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RESENHA From the Everyday to IR: In Defence of the Strategic Use of the R-word - Olivia Umurerwa Rutazibwa

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Resenha do artigo  “"From the Everyday to IR: In Defence of the Strategic Use of the R-word”, Olivia Umurerwa Rutazibwa (2016)
Disciplina: Teoria de Relações Internacionais II - Turma PPGRI 2019
Tema: Raça
Aluna: Bianca Petermann Stoeckl
A autora foca no estudo  de Jonh M. Hobson ' s nas questões que raça para as RI, tanto para os intelectuais do mainstreams quanto pós coloniais, referindo-se ao seu livro publicado em 2012 “O conceito eurocêntrico da Política Mundial: Teoria Internacional Ocidental, 1760–2010 ”,  no qual expõe a presença do paternalismo, eurocentrismo e racismo das obras dos grandes teóricos das relações internacionais, cujos  estudos são transmitidos nos cursos de RI ainda hoje. A partir disso, Rutazibwa destaca importantes observações feitas a partir da obra de Hobson.
Na análise de Hobson do pós segunda guerra,  a idealização da respeito de raças superior ou inferiores biologicamente perderam sua legitimidade como categorização acadêmica e classificação da espécie humana e passa a adotar como Eurocentrismo os pensamento e práticas de hierarquia e superioridade  nas RI, o que é notável na concepção de Rutazibwa visto que o preconceio, a discriminação e a violência se mantém junto às relações de poder. O que Hobson analisa limita-se ao biológico. Assim, o que ela reivindica o uso explícito do termo racismo, dentro e fora da academia e  propõe, a partir da “negação” de Hobson do rótulo do racismo, uma reflexão de como esse eurocentrismo se relaciona com a categoria do racismo e quais são as consequências quando os dois são apresentados como separados e não um (eurocentrismo) como uma das manifestações do outro (racismo).
A primeira questão analítica de Hobson é:  se o racismo persiste na vida cotidiana, pode ser que isso ocorra na ausência de uma base para ele nos estudos da modernidade? A segunda,  é: quais padrões de produção de conhecimento estrutural podem ser discernidos no debate contemporâneo que permitem que a palavra R (rótulo do racismo) seja tão controversa ou quase compulsivamente escrita fora da narrativa ou análise e qual a estrutura de poder existente serve essa relutância? A redução do racismo à letra R remete a um termo velado ou à “relutância em usar a palavra R”, a partir do qual busca respostas sobre a produção do conhecimento acadêmico para revalorizar as apostas históricas e estruturais sobre o tema, usando como estratégia a noção decolonial. 
Em consonancia com essas preocupações, Rutazibwa propõe uma reflexão acerca do uso do racismo como uma lente para entender o mundo pós-1945, chamando a atenção para as categorias  analíticas  buscam normatizar a realidade para um determinado propósito sob o argumento de que até onde a relutância da palavra R serve a um propósito antirracista decolonial.  E 
É importante notar que uma relutância estratégica, como mostra John Hobson, distingue-se de formas fundamentais da relutância fundamental dos outros. Estes últimos (a) não necessariamente promovem um ethos antirracista e/ou (b) questionam a mera existência do racismo no mundo contemporâneo como tal (tradução própria, p. 193)
	
No relato sobre Inocência e Racismo na Tradição, a autora traz à tona um folclore da Holanda e flandres da Espanha sobre o Papai Noel e seu ajudante, negro e escravizado, o Zwarte Piet ou Black Pete. Essa tradição foi vivida por Olivia e que hoje é uma inocência que vem sendo sendo desafiada e começa a apontar para um debate racista pedindo a modificação dessas tradições, o que agita os debates públicos, ainda que marginais, sobre o racismo e suas práticas.  Isso traz um conjunto de perspectivas que dão destaque a três pontos decolonias sobre a relutância em usar o racismo como categoria analítica: (1)  o viés individualizado de inocência e intencionalidade e intensidade, (2) o viés de perícia e legitimidade, (3) o viés do emocional e anedótico em detrimento do estrutural.  A partir disso, examina como a relutância estratégica  reproduz perspectivas semelhantes ou não.
O primeiro viés traz a seguinte observação: Como a tradição de uma criança pode ser racista? Não era para ser racista- portanto, não é racismo. Essas interpretações acabam se justificando com intenções benignas daqueles que celebram a tradição e que não afetam quando comparado a outros horrores causados em função de raça. Sobre isso, destaca que o momento hitleriano, apesar de ser um marco na percepção de que racismo é algo ruim, também traz a percepção individualiza um problema que é essencialmente um problema estrutural que opera às vezes através de comportamentos de malevolência ou a loucura individuais e estruturas poderosas.  
Outro viés é a predominância de homens brancos nas discussões sobre o racismo, que acabam teorizando sobre o assunto. A ausência da expertise de quem vive o racismo nas mesas especializadas do debate de palavras-R é produto da subordinação ao institucionalismo europeu que dá prioridade à importância do rigor analítico. A falta de compromisso acadêmico com o racismo é que ele não é sentido como analítico o suficiente. Essas considerações dizem respeito à estratégia, estruturas e escolhas que fazemos em como queremos rotular a realidade, torná-la inteligível e talvez tentar mudá-la. Portanto,  o debate deve ser reivindicado pelas minorias invisíveis (e afetadas diretamente pelo debate) e trazido para o presente para ter uma interpretação objetiva da realidade e legitimá-lo. Do contrário, permanecerão com os olhos da experiência da academia (do conhecimento eurocêntrico) conceitos que deveriam ser formados pela experiência do cotidiano (das minorias).
A invocação da descolonialidade neste debate sobre a palavra-R tem como objetivo romper com o mito de (a) uma divisão binária entre o cotidiano e o conhecimento para entender a hierarquização dos povos; (b) racismo científico/biológico que foi deslegitimado para além de nossos discursos (c) racismo como a malevolência individual hitleriana. 
O uso estratégico da palavra-R, através da abordagem decolonial, é um importante instrumento crítico e analítico no estudo das RI considerando a necessidade de produção de conhecimento desmistificado e silenciado e anticolononialmente descolonizante na atualidade para superar o racismo e alcançar medidas concretas que apontem para uma atitude decolonial.
Referências Biblioraficas
Rutazibwa, Olivia Umurerwa (2016) "From the Everyday to IR: In Defence of the Strategic Use of the R-word" Postcolonial Studies. 19 (2), 191-200.
Rutazibwa, Olivia Umurerwa (2011). Decoloniser. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=z0b6wfDGseU

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