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GRADUACAO_PEDAGOGIA

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LIBRAS
Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira
Professora Esp. Beatriz Ignatius Nogueira
Professora Esp. Marília Ignatius Nogueira Carneiro
GRADUAÇÃO
PEDAGOGIA
MARINGÁ-PR
2012
ISBN 978-85-61091-71-2
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretor Comercial, de Expansão e Novos Negócios: Marcos Gois
Diretor de Operações: Chrystiano Mincoff
Coordenação de Sistemas: Fabrício Ricardo Lazilha
Coordenação de Polos: Reginaldo Carneiro
Coordenação de Pós-Graduação, Extensão e Produção de Materiais: Renato Dutra
Coordenação de Graduação: Kátia Coelho
Coordenação Administrativa/Serviços Compartilhados: Evandro Bolsoni
Coordenação de Curso: Marcia Maria Previato de Souza
Gerente de Inteligência de Mercado/Digital: Bruno Jorge
Gerente de Marketing: Harrisson Brait
Supervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura
Capa e Editoração: Aleksander Pereira Dias, Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Jaime de Marchi Junior, José Jhonny Coelho, Luiz 
Fernando Rokubuiti, Ronei Guilherme Neves Chiarandi e Thayla Daiany Guimarães Cripaldi
Fotografia: Diones Rodrigo Moreira
Supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo 
Revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Erica Coimbra, Gabriela Fonseca Tofanelo, Hérica Pichur, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina 
Kutsunugi, Karla Regina dos Santos Morelli, Maria Fernanda Canova Vasconcelos e Thays Pretti
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UNICESUMAR
 
 
 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação
 a Distância:
C397 LIBRAS - Processo inclusivo na educação básica/
 Clélia Maria Ignatius, Nogueira, Beatriz Ignatius Nogueira, 
 Marília Ignatius Nogueira Carneiro - Maringá - PR, 2010.
 p. 335
 “Curso de Graduação em Pedagogia ”.
 Conteúdo: LIBRAS
 1. Didática. 2.Educação inclusiva. 3.Linguagem de sinais. 
 4. EaD. I. Título.
 ISBN 978-85-61091-71-2
CDD - 22 ed. 370
CIP - NBR 12899 - AACR/2
“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM, SHUTTERSTOCK.COM, LEVENDULA IMAGEM DIGITAL LTDA.
Animation Factory; Purestockx; Photoobjects; Clipart e Ablestock”.
Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br
NEAD - Núcleo de Educação a Distância - bloco 4 - (44) 3027-6363 - ead@cesumar.br - www.ead.cesumar.br
LIBRAS
Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira
Professora Esp. Marília Ignatius Nogueira Carneiro
Professora Esp. Beatriz Ignatius Nogueira
5LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
APRESENTAÇÃO DO REITOR
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, 
informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência 
tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande 
diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhecimento por 
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, 
formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o 
Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas institucionais e 
sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social e po-
lítica e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja reconhecimento como uma instituição universitária de referên-
cia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais 
para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos 
ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica 
e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação con-
tinuada.
Professor Wilson de Matos Silva
Reitor
6 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades 
e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que 
surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar, mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este 
processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, 
contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências 
e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo(a) no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma, possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários 
para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, 
acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas 
ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se de que existe uma equipe de professores e tutores que 
se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-
lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Então, vamos lá! Desejo bons e proveitosos estudos!
Professora Kátia Solange Coelho
Coordenadora de Graduação do NEAD - UniCesumar
7LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
INTRODUÇÃO
Livro: LíNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
Clélia Maria Ignatius Nogueira
Beatriz Ignatius Nogueira
Marília Ignatius Nogueira Carneiro
Você certamente deve estar se perguntando por que estudar a Língua Brasileira de Sinais, a Libras? Afinal, esta é 
a língua dos surdos brasileiros e provavelmente você nem conhece alguém surdo!
Outra coisa que você provavelmente não sabe é que atualmente existem no Brasil cerca de 5.7000.000 pessoas 
surdas e que, segundo dados do MEC - Ministério da Educação, em 2001, existiam 50 mil estudantes surdos 
matriculados no Ensino Fundamental, a maioria deles em classes comuns, em escolas inclusivas.
Apesar dessa grande quantidade de alunos surdos matriculados no ensino regular, poucos conseguem sucesso, 
principalmente porque a principal maneira de ensinar ainda é a explicação oral e daí o surdo não entende nada,
por causa da dificuldade de comunicação entre professores e alunos. Tentando mudar essa realidade de fracasso 
educacional que os alunos surdos vivem, o Governo Federal adotou diversas medidas, dentre elas o Decreto 
Federal nº 5626 de 22 de dezembro de 2005, que tornou obrigatório o ensino de Libras - Língua Brasileira de Sinais 
- em todos os cursos de formação de professores e também de fonoaudiologiado Brasil.
É por isso que você está tendo esta disciplina, que tem como objetivo proporcionar o estudo sobre a Língua 
Brasileira de Sinais – Libras, bem como refletir sobre a surdez, a cultura, as identidades surdas e a Educação 
de Surdos na realidade brasileira, pensando na inclusão educacional do surdo. Esse livro é composto de cinco 
unidades e o que trazemos em cada uma delas, antecipamos para você a partir de agora.
Para orientar seus estudos, ao final da leitura de cada texto que compõem cada unidade você deve:
1. Elaborar um texto com no máximo 15 linhas, com um resumo do que foi lido, destacando o que você entendeu 
como o mais importante da leitura realizada.
2. Destacar uma dúvida que surgiu durante a leitura e que você conseguiu resolver. Escreva a dúvida em forma 
de pergunta e, em seguida, responda-a.
3. Escrever uma dúvida que surgiu e você não encontrou a resposta nos textos apresentados e que te motive a 
pesquisar mais sobre o assunto.
Antes de qualquer outra coisa, gostaríamos que você refletisse: você quer ser professor, a proposta inclusiva veio 
para ficar, são muitos os surdos no Brasil e, portanto, certamente, em algum momento de sua vida profissional, 
você será professor de uma criança surda.
Agora, é com você: que professor você pretende ser? Aquele que se preocupa COM TODOS os seus alunos?
8 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
Aquele que quer realmente fazer a diferença? Ou você é daqueles que se conforma com o fracasso de ALGUNS 
de seus alunos?
Antes de você pensar em responder a essas questões, vamos nos apresentar. Pelo nosso sobrenome, você já 
deve ter percebido que nós três somos parentes! É verdade. Somos mãe (Clélia) e filhas (Marília e Beatriz). A mãe 
é ouvinte e as filhas são surdas e nós vivenciamos um período muito difícil na educação do surdo brasileiro. Um 
período em que os professores não aprendiam a se comunicar com seus alunos e mais, os próprios surdos eram 
proibidos de usar a libras!
Esse período foi muito difícil e isso acontecia porque as pessoas, incluídas aí os professores e a família, acreditavam 
que aprender falar oralmente era a única forma do surdo - que naquela época era designado por deficiente auditivo 
– se integrar à sociedade.
Atualmente, muita coisa mudou. Até a maneira de se referir aos surdos e na Introdução da Unidade I, nós vamos 
discutir isso melhor. Vamos mostrar porque hoje os surdos não querem mais ser chamados de deficientes auditivos 
e mais, vamos mostrar porque a maneira como nós utilizamos as palavras é importante! Sem uma boa discussão 
parece implicância querer que se utilizem algumas palavras. A tal da história do “politicamente correto”, afinal, 
o que isso importa, se as pessoas entendem do que estamos falando, independente da palavra usada? Esta 
resposta está lá, na Introdução da Unidade I.
Estamos falando o tempo todo dos surdos e de sua educação, mas nem sempre eles tiveram esse direito 
reconhecido. 
No passado, costumava-se achar que a surdez era acompanhada por algum tipo de déficit de inteligência e, 
portanto, não conseguiriam ser educados.
Porém, com o tempo, houve necessidade de que eles aprendessem a ler, escrever e falar algumas palavras, para 
que pudessem receber heranças, por exemplo. Então, os surdos pertencentes a famílias nobres e ricas, isso lá por 
volta do século XV, começaram a receber educação.
Com a inclusão dos surdos no processo educativo, a família e, principalmente os professores perceberam que eles 
não eram incapazes, mas que não desenvolviam sua inteligência porque não recebiam estímulos, em função da 
dificuldade de comunicação entre surdos e ouvintes e mesmo entre surdos e surdos.
Você vai ficar sabendo detalhes desta fascinante história com o texto “História da Educação de Surdos”, que faz 
parte da Unidade I.
Agora, você lembra de que falamos ali atrás que quando nós, mãe e filhas, “enfrentamos” a Educação Básica, não 
era permitido o uso da língua de sinais? Bem, a filosofia educacional que orientava a educação dos surdos naquela 
época (20 anos atrás), era o oralismo.
As pessoas que defendiam o oralismo acreditavam que o mais importante de tudo é a integração da criança surda 
no mundo dos ouvintes, e que isso só é possível com o desenvolvimento da língua oral, o Português, no caso do 
9LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
Brasil.
Mas, ensinar e aprender a falar não são tarefas fáceis e exige muita dedicação da família e da escola, além de 
muito esforço da parte da criança, e o que é pior, nem sempre dá certo.
Então, os profissionais que trabalhavam com a educação de surdos foram sentindo necessidade de mudar e 
começaram a perceber que os sinais facilitavam muito a comunicação dos surdos, tanto entre si, como com os 
ouvintes. Só que é muito difícil partir de uma coisa que se acredita, na oralização do surdo, para outra, bem oposta:
aceitar o uso da língua de sinais! Daí que houve um período em que ficou muito forte outra filosofia educacional: a 
Comunicação Total, que utilizava tanto sinais, quanto a fala.
Atualmente, a filosofia educacional que está valendo é o bilinguismo. A palavra bilinguismo significa a utilização 
de duas línguas. Por exemplo, no sul do Brasil, temos muitas colônias de alemães e as pessoas dessas colônias, 
falam sempre alemão, quando estão entre si e utilizam a língua portuguesa em todas as situações fora da sua 
comunidade.
É esta a principal ideia do bilinguismo na educação de surdos. Só que neste caso, a língua principal é a libras e a 
língua portuguesa é considerada a segunda língua, que o surdo aprende na modalidade escrita.
Mas você tem a oportunidade de estudar direitinho sobre essas diferentes filosofias educacionais, com o segundo 
texto da Unidade I: Abordagens educacionais para surdos: oralismo, comunicação total e bilinguismo.
Outra coisa importante a respeito dos surdos que você vai ver ainda na Unidade I, diz respeito à formação da sua 
Identidade. O que isto quer dizer?
Lembra que falamos do período em que o oralismo era a filosofia educacional adotada no Brasil e no mundo? Neste 
período, as crianças surdas eram proibidas de usar a língua de sinais, as famílias eram aconselhadas a não deixar 
que elas tivessem contato com adultos surdos e assim, os únicos adultos que elas conheciam eram ouvintes. Isso 
era tão grave que a Marília, quando tinha 8 anos, perguntou para a mãe se os surdos morriam quando cresciam!
Qual era a consequência disso: ao serem educadas no mundo dos ouvintes, as crianças surdas tinham como 
modelos adultos ouvintes e não se reconheciam como surdos, se sentindo muito infelizes.
Com o reconhecimento da libras, os surdos agora frequentam associações de surdos, as crianças conhecem 
surdos que trabalham, que são professores, são casados, moram sozinhos, criam filhos, enfim, elas sentem que 
podem ser surdas e felizes!
Entender melhor este processo de construção de identidades surdas é o tema do terceiro e último texto que constitui 
a Unidade I. Este texto trata ainda da cultura surda, que é a maneira do surdo ser, perceber e vivenciar o mundo de 
modo a torná-lo compreensível e habitável. Portanto, para conhecer mais sobre a cultura e as identidades surdas, 
leia atentamente o texto: Cultura e identidades surdas. 
Com o texto citado anteriormente, você termina de estudar a Unidade I e já conheceu a história da educação dos
10 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
surdos, as principais abordagens educacionais e um pouco do mundo surdo, ao estudar sua cultura e o processo 
de formação das identidades.
É muito importante que você realize as atividades recomendadas lá, para seu autoestudo. Não deixe de fazê-las, 
pois elas permitem uma revisão e contribuem para a consolidação do seu aprendizado.
Bem, se você leu com atenção a Unidade I, já deve ter compreendido um pouco mais sobre o mundo dos surdos 
deve estar pensando em como se organiza a educação do surdo aqui no Brasil.
Portanto, está na hora de você compreender como está acontecendoa educação do surdo no Brasil atual. 
Quaissão as políticas, as leis e os programas públicos de atendimento educacional ao surdo.
Afinal, você já respondeu aquelas perguntinhas que deixamos lá atrás e sabe que você quer ser um professor 
parafazer a diferença!
Pense nisso. Nós sabemos que a realidade da Educação Básica brasileira deixa a desejar, por isso, a maioria 
daspessoas que conseguem chegar até ao curso superior, tem sucesso muito mais pelo esforço pessoal do que 
por causa da escola. Afinal, não aprendemos só na escola!
No caso de uma criança surda, ou com qualquer outra necessidade especial, como a interação com o meioem 
que vive é prejudicada, todo acesso à informação depende da escola e, portanto, seu sucesso no futuro só 
vai acontecer POR CAUSA DA ESCOLA. E, neste caso, quem faz isso acontecer, é o professor. É o que você 
escolheu ser na vida.
Assim, a Unidade II trata como o próprio título indica, de maneira direta, sobre Legislação e Políticas Públicas para 
a Educação de Surdos.
Na introdução da Unidade II, abordamos algumas questões acerca da inclusão do aluno surdo, pois são eles, os 
alunos com necessidades educativas especiais que encontram maiores dificuldades no processo de inclusão, pois 
como já comentamos antes, o processo de ensinar e aprender ainda se sustenta quase que exclusivamente na 
comunicação oral, o que está mudando com a adoção do bilinguismo.
Mas, para que a educação de surdos chegasse ao estágio atual, com a inclusão se fortalecendo e com os futuros 
professores aprendendo Libras, muita luta foi travada e o primeiro texto da Unidade II: A inclusão escolar do surdo 
brasileiro, apresenta um pouco do difícil caminho e as principais conquistas dos surdos até agora.
Outra coisa que você precisa saber é que a maioria das crianças surdas é filha de pais ouvintes que quase nada 
conhecem a respeito de surdez, de libras ou dos direitos dos seus filhos.
Por isso é fundamental que os professores conheçam a legislação acerca dos direitos dos surdos, pois, muitas 
vezes, são estes os únicos profissionais aos quais a família tem acesso.
Assim, o segundo texto da Unidade II, aborda a Legislação brasileira referente à educação de surdos, começando 
pela Constituição Federal de 1988; até o Decreto 5626/2005, que estabelece a inclusão da Língua Brasileira de 
11LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
Sinais nos cursos de licenciatura e de fonoaudiologia, passando por, entre outras, a Lei Federal 10 098/2000, 
referente à Acessibilidade e a Lei 10 436/2002, que reconhece a Libras como língua oficial do Brasil.
Mas, se conhecer a Legislação sobre a educação de surdos no Brasil é fundamental para que você, no futuro 
possa orientar seus alunos e familiares, é importante também conhecer as políticas públicas educacionais para o 
surdo brasileiro, para que você possa lutar por melhores condições de trabalho.
Por isso, encerramos a Unidade II discutindo com você, sobre a Educação de Surdos e as Políticas Públicas do 
Brasil: A Política Nacional de Educação Especial de 1994; O Plano Nacional de Educação – 2001; O Programa 
Nacional de Apoio à Educação dos Surdos.
Fim da Unidade II? Então, vamos lá, agora é hora das atividades de autoestudo. Faça todas com dedicação, pois 
elas constituem parte fundamental de seu aprendizado.
Você deve estar pensando: Puxa vida, já estudei tanta coisa e ainda nada de libras!
Pois é, primeiro nossa intenção foi que você conhecesse um pouco do mundo surdo, em particular das questões 
referentes à sua educação. Mas agora, na Unidade III, nosso tema é a Libras, em seus aspectos gerais.
Muitas pessoas pensam que a língua de sinais não é como as línguas faladas. Bem, elas estão erradas. E mais, 
quem acredita que as línguas de sinais são apenas mímicas ou gestos parecidos com o que se está representando, 
também acreditam que elas são iguais no mundo inteiro. Isto também é errado!
Já a partir da introdução da Unidade III, você vai ficar sabendo que a libras é uma língua com gramática própria e 
proporciona para os surdos, tudo que a língua oral proporciona aos ouvintes. E ainda, cada país tem a sua língua 
de sinais. A Libras é a Língua Brasileira de Sinais, falada pelos surdos brasileiros.
Para entender melhor o que é uma língua de sinais, o primeiro texto da Unidade III, com o título de Paralelos entre 
Libras e a Língua Portuguesa, faz comparações entre as duas línguas, mostrando o que elas têm de semelhante 
e de diferente.
Em seguida, são apresentados os Parâmetros da Língua Brasileira de Sinais, para que você possa compreender 
como são formados os sinais que compõem a libras. Em seguida, apresentamos o alfabeto digital, que são os 
sinais que correspondem às letras do nosso alfabeto Apresentamos, também, os números, dias da semana, 
estações do ano e coisas da natureza.
Por fim, nós não dissemos que a libras é uma língua como as orais, com gramática própria e tudo mais? Então, 
agora é hora de aprender um pouco dessa gramática tão diferente.
Outra coisa, você já pensou que boa parte da nossa conversa depende da entonação que damos às frases? É só 
pensarmos como lemos uma frase que tem no final um ponto de interrogação por exemplo.
12 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
Leia em voz alta as seguintes frases:
Está chovendo.
Está chovendo?
Está chovendo!
Nós lemos cada uma delas com uma entonação diferente, não é mesmo? Bem, se em libras não temos o som, 
como são estabelecidas essas diferenças?
A resposta a essa questão, você vai encontrar no último texto que compõe a Unidade III: Espaço gramatical e 
modulações na Libras.
Agora, da mesma forma que nas unidades anteriores, ao terminar o estudo dos textos – que, neste caso daunidade 
III precisam, necessariamente, ser acompanhados dos vídeos, é hora das atividades de autoestudo.
Capriche! Repita, atentamente, cada sinal e procure comunicar-se em Libras com seus colegas, monitores etc. 
Lembre-se: aqui, como na aprendizagem de qualquer outra língua, é fundamental praticar muito.
Na Unidade IV, o objetivo é construir o vocabulário, que chamamos de “Léxico de unidades semânticas”, isto é, 
sinais para um grupo de palavras relacionadas entre si por um grande tema. Então, na Unidade IV, as unidades 
semânticas tratadas são: Família: Identificação pessoal - Saudações cotidianas – relações familiares. Lar: espaço 
físico - móveis e eletrodomésticos – objetos – vestimentas – cores. Alimentos: doces e salgados – frutas – verduras 
– legumes – cereais – bebidas e Animais: domésticos e silvestres – aves –insetos – animais marinhos e peixes.
Você já deve ter percebido a importância das expressões faciais e corporais quando se “fala” libras, ou seja, 
quando sinalizamos. Assim, o espelho é o seu maior colaborador neste seu processo inicial de aprendizagem. 
Treine muito na frente do espelho, com seus amigos. Não tenha vergonha de fazer gestos, usar o corpo, as 
bochechas! Lembre-se, você está ingressando em um novo mundo, irá fazer parte de uma nova comunidade, que 
possui uma cultura diferente!
Como na Unidade IV começamos com a construção efetiva de seu vocabulário em Libras, esta é composta quase 
que exclusivamente por atividades práticas, o vídeo é essencial, assim como as aulas on-line.
Outra coisa importante nas línguas de sinais são os classificadores. Você sabe o que é isso?
O classificador é um elemento (sinal ou palavra) que faz parte de uma língua (de sinais ou oral), com a função de 
classificar, de maneira genérica, alguma classe.
Esta resposta não satisfez você? Então, procure conhecer mais sobre classificadores no último texto da Unidade 
IV.
Depois disso, desenvolva as atividades de autoestudo propostas, além do que está proposto no MID.
Chegamos, finalmente, à Unidade V! Esta unidade é constituída quase que apenas por vocabulário. Só no final, 
13LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
no último texto é que vamos comentar alguma coisa mais sobre gramática, especificamente sobre os verbos. 
A conjugação de verbosem libras é muito mais simples do que na língua portuguesa. É tranquilo. Duvida? Então 
é estudar para crer!
Vamos aprender o vocabulário relacionado a Corpo humano, higiene corporal, saúde, deficiências, emoções 
e religiões. Adjetivos e advérbios usados no cotidiano. Educação: escola – níveis de ensino - espaço físico – 
disciplinas – material escolar. Atividades humanas: esporte e profissões. Meios de transportes, atividades e locais 
públicos. Localização: pontos cardeais - estados brasileiros e suas capitais. Mundo: continentes, países e capitais. 
Principais verbos - marcação de tempos verbais - tipos de verbos.
As mesmas recomendações para o seu estudo continuam: muito treino! Lembre-se do espelho!
Se você realmente quer ser um professor para ser lembrado para sempre pelo seu aluno surdo, se você quer fazer 
a diferença na vida de uma criança surda, você precisa se esforçar para aprender Libras.
É só conhecendo libras que é possível melhorar a comunicação e se tornar alguém importante na vida não apenas 
de uma determinada criança, mas na comunidade surda como um todo.
Sabemos que aprender Libras é uma tarefa difícil e quase impossível de acontecer só com esta disciplina. Nós 
esperamos que você se interesse pelos surdos, pela sua língua e procure estudar mais e mais!
O nosso objetivo aqui é possibilitar a você, futuro professor uma comunicação razoável com seu aluno, favorecendo 
a socialização, estabelecendo vínculos afetivos e nos conteúdos específicos de sua disciplina.
Relembrando então, na primeira unidade, vamos conhecer esse novo mundo constituído pelo surdo, a surdez, a 
educação, a cultura e identidades surdas. A segunda unidade permite a reflexão sobre a legislação e as políticas 
públicas para a educação do surdo brasileiro. Para estas duas unidades, as recomendações de estudo, como 
elaborar questões, são muito importantes.
Na terceira unidade, iniciamos a apresentação da Libras em seus aspectos gerais. A quarta unidade é dedicada à 
construção de vocabulário e, na quinta, continuamos com a construção de vocabulário, particularmente dos verbos 
em Libras.
Para essas três últimas unidades, como a Libras é uma língua percebida visualmente e que envolve movimento 
e expressões faciais e corporais é necessário uma consulta permanente aos vídeos que acompanham a apostila 
para a compreensão do texto. Além, é claro, do bom e velho espelho!!!
Bons estudos!
As autoras
SUMÁRIO
UNIDADE I
O SURDO, A SURDEZ, A EDUCAÇÃO, A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE SURDOS .......................................................................................................... 22
ABORDAGENS EDUCACIONAIS PARA SURDOS: ORALISMO, COMUNICAÇÃO TOTAL E BILINGUISMO . 27
CULTURA E IDENTIDADES SURDAS ............................................................................................................... 32
UNIDADE II
LEGISLAÇÃO E POLíTICAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS
INCLUSÃO: O DIFíCIL CAMINHO ATÉ AQUI ..................................................................................................... 48
A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ATUAL REFERENTE À EDUCAÇÃO DE SURDOS .......................................... 49
A EDUCAÇÃO DE SURDOS E AS POLíTICAS PÚBLICAS DO BRASIL .......................................................... 60
HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS DOS SURDOS E O RECONHECIMENTO DA LIBRAS NO BRASIL ............. 64
HISTÓRICO DOS MOVIMENTOS DOS SURDOS NAS ESCOLAS ................................................................... 67
HISTÓRICO DA FUNDAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE SURDOS .................................................................... 68
OS MOVIMENTOS DOS SURDOS A PARTIR DE 1990 .................................................................................... 69
O SURGIMENTO DA DECLARAÇÃO DE SALAMANCA NA ÉPOCA DO BILINGUISMO ................................. 69
PROGRAMA NACIONAL DE APOIO À EDUCAÇÃO DO SURDO – MEC/FENEIS – RJ .................................. 70
UNIDADE III
ASPECTOS GERAIS DA LIBRAS
PARALELOS ENTRE LIBRAS E LíNGUA PORTUGUESA ................................................................................ 76
PARÂMETROS DA LíNGUA BRASILEIRA DE SINAIS ...................................................................................... 79
INTENSIDADE .................................................................................................................................................... 96
TAMANHO ........................................................................................................................................................... 97
NÚMEROS .......................................................................................................................................................... 98
TEMPO: CALENDÁRIO – HORAS – ESTAÇÕES DO ANO – ESTADOS DO TEMPO - NATUREZA ............... 98
ESPAÇO GRAMATICAL NA LIBRAS ................................................................................................................ 112
MODULAÇÕES DE SINAIS ............................................................................................................................... 123
UNIDADE IV
LÉXICO DE CATEGORIAS SEMÂNTICAS I
FAMíLIA: IDENTIFICAÇÃO PESSOAL – SAUDAÇÕES COTIDIANAS – RELAÇÕES FAMILIARES ............... 137
LAR: ESPAÇO FíSICO – MÓVEIS E ELETRODOMÉSTICOS – OBJETOS – VESTIMENTAS – CORES .........149
ALIMENTOS E BEBIDAS .................................................................................................................................. 167
ANIMAIS DOMÉSTICOS E SILVESTRES – AVES – INSETOS – ANIMAIS MARINHOS E PEIXES .................191
CLASSIFICADORES ......................................................................................................................................... 200
UNIDADE V
LÉXICO DE CATEGORIAS SEMÂNTICAS II E VERBOS
CORPO HUMANO, HIGIENE CORPORAL, SAÚDE, DEFICIÊNCIAS, EMOÇÕES E RELIGIÕES ................ 222
ADJETIVOS E ADVÉRBIOS USADOS NO COTIDIANO .................................................................................. 248
EDUCAÇÃO: ESCOLA - NíVEIS DE ENSINO – ESPAÇO FíSICO – DISCIPLINAS – MATERIAL ESCOLAR .. 257
ATIVIDADES HUMANAS: ESPORTE E PROFISSÕES .................................................................................... 267
MEIOS DE TRANSPORTE, ATIVIDADES E LOCAIS PÚBLICOS ................................................................... 275
BANCOS E ECONOMIA ................................................................................................................................... 283
LOCALIZAÇÃO: PONTOS CARDEAIS – ESTADOS BRASILEIROS E SUAS CAPITAIS ................................ 287
MUNDO: CONTINENTES, PAíSES E CAPITAIS .............................................................................................. 293
VERBOS: TIPOS DE VERBOS – MARCAÇÃO DE TEMPOS VERBAIS – PRINCIPAIS VERBOS USADOS NO 
COTIDIANO ....................................................................................................................................................... 299
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................. 332
UNIDADE I
O SURDO, A SURDEZ, A EDUCAÇÃO, A CULTURA E IDENTIDADES 
SURDAS
Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira
Professora Esp. Beatriz Ignatius Nogueira
Professora Esp. Marília Ignatius Nogueira Carneiro
Objetivos de Aprendizagem
•	 Refletir	sobre	a	importância	da	utilização	das	palavras	corretas.
•	 Refletir	sobre	o	percurso	histórico	da	Educação	de	Surdos.
•	 Cotejar	as	principais	abordagens	pedagógicas	na	Educação	de	Surdos.
•	 Refletir	sobre	cultura	e	processo	de	identidades	surdas.
Plano de Estudo
A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
•	 História	da	Educação	de	Surdos
•	 Abordagens	educacionais	para	surdos:	oralismo,	comunicação	totale	bilinguismo
•	 Cultura	e	identidades	surdas
19LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
INTRODUÇÃO
Apesar de aparentemente não ter importância a denominação ou a palavra escolhida para designar um único ou 
um grupo de indivíduos, o modo como designamos um indivíduo revela nossa concepção da pessoa, grupo ou 
fenômeno a que nos referimos. 
Usar corretamente os termos técnicos não é uma questão sem importância, se desejamos falar ou escrever 
construtivamente numa perspectiva inclusiva sobre seres humanos. A terminologia correta é especialmente 
importante quando falamos de assuntos que envolvem pessoas com deficiência, as quais, tradicionalmente, 
sofrem preconceitos.
As palavras utilizadas para designar as pessoas ou as deficiências acompanham os valores de cada sociedade e 
época, passando a ser incorretas quando esses valores e conceitos vão sendo substituídos por outros, exigindo o 
uso de outras terminologias. Na maioria das vezes, as “novas” palavras já existem na língua falada e escrita, mas 
passam a significar uma coisa nova. 
O maior problema decorrente do uso de termos incorretos é que podemos, mesmo sem intenção, reforçar ou 
mesmo perpetuar conceitos ultrapassados, ideias equivocadas e informações inexatas. É comum entre as pessoas, 
por exemplo, a utilização da expressão surda-muda para designar a pessoa surda. 
Quando se refere ao surdo, a palavra mudo não corresponde à realidade desse sujeito, pois ele não é mudo, no 
sentido de possuir comprometimentos no sistema fonoarticulatório, mas, a maioria das vezes, a pessoa surda ou 
com deficiência auditiva não fala porque não consegue aprender, pois não possui o feedback auditivo.
Há casos de pessoas que ouvem (portanto, não são surdas), mas têm um distúrbio da fala (ou deficiência da fala) 
e, em decorrência disso, não falam, (portanto são mudas).
Deficiência auditiva ou surdez é a incapacidade parcial ou total de audição. Pode ser de nascença ou causada 
posteriormente por doenças. A rigor, do ponto de vista médico, diferencia-se em deficiência auditiva parcial (quando 
há bons resíduos auditivos) e surdez (quando a deficiência auditiva é severa ou total). 
Porém, como as palavras utilizadas em nosso cotidiano não representam apenas a definição médica, mas, e 
principalmente, as concepções que temos dela, os surdos preferem ser denominados “surdos”, particularmente em 
função da noção embutida na palavra “deficiente”, a qual parece indicar quem ou o que não é eficiente.
A expressão deficiente auditivo está ligada ao período que refletia a concepção do Modelo Médico, que entendia o 
surdo como deficiente e, para torná-lo eficiente, a ênfase no trabalho era a de reabilitação (tentativa de reabilitar a 
audição e a fala, na tentativa de minimizar os efeitos provocados pela alteração auditiva).
Atualmente, dentro da concepção defendida por diversos autores como Carlos Skliar; Ronice Quadros, Lucinda 
Brito, Paula Botelho, Gladys Perlin, entre outros, a surdez é entendida muito mais como uma “diferença” do que 
como deficiência. 
A palavra “surdo” é a mais adequada porque permite compreender melhor a surdez, tanto no que se refere à sua 
20 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
condição orgânica como social. Além disso, é a autodenominação escolhida pelos próprios surdos, que desejam 
ser aceitos não como pessoas deficientes, ou seja, como “ouvintes” que têm ausência da audição, mas como 
pessoas que teriam muito mais de igual do que de diferente, pessoas igualmente capazes e que se diferenciam 
dos ouvintes por desenvolverem sua língua por meio de recursos de natureza viso-motora.
Segundo os estudiosos que entendem a surdez como uma diferença e não como deficiência, a surdez é uma 
experiência visual “e isso significa que todos os mecanismos de processamento da informação, e todas as formas 
de compreender o universo em seu entorno, se constroem como experiência visual” (SKLIAR, 1998, p.28).
Como a surdez é impossibilidade ou dificuldade de ouvir, os surdos se baseiam na visão e, portanto, desenvolvem 
uma atenção visual muito grande, percebendo mais detalhes do que os ouvintes. Também possuem uma 
comunicação facial bastante expressiva e usam o corpo e muitos gestos para se fazer entender.
No passado, costumava-se achar que a surdez era acompanhada por algum tipo de déficit de inteligência. 
Entretanto, com a inclusão dos surdos no processo educativo, compreendeu-se que eles, em sua maioria, não 
tinham a possibilidade de desenvolver a inteligência em virtude dos poucos estímulos que recebiam e que isto 
era devido à dificuldade de comunicação entre surdos e ouvintes. Porém, o desenvolvimento das diversas línguas 
de sinais e o trabalho de ensino das línguas orais permitiram aos surdos os meios de desenvolvimento de sua 
inteligência.
De acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil atingiu o século XXI com 
uma população de aproximadamente 169,8 milhões de habitantes, dos quais, segundo a CORDE (Coordenadoria 
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência), 14,5 % apresenta algum tipo de deficiência, o 
que equivale a 24,5 milhões de pessoas e, destas, 16,7%, cerca de 4.100.000 pessoas, é deficiente auditivo ou 
surdo. No que se refere ao censo escolar, segundo dados do MEC - Ministério da Educação, em 2001, existiam 
50 mil estudantes surdos matriculados no Ensino Fundamental, a maioria deles em classes comuns, em escolas 
inclusivas.
Apesar desses números elevados, a inclusão de surdos no ensino regular ainda é uma questão polêmica, 
particularmente em função da dificuldade de comunicação entre professores e alunos. Como um esforço de 
transformação da realidade de fracasso educacional vivenciada pelos alunos surdos, o Governo Federal adotou 
diversas medidas, dentre elas o Decreto Federal nº 5626 de 22 de dezembro de 2005, que tornou obrigatório o 
ensino de Libras - Língua Brasileira de Sinais - em todos os cursos de formação de professores e também de 
fonoaudiologia do Brasil.
A Libras é considerada uma língua nativa, de falantes nativos e brasileiros, que é utilizada em todo território nacional 
ao lado da língua oficial – o Português – e ao lado de outras línguas também praticadas no país, como as diferentes 
línguas das comunidades indígenas. Outra importante característica da Libras é que ela não é universal, isto é, 
diferencia-se de outras línguas de sinais utilizadas em outros países, sendo, portanto, brasileira, não podendo ser 
considerada como uma língua estrangeira.
Assim, a Libras é a língua materna e constitutiva do falante surdo, estruturante do seu inconsciente e de 
fundamental importância para a construção da sua subjetividade e identidade. Estudos linguísticos desenvolvidos 
21LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
por pesquisadores brasileiros confirmam que a Libras é uma língua que, como qualquer outra, tem uma sintaxe, 
uma semântica, uma morfologia e uma gramática próprias, não se tratando, absolutamente, de um conjunto de 
gestos, mímica ou de Português sinalizado. 
Temos clareza que o aprendizado da Libras é uma tarefa difícil e impossível de ser concretizada mediante a 
oferta de uma única disciplina no decorrer do curso de Graduação. Todavia, entendemos ser possível capacitar 
o futuro professor para uma comunicação funcional com seu aluno, no que se refere aos principais aspectos de 
socialização, afetividade e conteúdos específicos de sua disciplina, além da compreensão da mudança significativa 
de organização na comunicação, necessária para um desempenho numa língua de características viso-motora.
Dessa forma, esta disciplina tem como objetivo proporcionar o estudo sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, 
bem como refletir sobre a surdez, a cultura, as identidades surdas e a Educação de Surdos na realidade brasileira, 
com vistas à inclusão educacional do surdo.
Para orientar seus estudos, ao final da leitura de cada texto que compõem cada unidade:
1- Elabore umtexto com no máximo 15 linhas, com um resumo do que foi lido, destacando o que você entendeu 
como o mais importante da leitura realizada.
2- Destaque uma dúvida que surgiu durante a leitura e que você conseguiu resolver. Escreva a dúvida em forma 
de pergunta e, em seguida, responda-a.
3- Escreva uma dúvida que surgiu e você não encontrou a resposta nos textos apresentados e que lhe motive a 
pesquisar mais sobre o assunto.
Na primeira unidade, vamos conhecer esse novo mundo constituído pelo surdo, a surdez, a educação, a cultura 
e identidades surdas. A segunda unidade permite a reflexão sobre a legislação e as políticas públicas para a 
educação do surdo brasileiro. Na terceira unidade, iniciamos a apresentação da Libras em seus aspectos gerais. 
A quarta unidade é dedicada à construção de vocabulário e, na quinta, continuamos com a construção de 
vocabulário, particularmente dos verbos em Libras. A partir da terceira unidade, como a Libras é uma língua 
percebida visualmente e que envolve movimento e expressões faciais e corporais é necessário uma consulta 
permanente aos vídeos que acompanham a apostila para a compreensão do texto. 
Nesta primeira unidade, estudaremos a História da Educação de Surdos, para compreendermos melhor a evolução 
dessa educação e das diferentes abordagens ou filosofias educacionais: o oralismo, a comunicação total e o 
bilinguismo, bem como as consequências dessas abordagens para a formação da identidade da pessoa surda. 
Você pode ter acesso à Biblioteca Virtual do INES – Instituto Nacional de Educação de Surdos pelo endereço: 
<www.ines.gov.br/Paginas/biblioteca.asp>	e	clicar	em	pesquisas	bibliográfi	cas.	Lá	você	encontra	muitas	informações	acerca	
de todo o conteúdo dessa disciplina e muito mais a respeito dos surdos, sua educação e sua cultura. 
 
22 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE SURDOS
A principal questão da educação dos surdos, desde seu início, sempre foi se os surdos deveriam desenvolver a 
aprendizagem utilizando a língua de sinais ou a língua oral. Essa decisão, durante muito tempo, foi tomada pelos 
ouvintes. Apenas recentemente os surdos estão podendo definir como preferem ser educados, e a maioria decidiu 
que o melhor para eles é a língua de sinais.
Como não é possível viver no mundo dos ouvintes sem o conhecimento da língua pátria, os surdos defendem que 
a língua de sinais (no caso do Brasil, a Libras) deve ser considerada sua primeira língua e depois devem aprender 
a língua oral (no Brasil, o Português), de preferência na modalidade escrita.
Mas, para poderem conquistar o direito de se expressarem em Libras que, desde 2002 é língua oficial brasileira os 
surdos do mundo todo lutaram muito e por séculos!
Os poucos relatos encontrados sobre a educação dos surdos durante a Antiguidade e por quase toda a Idade 
Média falavam de curas milagrosas dizendo que qualquer sucesso dos surdos era devido à “interferência divina”.
Durante muito tempo, os surdos eram considerados incapazes de serem ensinados, por isso não frequentavam 
escolas. As pessoas surdas, principalmente as que não falavam, eram excluídas da sociedade, sendo proibidas de 
casar, possuir ou herdar bens e viver como as demais pessoas. 
Até o final do século XV, não havia escolas de ensino especializado para surdos, mas, na verdade, a figura do 
preceptor (professor particular) era muito comum para todas as crianças e jovens, principalmente das famílias 
ricas. Famílias nobres e influentes que tinham um filho surdo contratavam os serviços de professores particulares 
para que ele aprendesse a falar, pois a aprendizagem de uma língua era essencial para que os surdos pudessem 
herdar os títulos e as propriedades de suas famílias.
Apenas no início do século XVI que se começa a acreditar que os surdos podiam aprender pela educação e sem 
precisar de “milagres”, surgindo, então, relatos de educadores que apresentavam diferentes resultados obtidos 
com seus trabalhos.
Uma pessoa importante para a educação dos surdos no século XVI é o médico, matemático e astrólogo italiano 
Gerolamo Cardano (1501-1576), o qual tinha um filho surdo. Ele é considerado um educador de surdos, mas 
seus estudos eram mais relacionados à medicina. Cardano afirmou que a escrita poderia representar os sons da 
fala e as ideias do pensamento e, por isso, o fato de não falar não era impedimento para que o surdo adquirisse 
conhecimento. Assim, Cardano já recomendava o uso de sinais e o ensino da linguagem escrita. 
O espanhol Pedro Ponce de Léon (1520-1584) é considerado o primeiro professor de surdos por ter ensinado 
crianças surdas da nobreza espanhola. Frei Ponce de Léon usava, na educação dos surdos, sinais, treinamento 
de voz e leitura labial.
Quarenta anos após a morte de Frei Ponce de Léon, já no século XVII, Juan Pablo Bonet publicou o que seria 
o primeiro livro do mundo para ensinar língua de sinais a surdos e mudos, contendo o alfabeto manual. Bonet 
23LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
dava grande importância à expressão e ao treino oral nos primeiros anos de vida da pessoa e sempre utilizava a 
comunicação gestual. A primeira intervenção pedagógica de Bonet com seus alunos era ensinar o alfabeto gestual e 
as letras correspondentes na forma escrita. Depois era ensinada a articulação das letras para, finalmente, se entrar 
nas estruturas gramaticais. Os gestos eram considerados importantes para os surdos entenderem o significado 
das palavras e, como ele os adotava para ajudar os surdos a falarem, o método de Bonet pode ser considerado a 
base para a Comunicação Total, que é utilizada até os dias de hoje e que estudaremos no próximo tópico.
Juan Pablo Bonet
No século XVIII, a educação dos surdos avançou bastante, principalmente com os trabalhos do Abade Charles 
Michel De L’Epée, na França, e de Samuel Heinicke, na Alemanha. Esses dois educadores utilizavam metodologias 
diferentes: De l’Epée utilizava sinais e Heinecke defendia o oralismo puro, que é uma abordagem para a educação 
de surdos que não permite o uso de gestos, só a fala.
Samuel Heinicke ensinava crianças surdas, criando, em 1778, uma escola em Liepzig, na Alemanha. Sua 
metodologia defendia que a coisa mais importante no ensino da criança surda seria a língua falada e que uma 
língua gestual poderia prejudicar esta aprendizagem. Heinicke é considerado o fundador do oralismo (que vamos 
estudar melhor na seção seguinte) e de uma metodologia que ficou conhecida como o “método alemão”. 
Samuel Heincke
Na época, era comum manter em segredo o modo como se conduzia a educação dos surdos. Cada professor 
24 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
trabalhava sozinho e não trocava experiências e, assim, conhecemos pouco do “método alemão” de Heinicke. Ele 
mesmo escreveu que seu método de educação não era conhecido por ninguém, exceto por seu filho. Ele dizia ter 
passado por muitas dificuldades para criar seu método, motivo pelo qual não pretendia dividir suas conquistas com 
ninguém.
Considerando que os estudos linguísticos objetivam conhecer os princípios de funcionamento das línguas, suas 
semelhanças e diferenças, podemos dizer que os estudos linguísticos acerca das línguas de sinais tiveram início 
com o abade francês Charles De L’Epée, no final do século XVIII. O abade, a partir da observação de grupos de 
surdos, verificou que estes desenvolviam um tipo de comunicação apoiada no canal viso-gestual, que era muito 
satisfatória. Partindo dessa linguagem gestual, ele desenvolveu um método educacional, apoiado na linguagem de 
sinais da comunidade de surdos franceses, acrescentou alguns sinais que tornavam a estrutura da linguagem dos 
surdos mais parecida com o francês e denominou esse sistema de “sinais metódicos”. 
Charles Michel de L’Epée
Em 1775, De L’Epée fundou uma escola para surdos, a primeira em seu gênero, com aulas coletivas, onde 
professores e alunos usavam os chamados sinais metódicos. A proposta educativa da escola era que osprofessores 
deveriam aprender tais sinais para se comunicar com os surdos; eles aprendiam com os surdos e, com essa forma 
de comunicação, ensinavam o francês falado e escrito.
Diferente de Heinecke, que escondia seu método, De L’Epée divulgava seus trabalhos em reuniões periódicas e 
propunha-se a discutir seus resultados. Em 1776, publicou um livro no qual divulgava suas técnicas. Seus alunos 
usavam bem a escrita, e muitos deles ocuparam mais tarde o lugar de professores de outros surdos. 
Nesse período, alguns surdos puderam destacar-se e ocupar posições importantes na sociedade de seu tempo, 
além de haverem escrito vários livros falando de suas dificuldades de comunicação e dos problemas causados 
pela surdez.
A partir do século XVIII, dois grupos foram criados na educação de surdos: um grupo que defendia o oralismo puro, 
não permitindo o recurso gestual e outro que buscava a aquisição da língua oral, tendo como suporte a linguagem 
gestual (metodologia combinada). 
25LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
No início do século XIX, Thomas Hopkins Gallaudet criou a primeira escola para surdos dos Estados Unidos da 
América usando sinais. Esta escola atualmente é a Gallaudet University e atende estudantes surdos do mundo 
todo. Em 1835, a língua americana de sinais (ASL) foi reconhecida como língua dos surdos dos Estados Unidos. 
Thomas Hopkins Gallaudet
As duas abordagens metodológicas avançaram, surgindo, então, encontros mundiais de educadores de surdos 
para divulgação das práticas pedagógicas. O primeiro desses encontros foi o I Congresso Internacional sobre a 
Instrução de Surdos, realizado em 1878, em Paris. Nesse congresso, apesar de todos os participantes entenderem 
que o uso de sinais facilitava a comunicação dos surdos, vários grupos defendiam que o oralismo era muito 
importante para a criança poder se comunicar com os ouvintes. É somente a partir do Congresso de Paris que os 
surdos adquiriram o direito a assinar documentos.
Os debates sobre qual metodologia era mais adequada para a educação dos surdos continuaram e, em 1880, foi 
realizado o II Congresso Internacional, em Milão, que provocou uma reviravolta nas práticas pedagógicas para o 
ensino dos surdos. Organizado praticamente apenas por oralistas, o objetivo velado do Congresso de Milão era 
tornar o oralismo obrigatório na educação de surdos. Nesse Congresso, um dos inventores do telefone, Graham 
Bell, exerceu enorme influência a favor do oralismo.
Para conseguirem seus objetivos, os oralistas apresentaram diversos surdos que falavam bem e, na assembleia de 
encerramento, com exceção dos cinco membros americanos e de um professor britânico, todos participantes, em 
sua maioria europeus e ouvintes, votaram por aclamação a aprovação do uso exclusivo e absoluto da metodologia 
oralista, proibindo, a partir de então, a utilização da linguagem de sinais. 
Assim, a partir do Congresso de Milão, no mundo todo, com exceção do Instituto Gallaudet nos Estados Unidos, o 
oralismo foi o referencial assumido e suas práticas educacionais foram amplamente desenvolvidas e divulgadas, 
não sendo questionadas por quase um século. 
Todavia, o trabalho educacional realizado na abordagem oralista não mostrou bons resultados, pois a maioria dos 
surdos profundos não conseguiu desenvolver uma linguagem oral que lhe permitisse conviver em sociedade, além 
apresentarem muitas dificuldades para aprender ler e escrever. 
26 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
Apesar desse fracasso evidente, o oralismo ganhou nova força na década de 50 do século XX quando, com 
o avanço da tecnologia, surgem os primeiros aparelhos de audição para crianças surdas muito pequenas. Os 
oralistas acreditavam que com a protetização (uso dos aparelhos) desde muito cedo, os surdos poderiam “ouvir” e 
então, aprender a falar. Todavia, isso também não se concretizou, na prática, para todas as crianças. 
Com o passar do tempo, a garantia do direito de todos à educação e o avanço da tecnologia dos aparelhos 
auditivos fizeram com que as crianças surdas de diversos países passassem a ser encaminhadas para as escolas 
regulares. No Brasil, as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação passaram a coordenar o ensino das 
crianças com necessidades especiais e surgiram as Salas de Recursos e Classes Especiais para surdos, além de 
algumas Escolas Especiais, com recursos públicos ou privados. 
Na década de 1960 surgiu, no Brasil, o primeiro estudo linguístico sobre línguas de sinais, que não era considerada 
até então uma língua verdadeira. Realizado por William Stokoe, Klima e Bellugi nos Estados Unidos, este estudo 
demonstrou as características que fazem da linguagem de sinais uma língua equivalente à oral, com gramática 
própria tanto no nível fonético, como fonológico e semântico.
Entre 1960 e 1970, chega ao Brasil a Comunicação Total, que basicamente tirava a língua oral como o grande 
e principal objetivo na educação de surdos, considerando mais importante a comunicação. Para isso, todos os 
recursos eram usados, como gestos criados, língua de sinais, leitura orofacial, alfabeto manual, leitura e escrita, 
etc.
Em 1969, temos a primeira tentativa de registrar a Língua de Sinais falada no Brasil, por meio de um pequeno 
dicionário, Linguagem das Mãos, organizado pelo missionário americano Eugênio Oates, que apresentou um bom 
índice de aceitação por parte dos surdos. 
Somente em 1980 iniciaram os Estudos Linguísticos no Brasil sobre a Língua de Sinais, saindo o primeiro boletim 
do GELES - Grupo de Estudos sobre Linguagem, Educação e Surdez, da Universidade Federal de Pernambuco, 
no Recife.
Em 1986, a Língua de Sinais passou a ser defendida no Brasil por profissionais influenciados pelos estudos 
divulgados pela Gallaudet University. Nessa mesma época, a língua de sinais utilizada pelos surdos das capitais do 
Brasil foi denominada pela sigla LSCB - Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros. Também foi descoberta 
a existência de outra língua de sinais no Brasil, a LSUK - Língua de Sinais dos índios Urubus-Kaapor.
Os avanços nas pesquisas sobre as línguas de sinais recomendam que a criança surda tenha acesso o mais 
cedo possível à língua de sinais e que, posteriormente, aprenda a língua de seu país, se necessário, apenas na 
modalidade escrita. Essa filosofia de educação dos surdos é a que é adotada atualmente e se chama Filosofia 
de Educação Bilíngue. Para que os surdos brasileiros pudessem ter direito a uma educação bilíngue, muitas lutas 
aconteceram.
Um acontecimento importante foi a criação, em 1987, da FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração 
dos Surdos), uma entidade sem fins lucrativos, a máxima representativa dos surdos, que trabalha em prol da 
sociedade surda garantindo, entre outras coisas: a inclusão do surdo no mercado de trabalho, pesquisas para a 
27LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
sistematização e padronização do ensino de Libras para ouvintes e a defesa dos direitos linguísticos e culturais da 
comunidade surda.
 Em 2001, foi lançado em São Paulo, o Dicionário Enciclopédico Ilustrado de Libras, em projeto da USP – 
Universidade de São Paulo e em 2002 o Dicionário Libras/Português em CD-ROM, trabalho realizado pelo INES/
MEC, com apoio da FENEIS. 
Nacionalmente, a Libras foi recentemente oficializada pela Lei nº. 10.436/2002, enquanto língua dos surdos 
brasileiros, marcando o início de uma nova e promissora era no que diz respeito à pessoa surda, sua capacidade, 
identidade e formação. Essa lei reconhece não somente que a Libras é uma língua e que, como tal, deve ser 
respeitada, mas que a comunidade surda, sua cultura e sua identidade devem ser respeitadas.
Com tantos avanços, a discussão da educação dos surdos agora se prende à Inclusão ou Escolas Especiais. Mas 
essa é outra história.
Você	pode	obter	gratuitamente	a	Série	Atualidades	Pedagógicas	–	Educação	Especial:	Defi	ciência	Auditiva,	publicada	pelo	
MEC	 e	 composta	 de	 cinco	 volumes,	 um	 dosquais	 destinado	 especifi	camente	 à	 aprendizagem	 da	 Libras,	 acessando:	
<www.ines.gov.br/ines_livros/livro.html>
Você pode saber muito mais sobre os surdos e sua educação lendo o Volume 7, número 2, da Revista ETD, da Unicamp, 
publicado em 2006. Para isso, acesse o site da revista: <www.fae.unicamp.br/etd>
ABORDAGENS EDUCACIONAIS PARA SURDOS: ORALISMO, COMUNICAÇÃO TOTAL E 
BILINGUISMO
Conforme vimos no texto anterior, até o Congresso de Milão, as duas principais correntes metodológicas da 
educação de surdos, o oralismo e o gestualismo conviviam “pacificamente”, e o objetivo maior dessa educação era 
que o surdo aprendesse a língua que falavam os ouvintes da sociedade na qual viviam.
Em seu início, a educação de surdos, além da atenção dada à fala, enfatizava também a língua escrita e, por isso, 
os alfabetos digitais eram muito utilizados. Eles eram inventados pelos próprios professores, que defendiam a 
ideia de que se o surdo não podia ouvir e nem se expressar na língua falada, ele podia comunicar-se pela escrita. 
Mesmo os professores de surdos que defendiam o oralismo iniciavam o ensinamento de seus alunos pela leitura 
e escrita e, com este apoio, utilizavam diferentes técnicas para desenvolver outras habilidades, tais como leitura 
labial e articulação das palavras. 
Apesar desses aspectos em comum, já no começo do século XVIII começa a surgir uma brecha que “se alargaria 
28 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
com o passar do tempo e que separaria irreconciliavelmente oralistas de gestualistas” (LACERDA, 1998, p.70). 
De maneira ampla, o que diferencia oralistas de gestualistas é que os primeiros exigiam que os surdos falassem 
e que se comportassem como se não fossem surdos. Os gestualistas entendiam melhor as dificuldades do surdo 
com a língua falada e perceberam que os surdos desenvolviam uma linguagem que permitia a comunicação e 
“lhes abria as portas para o conhecimento da cultura, incluindo aquele dirigido para a língua oral” (LACERDA, 
1998, p.70).
O que é importante destacar dessa divergência entre os defensores do oralismo e do gestualismo é o fato de 
que existem diferentes maneiras de se enfrentar as consequências da surdez e ainda não existem estudos que 
permitam determinar com certeza, se uma única abordagem metodológica seria a mais indicada para a educação 
de todos os surdos. O ideal seria que a família, juntamente com os profissionais, e conhecendo as particularidades 
de cada criança, pudessem escolher qual abordagem ou mesmo qual combinação delas seria mais indicada para 
sua educação.
De maneira geral, para as crianças possuidoras de resíduos auditivos, isto é, que conseguem ouvir alguma coisa, 
costuma ser indicada uma educação que favoreça a aquisição da fala, ou seja, uma abordagem oral. Para aquelas 
que não possuem um resíduo auditivo suficiente ou tenham muita dificuldade para desenvolver a oralidade, o 
indicado é uma abordagem que privilegie a Língua de Sinais.
Atualmente, são três as principais abordagens que fundamentam diferentes metodologias na educação de surdos: 
Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo.
Oralismo
O alemão Heinicke, que viveu no século XVIII é considerado o fundador do oralismo por ter criado uma metodologia 
que ficou conhecida como o “método alemão”. Para Heinecke, o pensamento dependeria da língua oral para existir 
e, assim, a língua escrita deveria ser aprendida somente após a língua oral. 
Atualmente, os objetivos do oralismo ou filosofia oralista, de acordo com Goldfield (1997), é a integração da criança 
surda na comunidade de ouvintes, mediante o desenvolvimento da língua oral, o Português, no caso do Brasil. 
Mesmo com o avanço das pesquisas linguísticas sobre as línguas de sinais, alguns oralistas continuam defendendo 
que, para a criança surda se comunicar com o mundo ela precisa ser oralizada, ou seja, precisa saber falar e, 
desse modo, a abordagem de enfoque oralista é contra o uso da Língua de Sinais ou de qualquer código gestual 
porque acredita que com os “gestos” os surdos se acomodariam e não iriam se esforçar para aprender a língua 
oral e mais, afirmam que o uso da língua de sinais tornaria impossível o desenvolvimento de hábitos orais corretos.
Nessa abordagem, a educação do surdo deve começar com os bebês e deve aproveitar todos os recursos 
disponíveis para se desenvolver a linguagem interior da mesma forma como acontece aos ouvintes, isto é, resíduos 
auditivos, amplificação sonora, leitura labial, percepção das vibrações vocais etc.
Ensinar e aprender a falar não são tarefas fáceis e exige muita dedicação da família e da escola, além de muito 
29LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
esforço da parte da criança, contudo, sem que se possa garantir sucesso.
Dentro da filosofia oralista existem correntes que se diferem tanto na teoria quanto na prática, originando diversas 
metodologias de oralização: método acupédico, método Perdoncini, método verbotonal, entre outros, porém, 
qualquer que seja a metodologia adotada, um programa oralista se fundamenta nos seguintes pressupostos: 
•	 O	único	meio	de	comunicação	aceito	é	a	língua	oral.
•	 O	trabalho	para	a	aquisição	da	fala	deve	ser	iniciado	assim	que	se	descobre	a	surdez	da	criança.	Atualmente,	
com o “teste da orelhinha”, seria desde o seu nascimento.
•	 A	educação	oral	deve	começar	no	lar,	exigindo	a	dedicação	de	todas	as	pessoas	que	convivem	com	a	criança,	
especialmente a mãe, durante todas as horas de cada dia do ano.
•	 O	trabalho	de	aquisição	da	fala	ou	educação	oral	necessita	de	fonoaudiólogos	e	pedagogos	especializados	
para atender o aluno e orientar e acompanhar a ação da família.
•	 A	educação	oral	requer	equipamentos	especializados	como	o	aparelho	de	amplificação	sonora	individual.
O oralismo entende a surdez como uma deficiência que precisa ser direcionada para a normalidade, mediante 
estimulação auditiva e reabilitação da fala da criança surda, buscando assemelhá-la o máximo possível à criança 
ouvinte e assim integrá-la na comunidade (GOLDFELD, 1997).
Ao final de várias décadas, o trabalho educacional realizado na abordagem oralista não mostrou bons resultados, 
pois a maioria dos surdos profundos não conseguiu desenvolver uma linguagem oral que lhe permitisse conviver 
em sociedade, além apresentarem muitas dificuldades para aprender ler e escrever. 
Apesar desse fracasso evidente, o oralismo ganhou nova força na década de 50 do século XX quando, com 
o avanço da tecnologia, surgem os primeiros aparelhos de audição para crianças surdas muito pequenas. Os 
oralistas acreditavam que com a protetização (uso dos aparelhos) desde muito cedo, os surdos poderiam “ouvir” e 
então, aprender a falar. Todavia, isso também não se concretizou, na prática, para todas as crianças. 
Essa crença de que o aparelho de amplificação “resolve” o problema dos surdos persiste até hoje, porém, não 
basta a colocação do aparelho para que o surdo escute. O som que “entra” pelo aparelho, é o som total do 
ambiente, como o som da gravação que fazemos de uma aula, que, juntamente com a voz do professor, traz 
ruídos de folhas de caderno sendo viradas; cadeiras arrastadas; veículos passando pela rua, sussurros dos alunos, 
risadas e passos no corredor, etc.; dificultando a compreensão do que foi dito pelo mestre. Para poder se beneficiar 
da prótese auditiva, o surdo precisa passar por um longo processo de “treinamento auditivo”, para desenvolver sua 
atenção auditiva e poder identificar os diferentes sons. 
O predomínio do oralismo começou a diminuir na década de 60 do século passado, a partir de fortes críticas a esta 
abordagem, principalmente pelos educadores e pesquisadores dos Estados Unidos e pela realização de diversos 
estudos sobre as línguas de sinais que as comunidades de surdos desenvolviam, mesmo com a proibição de sua 
utilização no espaço escolar. Desses estudos surgiram as abordagens gestualistas para a educação de surdos.
30 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
GestualismoO principal criador do que se conhece como abordagem gestualista foi o abade francês Charles M. De L’Epée, 
que no século XVIII, na mesma época em que Heinecke criava o “método alemão”, criou o “método francês” de 
educação de surdos, conhecido como “sinais metódicos”. Para De L’Epée, a linguagem de sinais seria a língua 
natural dos surdos e possibilitaria o desenvolvimento do pensamento e sua comunicação. 
Duas são as principais abordagens sustentadas no gestualismo: a Comunicação Total, que ganhou impulso nos 
anos 70, e o Bilinguismo, que é a mais adotada atualmente no mundo todo. 
Comunicação Total
Na Comunicação Total, como o próprio nome indica, todos os esforços são empregados no sentido de uma 
comunicação mais efetiva entre surdos e entre surdos e ouvintes, utilizando, portanto, modelos auditivos, manuais e 
orais. Apesar da oralização não ser o principal objetivo da educação de surdos nessa abordagem, seus defensores 
entendem que tudo o que é falado pode ser expresso por gestos, ou seja, pode ser visualizado e, desta forma, os 
sinais são utilizados como apoio na aquisição da linguagem oral e escrita. 
A filosofia da Comunicação Total tem como principal preocupação os processos comunicativos entre surdos 
e surdos, e entre surdos e ouvintes. Essa filosofia também se preocupa com a aprendizagem da língua oral 
pela criança surda, mas acredita que os aspectos cognitivos, emocionais e sociais, não devem ser deixados 
de lado em prol do aprendizado exclusivo da língua oral. Por esse motivo, esta filosofia defende a utilização 
de recursos espaço-visuais como facilitadores da comunicação (GOLDFELD, 1997, p. 35).
A Comunicação Total foi adotada no Brasil, no final da década de 1970, particularmente nos estados do Rio de 
Janeiro e Rio Grande do Sul. 
Um dos aspectos considerados pelos defensores da Comunicação Total é que crianças que foram educadas 
segundo o oralismo, desde muito cedo, não tiveram desenvolvimento social e emocional satisfatório, mesmo 
quando conseguiam relativo sucesso na aprendizagem da língua oral. 
A surdez é entendida pelos defensores da Comunicação Total não como uma patologia (doença) ou uma deficiência 
que precise ser normalizada, como os oralistas entendem, mas uma “marca” com “significações sociais” (CICCONE, 
1990, p.7). 
A família, da mesma forma que no oralismo, desempenha papel fundamental na educação dos surdos segundo 
a Comunicação Total, mas aqui, a família não desempenha o papel de profissional especializado na aquisição da 
linguagem, mas o de compartilhar experiências, valores e significados, contribuindo, assim, para o desenvolvimento 
social e emocional do surdo.
De acordo com Ciccone (1990), um programa de Comunicação Total utiliza técnicas e recursos para:
•	 Estimulação	auditiva
•	 Adaptação	de	aparelho	de	ampliação	sonora	individual	(prótese	auditiva)
31LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
•	 Leitura	labial
•	 Oralização
•	 Leitura	e	escrita
Além desses procedimentos, a Comunicação Total utiliza também a datilologia e a língua de sinais. Autores como 
Sanches (1997) e Dorziat (1997) acreditam que o maior problema desta metodologia ou filosofia, seria a mistura 
das duas línguas (Português + Língua de Sinais), o que resultaria numa terceira modalidade que é o Português 
Sinalizado.
Os resultados obtidos com essa abordagem não foram satisfatórios nem para a aquisição da língua oral e nem para 
a escrita. Esses resultados e o aprofundamento dos estudos realizados sobre línguas de sinais foram direcionando 
a educação dos surdos para uma abordagem bilíngue, porém,
o que a comunicação total favoreceu de maneira efetiva foi o contato com sinais, que era proibido pelo 
oralismo, e esse contato propiciou que os surdos se dispusessem à aprendizagem das línguas de sinais, 
externamente ao trabalho escolar. Essas línguas são frequentemente usadas entre os alunos, enquanto na 
relação com o professor é usado um misto de língua oral com sinais (LACERDA, 1998, p.76).
Bilinguismo
A abordagem bilíngue tem como ponto de partida que os surdos podem desenvolver uma língua que permite 
uma comunicação eficiente. Essa língua, apoiada na visão e utilizando as mãos - a Língua de Sinais - é, para os 
bilinguistas, a primeira língua dos surdos, que a aprendem com naturalidade e rapidez.
O bilinguismo começou a ganhar força mundialmente a partir da década de 1980 e, no Brasil, a partir de 1990. 
Na Suécia, essa filosofia já é adotada há bastante tempo. No Uruguai e na Venezuela, o bilinguismo é adotado de 
maneira oficial, ou seja, nas instituições públicas, a exemplo do que está ocorrendo atualmente no Brasil. Todavia, 
assim como a inclusão, a adoção do bilinguismo nas escolas públicas brasileiras ainda é incipiente, apesar dos 
esforços governamentais. 
De acordo com essa filosofia, a criança surda deve adquirir, o mais cedo possível e inicialmente, a língua de 
sinais, considerada a sua língua natural. Essa aquisição deve ser feita com a comunidade surda. Somente como 
segunda língua deveria ser ensinada, na escola, a língua oficial do país, no nosso caso o Português, de preferência 
em sua forma escrita. Apenas quando as condições forem favoráveis deve ser ensinada a língua portuguesa na 
modalidade oral.
Para alguns estudiosos do bilinguismo, a criança surda deve adquirir a língua de sinais e aprender a língua falada, 
de maneira separada (com pessoas e em locais diferentes), o mais cedo possível e, só depois, deve aprender a 
língua escrita. Para outros, o que importa é o desenvolvimento cognitivo, social e emocional do surdo, o que só 
seria possível mediante a consolidação da língua de sinais. Assim, nesse último caso, a criança deve adquirir 
inicialmente a língua de sinais e depois, no momento adequado, ser alfabetizada, não se ensinando a língua falada. 
32 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
O bilinguismo entende a surdez como diferença linguística, e não como uma deficiência a ser normalizada pela 
reabilitação como no oralismo. E assim, os surdos constituiriam uma comunidade particular, com cultura e língua 
próprias, como veremos no próximo texto.
Para os bilinguistas a “problemática global do surdo” é “intimamente dependente de seu desenvolvimento linguístico” 
e “só mesmo o respeito à língua de sinais conduzirá a um maior sucesso educacional e social do surdo” (BRITO, 
1995, p.16)
O bilinguismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser Bilíngue, ou seja, deve adquirir como língua 
materna a língua de sinais, que é considerada a língua natural dos surdos e, como segunda língua, a língua 
oficial de seu país (GOLDFELD, 1997, p. 39).
Tornar-se letrado numa abordagem bilíngue pressupõe a utilização de língua de sinais para o ensino de todas 
as disciplinas. [...]. Faz também parte do projeto bilíngue que todo o corpo de funcionários da escola, surdos 
e ouvintes, e os pais, aprendam e utilizem a língua de sinais (BOTELHO, 2002, p. 112).
O bilinguismo é uma proposta de ensino usada por escolas que se propõem a tornar acessível à criança duas 
línguas no contexto escolar. Os estudos têm apontado para essa proposta como sendo a mais adequada para 
o ensino das crianças surdas, tendo em vista que considera a língua de sinais como língua natural e parte 
desse pressuposto para o ensino da língua escrita (QUADROS, 1997, p.27).
Ainda segundo Quadros (1997), a preocupação do bilinguismo é respeitar a autonomia das línguas de sinais 
organizando-se um plano educacional que respeite a experiência psicossocial e linguística da criança com surdez.
É por essas razões que, atualmente, dá-se tanta importância ao fato de o professor ouvinte conhecer e usar a 
Língua de Sinais, no caso do Brasil, a Libras. A comunicação adequada entre professores ouvintes e alunos surdos 
é a condição primeira para uma escola realmente inclusiva.
Para saber mais sobre os surdos, sua educação, a proposta inclusiva e sobre educação e diversidade acesse:
 <www.editora-arara-azul.com.br>
CULTURA E IDENTIDADES SURDAS
Jávimos que a partir do Congresso de Milão e durante quase todo o século XX, a Educação dos Surdos teve o 
oralismo como Ideologia Dominante, pensando no surdo pelo Modelo Médico, no qual ele é tratado como deficiente, 
não se pensando na sua diferença linguística.
33LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
A educação oferecida aos surdos dava muita importância à oralização e os educadores ficavam tão ocupados 
ensinando os surdos a falar que não percebiam a importância da formação da Identidade e Cultura Surda para o 
Surdo. Assim, a educação não formava os surdos como cidadãos críticos e pouco se discutia a importância de se 
buscar a igualdade sem, entretanto, eliminar a diferença.
Os surdos educados no oralismo não se reconheciam como surdos, mas como não ouvinte, não normal. Eram 
vistos e obrigados a se verem a partir da perspectiva do que não podiam fazer, e toda tentativa de formação de 
identidade cultural era considerada como uma tentativa de formação de guetos e segregação, sendo, portanto, 
desprezada e mesmo proibida. 
Isso acontecia porque, para o ouvinte, a surdez significa a perda de comunicação e, assim, o surdo seria alguém 
que não poderia fazer parte do mundo ouvinte. Seria alguém que é menos do que aquele que ouve e precisa ser 
sempre ajudado. Dessa forma, as escolas e entidades DE ouvintes PARA os surdos sempre basearam suas ações 
na filantropia e no assistencialismo.
Quando se fala em identidade e em cultura surda, estamos pensando na surdez como uma diferença. Primeiro, 
é preciso entender que diferença não é o contrário de igualdade. O contrário de igualdade é desigualdade. A 
diferença não deve ser entendida como uma coisa que é contrária à normalidade. Entender a surdez como 
diferença significa a uma minoria linguística que faz uso de outra língua – Língua de Sinais – e constituem uma 
comunidade específica.
Entender o surdo como deficiente auditivo, é considerar que ele tem uma patologia e necessita de especialista para 
aprender a falar e ficar o mais parecido possível com o ouvinte. Assim, o que se faz é não reconhecer o direito do 
surdo de ser diferente, é não aceitar a Língua de Sinais, a Cultura e a identidade surdas.
Durante muito tempo se acreditou que a linguagem oral era a única responsável pelo funcionamento cognitivo humano 
e a dificuldade encontrada pelos surdos para falar foi considerada como quase impeditiva do desenvolvimento do 
pensamento. A língua de sinais, durante muito tempo, foi confundida com mímica e, assim, estaria presa ao mundo 
concreto, não permitindo a compreensão de conceitos abstratos. Por isso, o oralismo dominou em todo o mundo 
até a década de 1970. Porém, outros estudos sobre cognição e linguagem, como os de Piaget e de Vygotski, 
mostraram que o que é importante é a comunicação e não a língua que se usa.
Assim, a surdez não torna a criança um ser que tem possibilidades a menos, ou seja, ela tem possibilidades 
diferentes, e não menores. Partindo disso, entra em questão um novo fator, pois, junto com uma língua distinta 
para os surdos, surge também uma nova cultura, ou seja, junto ao bilinguismo, veio o biculturalismo, revelando um 
processo antes ignorado, que é o processo de construção da identidade cultural surda, uma vez que o surdo tem 
contato com dois grupos culturais distintos, o ouvinte e o surdo. 
Somente a partir da década de 1980, é que foi entendida a necessidade de reconhecer o verdadeiro valor da 
cultura e da linguagem surda para o desenvolvimento cognitivo e da identidade dos surdos.
Existem muitas formas de definir identidade, mas o melhor significado para o caso dos surdos é o da busca do 
direito de ser surdo. 
34 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
Gladis Perlin é uma pesquisadora surda que escreve muito sobre cultura e identidades surdas. Ela diz que a 
influência do poder ouvintista prejudica a construção da identidade surda. Ela também fala que a oralização foi 
imposta aos surdos pelos ouvintes.
Na educação oralista, as crianças surdas eram proibidas de ter contato com surdos adultos que sinalizavam e, 
como a maioria das crianças surdas são filhas de pais ouvintes, por vontade da família ou mesmo por vontade 
própria, os surdos tentavam oralizar e mesmo surdos profundos falavam que ouviam. Não existia uma identidade 
definida.
Com o bilinguismo e com o reconhecimento da Libras como uma língua oficial do Brasil, há contato com os surdos 
adultos, sinalizadores e todos começam a se identificar como surdos. Ao sinalizarem e conviverem em um grupo 
no qual todos sinalizam, ou seja, na comunidade surda, os surdos não mais querem se parecer com os ouvintes, 
agora querem a interpretação das falas dos ouvintes em Libras.
No oralismo, é desenvolvido no surdo o desejo de ouvir e, como tanto o processo de aquisição da fala, quanto o 
de treinamento auditivo são complexos, o surdo sofre muito e fica sempre se sentindo deficiente e incapaz. Na 
educação oralista, também se praticava a integração escolar, com os surdos estudando em salas comuns, sem 
apoio algum, gerando uma situação de não aprendizagem. O surdo, então, não apenas se sentia um fracassado, 
mas também tinha a construção da sua identidade prejudicada, pois o modelo ideal a ser seguido era o do ouvinte. 
Assim, o surdo construía sua identidade em um mundo no qual se via como diferente das outras pessoas, com o 
estigma de incapacidade e de deficiência. O surdo ficava transitando em dois mundos e não se sentia parte de 
nenhum. Não fazia parte do mundo ouvinte, porque não sabia se comunicar bem e também não participava de um 
mundo surdo porque eram proibidos de usar a língua de sinais. O estudioso de surdos, Carlos Skliar, chama esse 
processo de “identidade flutuante”.
Felizmente, alguns surdos conseguiram sobreviver a toda essa relação de poder, e, lutaram muito para estabelecer 
e defender a cultura surda que é fundamental para a construção da identidade surda. Para isso, no mundo todo, o 
Movimento Surdo criou Associações de Surdos como uma resistência contra a cultura dominante, contra a ideologia 
ouvintista. Existe uma história de lutas na qual se procura marcar, entre os próprios surdos e na sociedade em 
geral, discussões sobre a língua de sinais, a cultura e as identidades surdas. Essa luta e as conquistas alcançadas 
têm permitido que a cultura surda se fortaleça e por causa disso, identidades surdas são construídas.
Para Perlin (1998, p. 52), a identidade é algo em construção, uma construção móvel que pode frequentemente ser 
transformada ou estar em movimento, e que empurra o sujeito em diferentes posições. A construção da identidade 
depende de modelos e da forma como o outro enxerga o sujeito. Assim, é de fundamental importância defender a 
cultura surda porque é dentro dela que se constrói a identidade surda.
Mas, a existência da cultura surda depende da língua de sinais. A aquisição da Libras pelo surdo é de extrema 
importância para o desenvolvimento de uma identidade pessoal surda. Para acontecer a construção de nossa 
identidade, como somos seres sociais, precisamos identificar-nos com uma comunidade social específica e, com 
ela, interagir de modo pleno, ou seja, precisamos de uma identidade cultural e, para isso, não basta uma língua e 
uma forma de alfabetização, mas, sim, um conjunto de crenças, conhecimentos comuns a todos.
35LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS | Educação a Distância
Não podemos separar a noção de cultura da de grupo e classes sociais, pois cultura é o espaço no qual se dá a 
luta pela manutenção ou superação das divisões sociais. Talvez seja por isso, por exemplo, que podemos falar de 
uma cultura surda. É dentro desse espaço que os sujeitos surdos passam a se identificar como sujeitos culturais.
O estudo dos surdos mostra que as capacidades do homem de linguagem, pensamento, comunicação e cultura 
não se desenvolvem de maneira automática, não se compõem apenas de funções biológicas, mas também têm 
origem social e histórica; essas capacidades são, como diz Sacks(1998),

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