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Curso de Cál ulo de Uma Variável Mar o A. P. Cabral Curso de Cál ulo de Uma VariávelPrimeira EdiçãoMar o A. P. CabralPhD Indiana University � EUAProfessor do Instituto de Matemáti aUniversidade Federal do Rio de Janeiro Departamento de Matemáti a Apli adaInstituto de Matemáti aUniversidade Federal do Rio de JaneiroRio de Janeiro - BrasilAbril/2010Cópias são autorizadas e bem vindas: divulgue nosso trabalho! Consulte o sítiowww.labma.ufrj.br/~m abral ou entre em ontato om o autor em map abral AT ufrj br. iEste trabalho muito provavelmente será li en iado sob uma Li ença Atribuição-Uso Não-Comer ial-Compartilhamento pela mesma Li ença 2.5 Brasil. Para ver uma ópia destali ença, visite http:// reative ommons.org/li enses/by-n -sa/2.5/br/ou envie uma arta para Creative Commons, 171 Se ond Street, Suite 300, San Fran is o, California94105, USA. Fi ha Catalográ� aCabral, Mar o A. P.Curso de Cál ulo de Uma Variável / Mar o Cabral - Rio de Janeiro: Instituto de Matemáti a,2008. 1. Cál ulo I. TítuloCDD: 512.5516.3ISBN XX-XXXX-XXX-X Sobre o Autor Mar o Cabral fez o Ba harelado em Informáti a na UFRJ, o Mestrado em Matemáti a Apli ada naUFRJ e o doutorado em Matemáti a na Indiana University (EUA). Trabalha om equações diferen iaispar iais e Análise Numéri a. É professor no Instituto de Matemáti a na UFRJ. ii Prefá io �Todo aspe to deste livro foi in�uen iado pelo desejo de apresentar o Cál ulo não somente omo um prelúdio, mas om um primeiro en ontro real om a Matemáti a. (. . . ) Alémde desenvolver a intuição do estudante sobre os belos on eitos de Análise, é ertamenteigualmente importante persuadi-los que a pre isão e o rigor � embora não sejam um �mem si mesmo � são o meio natural para formular e pensar sobre questões matemáti as.�(Prefá io do livro de Cál ulo do Spivak [Sp℄, em tradução livre)Para o estudanteEste livro tem omo fo o o aluno e suas di� uldades, tratando-os de forma inteligente. No texto olo amos em destaque, dentro de uma aixa de texto:(a) dúvidas de Pré-Cál ulo in orporadas diretamente aos on eitos de Cál ulo, ao invés deapresentadas em Capítulo ini ial de revisão, re urso didáti o desmotivante para o aluno (e para oProfessor);(b) Erros Comuns ometidos pelos alunos.Consideramos que existem diversos livros ex elentes que devem ser onsultados. Podemos re o-mendar por ategoria:(a) Livros de Cál ulo utilizados atualmente: Anton, Stewart, Leithold, Simmons, . . . Vo ê deveter sempre por perto um destes livros para omplementar este material. Leia a teoria e os exemplosdestes livros também.(b) Livros (mais antigos) lássi os de Cál ulo: Courant [Co℄ �Di�erential and Integral Cal ulusvol. 1� de 1934, Spivak [Sp℄ �Cal ulus� de 1967. Re omendo fortemente que os alunos que tenhamseu interesse despertado utilizem o livro de Cál ulo do Spivak. É interessante também folhear sem ompromisso o livro do Courant. Experimente ler o apítulo sobre limites do livro do Spivak. Ex-perimente ler sobre a fórmula de Stirling (fatorial) no livro do Courant. Vo ê orre o ris o de � arfas inado pelo Cál ulo.( ) Livros de Análise Real, a teoria que fundamenta a matemáti a: Neri e Cabral [NC℄ (disponívelonline em www.labma.ufrj.br/~m abral) e Elon. Para a fundamentação teóri a do Cál ulo éne essário estudar análise, urso que alguns de vo ês podem querer fazer depois do Cál ulo.(d) Livros de Divulgação Matemáti a:� O que é Matemáti a? Courant; Robbins.� A arte de resolver problemas; Polya.� Matemáti a e Imaginação; Kasner.� A Experiên ia Matemáti a; Dantzig.Estas leituras vão abrir um pou o os horizontes. São todos lássi os. In luem todo tipo deMatemáti a, passando por lógi a, números, topologia, teoria da omputação, �loso�a da matemáti a.É parte fundamental do aprendizado de Matemáti a resolver exer í ios, tantos quanto for possível.Deve-se tentar resolver os Exemplos que apare em ao longo do texto de sem olhar a resposta no �naldo livro. Ao �nal de ada apítulo existem exer í ios divididos em 4 grupos:iii PREFÁCIO iv • exer í ios de �xação: Devem ser feitos imediatamente após a leitura do texto. São de resposta urta. Não saber resposta orreta sugere um retorno ao texto. Deve-se fazer todos antes deseguir adiante. • problemas: São os prin ipais exer í ios do apítulo. Todos (ou quase) devem ser feitos. • problemas extras: Caso o aluno tenha feito todos os problemas e deseje mais práti a. • desa�os: Para se aprofundar na dis iplina. São op ionais.Todos os exer í ios de �xação e todos os problemas tem respostas no �nal do livro. Váriosproblemas extras e desa�os também possuem respostas. Seções mar adas por uma estrela ⋆ sãoop ionais.Por �m deixo algumas máximas:� Professor não ensina, o aluno é que aprende.� Não existe aluno inteligente, existe aluno dedi ado. Quem a redita em inteligên ia omo algoinato é o aluno que não estuda, que des ulpa sua falta de empenho, om extrema modéstia, dizendoque não é inteligente.Porque um novo livro? • A es olha da li ença do tipo opyleft (o ontrário do opyright) é parte fundamental desteprojeto. A li ença permite não somente a distribuição gratuita omo também ore-uso do material por qualquer pessoa. Desta forma este livro poderá ser aperfeiçoado daquipor diante, ao invés de todo esforço envolvido se perder aso o livro pare de ser editado. Paradetalhes onsulte: http:// reative ommons.org. Isto in entiva também a olaboração omo projeto, pois o esforço investido será revertido para toda humanidade. Mande sugestões,erros e soli ite o fonte (latex) para o autor Mar o Cabral em map abral AT ufrj DOT br. • Permitir aos alunos de todo o Brasil a esso fá il (internet) a material gratuito e de qualidade. • O material de pré- ál ulo está disseminado ao longo do urso, dentro dos apítulos de limite,derivada e integral. A solução usual de in luir um apítulo ini ial somente om pré- ál ulo épou o motivante, o que faz om que frequentemente seja ignorado pelos alunos e professores.É nosso desejo também que o aluno ome e a aprender ál ulo desde o primeiro dia de aula. • Os exer í ios são por apítulo, evitando exer í ios desintegrados. Exer í ios por Seção tendema obrir muito pou o material e treinar o aluno numa úni a té ni a. • É fundamental que o livro seja pequeno para que alunos leiam o texto e que a quantidadede exer í ios seja razoável, para não desen orajar os alunos. A tentação é grande de olo armuitos tópi os. Por esta razão os livros de Cál ulo hegam a ter 500 páginas! Mas hoje em diaé desne essário olo ar detalhes de tópi os pois podemos remeter os alunos para outros livrosou internet. Levantamos tópi os diversos em observações ao longo do texto e nos Desa�os de�nal de apítulo. • Criar um pa ote ompleto, om livro texto, exer í ios ( om respostas) e transparên ias paraum urso de Cál ulo.Como foi es olhido o material?Determinamos os tópi os tomando por base o urso usualmente ministrado na UFRJ. Além disso o omponente estéti o foi fundamental: os alunos devem per eber a beleza da Matemáti a. Algumases olhas importantes foram feitas: PREFÁCIO v • material de pré- ál ulo está disseminado pelos diversos apítulos do livro, ao invés de olo adono primeiro apítulo. Por exemplo, optamos por olo ar os tópi os:� modelagem: na Seção de max/min;� omposição e inversa de funções: na Seção de regra da derivada da adeia e da inversa;� equação da reta: no iní io do Capítulo de derivada;� análise de sinal de funções (desigualdades): no Capítulo de Limites, na seção de limitesno in�nito;� translação de grá� o, função de�nida por partes: no Capítulo de limites;� log/exp: na Seção de derivada da omposta e função inversa. • O limite fundamental trigonométri o (sen(x)/x quando x → 0) é apresentado no �nal doCapítulo de Limites omo uma das apli ações do Teorema do onfronto ou sanduí he. É umresultado bonito que mere e o devido destaque, ao invés da opção usual de apresentá-lo omomero passo de ál ulo da derivada do seno. • De�nimos o número e (base do logaritmo natural) através do limite (1+1/n)n quando n → +∞no �nal do Capítulo de Limite. Conetamos om apli ações da exponen ial: juros ompostos ontínuos, res imento popula ional, de aimento radioativo. É um resultado bonito que me-re e o devido destaque, ao invés da opção usual de apresentá-lo omo mero passo de ál uloda derivada do logaritmo ou da exponen ial. Outra opção, ainda menos feliz, é adiar isto,juntamente om a de�nição do logaritmo, para depois do apítulo de integral. Isto não impedeque se faça a de�nição do log om integral depois. • Esboço de grá� o de função apare e logo no iní io, no Capítulo de limites (embora restrito afunções ra ionais). Vai reapare er depois no Capítulo de Apli ações da Derivada. • O ál ulo de volume de sólidos é feito om somente uma té ni a: Cavalieri. A té ni a parasólidos de revolução é uma mera apli ação de Cavalieri. • Provamos (ou indi amos a prova) de todos os Teoremas interessantes, om padrão de rigorvariável, a essível aos estudantes. Provas de resultados buro ráti os (limite e derivada da somapor exemplo) são omitidos. SUMÁRIO Sobre o Autor iiPrefá io iii1 Limite 11.1 De�nição de Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11.2 Limites e In�nito: Assíntotas Verti ais e Horizontais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131.3 Indeterminações do Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251.4 Esboço de Grá� os parte I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271.5 Limites Fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291.6 ⋆Softwares Gratuitos e o Cál ulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 371.7 ⋆Introdução à Análise Real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 371.7.1 Cardinalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 371.7.2 O que é R? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 381.7.3 Ra ionais, Irra ionais, Algébri os, Trans endentes . . . . . . . . . . . . . . . 381.7.4 De�nição Rigorosa de Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 391.8 Exer í ios de Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 401.8.1 Exer í ios de Fixação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 401.8.2 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 421.8.3 Extras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 441.8.4 Desa�os . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 452 Continuidade 472.1 De�nição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 472.2 Teorema do Valor Intermediário (TVI) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 502.3 ⋆Construção da Função Raiz, Trigonométri as, Exponen ial, Logarítmi a, Hiperbóli- as e Outras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 522.3.1 Função Raiz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 532.3.2 Funções Exponen ial e Logarítmi a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 532.3.3 Funções Trigonométri as . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 542.3.4 Funções Hiperbóli as . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 552.3.5 Outras Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 552.4 Exer í ios de Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 552.4.1 Exer í ios de Fixação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 552.4.2 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 562.4.3 Extras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 572.4.4 Desa�os . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58vi SUMÁRIO viiA Respostas dos Exer í ios 59A.1 Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59A.1.1 Exer í ios de Fixação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59A.1.2 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61A.1.3 Extras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64A.1.4 Desa�os . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65A.2 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66A.2.1 Exer í ios de Fixação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66A.2.2 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66A.2.3 Extras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67A.2.4 Desa�os . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67Bibliogra�a 68 CAPÍTULO 1Limite 1 �O on eito de limite é ertamente o mais importante e provavelmente o mais difí il detodo o Cál ulo. (. . . ) O que nós vamos de�nir neste Capítulo não é a palavra limite, esim a noção de uma função se aproximando de um limite.� (Spivak [Sp℄ p.72)Objetivos: Apresentar o on eito de limite de forma intuitiva e olo ar o aluno em ontato omdiversos tipos de funções: exponen ial, log, raiz e translações destas; funções de�nidas por partes;funções mais ompli adas tipo IQ (função indi adora dos ra ionais) e sen(1/x).Apresentamos o material de pré- ál ulo INTEGRADO om onteúdo de limite. Isto permite�exibilidade de a ordo om as di� uldades de ada aluno.Damos o devido destaque e batizamos a té ni a de mudança de variáveis do limite, one tando-a om a mudança de variáveis na integral. Por ontraste, em prati amente todos os livros, esta apare esomente de forma asual, através de exer í ios ou exemplos.Na parte de assíntotas (verti ais e horizontais) omeçamos a esboçar grá� os om somente estainformação. Passo pelas propriedades bási as (limite da soma, produto, diferença, et .) muitorapidamente pois são buro ráti as.Apresento Limites fundamentais do seno e da exponen ial (o limite que de�ne o número e).Queremos utilizar logaritmo e exponen ial desde o omeço.1.1 De�nição de LimiteVamos apresentar a de�nição informal (não-rigorosa, intuitiva) de limite, o on eito fundamental doCál ulo (e da Análise). A de�nição rigorosa ( om ε e δ) está nas últimas seções (op ionais) deste apítulo e em qualquer livro de Análise ( omo por exemplo [NC℄). O resto do apítulo será dedi adoa entendermos esta de�nição.De�nição 1 (limite) Considere uma função real f de�nida perto de c ∈ R (mas não ne essariamentede�nida em c). Dizemos que o limite de f(x) quando x tende a c é igual a L, denotado por lim x→c f(x) = L, se f(x) � a bem próximo de L ∈ R quando x está su� ientemente próximo de c ∈ Rmas x 6= c. Es reve-se também que f(x) → L quando x → c.Na de�nição de limite nos aproximamos de c pelos dois lados. Podemos de�nir o limite lateral, àesquerda e à direita, restringindo o lado em que � amos próximos de c.1Versão 7 de março de 2010 1 CAPÍTULO 1. LIMITE 2De�nição 2 (limite lateral pela direita (esquerda)) Considere uma função real f de�nida pertode c ∈ R (mas não ne essariamente de�nida em c). Dizemos que o limite de f(x) quando x tendea c pela direita (esquerda) é igual a L, denotado por lim x→c+ f(x) = L ( lim x→c− f(x) = L), se f(x) � abem próximo de L ∈ R quando x está su� ientemente próximo de c ∈ R mas x > c (x < c).Observação 1 Valor da função no ponto N�O interessa para efeito do ál ulo do limite. Destaforma o lim x→c f(x) não é ne essariamente igual a f(c). Pode o orrer ainda:(a) do limite não existir; (b) da função não estar de�nida em c.Quando lim x→c f(x) = f(c) (o limite existe e é igual ao valor da função no ponto) dizemos que a fun-ção f é ontínua em c. Isto o orre om as funções (bem omportadas) que estamos a ostumados: f(x) = x2 − 3x − 4, g(x) = sen(x), h(x) = 10x, . . .Vamos estudar o on eito de limite através de diversos exemplos. Deve-se omeçar om o esboçodo grá� o das funções dos exemplos (ao longo desta Subseção) para al ular seu limite.Exemplo 1 Esbo e o grá� oe determine ( aso exista):(a) lim x→2 x x ; (b) lim x→0 x x ; ( ) lim x→−3 x2 x ; (d) lim x→0 x2 x ; (e) lim x→−2 x x2 ; (f) lim x→0 x x2 .Solução do Exemplo 1 Para (a) e (b) note que f(x) = x/x é uma função que vale 1 em todos ospontos a não ser em zero, pois f não está de�nida em 0 (f(0) = 0/0!), mas isto N�O afeta o valordo limite (veja o grá� o). Assim, os dois limites valem 1. Na verdade o limite é 1 para qualquervalor que x tenda. x y y = 1 x = 2Para ( ) e (d), de forma similar ao anterior, f(x) = x2/x = x para todo x 6= 0. Em x = 0 afunção f não está de�nida. Assim o grá� o (veja �gura) é uma reta om um furo na origem. Assim,( ) é −3 e (d) 0. x y y = x x = −3 y = −3Para (e) e (f), f(x) = x/x2 = 1/x para x 6= 0. Novamente, f(0) não está de�nida (veja ográ� o). Assim (e) é 1/(−1/2) = −1/2. Para (f) o limite não existe pois assume valores muitograndes, se tendermos pela direita, e muito pequenos, se tendermos pela esquerda. CAPÍTULO 1. LIMITE 3 x y y = 1/x x = −2 y = −1/2 Observação 2 Quando empregar f ou f(x)? Tem diferença?A função é f , f(x) é o valor da função al ulada em x. Mais exatamente, f é função, f(x) é umnúmero. Frequentemente abusamos a linguagem e dizemos �a função f(x) = x2 + 3x� quando o orreto seria �a função f de�nida por f(x) = x2 + 3x�.Na linguagem C este erro não seria perdoado pelo ompilador: onfundir f (ponteiro para função) om f(x) (valor retornado pela função) :-).Pré-Cál ulo: Re orde o signi� ado e omo esboçar o grá� o de uma função de�nida por partes omo por exemplo f(x) = {2; x > 1; −3; x ≤ 1.Exemplo 2 Esbo e o grá� o de f(x) e determine ( aso existam) lim x→c+ f(x), lim x→c− f(x) e lim x→c f(x)para:(a) c = 0, c = 1, c = 0.9999, c = 1.0001 de f(x) = {2; x > 1; −3; x ≤ 1.(b) c = 2, c = 0 de f(x) = {xx ; x 6= 0; −2; x = 0.( ) c = 0.0001, c = −0.0001, c = 0, f(x) = {−1; x 6= 0; 3; x = 0.(d) c = 0.99, c = 1.01, c = 1 de f(x) = {x; x ≤ 1; 4 − x; x > 1.Solução do Exemplo 2 (a) A função vale 2 até x = 1 e depois vale −3 (veja grá� o abaixo).Assim quando x → 0, que é longe de 1, tanto pela esquerda quando direita, f(x) → 2. Agora, lim x→1− f(x) = 2, lim x→1+ f(x) = −3 e portanto lim x→1 f(x) não existe pois f(x) difere quando nosaproximamos pela esquerda ou direita do 1. Como 0.9999 < 1, a função perto (bem perto mesmo!) de 0.9999 é onstante igual a 2 pois estamos a esquerda do 1. Assim lim x→0.9999+ f(x) = lim x→0.9999− f(x) = lim x→0.9999 f(x) = 2. De forma análoga, lim x→1.001+ f(x) = lim x→1.001− f(x) = lim x→1.001 f(x) = −3. CAPÍTULO 1. LIMITE 4 x y y = 2 y = −3 1(b) Note que f(x) = 1 para todo x 6= 0. No x = 0 não interessa o valor (que é f(0) = −2)para efeito do al ulo do limite (veja grá� o abaixo). Assim o limite (in luindo os laterais) quando x → 2 ou x → 0 é sempre 1. x y y = 1 y = −2( ) Note que f(x) = −1 para todo x 6= 0. No x = 0 não interessa o valor (que é f(0) = 3)para efeito do al ulo do limite (veja grá� o abaixo). Assim o limite (in luindo os laterais) quando x → 0.0001 ou x → −0.0001 ou x → 0 é sempre −1. x y y = −1 y = 3 (d) Como 0.99 < 1, f(x) para x perto (bem perto mesmo!) de 0.99 vale x (veja grá� o abaixo).Assim lim x→0.99+ f(x) = lim x→0.99− f(x) = lim x→0.99 f(x) = 0.99. Analogamente, omo 1.01 > 1, f(x)para x perto (bem perto mesmo!) de 1.01 vale 4 − x. Assim, lim x→1.01+ f(x) = lim x→1.01− f(x) = lim x→1.01 f(x) = 4 − 1.01 = 2.99. x y 1 4 y = x y = 4 − x 1 3 Observação 3 Note que o limite existe se, e somente se, os limites laterais existem e assumemo mesmo valor. CAPÍTULO 1. LIMITE 5Observação 4 A divisão 0/0 está na origem de limites interessantes. De forma geral deve-seeliminar raízes em ima e embaixo. O limite pode ser qualquer oisa. Compare, por exemplo ovalor de ada um destes limites entre si: lim x→0 x x , lim x→0 x2 x , lim x→0 x x2 . Pode-se eliminar raízes omunsno aso de quo iente de polin�mios ou então ra ionalizar o denominador.Pré-Cál ulo: Lembre-se omo manipular expressões algébri as, fatorar raízes, dividir polin�miose Teorema D'Alembert: se c é raiz de um polin�mio então x− c é fator do polin�mio. Esqueça oalgoritmo de BRIOT-RUFFINI, utilize sempre divisão de polin�mios por ser algoritmo fá il de sere ordar, similar a divisão de inteiros.Exemplo 3 Determine os limites:(a) lim x→2 x2 − 3x + 2 x2 − 4 ; (b) limx→−1 x3 + 1x + 1 ; ( ) limt→1 t2 − t3 + t − 1t2 − 2t + 1 ; (d) limh→0 (x + h)3 − x3h ;(e) lim y→3 1 y − 13 y − 3 ; (f) limx→−1 f(x) se f(x) = {x6−1x+1 ; x 6= −1;4; x = −1.Solução do Exemplo 3 (a) Como 2 é raiz do numerador e denominador, pode-se dividir por (x−2)ambos, obtendo-se (x−2)(x−1)(x−2)(x+2) . Cortando o fator omum, obtemos limx→2 x − 1x + 2 = 2 − 12 + 2 = 1/4.(b) Dividindo-se x3 + 1 por x + 1 obtemos x2 − x + 1. Logo, para x 6= −1, x3+1x+1 = x2 − x + 1.Logo o limite vale (−1)2 − (−1) + 1 = 3.( ) Dividindo-se ambos por t−1 obtemos (t−1)(1−t2) (1−t)2 = (t−1)(1−t)(1+t) (1−t)2 = (−1)(1+ t) para t 6= 1.Logo o limite é (−1)(1 + 1) = −2.(d) Expandindo (x + h)3 e subtraindo x3 obtemos 3hx2 + 3h2x + h3. Dividindo por h (para h 6= 0) obtemos 3x2 + 3hx + h2. Quando h → 0, obtemos 3x2.(e) Primeiro expandimos o numerador obtendo 1/y − 1/3 = 3−y3y . Portanto, 1y− 13y−3 = 3−y3y 1y−3 .Simpli� ando o fator y − 3 do numerador e denominador obtemos −13y . Quando y → 3 obtemos −1/9.(f) O valor da função em x = −1 é irrelevante para efeito do ál ulo do limite. Como x = −1anula o numerador e o denominador, x− (−1) = x+1 é fator omum pelo Teorema de D'Alembert.Seguindo omo em (b), dividindo x6 − 1 por x + 1 obtemos x5 − x4 + x3 − x2 + x − 1. Quando x → −1 obtemos (−1)5 − (−1)4 + (−1)3 − (−1)2 + (−1) − 1 = −6.Pré-Cál ulo: Note que √9 6= ±3! Sempre, √x ≥ 0, portanto, √9 = 3 e −√9 = −3. Com isso,√ x2 6= x, pois é falso para x < 0. Na verdade, √x2 = |x|.Pré-Cál ulo: O que é módulo de x?(a) algebri amente, |x| = {x; x ≥ 0; −x; x < 0.(b) geometri amente, a distân ia entre x e 0. De forma geral, |x − c| = |c − x| é a distân iaentre x e c. Pode ser es rito omo |x − c| = √(x − c)2. Isto é generalizado pela distân ia entredois pontos (x1, y1), (x2, y2) ∈ R2 por √(x1 − x2)2 + (y1 − y2)2 que denotamos (veja livro degeometria analíti a) por ‖(x1, y1) − (x2, y2)‖.( ) gra� amente, obtém-se o grá� o de |f(x)| partindo do grá� o de f(x) e re�etindo no eixo xo que está abaixo do eixo (os pontos onde f(x) < 0).Exemplo 4 Esbo e o grá� o e determine ( aso exista): CAPÍTULO 1. LIMITE 6(a) lim x→0− x |x| ; (b) limx→0+ x|x| ; ( ) limx→0 |x2 − 9|; (d) limx→−3 |x2 − 9|; (e) limx→−3 |x2 − 9|x + 3 ;(f) lim x→π+ sen(x) | sen(x)| ; (g) limx→2π+ sen(x)| sen(x)| ; (h) limx→0 f(x) se f(x) = {|x2 − 1|; x > 0−x + 1; x ≤ 0.Solução do Exemplo 4 (a) e (b): omo x/|x| vale 1 para x > 0 e −1 para x < 0 (veja grá� oabaixo), (a) −1 e (b) 1. x y y = 1 y = −1 f(x) = x|x|( ) e (d): Obtemos o grá� o de |x2 − 9| (veja �gura abaixo) re�etindo no eixo x o grá� oda parábola x2 − 9 (indi ada por linha pontilhada). Para al ular o limite, observe que em tornodos pontos x = 0 e x = −3 basta substituir o valor da função: ( ) |02 − 9| = | − 9| = 9. (d) |(−3)2 − 9| = |9 − 9| = 0. x y f(x) = |x2 − 9| −3 3(e) Primeiro vamos esboçar o grá� o da parábola x2 − 9. x y f(x) = x2 − 9 −3 3Assim para x 6∈ (−3, 3), |x2 − 9| = x2 − 9 (pois a função é positiva) e para x ∈ (−3, 3), |x2 − 9| = −(x2 − 9) = 9 − x2 (pois a função é negativa). Portanto para x 6∈ (−3, 3), |x2 − 9| x + 3 = x2 − 9 x + 3 = (x + 3)(x − 3) x + 3 = x−3 e para x ∈ (−3, 3), |x2 − 9| x + 3 = 9 − x2 x + 3 = (3 + x)(3 − x) x + 3 = 3−x.Portanto o grá� o de |x2 − 9| x + 3 é: CAPÍTULO 1. LIMITE 7 x y f(x) = |x 2−9| x+3 -3 3 y = x − 3 y = 3 − x Note o salto que o orre no grá� o em x = −3. Neste ponto a função não está de�nida poisapare e uma divisão por zero. Gra� amente é laro que os limites laterais neste ponto são distintos.Como para x próximo de −3 mas x < −3 a função vale x − 3, o limite quando x → −3− vale (−3) − 3 = −6. Como para x próximo de −3 mas x > −3 a função vale 3 − x, o limite quando x →−3+ vale 3 − (−3) = 6. Como os limites laterais são distintos, o limite não existe.(f) e (g): a função alterna entre 1, quando sen(x) > 0, e −1, quando sen(x) < 0 onformeindi ado no grá� o abaixo. Nos pontos onde sen(x) = 0 ela não está de�nida. Assim (f) −1, (g) 1. x y f(x) = sen(x)| sen(x)| −π π 2π 3π y = 1 y = −1(h) Obtemos o grá� o (vide �gura) re�etindo no eixo x o grá� o de x2 − 1 para x > 0 e om areta 1 − x para x < 0. O limite quando x → 0+ é |02 − 1| = 1 e quando x → 0− é −0 + 1 = 1.Como os limites laterais existem e são iguais, o limite é 1. x y Pré-Cál ulo: Lembre-se omo ra ionalizar expressões. Para isto multiplique o numerador e odenominador pelo onjugado: o onjugado de √a − b é √a + b.Exemplo 5 Determine os limites:(a) lim h→0 √ h + 1 − 1 h . (b) lim x→9 x − 9√ x − 3 .Solução do Exemplo 5 (a) Multipli ando o numerador e denominador por √h + 1 + 1 obtemosque √h+1−1h = (√h+1−1)(√h+1+1)h(√h+1+1) = (√h+1)2−12h(√h+1+1) = |h+1|−1h(√h+1+1) . Como estamos al ulando o limitequando h → 0, para h perto de zero h+1 > 0, e |h+1| = h+1 portanto obtemos que |h+1|−1 h( √ h+1+1) = h+1−1 h( √ h+1+1) = h h( √ h+1+1) = 1√ h+1+1 . Quando h → 0 obtemos 1/2. CAPÍTULO 1. LIMITE 8(b) De modo análogo, multipli amos por √x + 3 e obtemos (x−9)(√x+3) ( √ x−3)(√x+3) = (x−9)(√x+3) ( √ x)2−32 = (x−9)(√x+3) |x|−9 . Agora para x próximo de 9, x > 0 e portanto |x| = x. Assim, (x−9)(√x+3)|x|−9 = (x−9)(√x+3) x−9 = √ x + 3. Quando x → 9 obtemos √9 + 3 = 3 + 3 = 6.Pré-Cál ulo: Note que o grá� o de y = √r2 − x2 é somente meio ír ulo de raio r (porque?). Ográ� o de −√r2 − x2 é outra metade. O grá� o é parte do ír ulo pois y2 = r2 −x2, e portanto x2 + y2 = r2.Exemplo 6 Esbo e o grá� o de f(x) = √ 9 − x2; |x| ≤ 3, x; x > 3, 0; x < −3. e determine ( aso existam) lim x→c+ f(x), lim x→c− f(x) e lim x→c f(x) para:(a) c = 3; (b) c = −3.Solução do Exemplo 6 O grá� o da função é: x y -3 33 (a) lim x→3− f(x) = √ 9 − 32 = 0 e lim x→3+ f(x) = 3. Como os limites laterais são distintos, o lim x→3 f(x) não existe.(b) lim x→−3− f(x) = 0 e lim x→−3+ f(x) = √ 9 − (−3)2 = 0. Como os limites laterais são iguais, o lim x→−3 f(x) = 0.Pré-Cál ulo: Grá� o da função inversa: omo esboçar grá� o de log/sqrt? Re�etindo em tornode y = x. Ilustrar om y = x2 e y = √x e om o par log / exp.Pré-Cál ulo: log(x) em ál ulo é SEMPRE na base e = 2.718 . . . (natural, vide p.37). Assim, log(x) = ln(x) = loge(x) 6= log10(x). Quando quisermos (na verdade nun a) o log na base dezes revemos log10. Não utilizamos a notação ln (embora omum em al uladoras) para o log.Exemplo 7 Esbo e o grá� o e determine lim x→0 f(x) e lim x→1 f(x) para f(x) = ex; x ≤ 0;√ x; 0 < x < 1; log(x); x ≥ 1.Solução do Exemplo 7 Juntando os três grá� os em ada parte indi ada, obtemos o grá� o dafunção de�nida por partes abaixo. CAPÍTULO 1. LIMITE 9 x y 1 1 log(x) ex √ x Como lim x→0− f(x) = e0 = 1 e lim x→0+ f(x) = √ 0 = 0, o lim x→0 f(x) não existe. Como lim x→1− f(x) = √ 1 = 1 e lim x→1+ f(x) = log(1) = 0, lim x→1 f(x) não existe.Pré-Cál ulo: Re orde omo fazer translação de grá� os de funções: tanto verti al quanto hori-zontal.Exemplo 8 Esbo e o grá� o e determine:(a) lim x→0 f(x) para f(x) = {√x + 1; x > 0; sen(x) + 1; x ≤ 0.(b) lim x→1 f(x) e lim x→−1 f(x) para f(x) = x2 − 2; x < −1;√ x + 1; −1 ≤ x ≤ 1; log(x − 1); 1 < x.Solução do Exemplo 8 (a) Apli ando translações apropriadas obtemos o grá� o da �gura abaixo.Como lim x→0− f(x) = sen(0) + 1 = 1 é igual ao lim x→0+ f(x) = √ 0 + 1 = 1, lim x→0 f(x) = 1. x y y = 1 y = 2 (b) Apli ando translações apropriadas obtemos o grá� o da �gura abaixo. Como lim x→1− f(x) = √ 1 + 1 = √ 2 e lim x→1+ f(x) �=� log(1−1) = log(0) = −∞, lim x→1 f(x) não existe. Como lim x→−1− f(x) = (−1)2 − 2 = −1 e lim x→−1+ f(x) = √ −1 + 1 = 0, lim x→−1 f(x) não existe. CAPÍTULO 1. LIMITE 10 x y −1 1 2 Vamos apresentar agora umas funções estranhas que são interessantes para o teoria do ál ulo eanálise.Exemplo 9 Considere f(x) = sen ( 1x).(a) Determine todos os valores de x tais que f(x) = 0.(b) Determine todos os valores de x tais que f(x) = 1 e f(x) = −1.( ) Usando isto, esbo e o grá� o da função f .(d) Cal ule lim x→0 sen ( 1 x ).Solução do Exemplo 9 (a) para que sen(y) = 0 basta que y = kπ. Assim y = 1x = kπ. Logo, se x = 1kπ para k ∈ Z então f(x) = 0.(b) Analogamente, f(x) = 1 se x = 12kπ+π/2 e f(x) = −1 se x = 12kπ−π/2 .( ) partindo destes pontos obtemos o grá� o abaixo. x y f(x) = sin 1x − 1π − 12π 1π12π y = 1 y = −1(d) o limite não existe pois f(x) os ila entre −1 e 1 quando x → 0.Exemplo 10 De�nimos a hamada função indi adora de Q (possui este nome pois indi a se x ∈ Qou não assumindo os valores 0 e 1) IQ(x) = {1; x ∈ Q 0; x 6∈ Q. Cal ule o lim x→π IQ(x).Solução do Exemplo 10 O grá� o desta função é formada por duas �retas� pontilhadas: uma em y = 0, nos irra ionais e outra no y = 1, a ima dos ra ionais (vide �gura abaixo). Como existemra ionais tão próximos de π quanto se queira ( omo por exemplo 3.14, 3.141, 3.1415 . . . ), o limitenão existe. De fato o limite não existe em ponto algum. CAPÍTULO 1. LIMITE 11 x y y = 1 y = 0 f(x) = IQ(x)Exemplo 11 A função parte inteira (ou menor inteiro) de x, denotada por ⌊x⌋ é de�nida omosendo o úni o inteiro n tal que n ≤ x < n + 1. Exemplos: ⌊1, 5⌋ = 1, ⌊1⌋ = 1 e ⌊−1, 5⌋ = −2.Esbo e o grá� o de f(x) = ⌊x⌋ e determine:(a) lim x→1+ ⌊x⌋; (b) lim x→1− ⌊x⌋; ( ) lim x→1 ⌊x⌋; (d) lim x→0+ ⌊x⌋; (e) lim x→0− ⌊x⌋; Solução do Exemplo 11 x y f(x) = ⌊x⌋ −3 −2 −1 1 2 3 1 2 3 (a) 1; (b) 0; ( ) omo laterais são distintos, limite não existe. (d) 0; (e) −1.Vamos ver as propriedades bási as dos limites om relação as 4 operações fundamentais: soma,produto, multipli ação e divisão. A demonstração é remetida para [NC℄.De todo modo, sem uma de�nição rigorosa de limite não faz sentido provar estas propriedades.Lema 1 Considere f(x) = k (uma função onstante) e g(x) = x (a função identidade). Então dado c ∈ R qualquer, lim x→c f(x) = k e lim x→c g(x) = c.Teorema 1 Considere f e g duas funções e c, k ∈ R. Se os limites lim x→c f(x) e lim x→c g(x) existementão também existem os limites:(a) lim x→c (f(x) + g(x)) = lim x→c f(x) + lim x→c g(x) (o limite da soma é igual à soma dos limites);(b) lim x→c (f(x)−g(x)) = lim x→c f(x)− lim x→c g(x) (o limite da diferença é igual à diferença dos limites);( ) lim x→c (f(x) · g(x)) = lim x→c f(x) · lim x→c g(x) (o limite do produto é igual ao produto dos limites);(d) lim x→c f(x) g(x) = lim x→c f(x) lim x→c g(x) (o limite do quo iente é igual ao quo iente dos limites) se lim x→c g(x) 6= 0. Além disso, limite de lim x→c n √ f(x) = n √ lim x→c f(x).É importante o aluno entender a demonstração do Corolário abaixo para apre iar omo pou aspropriedades podem gerar novas proposições. CAPÍTULO 1. LIMITE 12Corolário 1 Se p(x) = a0 + a1x + a2x2 + · · · + anxn para n ∈ N (ou seja, p é um polin�mio degrau n) então lim x→c p(x) = p(c) .Prova: Apli ando n + 1 vezes a prop. (a) (limite da soma) obtemos que lim x→c p(x) = lim x→c a0 + lim x→c a1x + · · · + lim x→c anx n. Pelo lema, lim x→c a0 = a0 (limite de onstante). Pela prop. ( ) (limite doproduto), lim x→c a1x = lim x→c a1 · lim x→c x. Apli ando o lema (limite de onstante e da função identidade), lim x→c a1 · lim x→c x = a1c. Agora podemos fazer algo similar em ada termo. Para, por exemplo, o termo x3, basta apli ar seguidamente a prop. ( ) do produto: lim x→c x3 = lim x→c x · lim x→c x · lim x→c x = c · c · c = c3.Complete o argumento.Exemplo 12 Aplique o Teorema a ima para determinar os limites abaixo:(a) lim x→2 6 x2 + 3x x + 1 ; (b) lim x→1 2 4 √ 4x + 1(x + x2).Solução do Exemplo 12 Deixamos para o leitor apli ar om uidado ada uma das propriedadesa ima. Basta fazer um mutatis mutandis (latim para �modi�que o que tem que ser modi� ado�) naprova do Corolário anterior.Con luímos que podemos al ular o limite de uma função ra ional qualquer ontantoque odenominador não se anule. Neste aso pre isamos de métodos espe iais. Assim não estão de�nidoslimites onde apare e por exemplo 3/0 ou 0/0.No próximo exemplo apresentamos (gra� amente) diversas possibilidades de omportamento deum função quando x se aproxima de um ponto.Exemplo 13 Determine, em ada um dos itens abaixo, aso exista: • os limites laterais quando x → 1+ e x → 1−; • o limite quando x → 1. Compare om o valor da função em x = 1. x y x = 1 y = 2 y = 3 (a) x y x = 1 y = 1 y = −2 (b) CAPÍTULO 1. LIMITE 13 x y x = 1 y = 1 ( ) x y x = 1 y = 2 y = −1 (d)Solução do Exemplo 13 (a) limite quando x → 1− é 2, limite quando x → 1+ é 3, limite quando x → 1 não existe (laterais são distintos), f(1) = 2.(b) limite quando x → 1− é 1 , limite quando x → 1+ é 1, limite quando x → 1 é 1 (limiteslaterais são iguais), f(1) = −2.( ) limite quando x → 1− não existe (função os ila), limite quando x → 1+ é 1, limite quando x → 1 não existe (um dos limites laterais não existe), f(1) = 1.(d) limite quando x → 1− é −1, limite quando x → 1+ é 2, limite quando x → 1 não existe(limites laterais são distintos), f(1) = 2.1.2 Limites e In�nito: Assíntotas Verti ais e HorizontaisVamos nesta Seção estender a de�nição de limite para x próximo de +∞, isto é, x grande e para xpróximo de −∞, isto é, x pequeno. Além disso, vamos de�nir quando o valor do limite é +∞ ou −∞ para x próximo de c. Vamos de�nir simultaneamente o limite para +∞ e −∞.De�nição 3 (limite igual a +∞ (−∞)) Considere uma função real f de�nida perto de c ∈ R(mas não ne essariamente de�nida em c). Dizemos que o limite de f(x) quando x tende a c é +∞(−∞), denotado por lim x→c f(x) = +∞ (−∞), se f(x) � a tão grande e positivo (negativo) quantoquisermos quando x está su� ientemente próximo de c ∈ R mas x 6= c.Observação 5 Deixamos para o leitor de�nir os limites laterais lim x→c+ f(x) = +∞, lim x→c− f(x) = +∞, lim x→c+ f(x) = −∞, lim x→c− f(x) = −∞ de forma análoga ao que já foi feito no iní io deste apítulo. Basta fazer um mutatis mutandis (latim para �modi�que o que tem que ser modi� ado�)na de�nição anterior.De�nição 4 (assíntota verti al) Se, quando x → c+ ou x → c−, f(x) → +∞ ou −∞, dizemosque a reta x = c é uma assíntota verti al do grá� o de f .Exemplo 14 Esbo e o grá� o, determine os limites e as assíntotas verti ais:(a) lim x→0− 1 x3 ; (b) lim x→0− − 1 x2 ; ( ) lim x→0− 1 x4 ; (d) lim x→0+ − 1 x3 ;(e) lim x→3 − 1 (x − 3)3 ; (f) limx→2− 1(x − 2)2 ; (g) limx→1 1(x − 1)9 ; CAPÍTULO 1. LIMITE 14Solução do Exemplo 14 Os grá� os de (a), (b), ( ) e (d) são: x y y = 1 x3(a) x y y = − 1x2 (b) x y y = 1x4( ) x y y = − 1x3 (d)Nesses quatro itens a assíntota verti al é x = 0. Observando-os obtemos os limites laterais: (a) −∞; (b) −∞; ( ) +∞; (d) −∞.Com translação podemos obter os grá� os de (e), (f) e (g): x y y = − 1 (x−3)3 (e)x = 3 x y y = − 1 (x−2)2 (f)x = 2 x y y = 1 (x−1)9 (g)x = 1(e) o limite não existe pois pela direita vale −∞ e pela esquerda +∞ (mesmo sinal que −1/xperto do 0). Assíntota verti al x = 3.(f) o limite é −∞ (mesmo sinal que −1/x2 perto do 0). Assíntota verti al x = 2.(g) o limite não existe pois pela direita vale +∞ e pela esquerda −∞ (mesmo sinal que 1/xperto do 0). Assíntota verti al x = 1.Pré-Cál ulo: Pre isamos fazer a análise de sinal do numerador e denominador � o hamadoquadro de de sinais � para determinamos o omportamento do grá� o perto da assíntota.Exemplo 15 Determine para quais x ∈ R é verdade que f(x) = 16 − x2 (x + 1)(3 − x) ≥ 0.Solução do Exemplo 15 Vamos fazer a análise de sinal de ada um dos elementos: 16 − x2, x + 1, 3−x e ombinar tudo numa tabela do sinal de f(x). Os pontos de tro a de sinal são: ±4,−1, 3.Agora uidado om a interpretação do zero. Os pontos onde f(x) = 0 são os pontos onde onumerador se anula ±4. Nos pontos onde o denominador se anula (−1 e 3), f(x) → ±∞. −4 −1 3 4 16 − x2 − + + + − x + 1 − − + + + 3 − x + + + − − 0 ±∞ ±∞ 0 f(x) + − + − +Assim Portanto f(x) ≥ 0 para x ≤ −4, x ∈ (−1, 3), x ≥ 4. CAPÍTULO 1. LIMITE 15Observação 6 Poderíamos no exemplo anterior (e em todos os exemplos) de ompor o termoquadráti o 16−x2 em dois termos lineares 4−x e 4+x, o que aumentaria o tamanho da tabela.Na práti a, se o termo quadráti o é simples, da forma a − bx2 ou bx2 − a, deixamos ele destejeito.Pré-Cál ulo: Como determinar sinal de um polin�mio ax2 + bx+ c om raízes omplexas(não-reais)?O grá� o da parábola deverá estar inteiramente a ima do eixo x ou abaixo do eixo x, pois senãoteríamos raízes reais. Assim basta olhar para o sinal de a: se a > 0, ax2 + bx + c > 0 para todo x, se a < 0, ax2 + bx + c < 0 para todo x.Exemplos:(a) x2 − 3x + 3. ∆ = (−3)2 − 4 · 1 · 3 = −3 < 0. Logo raízes omplexas. Como a = 1 > 0, x2 − 3x + 3 > 0 para todo x ∈ R.(a) −x2+4x−5. ∆ = 42−4 ·(−1) ·(−5) = −4 < 0. Logo raízes omplexas. Como a = −1 < 0, −x2 + 4x − 5 < 0 para todo x ∈ R.Exemplo 16 Faça análise de sinal e determine os limites:(a) lim x→−3 2x2 9 − x2 ; (b) limx→2 9 − x2(x − 2)(x2 − 5x + 6) ; ( ) limx→1 x3 − x − 1(1 − x)3 .Solução do Exemplo 16 (a) Vamos fazer o o quadro de sinais. Os pontos onde numerador oudenominador se anulam: ±3, 0. A função f(x) = 0 onde o numerador se anula (0). Nos pontosonde o denominador se anula (±3), f(x) → ±∞. −3 0 3 2x2 + + + + 16 − x2 − + + − ±∞ 0 ±∞ f(x) − + + −Assim a função tem sinal negativo quando x → −3− e sinal positivo quando x → −3+. Logoquando x → −3− o limite é −∞ e quando x → −3+ o limite é +∞. Portanto o limite quando x → −3 não existe.(b) Vamos fazer o o quadro de sinais. Como x2−5x+6 = (x−2)(x−3), o denominador é (x− 2)2(x−3). Os pontos onde numerador ou denominador se anulam: ±3, 2. Note que no 3 o numeradore o denominador se anulam. Neste ponto, aso queira pode al ular o lim x→3 9 − x2 (x − 2)(x2 − 5x + 6) = −6. Assim a indeterminação 0/0 = −6 neste aso. A função f(x) = 0 onde o somente o numeradorse anula (3). Nos pontos onde somente o denominador se anula (2,−3), f(x) → ±∞. −3 2 3 9 − x2 − + + − x − 3 − − − + (x − 2)2 + + + + 0 −∞ −6 f(x) + − − −Logo o limite quando x → 2 é −∞.Outra Solução: Perto de 2 o numerador é positivo (9 − 22 = 5). Como x2 − 5x + 6 = (x− 2)(x − 3), devemos analisar o sinal do denominador que é (x− 2)2(x− 3). O primeiro termo ésempre positivo e o segundo, perto de 2 é negativo (2− 3 = −1). Assim o denominador é negativo.Logo o limite quando x → 2 é −∞.( ) Neste aso não temos omo analisar o sinal do numerador em detalhes pois é um polin�mio doter eiro grau que não onhe emos as raízes (na realidade possui duas raízes omplexas). Podemos, CAPÍTULO 1. LIMITE 16no entanto al ular o limite analisando o sinal próximo do 1. Perto de 1 o numerador é semprenegativo (13 − 1 − 1 = −1). O denominador (1 − x)3 possui o mesmo sinal que (1 − x). Assim,tem sinal positivo quando x → 1− e sinal negativo quando x → 1+. Logo quando x → 1− o limiteé +∞ e quando x → 1+ o limite é −∞. Portanto o limite quando x → 1 não existe.Erro Comum: Nos limites do exemplo anterior, tentar al ular o limite sem fazer quadro deanálise de sinais é aminho urto para ometer um erro. Muito on luem (erroneamente) que seo denominador se anula a função vai para +∞.Exemplo 17 Faça quadro de sinais e esbo e o grá� o do polin�mio p(x) = (x−2)(25−x2)(x2−x).Solução do Exemplo 17 (a) Vamos fazer a análise de sinal de ada um dos elementos: x−2, 25− x2, x2 −x e ombinar tudo numa tabela do sinal de p(x). Faremos a análise dos termos quadráti osdiretamente. Note que um (25−x2) possui on avidade para baixo e outro (x2−x) possui on avidadepara ima. Os pontos de tro a de sinal são: ±5, 0, 1, 2. −5 0 1 2 5 x − 2 − − − − + + 25 − x2 − + + + + − x2 − x + + − + + + 0 0 0 0 0 p(x) + − + − + −Assim obtemos o grá� o abaixo. Note que esta função, um polin�mio de grau 5, possui 5 raízes. x y p(x)Em resumo, se f(x) = p(x)q(x) é uma função ra ional (quo iente dos polin�mios p(x) e q(x)) e se nolimite o denominador p(x) se anula sem que o numerador q(x) se anule � ou seja, quando x → ca função f(x) → k 0 om k 6= 0 � existemQUATRO possibilidades para o omportamento dafunção perto de c onforme representado nas �guras abaixo. Pre isamos fazer quadro de análisede sinais para determinar qual delas o orre. CAPÍTULO 1. LIMITE 17 x x = c(I) x x = c(II) x x = c(III) x x = c(IV)Erro Comum: Não prestar atenção nestas 4 possibilidades e on luir de forma errada que lim x→2 1 + x x − 2 = +∞ (ou −∞) pois o denominador se anula.Exemplo 18 Determine o omportamento da função perto de c e al ule o limite quando x → cpara:(a) y = 3 − x 4 + x , c = −4; (b) y = x2 − 9 x2 − 4x + 4 , c = 2.Solução do Exemplo 18 Deixo para o leitor fazer o quadro de sinais de ada exemplo.(a) perto de x = −4, o numerador é positivo próximo de 3− (−4) = 3 + 4 = 7. O denominadoré negativo para x < −4 e positivo para x > −4. Assim temos que perto do x = −4 a função énegativa para x < −4 e positiva para x > −4. O limite N�O existe pois os limites laterais diferem.O omportamento é: x x = −4(b) perto de x = 2 o numerador é negativo próximo de 22 − 9 = −5. O denominador é igual a (x− 2)2, que é sempre não-negativo. Assim temos que perto do x = 2 a função é negativa O limitequando x → 2 é −∞ O omportamento é: x x = 2No aso geral, se o denominador se anula no ponto do limite temos que ver om uidado os sinais. CAPÍTULO 1. LIMITE 18Exemplo 19 Faça um esboço do grá� o perto da origem e al ule os limites de:(a) lim x→π 1 sen(x) ; (b) lim x→0 e1/x; ( ) lim x→0 log(|x|); (d) lim x→0+ | log(x)|.Solução do Exemplo 19 (a) Se x → π+, o seno é negativo próximo do π e portanto o limite é −∞. Se x → π− a situação é oposta e o limite é +∞. Como os limites laterais diferem, o limitequando x → π não existe. x x = π(b) Se x → 0+, 1/x → +∞. Portanto, e1/x → e+∞ = +∞. Se x → 0−, 1/x → −∞.Portanto, e1/x → e−∞ = 1/e+∞ = 1/(+∞) = 0. Como os limites laterais diferem, o limite quando x → 0 não existe. x x = 0( ) Se x → 0, |x| → 0. Como log(0) = −∞, o limite é −∞. x x = 0(d) Pelo item anterior log(x) → −∞. Apli ando o módulo on luímos que o limite é +∞. Noteque não podemos al ular o limite quando x → 0− pois log não está de�nida para x < 0! x x = 0De�nição 5 (limite quando x tende a +∞ (−∞)) Considere uma função real f de�nida paratodo x grande (pequeno). Dizemos que o limite de f(x) quando x tende a +∞ (−∞) é igual a L,denotado por lim x→+∞ f(x) = L ( lim x→−∞ f(x) = L), se f(x) � a bem próximo de L ∈ R para todo xgrande (pequeno) o su� iente. CAPÍTULO 1. LIMITE 19Observação 7 Note que este limite é, por natureza, um limite lateral: somente podemos hegara +∞ pela esquerda e a −∞ pela direita. Logo não temos limites laterais no in�nito.Observação 8 Podemos de�nir (deixamos para o leitor), juntando as duas de�nições anterioresde forma apropriada (mutatis mutandis), os limites: lim x→+∞ f(x) = +∞, lim x→+∞ f(x) = −∞, lim x→−∞ f(x) = +∞, lim x→−∞ f(x) = −∞.De�nição 6 (assíntota horizontal) Se, quando x → +∞ ou x → −∞, f(x) → L ∈ R, dizemosque a reta y = L é uma assíntota horizontal do grá� o de f .Exemplo 20 Esbo e o grá� o e determine os limites e a assíntota horizontal de:(a) lim x→+∞ − 1 x6 + 1 (b) lim x→−∞ − 1 x5 − 1 ( ) limx→+∞ 2x + 1x (d) limx→+∞ 2 + sen 1xSolução do Exemplo 20 (a) o limite é 1 e a assíntota horizontal y = 1. O limite é 1. Obtemos ográ� o om a translação verti al de −1/x6. x y (a) y = − 1 x6 + 1 y = 1 (b) o limite é −1 e a assíntota horizontal y = −1. Obtemos o grá� o om a translação verti alde −1/x5. x y (b) y = − 1 x5 + 1 y = −1 ( ) omo (2x + 1)/x = 2 + 1/x, quando x → +∞ a função vai para 2 pois o segundo termo vaipara 0. A assíntota horizontal é y = 2. O grá� o é a translação verti al de duas unidades de 1/x. CAPÍTULO 1. LIMITE 20 x y ( ) y = 2x + 1 x y = 2 (d) é 2 pois 1x → 0 e portanto sen 1x → sen 0 = 0. A assíntota horizontal é y = 2. O grá� o é atranslação verti al de sen(1/x). x y y = 2 (d) y = 2 + sen(1/x)Exemplo 21 Determine, aso exista, os limites quando x → −∞ e x → +∞ e a assíntota horizontal: x y (a) x y (b) CAPÍTULO 1. LIMITE 21 x y y = −1 ( )Solução do Exemplo 21 (a) Nenhum dos dois limites existe pois a função os ila de valor tantopara x grande omo pequeno. Não existe assíntota horizontal.(b) limite quando x → −∞ é +∞, limite quando x → +∞ é −∞. Nos dois aso ela se aproximaos ilando ( ada vez menos). Embora não tenha assíntota horizontal, possui o que hamamos deassíntota oblíqua. Veja exer í io 1.8.4, p.45.( ) limite quando x → −∞ é −1 (os ilando ada vez menos), limite quando x → +∞ não existepois função os ila om amplitude ada vez maior. Note que y = −1 é uma assíntota horizontal.Observação 9 Note por um dos exemplos apresentados (qual?) que o grá� o de uma funçãopode ruzar a assíntota horizontal uma in�nidade de vezes. Isto não o orre para a assíntotaverti al (porque?)Exemplo 22 Determine, aso exista: • os limites quando x → −∞ e x → +∞; • os limiteslaterais quando x → 1+ e x → 1−; • o limite quando x → 1. Compare om o valor da função em x = 1. x y x = 1 y = 2 y = 1 (a) x y x = 1 y = −2 (b)Solução do Exemplo 22 (a) limite quando x → −∞ é +∞, limite quando x → +∞ é 0, limitequando x → 1− é 2, limite quando x → 1+ é +∞, limite quando x → 1 não existe (laterais sãodistintos), f(1) = 1. CAPÍTULO 1. LIMITE 22(b) limite quando x → −∞ é 0, limite quando x → +∞ não existe pois o valor da função os ila,limite quando x → 1− é −∞, limite quando x → 1+ é −∞, limite quando x → 1 −∞ (laterais sãoiguais), f(1) = 2.Para se al ular o limite quando x → +∞ ou −∞ de uma função f(x) = p(x)q(x) devemos omparar res imento do numerador om denominador. Quem res er mais rápido ganha. Se o denominadorganhar o limite será zero. Se o numerador ganhar, será +∞ ou −∞. Se houver empate, dependeráde ada aso.Uma té ni a é determinar a maior potên ia do numerador e do denominador para x grande (oupequeno). Assim teremos que f(x) = p(x)q(x) ≈ xpxq . Dependendo se p > q ou p = q ou p < qdeterminamos o limite. Para se apli ar esta té ni a om rigor deve-se olo ar em evidên ia termode maior grau do numerador e do denominador.Exemplo 23 Cal ule os limites abaixo:(a) lim x→+∞ 3x2 + 1 1 − 2x2 ; (b) limx→−∞ x5 + x3 + 10x8 − x + 1 ; ( ) limx→+∞ x3 − 5x7 + 10−x6 − x5 + 1 ;(d) lim x→−∞ x7 + x2 + 10 x4 − x5 + 1 ; (e) limx→+∞x − x2.Solução do Exemplo 23 (a) Colo ando em evidên ia os termos de maior grau, 3x2+1 1−2x2 = x2 x2 · 3+1/x2 1/x2−2 = 1 · 3+1/x2 1/x2−2 =→ 3+00−2 = −32 .(b) Colo ando em evidên ia os termos de maior grau, x5+x3+10 x8−x+1 = x5 x8 · 1+1/x2+10/x5 1−1/x7+1/x8 = 1 x3 · 1+1/x2+10/x5 1−1/x7+1/x8 . Cal ulando os limites separadamente utilizando a propriedade do produto dos limites: 1 x3 → 0 e 1+1/x2+10/x5 1−1/x7+1/x8 → 1+0+01−0+0 = 1. Logo o limite vale 0 · 1 = 0.( ) Colo ando em evidên ia os termos de maior grau, x3−5x7+10−x6−x5+1 = x7x6 · 1/x4−5+10/x7−1−1/x+1/x6 = x · 1/x4−5+10/x7 −1−1/x+1/x6 . Cal ulando os limites separadamente utilizando a propriedade do produto dos limites: x → −∞ e 1/x4−5+10/x7−1−1/x+1/x6 → 0−5+0−1−0+0 = −5−1 = 5. Logo o limite vale −∞ · 5 = −∞.(d) Colo ando em evidên ia os termos de maior grau, x7+x2+10 x4−x5+1 = x7 x5 · 1+1/x5+10/x7 1/x−1+1/x5 = x 2 · 1+1/x5+10/x7 1/x−1+1/x5 . Cal ulando os limites separadamente utilizando a propriedade do produto dos limites: x2 → +∞ e 1+1/x5+10/x7 1/x−1+1/x5 → 1+0+00−1+0 = 1−1 = −1. Logo o limite vale +∞ · (−1) = −∞.(e) Ini ialmente note que trata-se de uma indeterminação do tipo +∞ − (+∞). Coloque emevidên ia x: x − x2 = x(1 − x). Cal ulando os limites separadamente utilizando a propriedade doproduto dos limites: x → +∞ e (1 − x) → −∞ obtemos que o limite vale +∞ · (−∞) = −∞.Note que N�O é uma indeterminação.Erro Comum: Confundir a té ni a de x grande om x pequeno. Assim o aluno al ula (de formaERRADA) o limite lim x→1 x2 − 1 x − 1 = limx→1 x − 1/x 1 − 1/x , obtendo 1 (já que erradamente o aluno pensaque �1/x vai para zero�).Nos exemplos abaixo em que apare em raízes, a té ni a é similar, tomando o devido uidado omo sinal pois, omo já hamamos atenção √x2 6= x.Exemplo 24 Cal uleos limites:(a) lim x→+∞ √ 16x + 3 x + 1 ; (b) lim x→−∞ √ x2 + 3 5x − 7 ; ( ) limx→−∞ √x6 − 3x2 + 2x − 33x3 − x2 + x − 1 . CAPÍTULO 1. LIMITE 23Solução do Exemplo 24 (a) O termo de maior grau do numerador é √16x e do denominador é x.Colo ando-os em evidên ia obtemos: √16x+3x+1 = √16x√1+3/(16x)x(1+1/x) . Separando em dois limite temosque al ular lim x→+∞ √ 16x x = 4 lim x→+∞ 1√ x = 0 e lim x→+∞ √ 1 + 3/(16x) 1 + 1/x = √ 1 + 0 1 + 0 = 1. Assim olimite é 0. Pode-se ver de forma su inta o mesmo resultado tomando os termos de maior grau,√ 16x + 3 ≈ √ 16x e x + 1 ≈ x (válidos para x grande!). Assim, √16x+3x+1 ≈ √16xx = 4√xx = 4√x . Se x → +∞ então isto tende a 0.(b) Colo ando-os em evidên ia √x2 = |x| e 5x e prosseguindo omo no aso anterior bastará al ular o limite lim x→−∞ |x| 5x . Como x é negativo, |x|5x = −x5x = −15 , o valor do limite.( ) Colo ando-os em evidên ia √x6 = |x|3 e 3x3 e prosseguindo omo no aso anterior bastará al ular o limite lim x→−∞ |x|3 3x3 . Como x é negativo, |x|33x3 = −x33x3 = −13 , o valor do limite.Nos próximos exemplos pre isamos ra ionalizar antes.Exemplo 25 Cal ule os limites:(a) lim x→+∞ √ x2 + 3x + 1 − x; (b) lim x→+∞ √ x + √ x −√x.Solução do Exemplo 25 (a) Ra ionalizando om√x2 + 3x + 1+x obtemos (√x2 + 3x + 1)2 − x2√ x2 + 3x + 1 + x = x2 + 3x + 1 − x2√ x2 + 1 + x = 3x + 1√ x2 + 1 + x . Agora podemos al ular o lim x→+∞ 3x + 1√ x2 + 1 + x . Coloque x emevidên ia no numerador e denominador e obtenha x(3 + 1/x) x( √ 1 + 1/x2 + 1) . Note que o x entrou na raiz omo x2. Can elando o x obtemos 3 + 1/x√ 1 + 1/x2 + 1 . Se x → +∞ obtemos 3 + 0√ 1 + 0 + 1 = 3 2 .(b) Ra ionalizando om √x + √x +√x obtemos (√x + √x)2 − (√x)2√ x + √ x + √ x = x + √ x − x √ x + √ x + √ x = √ x √ x + √ x + √ x . Dividindo-se o numerador e denominador por √x (ou, o que dá na mesma, olo ando-se √x em evidên ia) obtemos 1√ 1 + √ x/x + 1 = 1 √ 1 + 1/ √ x + 1 . Se x → +∞ obte-mos 1√ 1 + 0 + 1 = 1 2 .Observação 10 Quase sempre o limite no +∞ e no −∞ é o mesmo. Isto é verdade parafunções ra ionais quando o limite é �nito. Quando o limite é in�nito podemos ter por exemplo lim x→+∞ x2 x + 1 = +∞ 6= lim x→−∞ x2 x + 1 = −∞. Outro exemplo onde o limite é distinto é lim x→+∞ ex = +∞ 6= lim x→−∞ ex = 0.Erro Comum: Es rever que lim x→−∞ √ 9x2 + 3 5x − 7 = 3/5. Note que √9x2+35x−7 ≈ √9x25x = 3 |x|5x .Se x > 0, √9x2 = 3|x| = 3x e se x < 0, √9x2 = 3|x| = −3x.Assim, lim x→+∞ √ 9x2 + 3 5x − 7 = 3 5 e lim x→−∞ √ 9x2 + 3 5x − 7 = − 3 5 .Nos exemplos abaixo (e alguns que já apare eram) não existe té ni a geral pois envolvem funçãotrans endente, isto é, função que não é polin�mio ou quo iente de polin�mios ou raiz disso omopor exemplo: sen, cos, ex, log x. CAPÍTULO 1. LIMITE 24Exemplo 26 Cal ule os limites, esbo e o grá� o e determine TODAS as assíntotas (verti ais ehorizontais).(a) lim x→+∞ e−x; (b) lim x→π/2− 2 cos(x) ; ( ) lim x→0 e−1/x 2 ; (d) lim x→1 1 log(x) ; (e) lim x→0+ 1 log(x) .Solução do Exemplo 26 (a) e−x → e−(+∞) = e−∞ = 1/e+∞ = 1/(+∞) = 0. Para o esboçonote que quando x aumenta o valor da função diminui. Faça translação verti al. A úni a assíntotaé y = 1, assíntota horizontal. x y y = 1 (a) y = e−x(b) Como cos(x) > 0 para x próximo de π/2 mas menor que isto, o limite é +∞.Para o esboço ome e om o grá� o do osseno (pontilhado na �gura abaixo). Quando o valor,em módulo, da cos, o valor de 2/ cos diminui em módulo. Nos pontos onde cos(x) = 0, isto é,nos pontos x = 2kπ ± π/2 para k ∈ Z, 1/ cos(x) → ±∞. Assim as assintotas verti ais são nestespontos. x y x = π2x = −π2 x = 3π2x = −3π2 x = 5π2x = −5π2 y = cos(x) (b) y = 2 cos(x)( ) quando x → 0, −1/x2 → −∞. Assim, e−1/x2 → e−∞ = 1/e+∞ = 1/ + ∞ = 0.Para o esboço note que a função é sempre positiva. Perto do zero se aproxima de zero e longese aproxima e0 = 1. x y y = 1 ( ) y = e−1/x2(d) Como log(1) = 0 e log(x) > 0 para x > 1, lim x→1+ f(x) = +∞. Como log(x) < 0 para x < 1, lim x→1− f(x) = −∞. Como os limites laterais são distintos, o limite não existe. CAPÍTULO 1. LIMITE 25(e) Como log(x) → −∞, 1/ log(x) → 0.Para o esboço de 1/ log, ome e om o esboço de log (pontilhado na �gura abaixo). Quando log é zero, 1/ log → ±∞. O que o orre próximo do 0 é que o grá� o � ola� no eixo y, emboraneste grá� o isto não �que laro. Convido o leitor a utilizar um programa (veja Seção 1.6) que plotegrá� os para investigar este ponto. x y x = 1 y = log(x) (d), (e) y = 1 log(x)Exemplo 27 Cal ule os limites.(a) lim x→−∞ log(|x|); (b) lim x→+∞ sen(x); ( ) lim x→+∞ 1 sen(x) ; (d) lim x→+∞ (log(3x)− log(x−5)).Solução do Exemplo 27 (a) |x| → +∞ e portanto, log(|x|) → +∞.(b) este limite não existe pois o seno � a os ilando entre 1 e −1.( ) este limite não existe pois omo o seno os ila, 1/ sen(x) vai os ilar de 1 até +∞ e de −1 até −∞.(d) temos um aso de indeterminação +∞− (+∞). Por propriedade do logaritmo, (log(3x) − log(x − 5)) = log ( 3x x − 5 ). Como lim x→+∞ 3x x − 5 = 3, a resposta é log(3).Exemplo 28 Cal ule os limites.(a) lim x→+∞ IQ(x). (b) lim x→+∞ ⌊x⌋.Solução do Exemplo 28 (a) Limite não existe pois função � a os ilando entre 0 e 1.(b) Veja de�nição e grá� o da função ⌊x⌋ na p.11. Limite é +∞ pois quando x → +∞ a funçãose aproxima de +∞ passando somente pelos inteiros.1.3 Indeterminações do LimiteAs propriedades bási as do limite (da soma, do produto, et .) que apresentamos anteriormente nãopodem ser apli adas quando o denominador se anula ou quando surge +∞ ou −∞. No entanto,algumas extensões destes resultados são possíveis. Algum exemplos:� Se lim x→c f(x) = +∞ e lim x→c g(x) = +∞ então lim x→c (f(x) + g(x)) = lim x→c (f(x) · g(x)) = +∞.� Se lim x→c f(x) = +∞ e lim x→c g(x) é �nito (positivo ou negativo) então lim x→c (f(x)+g(x)) = +∞.Estes teoremas podem ser apresentados através do seguinte quadro. CAPÍTULO 1. LIMITE 26São limites determinados:Para soma/subtração: +∞+ (+∞) = +∞, +∞− (−∞) = +∞, −∞− (+∞) = −∞, −∞+ (−∞) = −∞.Para produto/divisão: +∞ · (+∞) = +∞, +∞ · (−∞) = −∞, −∞ · (+∞) = −∞, −∞ · (−∞) = +∞.Para qualquer k (in luindo k = 0), k +∞ = 0, k−∞ = 0.Se k > 0: k · (+∞) = +∞, k · (−∞) = −∞, +∞ k = +∞, −∞ k = −∞.Se k < 0: k · (−∞) = +∞, k · (+∞) = −∞, +∞ k = −∞, −∞ k = +∞.O perigo é que ∞ N�O é número! Assim temos as seguintes indeterminações.São indeterminações do limite: +∞ − (+∞), −∞ − (−∞), −∞ + (+∞), +∞ + (−∞), ±∞±∞ , 00 , k0 , ±∞0 , 0 · (±∞).Exemplo 29 Cal ule os limites abaixo (que ilustram asos de indeterminação indi ados entre ol- hetes):(a) lim x→0 1 x2 − 1 x4 [+∞− (+∞)℄; (b) lim x→0 1 x4 − 1 x2 [+∞− (+∞)℄; ( ) lim x→−∞ x2 + 1 −3x2 + 5[+∞−∞ ℄;(d) lim x→0 6x2 2x [00 ℄; (e) limx→0 6x2x [00 ℄; (f) limx→0 x · 1x4 [0 · (+∞)℄; (g) limx→0 x · 1x [0 · (+∞)℄;Solução do Exemplo 29 (a) Colo ando o mesmo denominador vemos que 1 x2 − 1 x4 = x2 − 1 x4 .Para x próximo de zero o numerador é negativo (−1) e o denominador é sempre positivo. Portantoo limite quando x → 0 é −∞.(b) Fazendo análise similar, o numerador será 1 − x2. Portanto o sinal será positivo e o limiteserá +∞.( ) Divida o numerador e o denominador por x2: x2 + 1−3x2 + 5 = 1 + 1/x2−3 + 5/x2 → 1 + 0−3 + 0 = −1/3.(d) 6x2 2x = 6x 2 → 0.(e) 6x 2x = 6 2 → 3.(f) Como x · 1 x4 = 1 x3 , o limite quando x → 0 não existe pois dependendo do lado que se hegaem zero: pela direita +∞, pela esquerda −∞.(g) x · 1 x = 1 → 1.Observação 11 Além destas existe a indeterminação 1+∞ que estudaremos no limite fundamentalda exponen ial, que surge no modelo de juros ontínuos ompostos. Este aso é a fronteira do omportamento de a+∞. Se 0 < a < 1 então a+∞ = 0 (multiplique um número positivo menorque 1 por ele mesmo uma in�nidade de vezes). Se a > 1 então a+∞ = +∞. Outra indeterminaçãoé +∞0.Limites que não sabemos al ular no momento: Hierarquia do in�nitoQuem res e mais rápido (vai mais rápido para o in�nito) entre: x2, log(x), 2x, xx, xn (n ∈ N)? Utilizando limites podemos determinar isto al ulando o quo iente entre duas funções e fazer CAPÍTULO 1. LIMITE 27x → +∞. Com isto estabele emos a hierarquia do in�nito: entre os in�nitos, quem é mais in�nito.Sabemos fazer isto om √x, xn, mas não om estas funções. Os limites abaixo nós N�O sabemos al ular om o que aprendemos até agora. No entanto, utilizando a hamada té ni a de L'Hospital(que apresentamos mais adiante no urso de Cál ulo), vamos aprender a al ulá-los: lim x→+∞ ex xn , lim x→+∞ log(x) xn .Finalmente, em livros omo o Courant [Co℄ de ál ulo estudamos em detalhes o omportamentoda função fatorial e obtemos a hamada fórmula de Stirling (está urioso? onsulte internet ou oCourant ou exer í io na p.46), que nos forne e o omportamento de n!, que surpreendentemente res e mais rápido que qualquer potên ia (xn) e do que a exponen ial (en). Na realidade, n! res equase tão rápido quanto nn. Com a fórmula de Stirling podemos al ular os limites: lim n→+∞ n! n10 , lim n→+∞ n! en , lim n→+∞ n! nn .Uma apli ação importante da hierarquia dos in�nitos em textbf omputação é: se um algoritmorealiza n2 operações, outro en operações, outro log(n) operações e outro n! operações, qual delesé o mais e� iente?Observação 12 Podemos �enxergar� os in�nitos de R utilizando meia projeção estereográ� o(bijeção entre o semi ír ulo e R). Veja a �gura abaixo e note que os pontos x0, x3 orrespondemaos pontos no in�nito. x y p(x0) = −∞ p(x3) = +∞ p(x1) p(x2) x0 x3 x1 x2 Projeção Estereográ� a p : {meio ír ulo} → R 1.4 Esboço de Grá� os parte IO objetivo desta Seção é esboçar grá� os de funções ra ionais (quo iente de polin�mios) somenteutilizando assíntotas. Mais adiante (no apítulo de Apli ações da Derivada) aprenderemos a deter-minar regiões de res imento e de res imento da função, on avidades, a res entando mais detalhesao grá� o.Nas funções ra ionais as assíntotas verti ais e horizontais são muito importantes. Para esboçargrá� o, devemos bus ar pontos x ∈ R onde: • f(x) > 0, f(x) = 0, f(x) < 0 fazendo o quadro de análise de sinais. • f(x) = ±∞, as assíntotas verti ais. • al ular lim x→±∞ f(x), a assíntota horizontal.Exemplo 30 Determine os sinais, as assíntotas verti ais e horizontais e faça um esboço do grá� ode: (a) f(x) = x2 + 2x x2 − 1 ; (b) f(x) = 2x2 − 816 − x2 ; ( ) f(x) = x4 − 24x(x2 − 9) .Solução do Exemplo 30 (a) Vamos fazer o o quadro de sinais. O numerador x2 + 2x = x(x + 2).Os pontos onde numerador ou denominador se anulam: ±1, 0,−2. A função f(x) = 0 onde onumerador se anula: 0 e −2. Nos pontos onde o denominador se anula (±1), f(x) → ±∞. CAPÍTULO 1. LIMITE 28 −2 −1 0 1 x(x + 2) + − − + + x2 − 1 + + − − + 0 ±∞ 0 ±∞ f(x) + − + − +Assíntota verti al (denominador se anula se x2−1 = 0) em x = 1 e x = −1; assíntota horizontalem y = 1 pois x2 + 2x x2 − 1 = 1 + 2/x 1 − 1/x2 → 1 + 0 1 − 0 = 1 quando x → +∞. x y y = 1 x = −1 x = 1 −2 −1 1 2 (a) f(x) = x2 + 2x x2 − 1 (b) Vamos fazer o o quadro de sinais. O numerador 2x2 − 8 = 2(x2 − 4). Os pontos ondenumerador ou denominador se anulam: ±2,±4. A função f(x) = 0 onde o numerador se anula: ±2. Nos pontos onde o denominador se anula (±4), f(x) → ±∞. −4 −2 2 4 2(x2 − 4) + + − + + 16 − x2 − + + + − ±∞ 0 0 ±∞ f(x) − + − + −Assíntota verti al (denominador se anula se 16−x2 = 0) em x = 4 e x = −4; assíntota horizontalem y = −2 pois 2x2 − 8 16 − x2 = 2 − 8/x2 16/x2 − 1 = 2 − 0 0 − 1 = −2. x y y = −2 x = −4 x = 4 (b) f(x) = 2x2 − 8 16 − x2 −2 2 ( ) Vamos fazer o o quadro de sinais. O numerador x4 − 24 = (x2 − 22)(x2 + 22) e somente o CAPÍTULO 1. LIMITE 29primeiro termos possui raízes reais. Assim vou ignorar, no quadro de sinais, o termo x2 +22 > 0 (nãoaltera os sinais). Os pontos onde numerador ou denominador se anulam: ±2,±4. A função f(x) = 0onde o numerador se anula: ±2. Nos pontos onde o denominador se anula (±3, 0), f(x) → ±∞. −3 −2 0 2 3 x2 − 22 + + − − + + x − − − + + + x2 − 9 + − − − − + ±∞ 0 ±∞ 0 ±∞ f(x) − + − + − +Assíntota verti al (denominador se anula se x(x2 − 9) = 0) em x = 0, x = 3 e x = −3; nãopossui assíntota horizonta (limite quando x → +∞ é +∞ e quando x → −∞ é −∞). x y x = −3 x = 3 −2 2 (c)f(x) = x4 − 24 x(x2 − 9)1.5 Limites FundamentaisApresentaremos os dois limites fundamentais do Cál ulo: um rela ionado ao seno, o outro a expo-nen ial. São os primeiros resultados não triviais. Pre isamos primeiro um resultado importante para al ular o limite fundamental trigonométri o (o do seno), o Teorema do Sanduí he.Pré-Cál ulo: Identi� ar no ír ulo trigonométri o as funções seno, osseno e tangente. Re ordaridentidades do sen(a + b) (minha terra tem palmeiras . . . ) e cos(a + b) ( os, os, sen, sen).Teorema 2 (Sanduí he) Suponha que f(x) ≤ g(x) ≤ h(x) para todo x ∈ R (ou para todo xpróximo do ponto onde o limite está sendo al ulado). Se os limites lim x→c f(x) = lim x→c h(x) = k, então lim x→c g(x) = k.Observação 13 Este Teorema ontinua verdadeiro para c = +∞ ou c = −∞ e para k = +∞ou k = −∞.Exemplo 31 Esbo e o grá� o e aplique o Teorema do Sanduí he para al ular os limites abaixo:(a) lim x→0 x sen 1 x , (b) lim x→0 x2 sen 1 x , ( ) lim x→−∞ sen x x , (d) lim x→e (x− e)IQ(x), (e) lim x→0 (x− e)IQ(x). CAPÍTULO 1. LIMITE 30Solução do Exemplo 31 Convido o leitor a utilizar um programa (veja Seção 1.6) que plote grá� ospara investigar estes exemplos.(a) Para qualquer y temos que −1 ≤ sen(y) ≤ 1. Assim, para x ≥ 0 temos que −x ≤ x sen(1/x) ≤ x. Para x ≤ 0 temos de forma análoga que x ≤ x sen(1/x) ≤ −x. Podemos juntaros dois utilizando o módulo: para todo x ∈ R, −|x| ≤ x sen(1/x) ≤ |x|. Quando x → 0 as funçõesnos extremos tendem para 0 e portanto, pelo Teorema do Sanduí he o limite é 0.Mostramos na sequên ia três �guras do grá� o da função. O ír ulo tra ejado é a zona de zoomque é mostrada na próxima. Note omo as retas y = ±x limitam o grá� o da função. x y y = 1 y = x y = −x −2 −1 1 2 (a) y = x sen 1x I x y y = x y = −x −0.4 0.4 (a) y = x sen 1x II CAPÍTULO 1. LIMITE 31 x y y = x y = −x −0.1 0.1 (a) y = x sen 1x III(b) De forma análoga −x2 ≤ x2 sen(1/x) ≤ x2. Quando x → 0 as funções nos extremos tendempara 0 e portanto, pelo Teorema do Sanduí he o limite é 0.Mostramos na sequên ia três �guras do grá� o da função. O ír ulo tra ejado é a zona de zoomque é mostrada na próxima. Note omo as parábolas y = ±x2 limitam o grá� o da função. x y y = x2 y = −x2 −1 1 (b) y = x2 sin 1x I CAPÍTULO 1. LIMITE 32 x y y = x2 y = −x2(b) y = x2 sin 1x II −0.4 0.4 x y y = x2 y = −x2(b) y = x2 sin 1x III −0.07 0.07 ( ) De forma análoga −1/|x| ≤ sen(x)/x ≤ 1/|x|. Quando x → −∞ as funções nos extremostendem para 0 e portanto, pelo Teorema do Sanduí he o limite é 0.Note que o grá� o da função é limitado por y = ±1/x. CAPÍTULO 1. LIMITE 33 x y ( ) f(x) = sen(x)x(d) A função IQ (função indi adora dos ra ionais) é limitada por 0 e 1. Assim 0 ≤ IQ(x) ≤ 1para todo x ∈ R. Por outro lado, (x − e) vale no máximo |x − e| e no mínimo −|x − e| Assimpodemos limitar (x − e)IQ(x) por −|x − e| ≤ (x − e)IQ(x) ≤ |x − e| para todo x ∈ R. Quando x → e as funções nos extremos tendem para 0 e portanto, pelo Teorema do Sanduí he o limite é 0.O grá� o desta função é formada por duas �retas� pontilhadas: uma em y = 0, nos irra ionais eoutra no y = x − e, a ima dos ra ionais (vide �gura abaixo). x y y = x − e y = 0 e −e(d) f(x) = (x − e)IQ(x)(e) Note que f(0) = (0 − e)IQ(0) = −e · 1 = −e. No entanto, perto de zero a função assumevalores próximos de −e, para x ∈ Q e iguais a zero, para x 6∈ Q. Portanto o limite N�O existe.Exemplo 32 Cal ule lim x→−∞ sen(3x + ex) + 1 x2 + 1 + 3Solução do Exemplo 32 Para qualquer y temos que −1 ≤ sen(y) ≤ 1. Assim, somando 1 dosdois lados obtemos que 0 = −1 + 1 ≤ sen(3x + ex) + 1 ≤ 1 + 1 = 2 para todo x ∈ R. Dividindopor x2 + 1, que é sempre diferente de zero, e somando 3 dois dois lados obtemos que 0 x2 + 1 + 3 ≤ sen(3x + ex) + 1 x2 + 1 + 3 ≤ 2 x2 + 1 + 3. Quando x → −∞, os dois lados onvergem para 3. PeloTeorema do Sanduí he o limite é 3.Teorema 3 (limite fundamental trigonométri o) lim x→0 sen(x) x = 1;Prova: Prove utilizando o método usualde omparação de áreas de dois triângulos om o ar o de ír ulo. Veja qualquer livro de ál ulo ou a aula do seu professor. CAPÍTULO 1. LIMITE 34Vale a pena entender a demonstração do Teorema do limite fundamental trigonométri o pois é oprimeiro resultado não trivial de limite. Note que é um aso de indeterminação 0 0 .Observação 14 No Desa�o da p.45 deduzimos deste limite a fórmula da área do ír ulo.Mudança de variáveis no limite.Pode-se mudar variáveis do limite para determiná-lo. Aprenda esta té ni a através dos exemplosabaixo pois a utilizaremos muitas vezes. No Capítulo de integração vamos introduzir uma té ni asimilar: a mudança de variável de integração.Exemplo 33 Cal ule os limites abaixo:(a) lim x→0 sen(2x) x ; (b) lim x→0 tan2(3x) x2 ; ( ) lim x→0 sen(5x) sen(7x) ; (d) lim x→0 1 − cos x x2 .Solução do Exemplo 33 (a) Tome t = 2x. Quando x → 0, t → 0. Substituindo obtemos lim t→0 sen(t) t/2 = 2 lim t→0 sen(t) t = 2 · 1 = 2.(b) Substitua tan x = sen x/ cos x e utilize propriedade do limite do produto para obter lim x→0 sen(3x) cos(3x)x · lim x→0 sen(3x) cos(3x)x . Agora vamos al ular um destes limites pois o outro é idênti o. Utilizando a pro-priedade do produto novamente obtemos que lim x→0 sen(3x) cos(3x)x = lim x→0 sen(3x) x · lim x→0 1 cos(3x) =. Olimite lim x→0 1 cos(3x) = 1. Para o primeiro fazemos a substituição t = 3x. Quando x → 0, t → 0.Substituindo obtemos lim x→0 sen(3x) x = lim t→0 sen(t) t/3 = 3 lim t→0 sen(t) t = 3 · 1 = 3. Portanto a resposta é 32 = 9.( ) Multiplique em ima e embaixo por x (assim não alteramos o limite) e separe no produtode dois limites: lim x→0 sen(5x) x · lim x→0 x sen(7x) . O primeiro dará 5 (veja o item (a) pois é análogo) e osegundo é igual a lim x→0 x sen(7x) ( lim x→0 sen(7x) x )−1 (7)−1. Portanto a resposta é 5/7.(d) Multiplique por 1 + cos x para ra ionalizar e obtenha 1−cos2 x x2(1+cos x) = sen 2 x x2(1+cos x) . Agora separeem dois limites, um om sen2 x x2 , que vai dar 1, outro om 1(1+cos x) , que vai dar 1/2. Portanto aresposta é 1/2.Os exemplos abaixo são um pou o mais ompli ados da apli ação da té ni a de mudança devariáveis.Exemplo 34 Determine o lim h→0 7 √ x + h − 7√x h . Para isto oloque 7√x em evidên ia e mude variávelpara t = 7√1 + h/x e transforme o limite a ima em lim t→1 7 √ x(t − 1) x(t7 − 1) .Solução do Exemplo 34 Note que om a mudança, quando h → 0, t → 1. Colo ando 7√x emevidên ia obtemos que 7√x+h− 7√xh = 7√x 7√1+h/x−1h .Da de�nição de t obtemos que t7 = 1 + h/x, e portanto, t7 − 1 = h/x e h = x(t7 − 1).Substituindo estas identidades obtemos o limite lim t→1 7 √ x(t − 1) x(t7 − 1) . Agora omo 1 é raiz basta dividir opolin�mio t7 − 1 por t − 1 de depois fazer t → 1. Vamos obter 7√x7x = 17x6/7 = 17 7√x6 . CAPÍTULO 1. LIMITE 35Exemplo 35 Determine o lim x→π/2 cos(x) x − π/2 . Para isto mude variável para t = x − π/2 e apliqueidentidade cos(a + b) = cos a cos b − sen a sen b.Solução do Exemplo 35 Substituindo t = x − π/2, quando x → π/2, t → 0. Logo o limite passaa ser lim t→0 cos(t + π/2) t . Como cos(t + π/2) = cos t cos π/2 − sen t sen π/2 = − sen t, obtemos olimite lim t→0 − sen(t) t que vale −1 pelo limite fundamental.Pré-Cál ulo: Propriedades da exponen iação: (ab)c = abc. Assim, (102)7 = 102·7 = 1014, (1 + a)7x = ((1 + a)x)7.Pré-Cál ulo: Propriedade do �petele o� do log: log(ab) = b log(a). Assim, log(27) x = log(271/x).O limite abaixo possui uma onexão importante om matemáti a �nan eira, no hamado modelode juros ompostos ontínuos. Outras onexões são om modelos de res imento popula ional e dede aimento radioativo. A Matemáti a que one ta estas apli ações é o modelo exponen ial. Trata-sede uma indeterminação do tipo 1+∞. Deixamos a demonstração para um livro de análise real omopor exemplo [NC℄.Teorema 4 (limite fundamental exponen ial) O limite lim h→0 (1 + h)1/h existe.Prova: Mudando variáveis (veja orolário abaixo) para podemos es rever este limite omo lim x→+∞ ( 1 + 1 x )x.Usando o bin�mio de Newton para x ∈ N podemos provar que que a função f(x) = (1 + 1/x)x éuma função res ente e limitada superiormente por 3. Logo possui um limite. Ver detalhes em [NC℄.Mudando variáveis para h = 1/x obtemos o orolário abaixo.Corolário 2 lim x→+∞ ( 1 + 1 x )x = lim x→−∞ ( 1 + 1 x )x = e.De�nição 7 De�nimos o número real e por e = lim x→+∞ ( 1 + 1 x )x.Observação 15 Pode-se provar (veja [NC℄) que e = 1 0! + 1 1! + 1 2! + 1 3! + . . . = +∞ ∑ i=0 1 i! . Esta éoutra possibilidade para de�nição de e. Utilizando esta de�nição pode-se provar que 2 < e < 3.Na realidade, e = 2.718281828459045 . . . Trata-se de um número irra ional. CAPÍTULO 1. LIMITE 36Juros ompostos ontínuos. Suponha um apital c investido om juros anuais de k por entoao ano. De�nindo α = k/100, após t anos, o valor total será c(1 + α)t (porque?). Agora seos juros forem omputados mensalmente, a taxa mensal será de α/12 e o total será, após tanos, c(1 + α/12)12t. E se quisermos omputar por dia: c(1 + α/365)365t. Finalmente podemos omputar por hora, minuto, segundo, et . Qual será o total após t anos se omputarmos juros ompostos ontínuos? Denotando por n o número de vezes que o juros omposto será omputado hegaremos ao limite lim n→+∞ c ( 1 + α n )nt .Fazendo a substituição de variável x = n/α obtemos que o limite lim x→+∞ c ( 1 + 1 x )αx = c ( lim x→+∞ ( 1 + 1 x )x)αt = ceαt.Portanto o valor total após t anos será cαt.Cres imento popula ional. Suponha que uma erta ba téria se reproduza de tal forma que suapopulação aumente em k por ento a ada hora. Assim, partindo de uma população ini ial p0,de�nindo α = k/100, após t horas, a população será de p0(1 + α)t. Agora se o res imento for omputado a ada minuto, a taxa de res imento por minuto será (aproximadamente) de k/60por ento por minuto e a população total será, após t horas, p0(1+α/60)60t . Passando ao limite, om o res imento o orrendo a ada instante, hegaremos de forma análoga que após t horas apopulação será de p0eαt.Situação análoga é o de aimento radioativo a uma taxa de k por ento de uma massa ini ialde material radioativo m0. De�nindo α = k/100, após t horas, a massa será de m0(1 − α)t.Seguindo ra io ínio análogo, mas om mudança de variável x = −n/α, deduziremos que após thoras massa será de m0e−αt.Veja o aso dos juros ompostos. Note que intuitivamente não está NADA laro o que vaio orrer. Se por um lado pare e que vai dar +∞ pela a umulação in�nitas vezes de juros, a taxa (1+α/n) → (1+0) = 1, o que indi aria que no limite � aríamos om o mesmo que o valor ini ial.O que o orre na realidade é que obtemos eαt, um valor intermediário entre 1 e +∞. Apre ie abeleza deste resultado.Exemplo 36 Cal ule os limites:(a) lim x→+∞ (1 + 1/x)4x; (b) lim x→+∞ ( x + 3 x )5x; ( ) lim x→0 (1 − 5x)7/x.Solução do Exemplo 36 (a) Como (1 + 1/x)4x = ((1 + 1/x)x)4, passando ao limite obtemos lim x→+∞ (1 + 1/x)4x = ( lim x→+∞ (1 + 1/x)x )4 = e4.(b) Como ((x + 3)/x)5x = (1 + 3/x)5x, fazendo a substituição 1/y = 3/x obtemos o limite lim y→+∞ (1 + 1/y)5y/3 = ( lim y→+∞ (1 + 1/y)y )5/3 = e5/3.( ) Fazendo y = −5x obtemos o limite lim y→0 (1 + y)7/(−y/5) = ( lim y→0 (1 + y)1/y )−35 = e−35. CAPÍTULO 1. LIMITE 37Observação 16 Porque e é base natural para exponen ial? Porque medir ângulos emradianos?Vamos responder esta pergunta no Capítulo de derivada mas isto tem relação direta om estesdois limites fundamentais.Qualquer ivilização da galaxia após desenvolver alguma Matemáti a es olheria o mesmo. Asopções de base 10 (número de dedos nas mãos dos humanos), graus (dividir o ír ulo em 360 graus,invenção dos babil�nios, um número om boa quantidade de múltiplos) ou grados (inventado narevolução fran esa para tornar ângulo reto om 100 grados, dentro do espírito de sistema de imal)são es olhas inteiramente arbitrárias do Homo sapiens.1.6 ⋆Softwares Gratuitos e o Cál uloNesta Seção op ional vamos apresentar alguns softwares gratuitos que podem ser utilizadas no Win-dows e noLinux (Ubuntu, Debian, Fedora, et .). • Winplot: Software de visualização de grá� os de funções. É nativo do Windows mas roda om emulação do Wine no Linux. Pode-se visualizar grá� os 2D e 3D dados por função,parametrização expli ita e implí ita. Pode-se fazer animações. • KmPlot: Software de visualização de grá� os de funções. É nativo do Linux. Similar aoWinplot. • WxMaxima: Software de omputação algébri a. Cal ula, de forma exata, limites, deriva-das e integrais (entre outras entenas de oisas). Um exemplo é o limite fundamental:limit(sin(x)/x, x, 0);. Cal ula também limites laterais: limit(exp(1/x), x, 0,minus);(esquerda) limit(exp(1/x), x, 0,plus); (direita).Experimente estes softwares desde o iní io. Tente ver funções que apresento nos exemplos emdiversas es alas.1.7 ⋆Introdução à Análise RealNesta Seção op ional vamos apresentar alguns on eitos bási os de Análise Real. Remetemos osleitores a um livro de Análise omo por exemplo [NC℄, disponível em www.labma.ufrj.br/~m abral.1.7.1 CardinalidadeDizemos que dois onjuntos possui a mesma ardinalidade, ou o mesmo número de elementos, seexiste uma bijeção entre os onjuntos.Exemplo 37 Compare a ardinalidade entre:(a) N e o onjunto dos inteiros positivos pares. (b) N e Z.Solução do Exemplo 37 (a) de�na a função f(n) = 2n que é uma bijeção. Logo possuem amesma ardinalidade.(b) de�na a função f : N → Z que leva os pares em 0, 1, 2, . . . e os impares em −1,−2,−3, . . .que é uma bijeção. Logo possuem a mesma ardinalidade.Um resultado surpreendente é que a ardinalidade de Q e N (e portanto de Z) é a mesma.0†A leitura desta seção é op ional.0†A leitura desta seção é op ional. CAPÍTULO 1. LIMITE 38Teorema 5 A ardinalidade de Q e N é a mesma.Prova: Podemos imaginar a prova omo um programa de omputador que apresentará TODOS asfrações. Basta asso iar a primeira fração om o 1, a segunda om o 2, et . Isto será naturalmenteuma bijeção. Basta a ada etapa mostrar todas as frações uja soma do numerador e denominadoré um erto número. Assim:soma 1: 0/1;soma 2: 1/1;soma 3: 1/2, 2/1;soma 4: 1/3, 2/2, 3/1;soma 5: 1/4, 2/3, 3/2, 4/1;soma 6: 1/5, 2/4, 3/3, 4/2, 5/1;soma 7: 1/6, 2/5, 3/4, 4/3, 5/2, 6/1; · · ·Pode-se fazer uma �gura indi ando a prova. Veja detalhes em [NC℄ ou na internet.Observação 17 Os onjuntos que possuem a mesma ardinalidade que N são ditos enumeráveis.Assim, são enumeráveis: N, Z, Q.O resultado abaixo é devido a Cantor e diz que R (o onjunto dos números reais) possui ardi-nalidade estritamente maior que Q.Teorema 6 A ardinalidade de R é estritamente maior que a ardinalidade de N.Prova: Como N ⊂ R é laro que R possui ardinalidade igual ou maior. Para terminar aplique oargumento diagonal de Cantor. Veja [NC℄ ou na internet.Observação 18 Dizemos que R é não-enumerável. Isto estabele e uma diferen iação entre on-juntos in�nitos: alguns são �mais in�nitos� do que outros. Na realidade existem onjuntos om ardinalidade estritamente maior do que R, formando uma adeia de onjuntos, ada um estri-tamente maior do que o anterior. Isto é provado pelo argumento de Cantor generalizado (videinternet, [CN℄).1.7.2 O que é R?Uma maneira rigorosa mas te ni amente ompli ada é de�nir R utilizando de imais in�nitas, omoé feita na es ola. A di� uldade é de�nir operações usuais omo por exemplo a soma. No algoritmoque aprendemos na es ola, alinhamos os pontos de imais e omeçamos a operar no último digito àdireita. Como fazer para al ular π + π se a expansão de imal nun a termina? Ou ainda, 2π é 2multipli ado por ele mesmo quantas vezes?A solução destes mistérios passa por um urso de Análise Real.1.7.3 Ra ionais, Irra ionais, Algébri os, Trans endentesOs alunos aprendem a diferença entre números ra ionais (razões entre inteiros) e irra ionais. Vamosver aqui os hamados algébri os � que generalizam os ra ionais � e os trans endentes. Veja detalhesno livro (a essível neste nível): Números Irra ionais e Trans endentes, Djairo Figueiredo ([Fi℄).Exemplo 38 Prove que são irra ionais:(a) √2; (b) 3√21.Solução do Exemplo 38 (a) Suponha por ontradição que √2 = p/q om p, q ∈ N. Elevando aoquadrado obtemos que 2q2 = p2. Agora pelo teorema da fatoração úni a (fatorando ada lado por CAPÍTULO 1. LIMITE 39potên ias de primos), omo 2 está no lado esquerdo, ele deve apare er no lado direito. O problemaé que apare erão um numero par de vezes no lado direito (pois é ao quadrado) e um número imparde vezes no lado esquerdo. Contradição!(b) De forma análoga fazendo 3√21 = p/q obtemos 21q3 = p3 = 3 · 7q3 = p3. Agora omo 3 éfator do lado direito, p deve onter o fator 3. Mas no lado direito ele apare erá 3m vezes (múltiplode 3) e do lado esquerdo omo 3m′ + 1 vezes. Contradição.Existem ainda os hamados números algébri os, que são raízes de polin�mios om oe� ientesinteiros (isto é, elementos de Z). Eles generalizam os ra ionais pois todo ra ional é um algébri o.Exemplo 39 Mostre que são algébri os(a) √2; (b) n√k para qualquer n, k ∈ N; ( ) √3 + √2; (d) um ra ional qualquer.Solução do Exemplo 39 (a) √2 é raiz do polin�mio x2 − 2.(b) n√k é raiz do polin�mio xn − k.( ) fazendo x = √3 + √2, obtemos que x2 = 3 + √2. Assim (x2 − 3)2 = (√2)2 = 2. Ou seja x4 − 6x2 + 9 = 2. Portanto, √3 + √2 é raiz de x4 − 6x2 + 7.(d) se x = p/q om p, q ∈ Z então x é raiz do polin�mio qx − p.Observação 19 É relativamente fá il provar que e 6∈ Q. Já a irra ionalidade de π é bem maisdifí il. Provas podem ser en ontradas em [NC℄. Bem mais difí il é provar a trans endên ia deambos.1.7.4 De�nição Rigorosa de LimiteDada uma função real f estamos interessados em saber o que a onte e om o valor de f(x) quando x se aproxima de um ponto x0 sem, entretanto, assumir este valor. Este é o assunto desta seção.Muitas vezes f(x) se aproximará de f(x0), porém, isto só o orre para uma lasse de funções, ditas ontínuas. Trataremos desta questão no próximo Capítulo.A de�nição abaixo formaliza o que quisemos dizer, no parágrafo anterior, om �x se aproxima deum ponto x0 sem, entretanto, assumir este valor�.De�nição 8 Sejam f : R → R e x0 ∈ R. Dizemos que existe o limite de f(x) quando x tende a x0 ∈ R e ele vale k ∈ R se ∀ε > 0,∃δ > 0 tal que se 0 < |x − x0| < δ então |f(x) − k| < ε.Neste aso, es revemos lim x→x0 f(x) = k.A ideia intuitiva orreta é dizer que f(x) é tão próximo de k quanto quisermos, bastando paraisto tomar x su� ientemente próximo (mas distinto) de x0.Exemplo 40 Sejam f : R → R, dada por f(x) = x para todo x ∈ R, e x0 ∈ R. Mostremos que lim x→x0 f(x) = x0. Dado ε > 0, tomando δ = ε, obtemos x ∈ R, 0 < |x − x0| < δ impli a que |f(x) − x0| = |x − x0| < δ = ε. QED2.2QED, abreviação de �quod erat demonstrandum� que, em latim, signi� a � omo queríamos demonstrar�. CAPÍTULO 1. LIMITE 40Exemplo 41 Sejam f : R → R, dada por f(x) = x2 para todo x ∈ R, e x0 ∈ R. Mostremos que lim x→0 f(x) = x20. Fixado ε > 0, tomamos δ = min{1, ε/(2|x0 |+1)}. Desta forma, se 0 < |x−x0| < δ,então |x| < |x0| + δ ≤ |x0| + 1. Além disto, |f(x) − x20| = |x2 − x20| = |x − x0| · |x + x0| < δ(|x| + |x0|) < δ(2|x0| + 1) ≤ ε.O exemplo anterior pode induzir o leitor a pensar que a har δ em função de ε e de x0 é uma tarefasobrenatural. Normalmente, ras unha-se a demonstração de trás para frente: sabendo que devemosobter |f(x) − k| < ε, pro uramos saber quão grande pode ser |x − x0| (i.e., qual deve ser o valorde δ) para que heguemos a esta on lusão. Em seguida, passamos a limpo a demonstração e, jásabendo qual é o valor de δ, simplesmente dizemos: �seja δ =Abra adabra. . . � Porém, dependendoda função, mesmo que a har o valor de δ não seja mági a, tal tarefa pode ser bastante enfadonha.Uma alternativa é fazer uso de propriedades do limite tais omo do limite da soma, do produto et .Elas fa ilitam as demonstrações de existên ia e os ál ulos dos limites, sem ne essidade de manipular ε's e δ's.1.8 Exer í ios de Limite1.8.1 Exer í ios de FixaçãoExer í io 1.Determine se é Verdadeiro ou Falso. Se for falso dê um ontraexemplo ou orrija.(a) {x ∈ R; |x − 3| ≤ 2} = [1, 5].(b) {x ∈ R; |x + 2| < 1} = (1, 3).( ) √x2