ter materiais de divulgação 
atualizados, inclusive perfis em redes sociais e 
portais especializados, é a garantia de que o cliente 
encontrará você com mais facilidade, de acordo 
com a sua experiência ou qualificação.
Boa sorte e boas vendas! 
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METÁFRASE – REVISTA DA ABRATES
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a
grande diferença entre os textos literários 
e técnicos está no que eles se propõem 
a fazer: a literatura é, acima de tudo, uma 
experiência estética, umaexploração do estilo do autor; 
já a prioridade dos textos técnicos é informar o leitor. 
Obras de ficção, de modo geral, contêm um termo 
técnico ou outro, mas nada que chame a atenção do 
leitor. Não é comum que romances se embrenhem em 
uma área específica. Mas é claro que, como tudo na 
vida, há exceções. Às vezes um personagem médico 
— ou advogado, ou historiador da arte — exige do 
tradutor uma imersão nesse meio a fim de manter 
a suspensão de descrença até dos leitores que 
conhecem a fundo a terminologia envolvida. 
EnTRELiVRoS
a tRadução téCNiCa iNvade 
a tRadução liteRáRia
Em muitos momentos, a literatura precisa lançar mão da terminologia dos 
textos técnicos para complementar a experiência estética à qual se propõe. 
E qual é o papel do tradutor literário nessas escolhas do autor?
Por Débora Landsberg
Suspensão de 
descrença: termo cunhado 
em 1815 por Samuel Taylor 
Coleridge, em seu livro 
Biographia Literaria, a partir 
da ideia de “desejo de 
suspender a descrença”.
 NúMERo 11 • JULHo/2018
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Minha primeira percepção do quanto pode ser 
complicado traduzir um livro de ficção que mergulhe 
em um campo técnico foi como leitora, ao me deliciar 
com a obra Pastoral americana, de Philip Roth, pelas 
mãos de Rubens Figueiredo (Companhia das Letras). 
Um dos personagens tem uma fábrica de luvas e 
às vezes se detém nas minúcias de sua produção. 
Não sei se foi o caso, mas Rubens pode ter feito 
uma visita a uma fábrica de luvas ou arrumado um 
consultor da área. Talvez tenha se munido de livros 
extremamente técnicos sobre a fabricação dessas 
peças. De qualquer forma, esse conhecimento tão 
específico adquirido pelo tradutor pode ter rendido 
boas conversas ou caído no esquecimento, pois é 
claro que Rubens não poderia se especializar em 
tradução de ficção com luvas, senão trabalharia 
uma vez a cada vinte anos, se tanto.
É bastante comum que tradutores técnicos 
comecem a carreira aceitando textos sobre qualquer 
assunto (ou quase) e, com o tempo, se especializem 
em certas áreas. Para um tradutor que tivesse entre 
suas áreas de conhecimento a fabricação de luvas — 
para me ater ao caso citado —, os termos técnicos que 
aparecem no livro de Roth provavelmente fariam parte 
de seu vocabulário básico, mas imagino que para 
Figueiredo eles tenham sido um pequeno suplício. 
Entretanto, como bom tradutor literário, ele não poderia 
negligenciar a relevância deles para a construção do 
personagem e a atmosfera do romance. 
Um caso à parte que me ocorre é o de Roberto 
Muggiati, responsável pela tradução de diversas 
obras ligadas à Era do Jazz e à música como um 
todo. Trouxe ao português, por exemplo, O grande 
Gatsby, No fundo de um sonho, livro sobre Chet 
Baker, e Saindo da sarjeta, autobiografia de Charles 
Mingus. Segundo a pequena ficha biográfica que 
consta do site da Editora Record, ele é saxofonista de 
jazz. Sua facilidade nessa área explica a quantidade 
de obras ligadas ao tema que tem em seu currículo. 
Uma das minhas experiências mais marcantes com 
jargões em obras literárias foi relacionada ao tênis. Em 
Dupla falta, de Lionel Shriver (Intrínseca), a personagem 
principal não só é tenista como faz do esporte sua vida. 
Na época, eu não conhecia nada de tênis. Não sabia 
nem o que era uma dupla falta. Comprei um livrinho 
que explicava as regras do esporte e contava com um 
glossário. Também, é claro, me postei na frente da tevê 
para assistir a uma partida e fazer anotações. Acontece 
que algumas partidas duram horas e horas. Essa foi 
uma delas. Dormi profundamente, achando aquilo 
tudo um tédio. Hoje, ironia do destino, acompanho 
o circuito entusiasticamente, tenho meus jogadores 
e torneios preferidos e provavelmente traduziria os 
termos técnicos de Dupla falta sem precisar recorrer 
nem ao Google.
Petê Rissatti também já enfrentou alguns desses 
pepinos: no livro O pescoço da girafa, da escritora 
alemã Judith Schalansky (Alfaguara), “a protagonista 
é uma professora de ensino fundamental e bióloga de 
formação, então o livro é coalhado de comparações 
teórico-biológicas, antropológicas, técnico-
científicas. Além da gigantesca pesquisa feita a 
cada página, também contei com a ajuda de colegas 
biólogos e químicos para desvendar as metáforas 
científicas que a autora criou. Outro livro para o qual 
também precisei recorrer a um colega foi Der Fall 
Collini (O caso Collini), de Ferdinand von Schirach, 
ainda não publicado. É um ‘romance de tribunal’, 
METÁFRASE – REVISTA DA ABRATES
14
e, mesmo sendo o direito brasileiro semelhante ao 
direito alemão, pois aquele foi inspirado no direito 
romano e neste último, há muitos dispositivos e 
instituições diferentes. Recorri a um amigo tradutor 
formado em direito para que chegássemos juntos a 
alguns dispositivos que fossem semelhantes, ou ao 
menos existissem no Brasil, que foram usados pelo 
autor, que é jurista também. Foram horas de conversa 
via Skype para que chegássemos a um bom termo 
quanto aos diversos pontos nebulosos para mim, que 
passei grande parte da vida profissional traduzindo 
contratos e acordos comerciais”.
Tudo isso para dizer uma obviedade que, pelo 
que tenho escutado ultimamente, tanto de editores 
como de copidesques, não é tão óbvia assim: um 
bom tradutor tem que pesquisar. Deixar o abacaxi 
para o copidesque/preparador de texto descascar 
não é uma atitude profissional, justa ou inteligente. 
Em primeiro lugar porque você pode até achar seu 
prazo curto, mas o copidesque terá ainda menos 
tempo para entregar o trabalho. Imagine, então, que 
o tempo gasto pesquisando termos que já deveriam 
estar traduzidos é o tempo que ele usaria para corrigir 
enganos e desatenções que podem comprometer o 
trabalho (e a reputação) do tradutor quando a obra 
estiver nas livrarias. Em segundo porque o tradutor é 
sempre o profissional mais apto a encontrar uma boa 
solução para os termos técnicos, afinal, é ele que está 
mergulhado no livro e sabe quais termos são ou não são 
condizentes com o contexto. O tradutor é quem deve 
calibrar a tecnicidade dos termos no texto traduzido a 
fim de garantir que causem no leitor brasileiro a mesma 
sensação que provocavam no leitor do original. Em 
terceiro lugar porque o copidesque ficará desconfiado 
de tudo o que você escreveu. Pode ser, portanto, que 
muitas de suas sacadas sejam desconsideradas. Em 
suma, você não terá no copidesque um aliado para 
aprimorar seu texto.
Para não atiçar a fúria do copidesque, Petê dá a 
receita: “sempre procurei gente mais afeita aos 
assuntos que eu, além de fazer a minha lição de 
casa: pesquisar à exaustão, tirar dúvidas, levantar 
lebres, escarafunchar a internet e outros recursos 
disponíveis. No entanto, a ajuda desses profissionais 
foi imprescindível para me manter no papel desejado 
de ‘tradutor ilusionista’, como preconiza o teórico Jiří 
Levý em The Art of Translation. Sem eles, certamente 
eu teria me brechtianizado e quebrado a quarta 
parede da tradução para muitos leitores iniciados 
nessas áreas distintas”. 
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METÁFRASE – REVISTA DA ABRATES
16
U
m dos tipos de tradução que vêm suscitando 
cada vez mais interesse, tanto do público em 
geral quanto dos profissionais, é a tradução 
audiovisual. Afinal, o contato com materiais audiovisuais 
é cada vez maior na sociedade de hoje, e muitos 
espectadores precisam das várias modalidades desse 
tipo de tradução para conseguir acompanhá-los.
Os No entanto, nem todo esse interesse é muito 
positivo. Profissionais da área têm reclamado 
muito da falta de informação e de valorização de 
seu trabalho, o que acaba gerando críticas nem 
sempre bem fundamentadas e remuneração baixa, 
permitindo que traduções de pouca qualidade 
acabem chegando aos espectadores.
Por isso, resolvemos abrir um espaço para 
essa área que vem crescendo exponencialmente e 
atraindo tanta gente. Nossa proposta é apresentar 
aqui um pouco dessas práticas e criar um bom 
a tradUção 
aUdiovisUal
Uma área que cresce a passos largos, a tradução audiovisual é uma modalidade 
de tradução que vai muito além da tradução de legendas e da dublagem.
Por Carolina Selvatici
CaPa
 NúMERo 11 • JULHo/2018
17
ambiente para a discussão das questões relativas à 
tradução audiovisual.
mas, afinal, o que é a tradução 
audiovisual?
Inicialmente, a tradução audiovisual, ou TAV, era 
usada para descrever toda e qualquer prática de 
tradução de produtos audiovisuais — os materiais 
exibidos no cinema, na TV, em VHS ou em DVD. 
Em geral, para que uma modalidade fosse incluída 
na área, era apenas necessário que a língua-meta 
e a língua-fonte fossem diferentes, mas não que a 
prática fosse exclusiva do meio audiovisual. Nesse 
sentido, muitos consideravam, por exemplo, a 
interpretação simultânea de programas audiovisuais 
como um estilo de TAV.
Hoje, ainda não existe um consenso absoluto, e 
é possível encontrar vários trabalhos acadêmicos 
recentes justificando a inclusão ou a exclusão 
de uma ou outra prática da área, mas, em geral, 
são consideradas práticas de TAV apenas as que 
são exclusivas do meio audiovisual, mesmo que 
intralinguísticas. Com isso, além das modalidades 
mais conhecidas do público — a legendagem 
e a dublagem — , hoje também são incluídas 
nesse campo práticas de acessibilidade, como 
a legenda fechada e a audiodescrição. Por outro 
lado, modalidades como a interpretação para 
a língua de sinais acabam sendo estudadas 
por outros campos da tradução, por não serem 
exclusivas do meio audiovisual.
Claro, tudo isso é discutível e cada profissional 
tem uma percepção específica sobre seu campo 
de trabalho e estudo, mas, para tentar organizar 
um pouco as ideias dentro do espaço reduzido 
desta matéria, vamos nos ater às práticas que duas 
grandes estudiosas da área, Vera Santiago Araújo 
e Eliana Franco, estabeleceram em um artigo de 
2011, e nos concentrar na legendagem — aberta e 
fechada — , na dublagem e na audiodescrição como 
as modalidades específicas da tradução audiovisual.1
dublagem X legendagem
Sem dúvida, a dublagem e a legendagem para 
ouvintes são as práticas de TAV mais conhecidas 
do público em geral. Elas estão disponíveis em 
praticamente todo o conteúdo audiovisual presente 
no mercado hoje e foram as primeiras modalidades 
oferecidas para pessoas que não conseguiam ter 
acesso a esses produtos. 
No entanto, o fato de serem facilmente reconhecidas 
não significa que os espectadores — e mesmo os 
profissionais de outras áreas da tradução — conheçam 
suas especificidades. “Muitos se perguntam o motivo 
de as traduções para dublagem e para legendas serem 
tão divergentes. Para começar, são modalidades 
que envolvem pressupostos e objetivos diferentes. A 
1 FRANCO, E. P. C.; ARAÚJO, V. L. S. “Questões 
terminológico-conceituais no campo da tradução 
audiovisual (TAV)”. Tradução em Revista, n. 11, 2011/12.
METÁFRASE – REVISTA DA ABRATES
18
dublagem é uma modalidade oral, o que faz com que 
a tradução tenha como meta simular a nossa forma de 
comunicação; logo, as falas não podem ser tão presas 
à língua padrão, algo que costuma ser mais recorrente 
na legendagem. (...) O texto da legendagem será lido, 
e não ouvido pelo público, justamente por ser uma 
modalidade escrita”, diz Paulo Noriega, tradutor e 
autor do blog Traduzindo a Dublagem . Além disso, “a 
diferença entre a legendagem e a dublagem também 
ocorre porque, na maioria dos casos, são fornecedores 
distintos que realizam a tradução para dublagem 
e para legendas. Isso significa que, muitas vezes, o 
tradutor responsável pela dublagem não será o mesmo 
pela legendagem. É por isso que o telespectador 
vê tantas diferenças ao realizar a comparação entre 
essas modalidades, principalmente no que se refere 
às soluções tradutórias”, afirma Paulo.
Na verdade, tanto a legendagem quanto a dublagem 
têm regras muito específicas. Por exemplo, na dublagem, 
segundo uma das principais tradutoras do mercado, 
Dilma Machado, é preciso respeitar quem fala, quando 
e onde, e pensar em três tipos de sincronismo: o labial, 
o cinético — relativo ao movimento dos personagens 
— e o isocronismo, relativo ao tamanho da fala. “O 
mercado não perdoa o tradutor não saber dessas 
regras e fazer uma tradução que chamamos de dura, 
sem adaptações de trocadilhos, piadas, expressões 
idiomáticas e sincronismo, enfim, todas as regras já 
citadas”, afirma ela.
Paulo concorda: “Acredito que a principal 
característica do tradutor para dublagem é a 
capacidade de dominar a oralidade da língua 
portuguesa na sua totalidade, permeando todos 
os registros de fala: do presidente ao traficante, da 
rainha ao plebeu. (...) O bom tradutor está sempre 
atento ao que acontece em todos os planos das 
cenas e precisa inserir diversas sinalizações como 
os vozerios, as reações e os letreiros”.
No caso da legendagem, uma modalidade de 
tradução escrita, as regras têm menos a ver com a 
oralidade e mais com a velocidade de leitura dos 
espectadores: os profissionais trabalham o tempo 
todo com um número máximo de caracteres por linha 
de legenda e por segundo de exibição. “O tradutor de 
legendas pena para encontrar a forma mais resumida 
de passar uma ideia sem esquartejar a gramática e se 
afastar demais da fala original”, diz Sabrina Martinez, 
tradutora e professora de tradução para legendas. 
Por isso, ele “tem que ter noções de edição de vídeo 
e de ritmo, para dividir bem as legendas e respeitar 
as pausas no discurso das personagens, e muita 
habilidade para o resumo”, explica ela. 
Outra grande diferença é que muitas empresas 
de legendagem exigem que o tradutor saiba 
“timear” os vídeos, ou seja, marcar o tempo de 
entrada e saída das legendas. Para isso, segundo 
a tradutora, professora de tradução e dubladora 
Isa Carvalho, é importante que o tradutor tenha 
uma formação especifica na área e saiba usar os 
softwares de marcação. Caso o profissional trabalhe 
com legendagem eletrônica, a exibida em festivais, 
teatros e óperas, o conhecimento é ainda mais 
especializado: o tradutor deve ser capaz de fazer 
a legendagem “ao vivo, com um operador no local 
e equipamentos e software específicos”, afirma Isa.
A necessidade de formação específica é, inclusive, 
uma das poucas coisas que as duas áreas têm em 
comum. “Um bom professor/tradutor que atue nesse 
 NúMERo 11 • JULHo/2018
19
segmento pode passar dicas preciosas para os alunos 
entenderem mais rapidamente como a dublagem secomporta e (quais são) as expectativas dos estúdios 
de dublagem, além de também passar informações 
atualizadas sobre as tendências do mercado”, diz Paulo. 
Fabiana Barúqui, tradutora para legendas com mais de 
dez anos de mercado, concorda: “Não é necessário 
ter uma formação acadêmica como, por exemplo, em 
Letras, mas é imprescindível saber usar um software de 
legendagem e saber as regras do jogo”.
Fabiana também lembra outro ponto em comum: as 
duas áreas têm que lidar com manuais bastante rígidos 
dos clientes. “Muitos proíbem o uso de palavrões, 
contrações e até de gírias. (...) Traduzir cenas de sexo 
e de brigas, em que ocorrem trocas de termos chulos, 
é sempre muito complicado, pois a suavização das 
palavras pode acabar ficando cômica”.
O terceiro ponto em comum é excelente: o 
mercado de ambas as modalidades está crescendo 
muito. “Está crescendo demais, principalmente 
graças aos serviços de video on demand. Além da 
Netflix, o volume de legendagem para o português da 
Amazon começa a aumentar e há outros concorrentes 
surgindo”, afirma Sabrina, antes de completar que 
é importante também lembrar que o mercado não 
se resume ao mercado de entretenimento: “Com a 
importância cada vez maior do conteúdo em vídeo 
na sociedade, vídeos corporativos e de treinamento, 
legendagem intralinguística, conteúdo educativo, 
palestras motivacionais e vários outros nichos podem 
ser explorados pelos tradutores de legendas”.
Paulo concorda: “Para citar os principais sinais, 
temos os lançamentos das principais produções 
audiovisuais no cinema com cópias dubladas e 
o respectivo aumento das sessões dubladas; o 
aumento da programação dublada nos canais da TV 
fechada por assinatura; e o nascimento da Netflix e 
da Amazon Prime Video, as novas queridinhas do 
momento, que vêm apostando na dublagem de boa 
parte de seus catálogos. Além de tudo isso, outra 
prova da efervescência desse ramo é o surgimento 
de outras praças de dublagem pelo Brasil, como em 
Curitiba, Belo Horizonte e Campinas”.
O crescimento, no entanto, acabou trazendo 
algumas questões. Os prazos, antes já curtos, têm 
sido ainda mais reduzidos. “É um mercado muito 
acelerado, que funciona sob demanda, e a dublagem 
envolve diversos profissionais que precisam dar tudo 
de si em tempo recorde”, diz Paulo. “O que é mais um 
motivo para ter um tradutor capacitado. Traduzir mal 
e rápido não é uma boa combinação”, lembra Dilma.
Para Isa, mais do que tudo, o importante é saber 
se organizar: “Às vezes, você olha o script e diz: ‘Esse 
é fácil, faço em um dia’, e quando vê, esse script está 
cheio de citações históricas ou da Bíblia, poemas, 
linguagem científica, jurídica etc. Aí você precisa parar 
a cada 10 minutos para pesquisar uma palavra, um 
termo específico ou uma tradução já consagrada que 
não deve ser reinventada por você ali. (...) Então, o 
conselho que dou é o de analisar bem o material, não 
só o tamanho do script ou a duração do filme, mas 
atentar para o conteúdo”, afirma ela. 
O grande volume de trabalho também acabou 
afetando os valores pagos pelo mercado. “Isso 
acabou atraindo mais profissionais (e), claro, quanto 
mais gente disponível para realizar o serviço, mais 
os valores precisam ser negociados”, diz Isa. Mas, 
para Fabiana, ainda é um processo que pode 
METÁFRASE – REVISTA DA ABRATES
20
ser revertido com uma maior conscientização. 
“Muitos acham que se trata de algo automático e 
desconhecem todas as etapas que esse processo 
envolve, exigindo prazos impraticáveis e oferecendo 
preços ridículos. Cabe ao tradutor valorizar seu 
trabalho e não permitir que essa canibalização 
ocorra. Existem clientes conscientes que oferecem 
prazos e valores justos”, diz ela.
Já a velha rixa entre as duas modalidades, para 
os profissionais, é assunto ultrapassado. “Quem 
geralmente critica a dublagem é um grupo minoritário 
e privilegiado de brasileiros, (pois) apenas 5% da 
população fala inglês fluente. (...) Na minha opinião, 
todos têm direito de escolher o que preferem”, 
afirma Dilma. Fabiana concorda e completa: “Não 
é justo substituir uma coisa pela outra e uma forma 
de tradução não é melhor do que a outra. Cabe ao 
espectador escolher o que é melhor para ele, por 
isso é essencial que o mercado tenha a opção 
desses dois serviços, e com qualidade”.
as modalidades de acessibilidade
Apesar de a legendagem e a dublagem facilitarem 
o acesso da maioria das pessoas à grande parte do 
material audiovisual disponível no mercado e trazerem 
diversos benefícios para a população em geral, alguns 
grupos, por muito tempo, ainda ficaram isolados da 
recepção de eventos audiovisuais e das informações 
provindas desses meios. Por isso, há algumas décadas, 
vários movimentos surgiram para buscar a criação de 
produtos que visavam a uma maior acessibilidade 
dos meios de comunicação. Entre eles, estavam a 
legenda fechada para surdos e ensurdecidos (LFSE) 
e a audiodescrição.
É importante lembrar que, apesar de certas 
semelhanças, essas duas modalidades são 
muito diferentes da dublagem e da legendagem. 
A LFSE pode ser feita previamente ou ao vivo e 
ser interlingual ou intralingual, ou seja, trabalhar 
com duas línguas diferentes ou apenas uma. Ela 
é mais detalhada que as legendas para ouvintes 
e usa medidas como o posicionamento diferente 
de legendas e a transcrição de informações não 
literais — músicas e ruídos, por exemplo — para 
facilitar o entendimento do espectador surdo.2
Já a audiodescrição também pode ser gravada 
ou simultânea e é a descrição de elementos de 
um material audiovisual, como cenários, figurinos, 
expressões faciais e linguagem corporal, para facilitar 
o entendimento do público cego. Além disso, por ser 
inserida entre os diálogos do produto audiovisual e 
não os substituir, não deve ser confundida com um 
tipo de dublagem.
No entanto, claro, há semelhanças. Assim 
como na dublagem e na legendagem, ambos os 
2 SELVATICI, C. Closed caption: conquistas e questões. Rio 
de Janeiro, 2010. Dissertação (Mestrado em Letras — 
Estudos da Linguagem). Pontifícia Universidade Católica do 
Rio de Janeiro.
 NúMERo 11 • JULHo/2018
21
profissionais da LFSE quanto da audiodescrição 
têm que conhecer bem a linguagem do material 
audiovisual e ter grande poder de síntese. Isso 
porque, na LFSE, o número de caracteres por 
segundo usado às vezes é ainda menor do que 
nas legendas para ouvintes, para se adaptar a 
grupos da comunidade surda com uma velocidade 
de leitura muito baixa3. E, na audiodescrição, 
“como as unidades descritivas são inseridas 
nos intervalos dos diálogos, na maior parte dos 
produtos, os tempos disponíveis para descrição 
são curtos”, explica a audiodescritora e professora 
Larissa Costa.
Outra característica semelhante entre os 
profissionais dessas duas modalidades e das 
duas anteriores é a capacidade de trabalhar com 
prazos bastante curtos e, às vezes, com poucos 
materiais de apoio. “O ideal seria que o contratante 
fornecesse o roteiro do material audiovisual, 
pois as rubricas do texto auxiliam nas escolhas 
tradutórias (...), assim como também esclarecem 
dúvidas”, diz Larissa.
A formação específica também é uma exigência 
para as duas modalidades. A audiodescrição, por 
exemplo, é uma atividade regulamentada. “Para 
ser audiodescritor é necessário ter certificação 
em curso de aperfeiçoamento ou especialização 
em Audiodescrição devidamente registrado 
e reconhecido pelo Ministério da Educação, 
possuir diploma revalidado e registrado no país 
de instituições estrangeiras de ensino superior de 
audiodescrição (...) ou ter comprovado exercício 
da profissão por período superior a três anos até 
a data da publicação da lei caso o profissional 
tenha curso superior”, diz Larissa. Já para a 
criação de legendas fechadas, não existe uma 
regulamentação, mas, assim como para produzir 
as legendas para ouvintes, o profissionaldeve 
conhecer softwares específicos e as normas de 
produção — nesse caso, não estabelecidas 
pelos clientes, mas pela ABNT.
Aliás, um fato interesse é que ambas as 
modalidades, apesar de já estarem presentes 
no Brasil desde a década de 1990, se tornaram 
obrigatórias em 2006, com a promulgação da Lei 
10.098, conhecida como Lei da Acessibilidade. 
Segundo ela, até 2019, toda a programação 
audiovisual brasileira terá que oferecer legendas 
fechadas, audiodescrição e janela de Libras, o 
que vem ampliando em muito o mercado para 
profissionais.4 Mas o interessante é que não são 
só a TV e os produtos audiovisuais financiados 
por instituições públicas que vêm procurando 
cada vez mais os recursos. “A acessibilidade nos 
cinemas e nos teatros também vem se ampliando. 
É possível que nos próximos anos estabilize, 
mas, por enquanto, a demanda ainda está em 
crescimento”, diz Larissa. 
Ou seja, não importa a modalidade que você 
escolha, a tendência do mercado de tradução 
audiovisual é de crescimento — especialmente 
para pessoas bem formadas. O importante 
agora é, sobretudo, que todas as práticas sejam 
valorizadas, afinal, cada uma traz uma contribuição 
3 CHAVES, E. G. (2012). Legendagem para surdos e 
ensurdecidos: um estudo baseado em corpus da 
segmentação nas legendas de filmes brasileiros em DVD. 
Dissertação de Mestrado — Programa em Pós-Graduação 
em Linguística Aplicada, Universidade Estadual do Ceará, 
Fortaleza-CE.
METÁFRASE – REVISTA DA ABRATES
22
específica para a sociedade. “Existem inúmeros 
estudos que comprovam que a legendagem ajuda 
muito na alfabetização e na aquisição de línguas 
estrangeiras. (...) Em Portugal, por exemplo, onde ela 
é a modalidade adotada há décadas, inclusive na 
TV aberta, nota-se uma facilidade muito grande das 
pessoas para línguas estrangeiras, principalmente 
o inglês, por motivos óbvios. E atribui-se ao menos 
parte dessa desenvoltura ao fato de o conteúdo 
audiovisual ser exibido no original com legendas”, 
afirma Sabrina. Paulo concorda e lembra: “Há grupos 
que necessitam da dublagem em nosso país, como, 
por exemplo, os analfabetos e analfabetos funcionais. 
Só através da dublagem esses grupos poderão 
desfrutar das produções audiovisuais estrangeiras”. 
Assim, investir em todas as modalidades de 
tradução é essencial. “As pessoas têm que poder 
escolher ao que querem assistir pelo interesse no 
material e não pela disponibilidade da acessibilidade”, 
afirma Larissa. 
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e esta coluna pode parecer não ter relação com o tema da produtividade em si, mas certamente aborda um assunto relacionado: como atrair 
mais projetos, manter-se ocupado e (por que não?) 
aumentar sua produtividade e rendimento financeiro.
Uma das respostas mais certeiras para esse 
questionamento é participar de eventos profissionais 
e interagir com colegas.
Comecei a participar de congressos de tradução 
em 2009, quando a Associação Americana de
Tradutores (ATA) comemorou 50 anos. O evento 
foi em Nova York, o que representou uma ótima 
oportunidade para visitar a cidade, conhecer quem 
trabalha no mesmo ramo que eu e aprender com a 
experiência de palestrantes e colegas de profissão 
com quem poderia interagir pessoalmente.
Desde então, tenho participado de eventos como 
esse regularmente, inclusive o realizado anualmente 
BiZ
Como o NetwoRkiNg 
RealmeNte fuNCioNa
Programe-se, prepare-se e se lance aos eventos de tradução 
sem medo, pois o retorno é certo 
Por Rafa Lombardino
METÁFRASE – REVISTA DA ABRATES
26
pela ABRATES. Infelizmente, só consegui participar 
da edição de 2015, pois existe muita logística 
envolvida na viagem para o Brasil e o cronograma 
familiar em uma época marcada pelo fim do ano 
letivo nos EUA e pelos torneios de futebol do clube 
onde a minha filha joga. De qualquer maneira, o 
investimento de tempo e dinheiro de 2015 continua 
rendendo muitos frutos ótimos.
Sempre aprendo demais nesses congressos 
profissionais, seja quando me preparo para fazer 
alguma palestra ou quando ouço o que os colegas têm 
para compartilhar. Acredito que, neste nosso ramo, 
podemos aprender muito com as experiências alheias, 
porque não passamos por todas as situações durante 
nossa carreira. Aprender uma lição sem ter que passar 
por dificuldades ou ver um problema existente por 
outro ângulo é algo realmente revigorante.
Além disso, é motivo de alegria e satisfação 
imensas (pelo menos para mim) compartilhar um 
pouco do que fazemos e conquistamos para que 
outras pessoas também possam integrar suas 
experiências à vida profissional delas.
A cereja do bolo também é a possibilidade de 
fazer grandes amigos nesses eventos, mantendo 
contato virtual entre um congresso e outro, apesar 
da distância. Esta se torna a sua rede de apoio: 
pessoas com quem você pode trabalhar em um 
projeto grande ou a quem pode recorrer se ficar 
encafifado numa tradução e precisar de um novo 
olhar para reformular a frase.
Quem acredita que conhecer outros tradutores 
é inútil realmente não compreende esta ideia de 
comunidade, de pertencer a um grupo grande de 
pessoas que passam pelo mesmo que você. Ao se dar 
conta disso, você para de olhar para outros tradutores 
como concorrentes; você os vê como colegas.
Para falar a verdade, tenho muitos amigos 
tradutores que pediram ajuda quando não podiam 
pegar um projeto sozinhos. Outros simplesmente me 
recomendam para clientes em potencial porque não 
têm familiaridade com o assunto do projeto. Em outras 
palavras, a visibilidade que um congresso de tradução 
proporciona para um profissional é algo realmente 
valioso, pois os colegas de profissão acabam 
descobrindo o que você faz bem e não hesitam em 
recomendar os seus serviços para outras pessoas. 
Em contrapartida, eu também contratei alguns 
desses amigos para trabalhar comigo quando não 
pude encaixar um projeto na agenda ou quando 
sabia que os conhecimentos e experiências deles me 
ajudariam a tocar o barco de um projeto grande, porém 
com um prazo um pouco apertado. Assim, conhecendo 
os pontos fortes dos colegas, não tenho receio algum 
em trabalhar com eles lado a lado, compartilhando 
terminologias e memórias de tradução, para fazermos 
um bom trabalho a quatro (seis ou até oito) mãos. A 
sensação final é sempre de dever cumprido!
Falando de agenda cheia, eu sei bem que 
sempre é um desafio abrir espaço para esses 
eventos que envolvem viagem. A maioria de nós é 
tradutor em tempo integral, sempre tem um projeto 
atrás do outro, sempre tem um prazo ali virando a 
esquina. Mas faz um bem enorme para a sanidade 
mental e o desenvolvimento profissional tirar uma 
semana de folga, se distanciar e aproveitar para 
apertar o botão "reiniciar", mudando de marcha e, 
em vez de traduzir o tempo todo, sentar-se para 
ouvir, compartilhar e crescer. 
 NúMERo 11 • JULHo/2018
27
e Esta é a primeira coluna após o 9º Congresso Internacional da ABRATES. Tomara que tenha sido proveitoso para todos os que lá 
estiveram e que tenha despertado uma incontrolável 
vontade de comparecer ao próximo congresso.
mercado de tradução automática
De acordo com a CAGR (Taxa Composta de 
Crescimento Anual), estima-se que a tradução 
automática, no período entre 2018 e 2023, atinja o 
valor de mercado de quase um bilhão de dólares. 
Isso representa incremento de 20,42% sobre 2017!
O que demonstra que, mesmo em meio à crise 
financeira por aí, especialmenteno Brasil, o mercado 
está aquecido e tem demanda.
Considerando o que foi dito acima, talvez seja 
um bom momento para pensar se é saudável tratar a 
tradução automática (ou tradução por máquina) como 
vilã ou, quem sabe, conhecer mais a esse respeito, 
estudar, analisar, usar (dentro de seu próprio ambiente 
a tRadução PoR máquiNa 
é uma Realidade
Não adianta fugir: a tradução por máquina é uma realidade. Nesta coluna, 
vamos aprender algumas siglas importantes para quem quer se inteirar das 
novas tecnologias a serviço da tradução
BiS
Por Sidney Barros Jr.
METÁFRASE – REVISTA DA ABRATES
28
controlado) e conquistar maior presença no mercado. 
Afinal, quando se fala de algumas dezenas de bilhões 
de dólares, todos querem seu quinhão, certo?
ia — dl — ml — Nmt e a sopa de 
letrinhas da tecnologia
O desenvolvimento da tradução automática 
tem trazido consigo o uso de Inteligência Artificial, 
Machine Learning e Deep Learning (este último 
trata de Redes Neurais Artificiais Profundas). São 
novos estudos e usos, não apenas algoritmos, que 
têm dado grande poder de fogo para sistemas que 
já foram motivo de chacota por confundir, em um 
exemplo muito simplista, table (mesa em inglês) 
com table (tabela em inglês). Inteligência Artificial, 
Machine Learning e Deep Learning aprendem, 
entendem e identificam contexto nos dias atuais. E 
todos sabem: se falta contexto, é caos no texto!
De todo modo, os avanços tecnológicos com 
base na linguística estão entre nós e são um fato.
É como a história do carro com carburador que 
evoluiu para injeção eletrônica e que depois passou 
a contar com diversas tecnologias usadas cada vez 
mais, até chegar aos carros autônomos. Verdadeiras 
máquinas de pensar. Ou mesmo das fitas VHS que 
evoluíram para transmissões de vídeo (streaming) 
com IA e ML que identificam cada perfil e sugerem 
séries e filmes, agradando assim os olhos dentro 
de suas preferências. Novamente, máquinas que 
pensam (ainda que alguns digam que seja apenas 
referência cruzada, mas vai além).
É claro que, a despeito de toda a velocidade da 
tecnologia e do uso deste aprendizado, há nuanças que 
ainda exigem, digamos, um toque quase artístico dos 
profissionais de tradução (o que não cabe exatamente 
dentro do mercado good is good enough, onde 
qualquer sistema on-line de tradução, seja automática 
gratuita ou humana, resolve — ou quase). O mercado 
premium ainda exige ótimos profissionais. Mesmo com 
suas memórias de tradução, sistemas de correção 
gramatical etc. (por exemplo, um ecossistema que 
traduz de forma muito parecida com a sua, pois 
aprendeu com seus textos, com riqueza de detalhes 
— ou seja IA+ML+DL), as inovações tecnológicas 
representam grande auxílio de forma muito satisfatória.
Olhando por este prisma, não seria hora de 
ver com outros olhos as inevitáveis inovações 
tecnológicas que estão por aí? Mesmo que seja 
para conhecer e concluir que elas não servem em 
nada para seu mercado ou tipo de tradução (ou não, 
como diria aquele famoso cantor baiano).
Aliás, as gigantes Microsoft e Google, além de 
outras empresas de ponta, disponibilizam cursos 
on-line, alguns gratuitos, sobre Inteligência Artificial 
e mais uns outros sabores. 
E lembra que falamos sobre a velocidade da 
tecnologia? Pois bem, até mesmo o trio IA+ML+DL 
tende a ficar para trás com a chegada da NMT (Neural 
Machine Translation, ou Tradução de Máquina Neural). 
A NMT faz uso deste trio, mas com alguns outros 
temperos e condimentos. Praticamente uma tradução 
automática anabolizada! Essa é uma boa razão para 
conhecer o que está chegando no mercado onde 
tradutores humanos têm feito a diferença por séculos! 
Um dos maiores sites de pesquisa e reserva de hotéis 
no mundo, o Booking.com, faz uso de NMT (em 
conjunto com tradutores humanos para que haja ótimo 
controle da qualidade de seus textos).
 NúMERo 11 • JULHo/2018
29
Vivemos em um mundo onde o tempo aparentemente 
tem se tornado tão escasso quanto os recursos 
renováveis. Tudo acontece em uma velocidade quase 
brutal! Sem o hábito da leitura diária e o conhecimento 
do que acontece no mundo (em vários setores), nos 
perderíamos facilmente da noite para o dia. Pensemos 
que dez anos atrás uma geladeira não contava com 
uma tela sensível ao toque, conexão com a internet 
e um sistema capaz de nos avisar da falta de algum 
produto por lá ou que há produtos vencidos ou perto 
de vencer. Com IA+ML+IoT (IoT = Internet das coisas), 
há geladeiras que fazem pedidos de produtos, 
considerando o perfil de consumo e o inventário destes 
em seu interior. Lembra quando um telefone móvel era 
apenas um telefone móvel? Pois é!
Dados colhidos pela internet, em grandes portais 
especializados, dão conta de que o mercado de 
aplicativos para dispositivos móveis e o de games 
estão em franco crescimento. Todos os dias surgem 
novas fábricas de aplicativos com novos materiais 
e muitas palavras. E, com isso, há uma grande 
soma que aguarda quem possa prover serviços de 
qualidade e receber regiamente por isso.
Em resumo, entre aqueles que estão alarmados 
e preocupados com o fim de nossa profissão, 
os que estão mudando de profissão ou área, há 
também quem esteja aprendendo sobre estes 
sistemas, a despeito do pensamento de alguns de 
que nem tudo pode ser quantificado e transformado 
em matemática ou algoritmo (o que não é bem 
assim, pois matemática é em si uma linguagem), 
os profissionais de tradução têm conhecimento 
acadêmico e empírico sobre uma infinidade de 
detalhes, assuntos e meios. Esse imenso mar de 
conhecimento, mesmo com toda a velocidade da 
tecnologia, levará um tempo para ser reconhecido, 
desvendado, extraído, processado e aplicado em 
máquinas e redes neurais artificiais. A ver. E você? 
O que acha?
Até a próxima! 
Objetivo do programa e pré-requisitos
O programa tem por objetivo orientar profissionais 
com até dois anos de experiência ou estudantes do 
último ano dos cursos de Tradução, Interpretação ou 
Letras, sobre aspectos práticos do mercado, durante 
um período de seis meses, por um mínimo de doze 
horas no total.
Criado a partir de programas semelhantes pelo 
mundo, o “Caminho das Pedras” veio para 
atender a antiga demanda do ofício, onde várias 
perguntas ficaram muito tempo sem resposta 
e muitos levaram um bom tempo até entender 
certas nuanças profissionais.
Acompanhe nas redes sociais: 
facebook.com/mentoriaAbrates 
Twitter: @AbratesMentoria
Como ingressar no programa
A admissão se dá por processo seletivo, com ficha 
de inscrição, pedidos de dados dos candidatos, 
além de redação. Lembrando que é obrigatório 
que os candidatos sejam associados da ABRATES, 
estejam com suas obrigações em dia e não tenham 
experiência profissional superior a dois anos.
As fichas serão analisadas pelo Comitê de 
Coordenação da Mentoria, e os pares são 
formados mediante o aceite dos mentores 
disponíveis. O programa é o resultado do esforço 
dos diversos profissionais altamente experientes 
nas áreas de tradução e/ou de interpretação, 
que estão sempre dispostos a ajudar no que for 
possível para o aprimoramento daqueles que 
desejam abraçar a profissão.
Se você se encaixa nos pré-requisitos de admissão, 
associe-se à ABRATES e inscreva-se para a seleção 
do Programa de Mentoria “Caminho das Pedras”.
programa de 
MENTORIA 
caminho das pedras
COMO FUNCIONA O PROGRAMA 
DE MENTORIA DA ABRATES?
 NúMERo 11 • JULHo/2018
31
ANOTE NA AGENDA
JULHO
19 Complex Grammar Cases in 
Javascript
 The International Multilingual 
User Group (IMUG)
 Menlo Park, Califórnia EUA
agOstO
24 — 26 translation forum russia
 Business Bureau of the 
Association of Interpreters
 Ekaterinburg, Rússia
sEtEMBRO
03 — 07 3rd international translation 
technology summer school
 KU Leuven
 Antuérpia, Bélgica
04 — 07 Content marketing World
 Content Marketing Institute
 Cleveland, Ohio EUA
fique por dentro das datas de alguns 
dos eventos da áreanos próximos meses.
EVEnToS
10 — 12 42nd internationalization & 
Unicode Conference (iUC42)
 Object Management Group
 Santa Clara, Califórnia EUA
13 — 14 nd focus – elia's focus on 
project management
 Elia (European Language 
Industry Association)
 Porto, Portugal
15 slam!
 Scandinavian Language 
Association
 Malmö, Suécia
17 — 18 Xtm live
 XTM International
 Boston, Massachusetts EUA
20 — 22 atC language industry 
summit 2018
 Association of Translation 
Companies
 Cardiff, Reino Unido
Fonte: https://multilingual.com/events/
https://multilingual.com/events/
Somos a ABRATES, Associação Brasileira de Tradutores e Intérpretes, associação sem fins lucrativos e administrada por tradutores/intérpretes voluntários, fundada 
no Rio de Janeiro, nos anos 70. Promovemos cursos, eventos e fomentamos a troca de conhecimento e contatos entre colegas e/ou instituições e agências. Através 
da ponte que estabelecemos flui o conhecimento e é feito o networking, mudando carreiras e vidas. 
Cada vez mais presente e atuante, a ABRATES oferece vários benefícios para os associados. Veja mais no site e associe-se!
entre em contato de segunda a sexta, das 9h às 12h e das 13h às 17h

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