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CLÁUDIA DA PENHA DOMINGUES 8056828 Licenciatura em Pedagogia OS BENEFÍCIOS DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM Tutor: Prof. Wagner Montanhini CLARETIANO – Centro Universitário MOGI DAS CRUZES – SP 2019 2 OS BENEFÍCIOS DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DOMINGUES, Cláudia da Penha¹ MONTANHINI, Wagner² RESUMO. A abordagem desse tema se deu por conta das inúmeras situações encontradas no ambiente escolar, onde o aluno parece não ter condições de melhorias em seu rendimento e as medidas alternativas para ajudar esse aluno são demasiadas insuficientes. O processo de ensino e aprendizagem deve abordar não somente as competências cognitivas das crianças, mas deve associá-las à sua experiência do cotidiano, tendo como foco principal o desenvolvimento de suas habilidades socioemocionais. O educador, ao considerar o papel das emoções dentro das atividades desenvolvidas na escola, contribuirá para o sucesso da formação do aluno em todos os seus aspectos. O tema Inteligência Emocional abrange muitas questões que precisam de atenção e cuidado, principalmente quando se trata de educação, pois é também na escola que a personalidade será moldada. A vida escolar é uma fase de construção de conhecimentos, que deve ser repleta de experiências concretas e significativas, com objetivo de formar pessoas saudáveis emocionalmente e com atitudes positivas perante os desafios da vida. Quando as emoções são compreendidas e sentidas de fato, os alunos se sentem seguros e suas decisões se tornam mais assertivas. Os professores devem ser inspiradores de pessoas e formadores da nova geração que anseia silenciosamente por ajuda no equilíbrio de suas emoções. Palavras chave: Educação. Inteligência Emocional. Aprendizagem. Emoções. Habilidades Socioemocionais. INTRODUÇÃO 3 Segundo Pires, (2007, p.16) ”[...] o processo educacional moderno é fundamentado exclusivamente em valores intelectuais. As emoções, a sensibilidade e as virtudes têm sido relegadas a um segundo plano”. Quais seriam as competências de um professor para garantir o bom desempenho dos estudantes no atual cenário da educação? O aluno consegue manter-se atento durante uma aula expositiva? Trabalhar as habilidades sócio emocionais dos alunos, onde o excesso de estímulos e o avanço da tecnologia impõem mudanças de comportamentos, beneficiará os alunos e contribuirá para que as aulas se tornem produtivas e participativas. A facilidade de acesso à internet e informações que chegam quase que instantaneamente transbordam o cérebro com “lixo eletrônico”, “fake news” e violência de todos os tipos, pois não há filtros e as crianças e adolescentes têm livre acesso a qualquer tipo de programa. Essa nova era da tecnologia traz consequências ruins, como: multiplicação de casos de depressão, consumismo, suicídio, tentativa de suicídio por adolescentes e crianças, desvio de conduta, falta de educação, de respeito e de compromisso com sua própria vida. Tendo em vista situações tão desfavoráveis às boas práticas de ensino, principalmente no período em que o cérebro está amadurecendo, Goleman (2012, p. 301), alerta: “ Deixando ao acaso a aprendizagem de lições emocionais, corremos o enorme risco de não aproveitar os momentos mais oportunos – proporcionados pelo lento processo de maturação do cérebro – para proporcionar às crianças o cultivo de um repertório emocional saudável”. “O mundo inteiro está preocupado com a escalada da violência na sociedade (principalmente entre os jovens) e com o aumento significativo das doenças de fundo emocional” (PIRES, 2007, p.66). O professor deve estar preparado para situações que dominam a sala de aula, como a falta de disciplina, o desrespeito, o uso indevido de celulares, o palavreado “sujo” e músicas carregadas de erotismo e sem pudor. “Se desejarmos manter o controle de uma situação tensa devemos estar atentos às flutuações emocionais de todos os participantes do contexto” (PIRES, 2007, p.70). Pais separados, desempregados, omissos, despreparados, desorientados, e tantos outros adjetivos que caberiam aqui e descreveriam a triste situação de seus filhos, que chegam na escola com essa bagagem da sociedade e do meio em que vivem, desestruturados, famintos, carentes de atenção e de amor. 4 Muitos professores se esforçam para suprir algumas dessas necessidades, porém nem todos os alunos estão dispostos a serem ajudados, não sabem lidar com o afeto recebido e devolvem com falas de desordem e violência. É um cenário muito triste que muitos professores da rede pública no Brasil vivenciam. Pires (2007, p.29), destaca que: “O Maior desafio dos professores (muito mais importante do que promover o aprendizado) é cultivar os valores humanos no coração de seus alunos, tornando a vida digna de ser vivida”. Para amenizar a tristeza e a carência desses alunos é necessário que o professor tenha conhecimentos sobre competências socioemocionais e como elas ajudam a aliviar as situações de estresse, ansiedade e frustração. Mães desesperadas vão à escola a fim de constatar se seus filhos estão lá estudando ou se desviaram para outros caminhos, são crianças do Ensino fundamental que mal sabem ler, escrever, interpretar textos ou fazer cálculos. O sofrimento dessas mães pode ser amenizado e essas situações adversas contornadas se o uso da inteligência emocional estiver alinhado ao conteúdo das disciplinas e o professor, além disso, utilizar recursos, tais como: palestras motivacionais, aulas lúdicas, questionário comportamental, rodas de conversa e conversas individuais. Alguns professores se esforçam para que sua aula seja diferenciada e prenda a atenção dos estudantes, fazendo uso de materiais que despertem o interesse dos alunos. Infelizmente a maioria não se importa em aproximar a realidade do aluno às disciplinas e seus conteúdos, apenas aplicam o programa direcionado pela escola e suas diretrizes, e insistem na adequação do aluno a aulas meramente expositivas. Os professores obteriam melhor rendimento e aproveitamento da classe se tivessem a sensibilidade de perceber a realidade dos alunos e como se aproximar de seus conhecimentos prévios e partir desse ponto seguir para o progresso do aprendizado, ajustando o que é importante ao necessário. As transformações previstas nesse processo certamente seriam positivas e qualitativas. Pires tece seu parecer sobre o conteudismo, prática muito comum nas escolas, onde os conteúdos são prioridade no processo educacional: O objetivo mais importante do processo educacional não é informar e sim, formar o caráter dos alunos, preparando-os para viver em sociedade. A Crise da Razão que hoje atravessamos só será corrigida com uma profunda reforma no modelo educacional. A educação escolar que se pratica na maioria das escolas é um verdadeiro “adestramento” intelectual! A maior parte das instituições de ensino se limita a transferir o conhecimento dos livros para a cabeça dos alunos. (PIRES, 2007, p.27) 5 Percebe-se que cada vez mais, os professores devem atualizar e rever os conhecimentos e emoções frente a prática docente, para que trabalhem com louvor as competências socioemocionais dos alunos. Limitar as competências dos alunos ao simples processo de decorar e copiar é um triste desfecho de processos educacionais intitulados tradicionais, que diminuem a possibilidade do aluno de pensar, elaborar, questionar, pesquisar, analisar, avaliar e de ser protagonista de seu aprendizado. Numa escola inovadora, os professores devem ser bem sucedidos intelectualmente e emocionalmente, os alunos armados com livros e abertos ao conhecimento e à cultura positiva. [...] supõe-se que o indivíduo, quando está bem do ponto de vista da vida psíquica, conseguindolidar adequadamente com seus conflitos, tem todas as condições para enfrentar o mundo, realizando atos “inteligentes”, ou seja, resolvendo adequadamente problemas que se apresentam, sendo criativo, verbalizando bem suas ideias etc. (BOCK, 2002, p.184). Deve-se tratar como prioridade os professores que precisam de apoio e treinamentos direcionados para desenvolver habilidades socioemocionais e transformar essas habilidades em sala de aula. As múltiplas inteligências dos alunos e suas competências socioemocionais serão de grande valia para o seu desenvolvimento cognitivo, pois interferem de maneira positiva no desempenho escolar, além de contribuir não só para a vida acadêmica, mas para o mundo. “Se o desenvolvimento do caráter é uma das bases das sociedades democráticas, pensem em algumas das maneiras como a inteligência emocional as reforça” (GOLEMAN, 2012, p. 300). O PODER DA INTELIGÊNCIA Na História da Civilização começaram a ser concebidas as raízes do culto à Inteligência, os filósofos da antiguidade defendiam a nobreza baseados em seus valores intelectuais em detrimento àqueles que governavam através da força física, logo o poder passou a ser exercido pelos que detinham a melhor estratégia, a força bruta foi sendo substituída pela sagacidade do homem e seu sucesso medido pela sua capacidade intelectual. (PIRES, 2007). DA INTELIGÊNCIA À INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 6 Em: “O livro da Psicologia”, há uma sequência de descobertas relacionadas à capacidade de pensar. (COLLIN, 2012). Filósofos da antiga Grécia defendiam a ideia de que animais não humanos eram capazes de pensar, apesar de terem consciência inferior à consciência da mente humana. (COLLIN, 2012). Aristóteles supôs a existência de três tipos de mente: vegetal, animal e humana, sendo a mente vegetal incapaz de pensar, ela apenas se ocupa de sua nutrição e crescimento, a mente animal dotada de sensações e a mente humana capaz de se ocupar de sua nutrição e crescimento, capaz de sentir e ainda raciocinar, tendo consciência de si e capacidade de níveis altos de cognição. (COLLIN, 2012). Renè Descartes nos anos 1630 afirmou que os animais eram como máquinas, sem sentimentos e movidos apenas por reflexos. (COLLIN, 2012). Em 1859, Charles Darwin em seu livro: “A origem das espécies”, propôs que a inteligência é herdada e que estamos ligados geneticamente a outros animais e que todos temos consciência. (COLLIN, 2012). No entanto Wilhelm Wundt se baseou nesses fatos para descrever uma linha contínua da vida, desde o menor animal até o homem, propondo que a definição de vida envolve algum tipo de atividade mental e que havia dois tipos de observação, a observação externa responsável pelos eventos visíveis e a observação interna que reconhece e registra pensamentos e sentimentos. (COLLIN, 2012). Wundt a partir de diversos experimentos conseguiu observar que eventos de grande importância ou que possuíam alto grau de interferência emocional nas pessoas, bem como as comparações com fatos e imagens causariam um impacto tão importante que essa memória permaneceria em sua consciência e faria parte de seu repertório emocional que classifica e aciona informações e emoções ligadas ao evento já experenciado. (COLLIN, 2012). “O trabalho de Wundt serviu de inspiração para estudos medidores das habilidades mentais realizados pelo psicólogo americano James Cattel e construiu a base para as pesquisas de Alfred Binet sobre a inteligência humana” (COLLIN, 2012, p. 50-51). No final do século passado, Alfred Binet (1857-1911) desenvolveu com Théodore Simon, a pedido do governo da França, um teste para avaliar e identificar crianças brilhantes, o famoso teste de Q.I. (Coeficiente Intelectual). (PIRES, 2007). A longa tradição da psicologia da inteligência seguiu uma via puramente cognitiva. Até o início dos anos 1980, a maioria dos teóricos e dos pesquisadores preocupados em definir e conceituar a inteligência partilhou, para todos os fins práticos, uma mesma opinião, que pode ser resumida nos seguintes termos: a inteligência é aquilo 7 que nos permite obter êxito na escola e consequentemente, na vida. (CHABOT, D.; CHABOT, M.,2005, p.93). Desde então as pessoas passaram a ser classificadas por seu nível de inteligência, porém logo surgiram dúvidas quanto à eficácia do teste em relação ao sucesso das pessoas além dessas habilidades intelectuais. (PIRES, 2007). Cada criança é um milagre suficientemente grande da natureza para não ser comparada a não ser consigo mesma. Além do mais, o que significa ser inteligente? Transitar com desenvoltura neste estreito universo de palavras e números representado pelos testes de QI.? É inegável o seu valor em predizer nosso sucesso na fase de estudos. Porém, as escolas nos preparam para o mundo das ideias e não para o mundo das pessoas! (PIRES, 2007, pp. 32-33). Com o lançamento de Gardner na década de 80, dos livros: A Estrutura da Mente e Inteligências Múltiplas, a comunidade científica passou a dar importância a outros “tipos de inteligência” destacados em diferentes áreas do conhecimento e logo a inteligência humana fora classificada em 07 diferentes tipos: Inteligência Verbal; Inteligência Matemática; Inteligência Musical; Inteligência Espacial; Inteligência Corporal; Inteligência Interpessoal; e Inteligência Intrapessoal. Porém em 1990, Peter Salovey rotulou de Inteligência Emocional as formas de Inteligência Inter e Intrapessoal. (Pires, 2007). Mais tarde em 1996 o livro “Inteligência Emocional” de Daniel Goleman ganha destaque ao ser lançado nos Estados Unidos, chegando a ser capa da revista “Times”, e entra para a lista dos mais vendidos. Evolução no conceito de inteligência ANO PESQUISADOR CONCEITO DE INTELIGÊNCIA 1905 Alfred Binet É aquilo que nos permite obter êxito escolar 1927 Charles Spearman Atitude cognitiva geral única 1938 Louis Thurstorn Composta por sete fatores independentes 1983 Howard Gardner Oito diferentes formas de inteligência 1988 Robert Sternberg Três elementos distintos 1990 Peter Salovey e John Mayer A inteligência emocional: uma forma de inteligência não cognitiva 1996 Daniel Goleman A inteligência emocional: aquilo que nos permite obter êxito na vida (CHABOT, D.; CHABOT, M., 2005, p.98) 8 Com o lançamento do livro de Daniel Goleman, estudos sobre a Inteligência Emocional ganharam destaque em vários campos de trabalho, inclusive a educação. O QUE É INTELIGÊNCIA PARA VOCÊ? Quando falamos sobre inteligência podemos automaticamente relacionar com questões cognitivas ou a bagagem cultural de uma pessoa. Mas a palavra inteligência carrega muitos outros significados, por exemplo na internet, é definida desta forma: Inteligência: Faculdade de conhecer, de compreender; intelecto: a inteligência distingue o homem do animal. Conhecimento profundo em; destreza, habilidade: ter inteligência para os negócios; cumprir com inteligência uma missão. Habilidade para entender e solucionar adversidades ou problemas, adaptando-se a circunstâncias novas. Função psíquica que contribuí para uma pessoa consiga entender o mundo, as coisas e situações, a essência dos fatos. Boa convivência; união de sentimentos: viver em perfeita inteligência com alguém. Relações secretas; ajuste, conluio: ter inteligência com o inimigo. Etimologia (origem da palavra inteligência). Do latim intelligentia.ae, "entendimento" (Dicionário Online de Português. Acesso em: 13/11/2019), Pires (2007, p. 37) destaca em seu livro a seguinte descrição da palavra inteligência: “A palavra inteligência (do latim – intus legere), significa, literalmente, leitura interior”, e define a inteligência como uma associação de ideias rebuscadas de seu “arquivo interno” para reagir a determinadas situações. No âmbito escolar há diversidades de alunos, alguns atentos, participativos e aplicados em seusestudos, porém em alguns momentos esse mesmo aluno pode se tornar apático, ter seu rendimento baixo e se torna desinteressado, esse comportamento pode estar associado a um problema de ordem cognitiva engatilhado por um processo emocional o qual ele não consegue lidar. Chabot, (2005, p. 130 e 137), tece considerações sobre condições favoráveis para o aprendizado: “[...] as emoções negativas podem afetar nosso aprendizado alterando nossas faculdades cognitivas (atenção, percepção, memória, raciocínio etc.)” (CHABOT, D.; CHABOT, M., 2005, p.130). “A primeira condição para aprender é sentir-se bem” (CHABOT, D.; CHABOT, M., 2005, p.137). Se a escola e o meio educacional estimulam e solicitam consideravelmente as competências cognitivas, o mesmo não acontece com as competências emocionais, em geral negligenciadas pela educação e pela escola. A introdução da inteligência 9 emocional em nossas estratégias pedagógicas parece-nos um caminho a ser explorado no futuro. (CHABOT, D.; CHABOT, M., 2005, p.28). AS EMOÇÕES E A APRENDIZAGEM A falha no aprendizado durante muito tempo foi associada a alguma deficiência cognitiva da criança, o trabalho com essas crianças não apresentava alternativas para melhorar o desempenho na escola, e o olhar da escola para alunos tidos como “desajustados” era desviado por falta de conhecimento e estrutura do corpo docente, causando prejuízo em seu desenvolvimento e baixa produtividade em aula. “Um dos papéis do educador emocionalmente inteligente consiste em estimular as competências emocionais de seus alunos [...] o verdadeiro aprendizado se dá não quando compreendemos, mas quando sentimos” (CHABOT, D.; CHABOT, M., 2005, p.131). Hoje diversas pesquisas científicas e teóricas apontam para outra direção, sugerem que as emoções sejam responsáveis pelo status de atenção da criança e quando as emoções são negligenciadas, sua evolução no processo de aprendizagem fica lento ou não acontece. “O ouvinte precisa compreender o que o falante tenta comunicar, mas as palavras em si podem não ser tão importantes quanto a impressão geral do ouvinte, ainda mais se emoções intensas estiverem envolvidas” (COLLIN, 2012, p. 37). O papel das emoções no cotidiano escolar, contribuirá para o amadurecimento do sujeito e proporcionará aos professores e aos alunos competências, criando condições de equilíbrio entre o processo de ensino e aprendizagem. [...] os programas de alfabetização melhoram as notas de aproveitamento acadêmico das crianças e o desempenho na escola. [...] Numa época em que um grande número de crianças não é capaz de lidar com suas perturbações, de ouvir ou de se concentrar, frear um impulso, sentir-se responsável por seu trabalho ou se ligar na aprendizagem, qualquer coisa que reforce essas aptidões ajudará na educação delas. Neste sentido, a alfabetização emocional aumenta a aptidão da escola para dar ensinamentos. [...] Além dessas vantagens educacionais, os cursos parecem ajudar as crianças a melhor desempenhar seus papéis na vida, tornando-se melhores amigos, alunos, filhos, filhas – e no futuro têm mais probabilidade de serem melhores maridos e esposas, trabalhadores e chefes, pais e cidadãos. Embora nem todo garoto ou garota venha a adquirir essas aptidões com igual êxito, na medida em que o fizerem estarão melhor por isso. (GOLEMAN, 2012, p. 299). Os professores devem estar preparados para lidar primeiro com suas emoções, depois com as emoções do outro. Esse cuidado trará para o contexto da educação, um profissional 10 qualificado para além de suas funções, causando transformações consideráveis e positivas em sua vida pessoal e escolar. A inteligência emocional é um dos aspectos importantes de uma pessoa. “Possuir inteligência emocional favorece as relações com os demais e consigo mesmo, melhora a aprendizagem, facilita a resolução de problemas e favorece o bem-estar pessoal e social” (ALZINA, 2009, p. 07). Pires, (2007, p.52) fala sobre a importância das emoções no contexto escolar e aponta sobre a necessidade da implantação de programas emocionais nas escolas: As emoções desempenham um papel tão importante em nossas vidas, que deveriam fazer parte obrigatória de todos os cursos escolares, em todos os níveis. Precisamos aprender a identificar as emoções que estamos sentindo e tentar descobrir e analisar as causas que as estão produzindo, para que possamos nos proteger das influências negativas das emoções sobre a razão. Mas ainda somos praticamente “analfabetos emocionais”. Geralmente só tomamos conta de nossas emoções, quando elas estão muito alteradas e já causaram danos à nossa saúde ou aos nossos relacionamentos. Incluir Inteligência Emocional como matéria obrigatória nas escolas não é tarefa simples, mas pode transformar a educação em um processo de melhor evolução do sujeito, desde a educação infantil até o ensino superior. Goleman (2012, p. 299), destaca em seu livro a importância dos programas de alfabetização emocional nas escolas, mesmo que as condições financeiras não sejam favoráveis, o gasto compensa os benefícios em prol dos estudantes e da própria instituição de ensino. O aprendizado através de diferentes tendências e olhares devem proporcionar ao aluno conhecimentos significativos para sua vida. “Em educação, o aprendizado, aliás, é definido como a aquisição e incorporação de novos conhecimentos, visando sua reutilização funcional” (TARDIF, 2005 apud (CHABOT, D.; CHABOT, M., 2005, p. 10). As experiências, vivências, bagagem emocional, cultural e o meio em que o sujeito está inserido possibilitam situações diferentes de aprendizado. “A psicologia define o aprendizado como uma modificação relativamente permanente do comportamento ou do potencial comportamental, resultante do exercício ou da experiência vivida” (HUFFMAN, VERNOY, M ET VERNOY, 2000, apud (CHABOT, D.; CHABOT, M., 2005, p. 10). Para Rodrigues (1976, p. 203), “A aprendizagem é tão difícil e multidimensional quanto a própria vida. Ela ‘envolve dimensões de sentimento, interesse, curiosidade, coragem e prontidão’, e só esta aprendizagem é realmente duradoura: a que se liga à vida.” 11 Pires (2007, p. 49), destaca que com o aparecimento das emoções houve pelo menos três grandes avanços evolutivos para os animais (animais que se emocionam possuem maior capacidade de aprendizado): o primeiro foi a proteção por amor; o segundo foi a aceleração do aprendizado, a memória se intensifica quando existe um forte impacto emocional sobre as nossas percepções, podendo ser agradável ou repulsiva; o terceiro é o planejamento futuro, de acordo com a ciência comportamental essa não é uma tarefa exclusivamente racional, as emoções influenciam diretamente no comportamento e na tomada de decisões. Bock, Furtado e Teixeira (2008, p.179), enfatizam as ideias de Pires: Somos seres pensantes. Pensamos sobre as coisas passadas, projetamos nosso futuro, resolvemos problemas, criamos, sonhamos, fantasiamos, somos até capazes de pensar em nós mesmos, isto é, somos capazes de nos tornar objetos de nossa própria investigação. Fazemos ciência, poesia, música, construímos máquinas incríveis, transformamos o mundo em símbolos e códigos, criando a linguagem que nos permite a comunicação e o pensamento. Não há dúvida de que somos uma incrível espécies de seres! O processo de ensino e aprendizado quando associado à inteligência emocional, proporciona não só ao aluno, mas também aos profissionais da educação, consciência das emoções, facilitando nas atividades e na aquisição dos conhecimentos específicos e facilitadores, inerentes ao contexto escolar. O desenvolvimento das competências emocionais compreende estar consciente das próprias emoções e das emoções dos outros, controle adequado de suas emoções, ter atitudes positivas, boa autoestima, responsabilidade e habilidades socioemocionais para a vida. (ALZINA,2009). “Ficamos perigosos quando não temos consciência da nossa responsabilidade por nossos comportamentos, pensamentos e sentimentos” (ROSEMBERG, 2006, p. 45). Para que uma criança ou até mesmo um adulto possa aprender de forma eficaz e autêntica, as emoções não podem ser reprimidas, elas devem ser consideradas e entendidas. “ A consciência emocional se refere à capacidade de perceber, identificar e dar nomes aos sentimentos e emoções próprios e aos dos outros” (ALZINA, 2009, p. 10). O conhecimento que o aluno tem do mundo se torna facilitador do processo, bem como a sensibilidade do professor em compreender o contexto onde o aluno vive e as experiências que ele traz em sua bagagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS 12 Há muito trabalho a ser feito no âmbito educacional e um vasto território a ser explorado, esse território é o das emoções. Aprender a conviver com elas, para que elas afetem cada vez menos as decisões, para que elas se transformem em emoções positivas, cheias de significados e aprendizados importantes. As emoções são a principal fonte de amadurecimento de uma pessoa, elas interferem diretamente no estado de atenção e aprendizado. Além de induzir o comportamento e tomadas de decisão durante a vida. O processo de ensino e aprendizagem deve ser amparado por essas descobertas sobre a inteligência emocional, e os estudos e aplicações devem ser aprofundados para que o acesso seja difundido a muito mais pessoas. Negligenciar o papel das emoções dentro do processo de ensino e aprendizagem é: negar ao aluno processos educativos valiosos e integradores, afastar possibilidades de rendimento positivo, aceitar o bullying e processos de baixa autoestima, aceitar a baixa qualidade de condições de aprendizado do aluno e seu comportamento destrutivo e violento em sala de aula. Muitas escolas insistem em agir dessa forma, criando punições, normas e regimentos para sanar seus problemas, quando o problema está na saúde emocional dos alunos, dos profissionais da escola e na própria comunidade. A educação é o instrumento mais valioso que o sujeito pode adquirir durante a sua vida, e por isso reivindicar esse direito é dever do cidadão, os benefícios de uma educação com qualidade e bem estruturada no âmbito social, são imensuráveis. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALZINA, Rafael, B. et al. Atividades para o desenvolvimento da inteligência emocional nas crianças. Tradução de Sueli Brianezi Carvalho. São Paulo: Ciranda Cultural, 2009. ARCANJO, Rafael, M.; MARINHEIRO, Carlos, A.; SANCHES, Everton, L. Metodologia da Pesquisa Científica. Batatais: Claretiano, 2016. BOCK, Ana, M. B.; FURTADO, Odair.; TEIXEIRA, Maria, L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13.ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 13 BASTOS, José, A. O Cérebro e a MATEMÁTICA. 1.ed. São José do Rio Preto: [Publicação Independente], [s.d.]. CHABOT, Daniel; CHABOT Michael. Pedagogia Emocional: sentir para aprender. Como incorporar a inteligência emocional às suas estratégias de ensino. Tradução de Diego Ambrosini e Juliana Montoia de Lima. [s.l.]: Sá Editora, 2005. COLLIN, Catherine. et al. O livro da Psicologia. Tradução de Clara M. Hermeto e Ana Luisa Martins. São Paulo: Globo, 2012. Dicionário Online de Português. Disponível em: https://www.dicio.com.br/. Acesso em: 13/11/2019. GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Tradução de Marcos Santarrita. 2. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. PIRES, Wanderley R. Dos Reflexos à Reflexão: A grande transformação no relacionamento humano. Campinas: Editora Komedi, 2007. RODRIGUES, Marlene. PSICOLOGIA EDUCACIONAL: uma crônica do desenvolvimento humano. São Paulo: McGRaw-Hill do Brasil, 1976. ROSENBERG, Marshall B. Comunicação Não-Violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Tradução de Mário vilela. 2. ed. São Paulo: Editora Ágora, 2006.
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