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21/03
Quando Portugal nasce como reino, tanto o direito romano como o direito visigótico já
existem. A primeira lei a ser aplicada em Portugal vai ser o costume, pois os reis tinham como
principal preocupação a conquista do território, e uma vez conquistado, preocupavam-se com
a defesa e povoamento desse mesmo território. 
Estes lugares eram mantidos com as CARTAS DE PRIVILÉGIO, que eram documentos
que atribuíam privilégios, direitos ou regalias de qualquer ordem. As cartas de privilégio
tinham assim como objetivo adquirir população para as zonas recentemente adquiridas ou
conquistadas.
No sentido estrito, estas cartas de privilégio são um documento que define o regime
jurídico de um determinado território (no sentido estrito) e também as regras que se devem
aplicar num determinado local do nosso território. Foram o meio adotado pelas ordens
religiosas, pelos senhores e pelo rei para atrair pessoas para o território conquistado.
Já no sentido amplo, este documento atribui qualquer direito.
Quando pensamos em cartas de privilégio em sentido estrito, pensamos em três tipos
de cartas: 
o CARTAS DE PROVOCAÇÃO : eram as mais simples, com um conteúdo eminentemente
agrário – define maioritariamente as regras de exploração da terra: quem, para aquela
povoação, tem direito a explorar aquele bocado de terra, se o pode explorar
vitaliciamente ou temporariamente, se transmite para os filhos e quais as
contrapartidas que deve dar ao senhor (bens ou uma parte do cultivo). Este do um
atribuía a possibilidade de subsistência às famílias, dava proteção aos colonos face aos
reis e aos senhores, e permitia que quem fosse para aquele campo soubesse que podia
explorar e desenvolver atividade mediante a quantia de pagamento.
o FORAIS : abarcam um conteúdo mais amplo de matérias. São outorgados e elaborados
pelo senhor, e o colono apenas escolhe ou não os termos.
o FOROS : são organizados pelos municípios, têm mais matérias e contam os termos
jurídicos daquela povoação.
O costume foi a primeira fonte de direito aplicada em Portugal, e contrariava a lei
sempre que o assunto em causa fosse antigo.
24/03
Alexandre Herculano diz que os forais são criadores de municípios ou concelhos. Hoje
sabemos que não só foram outorgados forais a terras que foram sede de município como
também foram outorgados forais a terras que mais tarde não o foram.
CARTAS DE PRIVILÉGIO – documentos que definem o regime jurídico de uma determinada
terra. Podem ser de três tipos:
o CARTA DE POVOAÇÃO : define as condições de exploração da terra. O enquadramento
destes documentos é a reconquista cristã, e a necessidade é a de atrair população para
zonas que tinham sido recentemente conquistadas aos mouros. Para isso, dizia-se aos
habitantes que se fossem para aquela terra, tinham o direito de explorar x hectares,
passando esse direito de pais para filhos. A única contrapartida era o dever de
entregarem a compensação pela exploração agrária (definida em espécie e em
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dinheiro). Quem outorga as cartas de povoação é o senhor, e por isso é um ato
unilateral do senhor. É um contrato de adesão, pois os colonos têm liberdade de o
celebrar ou não (e manifestam essa vontade indo ou não para lá viver) mas não têm
liberdade de estipular. 
o FORAL : distinguem-se das cartas de povoação porque abrangem mais matérias, como
as regras de família, consequências ao nível penal, contratos ou até mesmo o direito
sucessório.
o FORO : também conhecidos como estatutos municipais, são documentos mais recentes
onde se encontra um maior abrangimento das matérias acima faladas,
designadamente no âmbito do direito privado e do direito público. São constituídos
pelas próprias autoridades concelhias que acham necessário ter um regime jurídico
adequado àquela terra.
COSTUME
O costume é uma prática social reiterada (elemento objetivo) acompanhado de
convicção de obrigatoriedade (elemento subjetivo). Sem estes dois elementos não há
costume. O costume tem de ser conforme os ordenamentos jurídicos anteriores e posteriores,
ou seja, o costume tem de ser racional. O outro requisito do costume é a antiguidade: no
século XVIII são exigidos 100 anos, e o costume contra a lei não vale; contudo, os autores desta
altura entendiam que o costume desde que fosse racional e tivesse 10 ou 20 anos, poderia
valer como fonte de direito. 
O costume pode ter origem no próprio tribunal: o tribunal cria algumas regras, que por
sua vez surgem pelo costume. Os juízes começam reiteradamente a assumir determinados
comportamentos, ao ponto que criou a convicção de que era obrigatório atuar assim. A este
costume judiciário deu-se o nome, no século XIV, de estilo. 
O estilo é então uma prática reiterada dos tribunais, com a convicção de que é
obrigatório atuar assim. 
A distinção entre costume e estilo está no facto de que o ultimo se traduz numa
pratica social reiterada pelos tribunais. 
ALVIDRO 
Tribunais arbitrais – Têm a particularidade de os juízes serem escolhidos pela parte. O
alvidro são as decisões dos tribunais arbitrais, que por sua vez se chamavam em Portugal (na
idade média) de alvidros. 
FAÇANHAS 
A façanha pode ser definida como um caso excecional cuja decisão funciona para fazer
futuros e eventuais casos semelhantes como precedente; ou como a notoriedade de um juiz
que determina que em futuros e eventuais casos semelhantes se decida daquela forma como
precedente.
José Anastácio Figueiredo reduziu as façanhas ao âmbito do rei, definindo-as como
julgamentos de casos que estão omissos na legislação do monarca, e são julgamentos do rei.
Ou seja, há um caso omisso (ou uma lacuna como hoje conhecemos), e o rei determinaque a
partir de aí é uma façanha. Não podemos considerar a teoria deste autor correta, pois reduz as
façanhas ao âmbito do rei, o que não pode acontecer. 
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28/03
31/03
FAMILIA 
Em Roma, a família era a subordinação ao pater famílias e os laços de família eram
determinados pela subordinação à autoridade de paterna – isto é a ideia da família patriarcal.
Os romanos traduziram esta ideia através de duas expressões: 
o AGNATITIO : São os laços de subordinação, a autoridade de alguém – na família
patriarcal romana, a família não era determinada por laços de cognatitio, pois havia
membros nessa família que não estavam ligados por laços de consanguinidade, mas
sim por agnatitio (estavam subordinados ao mesmo pater famílias). A agnatitio
significa a tradução desta ideia de família patriarcal, o que determina o parentesco,
pois a família é geradora de relações de parentesco. 
o COGNATITIO : são laços de sangue (pais e filhos). É a criação, geração e produção de
laços de parentesco, que por sua vez são geradores de direitos e deveres.
Ëmile Durkheim fundamentou que a experiencia familiar mais antiga, que ainda hoje
existe em sociedades primitivas e que traduz uma nova ideia de família, é o clã. 
O CLÃ é, em sentido próprio, uma noção de família mais ampla do que qualquer outra;
determina-se não por laços de sangue ou pela subordinação a alguém, mas porque os
membros de um clã se consideram provenientes de um antepassado comum ou utilizam em
conjunto o mesmo nome de planta/animal. 
FAMÍLIA NUCLEAR/CONJUGAL – é aquela que é determinada por laços de cognatitio.
Caracteriza-se segundo o englobamento político, social e económico que, segundo a sua
ordem, determina o alargamento da mesma. Em traços largos, a família é um conjunto de
situações geradoras de laços de parentesco, que por sua vez determinam direitos e deveres. 
O que determina o inicio da família?
NOIVADO: é uma promessa reciproca de casamento, também denominado como “esponsais”
(celebrados pelos esposos, que são os noivos). 
o Na época clássica em Roma: romanos não admitiram a aposição de nenhuma clausula
penal porque entendiam que isso seria condicionador da liberdade do casamento.
Aqui, o incumprimento ou o rompimento da promessa reciproca de casamento não
gerava qualquer consequência.
o Contudo, na época pós-clássica os romanos já vão equiparar os esponsais aos
casamentos – seria como a primeira fase do casamento, e o seu incumprimento já
seria gerador de consequências.
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o No direito visigótico os esponsais são a primeira fase do casamento, pois este operava
aqui da seguinte forma: 
 1ª FASE: os noivos podiam legitimamente celebrar os
esponsais se tivessem pelo menos 15 anos (antes disso tinham
de ser representados pelos pais, irmãos ou quaisquer outros
representantes legais) e havia a troca reciproca da promessa
de casamento.
 2ª FASE: traditio – celebração do casamento: entrega da noiva
à família do noivo. 
Também havia outro tipo de casamento, o casamento por rapto – forma alternativa ao
casamento tradicional (esponsais + traditio) em que, o que importava, era que duas pessoas
por livre vontade começassem a viver juntas.
o No direito canónico os esponsais também eram a primeira fase do casamento, e o
casamento devia-se realizar no tempo e perante o sacerdote. Contudo, se não
houvesse espera pela parte dos noivos, o casamento era completado sem ser
necessário mais nada, e a isso dava-se o nome de casamento presumido.
o No antigo direito português, os esponsais eram também a primeira fase do casamento,
e estes realizavam-se da seguinte forma: primeiro os noivos trocam a promessa
reciproca de casamento. Depois, eram oferecidos presentes esponsalícios, o anel, e ao
mesmo tempo, o noivo constituía ao lado da noiva, o dote ou arras. Este dote ou arras
podia ser um montante em dinheiro que a família do noivo constituía à família da
noiva ou um conjunto de bens em espécie, e tinha como objetivo proteger a mulher
em caso de repudio ou não concretização do casamento pelo noivo ou até mesmos e o
noivo morresse – se a mulher incumprisse o casamento, era declarada adultera. 
A seguir, realizava-se o casamento. O casamento pode ser duas coisas: pode
ser o estado de vida que se sucede a um determinado momento de celebração de um
contrato, mas também pode ser um contrato que gera essa situação de vida em
comum e que por isso é potenciador de direitos e deveres de direitos pessoais e
patrimoniais. 
Havia liberdade entre os noivos para celebrar estes casamentos? A legislação
de Afonso II (primeiro rei legislador português) diz que os casamentos devem ser
livres. Isto significa que, no momento da troca do consentimento, tem de haver
liberdade e o noivo ou noiva não podem estar coagidos. Contudo, a liberdade do
casamento não se confunde com a liberdade de escolha sobre com quem se haveria de
casar.
04/04
MODALIDADES DE CASAMENTO:
Na atualidade, conhecemos duas modalidades de casamento: casamento religioso e
casamento civil. 
No direito antigo português também há um casamento religioso e um casamento civil,
que por sua vez tinham outra denominação:
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o CASAMENTO DE BENÇÃO : administrado na igreja, pelo pároco, com testemunhas, que
ministra o sacramento. Era o casamento mais valioso à época. 
o CASAMENTO DE JURAS : tem como fator importante os noivos celebrem o contrato de
casamento na presença de testemunhas. Essa testemunha nada invalida que seja o
padre, mas funciona como outra qualquer, pois nada ministra o casamento.
Os historiadores perceberam que desde a idade média, em Portugal, havia uma
terceira modalidade de casamento que poderia não ser tao solene e tao importante como o
casamento de bênção, mas tinha o mesmo efeito que o casamento de bênção e de juras:
casamento clandestino, casamento conheçudo, casamento de publica fama ou casamento de
publica forma. Este tipo de casamento, que corresponde hoje à união de facto, era uma
modalidade de casamento com os mesmos direitos e deveres dos casamentos de bênção e de
juras. É o facto de duas pessoas viverem maritalmente sem qualquer solenidade ou
formalidade anterior no momento da celebração das suas vontades. 
Face a isto, a igreja visava sempre orientar quem queria casar para uma modalidade de
casamento de bênção. Em 1119, D. Dinis foi sensível a esta preocupação das igrejas, e por isso
criou uma lei, Lei dos Casamentos Clandestinos, que diz que se um homem e uma mulher
viverem juntos durante 7 anos, fossem conhecidos pela vizinhança como marido e mulher,
tomassem as refeições juntos, eram considerados casados sem possibilidade de prova em
contrario. Ou seja, o rei veio constituir aquilo que em direito se chama de presunção inilidível.
O objetivo desta lei era então dissuadir os casamentos clandestinos. 
EFEITOS PATRIMONIAIS RESULTANTES DO CASAMENTO
Na atualidade, há três regimes de bens entre cônjuges:
o COMUNHAO DE ADQUIRIDOS : se não for dito nada em contrario, é este regime que se
aplica – bens que adquirem antes do casamento são próprios, e os bens que se
adquirem depois do casamento são comuns. 
o SEPARAÇÃO DE BENS : não há comunhão de bem nenhum na constância do
casamento. 
o COMUNHÃO GERAL DE BENS : todos os bens são comuns, quer os levados para o
casamento quer os adquiridos na constância do casamento, e são divididos em duas
metades
No período que estudamos, há dois regimes de bens:o REGIME DE COMUNHÃO DE GAANÇAS : corresponde à comunhão de adquiridos, o que
significa os bens levados por qualquer um dos cônjuges para o casamento são
próprios, e os adquiridos na constância do casamento são comuns. 
o CARTA DE METADE : corresponde à comunhão geral de bens, ou seja, todos os bens
são comuns, quer os levados para o casamento quer os adquiridos na constância do
casamento, e são divididos em duas metades. Quando entra em vigor, regia-se
principalmente no sul do pais. 
ARRAS: eram um bem próprio da mulher, pois são constituídas antes do casamento. 
07/04
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RELAÇÕES PESSOAIS
Relações entre os membros pessoais da família – Como era exercido o poder paternal?
Hoje o poder paternal esta entregue ao pai e à mãe, e por isso se designa hoje de
poder parental.
No direito romano, quem exercia o poder paternal era o pater famílias, e este poder
não cessa nem quando o filho inicia família na sua própria casa. Os romanos entenderam que o
poder paternal não era uma potestas que o pater exercia sobre os membros da família, mas
sim uma contrapartida do dever que pais tinhas de educar, proteger e corrigir os filhos.
Já no direito visigótico, quem exerce o poder paternal é o pai. Contudo, à mãe já são
autorizados alguns poderes como autorizar o filho a contrair casamento (se o filho quisesse
casar precisava do consentimento dos pais). Ou seja, apesar de o poder paternal ser contraído
pelo pai, a mãe já tem alguns poderes também.
 Assim, o direito germânico individualizou no poder paternal, não só direitos do pater
de representar a família e receber os bens que advinham ao filho e que eram património
familiar, mas entendeu mais próxima da ideia da conceção parental de hoje, que o poder que
os pais possam ter perante os filhos, é uma contrapartida dos deveres que têm de os ensinar,
de os proteger, etc. sentia-se então que os pais tinham direitos, mas que também tinham
deveres, principalmente o de educar e proteger os filhos.
Quando o direito português surge, vai desenvolver a matriz germânica e não românica,
ou seja, vai assumir que o poder paternal é um poder-dever mas que é também um dever
funcional: pais tem dever para com os filhos, para alem dos direitos. Assim, o poder paternal
no antigo direito português já não é só do pai, mas si do pai e da mãe, embora o pai tivesse a
hegemonia desse poder devido ao facto de ser chefe de família. Contudo, se a mãe morre, o
pai não permanece com o poder paternal, ficando apenas com a tutela dos filhos menores e
sujeitando-se a um conselho de parentes, que verifica como essa tutela está a ser exercida
face às necessidades dos filhos. 
ADOÇÃO
Haverá adoção neste período de tempo? 
Nas fontes medievais, a adoção vai sofrer alguma influencia romana, pois os romanos
aceitaram a adoptio, que por sua vez segue uma regra basilar: a ideia de que a adoção imita a
natureza (um filho adotivo deve ser tratado, e é tratado no âmbito jurídico, como se de um
filho biológico se tratasse).
No direito português, a adoptio romana que entra em Portugal a partir dos finais do
século XII e inícios do século XIII é raramente usada, ou seja, não era uma pratica muito usada.
Neste seguimento, o primeiro Código Civil não vai ter nenhum preceito dedicado à adoção –
vai ser o Código Civil de 1966 que vai efetivamente consagrar a adoção e o regime como hoje o
conhecemos. 
Havia assim um outro instituto que se chama perfilhação (perfilatio), que era bastante
usado nas fontes medievais. A perfilhação era muitas vezes usada para legitimar crianças
concebidas fora do casamento ou para iludir as regras sucessórias (querer que uma criança
herdasse os bens).
DIREITO SUCESSÓRIO
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SUCESSÕES – substituição de um sujeito noutro sujeito na titularidade de direitos e
obrigações. Isto pode acontecer por mortis causa (alguém morre e outro ocupa o seu lugar) ou
em vida.
A sucessão pode operar-se por várias formas:
o Ato de vontade / sucessão voluntária : este tipo de sucessão opera ou através de um
testamento (ato do próprio) ou através de um contrato (embora em termos jurídicos
não seja possível). 
o Sucessão legal legitima : a lei opera quando não há testamento, mas também pode
operar quando há testamento (lei é importante para dizer se podemos atribuir todo o
nosso património em testamento ou se há limites a que temos de obedecer). 
Quem são os herdeiros que por ordem vão receber os bens?
Atualmente, no nosso Código Civil, a primeira classe sucessiva é preenchida pelo
cônjuge e descendentes, depois pelo cônjuge e ascendentes, e no final pelo Estado. 
No antigo direito português havia uma diferença, ou seja, quando não havia
testamento, a ordem das classes sucessíveis era:
1ª CLASSE – descendentes: filhos, netos e bisnetos.
2ª CLASSE – ascendentes: pais e avós.
3ª CLASSE – colaterais: irmãos, tios, sobrinhos, etc.
4ª CLASSE – cônjuge 
Dentro de cada classe sucessiva vigoram dois princípios: proximidade de grau e
igualdade dos sexos (mulher não sofrem qualquer fragilidade). Contudo, há exceções: nos
descentes a exceção era a da representação (se o filho morre mas deixa netos, os netos que
concorrem à sucessão estão em igualdade de circunstâncias com o tio) e o principio da
troncalidade (admitido pelo direito antigo mas que já não existe), que consistia no caso de
bens próprios com reversão para o lado da família de onde provém.
18/04
Há dois tipos de sucessão no direito antigo, que se podem observar hoje:
o SUCESSÃO LEGAL : pode subdividir-se:
 SUCESSÃO LEGITIMA: é aquela que opera quando não há testamento,
é a supletiva legal. 
 SUCESSÃO LEGITIMÁRIA: as regras são imperativas, e havendo
testamento não podem ser afastadas. Tem como pressuposto a
existência de um testamento.
o SUCESSÃO VOLUNTÁRIA : podia ser de dois tipos, mas os nossos ordenamentos
jurídicos apenas admitem uma: sucessão testamentária (que, em vida, pode ser
sempre alterada). Podemos também pensar noutro tipo de sucessão: doação em vida. 
Em vida, temos todas a liberdade de dispor dos nossos bens. Embora o testamento
também seja feito em vida, este destina-se a operar apos a morte do autor (do decujos); já a
doação, opera em vida. 
Em teoria, podemos pensar noutra forma de sucessão voluntária, que nem o
ordenamento atual nem o antigo admitem: o contrato. Este tipo de sucessão não é admissível
pois ambos os ordenamentos determinaram que a vontade tem de ser absolutamente livre, e
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este poderia condicionar as nossas vontades. Contudo, por outro lado, também realizamos o
testamento perante pessoas que nos são próximas, e por isso o contrato pode ser uma forma
de alguém exercer ascendência sobre outrem, pois estão os dois a assinar no mesmo
momento. 
Por isso, a vontade voluntária é testamentária: a vontade opera sobre testamento. 
DIREITO DE TRONCALIDADE: aplica-se aos bens próprios e é deferido ao lado da família de que
o bem provém. 
21/04
Como é que se manifestava a vontade do testador? – sucessão legal legitimária
Se olharmos para o direito romano, podemos observar que o testador tinha uma total
e absoluta liberdade de estar. O pater famílias não tinha limites, era o proprietário de todos os
bens da família e tinha uma total e absoluta liberdade de estar – não havia ninguém que
precisasse de proteger e porisso podia deixar o património a quem quisesse. 
O direito visigótico, pelo contrairo, havia uma total e absoluta impossibilidade de estar
– pois o objetivo era proteger os bens dentro da família. Depois de se ter impedido
absolutamente o testamento, os germânicos acabaram por assumir que na herança era
passível de ser disposta no testamento pela parte do autor por apenas 1/5. 
No antigo direito português existem três esquemas de delimitação da vontade do
testador, consoante as épocas:
 Na reconquista cristã existia um instituto conhecido por claudatio parento - não
proibia o testamento, mas impunha a seguinte limitação: todos os atos de
disposição de bens, quer em vida quer de morte, teriam de ser autorizados pelos
parentes. 
 Quando Portugal nasce como reino, este instituto vai ceder lugar a um outro que
se chama reserva hereditária, que por sua vez se aplica apenas aos bens próprios
(bens que já se levam para o casamento e se adquirem por sucessão e doação),
que estavam sujeitos a ser testados numa percentagem diferente que estava
definida de acordo com os forais. 
 Depois do seculo XII surge um novo esquema de sucessão legitimaria e que esta
ainda hoje vigente no nosso código civil, o sistema da quota disponível, que
determina que não se estabelece uma distinção entre bens próprios e bens
comuns – todo o património do decujos esta sujeito a limitações, e desde que
tivesse descendentes ou ascendentes, só poderia dispor de 1/3 da sua herança.
DIREITO PENAL MEDIEVAL 
Como eram reparados os crimes na época medieval?
O Rei tinha outros afazeres e não se preocupava com estas questões, e por isso vai ser
a população a preocupar-se com isto. Contudo, a população tinha de obedecer a regras, que
por sua vez estavam definidas nos forais. 
Os crimes considerados mais graves pela população, mas que não eram considerados
extraordinariamente graves, eram tratados através de um sistema de Perda de Paz Relativa.
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Este sistema era um esquema de vingança privada que se aplicava aos crimes graves, mas não
extraordinariamente graves, um sistema de autotutela – o rei ou os poderes públicos não
tinham aqui intervenção, era a própria comunidade que se organizava para tratar deste
processo de reparação das ofensas provocadas pelos crimes. 
Os crimes considerados graves eram, nomeadamente, o homicídio (que era, nas fontes
medievais, equiparado a outros tipos de crimes como por exemplo o roubo ou a violação). 
Como se passavam estes crimes?
No caso de um crime destes, a vítima ou os familiares da vitima tinham de se dirigir à
assembleia do conselho acusar aquela pessoa da prática daquele crime (perante a população e
as autoridades) – isto era denominado de declaração de inimizade. Após isso dava-se um
período de tréguas de 9 dias, no qual o acusado podia abandonar o conselho (pois não estava
preso). O alegado agressor podia ainda prolongar este período de tréguas por mais 8. Desde
que pagasse um quantitativo em dinheiro chamado fredun (quantia de dinheiro que o agressor
pagava para gozar de um período de tréguas acrescido de 8 dias; parte deste dinheiro revertia
para a vitima ou familiares e outra parte para o conselho/autoridades locais). Depois disto
havia a faida ou vingança, que poderia resultar na morte do próprio agressor. 
Contudo, este processo pode não terminar de imediato, case se desse a composição
do crime. A composição do crime era uma forma de impedir a vingança, que poe fim à
autotutela e à perda da paz relativa, e que terminava por sua vez com o beijo da paz (forma
simbólica de por fim ao processo, evitando a vingança – os dois desavindos davam um beijo).
Deste modo a justiça era restaurada e os dois sujeitos desavindos e familiares eram conciliados
e o processo era terminado. Podia haver vários tipos de composição: 
 COMPOSIÇÃO PECUNIÁRIA : o ofendido receberia uma determinada quantia de
dinheiro, para que terminasse o processo e não houvesse vingança. 
 COMPOSIÇÃO POR MISSAS : agressor pagava um conjunto de missas por alma do
ofendido, e o período da vingança terminaria com o beijo da paz. 
 COMPOSIÇÃO CORPORAL : o ofendido ou os seus familiares dava um conjunto de
varadas ao alegado agressor em público, e o processo terminava com o beijo da
paz.
 COMPOSIÇÃO : o agressor ficaria na casa do ofendido ou dos seus familiares,
trabalhando para ele numa situação de semi servidão.
PERDA DE PAZ ABSOLUTA – aplicava-se a crimes como os homicídios particularmente
gravosos, praticados contra determinadas pessoas com as quais se tinha particular dever de
lealdade, a traição ou a traição à pátria.
A perda de paz absoluta e os crimes que a constituem não permitem composição de
crime. Acrescendo a isto, todos na população tinham legitimamente o direito de perseguir o
acusado e legitimamente têm o direito de o matar (há quem veja aqui o antecedente mais
remoto da pena de morte).
No reinado de Afonso II podemos encontrar duas leis no que toca ao direito penal:
1.º Diz que se houvesse necessidade de vingança, ela não podia ser realizada de forma alguma
na casa do inimigo (casa e morada de família devia ser respeitada).
2.º Diz que se em virtude da declaração de inimizade houvesse a morte de um homem de cada
lado, a vingança estava cumprida e deveria cessar.
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28/04
Outro rei que se preocupou muito com a vingança privada foi Afonso IV, que criou um
conjunto de leis entre 1325 e 1330 com um objetivo especial. O facto de haverem várias leis
com este conteúdo mostra que não foi muito bem-sucedido. 
Afonso IV pretendia acabar com a vingança entre os fidalgos e submeter o seu litigio
ao julgamento do rei na cúria régia: os fidalgos resolviam, nesta altura, conflitos de sangue
entre si. Em 1330 culmina com a morte os fidalgos que incumprissem esta lei. 
Os nossos forais diziam que, relativamente aos crimes em que devia ser aplicada a
morte, a morte devia ser realizada. A punição com a morte não era apenas realizada aquando
houvesse morte, havia outros tipos de atos que valiam pela pena de morte (certos tipos de
puxões, colocar lixo na boca de alguém, etc.).
Segundo estes forais, a morte era cumprida, em regra, com o enforcamento. Contudo,
havia outras formas de realizar a pena de morte bastante mais gravosas e cruéis, como o
enterrar vivo o criminoso por baixo do corpo da vitima, ou até mesmo a crucificação.
Contudo, a morte não era a única pena aplicada, existiam outras: no caso de crime
contra o património: era frequente para os criminosos ou acusados que tivessem bens, o
pagamento de anoveado (9x o valor furtado). Para aqueles que não tinham bens, era muito
frequente o corte da mão direita, que era preso à porta daquele a quem furtou, ou até mesmo
o corte da orelha. 
Os forais estabelecem não só os crimes e as regras aplicadas como também as penas. 
Afonso IV cria uma lei em 1335, que é muito importante e que ficou conhecida como a
Lei dos Crimes Públicos. Um crime público é qualquer crime que pode ser denunciado por
qualquer pessoa. 
Afonso IV dizia que havia certos crimes que não precisavam de queixa (=querela) para
que houvesse processo, a obrigação de investigar o crime. Estes crimes eram homicídios, crime
da lesa majestade, furto, ofensas corporais, feitiçaria, bruxaria, incesto ou até mesmo
adultério.
Ou seja, se houvesse um crime, havia um processo – a prova podia ser racional ou irracional.
Há outro meio de prova que deve ser mencionado, a comborgação, que opera através
dos conjurados, que eram pessoas que juravam que o reu e o autor dizia verdade(hipotecava
assim a sua alma). 
Também se deve mencionar outro meio de prova: as ordálias ou juízos de deus. Nas
ordálias encontravam-se vários tipos provas:
 PROVA CALDARIA (OU TAMBÉM O FERRO EM BRASA) : o acusado era instado da
prática de um determinado ato – face a isto o juiz coloca a sua mão num caldeirão com
agua ou azeite a ferver e, com recurso a um conjunto de regras (invocando sempre a
divindade), a ferida selava. Ao fim de uns dias, a ferida era destapada e se esta
estivesse sarada, Deus tinha vindo ao seu auxilio e por isso não era culpado daquilo
pelo qual estava acusado; se a ferida não estivesse sarada, então estava demonstrada
inequivocamente a sua culpabilidade.
II PERIODO - 1446 até em diante
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Neste período, a primeira fonte que encontramos é a LEI: o rei terminou a reconquista
crista e está agora devotado aos assuntos internos do reino, preocupando-se agora com a
regulação da vida em sociedade – esta vontade do rei vai ser expressa por leis. 
A lei é a vontade do rei e, portanto, as formas da lei são várias:
o CARTA DE LEI – É a mais importante pois contém o nome do Rei. Começa em regra por
esta forma “Eu, El Rei (titulo + nome do rei) mando que”. Não tem período de vigência.
o ALVARÁ – É menos solene porque não tem o nome do rei. Destinava-se a vigorar num
período inferior a um ano.
o POSTURAS – são, em regra, determinações dos tribunais – contudo não havia
separação dos poderes e o Rei presidia muitas vezes o tribunal (cúria régia), e mesmo
quando eram de outro juiz que não o rei, faziam apelo à vontade do rei (e por isso
expressa a vontade do rei).
o CARTAS RÉGIAS – resposta do rei a alguém que lhe faz uma pergunta, expressando
assim a sua vontade. 
A noção de lei em termos de terminologia, é ampla, e por isso o que a uniformiza é
apenas este critério: expressa a vontade do rei.
Embora a lei expresse a vontade do rei, esta tem limites: até ao seculo XIX, o rei estava
limitado. Assim, a lei tinha de estar em conformação com o bem comum, tem de ser
proporcional, tem de ser emanada de autoridade competente e tem de ser conforme aos
ordenamentos considerados superiores: lei divina e lei natural. Estes limites já vêm do
passado, e mantêm-se.
Ou seja, a lei do rei é agora a principal fonte de direito, mas tinha limites.
ORDENAÇÕES AFONSINAS 
A lei, para ser vigente, precisa de ser publicada. A lei vigorava em duas circunstâncias:
o PRAZO DE 3 MESES : neste período, com as ordenações manuelinas (seculo XV), vai ser
criada uma lei que diz que o chanceler deve publicar as leis no seu livro, e as leis
vigoram 3 meses após a sua publicação no livro da chancelaria. É a partir de D. Manuel
que as leis passam a constar neste livro, pois até esta época não se encontravam aqui
leis.
o PRAZO DE 8 DIAS : para a corte, o monarca dizia que o prazo devia ser mais curto: 8
dias, a partir do dia em que se publicava no livro de chancelaria.
O rei tinha o poder de dispensar pessoas na observância do exercício da sua lei? Podia,
desde que houvesse uma justa causa. 
Quando o rei começa a legislar com maior abundância, constata-se a necessidade de
recolher essas leis em compilações. 
02/05
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As ordenações traduziram uma preocupação de sistematização do direito. As
ordenações são assim compilações de leis, que têm como objetivo tornar mais fácil o
conhecimento do direito que é vigente.
Quem iniciou isto foi D. João I, que teve a preocupação de procurar reunir em
coletâneas, o direito que era vigente. Encarrou com essa tarefa o corregedor João Mendes,
que era um oficial da corte. 
Quando D. Duarte, filho de D. João I, sobe ao trono, não se vai esquecer da
importância desta matéria, e por isso vai prosseguir as intenções do pai. Quando o primeiro
autor das ordenações morre, D. Duarte vai incumbir o Doutor Rui Fernandes dessa tarefa, e as
ordenações ficam prontas em 1446.
O termo afonsinas deriva do facto de terem sido concluídas no reinado de D. Afonso V,
que sucede ao rei D. Duarte. Contudo, D. Afonso V ainda é uma criança nesta altura, e quem
procede o esforço é o Infante D. Pedro (irmão de D. Duarte).
As ordenações afonsinas são divididas em 5 livros:
o 1º livro : rege a matéria dos cargos públicos (exemplo corregerdor, desembargador,
chanceler, etc.).
o 2º livro : dedica-se à disciplina do direito público: direitos do rei, da igreja, fiscal, etc. 
o 3º livro : trata as leis que versam a matéria do processo civil.
o 4º livro : direito civil
o 5º livro : direito penal
Houve dois autores materiais das ordenações, Joao mendes e Rui Fernando – que
parte das ordenações terá sido escrita por cada um? Esta diferença vai se poder verificar
através da forma de escrita: o livro I tem um estilo direto e decretório, o que significa que as
leis estão escritas para aquele livro sem identificação da paternidade do rei, do ano e da sua
publicação; por outro lado, os outros livros têm um estilo compilatório, ou seja, as leis estão
compiladas com referência aos reis que as produziram.
No livro II, vai-se encontrar uma lei muito importante, que diz por que ordem é que as
fontes que se conheciam se sucederam. O rei vem dizer nesta lei que há fontes primárias
(fontes que devem ser aplicadas em primeiro lugar) e fontes secundárias (fontes que só se
aplicam se as fontes primárias não oferecerem solução). 
Nas ordenações afonsinas as fontes primárias são três:
1. LEI (fonte do rei)
2. ESTILO (DA CORTE) (fonte que também acabava por ser do rei)
3. COSTUME 
Se não houvesse solução para o caso, nestas fontes e por esta ordem, é que se recorria
às fontes secundárias, que eram:
1. DIREITO CANÓNICO (aplicam-se em questões do foro espiritual e em matéria do
pecado) OU DIREITO ROMANO
2. MAGNA GLOSA 
3. OPINIÃO DE BÁRTULO
4. RESOLUÇÃO RÉGIA
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No reinado de D. Manuel houve a necessidade de rever as ordenações. D. Manuel foi
muito exigente com as ordenações, pois mandou fazer várias edições. Contudo, quando as
ordenações de estabilizaram, passaram a vigorar. No reinado de D. Manuel foi inventada e
passou a ser publicada em Portugal, a imprensa, o que fez com que a divulgação das suas
ordenações tenha sido mais facilitada. A sistematização destas ordenações é igual à das
ordenações afonsinas: 5 livros com as mesmas matérias. Há apenas duas diferenças: no livro II,
a matéria reservada aos judeus desaparece, e os juristas que fizeram as ordenações
manuelinas eram mais experientes e por isso pegaram nas ordenações afonsinas e
reescreveram todas as leis (significa que o estilo compilatório desapareceu).
No reinado de Filipe II de Portugal surgem novas ordenações: ordenações filipinas. 
09.05
FONTES DAS ORDENAÇÕES
ORDENAÇÕES JURÍDICAS:
As ordenações jurídicas estabeleceram o elenco das fontes primarias e das fontes
secundárias. 
No elenco das fontes primarias surge a questão do costume (pratica reiterada com
convicção de obrigatoriedade). As ordenações afonsinas falam de um costume antigo. Já as
ordenações manuelinas falam em direito antigo, com requisitos do direito primário. 
Que requisitos tinha o costume de ter à luz das ordenações? – vai-se discutir quantos
atos serão necessários para formar um costume:
1) Há quem defenda que dois atos são suficientes. 
2) Há quem entenda que era o juiz que determinava o numero de atos suficientes 
ANTIGUIDADE DO COSTUME: a doutrina apontava para que o costume tinha de ter 10 anos, e
se fosse um costume contra a lei (contralegen) o costume tinha de ter 40 anos. 
O costume tem estes requisitos até á Lei da Boa Razão de Marques de Pombal (18 de
agosto de 1789) – lei que revoga este artigo das ordenações filipinas para disciplinar a
aplicação das fontes para o costume/ tinha requisitos mais sérios (costume vale, mas se tiver
mais de 100 anos e o costume contra a lei ou o irracional não vale de todo).
Marques de Pombal chamou-lhe Lei da Boa Razão porque a expressão “boa razão
porque remete ao facto de ser conforme a razão (a lei tinha de ser racional, conforme à reta
razão). 
APÓS 1820 – LEIS DAS FONTES SUBSIDIÁRIAS
1. DIREITO ROMANO 
2. DIRIETO CANÓNICO
3. FORAIS – Os forais vão estar profundamente desatualizados, e os povos vão solicitar
ao Rei que proceda à reforma desses forais. D. João II foi sensível a esta questão, e
prometeu que iria mandar os forais à corte para serem atualizadas. Contudo, isto não
passou de uma promessa – D. João II não materializou esta promessa. Quem a
materializou foi D. Manuel I, que vai fazer recolher os forais à Corte, para proceder à
reforma dos forais. 
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REFORMA DOS FORAIS – O que significou? 
Esta reforma foi uma atualização destas fontes de direito. Isto foi muito bem visto
pelos povos, porque os forais eram as regras que se aplicavam diretamente na sua vida. 
Os forais vão perder algumas matérias que incluíam antes, mas continuam a ser vistos
como algo muito valioso para estes povos. Ficam praticamente reduzidos a uma matéria:
determinação do estatuto do vizinho (=aquele que tem casa na vila, e que tinha determinados
direitos nessa mesma povoação). 
Os forais vão-se manter em vigor até ao Liberalismo. É Mouzinho da Silveira (1828) que
vai revogar os forais. 
Ou seja: os forais goram outorgados muito antes do século XVI. Estes forais foram reformados
por D. Manuel I, e chamaram-se à época forais antigos ou velhos. Quando D. Manuel I devolve
à população os forais novos. Houve forais que não foram objeto de reforma. 
FONTES SUBSIDIÁRIAS: 
1) DIREITO PENAL
2) DIREITO PRUDENCIAL (= DIREITO ROMANO)
16.05
As ordenações estabeleceram o elenco das fontes primárias e das fontes secundárias. 
A diferença entre ordenações manuelinas e as ordenações afonsinas está na passagem
do livro II para livro III. 
Há duas situações em que se aplica o direito canónico nas ordenações do Reino: 
1) Matérias espirituais 
2) Matérias temporais. 
Depois da lei da boa razão, o direito canónico passa a aplicar-se em quatro situações:
1) Quando a lei do Rei mandar aplicar o direito canónico. 
2) Quando assim for aplicado pelas nações civilizadas da Europa (=aquelas que tinham 
uma situação política semelhante à de Portugal à época).
3) Quando não houvesse outra fonte que regesse a situação. 
4) Quando fosse necessário conhecer o direito canónico para opor argumentos aos 
abusos da Igreja.
HUMANISMO JURIDICO
O século XV- XVI foi o século do humanismo. Os humanistas criticam o período 
medieval e tentam retornar a um período que para eles era muito valioso: antiguidade 
clássica. O humanismo vai centrar a atenção do pensamento no homem (desloca-se o 
pensamento do transcendente e o homem é agora o centro do pensamento). 
O renascimento foi assim o renascer das letras antigas, da cultura clássica. 
O humanismo faz uma forte critica ao direito, uma critica feroz ao saber medieval, pois
defende que se devia estudar o Corpus Iuris Civilie ao invés das glosas e outros. 
No século XVIII, Marques de Pombal consagra o humanismo através de duas formas: 
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- o direito prudencial deixa de valer como fonte de direito
- usus modernus pandectarum. 
Marques de Pombal preocupou-se com o ensino de direito: em 1762 efetuou-se uma 
nova reforma da Universidade de Coimbra: reforma pombalina dos estudos universitários. Esta
reforma iniciou-se em 1769, na qual Marques de Pombal quis fazer um diagnostico (quis saber 
como o ensino de direito estava a ser administrado). Este diagnostico foi feito num relatprop 
chamado compendio histórico. 
Apos isto, Marques de Pombal entendeu que o estudo está desatualizado e depois do 
compendio, aprova os Estatutos Novos da Universidade de Coimbra (1772). Estes estatutos 
introduzem disciplinas de direito português, natural, internacional e deixou de estar feito 
baseado na leitura dos textos e passou a ser dado com base em compêndios. 
No século XVIII, acaba com a ideia do direito natura e bem determinar que o direito 
natural seria um conjunto de direitos impostos pela razão do homem. 
Neste período, as ordenações estão revogadas. D. Maria ficou com a ideia de não as 
revogar e para isso proceder à sua revisão. Nelo freire vai rever as ordenações do livro V, e 
pede a Bernardo Ribeiro dos Santos para fazer uma critica a este trabalho. 
Face a isto, não houve uma atualização das ordenações: elas continuam sem vigorar. 
D. Maria tentou assim a sua revisão, mas não conseguiu. 
23.05
CODIFICAÇÃO
No século XIX, deu-se a codificação (vai nascer o código). 
No II período da historia do direito português, a lei agora é tendencialmente a única
fonte de direito:
 CODIFICAÇÃO COMERCIAL: código português em 1933, dividia-se em duas partes. Foi
influenciado pelo código da Prússia, da Espanha, França e até pelas leis inglesas. 
 CODIFICAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO: as constituições de 1822 e a carta
constitucional estabeleceram regras à cerca da divisão administrativa do país, em
circunscrições maiores e/ou menores. Os códigos começam a surgir a partir de 1836 e
em função da centralização.
 CODIFICAÇÃO CIVIL: referência ao código de Seabra, obra de um só homem que
assentou no sujeito e nos seus direitos. 
 CODIFICAÇÃO PENAL: as penas eram arbitrárias – o direito penal era fortemente
severo; os juristas começam a preocupar-se coma seriedade das penas e a exigir que o
direito penal seja mais justo. Dá-se origem a uma corrente do pensamento jurídico:
humanismo jurídico (pretende a humanização do direito penal). Ex: Mateus de Becari,
um italiano que não é jurista, mas que publicou uma obra que se tornou viral
designada “ delírio das penas” que vem criticar o direito penal do séc. XVIII apelando a
sua humanização e abrindo as pontas ao humanitarismo jurídico. Procura afirmar estes
princípios. 
Esta obra teve forte influencia em Portugal e no inicio do séc. XIX foi a base do
trabalho publicado por um outro autor que se encontrava exilado em Londres (Freire
de Melo), designada: “dos delírios e das penas”. Na obra, diz que o direito penal deve
ser proporcional entre o ato praticado e a pena aplicada; apela ao fim da
arbitrariedade: as penas não devem ser arbitrárias, devem deixar margem alguma as
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leis penas ao abrigo do que pratica ato; as leis penais devem ser claras, inequívocas,
deixando pouca margem de manobra ao jogador.
Quanto à prisão perpétua, esta foi claramente combatida por esses autores que
começaram a entender a prisão não como um castigo corporal (conceção anterior)
mas como uma forma de prevenir o crime e reabilitar o criminoso. 
Quanto à pena de morte, apresentam-se várias opiniões à cerca da mesma: Freire de
Melo vai admitir a pena de morte em duas circunstancias: 
1) CRIME DE ALTA PUNIÇÃO (crimes de traição à pátria – ex. segredos de
estado)
2) HOMICIDIO QUALIFICADO
Desde os finais do século XVIII, o direito penal é humanizadoe as penas passam a ser
proporcionais: a legislação é seguira e a vingança deixa de ser própria do Estado. Não
deve haver pena de morte, exceto para alguns, em situações muito limitadas. Todavia,
temos ordenações antigas que consagram exatamente o inverso destes novos ventos
humanitários. 
CODIGO PENAL: Projeto de código penal apresentado às cortes, mas que nunca chegou a
vigorar. 
 1852 – Primeiro código penal (não foi um trabalho seguro)
 1853 – Foi criada uma comissão para rever esse trabalho que se considerava
inacabado. Esta comissão não criou um código, mas criou a reforma do direito
penal. Reforma do direito penal – Lews M. Jordão fez uma reforma muito
importante em 1867, que de forma pioneira aboliu a pena de morte para os
crimes civil. 
 1886 – Novo código civil que vigorou até 1892.
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