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TEORIA GERAL DA INVESTIGAÇÃO E PERÍCIA - Aula 1 - Conceito de Investigação e sua contextualização histórica

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TEORIA GERAL DA INVESTIGAÇÃO E PERÍCIA
PROFº MOACIR JOSÉ SERPA
AULA 1: 
Conceito de investigação e sua contextualização histórica 
Modernamente, conceitua-se investigação como “um conjunto de atividades realizadas concatenada mente e de forma metodológica, que busca averiguar as circunstancias de um fato constituindo uma versão verossímil”
Conflito de interesses
No entanto, não foram apenas os riscos externos que atemorizaram os homens no viver em sociedade. A própria convivência gera conflitos internos que ameaçam sua própria existência. Aqui sobressai a relevância ao que os processualistas chamam de conflito de interesses.
Frequentemente, surge no âmbito social conflitos entre seus integrantes. O sentido comum do vocábulo interesse nos remete à ideia de desejo, anseio, aspiração, cobiça, ambição, ou seja, a coisa que o homem quer. Não raro duas pessoas desejam o mesmo bem, ou seja, possuem interesse pelo mesmo objeto, inclusive acreditando terem direito a tal bem.
Atenção: Entretanto, os bens são limitados à porção do mundo exterior e que possam satisfazer a necessidade do homem, enquanto esta mesma necessidade é ilimitada, fazendo surgir um conflito de interesses, pois um depende do outro, há uma ligação entre esses dois termos, daí a decorrência do conflito. E sendo os bens limitados e a vontade humana ilimitada, a sociedade precisou disciplinar tal conflito que surgiam em torno dos bens.
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Surge o conflito de interesses quando a situação favorável à satisfação de uma necessidade excluir a situação favorável à satisfação de uma necessidade distinta. Isso é vislumbrado quando uma pessoa possuir mais de um interesse que se sobrepõe ao interesse do outro.
Quando uma das partes envolvidas nesse conflito resiste à pretensão da outra, diz-se que existe o conflito de interesses ou litígio.
Pois bem, o conflito está intimamente ligado à ideia de interesse, uma vez que deste decorre. Cada ser humano possui a sua necessidade e procura a sua satisfação. Ocorre que muitas vezes a busca por essa satisfação se dá por meio de um bem, confrontando ao interesse de outrem, pois os bens são limitados. Segundo orientação de Schnitman.
Modos de solução dos conflitos
Para a solução de conflitos, os homens desenvolveram, ao longo da história, inúmeras formas de resolução de conflitos, inicialmente relegadas ao próprio particular, conhecida como justiça privada.
A primeira delas e, talvez, a mais usual, era o uso da força, conhecida tecnicamente como autodefesa ou autotutela. Dito de outra forma, quando a decisão do conflito depende da força dos competidores, o mais forte sempre terá a razão ao seu lado.
A autodefesa sempre apresentou graves inconvenientes, pois a solução do conflito estaria ligada diretamente à superioridade de forças de uma das partes.
Considerando os inconvenientes da justiça privada e da autotutela, nasceu a necessidade de que a solução dos conflitos na sociedade fosse realizada de forma pacífica e justa, e que o ato de decidir ficasse a cargo de uma terceira pessoa, não interessada diretamente no litígio, pois assim poderia solucioná-lo com equidade e justiça. Mas não poderia ser qualquer terceira pessoa. Haveria a necessidade de termos um terceiro forte o suficiente para que pudesse ter sua decisão aceita espontaneamente ou imposta coercitivamente, principalmente aos integrantes do conflito.
Dessa necessidade, surgiu o monopólio da administração da justiça pelo Estado. A tutela pelo Estado. Nesta feita, ele avoca para si a tarefa de compor os conflitos da sociedade, afastando a possibilidade da vingança privada, que somente passa a ser possível de forma excepcional.
 Monopólio da administração da justiça: Art. 5º, inciso XXXV, da CRFB. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
Atenção: O Estado detém, portanto, o monopólio da administração da justiça, cabendo a ele, na pessoa do Juiz, dizer o direito no caso concreto de maneira definitiva. Para tanto, se utiliza do processo, visto como instrumento que dispõe o Juiz e as partes para reconstruírem os fatos objeto do conflito, possibilitando que o Juiz possa aplicar a lei ao caso concreto, ou seja, solucionar os conflitos.
A ideia de verdade surge no Estado absolutista como mecanismo de substituição de forças. Substitui-se a força privada e do mito pela força do Estado, e futuramente pelas ideias de fé, que até hoje norteiam alguns paradigmas jurídicos, como o denominado senso comum teórico, que é objeto de desconstrução das ciências sociais aplicadas, como é o caso do Direito e sua interdisciplinariedade.
A verdade que se quer comprovar, por muito tempo se afirmou ser uma verdade real, capaz de reconstruir com absoluta perfeição os fatos exatamente como aconteceram. Por isso, se afirmava que adotávamos o princípio da verdade real no processo penal.
Contudo, esse conceito, ao longo do tempo, foi sendo alterado, pois se percebeu que a busca por essa verdade tida como real acabava por cegar o caminho da investigação, que se preocupava apenas em alcançá-la a qualquer custo. Naquela época os fins justificavam os meios, e tanto é verdade essa afirmação que a tortura era aceita, pois era um instrumento eficaz para se conseguir a confissão.
A prova obtida por meio da confissão era a que possuía maior valor, com efeito, satisfatória para dar por reconstruído os fatos exatamente com aconteceram. Acreditava ser possível reconstruir, em especial com a confissão, os fatos exatamente como aconteceram em uma “verdade” absoluta, por isso tida como real.
Esse período em que se buscava a verdade real não mais vigora em tempos atuais, sendo necessário reconhecer que a verdade que se alcança é uma versão verossímil dos fatos.
Atenção: Nesse diapasão, por hora, precisamos assimilar que é impossível reconstruir os fatos exatamente como aconteceram na realidade se o meio para fazer isso é o processo, logo devemos nos contentar e aceitar que a verdade que se comprova em juízo é uma verdade caracterizada pelo princípio da verossimilhança, que é a construção de uma versão fundamentada, que seja razoável, conforme os elementos de informação colhidos.
Contudo, a comprovação dos fatos com a apresentação de uma versão verossímil necessitará, muitas vezes, de uma investigação. Essa necessidade tanto se aplica aos aspectos criminais como civis. A investigação, que na sua essência é uma pesquisa sobre os acontecimentos da vida humana (no aspecto do processo Penal ou Civil de relevância jurídica), tem incidência em qualquer fato da vida humana que desperte interesse a outra pessoa.
Por isso, podemos fazer a ilação de que a solução de um conflito de interesse, muitas vezes será decidido por quem melhor investigar e conseguir construir uma versão verossímil dos fatos como por exemplo:
* Comprovar a culpa no processo penal e com isso conseguir uma condenação.
* Construção de uma versão verossímil e com isso comprovar uma união estável para posterior solicitação de divisão de bens.
* Comprovar uma fraude de um funcionário para justificar a demissão com justa causa.
* Comprovar a infidelidade de um dos cônjuges para lhe imputar a culpa da separação e ulterior indenização por danos morais se for o caso.
Essa atividade de investigar dependerá, para ter sucesso, da competência de quem realiza a tarefa. Logo, saber quais competências profissionais o investigador deve possuir é muito importante.
Abordagens sociológicas do conflito
Além da abordagem sistêmica, podemos destacar abordagens sociológicas do conflito.
A teoria do conflito social se origina com o pensamento de Karl Marx, um conhecido filósofo e teórico político. Marx estudou a maneira como os conflitos dirigem os comportamentos humanos e de um grupo, indo do nível individual ao governamental. Existem vários tipos de teoria de conflito social. Cada um deles parte de um ângulo ou de uma abordagem específicos para discutir o conflito, a luta pelo poder e a alocação de recursos.
Teoria materialista do conflito
A abordagem materialista doconflito social vê a história como impulsionada pelo tipo de trabalho desempenhado em uma sociedade e por como esse trabalho sustenta as necessidades básicas do trabalhador. Karl Marx teorizou que qualquer coisa de valor em uma sociedade é produto do trabalho humano. Ele postulou que o processo de trabalho e de construção da sociedade leva à consciência humana, e não o contrário.
Na teoria do conflito social baseada no materialismo de Marx, existem duas classes: a classe dominante e a classe dominada. A classe dominante detém a propriedade e o controle dos meios de produção, incluindo os trabalhadores, as fábricas e as máquinas. De acordo com Marx, a classe dominante vai continuar a oprimir a classe trabalhadora para estabelecer firmemente a divisão entre as duas.
Teoria critica 
A teoria crítica é um tipo de teoria do conflito que procura explicar o conflito por meio das humanidades e das ciências sociais, incluindo áreas como a literatura, a política e outras tendências sociais. A teoria crítica enfatiza a mudança social, em vez de simplesmente se concentrar em observações e descobertas sobre uma determinada classe social, movimento ou geração.
Teoria feminista
 A teoria feminista é um tipo de teoria do conflito que vai mais longe do que os movimentos feministas que procuram entender e explicar as tendências da sociedade. Teóricos feministas examinam as desigualdades de gênero e buscam atribuir determinados males sociais e problemas a essas desigualdades. Dentro da área da teoria feminista, artes, linguagem, cinema, filosofia, geografia, política, estudos do sexo e da economia são usados ​​para fornecer um olhar sobre os problemas entre as classes sociais e as desigualdades de gênero em vários campos.
Pós-Moderna
A teoria pós-moderna rejeita o pensamento modernista e o uso de contextos históricos para analisar as lutas entre as classes. Os pós-modernistas não acreditam em verdades objetivas sobre as classes sociais, movimentos e gerações, porque a narrativa histórica dos movimentos e períodos anteriores foi essencialmente escrita pelas classes dominantes. Voltando à teoria original de Marx, é fácil ver por que os pós-modernistas seriam céticos com relação aos construtos sociais de hoje, já que eles foram formados a partir das narrativas feitas pela classe dominante - aqueles com poder e dinheiro. Os pós-modernistas afirmam que muito da história foi deixado de fora da narrativa central da política global.
Existem muitos outros tipos de teoria do conflito social, como:
1. Teoria sobre gênero;
2. Teoria pós-colonial;
3. Teoria pós-estruturalista;
4. Teoria dos sistemas mundiais.
Cada uma apresenta uma abordagem diferente para a ideia fundamental de conflito-luta entre duas classes para alcançar riqueza, poder ou um bem desejado.
Esse aspecto de lutas traz reflexos em alguns teóricos ao abordar a educação, como por exemplo, a visão de Max Weber que demonstra, atualmente, não mencionando a luta de classes, mas denominando como racionalização do conhecimento pela educação, uma forma de burocratizar o acesso de controle do Estado.
Em outras palavras, será pela educação que o Estado realizará o controle da sociedade.

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