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Thalia Feitosa, Bioquímica – Aula 11. Hormônios Esteróides Os hormônios esteroidais são produtos da modificação enzimática do colesterol. As adrenais, em ambos os sexos existe a síntese dos hormônios esteroidais para garantir a presença desses hormônios no nosso metabolismo. Esses hormônios são secretados pelo córtex da adrenal, que é a porção mais externa dessa glândula. Essas células que compõe o córtex da adrenal tem características lipídicas, então são capazes de absorver e sintetizar o colesterol. São divididas em 3 zonas, onde vai haver uma intensidade maior de determinadas enzimas em algumas das zonas, favorecendo a síntese de determinados esteroides. Existe um eixo, hipotalâmico hipofisário que vai coordenar a atividade de síntese e secreção desses hormônios. Então, através de estímulos externos ou internos, o hipotálamo é estimulado a liberar o CRH (hormônio liberador de corticotrofina) que estimula a adeno hipófise a liberar o ACTH. O CRH e o ACTH são polipeptídeos, são produtos de transcrição gênica. O ACTH vai agir sobre o córtex da adrenal, ativando as enzimas que vão inicializar a modificação do colesterol. A zona mais externa do córtex é a zona glomerular, onde existe uma menor responsividade do ACTH, tem receptores do ACTH nessa zona mas a ação bioquímica desse hormônio não é tão prevalente para a síntese do produto dessa região do córtex, que são os mineralocorticoides. A maior parte de capacidade dessa zona é dada pelos níveis de potássio plasmático e pela angiotensina II. A síntese de mineralocorticoides vai responder de forma mais eficiente pelos níveis de angiotensina II e de potássio do que pelo próprio ACTH. Depois a gente tem uma zona mais intermediária do córtex que é a zona fasciculada, que é a zona mais responsiva ao ACTH. Vai haver a ativação de enzimas que vão modificar o colesterol em cortisol, que é o principal esteroide glicocorticoide ativo. A zona mais interna do córtex, que é a zona reticular, é onde vai haver a síntese dos hormônios andrógenos. Andrógenos esses que vão regular a atividade metabólica, mas que não são suficientes para fornecer características sexuais secundárias desde que seja produzido de maneira equilibrada com os outros esteroides. Vamos ter os caracteres secundários relacionados aos andrógenos produzidos nas gônodas. Thalia Feitosa, Bioquímica – Aula 11. A biossíntese dos hormônios esteroidais depende da modificação enzimática do colesterol. O colesterol vai ser modificado primeiro em uma via comum em progestagênio, então vai haver primeiro uma modificação do colesterol em derivados progestagênios e a partir dos progestagênios é que vai se derivar para a produção dos glicocorticoides, mineralocorticoides e andrógenos desde que na adrenal do indivíduo estejam presentes todas as enzimas. Então, o eixo principal é um eixo comum e a depender da enzima que entrar em atividade há uma distribuição desses produtos progestageneos nas 3 vias. Esse colesterol que vai ser usado nas adrenais e que também vai ser usado nas gônodas, é um colesterol que pode ser sintetizado perifericamente e captado pela LDL (lipoproteína de baixa densidade) ou então sintetizar o colesterol dentro das próprias células onde ele vai ser transformado em esteroide. O colesterol é sintetizado a partir de acetil CoA (molécula central do metabolismo, portanto se tiver excesso de acetil CoA não vai ser usada como fonte de energia e vai servir de biossíntese de outras moléculas). O acetil CoA vai ser transformado em várias etapas, em hidroximetilglutaril-CoA (HMG-CoA) e sua transformação em mevalonate é o que chamamos de etapa limitante (é a única etapa regulatória na síntese do colesterol). Então o colesterol vai ser sintetizado em aproximadamente 20 reações. Mas só a HMG-CoA redutase é regulatória, ela vai agir sobre o HMG-CoA e vai transforma-lo em mevalonato, a partir dai a sequência das reações vai garantir a síntese de colesterol. No começo da reação é que acontece a etapa limitante. A HMG-CoA é regulada pelo próprio produto, que é o colesterol. Isso é bom, porque se não as nossas células iam ficar sintetizando colesterol e colesterol tem uma razão importante em ser sintetizado (hormônios esteroidais) mas muito colesterol também no organismo pode ser um risco inflamatório, aterogênico. Então, o colesterol pode ser sintetizado a partir do acetil CoA e também pode ser absorvido através da LDL (contém uma grande quantidade de estér de colesterol – colesterol esterificado). Colesterol esterficado é o colesterol que tem um ácido graxo ligado na hidroxila livre. Quando liga o ácido graxo nessa hidroxila, este colesterol que era livre (tinha polaridade por causa da hidroxila) deixa de ter polaridade e forma o estér de colesterol. O nosso plasma é aquoso, não dá pra circular uma molécula que tenha características Thalia Feitosa, Bioquímica – Aula 11. apolares no plasma, então ela é envolvida e ligada a proteínas formando o que chamamos de LDL. LDL é um complexo que tem o colesterol esterificado, fosfolipídios e trigricerídeos e consegue dar solubilidade para essas moléculas circularem e chegarem até nossas células onde elas vão ter atividade. Então, o colesterol que serve para biossíntese de hormônios esteroidais é o colesterol livre, se ele está na LDL ligado a um ácido graxo precisa haver a quebra dessa ligação éster. Ele só vai ser usado da LDL quando quebrar essa ligação de ácido graxo e se tornar livre novamente. O colesterol esterificado para ser usado como substrato para a síntese de hormônios esteroidais precisa ter sua ligação rompida. Única ligação que o colesterol faz é com ácido graxo. Uma vez que temos o colesterol livre, as enzimas presentes na adrenal e nas gônodas (testículo e ovário) vão modificar a cadeia do colesterol para transformar ele em todos os esteroides – mineralo, glicocorticoides e andrógenos. A maioria dessas enzimas, são enzimas do citocromo P450, que fazem reação oxidativa. São dependentes de NAD e FAD, ou seja, tenho a capacidade de hidroxilar a molécula. O que vai acontecer nessa modificação enzimática do colesterol, exceto na primeira reação, todas as outras reações são de hidroxilação (colocar OH na cadeia do colesterol). Algumas dessas enzimas precisam se tornar ativas para realizar a síntese. A primeira delas é a CYP11A1 que é ativada pelo ACTH, uma das ações do ACTH é ativar essa primeira enzima. Essa enzima faz a clivagem da cadeia lateral do colesterol. Depois vai seguindo a sequência de enzimas que vão direcionar esse progestagêneo formado pelo CYP11A1, para as diferentes vias de síntese dos esteroides. A 3betadesidrogenase que não é enzima do citocromo, não precisa passar por essa reação na mitocôndria . Depois tem a 17,21 e 11 hidroxilase na sequência derivando se vai para andrógeno, para mineralo corticoide ou se fica em glicocorticoide. A aldosterona sintetase transformando um corticoide em aldosterona. Aromatase é a única forma de ter estrogênio, transformando a testosterona em estrogênio. CYP11A1 vai transformar o colesterol em pregnenolona, que vai passar pela ação da 3betahidroxi e se transformar em progesterona e dar sequência na reação. Enzimas do citocromo P450 são enzimas que fazem transporte acoplado de elétrons, faz reação de oxidoredução. E para ser oxidaditva tem que estar presente nas mitocôndrias. Thalia Feitosa, Bioquímica – Aula 11. O ACTH é um peptídeo que age no seu receptor acoplado a proteína G, desencadeia uma cascata de sinalização celular, ativa adenilato ciclase e isso vai transformar ATP em AMPc. Quando fica ativa essa transformação de ATP em AMPc, esses fosfatos ativam a proteína quinase e ai começa a realizar múltiplasfosforilações dentro da célula que vão resultar na inicialização da esteroidogênese. Uma dessas fosforilações vai romper uma vesícula que estava armazenando colesterol esterificado (do LDL), transformando em colesterol livre. – faz isso ativando uma enzima chamada de lipase. Outra fosforilação ativa a Star (proteína transportadora da esteroidogênese), é quem vai transportar o colesterol para a mitocôndria. Se o colesterol livre não for transportado rapidamente para a mitocôndria, vai embora da célula. Ativa CYP11A1, que é a colesterol desmolase, que quer justamente transformar o colesterol em pregnenolona. Isso tudo que ocorreu é resultado da sinalização intracelular do ACTH. Essa mobilização do colesterol para a mitocôndria é chamada de passo crítico. Pode interferir, mas não vai inibir a via. A etapa da clivagem da cadeia lateral do colesterol (transformar o colesterol em pregnenolona) é chamada de etapa limitante. Ação da CYP11A1. A CYP11A1 é a etapa regulatório, a enzima que precisa ser ativada para que a esteroidogênese aconteça. As outras todas basta as enzimas estarem presentes nas adrenais ou nas gônodas para a síntese acontecer. Na estereidogênese, a primeira etapa é a limitante, que é a transformação do colesterol em pregnenolona. A partir daí, toda reação limitante é irreversível. A pregnenolona pode passar pela ação de uma enzima chamada de 3beta e fora da mitocôndria e ser transformada em progesterona. Ou dentro Thalia Feitosa, Bioquímica – Aula 11. da própria mitocôndria ela é transformada em 17hidroxipregnenolona pela ação da CYP17. Tem duas possibilidades de destino para a pregnenolona. Se ela seguir pela ação da 3beta, ela vai se derivar posteriormente em mineralocorticoide e em glicocorticoide. Se ela for logo transformada pela CYP17, vai ser direcionada para a síntese de andrógenos. A presença da 3beta é importante para que uma distribuição para as 3 vias que vão completar a síntese de todos os esteroides. Nas gônodas vai ter grande concentração de CYP17, por isso que nas gônodas há síntese elevada de estrogênio e testosterona. Nas adrenais precisa ter um equilíbrio dessa atividade, que é dado pela relação da 3beta e CYP17. Pregnenolona transformada em progesterona pela 3beta, a progesterona vai passar pela ação da CYP17 e produzir o cortisol. Se a progesterona passar pela ação da CYP21, é transformada em 11-desoxicorticoesterona, em corticosterona (corticoide fraco) e a aldosterona sintase completa o serviço fazendo a transformação em aldosterona (mineralocorticoide). As linhas normais, são as vias comuns. Mas o excesso de 17hidroxipregnenolona pode desviar para ser transformado em 17hidroxi progesterona e essa que tiver em excesso pode se desviar e se transformar em androcenediona (linhas tracejadas). Essa relação precisa ser mantida em equilíbrio para garantir que sejam sintetizadas de todos. CASO *Acth alto - está tendo sinalização *Cortisol baixo – não está conseguindo completar a via que dependa da enzima 21hidroxilase Hiperplasia Adrenal Congênita – pode ter deficiência da 21hidroxilase Se tem deficiência na 21hidroxilase – progesterona, 17hidroxiprogesterona vão ser desviados para andrógenos e a síntese de mineralocorticoides depende também da 21. Thalia Feitosa, Bioquímica – Aula 11. Em relação as enzimas, para a síntese de cortisol primeiro a 17 e depois a 21. Para a síntese de mineralocorticoides, primeiro a 21 e depois a 11. E quem só depende da 17 são os andrógenos. A deficiência da 21hidroxilase pode comprometer tanto a síntese de mineralocorticoides quanto a de cortisol. E pior, vai desviar os substratos – o ACTH está fazendo sua sinalização, a etapa limitante (formação de pregnenolona está acontecendo), se tem pregnenolona a 17 está ativa e se ela está ativa toda a pregnenolona, progesterona e 17progesterona são desviadas para a síntese de andrógenos por isso o desenvolvimento de caracteres secundários. O paciente não tem a 21-hidroxilase e a 11-beta- hidroxilase, por isso todos os progestagênicos ativados pelo ACTH da adrenal estão desviados para a síntese de andrógenos que passam a ser alto. Começa a ter uma produção de andrógenos semelhante ao que está acontecendo nas gônadas, só que sem FSH e LH. Temos mecanismos para controlar o cortisol, que são dados pela enzima 11beta-HSD. A isoforma 2 pega o cortisol e inativa ele, transformando em cortisona. A 1 faz o contrário. Conversão periférica da testosterona em DHT pela sua forma ativa, acontece pela ação de uma enzima chama de 5alfaredutase. DHT dá as características masculinas da testosterona. Células de Leydig são as que tem receptor de LH, que vai ter uma cascata de sinalização semelhante a cascata de sinalização do ACTH. O LH que é gonadotrófico, age sobre as células de Leydig no testículo. Thalia Feitosa, Bioquímica – Aula 11. Desencadeia cascata de sinalização – adenilato ciclase, AMPc , proteína quinase. Libera o colesterol e ativa CYP11A1, a colesterol desmolase, com isso transforma o colesterol em pregnenolona que se transforma em progesterona que se transforma em androstenediona que se transforma em testosterona. Testosterona é usada dentro do testículo para espermatogênese e também usada metabolicamente, quando transformada em DHT. Nas gônadas desvia só para andrógenos ( o que acontece com o paciente doente do caso, mas nas gônadas isso é o normal). Transformação da testosterona pela 5alfaredutase em DHT e pela CYP19 (aromatase) em estradiol. *nas gônadas não tem a 21hidroxilase A testosterona vai ser transportado ligado a proteína – SHBG ou albumina. *estradiol – mulheres * a testosterona sem nenhuma transformação só vai ter atividade testicular sob a diferenciação de células. Thalia Feitosa, Bioquímica – Aula 11.
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