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Metafisica (ontologia, acto e potencia)

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Cheque Ramudala Cheque
Trabalho de Filosofia
Tema: Ontologia, acto e potência 
Turma: 12B/B
Curso: Diurno
Docente:
Escola Secundária Geral 25 de Setembro
2020
Índice
Introdução	3
Metafísica	4
Ontologia, acto e potência	4
Ontologia	4
A Ontologia em Aristóteles	4
Ontologia em Kant	5
Ontologia em Hursserl	5
Ontologia além da Filosofia	6
Ontologias em Ciência da Computação	6
Ontologia em Ciência da Informação	6
Acto e potência	7
Conclusão	9
Referências bibliográficas	10
4
Introdução 
O presente trabalho enquadra-se no âmbito da disciplina de Filosofia, na unidade de Metafísica, onde iremos abordar concretamente: A ontologia, acto e potência. Entretanto, a metafísica é a base da Filosofia e também o ramo responsável pelo estudo da existência do ser. Por meio da metafísica se procura uma interpretação do mundo, sobre a natureza, a constituição e estruturas básicas da realidade.
A Metafísica, papel primeiro da Filosofia, seria o estudo do ser em geral. Ela seria uma espécie de ciência que não se limita a estudar uma área, como a Biologia estuda a vida ou a Matemática estuda as relações numéricas, mas a totalidade de relações científicas que explicam o mundo racionalmente. Por isso, Aristóteles chamou de Filosofia Primeira os seus escritos que, mais tarde, foram batizados de Metafísica.
Metafísica 
Ontologia, acto e potência 
Ontologia
Na Filosofia, ontologia é então um ramo da Metafísica que diz respeito às quais categorias de entidades existem e estão relacionadas (LOWE, 2007). Em Ciência da Computação, ontologias são aplicadas à modelagem, tanto em sistemas baseados em bancos de dados quanto em sistemas de representação do conhecimento.
Em função de sua influência nas propostas contemporâneas, pelos menos três sistemas de categorias devem ser analisados: o aristotélico, o kantiano e o husserliano (THOMASON, 2009). 
A Ontologia em Aristóteles
Aristóteles parece ter sido o primeiro filósofo a usar a palavra grega categoria como um termo técnico para predicação. Os estudiosos dessa tradição acreditam que um sistema de categorias deve ser capaz de fornecer um inventário das coisas que existem. Aristóteles propôs dois sistemas de categorias. O segundo, mais conhecido e adoptado, contém uma lista de tipos de mais alto nível, os quais são conhecidos como categorias. O fato de que objectos ordinários da experiência humana foram atribuídos a classes de coisas de generalidade crescente, indicando a possibilidade de existência de um único tipo genérico.
Para Aristóteles, cada entidade possui uma característica fundamental chamada essência real. Quando uma entidade possui uma essência, ela é de certo tipo; e para ser de certo tipo, a entidade deve compartilhar um conjunto de propriedades necessárias e suficientes com os outros membros daquele tipo (ACKRILL, 1963).
A partir dessa noção nasceu o método aristotélico para distinguir essências que usa a distinção genero-espécie e a divisão dicotómica (LENNOX, 2000). De acordo com a distinção gênero-espécie, a essência real de uma espécie é a combinação de seu género e sua differentia, a qual é o critério usado para distinguir uma espécie de outra do mesmo género. Por exemplo, a espécie humana pertence ao género Homo e sua differentia é a racionalidade.
Ontologia em Kant 
Para chegar a sua lista de categorias, Kant partiu do conceito de julgamento na forma proposicional do sistema lógico aristotélico, isto é, sujeito-cópula-predicado (por exemplo “S é P”). Quatro aspectos foram propostos para classificar julgamentos: quantidade, qualidade, relação e modalidade (WOOD, 2004). Para o aspecto quantidade, o sujeito é de um dos três tipos: universal, particular ou singular.
Para o aspecto qualidade, aplica-se idéia similar, mas considerando predicação. A diferença entre o julgamento negativo e o infinito é que o primeiro apenas nega um predicado afirmativo, mas o segundo além de negar o predicado afirmativo, deixa em aberto outras possibilidades. Seria correto predicar o número “cinco” como negativo em “cinco não é verde”, mas incorreto predicá-lo como infinito, o que significaria que “cinco” não é verde porque tem outra cor.
Para o aspecto modalidade, três tipos de cópula são propostos com o objetivo de conectar sujeito e predicado: problemática, assertória e apodítica.
A teoria de Kant lida com categorias do entendimento humano, não com objectos do mundo. Ainda assim, tal teoria mantém importância ontológica uma vez que as categorias se aplicam a priori a todos os objectos da cognição.
Ontologia em Hursserl
 A fenomenologia desenvolvida por Husserl é basicamente o estudo dos “fenômenos”, os quais são as formas nas quais as coisas aparecem para nós em diferentes forma da experiência consciente (SMITH, 2005). Husserl ensina como executar a “redução fenomenológica”, se abstendo da percepção do mundo natural e assumindo uma posição transcendental para descrever apenas a consciência pura. O termo “categoria” tem um sentido particular em Husserl: é uma entidade do reino da essências formais (BEYER, 2011).
Na ontologia de Husserl, as principais distinções ocorrem entre o reino dos fatos (I), o reino da essências (II) e o reino dos significados ou sentidos (III) (SMITH; SMITH, 2005). Os dois primeiros reinos, fatos e essências, são chamados domínios do conhecimento: o reino dos fatos é o domínio das ciências empíricas tais como física, biologia, psicologia; enquanto o reino da essências é o domínio das ciências eidéticas, tais como matemática, lógica, ontologia formal e material. O terceiro reino, significado, constitui o domínio da fenomenologia.
Ontologia além da Filosofia
 Além de seu uso em Filosofia, o termo ontologia tem sido empregado em outros campos de pesquisa para se referir a coisas diferentes. Esta secção apresenta uma breve descrição das principais abordagens relativas a ontologias e Ontologia, tanto em Ciência da Computação quanto em Ciência da Informação.
Ontologias em Ciência da Computação
 Em Representação do Conhecimento (RC), um sub-campo da Inteligência Artificial (IA), o termo ontologia tem sido usado desde os anos de 1960 para se referir a uma estrutura de conceitos representados por um vocabulário lógico. Nos anos de 1990, o termo manteve sua presença no contexto do conjunto de tecnologias que se convencionou rotular de “Web Semântica”. 
Considerando as actividades e os agentes envolvidos na tarefa de representar conhecimento, é possível melhor entender o papel da ontologia em RC. Sistemas declarativos contêm declarações que representam fatos governados por regras. Um exemplo de um fato é “New York é uma cidade nos Estados Unidos” e uma regra é “todas as pessoas que vivem em New York vivem nos Estados Unidos”. Essa combinação de fatos e regras compõem uma base de conhecimento do sistema. Uma base de conhecimento é construída e mantida por um engenheiro do conhecimento, que tem como tarefa formalizar o conhecimento de um grupo de especialistas.
Ontologia em Ciência da Informação
Projectos de engenharia de software envolvendo ontologias exibem paralelos com teorias da Ciência da Informação, tal como classificação facetada, vocabulários controlados e lexicografia (VICKERY, 1997). Existem diferenças e similaridades entre ontologias em Ciência da Computação e outros dois outros termos comuns em Ciência da Informação: taxonomia e tesauros. A possibilidade de restringir a linguagem natural parece ser o ponto de contacto entre esses três tipos de estruturas (GILCHRIST, 2003). Além disso, mesmo que o termo ontologia as vezes apareça como um sinónimo para vocabulários controlados, as duas estruturas tem objectivos diferentes (CURRÁS, 2004). Existem ainda outros usos para princípios ontológicos em Ciência da Informação.
 Fundamentos filosóficos são utilizados para explicar a hipótese de que a informação tem um status ontológico similar às proposições subjacentes a um texto: ambos são atemporais, não-espaciais e são objectos abstractos (FOX, 1983). Proposições não coincidem com sentenças de um texto, na medida em que várias sentenças podem expressara mesma proposição.
Acto e potência 
Acto e potência são os conceitos utilizados por Aristóteles, em sua metafísica, para explicar a origem do movimento na natureza. Ato aqui tem o sentido de realidade que se realiza, que está se realizando é a forma atual do ser. Esse conceito se contrapõe com o que é simplesmente potencial ou possível. Afirma Abagnano, em seu dicionário, que “ato é a própria existência do objecto” e está para potência, assim como construir está para saber construir. A potência, por sua vez, é o princípio ou a possibilidade de realizar uma mudança no próprio o ser ou em outro ser; capacidade de sofrer mudança causada por outra coisa ou por si mesmo; capacidade de ser mudado para melhor e não para pior; capacidade de resistir a qualquer mudança.
De acordo com Aristóteles, a filosofia (ou a metafísica) estuda o ser enquanto ser, em abstracto e independentemente de qualquer determinação particular. Ela é, portanto, a ciência das causas primeiras (teologia) de toda substância de qualquer ser. Já a substância é a unidade indivisível de matéria e forma. A substância de algo é a primeira coisa que percebemos, porque ela está presente em todos os entes e consiste naquilo que é comum em todos eles. Quando dizemos algo de uma substância nos referimos aos atributos que ela possui. Estes podem ser essenciais, não podendo faltar a substância, caso contrário, ela deixa de ser o que é (ex.: a laranja é essência para um suco de laranja natural). Designamos os atributos de acidentais, caso a substância possa tê-lo ou não, sem deixar de ser o que é (ex.: os frutos em uma árvore é um atributo acidental. Ela pode ter ou não ter e não deixará de ser uma árvore). A substância individual “Homem” tem como características essenciais os atributos pelos quais o Homem é Homem (Aristóteles dizia, que a essência do homem é a racionalidade) e outros, acidentais (como ser magro, careca ou belo), atributos esses que não mudam o ser do homem. 
No entanto o problema das transformações dos seres ainda não se resolve com os conceitos de essência e acidente, por isso Aristóteles recorre a outros dois conceitos – forma e matéria. Matéria é o princípio indeterminado de que o mundo físico é composto, é “aquilo de que é feito algo”, o que não coincide exatamente com o que nós entendemos por matéria, na física, por se caracterizar pela indeterminação. Forma é “aquilo que faz com que uma coisa seja o que é”. Todo ser é constituído de matéria e forma, princípios indissociáveis. Enquanto a forma é o princípio inteligível, a essência é comum aos indivíduos da mesma espécie, pela qual todos são o que são. A matéria é pura passividade, contendo a forma em potência.
Percebe-se aí o recurso aos dois conceitos apresentados inicialmente, ato e potência. O conceito de potência não deve ser confundido com força, mas sim com a ausência de perfeição em um ser capaz de vir a possuí-la, pois uma potência é a capacidade de tornar-se alguma coisa ou a resistência para isso e, para tal, é preciso que sofra a ação de si ou de outro ser já em ato. O movimento é, pois, a passagem do ato de um ser para sua potência, que se tornando ato carregando outras potências.
Conclusão 
No presente trabalho, diferentes perspectivas relacionadas ao termo “ontologia” foram revisitadas, destacando-se a Filosofia como campo original de pesquisa. Três influentes sistemas no escopo da Ontologia foram descritos – um realista, um cognitivo e um descritivo – os quais correspondem, respectivamente, a teorias desenvolvidas por Aristóteles, Kant e Husserl. Em seguida, apresentou-se uma visão geral do uso do termo “ontologia” além da Filosofia, destacando como o termo tem sido empregado em outros campos de pesquisa aplicados. Explicou-se o inter-relacionamento entre esses campos de pesquisa e discutiu-se algumas questões relacionadas a ontologias. Nesse momento, cabe oferecer conclusões e explicar oportunidades de pesquisa interdisciplinar.
 O termo ontologia em Ciência da Computação é usado para se referir tanto a um vocabulário expresso em uma linguagem de RC, quanto a um tipo de teoria onde fenómenos são explicados a partir de fatos e regras. O primeiro uso corresponde a um software, um artefacto computacional. O segundo uso mantém a noção filosófica, um inventário de coisas do mundo e relações entre elas em um domínio particular, baseado nos princípios da Ontologia.
Em Ciência da Informação, princípios ontológicos são usados no suporte à construção de estruturas de categorização para representação do conteúdo de documentos. De fato, o trabalho em ontologias na Ciência da Informação não está confinado a representação de conteúdo, mas engloba a representação desses recursos como um todo, em geral, da perspectiva de uma comunidade específica de usuários.
Referências bibliográficas
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria helena Pires. Filosofando. 4° Ed. São Paulo: Moderna, 2009.
CURRÁS, E. Ontologies, Taxonomies and Thesauri in Systems Science and Systematics. Cambridge: Woodhead, 2003.
FOX, C. J. Information and Misinformation: An Investigation of the Notions of Information, Misinformation, Informing, and Misinforming. Westport: Greenwood, 1983.
VICKERY, B. C. Ontologies. Journal of Information Science, London, v. 23, n. 4, p. 227-286, 1997.
WOOD, A. Kant. Oxford: Wiley-Blackwell, 2004. ZAIBERT, L.; SMITH, B. The Varieties of Normativity: An Essay on Social Ontology. 2010.

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