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Interpretação de Texto 1.1

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1. INTERPRETAÇÃO: 1.1 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - POEMAS
FRENTE A | CAPÍTULO 03
PORTUGUÊS
INTRODUÇÃO
POEMAS
A interpretação de poemas exige do leitor uma 
dinâmica de leitura distinta da que ele está acostumado. 
Como a linguagem é fi gurada, as frases estão dispostas em 
versos, com um ritmo que difere do que empregamos na 
linguagem oral ou no texto em prosa, é necessário pausa 
diferente, um olhar diferente.
Você gosta de música? Música brasileira…?  Quem gosta de 
música gosta de poesia. Geralmente as músicas são poemas. E 
se você se envolve com as músicas, você também se envolve com 
poemas. Só leia o poema e pergunte a você mesmo(a) como você 
se sente… o que lhe vem à mente. Isso que vem à sua mente tem 
tudo a ver com o tema! Vai fundo! 
EX: Poesia em forma de música
Ainda bem - Marisa Monte
Ainda bem
Que agora encontrei você
Eu realmente não sei
O que eu fi z pra merecer
Você
Porque ninguém
Dava nada por mim
Quem dava, eu não tava a fi m
Até desacreditei
De mim
O meu coração
Já estava acostumado
Com a solidão
Quem diria que a meu lado
Você iria fi car
Você veio pra fi car
Você que me faz feliz
Você que me faz cantar
Assim
O meu coração
Já estava aposentado
Sem nenhuma ilusão
Tinha sido maltratado
Tudo se transformou
Agora você chegou
Você que me faz feliz
Você que me faz cantar
Assim
Marisa Monte/Arnaldo Antunes
Antes de tudo, vamos explicar como  se dá o processo 
de interpretação. A Hermenêutica, a área da fi losofi a que 
estuda isso, diz que é preciso seguir três etapas para se 
obter uma leitura ou uma abordagem efi caz de um texto:
PRÉ-COMPREENSÃO 
Toda leitura supõe que o leitor entre no texto já com 
conhecimentos prévios sobre o assunto ou área específi ca. Isso 
signifi ca dizer, por exemplo, que se você pegar um poema do 
modernismo e nunca viu essa escola literária porque ainda estuda 
o 1º Ano do Ensino Médio e esse assunto só é visto no 3º ano, 
certamente, vai encontrar difi culdades para entender o assunto, 
porque você não tem conhecimentos prévios que possam 
embasar a leitura.
COMPREENSÃO
Já com a pré-compreensão ao entrar no texto, o leitor vai se 
deparar com informações novas ou reconhecer as que já sabia. 
Por meio da PRÉ-COMPREENSÃO, o leitor “prende” a informação 
nova com a dele e “agarra” (compreende) a intencionalidade do 
texto. É costume dizer: “Eu entendi, mas não compreendi”. Isso 
signifi ca dizer que quem leu entendeu o signifi cado das palavras, 
a explicação, mas não as justifi cativas ou o alcance social do texto.
INTERPRETAÇÃO: 
Agora sim. A interpretação é a resposta que você dará ao 
texto, depois de compreendê-lo (sim, é preciso “conversar” com 
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PORTUGUÊS - FRENTE B - CAPÍTULO 03 1. INTERPRETAÇÃO: 1.1 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - POEMAS
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o texto para haver a interpretação de fato). É formada então 
o que se chama “fusão de horizontes”: o do texto e o do leitor. 
A interpretação supõe um novo texto. Significa abertura, o 
crescimento e a ampliação para novos sentidos.
INTERPRETANDO O TEXTO:
Poema “Presságio”
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p’ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar, 
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Falando de amor, Pessoa exprime pessimismo e falta de 
coragem para enfrentar a vida, dois traços bastante habituais na 
poesia que assinou com seu verdadeiro nome (Pessoa ortônimo). 
Apesar de sentir desejos e paixões, como todo mundo, assume 
a sua incapacidade de ação face a eles. Embora quase todas as 
rimas estejam em verbos (que implicam ações), o sujeito apenas 
assiste a tudo, imóvel.
Aquilo que deveria ser fonte de felicidade e prazer se 
transforma, invariavelmente, em dor. Ao longo de todo o 
poema, transparece a sua atitude derrotista face ao amor, 
desacreditando a forma como os outros o encaram. Esta análise e 
intelectualização das emoções, quase até esvaziá-las de sentido, 
é outra característica da sua obra poética.
Para este sujeito, o sentimento só é verdadeiro quando não 
passa de um “presságio”, existindo no seu interior, sem nenhum 
tipo de consumação ou reciprocidade, sem sequer a revelação 
da sua existência. O medo do sofrimento se traduz em mais 
sofrimento, já que ele não consegue avançar, correr atrás da 
própria felicidade.
Por tudo isto, como um sonho que é destruído no momento em 
que se materializa, a paixão correspondida parece uma utopia 
que nunca poderá alcançar. No fundo, e acima de tudo, o poema é 
a confissão de um homem triste e derrotado que, não sabendo se 
relacionar com as outras pessoas, acredita estar destinado a uma 
solidão irremediável.
Carolina Marcello- Mestre em Análise Literária
AULAS 04
2. ESTILÍSTICA
2.5. SEMÂNTICA 
A. VÍCIOS DE LINGUAGEM
APOSTILAS: 1 resumo + 20 questões
EXERCÍCIOS ONLINE: 30 questões
CAIU NO ENEM: 320 questões
REVISÃO NA PLATAFORMA
SEÇÃO VESTIBULARES
QUESTÃO 01 
(IFAL) Leia o texto abaixo e assinale a opção correta.
Farinha
A farinha é feita
de uma planta da família das euforbiáceas
de nome Manihot utilissima,
Que um tio meu
Apelidou de macaxeira
E foi aí que todo mundo achou melhor!...
A farinha tá
No sangue do nordestino
eu já sei desde menino
o que ela pode dar
E tem da grossa, tem da fina
Se não tem da quebradinha
Vou na vizinha pegar;
Pra fazer pirão ou mingau;
Farinha com feijão
É animal!
O cabra que não tem eira nem beira
Lá no fundo do quintal
Tem um pé de macaxeira.
A macaxeira é popular,
É macaxeira pr’ali, macaxeira pra cá
E em tudo que é farinhada
A macaxeira tá.
Você não sabe o que é farinha boa
Farinha é a que a mãe me manda lá de Alagoas!
Djavan
De acordo com o texto,
A. macaxeira e Manihot utilissima são duas coisas distintas.
B. a macaxeira é um alimento de ricos.
C. macaxeira e Manihot utilissima são a mesma coisa.
D. só existe farinha em Alagoas.
E. toda farinha é boa.
EXERCÍCIOSPORTUGUÊS - FRENTE A - CAPÍTULO 03
89
QUESTÃO 02 
(IFBA) Super-homem, a canção
1Um dia,
Vivi a ilusão de que ser homem bastaria,
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter.
2Que nada!
Minha porção mulher, que até então se resguardara,
É a porção melhor que trago em mim agora.
É que me faz viver.
3Quem dera?
Pudesse todo homem compreender, oh, mãe, quem dera?
Ser o verão o apogeu da primavera
E só por ela ser.
4Quem sabe?
O Super-homem venha nos restituir a glória,
Mudando como um deus o curso da história,
Por causa da mulher!
Gilberto Gil
A respeito das expressões que iniciam cada estrofe da canção, é 
possível afirmar:
A. “Um dia” (ref. 1) dá a ideia de um futuro garantido.
B. “Que nada” (ref. 2) introduz uma afirmação do poder masculino.
C. “Quem sabe” (ref. 4) expressa uma certeza de futuro.
D. “Quem dera” (ref. 3) faz apologia a algo que será dado ao 
homem.
E. “Quem dera” (ref. 3) expressa um desejo.
QUESTÃO 03 
(CPS) Leia a letra da música “O Sal da Terra”, escrita por Beto 
Guedes e Ronaldo Bastos.
O sal da terra
Anda, quero te dizer nenhum segredo
Falo nesse chão da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar
Tempo quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir
Vamos precisar de todo mundo
Pra banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver
A paz na Terra, amor
O pé na terra
A paz na Terra, amor
O sal da Terra
És o mais bonito dos planetas
Tão te maltratando por dinheiro
Tu que é a nave nossa irmã
Canta, leva tua vida em harmonia
E nos alimenta com seus frutos
Tu que é do homem a maçãVamos precisar de todo mundo
Um mais um é sempre mais que dois
Pra melhor juntar as nossas forças
É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
Para merecer quem vem depois
Deixa nascer o amor
Deixa fluir o amor
Deixa crescer o amor
Deixa viver o amor
A letra da música transmite a ideia de que é possível construir um 
mundo melhor. A partir de elementos do texto, é correto afirmar 
que, para isso, é necessário
A. investir na automação industrial, que substitui a mão de obra 
humana pelas máquinas e acaba com a destruição do meio 
ambiente.
B. diminuir o consumo de bens materiais e buscar formas de 
conciliar o progresso econômico com a preservação dos 
recursos ambientais.
C. realizar reformas urbanas que permitam desmatar áreas 
de florestas nativas e construir cidades cada vez mais 
tecnológicas, democráticas e limpas.
D. eliminar o consumo de bens não duráveis e aumentar a 
retirada de matérias-primas da natureza, para trazer de volta 
o equilíbrio natural do planeta Terra.
E. explorar mais as reservas de sal, pois a natureza não tem 
fornecido matérias-primas adequadas para a produção de 
alimentos, encarecendo os produtos agrícolas.
QUESTÃO 04 
(EPCAR-AFA) ENVELHECER 
A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer
A barba vai descendo e os cabelos vão caindo pra cabeça aparecer
Os filhos vão crescendo e o tempo vai dizendo que agora é pra 
valer
Os outros vão morrendo e a gente aprendendo a esquecer
Não quero morrer pois quero ver como será que deve ser 
envelhecer
Eu quero é viver para ver qual é e dizer venha pra o que vai 
acontecer
(...)
Pois ser eternamente adolescente nada é mais *démodé com os 
ralos fios de cabelo sobre a
[testa que não para de crescer
Não sei por que essa gente vira a cara pro presente e esquece de 
aprender
Que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr.
(...)
Arnaldo Antunes/Ortinho/Marcelo Jeneci
*démodé: fora de moda.
Assinale a alternativa que apresenta uma inferência correta.
A. A expressão “vira a cara para o presente”, no verso 8, foi 
utilizada no sentido de encarar fixamente o presente.
B. O eu lírico destaca, nos versos de 2 a 4, apenas as perdas físicas 
que caracterizam a chegada da velhice.
C. Conservar os cabelos longos, quando já estão ralos devido à 
calvície, é uma atitude fora de moda.
D. No verso 1, é possível perceber uma alusão ao aumento 
da expectativa de vida na modernidade, já que envelhecer 
tornou-se comum.
EXERCÍCIOSPORTUGUÊS - FRENTE A - CAPÍTULO 03
90
QUESTÃO 05 
(EPCAR-CPCAR) O Sal da Terra
Anda!
Quero te dizer nenhum segredo
Falo desse chão, da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar
Tempo!
Quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir
Vamos precisar de todo mundo
Pra banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver
A paz na Terra, amor
O pé na terra
A paz na Terra, amor
O sal da
Terra!
És o mais bonito dos planetas
Tão te maltratando por dinheiro
Tu que és a nave nossa irmã
Canta!
Leva tua vida em harmonia
E nos alimenta com seus frutos
Tu que és do homem, a maçã
Vamos precisar de todo mundo
Um mais um é sempre mais que dois
Pra melhor juntar as nossas forças
É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
Para merecer quem vem depois
Deixa nascer, o amor
Deixa fluir, o amor
Deixa crescer, o amor
Deixa viver, o amor
O sal da terra 
GUEDES, Beto.
Leia as afirmativas abaixo acerca do texto “O Sal da Terra”.
I. O locutor esboça sua preocupação com as gerações futuras 
e considera fundamental pautar suas ações no sentido de 
construir-lhes um lugar melhor para viver.
II. A “paz na terra” depende tanto do cuidado com a natureza 
quanto do fim da ganância e das desigualdades sociais.
III. O emissor da mensagem em “Quero não ferir meu semelhante/
Nem por isso quero me ferir” argumenta que pensar no bem-
estar alheio é prejudicial ao indivíduo.
IV. A necessidade de mudanças na preservação do planeta não é 
uma novidade, mas o locutor exorta todos a realizá-las o mais 
rápido possível.
As inferências corretas são apenas
A. I, II e IV.
B. II, III e IV.
C. I e IV.
D. II e III.
QUESTÃO 06 
(UPE) A relação entre textos sempre existiu como retomada de 
um texto mais novo de outro que o antecede, contudo o termo 
intertextualidade foi usado pela primeira vez por Julia Kristeva, 
que, baseando-se nos estudos de Bakhtin sobre o discurso, 
concluiu: “todo texto se constrói como mosaico de citações, todo 
texto é absorção e transformação de um outro texto”.
KRISTEVA, Julia. Introdução à Semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974. p.72.
Sobre intertextualidade, analise os textos 1 e 2.
Texto I
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece
O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É um ter com quem nos mata a lealdade
Tão contrário a si é o mesmo amor
[...] 
Renato Russo, Monte Castelo
Texto II
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Camões
Assinale a alternativa CORRETA.
EXERCÍCIOSPORTUGUÊS - FRENTE A - CAPÍTULO 03
91
A. Em Monte Castelo, Renato Russo dialoga com dois textos 
distintos: o poema de Camões Amor é fogo que arde sem 
se ver; e a Bíblia, no Capítulo 13 da 2ª Carta de Paulo aos 
Coríntios, quando fala do Amor como um bem supremo, além 
de o título aludir a uma batalha da Segunda Guerra Mundial, da 
qual participaram soldados brasileiros. 
B. Partindo do conceito de intertextualidade, expresso por Julia 
Kristeva, pode-se afirmar que Renato Russo não devia ter 
lançado mão de partes da Bíblia Sagrada para montar a letra 
de uma música profana.
C. O diálogo entre textos conduz indiscutivelmente ao 
plágio; dessa maneira, a montagem, como paródia de três 
diferentes textos, realizada por Renato Russo, não o isenta da 
responsabilidade de ter usado indevidamente a produção de 
autores que o antecederam.
D. Monte Castelo não foi uma montagem de dois textos, pois não 
houve intencionalidade do poeta em realizar tal façanha. A 
semelhança entre os textos é mera coincidência. 
E. O trabalho artístico do compositor brasileiro não pode 
ser considerado arte, porque não apresenta originalidade 
e ineditismo; trata-se de uma mera paráfrase de textos 
anteriores a ele. Inadmissível de acordo com as concepções 
dos dois autores: Bakhtin e Kristeva. 
QUESTÃO 07 
(UFJF) A televisão
A televisão
Me deixou burro
Muito burro demais
Oh! Oh! Oh!
Agora todas coisas
Que eu penso
Me parecem iguais
Oh! Oh! Oh!
O sorvete me deixou gripado
Pelo resto da vida
E agora toda noite
Quando deito
É boa noite, querida
Oh! Cride, fala pra mãe
Que eu nunca li num livro
Que o espirro
Fosse um vírus sem cura
Vê se me entende
Pelo menos uma vez
Criatura!
Oh! Cride, fala pra mãe!
A mãe diz pra eu fazer
Alguma coisa
Mas eu não faço nada
Oh! Oh! Oh!
A luz do sol me incomoda
Então deixa
A cortina fechada
Oh! Oh! Oh!
É que a televisão
Me deixou burro
Muito burro demais
E agora eu vivo
Dentro dessa jaula
Junto dos animais
Oh! Cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar
Meu coraçãocaptura
Vê se me entende
Pelo menos uma vez
Criatura!
Oh! Cride, fala pra mãe! 
Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Tony Belloto
As estrofes 1 e 5 do texto acima permitem afirmar que a 
inteligência do sujeito está, respectivamente, relacionada:
A. ao discernimento e à liberdade.
B. à liberdade e à emoção.
C. à memória e à informação.
D. à cognição e à leitura.
E. à violência e à ordem.
QUESTÃO 08 
(UFRGS) Leia abaixo a letra da canção Mamãe Coragem – 
composição de Caetano Veloso e Torquato Neto, interpretação de 
Gal Costa – que integra o álbum Tropicália ou Panis et Circencis.
Mamãe, mamãe, não chore
A vida é assim mesmo
Eu fui embora
Mamãe, mamãe, não chore
Eu nunca mais vou voltar por aí
Mamãe, mamãe, não chore
A vida é assim mesmo
Eu quero mesmo é isto aqui
Mamãe, mamãe, não chore
Pegue uns panos pra lavar
Leia um romance
Veja as contas do mercado
Pague as prestações
Ser mãe
É desdobrar fibra por fibra
Os corações dos filhos
Seja feliz
Seja feliz
Mamãe, mamãe, não chore
Eu quero, eu posso, eu quis, eu fiz
Mamãe, seja feliz
Mamãe, mamãe, não chore
Não chore nunca mais, não adianta
Eu tenho um beijo preso na garganta
Eu tenho um jeito de quem não se espanta
(Braço de ouro vale 10 milhões)
Eu tenho corações fora do peito
Mamãe, não chore
Não tem jeito
Pegue uns panos pra lavar
Leia um romance
Leia “Alzira morta virgem”
“O grande industrial”
Eu por aqui vou indo muito bem
De vez em quando brinco Carnaval
E vou vivendo assim: felicidade
Na cidade que eu plantei pra mim
E que não tem mais fim
Não tem mais fim
Não tem mais fim
Considere as seguintes afirmações sobre a canção.
EXERCÍCIOSPORTUGUÊS - FRENTE A - CAPÍTULO 03
92
I. A inversão apresentada na canção – é o/a filho/a jovem que 
consola a mãe e não o contrário – manifesta-se nas expressões 
comumente relacionadas ao vocabulário materno como “A 
vida é assim mesmo” e “Não chore nunca mais, não adianta”.
II. A sirene ouvida na abertura da canção é uma provável 
referência às fábricas da cidade, para onde o sujeito cancional 
se desloca em busca de oportunidades que superem o 
trabalho doméstico, a rotina e os passatempos provincianos.
III. O uso de “beijo” em vez de “grito”, no verso “Eu tenho um beijo 
preso na garganta”, expõe a ternura, apesar da rebeldia, que 
caracteriza o sujeito cancional.
Quais estão corretas?
A. Apenas I. 
B. Apenas II. 
C. Apenas III. 
D. Apenas I e II. 
E. I, II e III.
QUESTÃO 09 
(FUVEST)
São Paulo gigante, torrão adorado
Estou abraçado com meu violão
Feito de pinheiro da mata selvagem
Que enfeita a paisagem lá do meu sertão
Tonico e Tinoco, São Paulo Gigante.
Nos versos da canção dos paulistas Tonico e Tinoco, o termo 
“sertão” deve ser compreendido como
A. descritivo da paisagem e da vegetação típicas do sertão 
existente na região Nordeste do país.
B. contraposição ao litoral, na concepção dada pelos caiçaras, 
que identificam o sertão com a presença dos pinheiros.
C. analogia à paisagem predominante no Centro-Oeste brasileiro, 
tal como foi encontrada pelos bandeirantes no século XVII.
D. metáfora da cidade-metrópole, referindo-se à aridez do 
concreto e das construções.
E. generalização do ambiente rural, independentemente das 
características de sua vegetação.
TEXTO PARA AS QUESTÕES DE 10 A 15.
José
“E agora, José?
A festa acabou,
a luz se apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
que morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?”
Carlos Drummond de Andrade
QUESTÃO 10 
(PUC-SP) José teria, segundo o poeta, possibilidades de alterar 
seu destino. Essas possibilidades estão sugeridas:
A. na 5ª e 6ª estrofes.
B. na 1ª, 2ª e 3ª estrofes.
C. na 3ª, 4ª e 6ª estrofes.
D. na 4ª e 5ª estrofes.
E. n.d.a.
QUESTÃO 11 
(PUC-SP) Para o poeta, José só NÃO é:
A. alguém realizado e atuante.
B. um solitário.
C. um joão-ninguém frustrado.
D. alguém sem objetivo e desesperançado.
E. n.d.a.
EXERCÍCIOSPORTUGUÊS - FRENTE A - CAPÍTULO 03
93
QUESTÃO 12 
(PUC-SP) José é um abandonado. Essa ideia está bem traduzida:
A. na 4ª estrofe.
B. na 5ª estrofe.
C. no 12º, 13º e 14º versos da 2ª estrofe e nos sete primeiros da 
6ª estrofe.
D. no 8º e 9º versos da 1ª estrofe.
E. n.d.a.
QUESTÃO 13 
(PUC-SP) “A noite esfriou” é um verso repetido. Com isso, o poeta 
deseja:
A. deixar bem claro que José foi abandonado porque fazia frio.
B. traduzir a idéia de que José sentiu frio porque anoiteceu.
C. exprimir que, após o término da festa, a temperatura caíra.
D. intensificar o sentimento de abandono, tornando-o um 
sofrimento quase físico.
E. n.d.a.
QUESTÃO 14 
(PUC-SP) O verso que exprime concisamente que José é 
“ninguém” é:
A. “você que faz versos”.
B. “a festa acabou”.
C. “você que é sem nome”.
D. “que zomba dos outro”.
E. n.d.a. 
QUESTÃO 15 
(PUC-SP) Assinale a afirmativa FALSA a respeito do texto.
A. José é alguém bem individualizado e a ele o poeta se dirige 
com afetividade.
B. O ritmo dos sete primeiros versos da 5ª estrofe é dançante.
C. “Sem teogonia” significa “sem deuses”, “sem credo”, “sem 
religião”.
D. Os versos são em redondilha menor porque tal ritmo se ajusta 
perfeitamente à intimidade, singeleza e espontaneidade das 
idéias.
E. n.d.a.
QUESTÃO 16 
(UFSCAR) Soneto de fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes
Nos dois primeiros quartetos do soneto de Vinicius de Moraes, 
delineia-se a ideia de que o poeta
A. não acredita no amor como entrega total entre duas pessoas.
B. acredita que, mesmo amando muito uma pessoa, é possível 
apaixonar-se por outra e trocar de amor.
C. entende que somente a morte é capaz de findar com o amor 
de duas pessoas.
D. concebe o amor como um sentimento intenso a ser 
compartilhado, tanto na alegria quanto na tristeza.
E. vê, na angústia causada pela ideia da morte, o impedimento 
para as pessoas se entregarem ao amor.
QUESTÃO 17 
(PUC-RJ)
SONETO DE SEPARAÇÃO
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Sobre o poema de Vinícius de Moraes, é correto afirmar, exceto:
A. O poema Soneto de separação possui forma fixa e regular, 
formado por quatro estrofes, quatorze versos, dois quartetos 
e dois tercetos. Viníciusestá entre os poetas que consagraram 
o soneto no Brasil.
B. O recurso da antítese em “fez-se” e “desfez-se” revela, sob 
certo aspecto, a inconstância na vida amorosa de Vinícius, que 
ao longo da vida casou-se várias vezes.
C. O soneto é composto por um jogo antitético: riso x pranto, 
calma x vento; triste x contente e próximo x distante, o que 
confere certo dinamismo ao soneto.
D. No soneto, o poeta utiliza vocábulos do cotidiano, pouco 
comuns nesse tipo de composição. Pode-se observar também 
que o erotismo é recriado a partir de uma forma clássica e de 
uma linguagem direta.
SEÇÃO ENEM
QUESTÃO 01 
(ENEM) Confidência do Itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
EXERCÍCIOSPORTUGUÊS - FRENTE A - CAPÍTULO 03
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Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e
[comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e
[sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.
Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do 
movimento modernista brasileiro. Com seus poemas, penetrou 
fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes 
e os dilemas humanos. Sua poesia é feita de uma relação tensa 
entre o universal e o particular, como se percebe claramente 
na construção do poema Confidência do Itabirano. Tendo em 
vista os procedimentos de construção do texto literário e as 
concepções artísticas modernistas, conclui-se que o poema acima
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A. representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom 
contestatório e à utilização de expressões e usos linguísticos 
típicos da oralidade.
B. apresenta uma característica importante do gênero lírico, que 
é a apresentação objetiva de fatos e dados históricos.
C. evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, 
por intermédio de imagens que representam a forma como a 
sociedade e o mundo colaboram para a constituição do indivíduo.
D. critica, por meio de um discurso irônico, a posição de 
inutilidade do poeta e da poesia em comparação com as 
prendas resgatadas de Itabira.
E. apresenta influências românticas, uma vez que trata da 
individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra 
natal, por meio de recursos retóricos pomposos.
QUESTÃO 02 
(ENEM) Aquele bêbado
— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. 
Acrescentou: — Álcool.
O mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de 
Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou um pileque de 
Segall. Nos fins de semana, embebedava-se de Índia Reclinada, de 
Celso Antônio.
— Curou-se 100% do vício — comentavam os amigos.
Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de 
etilismo abstrato, no meio de uma carraspana de pôr do sol no 
Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras 
anônimos.
ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991.
A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, 
adquire um efeito irônico no texto porque, ao longo da narrativa, 
ocorre uma
A. metaforização do sentido literal do verbo “beber”.
B. aproximação exagerada da estética abstracionista.
C. apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
D. exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
E. citação aleatória de nomes de diferentes artistas.
QUESTÃO 03 
(ENEM) “Até quando?
Não adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara para não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto
A. Caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.
B. Cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.
C. Tom de diálogo pela recorrência de gírias.
D. Espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.
E. Originalidade, pela concisão da linguagem.”
QUESTÃO 04 
(ENEM) “Disneylândia
Multinacionais japonesas instalam empresas em Hong-King
E produzem com matéria-prima brasileira
Para competir no mercado americano
[...]
Pilhas americanas alimentam eletrodomésticos ingleses na Nova 
Guiné
Gasolina árabe alimenta automóveis americanos na África do Sul
[...]
Crianças iraquianas fugidas da guerra
Não obtêm visto no consulado americano do Egito
Para entrarem na Disneylândia
Na canção, ressalta-se a coexistência, no contexto internacional 
atual, das seguintes situações:
A. Acirramento do controle alfandegário e estímulo ao capital 
especulativo.
B. Ampliação das trocas econômicas e seletividade dos fluxos 
populacionais.
C. Intensificação do controle informacional e adoção de barreiras 
fitossanitárias.
D. Aumento da circulação mercantil e desregulamentação do 
sistema financeiro.
E. Expansão do protecionismo comercial e descaracterização de 
identidades nacionais.”
QUESTÃO 05 
(ENEM PPL) Texto I
Mama África
Mama África (a minha mãe)
é mãe solteira
e tem que fazer
mamadeira todo dia
além de trabalhar
como empacotadeira
EXERCÍCIOSPORTUGUÊS - FRENTE A - CAPÍTULO 03
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nas Casas Bahia
Mama África tem tanto o que fazer
além de cuidar neném
além de fazer denguim
filhinho tem que entender
Mama África vai e vem
mas não se afasta de você
quando Mama sai de casa
seus filhos se olodunzam
rola o maior jazz
Mama tem calos nos pés
Mama precisa de paz
Mama não quer brincar mais
filhinho dá um tempo
é tanto contratempo
no ritmo de vida de Mama
CHICO CÉSAR. Mama África. São Paulo: MZA Music, 1995.
Texto II
A pesquisa, realizada pelo IBGE, evidencia características das 
famílias brasileiras, também tematizadas pela canção Mama 
África. Ambos os textos destacam o(a)
A. preocupação das mulheres com o mercado de trabalho. 
B. responsabilidade das mulheres no sustento das famílias.
C. comprometimento das mulheres na reconstituição do 
casamento.
D. dedicação das mulheres no cuidado com os filhos.
E. importância das mulheres nas tarefas diárias.
QUESTÃO 06 
(ENEM) Leia estes poemas:
Texto I
AUTO-RETRATO
Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico profissional.
Manuel Bandeira. “Poesia completa e prosa”. Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395.
Texto II
POEMA DE SETE FACES
Quando eu nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos. (....)
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo
mais vasto é o meu coração.
Carlos Drummond de Andrade. “Obra completa”. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 53.
Esses poemas têm em comum o fato de
A. descreverem aspectos físicos dos próprios autores.
B. refletirem um sentimento pessimista.
C. terem a doença como tema.
D. narrarem a vida dos autores desdeo nascimento.
E. defenderem crenças religiosas. 
QUESTÃO 07 
À garrafa
Contigo adquiro a astúcia
de conter e de conter-me.
Teu estreito gargalo
é uma lição de angústia.
Por translúcida pões
o dentro fora e o fora dentro
para que a forma se cumpra
e o espaço ressoe.
Até que, farta da constante
prisão da forma, saltes
da mão para o chão
e te estilhaces, suicida,
numa explosão
de diamantes.
PAES, J. P. Prosas seguidas de odes mínimas. São Paulo: Cia. das Letras, 1992.
A reflexão acerca do fazer poético é um dos mais marcantes 
atributos da produção literária contemporânea, que, no poema 
de José Paulo Paes, se expressa por um (a):
A. reconhecimento, pelo eu lírico, de suas limitações no processo 
criativo, manifesto na expressão “Por translúcidas pões”.
B. subserviência aos princípios do rigor formal e dos cuidados 
com a precisão metafórica, como se em “prisão da forma”.
C. visão progressivamente pessimista, em face da impossibilidade 
da criação poética, conforme expressa o verso “e te estilhaces, 
EXERCÍCIOSPORTUGUÊS - FRENTE A - CAPÍTULO 03
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suicida”.
D. processo de contenção, amadurecimento e transformação 
da palavra, representado pelos versos “numa explosão / de 
diamantes”.
E. necessidade premente de libertação da prisão representada 
pela poesia, simbolicamente comparada à “garrafa” a ser 
“estilhaçada”.
Casa dos Contos
& em cada conto te cont
o & em cada enquanto me enca
nto & em cada arco te a
barco & em cada porta m
e perco & em cada lanço t
e alcanço & em cada escad
a me escapo & em cada pe
dra te prendo & em cada g
rade me escravo & em ca
da sótão te sonho & em cada
esconso me affonso & em
cada claúdio te canto & e
m cada fosso me enforco &
ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978.
QUESTÃO 08 
O contexto histórico e literário do período barroco-árcade 
fundamenta o poema Casa dos Contos, de 1975. A restauração 
de elementos daquele contexto por uma poética contemporânea 
revela que
A. a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica, 
que prevalece sobre a observação da realidade social.
B. a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata, em 
fragmentos, fatos e personalidades da Inconfidência Mineira.
C. a palavra “esconso” (escondido) demonstra o desencanto do 
poeta com a utopia e sua opção por uma linguagem erudita.
D. o eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando 
uma continuidade de procedimentos estéticos e literários.
E. o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa linguagem 
de ruptura, o ambiente de opressão vivido pelos inconfidentes.
QUESTÃO 09 
Cântico VI
Tu tens um medo de
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
MEIRELES. C. Antologia poética, Rio de Janeiro: Record. 1963 (fragmento).
A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o homem 
em seu aspecto existencial. Em Cântico VI, o eu lírico exorta seu 
interlocutor a perceber, como inerente à condição humana,
A. a sublimação espiritual graças ao poder de se emocionar.
B. o desalento irremediável em face do cotidiano repetitivo.
C. o questionamento cético sobre o rumo das atitudes humanas.
D. a vontade inconsciente de perpetuar-se em estado 
adolescente.
E. um receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade das 
coisas.
QUESTÃO 10 
O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que a 
brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à questão da 
identidade nacional, as anotações em torno dos versos constituem
A. direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados 
histórico-culturais.
B. forma clássica da construção poética brasileira.
C. rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol.
D. intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de leitura 
poética
E. lembretes de palavras tipicamente brasileiras substitutivas 
das originais.
GABARITO
VESTIBULARES ENEM
1 C 11 A 1 C
2 E 12 C 2 A
3 B 13 D 3 D
4 D 14 C 4 B
5 A 15 A 5 B
6 A 16 D 6 B
7 A 17 D 7 D
8 E 18 • 8 E
9 E 19 • 9 A
10 D 20 • 10 A

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