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DD II RR EE II TT OO EE MM PP RR EE SS AA RR II AA LL TTÍÍTTUULLOOSS DDEE CCRRÉÉDDIITTOO EE ll aa bb oo rr aa dd oo pp oo rr SS éé rr gg ii oo GG aa bb rr ii ee ll TT ee xx tt oo bb áá ss ii cc oo dd ee aa pp oo ii oo pp aa rr aa aa dd ii ss cc ii pp ll ii nn aa dd ee DD ii rr ee ii tt oo EE mmpp rr ee ss aa rr ii aa ll Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 2 CCuurrrrííccuulloo rreessuummiiddoo ddoo aauuttoorr:: Consultor Jurídico Empresarial e Advogado; Graduado em Administração de empresas e Direito; Pós-Graduado em Administração de Empresas; Mestre em Direito; Professor de Prática Jurídica Civil e Empresarial, Direito Empresarial e Direito do Consumidor; Parecerista de Revistas de Doutrina e Jurisprudência; autor de várias obras e artigos jurídicos. Acompanhe o trabalho do autor através das redes sociais: Instagram: @segabriel; @clickjur; @fragmentosjuridicos Facebook: sergiogabriel64 Twitter: professorsg Linkedin: Sergio Gabriel Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 3 TÍTULOS DE CRÉDITO 1. Teoria Geral dos Títulos de Crédito 1.1. Conceito: título de crédito é o documento hábil necessário para o exercício da obrigação pecuniária. 1.2. Obrigação: é o dever pecuniário assumido por uma pessoa em relação à outra. 1.3. Características do título de crédito: a) literalidade: vale o que nele está escrito, e quando houver dúvidas entre o numeral e o extenso, prevalece o que está escrito por extenso; b) autonomia: independe das pessoas que originariamente contrataram a obrigação, ou seja, o título de crédito não se extingue quando sai dos domínios de seus contratantes, podendo ser livremente negociado; c) abstração: não dependem do negócio que deu nascimento ao título, podendo ser executado sem que se discuta a obrigação que o originou; d) formalismo: deve respeitar a forma prescrita em lei, ou seja, sempre que a lei estabelecer forma para o título, o emitente deverá respeitá-la sob pena de nulidade. Exemplo: o cheque é um título com forma prevista em lei, de forma que os bancos, entidades autorizadas a emiti- los, só podem confeccioná-los segundo modelo emitido pelo Banco Central; e) cartularidade: é o que reveste documentalmente o título de crédito, é o pedaço de papel que o representa. 1.4. Classificação dos títulos de crédito: a) quanto ao modelo: podem ser livres ou vinculados; a.1) livres: quando inexiste forma estabelecida em lei (exemplo: Letra de Câmbio, Nota Promissória); a.2) vinculados: quando existe forma estabelecida em Lei (exemplo: Duplicata, Cheque); b) quanto à estrutura: podem ser ordem ou promessa de pagamento; b.1) ordem de pagamento: obrigação de pagamento nasce com título (exemplo: Cheque, letra de câmbio, duplicata) além do que possui três figuras jurídicas, a de quem da ordem, a de quem deve cumprir a ordem, e a de quem deve se beneficiar da ordem; b.2) promessa de pagamento: obrigação de pagamento pode ser futura (exemplo: Nota Promissória) e neste título existe apenas duas figuras jurídicas, a de quem promete pagar e a de quem se beneficiará do pagamento; c) quanto à emissão: podem ser causais ou não causais; c.1) causal: quando a lei estabelecer a possibilidade de sua emissão (exemplo: Duplicata); Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 4 c.2) não-causal: quando não houver previsão legal para a sua utilização (exemplo: cheque, nota promissória, letra de câmbio); d) quanto à circulação: diz respeito à forma de transferência de titularidade do crédito representado no título, podendo ser ao portador ou nominativo; d.1) portador: se beneficia quem estiver em seu poder (Cheque); d.2) nominativos: quando identificam o portador (exemplo: Duplicata), porém, os nominativos podem ser com ou sem cláusula à ordem; d.2.1) à ordem: significa que o direito de crédito pode ser transferido mediante endosso; d.2.2) não à ordem: significa que o direito de crédito só pode ser transferido mediante cessão civil. 1.5. Categoria dos títulos de crédito: a) títulos de crédito próprios: utilizados em operações de crédito, pecuniárias. (exemplo: cheque, nota promissória, letra de câmbio, duplicata); b) títulos de crédito impróprios: não estão ligados a operações de crédito, mas estão revestidos de um valor financeiro. (exemplo: vale refeição); c) títulos de legitimação: também impróprios, porém sem valor financeiro outorgam um direito exaurível ao seu portador. (exemplo: bilhete do metrô); d) títulos de participação: outorgam um direito de participação, portanto não exaurível ao seu portador. (exemplo: carteira de clube, carteira de biblioteca). 1.6. Partes do título de crédito: a) sacador: quem emite o título de crédito, pode ser o credor ou devedor; b) sacado: contra quem se emite um título de crédito, podendo ser o devedor ou um terceiro que integre a relação; c) tomador: quem se beneficiara originalmente do crédito, o credor; d) endossante ou endossador: tomador do título de crédito que transfere sua titularidade, em regra, se torna co-obrigado ao devedor, porém, será sempre o tomador; e) endossatário: pessoa que recebe a titularidade do crédito por endosso, em regra poderá cobrar o crédito do devedor ou do endossante, não assume a posição de tomador, apenas de beneficiário do crédito; f) cedente: quem transfere a titularidade do crédito mediante cessão civil; g) cessionário: pessoa que recebe a titularidade do crédito mediante cessão civil; h) avalista: pessoa que se obriga como garantidor ao crédito expresso no título, em nome do devedor ou de um co-obrigado; Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 5 i) avalizado: pessoa que recebe a garantia ofertada pelo avalista, seja o devedor ou o co-obrigado. 1.7. Regras aplicáveis aos títulos de crédito: a) saque: é o ato de emissão do título de crédito, e gera para o mundo jurídico a obrigação mediante as partes envolvidas no título; b) aceite: é o ato pelo qual o devedor ou pessoa por ele indicada ratifica a obrigação assumida, porém, não está obrigado a fazê-lo. Se dá através da assinatura do aceitante na frente do título, ou no verso, situação em que deverá constar à palavra “aceito”; b.1) não aceite: o não aceite gera o vencimento antecipado da dívida permitindo que o tomador efetue de imediato a cobrança do título contra o devedor principal; b.2) aceite parcial: também conhecido como aceite limitativo ou modificativo, é o ato de aceite parcial do valor constante do título, situação em que o sacado só estará obrigado até o limite previsto no aceite. Neste caso, a dívida também se vencerá antecipadamente podendo ser cobrado imediatamente do sacador; b.3) características do aceite: o aceite como regra aplicável ao título de crédito possui três características a saber: b.3.1) facultativo: não é obrigatório o aceite desde que não haja o reconhecimento da obrigação; b.3.2) eventual: a sua ausência não desnatura o título de crédito; b.3.3) sucessivo: a assinatura do aceitante ocorre em um momento posterior ao de emissão do título, ou seja, no ato que sucede; c) endosso: é a possibilidade do credor negociar o título com terceiros mediante ato jurídico de transferência da titularidade do crédito. O endossosó poderá ocorrer no valor total, não se permitindo a possibilidade de endosso parcial; c.1) endosso em preto: indica a quem o título será transferido; assim, mediante a tradição transfere-se à titularidade total do crédito, porém, o endossante ficará co-obrigado operante o beneficiário; c.2) endosso em branco: sem identificar o endossatário (novo beneficiário do crédito), a pessoa que irá se beneficiar será o portador; logo, ainda que se opere a transferência total da titularidade pela tradição, não operara a co-obrigação do endossante; c.3) endosso impróprio: são situações em que se transmite a posse, mas não a titularidade do crédito; c.3.1) endosso-caução: feito somente para oferecer uma garantia. Não transfere a titularidade do crédito, apenas a sua posse; c.3.2) endosso-mandato: feito somente para possibilitar a representação do beneficiário em sua ausência, também não configura transferência de titularidade, mas sim de posse; Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 6 c.4) endosso sem garantia: é o endosso que transfere a titularidade do crédito, porém não torna o endossante co-obrigado; c.5) forma: feito mediante assinatura no verso ou anverso do título de crédito, caso seja feito no anverso, deverá necessariamente mencionar a expressão “por endosso”; c.6) limite: não existe, e na sua pluralidade configura o que se denomina de cadeia de endosso. O endosso só se limitará quando ocorrer cessão civil de crédito, situação em que impede qualquer endosso daí em diante; c.7) restrição para endosso: havendo no título cláusula “não à ordem” ou qualquer outra cláusula restritiva impondo que o crédito só pode ser pago a determinada pessoa, a transferência da titularidade só poderá ocorrer mediante cessão civil de direitos; c.8) endosso parcial: o endosso não admite a transferência parcial da titularidade, sendo que sempre que se verificar a sua utilização estaremos falando de endosso integral; d) cessão civil: é uma forma semelhante ao endosso utilizada para os títulos de crédito nominativos com cláusula não à ordem. Uma vez verificada não permitira mais a realização de endosso. O que difere a cessão civil do endosso, é que no endosso, o endossante se torna co-obrigado ao devedor, já na cessão civil ele responderá apenas pela existência do crédito previsto no título, mas não pelo seu pagamento; e) aval: é a situação em que terceiro que não o devedor, garante total ou parcialmente o pagamento daquele título, seja em nome do devedor ou de um co-obrigado, o avalista é identificado por sua assinatura na frente do título seguida da expressão “Por Aval”. No caso do avalista ser casado é necessário a outorga uxória; e.1) aval em branco: quando o aval for em branco, ou seja, sem identificar o avalizado, significa dizer que se trata de aval oferecido ao sacador, nos demais caso deverá ser em preto para identificar o beneficiário; e.2) aval parcial: como o aval é uma garantia ofertada, a critério do credor poderá ocorrer o aval parcial, situação em que o avalista assume responsabilidade pessoal apenas pelo valor avalizado; f) protesto: o protesto não é ato necessário para se cobrar um título de crédito quando se pretenda cobrar do devedor principal, se fazendo imperioso apenas quando pretendemos cobrar o co-obrigado; g) falência: caso se pretenda pedir a falência do devedor com obrigação garantida por título de crédito, necessário se faz o protesto especial do título, próprio para instruir pedido de falência. Ainda que o credor não seja o solicitante da falência do devedor, mas apenas pretenda se habilitar nos autos da falência, não será necessário aguardar o vencimento do título, pois com a decretação da falência todas as obrigações do falido vencem imediatamente. 2. Letra de Câmbio 2.1. Previsão Legal: Convenção de Genebra – Lei Uniforme de Genebra 2.2. Conceito: trata-se de uma ordem de pagamento acessória de uma fonte de obrigação em que uma terceira pessoa inicialmente não contratante poderá arcar com o valor obrigado. Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 7 2.3. Partes: a) sacador: quem emite a ordem de pagamento, o devedor; b) sacado: contra quem é emitido o título, terceira pessoa que deverá pagar a obrigação; c) tomador: quem se beneficiará do título de crédito, credor. 2.4. Efeitos do saque do título: o título é emitido para que o sacado, terceira pessoa incluída na relação para pagar pelo débito avençado se tornando o obrigado, porém, o sacador, que inicialmente era a pessoa que estava se obrigando com o tomador, será co- obrigado, podendo ser demandado pela dívida. 2.5. Requisitos: são elementos determinados pela lei para que se possa reconhecer a validade do título de crédito, a ausência de um desses requisitos invalida a Letra de Câmbio: a) expressão Letra de Câmbio: é a denominação do título é deve ser colocado no próprio texto do título; b) mandado incondicional de pagamento: ou seja, não pode constar qualquer condição para que se realize o pagamento do valor determinado no título; c) identificação do sacado: deve constar nome, RG, CPF, título de eleitor ou carteira de trabalho; d) lugar do pagamento: trata-se de local onde a obrigação será cumprida, servindo para se cumprir à exigibilidade do título, seja para fixar a competência para a execução caso o sacado venha a inadimplir; e) identificação do tomador: ou seja, necessariamente quanto à circulação será a Letra de Câmbio um título nominativo; f) local e data do saque: para se determinar o local onde se contratou a obrigação; g) assinatura do sacador: tem por finalidade permitir ao sacado, contra quem se emite, conferir se houve realmente a determinação para o pagamento, não se pode, porém, no caso das pessoas que não assinem o próprio nome emitir o título cambial, podendo fazê- lo se representado por procurador nomeado por instrumento público. Em se tratando de pessoa jurídica não se admite a assinatura por chancela mecânica; h) preenchimento dos requisitos: antigamente, a ausência de um dos requisitos no ato de saque do título invalidaria a cártula, hoje, por força do princípio da boa-fé objetiva, os requisitos poderão ser preenchidos posteriormente, inclusive pelo próprio portador, no entanto, deve ser feito antes do protesto ou da cobrança judicial do título. 2.6. Vencimento: embora a lei não mencione o vencimento como requisito obrigatório, é necessário que se conste tal requisito para se determinar à data de exigibilidade do título, e na sua ausência, entende-se exigível a vista. Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 8 2.7. Correção do valor: é possível na letra de câmbio estipular correção do valor. Em se tratando de correção monetária pode se utilizar os índices praticados no comércio e na hipótese de juros são aplicados os juros de mercado. 2.8. Aceite: é o ato de reconhecimento da obrigação por parte da pessoa indicada pelo sacador, no entanto, o sacado além de não estar obrigado ao aceite, só estará vinculado ao pagamento do título se concordar em assumir a obrigação, razão pela qual, caso recuse o aceite não poderá ser cobrado pela obrigação, devendo o tomador exigi-la diretamente do sacador. O aceite se dará com a assinatura do sacado na frente do título em campo próprio. E caso o faça se torna o devedor principal da obrigação: a) recusa do aceite: para proteger o tomador, a lei determina que se o sacado se recusar a aceitar a obrigação, a dívida vencerá antecipadamente podendo o credor exigir seu cumprimento de imediato do próprio sacador, após efetuaro protesto por falta de aceite. No entanto, o sacado terá prazo de 24 (vinte quatro) horas para decidir se pretende ou não aceitar o título, é o que a lei determina de prazo de respiro. A recusa do aceite por parte do sacado não gera nenhuma responsabilidade a sua pessoa, devendo o sacador responsabilizar- se exclusivamente pela obrigação; b) cláusula não aceitável: pode o sacador inserir a cláusula não aceitável, situação em que o título só poderá ser entregue ao sacado na data do vencimento. 2.9. Endosso: é o ato de transferência da titularidade do crédito, porém, necessariamente deverá ser em preto, ou seja, indicando o novo beneficiário por exigência legal na Letra de Câmbio. 2.10. Aval: a Letra de Câmbio permite o aval ainda que parcialmente, para isto basta a assinatura do avalista na frente ou no verso do título sob a expressão “por aval” 2.11. Exigibilidade: se pretendermos cobrar do devedor principal, ou seja, do aceitante quando houver aceite ou do sacador quando não houver aceite, a exigibilidade se dá a partir do aceite ou de sua recusa. Quando pretendermos cobrar os co-obrigados, devemos fazê-lo só após a tentativa de cobrança do devedor principal comprovado mediante protesto do título, e no prazo de um ano do ato de saque, sob pena de só poder ser exigida do próprio devedor principal, anistiando, portanto, os co-obrigados. 2.12. Extinção da obrigação: comprova-se extinta a obrigação revestida por Letra de Câmbio mediante o resgate do título junto ao credor. 2.13. Prescrição: caso pretenda cobrar judicialmente o título mediante Ação de Execução deverá o credor respeitar o prazo de três anos se pretender cobrar do devedor principal ou de seu avalista e de um ano contra os co-obrigados. 3. Nota Promissória 3.1. Conceito: trata-se de uma promessa de pagamento autônoma incondicional. 3.2. Partes: a) sacador: quem emite a nota promissória; b) tomador: ou beneficiário, pessoa que se beneficiará do crédito previsto no título. Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 9 3.3. Requisitos: são elementos determinados pela lei para que se possa reconhecer a validade do título de crédito, a ausência de um desses requisitos invalida a Nota Promissória: a) expressão “nota promissória” incerta no texto do título; b) promessa incondicional de pagamento: especificação de quantia determinada sem restrições; c) beneficiário da promessa: o que significa a impossibilidade do saque de nota promissória ao portador, sendo necessariamente nominativa; d) local e data do saque: para se determinar o local onde se contratou a obrigação; e) assinatura e identificação do sacador: a identificação é feita pelo número do RG, do CPF, do Título de Eleitor ou carteira de trabalho; f) data e local do pagamento: em caso de ausência de data de pagamento a nota promissória poderá ser exigida imediatamente; g) valor: quanto ao valor a quantia deve ser líquida e certa, razão pela qual deverá estar expressa no título sob pena de descaracterização. 3.4. Aceite: não admite, pois o título é feito na hora da contratação da obrigação. 3.5. Correção do valor: é possível na nota promissória estipular correção do valor. Em se tratando de correção monetária pode se utilizar os índices praticados no comércio e na hipótese de juros são aplicados os juros de mercado. 3.6. Endosso: é o ato de transferência da titularidade do crédito, porém, necessariamente deverá ser em preto, ou seja, indicando o novo beneficiário por exigência legal na Nota Promissória. 3.7. Aval: a Nota Promissória permite o aval ainda que parcialmente, para isto basta a assinatura do avalista na frente ou no verso do título sob a expressão “por aval”. 3.8. Exigibilidade: se dá na data do vencimento do título, e na sua ausência entende- se com vencimento à vista. 3.9. Extinção da obrigação: comprova-se extinta a obrigação revestida por Nota Promissória mediante o resgate do título junto ao credor. 3.10. Prescrição: caso pretenda cobrar judicialmente o título mediante Ação de Execução deverá o credor respeitar o prazo de três anos contra o devedor principal e de um ano contra os co-obrigados. 4. Cheque 4.1. Fundamento Legal: Lei nº 7.357/85 - Lei do Cheque. 4.2. Conceito: o cheque é uma ordem de pagamento à vista, sacada contra um banco e com base em suficiente provisão de fundos depositados pelo sacador em mãos do sacado ou decorrente de contrato de abertura de crédito entre ambos. Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 10 4.3.Partes: a) sacador: é o próprio correntista e devedor da obrigação; b) sacado: é o banco que efetuará o pagamento; c) tomador: beneficiário do cheque e credor na obrigação 4.4. Elemento essencial: é uma ordem de pagamento à vista, sendo nula de pleno direito qualquer cláusula em contrário. 4.5. Responsabilidade do sacado: pela cambial não possui o sacado nenhuma responsabilidade 4.6. Requisitos: a expressão “cheque” inserta no próprio texto; a ordem incondicional de pagar quantia determinada; a identificação do banco sacado; o local de emissão e pagamento; assinatura do sacador, ou de seu mandatário; RG e CPF do sacador. 4.7. Forma: é um título de forma vinculada, uma vez que os sacados ao confeccionarem o título devem respeitar os modelos indicados pelo Banco Central do Brasil. 4.8. Circulação: atualmente, acima de R$ 100,00 (cem reais) o cheque deve ser emitido na forma de circulação nominativa e pode conter a cláusula “a ordem” ou “não à ordem”. 4.9. Aceite: por ser uma ordem de pagamento à vista o cheque não admite aceite, haja vista que o devedor da obrigação assume o compromisso no ato de emissão do título. 4.10. Aval: em regra o aval não é admitido no cheque por ser uma ordem de pagamento à vista. Em razão da prática comercial, sendo a obrigação com vencimento futuro e garantida por cheque, em tese poderia ser admitido o aval, no entanto, esse aval seria da obrigação e não do título. No entanto, admiti-se o avalista do endossante. 4.11. Endosso: permite, porém, em se tratando de cheque nominativo, necessariamente o endosso deverá ser em preto. 4.12. Modalidades de cheque: a) cheque visado: cujo saldo constante da conta corrente do sacador é garantido pelo banco- sacado; b) cheque administrativo: emitido pelo próprio banco que ao invés de ocupar a posição de sacado será sacador e independente do valor só poderá ser nominativo; c) cheque cruzado: só permite o resgate mediante depósito da cártula. 4.13. Divergência de valores: em razão da característica da literalidade, havendo divergência entre o valor numérico e o extenso, prevalece o escrito por extenso ou o de menor valor. 4.14. Prazo para cobrança: 30 dias na mesma praça e 60 dias em praça diversa, entendo-se praça o município em que se encontra o sacado. O não cumprimento desse prazo Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 11 gera a impossibilidade de cobrança judicial do cheque contra os co-obrigados ou mesmo a perda de cobrança judicial do próprio sacador, caso esse venha a falir posteriormente. 4.15. Prazo prescricional: o prazo prescricional do cheque é de 06 (seis) meses e começa a vigorar a partir do prazo de apresentação. 4.16. Prazo de validade da cártula: a cártula como representação do título de crédito tem prazo de validade de um ano a contar do prazo de apresentação. 4.17. Conta conjunta: havendo conta conjunta, a responsabilidade pela emissão do cheque é exclusivamente do emitente, não se aplicando, portanto, a regra da solidariedade.5. Duplicata 5.1. Previsão Legal: Lei nº 5.474/68 5.2. Conceito: título de crédito utilizado como lastro nas operações de compra e venda faturadas. 5.3. Origem do nome: duplicar a fatura, uma vez que fatura representa a nota fiscal que tem seus dados duplicados no título acessório para cumprimento dessa obrigação. 5.4. Emissão facultativa: poderá o comerciante ou prestador de serviços emitir a fatura ou outro título de crédito para garantir a mesma obrigação 5.5. Requisitos: expressão “duplicata” incerta em seu texto; data de emissão e vencimento; número de ordem – número próprio inserido na própria duplicata e registrado em livro próprio de uso obrigatório ao comerciante que trabalhe com esse tipo de título; número da fatura – correspondente ao mesmo número da nota fiscal; identificação e domicílio do vendedor e comprador; valor – importância a ser paga; local de pagamento; cláusula à ordem; declaração de reconhecimento da obrigação – configurando o aceite do comprador; assinatura do sacador. 5.6. Título causal: é a duplicata um título causal, pois só nas atividades de venda a prazo, ou seja, faturada, é que se admite a sua emissão. 5.7. Partes: Sacador: vendedor; Sacado: comprador 5.8. Comprovante: do serviço ou da entrega da mercadoria configura presunção de aceite por parte do comprador 5.9. Triplicata: é o ato de emissão de uma segunda via da duplicata, seja por retenção indevida por parte do sacado, seja por extravio do título devidamente comunicado. 5.10. Prazo prescricional: 3 anos: sacado e avalista; 1 ano: endossante 5.11. Duplicata Eletrônica: muito se fala atualmente da figura denominada duplicata eletrônica, que nada mais é do que boletos bancários com a denominação anteriormente citada, e por isso, não são reconhecidos pela nossa legislação como títulos de crédito. 6. Outros Títulos de Crédito Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 12 6.1. Conhecimento de depósito: título que representa uma certa mercadoria colocada em depósito a favor de seu portador ou pessoa a quem ele indicar, permitindo ao titular retirar a mercadoria ou negociá-la com terceiro. 6.2. Warrant: trata-se do título que representa um valor que poderá ser emprestado por terceiro com a garantia do penhor que recai sobre a mercadoria que se encontra depositada. 6.3. Conhecimento de transporte: trata-se do título acessório de um contrato de transporte de mercadoria correspondente à mercadoria entregue para ser transportada, permitindo que mesmo antes de sua chegada ela seja negociada com terceiro. 6.4. Cédulas e notas de crédito: títulos emitidos para captação de recurso a ser aplicado em atividade específica, com ou sem o oferecimento de garantia: a) modalidades: cédula de crédito industrial: aplicação industrial com garantia; nota de crédito industrial: aplicação na industria sem garantia; cédula de crédito à exportação: aplicação em exportação c/ garantia; nota de crédito à exportação: aplicação em exportação sem garantia; cédula de crédito comercial: aplicação no comércio com garantia; nota de crédito comercial: aplicação no comércio sem garantia; cédula de crédito rural: aplicação na atividade rural com garantia; nota de crédito rural: aplicação na atividade rural sem garantia. 6.5. Letra imobiliária: títulos que servem para as sociedades de crédito imobiliário captar recursos no mercado para o financiamento imobiliário. 6.6. Cédula hipotecária: título dado como garantia a instituições financeiras em empréstimos concedidos a sociedades imobiliárias, cuja hipoteca recaia sobre o próprio imóvel objeto do financiamento. 6.7. Certificado de depósito de ações: título emitido por instituição financeira que manterá ações societárias em seu poder até que seu titular a resgate devolvendo o valor emprestado. 6.8. Debêntures: é o título emitido por sociedades constituídas por ações que necessitem de capital para ampliar seus negócios. 7. Protesto Cambial 7.1. Finalidade: o protesto cambial serve para constituição do devedor em mora ou para responsabilização de terceiro que não constava da relação obrigacional original. 7.2. Falência: caso o objetivo seja o de pedir falência do comerciante, o protesto precisa ser específico para esta finalidade, pois quando da distribuição da ação, como pré- requisito terá o autor do pedido que comprovar o protesto especial. 7.3. Cancelamento de protesto: o protesto poderá ser cancelado mediante a comprovação pelo devedor do respectivo pagamento do título até então protestado ou por determinação judicial. 7.4. Sustação do protesto: é feito mediante a utilização de Medida Cautelar de Sustação de Protesto. Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 13 8. Cobrança Judicial do Título de Crédito 8.1. Meios judiciais de cobrança: a) título imprescrito: para os títulos de crédito que ainda não estejam prescritos, o meio judicial para cobrança é a Ação de Execução contra devedor solvente; b) título prescrito: já para os títulos prescritos, cabe a Ação Monitória para a cobrança judicial do valor previsto na cártula. 8.2. Ação de Execução contra devedor solvente: a) conceito: é a forma de cobrança judicial de créditos previstos em títulos executivos judiciais ou extrajudiciais que consiste em por meio da expropriação de bens do devedor, obter a satisfação do credor. Essa expropriação pode ser feita com a alienação de bens do devedor ou com a adjudicação em favor do credor; b) previsão legal: CPC; c) quem pode executar: serão partes legítimas para propor a ação de execução o credor, o espólio, o herdeiro, o sucessor e o cessionário; d) quem pode ser executado: responderão às ações de execução propostas o devedor constante de título executivo, seja ele pessoa física ou jurídica. Além do devedor poderá responder o espólio, o herdeiro, o sucessor, o avalista e o endossante; e) partes: no processo de execução as partes recebem denominação própria que difere das denominações adotadas na obrigação (credor e devedor) ou no título (sacador, sacado, tomador), de forma que quem propõe a execução será denominado de exeqüente e contra quem se propõe à ação será denominado de executado; f) competência: a competência do juízo para processar as ações de execução se fixa à escolha do exeqüente, podendo optar pelo local onde a obrigação deveria ser satisfeita ou pelo domicílio do executado; g) endereçamento: a ação de execução será endereçada ao juízo cível da Comarca competente para apreciar a lide; h) fraude contra credor: a alienação de bens por parte do devedor enquanto existente divida em seu nome garantida por título executivo configura fraude contra credor, podendo ser desfeita caso seja comprovada má-fé na alienação; i) fraude à execução: é a alienação de bens feita pelo executado depois de citado para responder a ação de execução configura fraude à execução e, está sujeita a anulação judicial no próprio processo de execução; j) processamento: a execução judicial de título executivo inicia com a distribuição da ação junto ao fórum competente; após, é determinada a citação para que o executado pague sob pena de penhora; havendo pagamento a ação de execução é extinta, caso contrário, é procedida à penhora de bens do executado; uma vez realizada a penhora o executado poderá se defender oferecendo embargos; uma vez julgados improcedentes os embargos ou não apresentados, os bens penhorados são avaliados e levados a leilão para que se obtenha recursos para pagar o débito e as custas processuais; Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel– Pág. 14 k) requisitos: além dos requisitos previstos no artigo 319 do Código de Processo Civil, a ação de execução quando fundada em título executivo extrajudicial exige o original do título vencido e não prescrito; l) defesa: poderão ser oferecidos como meios de defesa em processo de execução os embargos do próprio devedor ou de terceiros; l.1) embargos do devedor: defesa do devedor oferecida no processo de execução com a finalidade de desconstituir a dívida, rever o seu valor ou demonstrar a inexigibilidade da obrigação; l.2) embargos de terceiros: defesa oferecida por terceira pessoa que não se opõe à dívida, mas sim ao bem objeto da constrição judicial através da penhora. 8.3. Ação Monitória: a) conceito: é o instrumento processual pelo qual credor de dívida, baseado em documento escrito sem eficácia de título executivo, possa atingir força executiva. Atualmente a ação monitória é muito utilizada para revestir o caráter de título executivo para títulos que perderam esse poder em razão da prescrição; b) previsão legal: CPC; c) partes: quem promove a ação monitória é denominado requerente ou autor, e contra quem se promove à ação é denominado de requerido ou réu; d) processamento: uma vez proposta à ação monitória, o juiz determinará a expedição de mandado monitório para que o devedor pague a dívida ou ofereça embargos. Pagando a dívida resolve-se a lide e extingue-se o processo. Não ocorrendo oposição de embargos, ou desacolhidos estes, por sentença o juiz outorga ao credor título executivo que serão executados nos mesmos autos, seguindo-se a forma prevista para a ação de execução por quantia certa. Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 15 LEITURA SUGERIDA ALMEIDA, João Batista de. Manual de Direito do Consumidor, SP: Saraiva. BALBINO FILHO, Nicolau. Contratos de Sociedades Civis, SP: Atlas. BERTOLDI, Marcelo M. Curso Avançado de Direito Comercial, SP: Editora RT. BERTOLDI, Marcelo M. Reforma da Lei das Sociedades Anônimas, SP: RT. BULGARELLI, Waldirio. Sociedades Comerciais, SP: Editora Atlas. CAMPINHO, Sérgio. O Direito de Empresa, RJ: Renovar. COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial, SP: Editora Saraiva. COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial, SP: Editora Saraiva. FABRETTI, Láudio Camargo. Direito de Empresa, SP: Editora Atlas. FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial, SP: Editora Atlas. GABRIEL, Sérgio. Manual de Direito Empresarial, SP: Editora Rideel. GABRIEL, Sérgio. Manual de Prática Civil – para segunda fase do Exame de Ordem, SP: Editora Rideel. HENTZ, Luiz Antônio Soares. Direito Comercial Atual, SP: Editora Saraiva. 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