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CHAUI, Marilena. A Nova Classe Trabalhadora brasileira e a ascensão do conservadorismo. In. Ivana Jinkings, Kim Doria e Murilo Cleto (Orgs). Por que Gritamos Golpe?: para entender o impeachment e a crise política no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2016, p. 15-22 A nova classe trabalhadora brasileira e a ascensão do conservadorismo. Estudos mostram uma mudança profunda na sociedade brasileira em virtude dos programas governamentais. Alguns dados inclusive evidenciam uma profunda redução nas classes D e E seguida de um aumento significativo na classe C, sugerindo a existência de uma nova classe trabalhadora no Brasil, ainda muito difícil de ser compreendida pelos critérios então estabelecidos de renda, propriedade, bens imóveis e móveis, escolaridade e profissão. Pois o critério dos serviços como definidor da classe média não se mantém na forma atual do capitalismo, as ciências e as técnicas se tornaram forças produtivas e portanto diretamente ligadas à acumulação do capital e o critério de profissão liberal também se extingue pois a nova forma de capital divide seus componentes entre proprietários privados e assalariados, transformando todos em parte da classe trabalhadora. Com a criação dessa nova classe trabalhadora, de certa forma incorporada na classe média (podendo ser assumida como uma "nova classe média no Brasil") coloca-se uma questão política muito importante, já que a classe média, por sua posição no sistema social, tende a se dividir de duas formas. A primeira opondo- se à classe dominante, na busca da justiça social e dos direitos dos excluídos. No extremo oposto, possui um desejo por ordem e segurança, devido ao seu sonho de se incorporar à classe dominante e o medo de tornar-se proletária, o que atribui um caráter ideológico conservador e reacionário a classe média. Tendo como exemplo as manifestações de 2013 e 2016, majoritariamente compostas pela classe média sentindo-se desfavorecida em relação à classe trabalhadora, pelos programas sociais do governo Lula. Outro ponto a ser observado nas manifestações de 2016 principalmente, é que essa nova classe trabalhadora também pode ser "engolida" por esse ideal neoliberal capitalista sendo levada a acreditar que faz parte da nova classe média. Inserindo-se nessa busca por ascensão social através do consumo dos "signos de prestígio" (diploma, apartamentos de luxo, abundância, consumo de serviços e objetos indicadores de autoridade, etc.) e aderindo ao ideal conservador que os levou às ruas em favor de um golpe de Estado para restaurar a "ordem e o progresso".
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