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Educação Infantil e Currículo Elaine Luciana Sobral Dantas – UFERSA 29 outubro / 11 de novembro de 2020 Educação Infantil Conjunto de processos/práticas históricas e socioculturais destinados às crianças e que circunscrevem, em cada espaço e tempo, as condições objetivas mediante as quais as crianças tem oportunidades de aprender e se desenvolver enquanto pessoas/sujeitos sociais. (SOBRAL, 2008) Preocupações com a educação de crianças pequenas desde a antiguidade • A educação materna é defendida desde o contexto da cultura democrática grega, aonde florescem as ideias de filósofos como Sócrates (469-399 a. C.), Platão (427 – 347 a. C.) e Aristóteles (384 – 322 a. C.) que demonstraram preocupação mais específica com a educação da criança pequena. • Na Idade Moderna, pensadores como Erasmo (1466-1536) e Montaigne (1553-1592) segundo Oliveira (2005, p. 59) “sustentavam que a educação deveria respeitar a natureza infantil, estimular a atividade da criança e associar o jogo à aprendizagem”. Durante muitos séculos Distintos Arranjos (ideia de pobreza, favor e caridade) Cuidado e educação das crianças pequenas eram responsabilidade familiar (principalmente das mulheres) Utilização de rede de parentesco Roda dos expostos Depósito de crianças em “lares substitutos” Mães mercenárias Institucionalização da Educação Infantil • Durante muitos séculos, a família – concebida de modo diferente da perspectiva que se instituiu na sociedade burguesa – foi a única instituição responsável pelo cuidado e educação das crianças pequenas. • Para o atendimento a crianças em situação desfavorável foram sendo construídos arranjos alternativos que envolveram, desde o uso de redes de parentesco, nas sociedades primitivas, ou de “mães mercenárias”, na idade antiga, até a criação das já notórias “rodas de expostos” onde se depositavam os bebês abandonados. • Mediante seu crescimento, as entidades religiosas conduziam as crianças a um ofício, fato registrado já nas idades Média e Moderna. Século XV e XVI Século XVI e XVII Sociedade agrário-mercantil para uma sociedade urbano-manufatureira Nascimento da escola e do pensamento pedagógico moderno. Conjunto de possibilidades: descoberta de novas terras, surgimento de novos mercados, desenvolvimento científico, invenção da imprensa, etc. Após a criação da Escola Moderna Gradativam ente... ...Surgem arranjos mais formais para o atendimento de crianças fora da família em instituições de caráter filantrópico segundo os movimentos religiosos da época. Carity schools, dame schools, écoles petites: Inglaterra, França - Crianças pobres (2 ou 3 anos). Atividades de canto, de memorização de rezas e passagens bíblicas. Bons hábitos do comportamento, internalização de regras morais e valores religiosos Século XVIII – Leitura e escrita eram ensinadas com objetivos religiosos – Escolas de tricô (Alsácia francesa – mulheres da comunidade cuidavam das crianças pobres e pequenas e ensinavam a ler a Bíblia e a tricotar) Após a criação da Escola Moderna Gradativam ente... Infant schools e Nursey Schools (Londres), Salas de asilo (Paris) – atendem crianças acima de 3 anos filhas de mulheres operárias visando promover a saúde das crianças. Também há registro de crianças de 3 anos frequentando classes iniciais da escola obrigatória. Filho das Operárias: ensino da obediência, da moralidade, da devoção e do valor ao trabalho: propostas de atividades realizadas em grandes turmas (cerca de 200 crianças, comandos dados por apitos). Diminuição do índice de mortalidade entre as crianças Precursores da Educação Infantil • Em oposição às referidas práticas, alguns filósofos e educadores são considerados pioneiros em defesa de uma educação mais centrada na criança pequena, que reconheça e considere suas necessidades e especificidades, características que as diferenciam do adulto, como o interesse pela exploração de objetos e pelo jogo. • Embora com ênfases diferentes entre si, autores como Comenius, Rousseau, Pestalozzi, Froebel, Montessori e Decroly propõem uma educação que atenda as crianças de diferentes condições sociais, e reconhecem o direito destas à aprendizagem de conhecimentos culturalmente valorizados. Revolução Industrial Discussão sobre a escolaridade obrigatória (preparação para o mundo do trabalho) Pioneiros de uma educação centrada na criança: • Comênio (1592-1670): A escola da infância – colo da mãe • Rousseau (1712-1778) – infância teria valor em si • Pestalozzi (1746-1827) – Educação deveria cuidar do desenvolvimento afetivo desde o nascimento • Froebel (1782-1852) – 1837 Kindergarten (jardim de infância) Século XVIII e XIX Pensamento médico-higienista: aumento do número de órfãos após a primeira guerra mundial (diminuir a mortalidade infantil) Pioneiros de uma educação centrada na criança: • Decroly (1871-1932) – Ensino voltado para o intelecto (centros de interesse: observação, associação e expressão). • Montessori (1879-1952) – Criação de contexto adequado para cada criança, educador deveria preparar o ambiente e observar. Material adequado ao tamanho e as necessidades das crianças. • Dewey (1859-1952) - Educação concebida em termos de experiência. O conhecimento deriva de materiais que, originalmente, pertencem ao escopo da experiência da vida cotidiana. • Freinet (1896-1966) – Educação livre que envolve atividade coletiva e colaborativa. Assembleias, oficinas e trabalhos manuais com as crianças. Século XX • A partir das ideias e proposições desses precursores, vão sendo criadas instituições formais para o atendimento às crianças pequenas. • Tais experiências se propagaram para outros países da Europa, e de outros continentes até a contemporaneidade. • No entanto, as instituições com referências naqueles modelos que foram criados para atender populações socialmente desfavorecidas, vão sendo amplamente utilizadas para orientar o trabalho educativo em instituições que atendem os filhos de alguns segmentos da classe média e alta em vários países, inclusive no contexto brasileiro. No âmbito da Psicologia: necessidade de estudar as crianças (Vygotsky, Wallon e Piaget) Declaração Universal dos Direitos da Criança (1959) – Expansão dos serviços de Educação Infantil EDUCAÇÃO: (a) ela é um direito universal, de toda criança, a partir do nascimento e (b) visa a formar o ser integral, a personalidade harmônica, num processo que integra o que, visto de fora, pode se nomear físico, social, emocional ou mental. Século XX A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (LDBEN – BRASIL, 1996) Educação Infantil: aportes legais Constituição Federal – 1998 - EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 59, DE 11 DE NOV DE 2009 Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei nº 8.069/1990) Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (Lei nº 9.394/96) – Emendas 2006 - 2013 Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil – 1999 - 2009 Plano Nacional de Educação – PME – 2001 - 2014 Base Nacional Comum Curricular – BNCC - 2017 Política Nacional de Educação Infantil: documentos oficiais orientadores - COEDI (1993-1998) Contexto de discussão e aprovação da LDB (1996) • Política de Educação Infantil (proposta) – 1993 • Política Nacional de Educação Infantil – 1994 • Por uma política de formação do profissional de educação infantil – 1994 • Educação Infantil no Brasil: situação atual – 1994 • Critérios para o atendimento em creches e pré-escolas que respeitem os direitos fundamentais das crianças – 1995 / 2009 • Proposta pedagógica e currículo para educação infantil: um diagnóstico e a construção de uma metodologia de análise – 1996 • Subsídios para elaboração de diretrizes e normas para a educação infantil– 1998 • Subsídios para credenciamento e funcionamento de instituições de educação infantil – 1998 Subsídios para credenciamento e funcionamento de instituições de educação infantil - 1998 Orientações para constituição de conselhos municipais e estaduais de educação na elaboração e publicação de resoluções para regulamentar a autorização e avaliação de instituições de educação infantil. Contexto de publicação do Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil – RCNEI – 1998 (rompe com a política em construção) Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil – RCNEI – 1998 Orientações para construção do projeto educativo das instituições e os Componentes Curriculares por área de conhecimento – Identidade e Autonomia, Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem oral e escrita, Natureza e Sociedade e Matemática: Objetivos, Conteúdos, Orientações Didáticas – Organização do tempo (atividades permanentes, sequência de atividades e projetos de trabalho); Organização do espaço e seleção de materiais; Observação, registro e avaliação formativa. Diretrizes Curriculares Nacionais para a EI Base para uma nova Política nacional de Educação Infantil • PARECER CNE/CEB 22/1998 e RESOLUÇÃO CEB Nº 1, DE 7 DE ABRIL DE 1999 • Estabelece princípios, fundamentos e procedimentos da educação infantil com a finalidade de orientar em caráter mandatório as instituições na organização, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas. • Definem que às propostas pedagógicas “devem promover em suas práticas de educação e cuidados a integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivo/linguísticos e sociais da criança, entendendo que ela é um ser total, completo e indivisível”. “Ao reconhecer as crianças como seres íntegros, que aprendem a ser e conviver consigo próprias, com os demais e o meio ambiente de maneira articulada e gradual, as Propostas Pedagógicas das Instituições de Educação Infantil devem buscar a interação entre as diversas áreas de conhecimento e aspectos da vida cidadã, como conteúdos básicos para a constituição de conhecimentos e valores”. Política Nacional de Educação Infantil: documentos orientadores Política Nacional de Educação Infantil (2005) Parâmetros Nacionais de Qualidade e de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil – 2006 - 2018 Critérios para um Atendimento em Creches que Respeite os Direitos Fundamentais das Crianças - 2009 Indicadores da Qualidade na Educação Infantil – 2009 (Relatório de Monitoramento Recente) Brinquedos e Brincadeiras de Creche - 2012 A Avaliação em Educação Infantil a partir da Avaliação de Contexto - 2015 Diretrizes em Ação – Qualidade no Dia a Dia da Educação Infantil - 2015 Política Nacional de Educação Infantil (COEDI) • Programa de Formação Inicial para Professores em Exercício na Educação Infantil (Proinfantil) (2005) • Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização do Magistério (Fundeb) - Emenda Constitucional nº 53, de 2006; • Programa Proinfância, criado em 2007, para construção e equipamento de novos estabelecimentos. Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil Parâmetros Básicos de Infra-estrutura Indicadores de qualidade na Educação Infantil Planejamento institucional Interações Cooperação com famílias e rede de proteção social Espaços, materiais e mobiliários Promoção da saúde Multiplicidade de experiência e linguagem Formação e condições de trabalho dos profissionais Alterações - LDB – Lei nº 9.394/96 • LEI Nº 11.114, DE 16 DE MAIO DE 2005 - Altera os arts. 6o, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, com o objetivo de tornar obrigatório o início do ensino fundamental aos seis anos de idade. • LEI Nº 11.274, DE 6 DE FEVEREIRO DE 2006 - Altera a redação dos arts. 29, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. • LEI Nº 12.796, DE 4 DE ABRIL DE 2013 - Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Emenda LDB – Lei 12.796/2013 • No artigo 4º que trata do dever do estado com a educação básica, efetiva a ampliação do tempo de educação obrigatória e destaca a garantia de uma educação gratuita, especializada e de qualidade, alterando/acrescentando os seguintes incisos: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: a) pré-escola; b) ensino fundamental; c) ensino médio; II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade; [...] VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; [...] • Altera o Art. 5º que trata das responsabilidades do Estado e da Família para o cumprimento da Obrigatoriedade da Educação Básica e das providências jurídicas cabíveis em caso de negligência, substituindo no inciso I “ensino fundamental” por educação básica: Art. 5o O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo. § 1o O poder público, na esfera de sua competência federativa, deverá: I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em idade escolar, bem como os jovens e adultos que não concluíram a educação básica; • Destaca no Art. 6º a responsabilidade dos pais ou responsáveis em efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade. • Sobre a organização do currículo, altera o Art. 26, destacando a necessidade de sistematização deste, desde a educação infantil, incluindo a polêmica necessidade de uma base nacional curricular que seja comum e determinada. Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. • As alterações que merecem mais atenção e discussão, são as relativas a avaliação, controle de frequência e documentação na educação infantil, tendo em vista a obrigatoriedade do atendimento às crianças de 4 e 5 anos. • O Artigo 31 reforça a orientação de avaliação sem objetivo de promoção, bem como a carga horária mínima exigida. E acrescenta a necessidade de controle de frequência mínima e de expedição de documento comprobatório: Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas; V - expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. Programa Currículo em Movimento PROJETO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA MEC E UFRGS PARA CONSTRUÇÃO DE ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL (2009) RELATÓRIOS DE PESQUISA: - Mapeamento e análise das propostaspedagógicas municipais para a educação infantil no Brasil; - Contribuições dos pesquisadores à discussão sobre as ações cotidianas na educação das crianças de 0 a 3 anos; - Contribuições do movimento Inter fóruns de educação infantil do Brasil à discussão sobre as ações cotidianas na educação das crianças de 0 a 3 anos; - A produção acadêmica sobre orientações curriculares e práticas pedagógicas na educação infantil brasileira. PRÁTICAS COTIDIANAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL - BASES PARA A REFLEXÃO SOBRE AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES (Maria Carmem Silveira Barbosa – Consultora) SUBSÍDIOS PARA DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA - DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS ESPECÍFICAS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL (Sonia Kramer – consultora) Diretrizes Curriculares PARECER CNE/CEB Nº:20/2009 - Revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil; RESOLUÇÃO Nº 5, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2009 - Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil; PARECER CNE/CEB Nº:7/2010 - Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica RESOLUÇÃO Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010 - Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica; PARECER CNE/CEB Nº: 12/2010 - Diretrizes Operacionais para a matrícula no Ensino Fundamental e na Educação Infantil RESOLUÇÃO Nº 6, DE 20 DE OUTUBRO DE 2010 - Define Diretrizes Operacionais para a matrícula no Ensino Fundamental e na Educação Infantil Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil - DCNEI Produzindo Cultura... Constrói sua identidade pessoal e coletiva Brinca Imagina Centro do Planejamento Curricular Sujeito Histórico e de Direitos Fantasia Deseja Narra Questiona Observa Experimenta Aprende Constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade C R IA N Ç A Interações, relações e práticas cotidianas Currículo como conjunto de práticas... Experiências e Saberes das Crianças Conhecimentos Patrimônio Artístico Patrimônio Cultural Patrimônio Ambiental Patrimônio Tecnológico Patrimônio Científico Princípios ÉTICOS Da autonomia; Da responsabilidade; Da solidariedade; Do respeito ao bem comum; Do respeito ao meio ambiente; Do respeito as diferentes culturas, identidades e singularidades. POLÍTICOS Dos direitos de cidadania; Do exercício da criticidade; Do respeito à ordem democrática. ESTÉTICOS Da sensibilidade; Da criatividade; Da ludicidade; Da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais. Função sociopolítica e pedagógica da Educação Infantil Oferecer condições e recursos para que as crianças usufruam seus direitos civis, humanos e sociais; Possibilitar tanto a convivência entre crianças e entre adultos e crianças quanto a ampliação de saberes e conhecimentos de diferentes naturezas; Promover a igualdade de oportunidades educacionais entre as crianças de diferentes classes sociais no que se refere ao acesso a bens culturais e às possibilidades de vivência da infância; Construir novas formas de sociabilidade e de subjetividade comprometidas com a ludicidade, a democracia, a sustentabilidade do planeta e com o rompimento de relações de dominação etária, socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional, linguística e religiosa. Assumir a responsabilidade de compartilhar e complementar a educação e cuidado das crianças com as famílias; Garantir à Criança Acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens; Direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças. Organização de Espaços, Tempos e Materiais A educação em sua integralidade, entendendo o cuidado como algo indissociável ao processo educativo; A indivisibilidade das dimensões expressivo motora, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural da criança; O reconhecimento das especificidades etárias, das singularidades individuais e coletivas das crianças, promovendo interações entre crianças de mesma idade e crianças de diferentes idades; Os deslocamentos e os movimentos amplos das crianças nos espaços internos e externos às salas de referência das turmas e à instituição; A acessibilidade de espaços, materiais, objetos, brinquedos e instruções para as crianças com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação. Procedimentos de Avaliação I - a observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano; II - utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.); III - a continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação Infantil, transições no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/Ensino Fundamental); IV - documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças e os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil; V - a não retenção das crianças na Educação Infantil. Eixos Norteadores Práticas Pedagógicas – Propostas Curriculares INTERAÇÕES BRINCADEIRA Experiências Linguagens Conhecimentos As interações: múltiplas situações de ações entre pares e com adultos As brincadeiras – diversas, livres, orientadas, observadas, mediadas... Em diversos tempos, espaços, com diversos materiais – respeito à natureza do brincar: imaginação, liberdade e regra (LOPES, 2012) ... garantindo experiências que devem: I. Promover o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança. COM MEDIAÇÕES que propiciem sua extrapolação enquanto ação sensorial – para a SIMBOLIZAÇÃO: significação – linguagem. (LOPES, 2012) experiências sensoriais experiências expressivas experiências corporais II. Favorecer a imersão das crianças nas diferentes linguagens e progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: Gestual – caras, bocas: brincadeira e linguagem Mãos... De corpo inteiro Verbal – muitas conversas, trocas, diálogos: internalizações de novos modos de significar (compreender e dizer) o mundo e a si mesmo. Plástica: desenho, pintura, escultura, com múltiplos materiais, suportes, objetivos... Dramática: vivendo no faz-de-conta todo dia: tempos, espaços, materiais... Musical: cantando, tocando, experimentando produzir sons, ritmos, melodias... III. Vivência de narrativas, apreciações e interações com a linguagem oral e escrita e convívio com diferentes suportes textuais orais e escritos; A linguagem escrita: experimentar “ler” – todos os dias, textos de gêneros e suportes diferentes Ouvir leituras - TODOS os dias: aprendizagens sobre para que, o que, como se lê... IV. Em contextos significativos, relações quantitativas, medidas, formas e orientações espaço-temporais; Contar, relacionar, classificar, ordenar, identificar cores, formas, texturas... Experimentar, medir, prever... V. A confiança e a participação das crianças nas atividades individuais e coletivas; VI. Situações de aprendizagens mediadas para o desenvolvimento da autonomia nos cuidados pessoais, auto-organização, saúde e bem-estar; VII. Vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos culturais – alarguem seus padrões de referência e de identidades – diálogo e reconhecimento da diversidade; VIII. A curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento, a indagação e o conhecimento em relação ao mundo físico e social, aotempo e à natureza; IX. O relacionamento e a interação com variadas manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura. X. A interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento da biodiversidade e sustentabilidade da vida na terra, assim como o não desperdício de recursos naturais. XI - Interações com as manifestações e tradições culturais brasileiras (regionais e locais) que extrapolem a ação XII. Utilização de gravadores, projetores, computadores, máquinas fotográficas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos. Documentos Oficiais que contribuem com a “implementação” das DCNEI Avaliação em Educação Infantil: discussão de uma política nacional • EIXO: Experiência Educativa – delimita uma dada abrangência e ênfase no campo da atividade educacional. A experiência educativa deve ser entendida como “tudo o que nas instituições de educação infantil se planeja e se realiza para as crianças para promover o seu crescimento: organização do espaço e do tempo, gestão das rotinas, escolha de materiais e atividades de construção, definição dos grupos e das propostas em prol do desenvolvimento social.” (BONDIOLI, 2008, p. 22) • A avaliação destes aspectos numa instituição é um modo de assegurar se a cada criança são dadas oportunidades adequadas para seu desenvolvimento, crescimento e aprendizagem. • O que significa dizer que avaliar tais aspectos implica avaliar a adequação das propostas formativas oferecidas às crianças como participantes ativas na complexidade de relações e interações no interior de determinado contexto educativo. • ÁREAS: explicitam aspectos que compõem o fazer pedagógico e as práticas educativas a serem oportunizadas às crianças e suas famílias, considerando o que lhe dá ancoradouro, assim como seus desdobramentos no cotidiano educativo. Estas se organizam em: • ÁREA I. Experiências Relacionais e Sociais; • ÁREA II. Propostas e Contextos; • ÁREA TRANSVERSAL. Organização, Reflexão e socialização. • SUBÁREAS: especificam os aspectos essenciais de cada área no sentido de dar visibilidade e qualificar o trabalho acerca da experiência educativa proposta às crianças, considerando para a: • ÁREA I. Experiências Relacionais e Sociais – as subáreas: • Inserção; Relações e comunicação com as famílias; Diversidade e diferenças; Cuidado de si, cooperação e participação. • ÁREA II. Propostas e Contextos – as subáreas: • Interações; Brincadeiras; Manifestações da Arte (gestual, dramática, musical, visual); Narrativas, apreciação e interação com a linguagem oral e escrita; Relações quantitativas, espaciais e com o mundo físico e natural. • ÁREA TRANSVERSAL. Organização, Reflexão e Socialização – a subárea: • Observação, planejamento, avaliação. • DIMENSÕES: se articulam às subáreas das áreas I e II, nos permitindo pensar em como se entrelaçam nos Tempos; nos Espaços e materiais e nas Relações dialógicas entre professores e crianças. • A Área Transversal Organização, Reflexão e Socialização, com a subárea Observação, planejamento, avaliação, perpassa as duas outras áreas e todas as subáreas e dimensões, e assume uma função própria como instrumento que assegura a dinâmica sistêmica necessária à experiência educativa. Contexto Brasileiro Atual • Descontinuidade... • BNCC aprovada em 2017 – com uma história de avanços e recuos... • Política Nacional de Alfabetização – 2019 • Pandemia – Calendário Suspenso – Perspectivas para o retorno... • Política Nacional de Avaliação da Educação Básica – PORTARIA Nº 458, DE 5 DE MAIO DE 2020 • Edital PNLD - Desafios para pensar os currículos construídos no cotidiano... Abordagens Curriculares • Com a crescente influência dos estudos sobre o desenvolvimento da criança no século XX, os modelos curriculares que se expandem a partir dos anos 1960 são classificados por Spodek e Brow (1998) em quatro categorias: • (1) os programas Montessori em duas abordagens distintas, uma que mantem as orientações originais e outra que incorpora conhecimentos sobre as teorias de aprendizagem, • (2) os programas behavioristas que enunciam seus objetivos em termos comportamentais e organizam fases curtas e sequenciadas de aprendizagem, como por exemplo, o DARCEE e o DISTAR (programa publicado comercialmente para ensinar língua, aritmética e leitura), • (3) os programas de educação aberta, difundidos principalmente nos jardins de infância progressistas e • (4) as abordagens construtivistas, entre as quais destaca-se, de modo especial, o currículo High Scope de Orientação Cognitivista. Abordagens Participativas • Nos estudos contemporâneos sobre Pedagogia(s) da Infância, Oliveira-Formosinho (2007) classifica: • Modelos curriculares da pedagogia da transmissão, o DISTAR e o DARCEE; • Modelos curriculares da pedagogia da participação, as abordagens curriculares High Scope (Estados Unidos), Kamii Devries (Estados Unidos), Reggio Emilia (Itália), Modena (Itália), Pen Green (Inglaterra), Freinet (Brasil), Movimento da Escola Moderna (Portugal) e Associação Criança (Portugal). “a pedagogia da participação centra-se nos atores que constroem o conhecimento para que participem progressivamente, através do processo educativo, da(s) cultura(s) que os constituem como seres sócio- histórico-culturais” (OLIVEIRA-FORMOSINHO, 2007, p. 18). Abordagens Curriculares Participativas • Inspirações para compreender os currículos construídos nas relações entre as crianças e seus educadores no cotidiano: Abordagem de Reggio Emilia Abordagem de San Miniato Movimento da Escola Moderna - MEM (Portugal) Abordagem de Emmi Pikler Abordagem High Scope • Perspectivas para conhecer, aprofundar, interrogar e ampliar a Base Nacional Comum Curricular - BNCC
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