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2017 Economia Prof. Daniel Rodrigo Strelow Prof. José Alfredo Pareja Gomez de La Torre Profª. Tatiane Thaís Lasta Copyright © UNIASSELVI 2017 Elaboração: Prof. Daniel Rodrigo Strelow Prof. José Alfredo Pareja Gomez de La Torre Profª. Tatiane Thaís Lasta Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 330 S914e Strelow; Daniel Rodrigo Economia / Daniel Rodrigo Strelow; José Alfredo Pareja Gomez de La Torre; Tatiane Thaís Lasta: UNIASSELVI, 2017. 269 p. : il ISBN 978-85-515-0049-1 1. Economia. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. III aprEsEntação Prezado acadêmico! Seja bem-vindo ao caderno de estudos de econo- mia! Estamos iniciando uma nova disciplina neste curso, e nesta nova etapa vamos nos dedicar ao estudo da disciplina Economia. Nos dias de hoje, en- tender de economia tornou-se imprescindível para o profissional de qualquer área do conhecimento. Na atualidade, o conhecimento sobre os fenômenos econômicos se faz cada dia mais necessário, inclusive para a tomada de deci- sões, não apenas por questões profissionais, mas também para a vida pessoal de cada indivíduo. Compreender os grandes problemas econômicos, fazer análises e leituras cada vez mais precisas da realidade, compreender as gran- des diferenças sociais talvez seja o desafio de bons profissionais de qualquer área do conhecimento. Afinal, economia está presente no nosso dia a dia e em quase tudo o que fazemos, mas será que todas as pessoas têm esta clareza? Ou mesmo sabem interpretar as notícias relacionadas às questões econômicas e como elas afetam a nossa vida? Por exemplo, diariamente assistimos aos noticiários e lemos nos jornais questões simples que envolvem a economia que nos afetam diretamente. Algumas dessas notícias são sobre o aumento dos preços, a inflação, o aumento de impostos por parte do governo, o au- mento do desemprego, aumento do dólar, crise econômica, ajuste fiscal, entre outras. Você sabe interpretar estas notícias e como cada uma delas interfere na economia? E a consequência delas em nossas vidas? Por isso, este caderno, dedicado à disciplina Economia, tem a finalidade de auxiliá-lo no entendi- mento dessas questões, didaticamente o caderno está dividido em três unida- des. A Unidade 1 deste caderno consiste em uma introdução à economia. Esta unidade está dividida em cinco grandes tópicos. No Tópico 1, vamos estudar o conceito de economia, o problema da escassez dos recursos pro- dutivos, as necessidades ilimitadas das pessoas. Estudaremos os problemas econômicos fundamentais, os bens de uma economia, os agentes econômi- cos, estudaremos de forma breve a grande divisão da teoria econômica en- tre microeconomia e macroeconomia. No Tópico 2, estudaremos os sistemas econômicos, como as sociedades capitalistas, socialistas e mistas organizam a sua produção e como lidam com os problemas econômicos. Já, no Tópico 3, vamos estudar a curva de possibilidade de produção. Nesse tópico elabo- ramos alguns exemplos e algumas aplicações da curva em uma sociedade. No próximo tópico, o quarto deste caderno, estudaremos o funcionamento de uma economia de mercado. Nele, você estudará como acontece a inter- -relação entre os agentes econômicos de uma sociedade por meio dos fluxos, são apresentados os fluxos real e monetário, fluxo circular da renda em uma economia fechada e o fluxo circular da renda em uma economia aberta. Por fim, e não menos importante, apresentamos a você, estudante, o Tópico 5, em que trazemos a evolução do pensamento econômico ao longo do tempo, IV desde a antiguidade, mercantilistas, fisiocratas; a escola clássica (importan- te para compreender o pensamento econômico atual); o marxismo com Karl Marx, Keynes, os marginalistas, o neoclássico e mais atualmente, as correntes pós-keynesianas. Na unidade 2 estaremos abordando questões de análise comporta- mental dos dois agentes fundamentais à atividade econômica. Isto é, o agente “família”, como consumidores; e agente “empresa”, como centros produtivos. Ao longo da unidade estaremos conhecendo como esses agentes interagem no mercado, se observando: a dinâmica tanto da demanda como da oferta, o preço de equilíbrio de um determinado produto no mercado, a análise com- portamental da utilidade marginal, a análise tanto da receita marginal como dos custos marginais e a dinâmica da economia de escala. E por último iremos estudar as estruturas de mercado que atuam em uma economia de mercado, quesito importante de entender para iniciar seus estudos da unidade 3, a ma- croeconomia. Para lhe ajudar a se organizar nos seus estudos esta unidade divide-se em quatro grandes tópicos, sendo estes: tópico 1 – a lei da procura e da oferta, tópico 2 – o preço ideal e o comportamento da procura e oferta, tópico 3 – a teoria marginal e o comportamento do produtor, tópico 4 – a receita marginal e estrutura de mercado. Todos esses conceitos microeconômicos são impor- tantes para que você possa ter maiores fundamentos e assim compreender melhor a unidade 3, na qual você irá estudar conceitos Macroeconômicos de uma economia de mercado. Na Unidade 3 deste Caderno de Economia iremos estudar a Macroe- conomia, parte importante da teoria econômica. Nosso objetivo é conhecer os principais fundamentos da Teoria Macroeconômica e, para tanto, esta unida- de divide-se em cinco grandes tópicos. No primeiro, iremos compreender as raízes históricas deste campo de estudo, bem como suas estruturas de análise, as políticas macroeconômicas e os seus principais objetivos. No segundo tópi- co, nossa atenção estará voltada para a Contabilidade Social, um conjunto de técnicas que permite a medição dos principais agregados macroeconômicos de um país. Os principais agregados macroeconômicos também serão objeto de nosso estudo. No terceiro tópico analisaremos os pressupostos da teoria da determinação da renda e do produto nacional no mercado de bens e serviços. Além disso, discutiremos o papel e a importância da moeda no conjunto da economia. No quarto tópico estudaremos os fundamentos do comércio in- ternacional e das relações econômicas internacionais. Nesse sentido, temas relacionados à importação, à exportação, ao balanço de pagamentos e à taxa de câmbio serão objeto de nossa atenção. Por fim, no quinto tópico analisare- mos o fenômeno da inflação, suas principais características e seu impacto no cotidiano. Além do caderno de economia como o principal subsídio para esta disciplina, ao longo dos estudos preparamos para você algumas bibliografias V e vídeos didáticos que serão úteis para que você atualize os seus conhecimen- tos sobre o tema estudado. Além disso, ao final de cada tópico, elaboramos algumas atividades sobre os conteúdos abordados em cada tópico deste ca- derno para você fixar os conhecimentos. Assim, esperamos que este caderno de estudos possibilite a você, aca- dêmico, compreender os principais conceitos da disciplina de Economia e sua relação com o dia a dia. Desejamos a você um ótimo aprendizado, e que ao final desta disciplina você consiga aplicar os conceitos e teorias no meio pro- fissional que você atua, sendo cada vez mais assertivo nas suas escolhas e tomadas de decisões, bem como auxilie nas pequenas escolhas diárias na sua vida pessoal. Aproveite este caderno de economia! Desejamos bons estudos! Daniel Rodrigo Strelow José Alfredo Pareja Gomez de La Torre Tatiane Thaís Lasta VI Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância,o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! UNI VII VIII IX sumário UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À ECONOMIA ............................................................................... 1 TÓPICO 1 - INTRODUÇÃO À ECONOMIA ................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 O QUE É ECONOMIA? ...................................................................................................................... 4 2.1 ECONOMIA COMO UMA CIÊNCIA SOCIAL ......................................................................... 4 2.2 A CIÊNCIA DA ESCASSEZ .......................................................................................................... 6 3 OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS ............................................................... 8 3.1 BENS E SERVIÇOS EM UMA ECONOMIA ............................................................................... 9 4 OS RECURSOS PRODUTIVOS ....................................................................................................... 11 4.1 REMUNERAÇÃO DOS RECURSOS PRODUTIVOS ................................................................ 12 5 OS AGENTES ECONÔMICOS ......................................................................................................... 13 5.1 AS FAMÍLIAS .................................................................................................................................. 13 5.2 AS EMPRESAS ................................................................................................................................ 14 5.3 GOVERNO ....................................................................................................................................... 14 5.4 O RESTO DO MUNDO .................................................................................................................. 15 5.5 MERCADO ...................................................................................................................................... 15 6 A DIVISÃO DO ESTUDO DA ECONOMIA ................................................................................. 16 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 18 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 20 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 21 TÓPICO 2 - SISTEMAS ECONÔMICOS .......................................................................................... 23 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 23 2 O QUE É UM SISTEMA ECONÔMICO? ....................................................................................... 23 3 ECONOMIA CAPITALISTA OU DE MERCADO ........................................................................ 24 4 ECONOMIAS SOCIALISTAS OU PLANIFICADAS .................................................................. 26 5 ECONOMIAS MISTAS ...................................................................................................................... 28 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 30 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 31 TÓPICO 3 - CURVAS DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO .................................................. 33 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 33 2 A FRONTEIRA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO DE UMA EMPRESA TÊXTIL ....... 34 2.1 O CUSTO DE OPORTUNIDADE ................................................................................................. 37 2.2 O DESEMPREGO REPRESENTADO NA CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO ............................................................................................................................. 39 3 A CURVA DA POSSIBILIDADE EM NÍVEL DE UMA ECONOMIA ...................................... 40 3.1 ALTERAÇÕES NA CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO ..................................... 42 3.2 ALTERAÇÕES NA CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO: O CRESCIMENTO E O DILEMA ENTRE A ESCOLHA ENTRE BENS DE CONSUMO E BENS DE CAPITAL .............................................................................................. 44 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 47 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 48 X TÓPICO 4 - FUNCIONAMENTO DE UMA ECONOMIA DE MERCADO ............................... 49 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 49 2 O FLUXO REAL DA ECONOMIA ................................................................................................... 49 3 O FLUXO MONETÁRIO .................................................................................................................... 50 4 FLUXO CIRCULAR DA RENDA ...................................................................................................... 52 4.1 FLUXO CIRCULAR DA ATIVIDADE ECONÔMICA FECHADA SEM GOVERNO .......... 52 4.2 FLUXO CIRCULAR DA ATIVIDADE ECONÔMICA DE UMA ECONOMIA ABERTA .................................................................................................................... 54 5 VAZAMENTOS E INJEÇÕES NO FLUXO DE RENDA .............................................................. 56 5.1 VAZAMENTOS NO FLUXO CIRCULAR DA RENDA – A POUPANÇA ............................. 56 5.1.1 As injeções no fluxo circular da renda provenientes da poupança .................................... 57 5.2 VAZAMENTOS NO FLUXO CIRCULAR DA RENDA – OS TRIBUTOS .............................. 57 5.2.1 As injeções no fluxo circular da renda provenientes dos impostos ................................... 58 5.3 VAZAMENTOS NO FLUXOCIRCULAR DA RENDA – AS IMPORTAÇÕES ..................... 58 5.3.1 As injeções no fluxo circular da renda proveniente – caso das importações .................... 58 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 61 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 62 TÓPICO 5 - A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO ................................................ 63 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 63 2 PRÉ-HISTÓRIA E ANTIGUIDADE CLÁSSICA ........................................................................... 63 3 IDADE MÉDIA .................................................................................................................................... 64 4 MERCANTILISMO ............................................................................................................................. 64 5 FISIOCRACIA ...................................................................................................................................... 66 5.1 OS FISIOCRATAS – CONTEXTO ................................................................................................. 67 6 A ESCOLA CLÁSSICA ....................................................................................................................... 68 6.1 PRINCIPAIS PRECURSORES DA ESCOLA CLÁSSICA: ADAM SMITH ............................. 70 6.2 PRINCIPAIS PRECURSORES DA ESCOLA CLÁSSICA: DAVID RICARDO ....................... 71 6.3 PRINCIPAIS PRECURSORES DA ESCOLA CLÁSSICA: JEAN-BAPTISTE SAY ................. 73 6.4 PRINCIPAIS PRECURSORES DA ESCOLA CLÁSSICA: THOMAS MALTHUS ................. 74 6.5 PRINCIPAIS PRECURSORES DA ESCOLA CLÁSSICA: JOHN STUART MILL ................. 75 7 MARXISMO .......................................................................................................................................... 76 8 OS ECONOMISTAS NEOCLÁSSICOS (OU MARGINALISTAS) ........................................... 79 9 KEYNESIANISMO .............................................................................................................................. 81 9.1 A ECONOMIA PÓS-KEYNES ...................................................................................................... 85 RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 87 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 88 UNIDADE 2 - MICROECONOMIA ................................................................................................... 91 TÓPICO 1 - A LEI DA PROCURA E DA OFERTA .......................................................................... 93 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 93 2 CONCEITO DE MICROECONOMIA ............................................................................................. 93 3 LEI DA DEMANDA: O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ....................................... 95 3.1 COMPORTAMENTO DOS CONSUMIDORES .......................................................................... 96 3.2 VARIÁVEIS DA ESTRUTURA DA DEMANDA ....................................................................... 98 3.3 RELAÇÃO ENTRE QUANTIDADE PROCURADA E PREÇO DO PRODUTO ................... 100 4 FUNDAMENTOS DA LEI DA OFERTA ......................................................................................... 103 4.1 O FATOR CUSTO DE PRODUÇÃO NAS QUANTIDADES OFERTADAS ........................... 106 4.2 FATOR PREÇO E A CURVA DA OFERTA ................................................................................. 108 4.3 A ESCALA COMPORTAMENTAL DOS PRODUTORES ........................................................ 109 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 111 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 112 XI TÓPICO 2 - O PREÇO IDEAL E O COMPORTAMENTO DA PROCURA E OFERTA ........... 113 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 113 2 O PREÇO DE EQUILÍBRIO ............................................................................................................... 113 2.1 A INTERAÇÃO DA PROCURA E DA OFERTA ....................................................................... 113 2.2. O PREÇO DE EQUILÍBRIO .......................................................................................................... 115 3 DESLOCAMENTOS DA CURVA DA PROCURA E/OU OFERTA ........................................... 118 3.1 ALTERAÇÃO NA ESTRUTURA DA OFERTA .......................................................................... 119 3.2 ALTERAÇÃO NA ESTRUTURA DA DEMANDA .................................................................... 121 4 FUNDAMENTOS DA ELASTICIDADE DA PROCURA E DA OFERTA ............................... 122 4.1 A ELASTICIDADE DA PROCURA ............................................................................................. 123 4.1.1 Fatores que influenciam na elasticidade preço da procura ................................................. 123 4.1.2 Cálculo da elasticidade-preço da procura ............................................................................. 125 5 FUNDAMENTOS DA ELASTICIDADE DA OFERTA ................................................................ 128 5.1 FATORES QUE INFLUENCIAM A ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA ........................ 129 5.2 COEFICIENTE DA ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA .................................................... 130 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 133 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 134 TÓPICO 3 - A TEORIA MARGINAL E O COMPORTAMENTO DO PRODUTOR ................ 137 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 137 2 FUNDAMENTOS DA UTILIDADE MARGINAL DECRESCENTE DO CONSUMIDOR ................................................................................................................................... 137 2.1 O PRINCÍPIO DA UTILIDADE MARGINAL DECRESCENTE DO CONSUMIDOR ............................................................................................................................... 138 2.2 A ESCOLHA NO MOMENTO DE CONSUMIR ........................................................................ 140 3 LIMITAÇÕES PARA MAXIMIZAR A UTILIDADE MARGINAL ........................................... 142 3.1 CURVA DA INDIFERENÇA ......................................................................................................... 142 3.2 RESTRIÇÕES ORÇAMENTÁRIAS .............................................................................................. 145 3.3 REFLEXO DA RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA NO CONSUMO DO BRASILEIRO .......... 148 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 150 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................151 TÓPICO 4 - A RECEITA MARGINAL E ESTRUTURA DE MERCADO .................................... 153 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 153 2 A RECEITA MARGINAL ................................................................................................................... 153 2.1 MAXIMIZAR AS VENDAS ........................................................................................................... 154 3 ESTRUTURA DOS CUSTOS E A ECONOMIA DE ESCALA .................................................... 156 3.1 CUSTOS FIXOS E VARIÁVEIS ..................................................................................................... 157 3.2 ECONOMIA DE ESCALA ............................................................................................................. 159 3.3 CUSTOS MÉDIOS E CUSTOS MARGINAIS .............................................................................. 161 3.4 A MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO .................................................................................................. 163 4 ESTRUTURA DE MERCADO ........................................................................................................... 165 4.1 CONCORRÊNCIA PERFEITA ...................................................................................................... 165 4.2 COMPETIÇÃO IMPERFEITA E CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA ............................. 166 4.3 OLIGOPÓLIO .................................................................................................................................. 167 4.4 MONOPÓLIO .................................................................................................................................. 168 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 170 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 172 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 173 XII UNIDADE 3 - MACROECONOMIA .................................................................................................. 175 TÓPICO 1 - INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA ................................................................... 177 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 177 2 EVOLUÇÃO DA TEORIA MACROEOCONÔMICA .................................................................. 178 2.1 BREVE EVOLUÇÃO DA MACROECONOMIA ........................................................................ 180 3 OBJETIVOS DA POLÍTICA MACROECONÔMICA .................................................................. 181 4 OS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA MACROECONÔMICA ................................................ 183 4.1 POLÍTICA FISCAL ......................................................................................................................... 184 4.2 POLÍTICA MONETÁRIA .............................................................................................................. 185 4.3 POLÍTICA CAMBIAL E COMERCIAL ....................................................................................... 186 4.4 POLÍTICA DE RENDAS ................................................................................................................ 187 5 ESTRUTURAS DE ANÁLISE MACROECONÔMICA ................................................................ 188 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 190 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 191 TÓPICO 2 - NOÇÕES DE CONTABILIDADE SOCIAL ................................................................ 193 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 193 2 A CONTABILIDADE SOCIAL ......................................................................................................... 193 2.1 ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DAS CONTAS NACIONAIS ............................................. 195 3 MEDINDO A ECONOMIA A DOIS SETORES: FAMÍLIAS E EMPRESAS ........................... 196 3.1 O VALOR ADICIONADO ............................................................................................................. 200 3.2 A POUPANÇA AGREGADA (S), O INVESTIMENTO AGREGADO (I) E A DEPRECIAÇÃO ...................................................................................................................... 201 4 MEDINDO A ECONOMIA A TRÊS SETORES: O GOVERNO ................................................ 204 4.1 CUSTO DE FATORES E PREÇOS DE MERCADO .................................................................... 205 4.2 A RENDA PESSOAL DISPONÍVEL E A CARGA TRIBUTÁRIA BRUTA E LÍQUIDA ....... 206 5 MEDINDO A ECONOMIA A QUATRO SETORES: O SETOR EXTERNO ............................ 207 5.1 O PIB NOMINAL E O PIB REAL ................................................................................................. 209 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 211 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 213 TÓPICO 3 - A DETERMINAÇÃO DA RENDA E DO PRODUTO NACIONAL: O MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO ............. 215 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 215 2 O MERCADO DE BENS E SERVIÇOS: A HIPÓTESE DO MODELO BÁSICO (KEYNESIANO) .................................................................................................................. 215 2.1 O EQUILÍBRIO MACROECONÔMICO .................................................................................... 217 2.2 COMPORTAMENTO DOS AGREGADOS MACROECONÔMICOS .................................... 218 3 O MULTIPLICADOR KEYNESIANO DE GASTOS .................................................................... 220 4 DETERMINAÇÃO DE RENDA E DO PRODUTO NACIONAL: O MERCADO MONETÁRIO ............................................................................................................ 222 4.1 OFERTA DE MOEDA: OS MEIOS DE PAGAMENTO ............................................................. 222 4.1.1 Criação e destruição de moeda ............................................................................................... 224 4.2 OFERTA DE MOEDA PELO BANCO CENTRAL ..................................................................... 224 4.3 O MULTIPLICADOR MONETÁRIO ........................................................................................... 225 4.4 A DEMANDA DE MOEDA .......................................................................................................... 226 4.5 TAXAS DE JUROS: NOMINAL E REAL ..................................................................................... 227 4.6 A MOEDA E A POLÍTICA MONETÁRIA .................................................................................. 228 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 230 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................232 XIII TÓPICO 4 - ECONOMIA INTERNACIONAL: O SETOR EXTERNO ........................................ 233 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 233 2 O COMÉRCIO INTERNACIONAL – ALGUMAS DEFINIÇÕES INICIAIS .......................... 234 2.1 INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL NO COMÉRCIO INTERNACIONAL – AS MEDIDAS PROTECIONISTAS ............................................................................................... 234 2.2 INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL NO COMÉRCIO INTERNACIONAL – RESTRIÇÕES E INCENTIVOS AO LIVRE-COMÉRCIO .......................................................... 235 3 O BALANÇO DE PAGAMENTOS ................................................................................................... 236 4 TAXAS DE CÂMBIO ........................................................................................................................... 239 4.1 OS REGIMES CAMBIAIS .............................................................................................................. 240 4.2 A DESVALORIZAÇÃO E A VALORIZAÇÃO CAMBIAL ....................................................... 243 5 ALGUNS DETERMINANTES DAS IMPORTAÇÕES E DAS EXPORTAÇÕES .................... 244 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 246 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 247 TÓPICO 5 - INFLAÇÃO ........................................................................................................................ 249 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 249 2 O QUE É INFLAÇÃO? ........................................................................................................................ 249 2.1 A INFLAÇÃO DE DEMANDA .................................................................................................... 251 2.2 A INFLAÇÃO DE CUSTOS ........................................................................................................... 252 2.3 A INFLAÇÃO INERCIAL ............................................................................................................. 253 3 OS PRINCIPAIS EFEITOS DA INFLAÇÂO .................................................................................. 253 3.1 EFEITOS NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA ................................................................................ 254 3.2 EFEITOS SOBRE O BALANÇO DE PAGAMENTOS ................................................................ 255 3.3 EFEITOS SOBRE OS INVESTIMENTOS EMPRESARIAIS ....................................................... 255 3.4 EFEITOS SOBRE O MERCADO DE CAPITAIS ......................................................................... 255 4 COMO COMBATER A INFLAÇÂO ................................................................................................ 256 5 METAS INFLACIONÁRIAS NO BRASIL ...................................................................................... 256 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 259 RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 265 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 266 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 268 XIV 1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ECONOMIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade você será capaz de: • compreender os conceitos básicos da ciência econômica; • compreender e avaliar os problemas econômicos básicos que impactam nas atividades econômicas e no cotidiano; • entender e diferenciar as principais características dos sistemas econômi- cos; • conhecer e interpretar a curva de possibilidade de produção; • compreender o funcionamento de uma economia e sua relação com as ati- vidades produtivas, comerciais e de distribuição da renda de uma socie- dade; • conhecer a evolução do pensamento econômico e as suas principais cor- rentes. Esta unidade está organizada em cinco tópicos. Ao final de cada tópico você encontrará atividades que lhe darão uma maior compreensão dos temas abordados. TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À ECONOMIA TÓPICO 2 – SISTEMAS ECONÔMICOS TÓPICO 3 – CURVAS DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO TÓPICO 4 – FUNCIONAMENTO DE UMA ECONOMIA DE MERCADO TÓPICO 5 – A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ECONOMIA 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, daremos ínicio aos nossos estudos sobre introdução à economia. Nesta primeira unidade, a intenção é fazer com que você compreenda as conceituações básicas da economia presentes no nosso cotidiano. Ao longo dos estudos, vamos fazer você perceber como a economia está presente no nosso dia a dia, em praticamente tudo o que fazemos. Embora todas as pessoas, diariamente, lidam com atividades de natureza econômica, poucas delas têm essa lucidez. Todos os dias, em telejornais, em periódicos, ou mesmo na internet, nos deparamos com diferentes questões econômicas que passam despercebidas. Alguns exemplos que podemos adiantar são os aumentos dos preços, cortes de gastos em períodos de crises e recessão econômica, ou ainda, de crescimento econômico em épocas prósperas. Poderíamos citar também as altas taxas de desemprego, taxas de câmbio, taxas de juros, alta nos impostos e tarifas públicas, a distribuição da renda e do produto, a inflação, entre outros. Exemplos mais simples, como a nossa diária relação de trabalho em troca de um salário no final do mês é uma relação econômica e política, o valor da passagem de ônibus, o valor dos alimentos, o valor da mensalidade da faculdade etc. É só começar a prestar atenção a nossa volta, e veremos que tudo o que nós compramos ou consumimos na forma de bens ou de serviços estão envoltas em várias relações econômicas e políticas. Esses são alguns temas centrais no estudo da ciência econômica, que aliás, é só ler um jornal para ver cada um desses termos, não é mesmo? O que todos esses termos econômicos e esses indicadores tem a ver com o nosso cotidiano? O estudo e conhecimento sobre os assuntos econômicos faz-se mais necessário do que nunca, já que maior parte dos grandes problemas das sociedades contemporâneas, como a globalização, a desigualdade, as questões ambientais e outros complexos problemas têm uma ligação direta com os problemas de natureza econômica. Neste primeiro tópico, vamos estudar o conceito de economia, o problema da escassez dos recursos produtivos, as necessidades ilimitadas, vamos estudar os problemas econômicos fundamentais, os bens de uma economia, os agentes UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA 4 econômicos, estudaremos de forma breve a grande divisão da teoria econômica entre microeconomia e macroeconomia, que serão aprofundadas nas Unidades 2 e 3. 2 O QUE É ECONOMIA? Para começarmos nossa disciplina, é importante buscar saber o que significa economia e qual a origem deste conceito. Em termos etimológicos, a palavra “economia” tem origem grega, sua divisão se dá por duas palavras: oikos, que significa casa; e nomos, que significa norma, lei. Assim, com a junção das duas palavras, temos oikonomia, que significa “administração da casa” ou “administração da coisa pública”. O senso comumcostuma relacionar uma pessoa como sendo econômica, o que significa dizer que ela é cuidadosa com o gasto de dinheiro, ou cautelosa na administração de recursos que ela dispõe, geralmente a sua renda (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004). Será que economia refere-se somente a economizar ou a poupar dinheiro? Muitas pessoas acreditam que sim, mas este é um juízo equivocado. Durante esta unidade, levaremos você a compreender a economia, buscando exemplos e demostrando que a mesma está presente no nosso dia a dia, em praticamente todas as atividades do nosso cotidiano, e nas escolhas que fazemos quando gastamos a nossa renda. A economia, ou ciência econômica, busca compreender como a sociedade e os indivíduos utilizam os seus recursos, que são escassos, na produção de determinados bens e serviços. Estuda-se ainda a forma como esses bens são distribuídos entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com a finalidade de satisfazer as necessidades de todos os indivíduos. Os sujeitos devem fazer escolhas, as quais administrem bem os seus recursos, que já são escassos, de acordo com as suas necessidades (alimentação, saúde, educação, vestuário, habitação, transporte) que como citamos, são ilimitadas. Portanto, a ciência econômica preocupa-se com a alocação dos recursos de forma que não se comprometa as gerações futuras com o problema da escassez dos recursos (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004). 2.1 ECONOMIA COMO UMA CIÊNCIA SOCIAL A ciência econômica procura estudar como a sociedade se organiza e de que forma administra seus recursos que são limitados (que tem um fim) com o propósito de produzir bens e serviços para atender às necessidades de toda a população que são ilimitadas. Assim, pode-se deferir a ciência econômica como sendo: TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA 5 a ciência social que estuda como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter utilização alternativa, na produção de bens e serviços de modo a distribui-los em várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas (STONIER, 1971 apud PASSOS; NOGAMI, p. 5). Para Samuelson (1988) apud Passos e Nogami (2012), a economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem empregar os recursos escassos. Resumidamente, a definição da economia para Passos e Nogami (2012) é “uma ciência social que tem por objeto de estudo a questão da escassez”. Assim temos que: “economia é, pois, a ciência que estuda as formas do comportamento humano resultantes da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam a usos alternativos” (STONIER, 1971, apud PASSOS; NOGAMI, p. 5, 2012). A ciência econômica é uma ciência social e preocupa-se em estudar como a sociedade se organiza e de que forma administra seus recursos que são limitados, com o propósito de produzir bens e serviços e atender às necessidades das populações que são ilimitadas. O senso comum geralmente tem a tendência de reduzir a ciência econômica ao seu viés puramente matemático, bancário e a gráficos, ou mesmo a relação mencionada anteriormente, em que economia consiste apenas em economizar dinheiro. Todavia, a ciência econômica pode ser considerada uma ciência social, pois é a ciência que estuda a organização e a distribuição dos bens, por consequência, o funcionamento das sociedades. É por meio da ciência econômica que estuda-se como os indivíduos e como a sociedade escolhe alocar os seus recursos produtivos da melhor forma possível, já que são escassos e tem a finalidade de satisfazer as necessidades de todas as pessoas dentro de uma determinada sociedade. Além disso, a ciência econômica preocupa-se com o comportamento das pessoas e como os indivíduos e as organizações tomam as decisões quanto à produção, troca de bens e consumos (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004). A economia é, portanto, uma ciência social, pois se ocupa do comportamento humano e de estudar como as pessoas e as organizações na sociedade se empenham na produção de bens e serviços. IMPORTANT E NOTA UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA 6 2.2 A CIÊNCIA DA ESCASSEZ O problema da escassez é um problema de todas as sociedades contemporâneas. Todos sabemos que o ser humano possui necessidades diárias para a reprodução material de sua vida, e que estão relacionadas ao consumo de mercadorias (bens e/ou serviços). Essas necessidades apresentam-se das mais variadas formas, é só observamos as nossas próprias necessidades, as primárias, que são: alimentação, saúde, educação etc. Desde as necessidades mais básicas até aquelas que podem facilitar a nossa vida, como produtos tecnológicos, celulares, computadores, carros etc. Assim, o consumo desses e de outros bens e serviços se torna uma condição de vida saudável, próspera e confortável na sociedade da qual fazemos parte. É importante, também, diferenciar as necessidades humanas dos desejos. As necessidades envolvem tudo o que realmente precisamos para sobreviver, como alimentação, moradia, saúde, educação, roupas, sapatos. Já os desejos são roupas caras e de marca, perfumes importados, celular de última geração etc. A escassez está presente em nosso dia a dia, por exemplo, quando você percebe que seu salário não pode comprar para além de todas as suas necessidades e todos os seus desejos. Se você precisa comprar um automóvel para facilitar seu deslocamento para seu trabalho, ou mesmo para passeio, isso é sua necessidade. Seu desejo seria comprar uma Ferrari, mas como seus recursos (rendimentos) são escassos, você vai comprar um automóvel que esteja dentro do seu orçamento e que vai atender a sua necessidade. Poderíamos nos perguntar: o que é a escassez e por que existe o problema da escassez? A escassez significa que um determinado produto ou serviço não tem uma disponibilidade ampla no mercado. Quer dizer, não consegue se produzir determinado bem para todas as pessoas e, se ele é escasso, possivelmente seu preço é mais elevado e nem todas as pessoas poderão comprá-lo. Assim a escassez existe pelo fato de que as necessidades das pessoas são ilimitadas. Tente pensar quais produtos e serviços você precisa para sobreviver e se reproduzir em um mês do ano, por exemplo. Você precisa consumir incontáveis bens e serviços, como alimentos, roupas, casa, transporte, escola, precisa ir ao médico, ir à faculdade, precisa abastecer seu carro, enfim, a lista se tornaria imensa, por isso, se diz em economia, que as necessidades são infinitas e ilimitadas. De outro lado, temos os recursos produtivos, (utilizados para a produção destes bens e serviços que utilizamos diariamente) que são máquinas, fábricas, terras, matérias-primas, entre outros, estes recursos são limitados, ou seja possuem um fim, possuem um limite. Por isso, os economistas costumam afirmar que as necessidades das pessoas são ilimitadas e os recursos são limitados, pelo simples fato de que não se consegue produzir todos os desejos de todas as pessoas (PASSOS; NOGAMI, 2012). Surge do pressuposto de que as necessidades humanas são infinitas, ao passo que os bens ou os meios de satisfazê-las são sempre finitos. De acordo com as teorias econômicas neoclássicas, o homem pode produzir TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA 7 o suficiente de qualquer bem econômico para satisfazer completamente determinada necessidade, mas jamais poderá produzir o suficiente de todos os bens para atender simultaneamente a todas as necessidades. De acordo com essa definição, as ciências econômicas serviriam exatamente para gerir a escassez. Por outro lado, os bens econômicos são escassos porque normalmente se dispõem apenas de quantidades limitadas de recursos produtivos necessários para criar os bens em questão, recursosestes que compreendem, basicamente, o trabalho, a terra e o capital, mas o total dos bens econômicos que se podem produzir com tais recursos é bastante influenciado pela técnica e pelo grau de especialização, isso sem falar das complexas determinantes políticas que frequentemente afetam a produção e a distribuição dos bens. Assim, os economistas estudam também os processos produtivos pelos quais a escassez pode ser reduzida, empregando plenamente e de forma mais eficiente os recursos disponíveis, agilizando as formas de produção e distribuição dos bens em questão (SANDRONI, 1999, p. 211). Assim, precisamos ter cuidado para que a escassez não seja confundida com pobreza. A pobreza, em termos simplistas, significa ter poucos e poder adquirir também poucos bens. Enquanto a escassez, significa que se tem mais desejos do que bens para satisfazê-los, ainda que hajam muitos bens. A questão da escassez está presente em todas as sociedades, seja rica ou seja pobre. Todavia, o problema difere se compararmos, por exemplo, países de terceiro mundo com países desenvolvidos. É claro que se experimenta uma escassez de maior quantidade de bens nos países em desenvolvimento. Já nos países desenvolvidos, como na Europa e Estados Unidos, estes podem ofertar uma quantidade maior de bem e serviços, por consequência, a escassez de bens é menor (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004). FIGURA 1 – O PROBLEMA DA ESCASSEZ ILUSTRADO FONTE: Os autores O problema da escassez é um dos problemas básicos da ciência econômica. Como vimos no tópico anterior, a economia se preocupa em estudar como a sociedade se organiza e de que forma administra seus recursos escassos, com a finalidade de atender às inúmeras necessidades que são ilimitadas. Assim, justifica- se o estudo da economia justamente pela escassez dos recursos em relação às necessidades humanas, que são ilimitadas, é aí que faz sentido a ciência econômica, UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA 8 e justifica-se a preocupação em alocar e utilizar da forma mais racional e com maior eficiência possível todos os recursos disponíveis. Do problema da escassez surge a questão da escolha, uma vez que não se pode produzir tudo o que todas as pessoas desejam, e se criam, a partir disso, o que se chama na economia, problemas econômicos básicos ou fundamentais, o quanto produzir, para quem produzir e como produzir, por meio destes problemas econômicos básicos se decidem quais bens serão produzidos e quais necessidades vão ser atendidas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004). 3 OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS Como vimos no tópico anterior, as necessidades humanas, em todas as sociedades, são ilimitadas e os recursos produtivos são limitados, aí confrontam- se com o problema da escassez, trata-se de um problema econômico central de qualquer sociedade dada a escassez de recursos, associada com a necessidade das pessoas que é ilimitada, originam-se os três problemas econômicos fundamentais que são: O que e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? Um exemplo básico sobre os três problemas fundamentais seria pensar sobre a produção de carros importados, quem os comprará? Provavelmente será uma pequena parcela da sociedade que poderá adquirir esse bem, então não é viável produzi-lo em grande escala. Outro exemplo seria a produção de trigo, o que, quanto e para quem? O trigo é um dos elementos mais comuns na alimentação mundial, possivelmente a demanda por esse bem é alta e não é apenas uma camada da sociedade que detém o poder de adquirir o pão, mas praticamente todas as faixas de renda. Os produtores vão observar o que e quanto devem produzir, como e para quem, observarão, inclusive, qual público poderá adquirir o bem, e se este bem é ou não viável de produzir em uma sociedade, já que não faria sentido produzir um bem que ninguém pode pagar ou que ninguém tem necessidade ou desejo sobre ele (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004). FIGURA 2 – PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS DAS SOCIEDADES FONTE: Os autores TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA 9 O que e quanto produzir? Considerando que os recursos utilizados para a produção de bens e serviços são escassos, a sociedade precisa fazer escolhas, o que vai produzir e quanto vai produzir. Como produzir? Este problema se refere aos recursos que utilizará para produzir bens e serviços. Em geral, os produtores tendem a escolher aqueles que tiverem um baixo custo para produzir bens e serviços. Para quem produzir? Neste problema, a sociedade observará como as pessoas podem participar da distribuição de bens e serviços. Neste ponto se leva em conta as rendas dos indivíduos, ou seja, quem pode pagar por determinado bem. A forma como esses três problemas fundamentais serão tratados depende da forma de organização de uma determinada sociedade, que podem ser economias de mercado ou capitalistas, economias socialistas ou centralmente planificadas. Nas economias de mercado, por exemplo, espera-se uma maior condução desses problemas por parte das empresas privadas. Já nas economias planificadas, o protagonismo é do Estado na solução dos problemas (veremos mais adiante, no Tópico 2, os diferentes sistemas econômicos). 3.1 BENS E SERVIÇOS EM UMA ECONOMIA Falamos até aqui do problema da escassez e dos problemas econômicos fundamentais. A escassez, em economia, significa a falta de algum bem ou serviço. Quando se diz que um bem é escasso, significa dizer que ele é raro no mercado, mas precisamos entender o que são os bens e serviços em uma economia. Por “bem” pode-se entender que é tudo aquilo que permite satisfazer determinada necessidade humana. Só faz sentido um “bem” ser procurado se ele satisfazer as necessidades, ou seja, porque ele é útil. Em economia, os bens são classificados em bens livres e bens econômicos. Veremos a seguir as classificações: • Os bens livres são os que existem em quantidade ilimitada e podem ser obtidos com pouco ou nenhum esforço humano. Exemplos: a luz solar e o ar que respiramos, estes são considerados bens, pois de certa forma eles atendem às necessidades humanas. São bens livres, pois não possuem preço ou pelo menos ainda não pagamos por isso! • Bens econômicos são caracterizados pelo esforço humano para obtenção desse bem. E além disso, estes bens têm como característica básica um preço, além de serem escassos. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA 10 Os bens econômicos são classificados em dois grandes grupos: bens materiais e bens imateriais ou serviços. Os primeiros são os bens materiais, ou seja, podem ser tangíveis, os quais podem ser atribuídos peso, altura etc. Exemplos desses bens são alimentos, roupas, livros. Os serviços são intangíveis, significa que não podem ser tocados nem medidos. Exemplos de serviços: atendimento médico, serviços de um advogado, serviços de transportadoras etc. A produção do serviço e o atendimento do mesmo são instantâneas. Uma importante característica é que os serviços não podem ser estocados, por exemplo. Os bens materiais são classificados em bens de consumo e bens de capital. Os bens de consumo estão relacionados com a satisfação das necessidades humanas. Estes podem ser de uso “não durável” e desaparecem assim que são utilizados. Alguns exemplos são: alimentos, gasolina, bebidas. Já os bens de uso durável, ao contrário, são bens que podem ser utilizados por um maior período de tempo, por isso, duráveis. Exemplos são eletrodomésticos, móveis, livros, carros, computador, entre outros. Os bens de capital são os bens que permitem a produção de outros bens, como máquinas, equipamentos, computadores, instalações etc. Os bens de consumo e bens de capital são considerados bens finais, pois já passaram por todos os processos de transformações possíveis para serem colocados no mercado e à disposição da população, por isso são os ditos“bens acabados”. Além dos bens finais, existem ainda os bens intermediários, que são aqueles que ainda não foram finalizados, como vidros utilizados na produção de carros. Os bens podem ainda ser classificados em bens privados e bens públicos. Os bens privados referem-se àqueles produzidos de forma privada, como carros, computadores, celulares. Os bens públicos são aqueles fornecidos pelo Estado, são bens públicos: segurança, justiça, educação, saúde etc. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004). FIGURA 3 – SÍNTESE DOS BENS DE UMA ECONOMIA FONTE: Os autores TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA 11 4 OS RECURSOS PRODUTIVOS Você aprendeu até aqui que os recursos para a produção de bens e serviços são limitados e que as necessidades das pessoas são ilimitadas. Estudamos que as necessidades são satisfeitas por meio de mercadorias, serviços e bens. Para produzir os bens que vimos acima, com exceção daqueles com preço zero, são necessários os recursos produtivos. Os recursos produtivos, ou fatores de produção, são elementos utilizados no processo produtivo de bens (mercadorias) com a finalidade de satisfazer as necessidades humanas. Aqui entram os fatores que propiciaram a confecção das mercadorias, entre eles, o trabalho, os recursos naturais, as matérias-primas, os combustíveis, a energia, os equipamentos, entre outros. Os recursos produtivos de uma economia são classificados em trabalho, terra ou recursos naturais, capital, tecnologia, e capacidade empresarial. Veremos a seguir, cada um deles de forma particular, bem como suas funções no sistema econômico. • Terra (ou recursos naturais): como o próprio nome já deixa claro são os recursos naturais, as florestas, a energia solar, os recursos minerais, o solo, as águas etc. Boa parte destes recursos naturais são utilizados diariamente na produção dos bens econômicos. Todavia, o que algumas correntes de economistas e ambientalistas costuman alertar é que os recursos naturais também são limitados, ou seja, possuem um fim se não forem utilizados com a devida precaução. • Trabalho: trata-se do valor humano necessário para a produção de determinado bem. O trabalho que consiste em esforço por parte de um ser humano, pode ser braçal, de força física ou mental despendida. Assim, o trabalho num sentido econômico, é um serviço prestado por determinada pessoa na sua área de atuação, podendo ser um médico, um agricultor, um pedreiro. Contudo, a força de trabalho e sua qualidade também são limitadas. • Capital (ou bens de capital): é definido por um conjunto de bens utilizados no processo de produção de outros bens e não essencialmente para atender às necessidades das pessoas. Exemplos de capital são máquinas e equipamentos, estoques, instalações, edifícios, usinas, estradas de ferro etc. Quando se fala em capital é muito comum que nossa mente associe a ações ou ao dinheiro, porém, isso deve ser associado como capital financeiro. Poderíamos pensar em exemplos do nosso cotidiano para bens de capital: Qual o capital de um taxista? Seu táxi e seu sistema de comunicação; Qual o capital de um pescador? Sua rede e bote para pescar. E de um médico? Seu conhecimento, ou seja, seu investimento educacional na faculdade de medicina. Se tiver consultório médico, seu investimento em equipamento e local para atender seus pacientes. • Tecnologia: na atualidade, a tecnologia tem papel fundamental na atividade econômica. As inovações tecnológicas têm papel fundamental na economia como um todo, por meio de inovações é possível alcançar um nível de crescimento e aumento de produtividade. Exemplos são os computadores, os smathphones etc, UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA 12 que acabam facilitando o acesso produtivo. • Capacidade empresarial: este fator de produção consiste na capacidade empresarial, no “saber fazer” do empresário que exerce atividades e funções fundamentais no processo produtivo, pois é o empresário quem organiza todo o processo de produção e assume os riscos da produção dos bens e serviços que propõe-se a atender, resultando em lucros, ou nas perdas de seu investimento (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004). 4.1 REMUNERAÇÃO DOS RECURSOS PRODUTIVOS Para a produção de qualquer bem ou serviço é necessário o empego dos recursos produtivos. Necessita de terra, de bens de capital que são necessários para produzir outros bens, além disso, o empresário, às vezes, não conta com todo o dinheiro para investir, sendo necessária a busca de dinheiro de terceiros para a aquisição de máquinas e equipamentos. E por fim, necessita de mão de obra para a produção de bens que virão a atender as necessidades humanas. Assim, o preço pago pela utilização dos serviços dos fatores de produção vai constituir a renda dos proprietários desses fatores. Com relação ao trabalho, o trabalhador é o proprietário dos recursos, e a remuneração que ele recebe na forma de salários no final de cada período trabalhado constitui a sua renda – paga pelo dono da empresa –. Por exemplo, com relação à remuneração do fator terra (ou recursos naturais), geralmente se conhece duas formas de remuneração, através de arrendamento (aluguel por ceder a terra temporariamente a alguém) ou mesmo a venda para outro proprietário. Já a renda do capital são os juros. No caso de um empresário necessitar de mais dinheiro para investir na sua produção, ele buscará o capital na forma de empréstimos, e para usufruir desse dinheiro, em troca pagará juros ao banco. O lucro, por fim, consiste na remuneração pela capacidade empresarial. O quadro a seguir sintetiza o que descrevemos até aqui. QUADRO 1 – FATORES DE PRODUÇÃO E SUA REMUNERAÇÃO FATOR DE PRODUÇÃO TIPO DE REMUNERAÇÃO Trabalho Salário Terra (recursos naturais) Aluguel Capital Juro Tecnologia Royalties Capacidade empresarial Lucro FONTE: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2009) TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA 13 Para cada fator de produção ou recurso produtivo, haverá o pagamento pelos serviços prestados. Este pagamento corresponde a uma remuneração recebida por determinado serviço prestado. Por exemplo, o trabalhador trabalha o mês todo em troca de, no final de cada período, receber um salário. O salário corresponde à remuneração pelo trabalho e, consequentemente, a renda do trabalhador, o mesmo se dá com os demais fatores de produção. (PASSOS; NOGAMI, 2012). Todavia, é importante observar que os recursos produtivos têm como característica básica serem limitados ou escassos, ou seja, não existem em quantidade abundante para produzir todos os bens desejados pela sociedade. Os recursos naturais são finitos. Um exemplo é o petróleo, as terras adequadas para agricultura, recursos hídricos, minério de ferro etc. São matérias-primas que existem em quantidades infinitas. Mesmo as nações desenvolvidas têm esse tipo de limitação de recursos naturais. 5 OS AGENTES ECONÔMICOS Você já parou para pensar que nós participamos de transações comerciais quase que diariamente? E as realizamos com diferentes agentes econômicos? Isso mesmo, ir ao supermercado, ir a um restaurante, comprar uma água, abastecer o seu automóvel, todas essas e outras mais, são transações que proveem de necessidades que temos de consumir determinado serviço ou produto, seja para a nossa sobrevivência, seja por lazer, ou mesmo pelo conforto. Tudo o que nós consumimos nos é oferecido por um prestador de serviços. Aí entra o que se conhece em economia como os agentes econômicos, que são todas as pessoas, as empresas, o governo todos estes agentes transacionam entre si dentro de um mesmo mercado. É muito simples, todos nós efetuamos transações (de compra e venda) com os diferentes agentes, é só observar o seu dia a dia. Vamos ver mais adiante cada um dos agentes especificamente, e ficará mais claro para você compreender como se dão as transações entre osagentes no mercado. 5.1 AS FAMÍLIAS Na economia, quando se fala em famílias, refere-se a todos os indivíduos que exercem o papel de consumidores de bens e serviços, com a finalidade de atender as suas necessidades. O ato de comprar determinada mercadoria funciona como um voto a favor da escolha de produção dessa mercadoria, que depende do empresário para ser produzida. Caso as famílias reduzam o consumo e comprem menos mercadorias, o empresário deverá interpretar esta ação, por parte o consumidor, como um descontentamento e possivelmente por conta disso tentará alterar a qualidade da mercadoria oferecida, de modo a se ajustar às novas necessidades dos compradores e consumidores. Além do papel de consumidores, as famílias oferecem ao mercado os fatores de produção que são: terra, trabalho, capital, entre outros, que os oferece às empresas. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA 14 5.2 AS EMPRESAS A empresa, no âmbito da ciência econômica, é o termo utilizado para designar uma unidade produtiva que é responsável pela produção e comercialização de bens e serviços. A produção acontece por meio da aquisição dos fatores de produção das famílias (terra, trabalho) e das empresas, é da onde sai a maior parte das mercadorias na forma de bens e serviços, os quais servem para atender às necessidades das pessoas. Além disso, os empresários são aqueles que realizam os investimentos produtivos para ampliar a sua capacidade de produção, ou seja, para aumentá-la, utilizarão os investimentos para contratar e treinar trabalhadores e investir em novas máquinas e equipamentos. Todavia, é bom ressaltar que a empresa não atua isolada, ou seja, as empresas não tomam decisões de forma independente. Geralmente, as decisões do empresariado são tomadas com base no padrão de comportamento de boa parte dos consumidores, bem como observam as suas necessidades: aí observa-se o comportamento das famílias que atuam como consumidores dos produtos que as empresas produzem. Em resumo, podemos dizer que a empresa é responsável pelo uso e processo dos fatores de produção para satisfazer as necessidades e desejos das famílias (consumidores), e que uma das suas finalidades é a maximização do lucro. 5.3 GOVERNO O Governo, ou Estado, desempenha um papel fundamental na economia de qualquer nação. Em sociedades capitalistas, como é o caso na maior parte do mundo, o Estado emerge justamente para corrigir as falhas do mercado, com a finalidade de interferir nas relações de mercado entre empresários e consumidores. Todas as organizações estão de forma direta ou indireta sob o controle do governo, seja na esfera federal, estadual ou municipal. O governo tem o papel de intervir no sistema econômico com a finalidade de corrigir suas falhas. Além disso, concentra-se nas atividades de supervisão, regulação, oferta de bens públicos, redistribuição das riquezas. Vejamos cada uma delas: • Supervisão, regulação e regulamentação: diz respeito ao papel de legislador dos temas que dizem respeito aos assuntos econômicos de uma economia. É papel do Estado, neste caso, certificar-se do cumprimento de um conjunto de regras válidas para todos os agentes econômicos. • A oferta de bens públicos: o Estado oferta bens e serviços com o dinheiro recolhido e redistribui por meio de arrecadação de tributos das famílias e das empresas. O bens públicos mais comuns são saúde, educação, escolas, universidades, iluminação pública, rodovias etc. TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA 15 • Redistribuição das rendas: em economias de mercado é comum desigualdades na distribuição das rendas e riquezas na população, o que traz graves consequências sociais, aí a necessidade de intervenção estatal, fazendo uma mais equitativa redistribuição das rendas por meio de tributos, auxiliando com trasferências e subsídios às famílias mais desprovidas. • As falhas de mercado: o mercado possui falhas, ou seja, não consegue se autoajustar, situações de externalidades (por exemplo, uma empresa que polui o meio ambiente), ou ainda, em situações de concorrência imperfeita (o monopólio ou de monopsônio causam falhas de mercado), de modo que o Estado intervém para o ajuste de tais falhas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004). 5.4 O RESTO DO MUNDO Resto do mundo é o termo utilizado em economia para expressar as relações comerciais e de troca entre as diferentes nações. Atualmente, com o crescimento das relações comerciais entre os vários países, decorrente do processo de globalização, o Resto do Mundo pode ser visto como um quarto agente econômico. Os mercados externos podem atuar como consumidores das mercadorias produzidas pelo país. Ao mesmo tempo, as famílias de um país podem consumir mercadorias produzidas no exterior por meio de importação de produtos. QUADRO 2 – AGENTES ECONÔMICOS E SUAS PRINCIPAIS FUNÇÕES AGENTES ECONÔMICOS PRINCIPAL FUNÇÃO NA ECONOMIA Famílias Consumo de bens e serviços. Empresas Produção de bens e serviços. Governo Satisfação das necessidades coletivas e redistribuição da renda. Resto do Mundo Troca de bens, serviços e capitais. 5.5 MERCADO O mercado não se trata especificamente de um agente econômico, mas é no mercado que a relação entre as famílias (consumidores) e as empresas (unidades produtivas) acontece. O mercado é um local físico ou não físico, onde se encontram compradores e vendedores para realizarem as trocas de bens e serviços. Concretamente são as feiras, lojas, bolsa de valores etc. No mercado, os compradores e vendedores confrontam os preços e as quantidades de um determinado bem que desejam trocar. Na definição de Sandroni (1999, p. 378), o termo mercado: UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA 16 designa um grupo de compradores e vendedores que estão em contato suficientemente próximo para que as trocas entre eles afetem as condições de compra e venda dos demais. Um mercado existe quando compradores que pretendem trocar dinheiro por bens e serviços estão em contato com vendedores desses mesmos bens e serviços. Desse modo, o mercado pode ser entendido como o local, teórico ou não, do encontro regular entre compradores e vendedores de uma determinada economia. Em todo o mercado, o preço atua como mecanismo que regula as trocas. O comprador e o vendedor chegam a um acordo em relação ao preço de determinado bem. É importante ter em mente que o preço influencia na procura por um bem. Por exemplo, se determinado bem estiver com um preço baixo, possivelmente as pessoas comprarão mais desse bem, se ele estiver mais caro, as pessoas, no geral, tendem a substitui-lo por outro bem. 6 A DIVISÃO DO ESTUDO DA ECONOMIA De forma muito introdutória, veremos as duas grandes divisões do estudo da teoria econômica, que se dividem em duas grandes áreas: a teoria microeconômica e a teoria macroeconômica. A teoria microeconômica, ou microeconomia, é preocupada em examinar o comportamento econômico das unidades individuais que são representadas pelos consumidores, pelas empresas e pelos proprietários de recursos produtivos. A microeconomia estuda a interação entre as empresas e os consumidores, bem como a maneira pela qual a produção e preço são determinados em mercados específicos. A microeconomia estuda o comportamento dos agentes econômicos individuais. Preocupa-se com o comportamento dos consumidores, das empresas, sua produção, seus custos; preocupa-se com a determinação de preços dos bens, dos serviços e fatores. UNI TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA 17 A teoria macroeconômica, ou macroeconomia, estuda o comportamento da economia como um todo. A macroeconomia estuda os grandes agregados nacionais, tais como a produção total dos bens e serviços, o PIB, as taxas de inflação e desemprego, o total de poupança captada em um país, as receitas e despesas totais de determinada economia,os investimentos por parte do governo, o balanço de pagamento e as contas nacionais etc. (PASSOS; NOGAMI, 2012; ROSSETTI, 2003). A macroeconomia estuda o comportamento do sistema econômico como um todo. Preocupa-se com o comportamento dos agregados nacionais: PIB, inflação, investimento agregado, poupança agregada, entre outros. QUADRO 3 – MICROECONOMIA X MACROECONOMIA CARACTERÍSTICAS MICROECONOMIA MACROECONOMIA Visão Individual. Global. Objetivo de estudos Comportamento dos indivíduos, das famílias, das empresas e do mercado. Comportamento da economia como um todo. Variáveis fundamentais de estudo Oferta e demanda, geração dos preços, o comportamento do consumidor, produção das empresas, mercados competitivos. Produção total, nível geral de preços, emprego x desemprego, taxas de juros, inflação, salários e taxas de câmbio. FONTE: Os autores Caro acadêmico! Estudaremos mais adiante, com profundidade, a microeconomia e a macroeconomia, nas Unidades 2 e 3. UNI ESTUDOS FU TUROS UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA 18 RECURSOS ESCASSOS E NECESSIDADES ILIMITADAS: a sociedade está cada vez mais hipnotizada pelo marketing Por Naiara Trajano dos Santos e Marçal Rogério Rizzo Houve um tempo em que o homem não pensava que os recursos fossem escassos. A economia nem existia como ciência. Acontece, agora, que ela é tida como a ciência da escassez. Estuda como devem ser administrados os recursos. Também explica as "aparentes" necessidades ou carências materiais das pessoas. No entanto, o sistema capitalista parece querer omitir a tal escassez dos recursos, já que incentiva as compras mesmo que desnecessárias. Isso tudo ocorre em nome da manutenção da sociedade de consumo: renda, consumo, produção, impostos etc. A sociedade está cada vez mais hipnotizada pelo marketing, publicidade, pela propaganda, e busca a felicidade no ato de comprar. Carências surgem a todo o momento, mesmo não necessitando. O anseio pela novidade vem sendo o motor propulsor da sociedade de consumo. Um exemplo clássico para os tempos atuais que cabe bem nesta reflexão é o telefone celular. Parece que minuto a minuto a indústria lança um aparelho novo. Cria situações hilariantes, como a de nem mesmo quando se acaba de pagar o celular atual, surge um novo modelo e torna-o obsoleto. Pela ótica da sociedade de consumo, a compra e a venda estão corretas, pois permitem a continuidade e manutenção da mesma. Contudo, toda visão fragmentada e descontextualizada merece desconfiança. O princípio básico da economia é a escassez, portanto, "os recursos são escassos e as necessidades ilimitadas", sendo assim, consumo de forma exacerbada gera endividamento, inadimplência e degradação ambiental. Que pode pensar disso tudo o cidadão que é estimulado a consumir? Como avaliará as benesses materiais que o consumo lhes garante? O caso é muito simples: a economia do Brasil foi bombardeada com estímulos ao consumo e hoje vemos uma parcela considerável das famílias vivendo endividadas. Os dados demonstram falhas na condução dos orçamentos, das reais necessidades e dos desejos de consumo. Os recursos financeiros são insuficientes para tantas vontades e, diga-se de passagem, não somente os recursos financeiros, mas, inclusive, os naturais, dos quais ainda pouquíssimas pessoas se importam. É lamentável que o status do "possuir algo" vem superando qualquer racionalidade. Excepcionalmente, até a ostentação vem ganhando força na sociedade atual. O “ter” tem sido mais importante que o “ser”. Se você tem, você é alguém; se você possui, te dá prazer, e se isso te dá prazer, você quer mais, ou seja: "quanto mais tem, mais quer". É tão trivial e verdadeira esta frase que o grau de endividamento da sociedade de consumo pode explicá-la. No entanto, o que fazer diante deste cenário? Nessa dinâmica, todo argumento contrário ao consumismo parece vazio. Isso torna o desafio ainda maior, já que ele tem que ser retroalimentado a todo momento. Contudo, na lógica do limite dos recursos ele não poderá se sustentar. É oportuno lembrar que uma parte considerável da população mundial vive ainda em condições subumanas. LEITURA COMPLEMENTAR TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA 19 A par da questão da desigualdade social, há milhares de matérias publicadas sobre o assunto. Por outro lado, uma parcela considerável de pessoas fecha os olhos para o problema, uma vez que é inconveniente aos preceitos de quem vive numa zona de conforto pensar em diminuir seu nível de consumo em prol de uma sociedade mais justa e equânime. Certamente, não existe uma panaceia para a transformação imediata desta sociedade de consumo, mas é inegável que necessitamos urgentemente de medidas que visem a revalorização dos limites dos recursos e dos desejos materiais. FONTE: Disponível em: <http://www.oregional.com.br/2013/12/recursos-escassos-e- necessidades-ilimitadas_306519>. Acesso em: 4 jan. 2017. 20 Neste tópico, você aprendeu que: • A economia estuda a produção, a distribuição e o consumo de bens e serviços pelas pessoas e sociedades; também estuda os processos de acumulação de bens materiais, possibilitando assim entender a geração de riqueza pelas sociedades. • Os fatores de produção e suas remunerações são, respectivamente, trabalho (salários); terra e/ou recursos naturais (aluguel); capital (juros); tecnologia (royalties) e capacidade empresarial (lucro). • A economia pode ser entendida como a ciência da escassez. • Os recursos produtivos são considerados escassos e as necessidades humanas são consideradas ilimitadas. • As pessoas e a socidade precisam fazer escolhas para administrar bem os seus recursos produtivos escassos, de forma a evitar desperdícios e preservar a capacidade de crescimento do sistema econômico para as gerações futuras. • Agentes econômicos são todos os indivíduos, empresas e órgãos públicos que participam de um mercado e possuem uma relação de troca de bens ou serviços. • A ciência econômica divide-se em dois grandes campos teóricos: a macroeconomia e a microeconomia. • A microeconomia tem por objetivo estudar o comportamento econômico das unidades individuais, que são representadas pelos consumidores, pelas firmas e pelos proprietários de recursos produtivos. Ela estuda a interação entre as firmas/empresas e consumidores, bem como a maneira pela qual a produção e preço são determinados em mercados específicos. • A macroeconomia tem como objetivo estudar a determinação do nível geral de preços, do nível de produto, da taxa de salários, do nível de emprego, da taxa de juros, do volume de moeda, da taxa de câmbio. Estuda os grandes agregados e a economia como um todo. RESUMO DO TÓPICO 1 21 AUTOATIVIDADE Prezado acadêmico, estamos chegando ao final do primeiro tópico que corresponde a uma introdução à economia. Chegando até aqui, é importante fixar alguns conceitos e teorias que estudamos e que serão importantes ao longo desta disciplina. Por isso, elaboramos algumas autoatividades para você testar seus conhecimentos. Desejamos bons estudos! 1 Estudamos os recursos produtivos das economias. Como vimos, eles são imprescindíveis para o processo de produção, de modo que, sem ele, não haveriam produtos ou serviços a nossa disposição. Cada recurso de produção tem, em economia, uma remuneração específica. Com base nisso, associe a primeira coluna de acordo com a segunda: a) Trabalho b) Terra (recursos produtivos) c) Capital d) Tecnologia e) Capacidade empresarial 2 As necessidades das pessoas são ilimitadas e os recursos produtivos são limitados. Disto resulta o problema da escassez, isto é, de que não há quantidades suficientes de um produto ou serviço para satisfazer os desejos de todos. Desse problema central, surgem três outros problemas
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