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Direito Processual Penal

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PROCESSO PENAL
Tutela Penal – plano material (penal) – princípio da legalidade
		Plano instrumental (processual) – princípio do devido processo legal
1) PRINCÍPIOS
a) Devido Processo Legal
 Representa a necessidade de se observar o conjunto de garantias e princípios, que tem por objetivo resguardar os direitos fundamentais do indivíduo, especialmente a vida, liberdade e patrimônio, durante o desenrolar do processo, que deve ser finalizado em prazo razoável, de modo a permitir a justa composição da lide. Assim, deve-se sempre observar o conjunto normativo e a mínima limitação dos direitos fundamentais. Esse princípio rege-se pelos princípios da razoabilidade, proporcionalidade e proibição de excesso. Processo devido é aquele, efetivo, adequado, tempestivo e leal.
b) Contraditório e Ampla Defesa
 O contraditório é dúplice, o que significa dizer que ambas as partes têm direito a ele. Representa a ciência à outra parte (informação), e o “poder de influência”, possibilitando a efetiva contradição (reação), sendo que, para se evitar eventual prejuízo ao acusado, deve-se garantir a defesa técnica (por advogado).
 A ampla defesa é um aspecto do contraditório, abrangendo a auto defesa, a defesa técnica e a ampla produção de provas. 
 No Tribunal do Júri fala-se ainda em plenitude de defesa, admitindo-se defesa não jurídica.
 O contraditório pode ser classificado em real ou imediato, exercido no momento da produção da prova, como ocorre na oitiva de testemunhas; ou diferido ou mediato, isto é, postergado para momento futuro, servindo como exemplo a prova pericial realizada no inquérito e que só será contraditada na ação.
c) Juiz Natural
 Busca garantir a imparcialidade e o julgamento por um juiz competente, impossibilitando o juízo de exceção. O STF não reconhece o princípio do promotor natural. 
d) Igualdade Processual
 - entre acusador e acusado;
 - Garantida por: acesso pleno à justiça + garantia de defesa técnica + igualdade de armas + tratamento paritário + tratamento desigual para o réu (privilegiado – ex.: in dúbio pro réu; presunção de inocência (não-culpabilidade); julgamento de HC e Revisão criminal em Tribunal favorecem ao paciente em caso de empate).
e) Presunção, ou melhor, “estado” de inocência ou princípio da não culpabilidade – art. 5º, LVII, CF/88
 -A presunção de culpa é constitucional, o que não é constitucional, é considerar o réu culpado, por isso não se inclui o nome do réu no rol dos culpados até o trânsito em julgado; se decreta prisão apenas cautelar no curso do processo (STF E STJ)
 Deste princípio extraem-se as seguintes regras:
 - O ônus da prova é da acusação;
 - na valoração das provas, que se dá na fase de sentença, o in dúbio funciona para o réu;
 - prisão no curso do processo, só cautelar;
 - direito ao silêncio.
f) Princípio da Ação/Demanda, da Inércia do Juiz ou da Iniciativa das Partes
 Exceção – art. 195, LEP – O processo de execução pode ser iniciado de ofício, pelo juiz.
g) Princípio da Publicidade – art. 5º LX e 93, IX
h) Princípio do Livre Convencimento ou da Persuasão Racional – arts. 93, IX e 157, CPP
 Exceção: Júri íntima convicção – não depende de fundamentação, pelo contrário, esta é proibida em razão do princípio do sigilo da votação.
i) Princípio do duplo grau de Jurisdição
 Previsão implícita na CF/88 – como se verifica quando esta dispõe acerca da função revisora dos Tribunais; do Estado Democrático de Direito; do devido processo legal e no art. 5º LV.
 O STF entende não ser garantia constitucional (Ag. Regimental – 209954-1/SP e 210.048-0/SP) – Ex.: o julgamento de prefeitos, promotores e juízes se dá diretamente em segunda instância.
 Está previsto expressamente no Pacto de San Jose da Costa Rica, no art. 8º, II, h, não estando constitucionalizado por ser anterior à CF/88 – “direito de recorrer”. Mas segundo entendimento do STF sobre o prisão do depositário infiel é norma supralegal.
AI-AgR 209954 / SP - SÃO PAULO AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO
Julgamento: 15/09/1998 Órgão Julgador: Segunda Turma
Publicação 
DJ 04-12-1998 PP-00015 EMENT VOL-01934-05 PP-00988Parte(s) 
AGTE. : ROCKWELL DO BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
ADVDOS. : ÁLERSON DO CARMO MENDONÇA E OUTROS
AGDA. : UNIÃO FEDERALEmenta 
DEVIDO PROCESSO LEGAL - NEGATIVA DE SEGUIMENTO A RECURSO. A negativa de seguimento a recurso, no âmbito do STF, considerada a circunstância de as razões expedidas contrariarem precedente da Corte, longe fica de implicar transgressão ao devido processo legal. JURISDIÇÃO - DUPLO GRAU - INEXIGIBILIDADE CONSTITUCIONAL. Diante do disposto no inciso III do artigo 102 da Carta Política da República, no que revela cabível o extraordinário contra decisão de última ou única instância, o duplo grau de jurisdição, no âmbito da recorribilidade ordinária, não consubstancia garantia constitucional.
j) Princípio da Verdade Real (norteador do processo) e da verdade processual (norteador da decisão) 
 O juiz não pode ser mero espectador do direito, podendo determinar a realização de provas de forma supletiva (limite).
k) Princípio da Inadmissibilidade das Provas obtidas por meios ilícitos – art. 5º LVI, e derivadas
l) Princípio da Identidade Física do Juiz – art. 502, § único, CPP - não tinha aplicação, entretanto, com as alterações ao CPP introduzidas no ordenamento pela Lei 11719/08, especificamente em seu art. 1°, que altera o antigo art. 399, e acrescenta a ele o §2º, este princípio passa a ter aplicação no processo penal.
“Art. 399.  Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. 
§ 1o  O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar sua apresentação. 
§ 2o  O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.” (NR) 
m) Princípio do favor rei – preponderância do direito de liberdade em embate com o poder de punir. O Princípio do "Favor Rei" diz respeito, entre outras coisas, à interpretação do texto legal, nas hipóteses em que esta não é possível de forma pacífica (forma unívoca). Há, então, de prevalecer a mais benéfica ao réu. Para Fernando da Costa Tourinho Filho pelo princípio do favor rei (ou favor inocentiae, ou favor libertatis), num conflito entre o jus puniendi do Estado e o jus libertatis do acusado, deve a balança inclinar-se a favor deste último. Isso significa que, na dúvida, sempre prevalece o interesse do acusado (in dubio pro reo). Por isso a própria lei prevê a absolvição por insuficiência de prova; a proibição da reformatio in pejus; os recursos privativos da defesa, como os embargos infringentes (possível em face de decisão não unânime de 2ª instância, desfavorável ao réu) ou de nulidade, a revisão criminal (após o trânsito em julgado, a qualquer tempo, a fim de absolver o réu, reduzir a pena ou anular o processo), o princípio do estado de inocência, etc. Em síntese, tende o Direito Processual Penal à absolvição do réu persistindo dúvidas a respeito de sua atuação.
2) SISTEMA ACUSATÓRIO
2.1) Características:
 - separação das funções de acusar, defender e julgar;
 - garantia do contraditório;
 - garantia do juiz imparcial;
 - garantia de publicidade.
3) LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO
3.1. Lei processual penal no tempo:
 - art. 2º, CPP
 - Retroatividade da LPP – não é possível
 - Ultratividade da LPP – não é possível, em regra. 
 Exceções: 
 a) quando há ofensa à ampla defesa;
 b) alteração de competência relativa – apenas pode ser alegada até a defesa – art. 108, CPP;
 c) norma híbrida ou mista ou de conteúdo misto, ou seja, que traz duas vertentes simultaneamente: uma penal e outra processual penal – ex.: art. 366 – réu não localizado: suspensão do processo (natureza processual) e suspensão da prescrição (natureza penal). O STF e o STJ entendem que neste caso,é o vetor penal que decide pela incidência da norma. Aspecto penal favorável – a norma toda entra em vigor; aspecto penal desfavorável – a norma não entra em vigor. Não há cisão. Ou entra em vigor toda a norma ou nada entra em vigor.
3.2. Lei Processual Penal no Espaço
Princípio da Territorialidade e da Unidade – ressalvas: tratados, regras e convenções internacionais (diplomata tem imunidade absoluta no Brasil, respondendo pela infração em seu país, qualquer que seja ela); infrações político administrativas; processos de competência da justiça militar (aplicação subsidiária do CPP); crimes de imprensa; crimes eleitorais; etc. Logo, pode-se dizer que o Brasil adota o princípio da territorialidade limitada, eis que em dadas situações não terá jurisdição para processar e julgar crimes cometidos em território nacional, e por outro lado, em outras circunstâncias, terá competência para julgar crimes cometidos no exterior, algumas vezes de maneira incondicionada.
4) JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
4.1. Composição dos Litígios
a) Autotutela – uso da força
b) Autocomposição: Trata-se de acordo feito entre as partes, que pode se dar de 3 formas: renúncia (quando o autor abre mão do seu interesse); submissão (quando o réu se sujeita à vontade do autor) e transação (concessões mútuas). A autocomposição é cabível em relação a infração de menor potencial ofensivo. 
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal. (Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
1.2. Jurisdição
- Conceito de jurisdição: é a função estatal exercida com exclusividade pelo Poder Judiciário, consistente na aplicação de normas da ordem jurídica a um caso concreto, com a conseqüente solução do litígio. É o poder de julgar um caso concreto, de acordo com o ordenamento jurídico, por meio de um processo. Um dos objetivos da jurisdição é a pacificação social.
. Princípio do Juiz Natural (Art. 5º, CF):
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
............................................................................
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
(...)
. Em outros países, é comum ocorrer tribunal de exceção, criado após o delito, exclusivamente para julgá-lo. Ex.: Ruanda, Iraque, ex- Iuguslávia etc. Do princípio do Juiz Natural derivam 3 regras de proteção:
a) Só podem exercer jurisdição os órgãos instituídos pela Constituição
b) Ninguém pode ser julgado por órgão instituído após o fato delituoso (tribunal de exceção)
c) Entre os juízes pré-constituídos, vigora uma ordem taxativa de competência que impede qualquer juízo de discricionariedade
Questões de concurso:
1ª) Lei posterior pode alterar a competência? Crime doloso contra a vida praticado por militar contra civil com arma da corporação, de quem é a competência? Antes a competência era da Justiça Militar. Quando entra em vigor a Lei 9.299/96, os processos de primeira instância foram encaminhados para o Tribunal do Júri. Entretanto, os processos da 2ª instância não poderiam ser encaminhados para o TJ, porque ele estaria revisando uma decisão da 1ª instância militar. Assim, lei que altera a competência tem aplicação imediata aos processos em andamento na 1ª instância. A lei processual penal tem aplicação imediata.
“Tempus Regit Actum: art. 2º CPP: Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior”.
2ª) Tráfico internacional de drogas praticado em município que não seja sede de vara federal. O art. 27 da Lei 6368/76 dizia que o processo e julgamento de crime de tráfico com exterior caberia à Justiça Estadual, com interveniência do MP estadual, se o lugar não fosse sede de vara da Justiça Federal. Com a alteração trazida pelo art. 70, par. único da Lei 11.343/2006, o processo e julgamento dos crimes de tráfico transnacional será na vara federal da circunscrição respectiva.
“Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal.
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede de vara federal serão processados e julgados na vara federal da circunscrição respectiva.”
OBS.: Com a entrada em vigor da Lei de Drogas, o juiz estadual remeterá imediatamente todos os processos em curso para a Justiça Federal da circunscrição respectiva.
3ª) Lei 11.689/2008, art. 4º (extinção do protesto por novo júri). Esse dispositivo entrou em vigor em 09/08/2008. Homicídio praticado em 20/03/2006. O julgamento será realizado em 30/09/2008. Ele será condenado a 25 anos. Terá direito a protesto por novo júri? 
A doutrina faz distinção entre norma processual material e norma genuinamente processual. Norma processual material é aquela que atinge o jus libertatis do agente. Ex.: decadência, perempção, renúncia, novas regras para liberdade condicional etc. O princípio utilizado neste caso é o mesmo da lei penal. Aplica-se o Princípio da Irretroatividade da Lei Penal Mais Gravosa. Norma Genuinamente Processual: Princípio da Aplicação Imediata (Tempus Regit Actum)
4ª) A lei que revogou o processo por novo júri é norma processual material ou genuinamente processual? Natureza da norma que revogou o protesto por novo júri:
.1ª Corrente (LFG, Rogério Sanches, Ronaldo): é norma processual material. Todos aqueles que praticaram crime doloso contra a vida antes do dia 09/08/2008 terão direito ao protesto por novo júri. É a que prevalece.
.2ª Corrente (Guilherme de Souza Nucci, Gustavo Badaró): A lei que se aplica aos recursos é a lei vigente quando a decisão foi proferida. Assim, leva-se em conta a data do julgamento.
5ª) Convocação de juízes para atuar na 2ª instância ou em tribunais superiores viola o princípio do juiz natural? 
Os tribunais têm entendido que a convocação não viola o princípio do juiz natural, porque quem exerce a jurisdição não é aquele juiz, e sim o tribunal (STF HC 86889).
6ª) Criação de varas especializadas para lavagem de capitais afronta o princípio do juiz natural?
Em 2003, foi editada uma resolução pelo Conselho da Justiça Federal, determinando que os TRFs criassem varas especializadas no combate à lavagem (Resolução nº 314). A partir daí, os TRFs começaram a editar resoluções e provimentos. Indaga-se, então, se houve afronta ao princípio do juiz natural quando tais provimentos determinaram a remessa dos processos em andamento às varas especializadas. Para o STJ, não há qualquer nulidade (CC 57838). Não se aplica a perpetuação da jurisdição (art. 87 do CPC), pois houve a alteração da competência em razão da matéria.
Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia.
Esta regra também se aplica ao processo penal. Para o STF (HC 88660),não há qualquer nulidade. Apesar de o STF entender que a Resolução 314 do CJF seria inconstitucional, porque o CJF só tem funções administrativas, entendeu-se que esse vício não contaminaria as resoluções e provimentos dos tribunais, na medida em que estes têm poder de auto-organização e estão amparados por lei. Não há violação ao Princípio do Juiz Natural. As varas já existiam antes, foram apenas especializadas após o delito. Há lei autorizando a especialização das varas.
4.3. Competência
Conceito: competência é o âmbito dentro do qual cada órgão jurisdicional exerce a jurisdição, é a quantidade de jurisdição cujo exercício é atribuído por lei a cada órgão ou grupo de órgãos judiciais. (art. 69 a 91, do CPP)
4.3.1. Espécies de Competência
. Competência Ratione Materiae - A competência é fixada de acordo com a natureza da infração penal.
. Competência Ratione Personae - Competência por prerrogativa de função. É uma garantia, e não privilégio.
. Competência Ratione Loci ou Territorial
. Competência Funcional - Fixada conforme a função que cada órgão jurisdicional exerce no processo. A competência funcional divide-se em:
a) Competência Funcional por Fase do Processo: de acordo com a fase em que o processo estiver, um órgão jurisdicional diferente exerce a competência (ex.: procedimento bifásico do tribunal do júri). Na 1ª fase a competência é do juízo sumariante. Na 2ª fase, a competência é do próprio tribunal do júri.
b) Competência Funcional por Objeto do Juízo: cada órgão jurisdicional exerce a competência sobre determinadas questões a serem dirimidas no processo (ex.: tribunal do júri: se estiver diante de uma questão de fato sobre a existência do crime e a autoria é competência dos jurados; se a questão estiver relacionada ao direito - aplicação da pena- a competência é do juiz presidente).
c) Competência Funcional por Grau de Jurisdição: É aquela que divide os órgãos jurisdicionais em superiores e inferiores, chamada competência recursal. Alguns doutrinadores diferenciam competência funcional horizontal (os órgãos jurisdicionais estão no mesmo plano – ex. por objeto do juízo) ou competência funcional vertical (os órgãos jurisdicionais estão em planos distintos – ex.: por grau de jurisdição).
	Competência Absoluta
	Competência Relativa
	Interesse tutelado é o interesse público
	O que prevalece é o interesse das partes. O interesse público é secundário.
	É improrrogável ou imodificável
	É prorrogável ou modificável/derrogável
	A violação à regra de competência absoluta é uma nulidade absoluta.
Características:
1) nulidade absoluta pode ser argüida a qualquer momento, mesmo após o trânsito em julgado, desde que em favor do réu;
2) o prejuízo é presumido
A incompetência absoluta pode ser declarada de ofício.
	A violação a regra de competência territorial é uma nulidade relativa.
Características:
1) deve ser argüida até a sentença
2) o prejuízo precisa ser comprovado
A incompetência relativa também pode ser declarada de ofício, até a sentença.
	Espécies de Competência Absoluta:
1) Ratione Materiae
2) Ratione Personae
3) Competência Funcional
	Espécies de Competência Relativa:
1) Ratione Loci
2) Por distribuição
3) Por prevenção
Súmula 706 STF : “É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção.”
Ex.: cidadão é gerente de um banco e concede benefícios para o cliente pessoa jurídica, afirmando que as guias da previdência podem ser pagas mediante malote. O gerente embolsava os valores e falsificava a autenticação mecânica. Depois de 2 anos, o INSS descobre.
. O crime é de estelionato cometido em 1994. A denúncia foi recebida em 1996 pelo juiz federal. Em 2002, o juiz federal profere sentença condenatória. Apelação julgada em 2004 pelo TRF. O sujeito passivo do estelionato, no caso, é a pessoa jurídica que foi enganada. Assim, a competência é da Justiça Estadual. O INSS vai ajuizar a execução fiscal normalmente contra a pessoa jurídica. Assim, não há prejuízo para o INSS.
Súmula 107 do STJ: “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia federal.”
Houve violação ao princípio do juiz natural, porque a autoridade sentenciante não tinha competência. A nulidade é absoluta, assim, são nulos os atos decisórios praticados pelo juiz.
O TRF, ao julgar a apelação, declarou a nulidade de todos os atos e remeteu para a Justiça Estadual em 2006. De 1994 a 2006, a prescrição correu normalmente.
- Art. 69 – Critérios de Competência Penal:
	Estabelecem a competência territorial:
	Competência material (estabelece a justiça e o juízo competentes)
	Estabelecem o juízo competente:
	Critérios de prorrogação, de modificação da competência:
	Estabelece justiça, juízo e fôro
	. lugar da infração;
. domicílio ou residência do réu;
	. natureza da infração;
	. distribuição;
. prevenção;
	. conexão e continência;
	. prerrogativa de função
- Etapas ou guia para fixação da Competência:
. OBS.: Preliminarmente deve-se verificar se há prerrogativa de função.
1º) Fixação da Justiça Competente (CF)
. regras de competência material ou “ratione materiae”- sua inobservância ensejará nulidade absoluta, entretanto, se a regra violada for expressamente prevista na CF, haverá inexistência dos atos praticados;
. Competência de jurisdição:
. Ramos da Justiça Penal – Especial: Eleitoral (art. 121, CF) e Militar (arts. 124 e 125, §3º a 5º da CF) e Trabalhista (art. 114 da CF); e Comum: Federal (art. 109) e Estadual (residual).
a) Justiça Eleitoral:
. julga crimes eleitorais e comuns a eles conexos (previstos no Código Eleitoral – ex.: art. 199 – corrupção eleitoral; Lei 9504/97 – abuso do poder econômico);
. Em 1ª instância - atua MPE; em 2ª instância atua MPF e no STF, atua PGR.
OBS.: Se o crime conexo ao eleitoral for de homicídio, o crime eleitoral será julgada por essa justiça, enquanto o homicídio será julgado pelo Tribunal do Juri.
OBS.: Crime cometido contra juiz eleitoral - competência da justiça federal
b) Justiça do Trabalho:
. julga os HC’s quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição (EC 45/03).
. ADI 3684 – em medida cautelar, o STF entendeu que a justiça do trabalho não tem competência criminal genérica para processar e julgar delitos, ainda que contra a organização do trabalho (ex.: falso testemunho – competência da Justiça Federal). – crimes contra a organização do trabalho – competência da justiça federal.
c) Justiça Militar (art. 124 – JMF, e art. 125, §§3º a 5º - JME)
- julga crimes militares (Dec. Lei 1001/69);
- São instituições militares federais as forças armadas (aeronáutica, exército e marinha);
- São instituições militares estaduais a policia militar e o Corpo de Bombeiros.
	Justiça Militar da União
	Justiça Militar dos Estados
	Só julga crimes militares (próprios e impróprios)
	Só julga crimes militares (próprios e impróprios)
	Julga civil e militares (art. 124, da CR)
	Julga apenas militares dos estados (art. 125, da CR)
	Competência em razão da matéria
	Competência em razão da matéria e da pessoa
	Não tem competência cível
	Tem competência cível em caso de ações judiciais contra atos disciplinares militares.
	Juiz auditor – não tem competência singular; todos os crimes militares serão julgados por um Conselho de Justiça.
	Juiz de direito – compete julgar singularmente os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares (art. 125, §§ 4º e 5 º).
	Órgão de 2ª Instância: STM
	Órgão de 2ª Instância: TJM (MG, RS e SP) ou TJ
	MP: MPM
	MP: MPE
	O órgão jurisdicional da justiça militar, tanto estadual como da união, é denominado de “Conselho de Justiça”, composto por um juiz togado e 04 militares oficiais. 
. O crime poderá ser:
a) propriamente militar: é aquele que só pode ser cometido por militar, é o fato delituoso definido exclusivamente pela legislação militar (ex.: deserção, insubordinação militar).
b) impropriamentemilitar: fato delituoso definido tanto na legislação militar como na comum. Sua prática é possível a qualquer cidadão (civil ou militar), passando a ser considerado militar quando praticado em certas condições (ex.: furto, desacato, estupro).
- No caso de crime impróprio, para que seja considerado crime militar, deverá ser tipificado no Código Penal Militar e no art. 9º, do CPM (ex.: estar o agente em situação de serviço). Os crimes comuns praticados por militar em exercício são da competência da justiça comum. 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
        I - os crimes de que trata êste Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial; 
        II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados: 
        a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; 
        b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
        c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil;
        d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
        e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar; 
        f) revogada. 
        III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: 
        a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar; 
        b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; 
        c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; 
        d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquêle fim, ou em obediência a determinação legal superior. 
        Crimes militares em tempo de guerra 
        Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
- A Lei 9299/96 trouxe algumas alterações relevantes como:
a) arma da corporação – os crimes praticados fora de serviço com arma da corporação deixaram de ser considerados crimes militares, tornando-se crimes comuns, revogando a súmula 47, do STJ;
b) crime doloso contra a vida de civil – os crime dolosos contra a vida, praticados por militares contra civis tornaram-se crimes comuns, de competência do Tribunal do Júri (incorporado à CF com a EC 45/2004).
- A justiça militar federal poderá julgar civil desde que este pratique crime que atinja as instituições militares federais. Por outro lado, a Justiça Militar Estadual não poderá julgar civil em qualquer hipótese, eis que sua competência se encontra definida na CF, só podendo julgar PM’s e bombeiros militares. Neste sentido, o STJ editou a Súmula 53 “compete à justiça comum estadual processar e julgar civil acusado de prática de crime contra instituições militares estaduais”.
- Crimes militares: 
1º Exemplo: Soldado da PM em concurso de agentes com particular, estupra uma mulher em um lugar sujeito à administração militar.
. Nesse caso, haverá separação de processos: o militar será julgado pelo estupro na Justiça Militar Estadual, enquanto o civil, na justiça comum.
. Súmula 90, STJ (compete a justiça estadual militar processar e julgar o policial militar pela pratica do crime militar, e a comum pela pratica do crime comum simultâneo àquele.) – art. 79, I, CPP – logo, havendo conexão com crimes comuns, não haverá reunião de processos. Assim, se o militar praticar crime comum e crime militar haverá cisão do processo, com remessa dos respectivos autos à justiça competente.
2º Exemplo: Soldado do exército abandona seu posto de serviço e pratica um crime de roubo contra um estabelecimento comercial, usando arma da corporação.
. Com a revogação do art. 9º, II, letra “f”, do CPM, o fato do crime ser praticado com arma da corporação não atrai, obrigatoriamente, a competência da justiça militar. Nesse caso, o crime de roubo será julgado pela justiça comum, cabendo à justiça militar julgar o delito de abandono de posto.
3º Exemplo: Crime militar cometido em outro Estado.
O militar será julgado na justiça militar do Estado onde exerce sua função. Crime militar praticado por soldado da força nacional, será julgado pela Justiça Militar de seu Estado.
STJ 78 - compete a justiça militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que o delito tenha sido praticado em outra unidade federativa.
4º Exemplo: Abuso de autoridade e tortura cometidos por militar.
Como esses delitos são crimes comuns, a competência será da justiça comum. Se porventura, for praticada lesão corporal leve em concurso com abuso de autoridade, a lesão será julgada pela justiça militar, enquanto que o abuso de autoridade será julgado pela justiça comum.
STJ 172 - compete a justiça comum processar e julgar militar por crime
de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço.
5º Exemplo: Homicídio doloso
. militar x civil: Tribunal do Juri (Lei 9299/96)
. civil x militar em serviço: se for um policial militar, a competência será do Tribunal do Juri; se for um militar das forças armadas, a competência será da Justiça Militar da União (STF HC 91003).
. Desclassificação pelo Juri: Se os jurados desclassificam a imputação de homicídio doloso para homicídio culposo praticado por militar contra civil, a competência não será do juiz presidente, mas sim, da justiça militar.
. Crime de homicídio e erro na execução: para fins de competência, levam-se em consideração os fatos objetivos, e não os subjetivos. Assim, se um militar, querendo atingir outro militar, por erro na execução acerta um civil, a competência será do Tribunal do Juri. (STJ CC 27368)
STJ n.º 06 - compete a justiça comum estadual processar e julgar delito decorrente de acidente de transito envolvendo viatura de policia militar, salvo se autor e vitima forem policiais militares em situação de atividade.
Interessante ainda a leitura do seguinte texto, transladado na data de 30/04/2008, do site do STJ:
Ação proposta contra policial acusado de atirar em via pública deve ser julgada pela Justiça comum. A Justiça comum é quem deve processar e julgar ação proposta contra policial militar que, em situação de atividade, efetuou disparos com arma de fogo em via pública. O entendimento é da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou ser da competência do juízo de Direito da Vara Criminal de Inquéritos Policiais de Belo Horizonte (MG) o julgamento de processo instaurado contra o policial militar B.F.M. 
Segundo o processo, foi instaurado inquérito policial com o fim de se investigar a conduta do policial militar, que teria supostamente praticado o crime de disparo de arma de fogo em via pública, previsto no artigo 15 da Lei 10.826/03 no exercício de sua atividade profissional. 
O juízo da Vara Criminal entendeu que a competência para conhecer e julgar a questão cabe à Justiça Militar estadual. Dessa forma, declinou da competência, remetendo os autos àJustiça Militar. 
O Ministério Público de Minas Gerais, tendo em vista a co-autoria, e que a conduta dos civis não foi apreciada pela Justiça Comum, requereu que “o feito fosse xerocopiado e remetido à Justiça Comum para apreciação das condutas dos civis em tela”, bem como lutou pela verificação acerca da apuração dos fatos pela Justiça Militar em sede de inquérito policial militar. 
Após verificar o conteúdo da sindicância, o Ministério Público alegou que o fato discutido nos autos “não se adeqüa ao artigo 9º do Código Penal Militar, pois não fere a autoridade e a disciplina militar e, conseqüentemente, a administração e a instituição militar a que o Direito Penal Militar se propõe a preservar”, razão pela qual requereu a mudança de juízo. 
O juízo militar, acolhendo a tese do Ministério Público suscitou o conflito de competência. 
Para a relatora, ministra Maria Thereza de Assis Moura, o crime não encontra correspondente previsão legal no Código Penal Militar. 
“A infração que se pretende atribuir ao policial militar B.F.M, de disparo de arma de fogo em via pública, apenas encontra previsão legal no Estatuto do Desarmamento. Não há correspondência com qualquer outro tipo penal previsto no Código Penal Militar, ainda que sob outra definição. Dessa forma, afasta-se a competência por parte da Justiça Militar para a apreciação da conduta em questão”, afirmou a ministra.
d) Justiça Política ou extraordinária
. crime de responsabilidade em sentido amplo: são aqueles cuja qualidade de funcionário público é uma elementar do tipo penal (ex.: peculato)
. crime de responsabilidade em sentido estrito: são aqueles que somente determinados agentes políticos podem praticar. Não têm natureza jurídica de infração penal, mas sim de infração político-administrativa.
OBS.: Não pode ser considera espécie de competência criminal, tendo em vista que como dito, não se trata de infração penal.
e) Justiça Comum Federal – art. 109, da CF
e.1) Crimes políticos: 
. aspecto objetivo - são aqueles que atendem contra a organização do Estado, o Regime Democrático ou contra as instituições políticas (leva em conta o bem jurídico tutelado).. . aspecto subjetivo - qualquer delito, desde que praticado por motivo político – leva em conta a intenção do agente.
Logo, são os previstos na Lei de Segurança Nacional 7170/83, desde que praticados com motivação política.
OBS.: recurso cabível contra decisão proferida em ação que julga crime político é o ordinário constitucional ao STF (art. 102, II, CF);
e.2) Infrações praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União, suas autarquias e EP’s, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral e as contravenções penais:
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
. a CF não incluiu as SEM da União (Súmula 42, STJ - compete a justiça comum estadual processar e julgar as causas civeis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento);
. Crime cometido contra a EBCT – se a exploração for feita pelo próprio ente federal, a competência será da Justiça Federal; se o crime for praticado em detrimento de uma franquia, a competência será da justiça estadual.
. Crime cometido contra conselho de classes: são autarquias federais, logo, a competência é da justiça federal (STJ CC 61.121 e 45.783). O mesmo raciocínio se aplica às fundações. Em relação ao direito do trabalho o TST tem entendido pela ausência de obrigatoriedade de se prestar concurso público nos conselhos de classes.
. Crime de dano x bem tombado: se o bem foi tombado por um estado membro, a competência será da justiça estadual; se pela União (IPHAN), a competência será da justiça federal.
. Desvio de verbas: se a verba estiver sujeita a prestação de contas perante a órgão federal, a competência será da justiça federal; se já estiver incorporada ao patrimônio municipal, a competência será da justiça estadual.
. Contrabando e Descaminho: competência da justiça federal, sendo competente a seção da apreensão.
. Falsificação: em relação ao delito de falsificação, a competência será determinada pelo ente responsável pela emissão do documento; em relação ao crime de uso de documento falso, desde que não praticado pelo próprio autor da falsificação, a competência será determinada pela pessoa prejudicada pelo uso do documento. Quanto ao uso pelo próprio autor da falsificação, é considerado mero exaurimento.
Exs.: falsificação de CNH – Justiça Estadual, eis que é expedida por órgão estadual;
 Falsificação de CPF – Justiça Federal, uma vez que é emitido pela SRF (STJ HC 44701);
 Um cidadão é denunciado pelo crime de falsificação de Carteira da OAB e pelo delito de estelionato contra uma instituição bancária – a OAB é considerada autarquia, logo o crime contra ela será de competência da justiça federal, que terá vis atractiva, devendo ambos os delitos ser julgados pela JF (Súmula 122, STJ). Ainda se o juiz entender que o crime de falso foi mero meio para se alcançar o fim, que seria estelionato, restando apenas esse crime, a competência continuará sendo da Justiça Federal, em razão da regra do art. 81, do CPP, que prevê que a competência é determinada na propositura da ação (STJ RHC 18329).
“Art. 81.  Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos.
        Parágrafo único.   Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente.”
. OBS.: ler ainda as súmulas do STJ: 62, 104 (se a falsificação for de diploma de ensino superior, ainda que a IES seja particular, a competência será da justiça federal), 73, 165.
. A competência para processar e julgar as contravenções será sempre da Justiça Comum, mais especificamente, do JECRIM, salvo em caso de conexão. Nesse sentido são as súmulas:
. STJ - 38: “compete à justiça estadual comum, na vigência da constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da união ou de suas entidades”. 
. STJ – 122: “compete à justiça federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, "a", do código de processo penal”. Ou seja, havendo conexão entre crimes de competência da JE e da JF, todos serão julgados pela JF, que terá vis atractiva.
A conclusão supra é polêmica, sendo que forte corrente entende não haver cisão de julgamento, como se verifica no texto a seguir:
“Em síntese, pode-se concluir que é manifestamente inconstitucional a interpretação que reputa inserida na competência da Justiça Federal o julgamento das contravenções penais, mesmo na eventualidade de ocorrer conexão ou continência com crime da competência federal, situação em que será imperiosa a separação dos respectivos processos penais condenatórios. Essa conclusão é extraída de uma exegese de direito estrito da norma inscrita no art. 109, IV, da Constituição da República, bem como dos princípios norteadores da competência em razão da matéria, que só admitem a prorrogação da competência jurisdicional se e quando o mesmo juízo for competente para julgar as duas causas penais. Fica dada a sugestão para um futuro aperfeiçoamento da redação do verbete nº 38 da Súmula do STJ, de modo a fixar a competência exclusiva da Justiça Estadual para o conhecimento das contravenções penais, ainda que se possa vislumbrar possível conexão ou continência com algum delito da alçada federal.”. Seja o servidor federal sujeito ativo ou passivo, se o crime tiver relação com suas funções, será julgado pela JF.
Súmula 147, STJ: “compete à justiça federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função”.
. Compete à JF o julgamento de falso testemunho praticado perante a Justiça do Trabalho.
. Crimes Ambientais: em regra, serão de competência da justiça estadual (súmula 91, do STJ)
“Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
(...)
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;”
OBS.: se o crime ambiental for praticado contra bens da União, arrolados no art. 20, da CR, a competência será da JF.
OBS.: A Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a Serra do Mar e o Pantanal Matogrossense não são bens da União, são sim, patrimônio nacional. Assim, por exemplo, o crime praticado na Floresta Amazônica será de competência da JE.
OBS.: O fato do IBAMA ser responsável pela fiscalização não atrai a competência da justiça federal.
OBS.: O crime praticado em rio na divisa entre dois estados, será de competência da JF.
. Rádio Pirata (desenvolvimento clandestino de telecomunicações): Previsto no art. 183, da Lei 9272/97 (LGT). A competência para o julgamento desse crime é da JF.
e.3) Crimes à distância previstos em tratados ou convenções internacionais: há crime à distância quando o “iter criminis” atinge o território de dois ou mais países, ou seja, a conduta se inicia em um país, e o resultado se dá em outro.
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
. Para que referidos crimes sejam da competência da Justiça Federal é necessário que preencham os dois requisitos do enunciado: “à distância” + “previstos em tratados internacionais”, caso contrário a competência será da justiça estadual. Ex.: tráfico transnacional de drogas (Lei 11343/06); tráfico de crianças (ECA – art. 239); tráfico internacional de pessoas (art. 231); corrupção e tráfico de influência nas transações comerciais internacionais (CP – 337 B e C); pedofilia pela internet envolvendo mais de um país; + www.mre.gov.br (para ver outros tratados).
Exs.:
a) tráfico internacional de drogas praticado em avião da FAB – a competência para julgamento será da Justiça Federal, eis que ao contrário do que prevê o art. 109, IV e IX, da CF, o inciso V não ressalva a competência da Justiça Militar (STF – CC 7087).
b) transferência ilegal de criança ou adolescente para o exterior – competência da justiça federal
c) pedofilia (art. 241, do ECA) – inicialmente, cabe destacar que o crime praticado pela internet, em regra, será de competência da JE, entretanto, a prática de pedofilia pela internet será de competência da JE, na ausência do requisito “distância”, e da JF, preenchido o requisito da internacionalidade, como por exemplo, disponibilizar pornografia em página da internet.
e.4) Crimes contra a organização coletiva do trabalho (arts. 194 a 204, do CP):
“VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;”
. Súmula 115 do extinto TFR “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes contra a organização do trabalho, quando tenham por objeto a organização geral do trabalho ou direitos dos trabalhadores considerados coletivamente”.
OBS.: O STF (RE 348041) e STJ (Resp 909340) já entenderam ser da Justiça Federal a competência para o julgamento de crimes de sujeição de trabalhadores à condição análoga de escravos.
e.5) Crimes contra o sistema financeiro ou contra a ordem econômica, previstos em lei:
. é a lei quem deve prever expressamente a competência da Justiça Federal;
. Leis 7492/86 – JF;
. 8176/90 (adulteração de combustível) – JE, salvo se houver conexão com delitos federais;
. Lei 8137/90 – JF (exceção – ex.: IR) ou JE (regra)
. Lei 9613/98 – lavagem de dinheiro – em regra, a competência é da justiça estadual, entretanto, será federal se envolver instituições financeiras ou se o crime antecedente for de competência federal.
. Súmula 498, do STF – crime contra a economia popular – JE (adulteração de balança, de taxímetro, etc);
e.6) Crimes praticados a bordo de navio (médio ou grande porte) ou aeronave, ressalvada a competência da justiça militar.
. Não importa se aeronave estiver pousada ou não.
. Se o criminoso já estiver fora da aeronave, o crime será de competência da Justiça Estadual (STF RE 463500).
. Acidente da Gol com o Jato americano – JF, uma vez que, em tese, o delito teria sido cometido a bordo de aeronave, além de tratar-se de crime de atentado à segurança do transporte aéreo, logo, atinge interesse da União (STJ CC 72.283) 
e.7) Crimes de ingresso e permanência irregular de estrangeiro (art. 338, CP e Lei 6815/80) – acarreta a deportação;
e.8) “Federalização”:
. situações de grave violação a direitos humanos – o PGR pode requerer ao STJ o deslocamento do caso para a JF sempre que identificar grave violação a direitos humanos, e notar que a medida é necessária para o cumprimento de obrigações assumidas pelo Brasil em tratados ou obrigações internacionais sobre direitos humanos.
. critérios: omissão das autoridades estaduais + grave violação a direitos humanos (gera incidente de deslocamento de competência – só é possível em caso de inércia das autoridades estaduais, eis que tem como finalidade evitar a punição do Brasil por órgãos internacionais em razão de inércia ou procedimento moroso (art. 109, V, A e §5º - EC 45/2004).
e.9) Súmula 140, do STJ – “compete a justiça comum estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vitima” – diferente solução se dá no caso de crime contra os direitos indígenas, ou em razão de disputa por esses direitos, quando a competência será da Justiça Federal (a União, representada pela FUNAI é tutora dos direitos indígenas). Nesse sentido, é o entendimento do STF, no RE 419528: 
“Crime praticado por silvícolas, contra outro índio, no interior de reserva indígena. Disputa sobre direitos indígenas como motivação do delito. Inexistência. Feito da competência da Justiça Comum. Recurso improvido. Votos vencidos. Precedentes. Exame. Inteligência do art. 109, incs. IV e XI, da CF. A competência penal da Justiça Federal, objeto do alcance do disposto no art. 109, XI, da Constituição da República, só se desata quando a acusação seja de genocídio, ou quando, na ocasião ou motivação de outro delito de que seja índio o agente ou a vítima, tenha havido disputa sobre direitos indígenas, não bastando seja aquele imputado a silvícola, nem que este lhe seja vítima e, tampouco, que haja sido praticado dentro de reserva indígena. (RE 419528/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 03.08.06, Pleno, m.v.)”
. Delito de genocídio contra índios: é crime que atenta contra direitos indígenas, logo é competência da Justiça Federal (Lei 2889/56, art. 1º), devendo ser julgado por um juiz singular.
. O crime de genocídio absolve aquele de homicídio? Não. Responde pelo genocídio e todos os homicídios julgados no Tribunal do Juri Federal. Por força atrativa
f) Competência da justiça Estadual
. competência residual.
2º) Fixação do foro competente – Comarca competente
- foro é o território dentro do qual, determinado órgão exerce sua jurisdição.
- no plano federal o foro é denominado seção judiciária ou subseção judiciária, e no plano estadual, Comarca ou Distrito.
- o art. 109, do CPP prevê que o juiz deverá declarar de ofício eventual incompetência, ainda que seja territorial (ao contrário do que prevê a legislação processual civil).
- Critérios:
	Lugar da infração
	A.P. Pública (regra)
	A.P. Privada (exceção)
	A.P.P.subsidiária (regra)
	Domicílio do réu
	A.P. Pública (exceção – só poderá ser utilizado quando o local da infração for desconhecido) 
	A.P. Privada (facultativo – “foro optativo”)
	A.P.P.subsidiária (exceção)
2.1. Lugar dainfração:
. crimes plurilocais: conduta e resultado em locais distintos. A competência é fixada no art. 70, do CPP – local da consumação – Teoria do Resultado. Se o crime for apenas tentado, a competência será do local do último ato executório.
. Crimes permanentes (crime único cuja consumação se prolonga no tempo) – art. 71 – o foro competente se dá por prevenção.
. Crimes continuados (concurso de crimes) – por prevenção.
. Crime praticado na fronteira entre dois foros – a competência se determina por prevenção.
. Crime à distância (ação em um país e resultado em outro) – se a conduta se iniciou no Brasil a competência será do local do último ato executório praticado em território nacional; se iniciado no exterior, será competente o foro do local da consumação ou onde o resultado deveria ter sido produzido.
. Crimes praticados integralmente no exterior – art. 7º, CP – extraterritorialidade – competência da Justiça Federal, sendo foro competente, a capital do Estado do último domicílio ou residência do réu no país. Caso este jamais tenha residido no país será competente o foro da capital da república (BSB).
. Crimes praticados a bordo de embarcação – se de grande porte (navio) – Justiça Federal, se de pequeno porte (Iate)– Justiça Estadual . O foro competente será o local do 1º porto que a embarcação tocar após o crime, se rumar ao exterior, o último porto antes do crime.
. Crimes praticados a bordo de aeronave – justiça federal. O foro competente será tanto o local da decolagem, quanto o do pouso, salvo se o destino for o exterior, quando a competência será do local da decolagem no Brasil. (RHC 86998 – STF)
. Homicídio – a jurisprudência não aplica a norma do CPP, sendo que o foro competente será o local da conduta, por facilitar a apuração dos fatos.
- Domicílio ou residência do réu:
. foro subsidiário em crimes de Ação Penal Pública ou Privada Subsidiária da Pública, no caso de Ação Penal Privada, será foro optativo.
. se o réu tiver mais de um domicílio ou residência o foro é determinado por prevenção.
. local da infração e do domicílio do réu desconhecidos – o foro competente será do local em que o fato tornar-se conhecido das autoridades judiciárias.
. Lei 9099/95, art. 63 – foro competente será o local em que foi praticada a infração, predominando o entendimento de que esta é o local da conduta (teoria da atividade).
Obs. Homicídio e Lei 9.099/95 – local da conduta.
3º) Fixação do Juízo Competente – Vara competente:
 
- Juízes do mesmo foro que possuem a mesma competência – prevenção, se não houver juízo prevento, o Juízo a quem se der a distribuição.
- Prevenção (art. 83, do CPP) – prae + venire – ligado à idéia de antecipação. Juízo prevento é aquele que se antecipa aos demais em relação à prática de algum ato processual ou medida relativa ao processo (exs.: decretação de prisões cautelares; da interceptação telefônica; concessão de liberdade provisória; pedido de explicações ao juiz no caso de crimes contra a honra, etc). Se a regra de prevenção não for observada, haverá nulidade relativa – Súmula 706, do STF (“É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção).
- Distribuição quando não houver juiz prevento: sorteio eletrônico.
4º Competência interna – juiz competente
5º Competência recursal
4º Conexão e Continência 
- constituem critérios de prorrogação de competência quando constatados vínculos entre pessoas ou fatos que acarretam a reunião de processos para julgamento conjunto a fim de se evitar que sejam contraditórios.
- Conexão – art. 76, CPP – sempre haverá 02 ou mais crimes;
. intersubjetiva – vínculo entre pessoas – várias infrações praticadas por várias pessoas em concurso de agentes (por concurso) / infrações praticadas por diversas pessoas, umas contra as outras (por reciprocidade) / várias infrações praticadas nas mesmas condições de tempo e lugar não havendo vínculo entre as pessoas;
	- por concurso
	- por reciprocidade
	- mesmas condições de tempo e lugar
. objetiva – crimes relacionados entre si: o vínculo se estabelece entre os fatos. Se subdivide em:
a) teleológico - um crime é praticado para garantir a execução do outro;
b) consequencial - um crime é praticado para assegurar a ocultação (garante que o fato permaneça desconhecido); a impunidade (garante que a autoria não seja conhecida); ou a vantagem de outro.
. intrumental ou probatóra – a prova de uma infração puder influenciar na prova da outra. Ex.: crime de receptação e o antecedente; ou lavagem de dinheiro e o antecedente.
	Conexão
- intersujetiva
	- por concurso
	- por reciprocidade
	- mesmas condições de tempo e lugar
- objetiva:
	- teleológica
	- conseqüencial
		- ocultação
		- impunidade
		- vantagem
- instrumental
- Continência – art. 77:
. por cumulação subjetiva – um crime é praticado por várias pessoas em concurso.
. por cumulação objetiva – art. 70, CP – concurso formal; art. 73, “caput”, 2ª parte (aberratio ictus- acerta pessoa diversa da pretendida com resultado duplo) e art. 74, “caput”, 2ª parte (aberratio criminis com resultado duplo).
- Art. 78 – vis atractiva – regras para determinação do juízo prevalente:
1ª) concurso entre justiça eleitoral e justiça comum – vis atractiva da justiça eleitoral que julgará tanto o crime eleitoral, quanto o conexo (não há cisão, mas sim, atração);
2ª) concurso entre o júri e outro órgão da justiça comum – vis atractiva do júri;
3ª) concurso entre jurisdições de categorias diferentes – terá vis atractiva a mais graduada – ex.: prefeito (TJ) + outra pessoa (primeiro grau) – ambos serão julgados pelo TJ;
4ª) concurso entre jurisdição da mesma categoria (mesma instância e mesma justiça) – será julgado onde ocorreu o crime mais grave ou o maior número de crimes se todos os crimes forem de igual gravidade. São critérios para se averiguar a maior gravidade:
1º - reclusão + grave que detenção;
2º - maior pena máxima;
3º - maior pena mínima.
Não havendo crime mais grave ou maior número de crimes, a vis atractiva será estabelecida pela prevenção.
5ª) Súmula 122, do STJ – concurso entre a justiça comum estadual e a justiça comum federal, por ser esta especial, terá vis atractiva.
- Separação de Processos:
- Quando apesar da presença de vínculo entre os crimes, não é possível sua reunião.
- A separação pode ser:
a) obrigatória: art. 79, do CPP – justiça comum x justiça militar / justiça comum x vara da infância / superveniência de doença mental a um dos réus / quando um dos réus for revel e não puder ser julgado nessa condição / crime de competência da justiça federal e contravenção penal (contravenção é sempre na justiça estadual).
b) facultativa: quando os crimes ocorrem em diferentes condições de tempo e lugar; grande número de réus presos; qualquer outro motivo que o juiz reputar relevante.
- Perpetuação da competência (art. 81, CPP):
- Regra: nos casos de conexão e continência, ainda que o juízo ou tribunal absolva ou desclassifique o crime de sua competência, continua competente para o julgamento da causa. Ex.: no caso do prefeito que cometeu crime de corrupção com outra pessoa, absolvido o prefeito, o TJ continua competente para julgar essa outra pessoa.
- Exceção: se o juiz do júri absolver sumariamente o réu, impronunciá-lo ou desclassificar o crime doloso contra a vida, deverá remeter o julgamento do crime conexo ao juízo singular, deixando de ter competência.
- Avocação de processos (art. 82, CPP)
- dever que a lei incumbe ao juízo prevalente (com vis atractiva) de avocar processo conexo caso o juiz de onde tramita a ação não tenha a iniciativa de remetê-lo.
- Limite para a avocação: prolação da decisão de mérito no processo a ser avocado, eis que apesar da possibilidade do conhecimento de ofício, a competência em razão do território é relativa. Na execução será efetuada a eventual soma ou unificação das penas. 
5º Competência originária - Prerrogativa de função:
- Ações penais de competência obrigatória – Leis 8038/90 e 18.658/93; CF e CE (limite – simetria com a CF).
- Observações:
a)local do crime: é irrelevante, valendo o local em que a autoridade exerce suas funções;
b) promotor natural: é o membro do MP com atribuição para atuar no respectivo tribunal;
c) concurso de pessoas:
. entre autoridade com foro especial e pessoa sem prerrogativa – todos serão julgados perante o foro especial;
. duas autoridades com foro especial diferentes – as regras fixadas diretamente na CF são improrrogáveis, razão pela qual, para a doutrina será caso de separação de processos, entretanto, o STF entende que nesse caso terá “vis atractiva” o tribunal de grau mais elevado – súmula 704, STF.
SÚMULA Nº 704
“Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.”
d) Crime doloso contra a vida
. foro especial da CF/88 – Prevalece a norma mais específica, isto é, o foro especial, e não o júri (ambas as normas são previstas na CF/88);
. foro especial da CE – Prevalece a competência do Júri, eis que esta se encontra prevista na CF – Súmula 721, STF. Este entendimento não é unânime, havendo quem defenda que prevalece a competência do fôro especial para o julgamento de deputados estaduais eis que a mesma está prevista não apenas na CE, mas também na CF, logo, restaria afastada a aplicação da súmula supra, prevalecendo o fôro especial por prerrogativa de função.
e) Momento do Crime
. crime praticado antes do exercício da função: haverá prerrogativa enquanto a autoridade exercer a função. Se o processo estiver tramitando na Vara “x”, será remetido a foro especial onde tramitará enquanto a autoridade exercer o cargo;
. crimes praticados após o término do exercício da função: não há prerrogativa – Súmula 451, STF.
. crime praticado durante o exercício da função – art. 84, do CPP – prevalece o foro por prerrogativa apenas enquanto durar o exercício da função. A Lei 10628/02 alterou a redação do art.84, do CPP e lhe acrescenta dois parágrafos, sendo que ambos foram revogados pela ADI 2797 publicada aos 19/12/2006, entendendo o STF que não seria possível ao legislador ordinário fazer uma interpretação autêntica da CR.
OBS.: A súmula 394 do STF foi cancelada aos 25/08/99
OBS.: Pouco importa o local da infração, aquele que tiver foro especial por prerrogativa de função será julgado pelo órgão judiciário do local onde exercer suas funções.
- Foro Competente:
a) STF:
. autoridades:
- Presidente da República e Vice;
- Ministros (de Estado, de Tribunais Superiores; STF; TCU);
- Parlamentares Federais;
- PGR;
- Chefe de missão diplomática de caráter permanente;
- Comandantes gerais das forças armadas.
Este rol inclui ainda o AGU e o Presidente do BACEN que são considerados Ministros de Estado. Abrange todas as infrações penais.
Para efeito de definição da competência penal originária do Supremo Tribunal Fede-ral, não se consideram Ministros de Estado os titulares de cargos de natureza especial da estrutura orgânica da Presidência da República, malgrado lhes confira a lei prerrogativas, garantias, vantagens e direitos equivalentes aos dos titulares dos Ministérios: é o caso do Secretário Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República. Precedente (Inq-QO 2044, Pleno, Pertence, 17.12.2004). (STF AgR Rcl- 2356/SC, j. 07.04.05, Pleno)
Ação direta de inconstitucionalidade contra a Medida Provisória nº 207, de 13 de agosto de 2004 (convertida na Lei nº 11.036/2004), que alterou disposições das Leis nº 10.683/03 e Lei nº 9.650/98, para equiparar o cargo de natureza especial de Presidente do Banco Central ao cargo de Ministro de Estado. Situação em que se justifica a diferenciação de tratamento entre agentes políticos em virtude do interesse público evidente. 12. Garantia da prerrogativa de foro que se coaduna com a sociedade hipercomplexa e pluralista, a qual não admite um código unitarizante dos vários sistemas sociais. 13. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente (STF, ADI 3289, j. 05.05.05, Pleno Decisão : O Tribunal, por maioria, julgou integralmente improcedente a ação, vencidos, na totalidade, os Senhores Ministros Carlos Britto, Marco Aurélio, Carlos Velloso e Sepúlveda Pertence).
b) STJ:
- Governadores;
- Desembargadores;
- Membros do MPU que atue junto aos tribunais;
- membros do TCE e do TCM.
Abrange todas as infrações penais.
c) TRF:
- Juizes federais (salvo em crimes eleitorais);
- Membro do MPU que atue em 1ª instância;
- prefeitos – só nos crimes federais – Súmula 702, STF.
d) TJ:
- juiz estadual e membros do MPE;
- prefeitos e crimes estaduais.
SUJEITOS PROCESSUAIS
1. Classificação:
a) principais (essenciais): sem eles não há processo: partes (autor e acusado) e juiz.
- capacidade para ser parte: confunde-se com a personalidade civil (capacidade de direito).
- capacidade para estar em juízo: legitimatio ad processum – imputáveis (18 anos + pleno gozo das faculdades mentais).
- capacidade para a causa:
	- legitimidade ativa: MP (ação pública), vítima ou representante legal (ação privada subsidiária da pública ou privada propriamente dita).
	- legitimidade passiva: 
- capacidade postulatória: ingressar em juízo. Membros do MP e advogados.
b) secundários (acessórios): não são imprescindíveis, mas podem funcionar no processo. Ex. ofendido nos processos de ação pública que atuará como assistente do MP.
- ao lado dos sujeitos pode haver a presença de terceiros:
a) interessados: ex. ministro da Justiça na ação penal pública condicionada à requisição.
b) não interessados: testemunhas, intérpretes, peritos e auxiliares da justiça.
2. Defesa: réu
a) defesa técnica:
- defesa pública promovida por pessoa legalmente habilitada (advogado ou defensor público).
- é irrenunciável e indisponível.
- o defensor não poder abandonar o processo senão por motivo imperioso.
- prévia comunicação ao juiz, sob pena de multa.
- a audiência poderá ser adiada por motivo justificado.
- o defensor deve provar o impedimento até a abertura da audiência. Não o fazendo o juiz não adiará ato, mas sim nomeará defensor substituto, ainda que provisoriamente ou só para o efeito do ato.
b) autodefesa: defesa pessoal, defesa privada, material ou genérica.
- é exercida pelo próprio réu.
- é renunciável.
- réu pode fazer defesa prévia e recorrer sem a presença de advogado.
- se for intimado e não comparecer, torna-se-á revel, mas somente surge efeito processual, ou seja, presumir-se-á que está renunciando o direito de autodefesa.
	- direito de audiência: possibilidade de o acusado influir sobre a formação do convencimento do juiz no interrogatório.
	- direito de presença: direito de o acusado ser informado e tomar parte em todos os atos do processo.
	- positiva: quando o acusado pessoalmente busca repelir a pretensão acusatória.
	- negativa: quando o réu faz uso do seu direito de permanecer em silencio e de não produzir prova contra si mesmo.
- STJ: já decidiu que em caso de pronúncia, a intimação deve ser pessoal, mesmo que o réu seja revel, não seguindo o processo até que seja intimado (HC 12.611/PR).
- a intimação de sentença condenatória ao réu revel será feita por edital.
	- STF: já decidiu que o direito de defesa pessoal é de observância obrigatória, mesmo que trate de acusado preso ou de alta periculosidade, sob pena de nulidade absoluta. Neste caso, garantia ao paciente o direito de acompanhar a audiência de todas as testemunhas do processo (HC 86634/RJ).
3. MP: Estado-administração
- ocupa o pólo ativo da lide. Dominus litis: dono da ação penal pública. Norma do art. 26 do CPP que permite a instauração de contravenção pelo delegado está revogada.
- parte imparcial, pois atua não apenas como acusador, mas como fiscal da lei, pois preserva os interesses da sociedade.
- é obrigatória a presença do MP na ação penal privada.
- não se permite mais a designação de promotores ad doc. Mas o STJ considerou em 93 legal a designação de promotor ad doc, tendo em vista a greve dos promotores.
a) princípios:
- unidade: os membros do MP agem em nome da instituição queé una e não em nome próprio.
- indivisibilidade: possibilidade de substituição de um membro por outro em um mesmo processo, sem que exista ofensa à unidade.
- independência funcional: membro do MP age de acordo com sua convicção, não estando vinculado ao entendimento de nenhuma autoridade.
- regras de suspeição e impedimento aplicadas aos juízes são aplicadas também aos membros do MP.
*Obs. promotor natural: o STF e o STJ dizem que não se aplica este princípio, salvo se estiver presente a figura do “acusador de exceção” (HC 12.616/MG e RESP 631434/RS).
* MP realizando investigação criminal: 
- STJ e doutrina: MP pode realizar investigação criminal, em razão de sua titularidade conferida no art. 129, I, CF.
- STF: não pode, haja vista que a atividade investigatória é privativa da polícia. O MP pode requisitar diligências e instauração de inquérito policial, mas não de presidir o inquérito.
4. Juiz
- detém o monopólio da jurisdição penal.
- é exigida total imparcialidade, sob pena de nulidade absoluta.
- o juiz possui função supletiva no que tange à formação do quadro probatório – busca da verdade real.
a) requisitos:
- capacidade subjetiva:
	- capacidade funcional: assunção do cargo e posterior exercício
	- capacidade especial: ausência de impedimento e de suspeição.
- capacidade objetiva: competência.
b) prerrogativas:
- vitaliciedade: após 2 anos de efetivo exercício. Já os magistrados integrantes de tribunais adquirem vitaliciedade imediatamente. Perda do cargo: sentença judicial transitada em julgado. Os que não são vitalícios, podem perder o cargo Tb por decisão do órgão especial. A vitaliciedade cessa com a aposentadoria do magistrado.
- inamovibilidade: só podem ser removidos por decisão de maioria absoluta dos membros do tribunal ou do CNJ, assegura ampla defesa.
- irredutibilidade de vencimentos
- independência funcional: 
5. Assistente do Ministério Público
- a vítima ou representante legal pode participar da ação penal pública, vindo a atuar como assistente do MP. Será parte secundária da relação processual.
- rol taxativo de pessoas que podem ser representantes legais: cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Segundo a doutrina majoritária, companheiro não pode.
- STJ: tem-se admitido o ingresso de pessoa jurídicas de direito público como assistentes de acusação do MP. A doutrina diverge, tendo em vista que o poder público já está representado pelo MP.
- para atuar como assistente necessita capacidade postulatória (contratar advogado). Se não tiver condições de pagar poderá valer-se da defensoria pública (STJ – HC 24079/PB).
- é vedada a habilitação do co-réu como assistente.
- não se admite a habilitação como assistente no inquérito policial, mas somente na ação penal, desde que antes do trânsito em julgado.
- pode propor meios de prova.
- não pode arrolar testemunhas, mas pode indicar ao juiz outras testemunhas a serem ouvidas. Este decidirá conforme seu poder de produção de provas.
- pode: requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e articulados, participar do debate oral, arrazoar (pelo MP) e contra-arrazoar (contra a defesa), requerer o desaforamento.
- pode recorrer:
	- recurso em sentido estrito: 
		- contra decisões de impronúncia;
		- que julgar extinta a punibilidade
	- apelação:
		- quando o MP não tiver apelado. No prazo de 5 dias se já figurar no processo e no de 15 dias se não figurar no processo (STJ).
* o assistente pode ainda interpor os recursos advindos do recurso em sentido estrito e da apelação como: carta testemunhável, embargos de declaração, recurso extraordinário e especial.
- termos a quo para interposição de recurso (STJ): 
a) se já tiver habilitado na demanda: 5 dias.
	- se for intimado antes do MP ou durante o prazo do parquet: do dia que acabar o prazo para o MP, em razão de a apelação ser supletiva.
	- se intimado após o prazo recursal para o MP: termo inicial será a data da intimação.
b) se não tiver habilitado na demanda: 15 dias do dia que terminar o prazo para o MP.
- não pode: requerer decretação de prisão preventiva ou temporária, sustentar o libelo quando o MP pleiteia a absolvição do réu, aditar denúncia do MP, recorrer em sentido estrito contra decisão que rejeitar a denúncia.
* Súmula 208 STF: não pode o assistente se habilitar em habeas corpus.
* Entretanto, nos casos de crime contra honra cometidos contra funcionário público, em que a legitimação é concorrente (MP- ação pública condicionada à representação e ofendido- ação privada) poderá a vítima no caso de ação pública atuar como assistente de acusação do MP.
* finalidade buscada pelo assistente:
- doutrina dominante: resguardar interesse patrimonial (ação civil ex delicto). Assim, a assistência só terá lugar quando tiver ferido algum interesse patrimonial.
- STJ: o assistente tem a função de reforçar a acusação. Tem a finalidade de cooperar com a justiça. Secundariamente visa o interesse patrimonial.
* atuação do assistente visando aumento de pena:
- corrente do resguardo do interesse patrimonial: não é possível.
- corrente do reforço da acusação: é possível, desde que o MP não tenha recorrido (STJ).
- MP deve dar parecer sobre a habilitação do assistente, mas deve se ater exclusivamente à legitimidade da admissão e não a critérios de conveniência.
- o acusado não precisa ser ouvido quanto à habilitação de assistente.
- a decisão que admitir ou não assistente é irrecorrível, cabendo apenas MS sob alegação de violação de direito líquido e certo.
5) INQUÉRITO POLICIAL
5.1) Sistemas Processuais:
a) Acusatório: as tarefas de acusar, defender e julgar são atribuídas a pessoas diversas, sendo sua principal característica, o fato de resguardar direitos e garantias individuais, preservando o devido processo legal (processo devido é aquele tempestivo, adequado, leal e efetivo). Adotado pelo Brasil (art, 129, I, da CF – função acusatória do MP). 
b) Inquisitorial ou inquisitivo: as tarefas de acusar, defender e julgar concentram-se em uma só pessoa, qual seja: o juiz inquisitor. Sua principal característica é o sigilo do processo, a ausência de contraditório e a busca frenética pela confissão (que era a rainha das provas). Este sistema prejudica a imparcialidade do juiz. De acordo com a Lei das organizações criminosas, 9034/95 – art. 3º, ainda se nota a presença do juiz inquisitor na hipótese de quebra de sigilos fiscais, etc. A Adin 1570 questionou a constitucionalidade desse artigo, alcançando a declaração de parcial constituiconalidade no que tange a quebra do sigilo de dados eleitorais e fiscais, já em relação ao sigilo bancário e financeiro, o STF entendeu que o artigo 3º teria sido revogado pela Lei Complementar 105/01.
c) Sistema Misto: há uma primeira fase inquisitiva, presidida pelo juiz e uma segunda fase acusatória, respeitando-se o devido processo legal.
4.2) Conceito:
É um procedimento investigatório, administrativo, inquisitório e preparatório ou prévio, constituído por uma série de diligências realizadas pela polícia investigativa, presidido pela autoridade policial (polícia judiciária), cuja finalidade é a obtenção de indícios de justa causa (elementos de informação da materialidade do crime e de sua autoria) para que o titular da ação penal possa propô-la contra o autor da infração, ou para que o MP decida se oferece ou não a denúncia. O relatório bem elaborado e completo apresentado pela autoridade policial, irá servir de subsídio para a confecção da denúncia. Assim, pode-se dizer que o inquérito servirá de base para a instauração da ação penal e outras providências cautelares (ex. prisão preventiva).
OBS.: As funções da polícia subdividem-se em judiciária e investigativa. Enquanto a polícia judiciária auxilia o poder judiciário no cumprimento de ordens como busca e apreensão, prisão temporária e etc., a polícia investigativa atua na apuração de infrações penais e de sua autoria.
5.3) Competência para instaurar o inquérito:
- da polícia civil, federal e militar, esta última só no caso de inquérito policial militar. 
	Competência para julgamento
	CompetênciaInvestigativa
	Justiça militar do Estado
	Policia militar (polícia civil)
	Justiça Militar da União 
	Forças Armadas
	Justiça Estadual 
	Polícia Civil e Federal 
- Em regra, crimes da competência da justiça estadual é a polícia civil quem investiga. Contudo, conforme previsto no artigo 144, § 1º, I, da Constituição Federal de 1988, quando ocorrerem crimes de repercussão interestadual ou internacional que exijam repressão uniforme, poderá o Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança pública, arrolados no art. 144 da Constituição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis dos Estados, proceder à investigação dos mesmos. Dispõe o artigo citado: 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: 
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; 
5.4) Natureza jurídica:
- procedimento administrativo, como conseqüência, os vícios dele constantes não afetam a ação penal a que tenha dado origem.
5.5) Destinatários:
- imediato: MP e ofendido
- mediato: juiz
5.6) Características
a) inquisitivo – não comporta contraditório ou ampla defesa eis que ainda não há acusação, mas tão somente investigação, portanto, tampouco há acusado, mas tão somente suspeito e indiciado. É um procedimento administrativo em que não há partes, litígio e dele não resulta, diretamente, qualquer sanção. Logo, este princípio não fere o art. 5º, LV, da CF (“aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”), uma vez que no inquérito não há acusados ou litigantes. Deste princípio decorre ainda a ampla discricionariedade do delegado de polícia na investigação, podendo deferir e determinar apenas a realização de provas que entenda convenientes e relevantes. O art. 107, do CPP, ainda em razão desta característica, prevê a impossibilidade de argüição de suspeição do delegado de polícia que, por sua vez, poderá dar-se por suspeito. 
b) sigiloso (art. 20, CPP) – O sigilo não poderá ser oposto ao MP, advogado do indiciado e ao juiz. O advogado do indiciado poderá tomar conhecimento do teor do inquérito, embora o STJ em alguns julgados negue esse direito. O direito do advogado de acesso ao inquérito policial se encontra assegurado na Constituição Federal em seu art. 5, LXIII, e no EAOAB, Lei 8906/94, art. 7º, XIV. Ler julgados: STF HC 82354 e HC 90232.
HC 90232 / AM - AMAZONAS
HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE
Julgamento: 18/12/2006 Órgão Julgador: Primeira Turma 
Publicação DJ 02-03-2007 PP-00038 EMENT VOL-02266-04 PP-00720
LEXSTF v. 29, n. 340, 2007, p. 469-480Parte(s) 
PACTE.(S): SANDOVAL CARDOSO FREITAS OU SANDOVAL FERNANDO
 CARDOSO DE FREITAS OU SANDOVAL CARDOSO DE FREITAS
IMPTE.(S): DÉLIO LINS E SILVA E OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES): RELATOR DO HABEAS CORPUS Nº 71330 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
EMENTA: I. Habeas corpus: inviabilidade: incidência da Súmula 691 ("Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de "habeas corpus" impetrado contra decisão do Relator que, em "habeas corpus" requerido a Tribunal Superior, indefere a liminar"). II. Inquérito policial: inoponibilidade ao advogado do indiciado do direito de vista dos autos do inquérito policial. 1. Inaplicabilidade da garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa ao inquérito policial, que não é processo, porque não destinado a decidir litígio algum, ainda que na esfera administrativa; existência, não obstante, de direitos fundamentais do indiciado no curso do inquérito, entre os quais o de fazer-se assistir por advogado, o de não se incriminar e o de manter-se em silêncio. 2. Do plexo de direitos dos quais é titular o indiciado - interessado primário no procedimento administrativo do inquérito policial -, é corolário e instrumento a prerrogativa do advogado de acesso aos autos respectivos, explicitamente outorgada pelo Estatuto da Advocacia (L. 8906/94, art. 7º, XIV), da qual - ao contrário do que previu em hipóteses assemelhadas - não se excluíram os inquéritos que correm em sigilo: a irrestrita amplitude do preceito legal resolve em favor da prerrogativa do defensor o eventual conflito dela com os interesses do sigilo das investigações, de modo a fazer impertinente o apelo ao princípio da proporcionalidade. 3. A oponibilidade ao defensor constituído esvaziaria uma garantia constitucional do indiciado (CF, art. 5º, LXIII), que lhe assegura, quando preso, e pelo menos lhe faculta, quando solto, a assistência técnica do advogado, que este não lhe poderá prestar se lhe é sonegado o acesso aos autos do inquérito sobre o objeto do qual haja o investigado de prestar declarações. 4. O direito do indiciado, por seu advogado, tem por objeto as informações já introduzidas nos autos do inquérito, não as relativas à decretação e às vicissitudes da execução de diligências em curso (cf. L. 9296, atinente às interceptações telefônicas, de possível extensão a outras diligências); dispõe, em conseqüência a autoridade policial de meios legítimos para obviar inconvenientes que o conhecimento pelo indiciado e seu defensor dos autos do inquérito policial possa acarretar à eficácia do procedimento investigatório. 5. Habeas corpus de ofício deferido, para que aos advogados constituídos pelo paciente se faculte a consulta aos autos do inquérito policial e a obtenção de cópias pertinentes, com as ressalvas mencionadas.
	***
STJ permite acesso de investigado e advogados a inquérito policial sigiloso – 16/08/2008
O atual secretário da Fazenda do município de Poá (SP), William Sérgio Maekawa Harada, e seus advogados constituídos têm o direito de consultar os autos do inquérito policial instaurado pela Polícia Federal contra ele e de obter as cópias pertinentes. A decisão, da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ressalva, porém, que a consulta é tão-somente às provas e diligências já concluídas. 
No pedido, a defesa de Harada contestou decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região que lhe indeferiu o pedido de vista dos autos do inquérito, mesmo diante da requisição de sua apresentação à autoridade federal responsável pelas investigações realizadas nele. 
Assim, os advogados defenderam no STJ a existência de “evidente constrangimento ilegal impingido ao paciente (Harada), na medida em que se lhe impede acesso ao conteúdo dos autos de inquérito policial instaurado pela Polícia Federal em São Paulo (SP)”. 
A relatora, ministra Laurita Vaz, seguindo o entendimento do STJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), destacou que, mesmo na hipótese de decretação de sigilo, é possível o acesso do investigado ou de seu advogado constituído aos autos do inquérito policial. 
Entretanto, a ministra ressaltou que o acesso conferido a eles deverá se limitar ao documentos já disponibilizados nos autos, não sendo possível, assim, sob pena de ineficácia do meio persecutório, que a defesa tenha acesso “à decretação e às vicissitudes da execução de diligências em curso”.
OBS.1. Ainda que desprovido de procuração, o advogado terá acesso aos autos do inquérito. Por outro lado, havendo dados sigilosos, tais como sigilo bancário, financeiro e fiscal, somente o advogado, devidamente constituído por procuração, poderá acessar essas informações.
OBS.2. O advogado tem acesso às informações já introduzidas nos autos do inquérito, mas não em relação às diligências em andamento.
OBS.3.

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