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CÍRCULO DE BAKHTIN: UMA ANÁLISE DIALÓGICA DE DISCURSO (PAULA,2013) Preparatório para prova escrita de Mestrado e Doutorado Edital UECE/ PosLA 2020 Profa. Ma. Ingrid Xavier dos Santos (PAULA,2013) Análises do Discursos 01 02 03 Análise Dialógica do Discurso : descrição e perspectivas Recepção e produção do Círculo de Bakhtin DIFERENÇAS BÁSICAS ENTRE AS AD’s Análise do Discurso x Análise Dialógica do Discurso AD – Segundo Pêcheux , a produção de sentidos não pode ser pensada nas esferas interindividuais ou ser tomada como interação entre grupos. (PAULA,2013,p.249). PRODUÇÃO DE SENTIDOS ADD - Toda palavra serve de expressão ao “um” em relação ao “outro”. Na palavra, eu dou forma a mim mesmo do ponto de vista do outro e ,por fim, da perspectiva da minha coletividade. A palavra é uma ponte que liga eu e o outro (VOLÓCHINOV,2017,p.205) SUJEITO Para AD – “ O sujeito é efeito” [...]. O sujeito não é a origem (do sentido, da história etc) (POSSENTI,2009,p.82) ; Para ADD- • Os sentidos estão divididos entre vozes diferentes. A importância excepcional da voz, do indivíduo (BAKHTIN,2011,p.320) • Só o enunciado tem relação imediata com a realidade e com a pessoa falante viva ( o sujeito)( BAKHTIN,2011,p.328) • O enunciado como um conjunto de sentidos (BAKHTIN,2011,p. 329) DIFERENÇAS BÁSICAS ENTRE AS AD’s DIFERENÇAS BÁSICAS ENTRE AS AD’s Análise de Discurso Crítica x Análise Dialógica do Discurso SUJEITO “Para a ADC, o sujeito é construído pelo discurso e constrói processos discursivos. A relação entre sujeito e discurso é dialética. Vieira(2002) explica que, na ADC, os atores sociais são julgados em interações sociais, discursivamente dadas”.(VIEIRA; MACEDO,2018,p.62) Para a ADD, “ as relações entre os sujeitos – relações pessoais, relações personalistas: relações dialógicas entre enunciados, relações éticas, etc” [...]. A definição de sujeito (pessoa) nas relações entre sujeitos: concretude (nome), integridade, responsividade, etc... inesgotabilidade, inconclusividade, abertura (BAKHTIN,2011,p.374). ADC : Ideologias são as maneiras como o sentido(ou o significado) serve para estabelecer e sustentar relações de dominação. ”(VIEIRA; MACEDO,2018,p.62). Não se encontrará a ideia alguma de alienação em Bakhtin, Voloshinov e Medvedev, muito pelo contrário: para eles, é preciso estar conforme a seu “grupo social” , o qual nada tem que ver com uma posição numa conjuntura sócio-histórica, mas se define pelo fato de que as “pessoas” se compreendem , porque têm uma vivência em comum.(SÉRIOT,2015,p.16). DIFERENÇAS BÁSICAS ENTRE AS AD’s IDEOLOGIA “A ideologia, em Voloshinov, por exemplo, é o conjunto dos produtos culturais, dos quais faz parte a ciência: são todas as ideias que “as pessoas” têm na cabeça, conjunto sempre manifesto e transparente na consciência , já que para ele o inconsciente não existe”. (SÉRIOT,2016,p.16) Consentimento e Falsa consciência Concebidas como inscrições valorativas socialmente orientadas que atuam na organização dos elementos componentes dos objetos estéticos e dos enunciados verbais, as avaliações sociais, correspondem, assim, a um ponto em comum no entendimento dos três autores [Bakhtin, Volóchinov e Medvedev], já antes de 1929, quanto ao modo pelo qual a realidade social integra o enunciado, e pode ser colocada em uma relação de proximidade, se não de continuidade, com a ideia de que enunciado é constitutivamente habitado por posições ideológicas em disputa na sociedade. (COSTA, 2017,p.108, grifos do autor). CÍRCULO DE BAKHTIN PRODUÇÕES DO CÍRCULO DE BAKHTIN 1928 SÉCULO 20 1929 BAKHTIN BAKHTIN * A cronologia apresentada foi feita com base em Paula (2013) e Sipriano (2019) 1929 MEDVEDEV 1927 Freudismo Marxismo e Filosofia da Linguagem (MFL) BR- 1979* Problemas da Poética de Dostoievski (PPD) BR- 1981* Para uma Filosofia do Ato Responsável 1920-1924 BR- 2010* O Método Formal nos Estudos Literários VOLÓCHINOV BR- 2001* BR- 1981* VOLÓCHINOV PRODUÇÕES DO CÍRCULO DE BAKHTIN SÉCULO 20 BAKHTIN * A cronologia apresentada foi feita com base em Paula (2013) e Sipriano (2019) BAKHTINBAKHTIN 1951 A Cultura Popular na Idade Média: o contexto de François Rabelais BR- 1987* 1975 BR- 1988* Estética da Criação Verbal (ECV) 1979 BR- 1992* Questões de Literatura e Estética (QLE) Endeusamento. Clark; Holquist e Todorov Demonização. Shneider; Sériot; Bronckart e Brotta. Produção dialógica do Círculo – Morson e Emerson ; Ponzio; Zavalla; Bubnova [...] BAKHTIN BAKHTIN BAKHTIN QUEM É O AUTOR? ANÁLISE DIALÓGICA DO DISCURSO (...) a indissolúvel relação existente entre língua, linguagens, história e sujeitos que instaura os estudos da linguagem como lugares de produção de conhecimento de forma comprometida, responsável, e não apenas como procedimento submetido a teorias e metodologias dominantes em determinadas épocas”. Esse embasamento constitutivo diz respeito a uma concepção de linguagem, de construção e produção de sentidos necessariamente apoiadas nas relações discursivas empreendidas por sujeitos historicamente situados. (BRAIT,2006,p.10) EM PPD, Intitulamos este capítulo ‘O discurso em Dostoiévski’ porque temos em vista o discurso, ou seja, a língua em sua integridade concreta e viva e não a língua como objeto específico da Linguística, obtido por meio de uma abstração absolutamente legítima e necessária de alguns aspectos da vida concreta do discurso. Mas são justamente esses aspectos, abstraídos pela Linguística, os que têm importância primordial para os nossos fins. Por estes motivos, as nossas análises subsequentes não são linguísticas no sentido rigoroso do termo. Podem ser situadas na Metalinguística, subentendendo-a como um estudo – ainda não constituído em disciplinas particulares definidas – daqueles aspectos da vida do discurso que ultrapassam – de modo absolutamente legítimo – os limites da Linguística. As pesquisas metalinguísticas, evidentemente, não podem ignorar a Linguística e devem aplicar os seus resultados. A Linguística e a Metalinguística estudam o mesmo fenômeno concreto, muito complexo e multifacético – o discurso, mas estudam sob diferentes ângulos de visão. Devem completar-se mutuamente e não fundir-se. BAKHTIN,1981,p.181 ANÁLISE DIÁLOGICA DO DISCURSO TRANS- T R A N S META- M E T A LINGUÍSTICAPrefixo grego “além de” Prefixo latino “além de” FIORIN,2016,p.23 CONCEITOS DIÁLOGO O diálogo fundamenta e também instrui a consideração da linguagem ato, que constitui e movimenta a vida social, que surge como réplica social e contra a réplica que consegue antever. Guarda em relação à linguagem, assim entendida, estreita “adequação”. Da vida à teoria, o diálogo, de maneira recursiva, é identificado na ação entre interlocutores, entre autor e leitor, entre autor e herói, entre heróis, entre diferentes sujeitos sociais, que, em espaços e tempos diversos, tomam a palavra ou têm a palavra representada, ressignificada. MARCHEZAN,2006,p.125 (FIORIN,2016,p.27) Dialogismo é o modo de funcionamento real da linguagem, é o princípio constitutivo do enunciado. Todo enunciado constitui-se a partir de outro enunciado, é uma réplica a outro enunciado SIGNO IDEÓLOGICO O signo é um fenômeno do mundo externo . Tanto ele mesmo, quanto todos os efeitos por ele produzidos, ou seja, aquelas reações, aqueles movimentos e aqueles novos signos que ele gera no meio social circundante, ocorrem na experiência externa. Qualquer signo ideológico não é apenas um reflexo, uma sombra da realidade, mas também uma parte material dessa mesma realidade VOLÓCHINOV,2017,p.94 PALAVRA : NEUTRALIDADE IDEOLÓGICA Ser- evento único Horizonte vital Volitivo- emocional Incompleto e inacabado SUJEITO EXOTOPIA “A exotopia designa uma relação de tensão entre pelo menos dois lugares : o do sujeito quevive e olha de onde vive, e daquele que, de fora da experiência do primeiro, tenta mostrar o que vê do olhar do outro.” (AMORIM, 2006,p.100). Bakhtin (2011) discorre acerca dos três momentos que constituem o movimento exotópico: 1. Contemplação : primeiro olhar 2. Compenetração (ou empatia) : ida ao horizonte vital 3. Acabamento (ou objetivação) : o sujeito ‘observador” retorna ao seu horizonte vital. LINGUÍSTICA APLICADA+ADD Celani (1992) afirma que está claro para os que militam na LA que, embora a linguagem esteja no centro da LA, seu estudo pela LA não é necessariamente dominado pela Linguística. E, como exemplo, a pesquisadora diz ainda que, em uma representação gráfica da relação da LA com outras disciplinas com as quais se relaciona, a LA não apareceria na ponta de uma seta partindo da Linguística, mas sim que ela “estaria provavelmente no centro do gráfico, com setas bidirecionais dela partindo para um número aberto de disciplinas relacionadas com a linguagem, entra as quais estaria a Linguística, em pé de igualdade, conforme a situação, com a Psicologia, a Antropologia, a Sociologia, a Pedagogia ou a tradução” (p.21). (MOLON ; VIANA,2012,p.159) GLOSSÁRIO BÁSICO DIALOGISMO “Modo de funcionamento real linguagem, é o princípio constitutivo do enunciado” (FIORIN,2016,p.27) RELAÇÕES DIALÓGICAS “Relações (semânticas) entre toda espécie de enunciados na comunicação discursiva”. (BAKHTIN,2011,p.323) “O signo é a realidade material da ideologia. Os objetos que chamam atenção da sociedade entram no mundo da ideologia, se formam e se fixam nele, tornando signos ideológicos ao adquirirem ênfase social” (GRILLO; AMÉRICO,2017,p.366 –Glossário do MFL). ADD SIGNO IDEOLÓGICO Teoria/ método que concebe os estudos da linguagem “como formulações em que o conhecimento é concebido, produzido e recebido em contextos históricos e culturais específicos [...]” (BRAIT, 2006, p.10). LA TRANS- DISCIPLINARIDADE O QUE NOS UNE? LA enquanto área de estudo é e “sempre foi uma atividade humana, na qual participam indivíduos com os seus laços sociais, seus direitos e suas obrigações, e sobretudo seus anseios e interesses, que variam de acordo com o momento histórico em que se encontram” (RAJAGOPALAN,2003,p.44). ADD Analisar o enunciado concreto passa, obrigatoriamente, pela análise da concretude pela qual e na qual se realizou. ADD A ideia de concretude não se restringe ao contexto estrito da enunciação, mas sim à sua realidade sócio-histórica. E essa análise se dá sob a perspectiva dialógica. IDEIAS PARA ORGANIZAR O SEU TEXTO O que foi o Círculo de Bakhtin? Qual o contexto de produção das obras? Como essas obras chegam ao universo acadêmico, em especial, ao Brasil ? Como se deu a criação de uma metodologia para análise linguística nos moldes da teoria Bakhtiniana ? Qual o diferencial da ADD em comparação as outras Ads? Problematizar sobre os conceitos trabalhados na ADD. E sobre a dica supracitada, responder qual o papel do pesquisador na ADD e quais contribuições essa perspectiva traz para a sociedade ? Momento 01 Momento 02 Faça citações indiretas para embasar os seus argumentos. Consoante Volóchinov (2017); Segundo Paula(2013); Brait (2006)... ; NÃO COPIE O TEXTO MOTIVADOR, NEM FAÇA MINIRESUMOS, SEJA CRÍTICO E REFLEXIVO ; Ao falar da teoria, ADD, tente esboçar exemplos sobre a aplicação em análises da linguagem PAULA, Luciane de. Círculo de Bakhtin: uma Análise Dialógica de Discurso. REVISTA DE ESTUDOS DA LINGUAGEM, [S.l.], v. 21, n. 1, p. 239-258, june 2013. ISSN 2237-2083. REFERÊNCIAS POSSENTI, Sírio. Questões para analistas do discurso. São Paulo: Parábola, 2009. VOLÓCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Editora 34, 2017. SÉRIOT, P. Volochínov e a filosofia da linguagem. São Paulo: Parábola Editorial, 2015. BRAIT, B. Análise e teoria do discurso. In: BRAIT,B. Bakhtin: outros conceitos-chave. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2006, p. 9-31. AMORIM, M. Cronotopo e Exotopia. In: BRAIT, B. (org.). Bakhtin: outros conceitos-chave. São Paulo: Contexto, 2006. p. 95- 114. COSTA, L. R. A questão da ideologia no Círculo de Bakhtin: e os embates no discurso de divulgação científica da revista Ciência Hoje. São Paulo: Ateliê Editorial, 2017. BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011. FIORIN, J. L. Introdução ao pensamento de Bakhtin. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2016. BAKHTIN, M. Problemas da poética de Dostoiévski. Tradução direta do russo de Paulo Bezerra. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2015. VIEIRA, Josenia Antunes; MACEDO, Denise Silva. Conceitos-chave em análise do discurso crítica. In: BATISTA JR, José Ribamar Lopes; SATO, Denise Tamaê Borges; MELO, Iran Ferreira de. Análise do discurso crítica para linguistas e não linguistas. São Paulo: Parábola, 2018,p.49-77. SIPRIANO, Benedita França. Popular e tradição na esfera artístico- musical: uma análise dialógica sobre heterodiscurso e processos de construção de sentidos a partir da obra de João do Vale.2019. 318f. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Humanidades, Fortaleza. MOLON, Newton Duarte; VIANNA, Rodolfo. O Círculo de Bakhtin e a Linguística Aplicada. Bakhtiniana, Rev. Estud. Discurso, São Paulo , v. 7, n. 2, p. 142-165. 2012. RAJAGOPALAN,K. Por uma Linguística Crítica - linguagem, identidade e a questão ética. São Paulo: Parábola Editorial, 2003
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