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Roma Baixo Império O Baixo Império (séculos III d.C.-V d.C.) A partir do século III da Era Cristã, a civilização romana mergulhou em sucessivas crises, iniciando um período que alguns historiadores denom- inam Baixo Império, e outros, Antiguidade tardia. A expansão territorial, base de toda a riqueza e estabilidade política e social do Império Roma- no, foi se esgotando. Esse esgotamento ocorreu por vários motivos: a própria dimensão territorial alcançada; a pressão dos povos dominados e vizinhos; as dificuldades para novas anexações – devido à distância e aos custos. Além disso, havia obstáculos naturais detendo os romanos, desde os desertos da África e do Oriente Médio até as florestas da Europa central. Mais importante que expandir o território era manter e fortalecer as fronteiras do Império Romano. Sem novas conquistas, porém, não havia captura de escravos, e a mão de obra começou a se escassear. A econo- mia romana, que se baseava no trabalho escravo, entrou em crise. Os elevados custos para manter as estruturas imperiais, militares e admin- istrativas abalaram o poder romano, reativando as disputas entre chefes militares e acelerando a crise imperial. Paralelamente, crescia em meio à população cativa a adesão a uma nova crença, o cristianismo, que surgira durante o governo de Otávio Augusto e logo passara a se expandir den- tro das fronteiras do Império. Para os escravos, o caráter ético do espiritualismo cristão era consolador e carregado de esperanças: para os bons cristãos, uma vida melhor após a morte (no paraíso); para os maus ou para os pagãos, o contrário(uma vida eterna no inferno). Em última análise, o cristianismo oferecia aos es- cravos uma alternativa de salvação, ainda que após a morte. A nova religião passou a ter um caráter subversivo para a estrutura políti- ca romana, pois era universal, contrária à violência e rejeitava a divindade do imperador, bem como a estrutura hierarquizada e militarizada do Im- pério. Na medida em que o colapso econômico rondava o Império, cada vez mais homens livres se convertiam ao cristianismo. Em meio às dificuldades, o Estado romano passou a intervir cada vez mais na vida econômica e social da população, tentando salvar o Império Romano. Alguns dos imperadores que tomaram medidas nesse sentido foram Diocleciano, Constantino e Teodósio. • Diocleciano (284-305): criou o Édito (decreto) Máximo, fixando os preços de mercadorias e salários, numa tentativa de combater a crescente inflação. Não teve sucesso e os problemas de abastecimento aumentaram. • Constantino (306-337): tomou providências sobre a política religiosa do Im- pério e, após reunião em Milão (313), firmou uma resolução que definia a liber- dade de culto aos cristãos. Estabeleceu também uma segunda capital para o Império, em Constantinopla (antiga Bizâncio, cidade grega), a leste e próxima ao mar Negro, em uma parte do Império menos atingida pela crise do escravis- mo. Leia a seguir a resolução da liberdade de culto aos cristãos. • Teodósio (378-395): transformou o cristianismo em religião oficial do Império (Édito de Tessalônica), nomeando-se chefe da religião organizada. Dividiu o Im- pério Romano em duas partes: do Ocidente (com capital em Roma) e do Oriente (com capital em Constantinopla), também chamado de Império Bizantino. No governo de Teodósio, um novo problema agravou a situação já crítica de Roma: o aumento da penetração de povos bárbaros – como os romanos denomina- vam todos os povos que não viviam dentro das fronteiras do Império Romano e não falavam latim. Inicialmente chegaram como trabalhadores agrícolas, mui- tas vezes arrendando vastas extensões de terras antes cultivadas por escravos, e logo sua entrada no Império se transformou em invasão. Em 476, um dos povos bárbaros, os hérulos, invadiram e saquearam a cidade de Roma, derrubaram o último imperador, Rômulo Augusto, e decretaram o fim do Império Romano, ao menos em sua parte ocidental. As invasões bárbaras, contudo, não foram a causa única da desagregação do Império. Constituíram um sintoma de sua crescente debilidade, pois o Império Romano, enfraquecido econômica e politicamente pelas revoltas sociais e pelas crises políticas e do escravismo, época em que se acelerava a expansão do cris- tianismo, não teve condições de se defender de ataques externos.
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