Buscar

Direitos Humanos APOSTILA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1. A PESSOA HUMANA E SUA DIGNIDADE
A dignidade humana, na linguagem filosófica, “é o princípio moral de que o ser humano deve ser tratado como um fim e nunca como um meio”. É, portanto, um direito essencial. É longa a caminhada empreendida pela humanidade para o reconhecimento e estabelecimento da dignidade da pessoa humana. Atualmente, não se discute, há o reconhecimento de que toda pessoa tem direitos fundamentais, decorrendo daí a imprescindibilidade da sua proteção para preservação da dignidade humana.
2. CONCEITO E ESTRUTURA DOS DIREITOS HUMANOS
Os Direitos Humanos são um conjunto de direitos, positivados ou não, cuja finalidade é assegurar o respeito à dignidade da pessoa humana, por meio da limitação do arbítrio estatal e do estabelecimento da igualdade nos pontos de partida dos indivíduos, em um dado momento histórico.
HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS: FASE PRÉ-ESTADO CONSTITUCIONAL, A CRISE DA IDADE MÉDIA, INÍCIO DA IDADE MODERNA
- ANTIGUIDADE – GREGOS, ROMANOS, HEBREUS, CRISTÃOS
Período compreendido entre os séculos VIII e II a.C. O ponto em comum entre eles é a adoção de códigos de comportamento baseados no amor e respeito ao outro.
1. A herança grega 
“Século de Péricles” (século V a.C.). A democracia na Grécia Antiga serviu de fundamento para o conceito de democracia contemporâneo. Na vigência de tal regime, qualquer cidadão[footnoteRef:1] poderia governar a polis, sendo apenas necessário que tivesse sido escolhido pela maioria. [1: É interessante notar que as mulheres, os estrangeiros e os escravos não eram considerados cidadãos. Esses três grupos de indivíduos viviam à margem da sociedade e não possuíam legitimidade para participar da vida política.] 
Platão, em sua obra A República (400 a.C.), defendeu a igualdade e a noção do bem comum. Aristóteles, na Ética a Nicômaco, salientou a importância do agir com justiça, para o bem de todos da pólis, mesmo em face de leis injustas. 
1.1 Direito Romano 
Princípio da legalidade: as leis agrupavam grande parte dos direitos e deveres dos cidadãos e previam punições severas a quem as desrespeitasse. Assim, foram asseguradas garantias como a previsibilidade e a anterioridade da pena. O direito romano consagrou vários direitos, como o da propriedade, liberdade, personalidade jurídica, entre outros. Um passo foi dado também na direção do reconhecimento da igualdade pela aceitação do jus gentium, o direito aplicado a todos, romanos ou não. 
1.2. Os hebreus, o cristianismo, tradição judaico cristã
Os cinco livros de Moisés (Torah) apregoam solidariedade e preocupação com o bem-estar de todos (1800-1500 a.C.). Há vários trechos da Bíblia que pregam a igualdade e solidariedade com o semelhante. E esse respeito pregado por judeus e cristãos não é algo isolado no meio da Bíblia ou do Talmude. Ele se baseia na ideia de que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, algo basilar tanto no judaísmo como no cristianismo. Em outras palavras, em cada ser humano há um pouco de Deus, o que o torna digno de respeito.
2 IDADE MÉDIA 
A Idade Média (adj. medieval) é um período da história da Europa entre os séculos V e XV. Inicia-se com a Queda do Império Romano do Ocidente e termina durante a transição para a Idade Moderna.
Na Idade Média havia a noção de que os homens estavam submetidos a uma ordem superior, divina, e deviam obediência às suas regras. 
Como disse Enrico Eduardo Lewandovski: “...na ordem política medieval, jamais se aceitou, de fato ou de direito, a idéia de que o indivíduo possuísse uma esfera de atuação própria, desvinculada da polis. Desconhecia-se completamente a noção de direitos subjetivos individuais oponíveis ao Estado”. Aponta, contudo, que nesse período houve um avanço, à medida em que se passou a reconhecer que o indivíduo estava submetido a duas autoridades (secular e espiritual) e, com esse reconhecimento, o homem passou a ser considerado “como um ser moral, e não apenas como um ser social”, derivando daí que “enquanto seres morais, ou seja, enquanto membros da civitas Dei, todos os homens eram iguais, sem embargo das distinções de status circunstancialmente registradas na cidade terrena”.
Na Idade Média europeia, o poder dos governantes era ilimitado, pois era fundado na vontade divina. Contudo, mesmo nessa época de autocracia, surgem os primeiros movimentos de reivindicação de liberdades a determinados estamentos, como a Declaração das Cortes de Leão adotada na Península Ibérica em 1188 e ainda a Magna Carta inglesa de 1215. 
2.1 A Declaração das Cortes de Leão 
Consistiu em manifestação que consagrou a luta dos senhores feudais contra a centralização e o nascimento futuro do Estado Nacional. 
2.2 Magna Carta 
Por sua vez, a Magna Carta consistiu em um diploma que continha o catálogo de direitos dos indivíduos contra o Estado consistia em disposições de proteção ao Baronato inglês, contra os abusos do monarca João Sem Terra (João da Inglaterra). Apesar de seu foco nos direitos da elite fundiária da Inglaterra, a Magna Carta traz em seu bojo a ideia de governo representativo e ainda direitos que, séculos depois, seriam universalizados, atingindo todos os indivíduos, entre eles o direito de ir e vir em situação de paz, direito de ser julgado pelos seus pares, acesso à justiça e proporcionalidade entre o crime e a pena.
3 IDADE MODERNA
A Idade Moderna é uma época da História que tem início em 1453 (tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos), indo até 1789 (início da Revolução Francesa). Principais características no mundo ocidental: - Foi um período de transição do Feudalismo para o Capitalismo.
AS IDEIAS MODERNAS
3.1. Renascimento, Contratualismo e Absolutismo 
Com o Renascimento, a crise da Idade Média deu lugar ao surgimento dos Estados Nacionais absolutistas europeus. No fim do século XV, surge na Europa a figura do Estado moderno e, com ele, a do monarca absoluto, que tinha um poder ilimitado sobre seus súditos, devendo satisfações apenas a Deus. A sociedade estamental medieval foi substituída pela forte centralização do poder na figura do rei. Paradoxalmente, com a erosão da importância dos estamentos (Igreja e senhores feudais), surge à igualdade de todos submetidos ao poder absoluto do rei. 
A evolução da doutrina estóica, que alegava a supremacia da “natureza”, culminou no Contratualismo, que teve como seus maiores representantes Hobbes, Locke e Rousseau. Quanto ao contratualismo, essa concepção teve por fim estabelecer reação contra o poder papal, mas, posteriormente, serviu de fundamento para a compreensão de que, se o Estado deriva da vontade contratual dos homens, estes também, por sua vontade, poderão reconstruí-lo em novas bases, com a garantia de liberdade contra o próprio Estado.
I Thomas Hobbes – 1651
Sua obra Leviatã (1651) é um dos primeiros textos que trata claramente do direito do ser humano, pleno somente no estado da natureza. Nesse estado, o homem é livre de quaisquer restrições e não se submete a qualquer poder. Ele escreveu que o primeiro direito do ser humano consistia no direito de usar seu próprio poder livremente, para a preservação de sua própria natureza, ou seja, de sua vida. Todavia, o homem em seu estado de natureza sofria com a “guerra de todos contra todos”, sendo imperiosa a necessidade de um órgão que lhes garantisse a segurança. Para sobreviver ao estado da natureza, no qual todos estão em confronto (o homem seria o lobo do próprio homem), o ser humano abdica dessa liberdade inicial e se submete ao poder do Estado (o Leviatã). Assim, eles alienaram sua liberdade ao Estado, detentor de todo o poder. Nessa função, o soberano teria um poder absoluto, sendo juiz dos seus próprios atos e prestando contas apenas a Deus. Esse poder só seria retirado do governante se ele não assegurasse aos cidadãos a segurança desejada. A razão para a existência do Estado consiste na necessidade de se dar segurança ao indivíduo, diante das ameaças de seus semelhantes. Com base nessa espécie de contrato entre o homem e o Estado, justifica-se a antítese dos direitos humanos, que é a existência doEstado que tudo pode. 
3.2 Iluminismo e Liberalismo
Em resposta, surgiriam as ideias iluministas e liberais, que em muito impactariam a humanidade. Os iluministas de maior destaque são Spinoza, Locke, Rousseau e Descartes. De forma geral, acreditavam que a razão humana era o centro do universo.
O Iluminismo (tradução da palavra alemã Aufklärung; o século XVIII seria o “século das luzes”), no qual autores como Voltaire, Diderot e D´Alembert, entre outros, defendiam o uso da razão para dirigir a sociedade em todos os aspectos, questionando o absolutismo e o viés religioso do poder (o rei como filho de Deus) tidos como irracionais.
A constatação ética da imperiosa necessidade de se resguardar certos direitos advém da fusão da doutrina Judaico-cristã com o Contratualismo. Para a primeira, o homem foi criado “à imagem e semelhança de Deus”, sendo a igualdade e liberdade características divinas presentes em todas as pessoas. 
No Iluminismo, o princípio da igualdade essencial dos seres humanos foi estabelecido sob o prisma de que todo homem tem direitos resultantes de sua própria natureza, ou seja, “firmou-se a noção de que o homem possui certos direitos inalienáveis e imprescritíveis, decorrentes da própria natureza humana e existentes independentemente do Estado”. 
A concepção, que espalhou-se pelos ordenamentos de vários países, era a de que os direitos individuais eram preexistentes, portanto, não eram criações do Estado e, assim sendo, deveriam ser respeitados, cabendo ao Estado zelar pela sua observância. Essa união teológica e racionalista originou o conceito de direito natural, que culminou com a doutrina de Kant, para quem o Estado era um instrumento fixador de leis, criadas pelos cidadãos, e a liberdade era um imperativo categórico fundamental para se conceber a figura humana.
I Locke - 1687
Afirmava a existência de certos direitos fundamentais do homem, como a vida, a liberdade e a propriedade. No estado natural, o homem era bom. A liberdade individual só foi transferida ao Estado para que este melhor garantisse os direitos do indivíduo, podendo os cidadãos retirar o poder concedido ao governante, caso ele não atendesse aos anseios da comunidade, isto é, eles têm o direito de retomar a liberdade originária. Por sua vez, a contribuição de John Locke é essencial, pois defendeu o direito dos indivíduos mesmo contra o Estado, um dos pilares do contemporâneo regime dos direitos humanos. Para Locke, em sua obra Segundo tratado sobre o governo civil (1687), o objetivo do governo em uma sociedade humana é salvaguardar os direitos naturais do homem, existentes desde o estado da natureza. Os homens, então, decidem livremente deixar o estado da natureza justamente para que o Estado preserve os seus direitos existentes. Diferentemente de Hobbes, não é necessário que o governo seja autocrático. Pelo contrário, para Locke, o grande e principal objetivo das sociedades políticas sob a tutela de um determinado governo é a preservação dos direitos à vida, à liberdade e à propriedade. Logo, o governo não pode ser arbitrário e deve seu poder ser limitado pela supremacia do bem público. Nesse sentido, os governados teriam o direito de se insurgir contra o governante que deixasse de proteger esses direitos. Em síntese, Locke é um expoente do liberalismo emergente, tendo suas ideias influenciado o movimento de implantação do Estado Constitucional (com separação das funções do poder e direitos dos indivíduos) em vários países.
II Rousseau - 1762
Na obra Do contrato social (1762), defendeu uma vida em sociedade baseada em um contrato (o pacto social) entre homens livres e iguais, que estruturam o Estado para zelar pelo bem-estar da maioria. A igualdade e a liberdade são inerentes aos seres humanos (inalienáveis), que, com isso, são aptos a expressar sua vontade e exercer o poder. A pretensa renúncia à liberdade e igualdade pelos homens nos Estados autocráticos (base do pensamento de Hobbes) é inadmissível para Rousseau, uma vez que tal renúncia seria incompatível com a natureza humana. Para Rousseau, portanto, um governo arbitrário e liberticida não poderia sequer alegar que teria sido aceito pela população, pois a renúncia à liberdade seria o mesmo que renunciar à natureza humana. Quanto à organização do Estado, Rousseau sustentou que os governos devem representar a vontade da maioria, respeitando ainda os valores da vontade geral, contribuindo para a consolidação tanto da democracia representativa quanto da possibilidade de supremacia da vontade geral em face de violações de direitos oriundas de paixões de momento da maioria. 
III Kant - 1785
No final do século XVII (1785), defendeu a existência da dignidade intrínseca a todo ser racional, que não tem preço ou equivalente. Justamente em virtude dessa dignidade, não se pode tratar o ser humano como um meio, mas sim como um fim em si mesmo. Esse conceito kantiano do valor superior e sem equivalente da dignidade humana será, depois, retomado no regime jurídico dos direitos humanos contemporâneos, em especial no que tange à indisponibilidade e à proibição de tratamento do homem como objeto.
A contribuição de Kant foi muito valiosa para a construção do princípio dos direitos universais da pessoa humana. Kant observa “que só o ser racional possui a faculdade de agir segundo a representação de leis ou princípios; só um ser racional tem vontade, que é uma espécie de razão denominada razão prática, também observa “que as regras jurídicas, às quais os homens passam a sujeitar-se, devem ser elaboradas pelos membros da associação”. Sua visão, complementando, é de que o ser humano não existe como meio para uma finalidade, mas existe como um fim em si mesmo, ou seja, todo homem tem como fim natural a realização de sua própria felicidade, daí resultando que todo homem tem dignidade. Isso implica, na sua concepção, que não basta ao homem o dever negativo de não prejudicar alguém, mas, também, e essencialmente, o dever positivo de trabalhar para a felicidade alheia. Essa concepção foi fundamental para o reconhecimento dos direitos necessários à formulação de políticas públicas de conteúdo econômico e social.
AS REVOLUÇÕES E SEUS RESULTADOS
3.3 A Revolução Gloriosa
No início dos anos 1600, a Inglaterra estava em pleno desenvolvimento. No século anterior, o território foi unificado e a Igreja Católica foi afastada do poder e da Grã-Bretanha com o advento da Igreja Anglicana. 
Jaime I, da dinastia escocesa Stuart, subiu ao trono. Jaime I pretendia governar sem o Parlamento, desrespeitando o que determinava a Carta Magna de 1215. Para isso, invocava a teoria da origem divina do poder real. Para piorar as coisas, os conflitos entre governante e governados eram constantes, propiciando o início da imigração para a América do Norte.
O filho de Jaime I, Carlos I, sucede seu pai no comando da Inglaterra. O conflito com o Parlamento é constante. O clima era de guerra civil, e esta de fato ocorre em 1642.
I- Petition of Rights - 1628
No século XVII, o Estado Absolutista foi questionado, em especial na Inglaterra. A Petition of Rights de 1628, tentou incorporar novamente os direitos estabelecidos pela Magna Carta, por meio da necessidade de consentimento do Parlamento Inglês para a realização de inúmeros atos. O baronato inglês, representado pelo Parlamento, estabelece o dever do Rei de não cobrar impostos sem a autorização do Parlamento (no taxation without representation), bem como se reafirma que “nenhum homem livre podia ser detido ou preso ou privado dos seus bens, das suas liberdades e franquias, ou posto fora da lei e exilado ou de qualquer modo molestado, a não ser por virtude de sentença legal dos seus pares ou da lei do país”. Essa exigência – lei da terra – consiste em parte importante do devido processo legal a ser implementado posteriormente.
II- O Habeas Corpus Act - 1679 
Instituiu um dos mais importantes instrumentos de garantia de direitos criados. Bastante utilizado até os nossos dias, destaca o direito à liberdade de locomoção a todos os indivíduos (Obs.: quando criadona Inglaterra, seu dispositivo nuclear previa uma ordem para que a autoridade que detinha o paciente, a apresentasse imediatamente em juízo – nos dias atuais é empregado tanto nos casos de prisão efetiva, quanto no caso de simples ameaça a liberdade individual de ir e vir).
III- A Bill of Rights - 1689
Em 1685, Jaime II buscou restabelecer o absolutismo e o catolicismo na Inglaterra. Tal fato não agradava a nenhum dos dois lados do Parlamento. Em 1688, o Parlamento impõe, como condição para empossar Maria, filha de Jaime II, a assinatura de uma Declaração de Direitos (Bill of Rights), que garantia a legalidade do parlamento em controlar de diversas formas os poderes do monarca. O Bill of Rights veio para assegurar a supremacia do Parlamento Inglês sobre a vontade do rei, vez que seria o órgão incumbido da defesa dos súditos perante o monarca, não podendo assim, ter seu funcionamento subordinado a vontade deste; fortaleceu a instituição do júri e reafirmou alguns direitos fundamentais, como o direito de petição e a proibição de imposição de penas cruéis ou inusitadas.
IV- Act of Settlement- 1701
Em continuidade ao já decidido na Revolução Gloriosa, foi aprovado em 1701 o Act of Settlement, que serviu tanto para fixar de vez a linha de sucessão da coroa inglesa (banindo os católicos romanos da linha do trono e exigindo dos reis britânicos o vínculo com a Igreja Anglicana), quanto para reafirmar o poder do Parlamento e a necessidade do respeito da vontade da lei, resguardando-se os direitos dos súditos contra a volta da tirania dos monarcas.
3.4 A Revolução Americana 
Um dos pilares econômicos das monarquias absolutas eram as colônias ultramarinas. A quase totalidade dos reinos europeus mais expressivos tinha possessões coloniais, especialmente no Novo Continente, que era a América.
A Inglaterra no século XVIII era a principal potência econômica e naval do mundo. Suas maiores colônias ficavam na América do Norte e eram bastante prósperas, adotando um modelo de colonização em que o povoamento era mais estimulado que a simples exploração.
Boa parte dos colonos fugira do regime absolutista inglês e do clima de constante perseguição religiosa existente na Inglaterra da época. A terra nova era formada por pessoas de diversas origens que buscavam paz e prosperidade, esquivando -se sempre da opressão.
Ocorre que o tratamento dispensado a tais colônias era de elevada taxação e de pouco retorno por tais tributos. No final do século XVIII, a maioria dos americanos já não estava mais satisfeita com tal tratamento e começara a conspirar a proclamação de sua independência.
Vencida a guerra de Independência, os revolucionários americanos fundariam o primeiro Estado baseado nos direitos fundamentais: os Estados Unidos da América[footnoteRef:2]. [2: Apesar do caráter vanguardista, a Declaração de Independência e a Constituição Americana não asseguraram uma igualdade efetiva a todos os americanos, especialmente aos de origem africana. A escravidão não foi abolida de imediato, o que só ocorreu após uma violenta guerra (Guerra de Secessão) que, por pouco, não comprometeu a união dos Estados revolucionários.] 
I- A Declaração de Direitos do Estado da Virgínia - 1776
A Declaração de Direitos do Estado da Virgínia, datada de 12 de junho de 1776, declara que “todos os homens são por natureza igualmente livres e independentes e têm certos direitos inatos de que, quando entram no estado de sociedade, não podem, por nenhuma forma, privar ou despojar de sua posteridade, nomeadamente o gozo da vida e da liberdade, com os meios de adquirir e possuir propriedade e procurar e obter felicidade e segurança”. Assegura, também, todo poder ao povo e o devido processo legal (julgamento justo para todos), além da necessidade de submissão ao princípio da legalidade, a liberdade de imprensa e a liberdade ao culto religioso.
II- A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, Constituição Federal de 1787
A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, assim como a Constituição Federal de 1787, consolidam barreiras contra o Estado, como tripartição do poder e a alegação que todo poder vem do povo; asseguram, ainda, alguns direitos fundamentais, como a igualdade entre os homens, a vida, a liberdade, a propriedade. As dez Emendas Constitucionais americanas permanecem em vigor até hoje, demonstrando o caráter atemporal desses direitos fundamentais. Essas Emendas têm caráter apenas exemplificativo, já que, constantemente, novos direitos fundamentais podem ser declarados e incorporados à Lei Fundamental Americana. Outrossim, há que se ressaltar que, no que concerne aos direitos fundamentais nos Estados Unidos, o grande elemento revigorante é a observância do princípio do devido processo legal, principalmente porque a jurisprudência após a Guerra Civil, pacificou o entendimento no sentido de que, além dos aspectos processuais, que devem ser resguardados (ampla defesa), prevê esta cláusula um elemento substancial, que dispõe que a lei não pode restringir ou suprimir indevidamente uma liberdade individual, pois assim estaria violando direitos imanentes a pessoa, cuja proteção deve configurar finalidade precípua do Estado.
3.5 Revolução Francesa em 1789
A situação econômica e social da França no século XVIII era crítica. Além da maior parte da riqueza do país se originar da agricultura, que carecia de técnicas modernas de cultivo, a maioria dos camponeses ainda vivia sob o regime de servidão.
O Estado francês era dividido em três “classes” de pessoas, denominadas “estados”. O 1º Estado era composto do alto clero, que não pagava impostos. No 2º Estado, ficavam os nobres, que possuíam privilégios intocáveis, vivendo junto ao Rei e recebendo pensão ou, simplesmente, não pagando nenhum tipo de tributo. No 3º Estado, ficavam os burgueses e os camponeses, que pagavam altíssimos impostos, sustentando as demais classes sociais.
I Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
Com a Revolução Francesa em 1789, foi aprovada a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, que garante os direitos referentes à liberdade, propriedade, segurança e resistência à opressão. Destaca os princípios da legalidade e da igualdade de todos perante a lei, e da soberania popular. Aqui, o pressuposto é o valor absoluto da dignidade humana, a elaboração do conceito de pessoa abarcou a descoberta do mundo dos valores, sob o prisma de que a pessoa dá preferência, em sua vida, a valores que elege, que passam a ser fundamentais, daí porque os direitos humanos hão de ser identificados como os valores mais importantes eleitos pelos homens. A Declaração traçou ainda contornos precisos para as liberdades individuais, definiu no âmbito penal que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena que não seja fixada em lei, garantiu a propriedade privada contra as expropriações abusivas, e por fim, previu a estrita legalidade tributária. Rompeu, em suma, com a monarquia absolutista e com os privilégios feudais (acabou com o denominado Ancien Régime), e, outrossim, serviu como referência indispensável a um grande número de Constituições de diversos povos, já que era um documento de caráter nacional e universal ao mesmo tempo.
Tal declaração seria ensinada nas escolas primárias francesas de forma semelhante à tabuada, fazendo com que todos os franceses tivessem acesso aos direitos fundamentais. Tal ensino foi retratado no filme Danton: o processo da Revolução, do cineasta Andrzej Wajda. Esse processo de espalhar os valores iluministas e dos revolucionários franceses pelo continente seria completado por Napoleão Bonaparte, figura que surgiria após alguns anos de terror revolucionário para se firmar como soberano francês.
4 IDADE CONTEMPORANEA
A Idade Contemporânea, também chamada de Contemporaneidade, é o período específico atual da história do mundo ocidental, iniciado a partir da Revolução Francesa (1789 d.C.). O seu início foi bastante marcado pela corrente filosófica iluminista, que elevava a importância da razão.
As revoluções burguesas impactarambastante a humanidade ao limitar o arbítrio estatal. Entretanto, o intento de proclamar a igualdade entre todos os homens restou claramente frustrado. Importante destacar que os valores trazidos pela Revolução Francesa e pelas demais revoluções liberais ou burguesas são consideradas a primeira geração dos direitos humanos.
Apesar do elevado grau de humanidade encontrado nas Declarações revolucionárias, a população desejava que a igualdade ali proclamada fosse efetiva. Por isso, lutariam para que houvesse igualdade nos pontos de partida. Em outras palavras, caberia ao Estado garantir não apenas a propriedade e a segurança aos cidadãos, como proclamavam os liberais, mas também que todos tivessem oportunidades de se desenvolver de forma parecida. Era o nascimento dos direitos sociais e econômicos, que mais tarde seriam chamados de direitos de segunda geração.
4.1 A Revolução Industrial e o marxismo
Surgiam as grandes fábricas, em oposição às oficinas dos artesãos. Antes delas, os artesãos controlavam todo o processo produtivo, desde a obtenção da matéria-prima até sua comercialização. Com o advento das fábricas, as pessoas passaram a operar máquinas capazes de produzir muitas vezes mais que um só artesão. Contudo, todas as etapas do processo produtivo eram controladas pelos industriais. Com todo o controle da produção, os industriais passaram a explorar abusivamente os trabalhadores. Durante o início da Revolução Industrial, os operários viviam em condições extremamente degradantes se comparadas às condições dos trabalhadores atuais. Os operários, então, passaram a se organizar para pressionar os industriais por melhores condições de vida. Nascia, assim, o sindicalismo.
4.2 Manifesto Comunista
A exploração exagerada dos trabalhadores e a consequente desigualdade entre os industriais e o resto da população fizeram com que os ideais das revoluções burguesas parecessem mera peça de ficção. Com isso, do ponto de vista político e acadêmico, floresceram o socialismo e o comunismo, representados, sobretudo, por seu principal teórico, Karl Marx, que, com Friederich Engels, lançou, em 1848, o Manifesto Comunista. Em tal texto, Marx incita os trabalhadores de todo o mundo a se unir e lutar contra aqueles que os exploravam. A luta de classes seria uma das principais temáticas do século XIX. E a união dos trabalhadores produziu efeitos consideráveis. Ao longo do século, vários direitos foram consagrados ao trabalhador. A expressão Direito do Trabalho, inclusive, vem à tona nesse momento histórico.
4.3 Primeira Guerra Mundial
Foi nesse conflito que ocorreu o primeiro genocídio do século XX, com a tentativa turco-otomana de exterminar os armênios. Entre 1915 e 1917, durante a guerra e o governo dos chamados Jovens Turcos, o exército turco assassinou ou levou à morte entre 600 mil e 1 milhão de armênios, com a intenção de exterminar sua presença cultural, sua vida econômica e seu ambiente familiar. E isso em virtude de acreditarem que todos os armênios, por serem cristãos, eram aliados dos russos.
 4.4 A liga das nações
Ao término da Primeira Guerra, surgiria a primeira organização internacional com a finalidade de manutenção da paz: a Liga das Nações. Tal entidade, embora fracassada, expressou ainda, de forma genérica, disposições referentes aos direitos humanos, reforçando a necessidade de relativizar a soberania dos Estados, quando estes atuassem de forma a desrespeitar tais direitos.
4.5 Tratado de Versalhes
A Primeira Guerra acaba com a assinatura do tratado de Versalhes. Por meio dele, definiram-se as condições de paz entre os Aliados e a Alemanha. Entre as cláusulas, estabeleceu-se a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), fundamental para a consolidação e internacionalização dos direitos trabalhistas.
4.6 A Constituição de Weimar
Em 1919, é elaborada e promulgada uma nova Constituição para a Alemanha republicana. Nela, foram instituídas garantias sociais como o direito à sindicalização, à previdência social, à repartição de terras, entre outras. A preocupação desta Constituição com as questões sociais influenciaria diversas Constituições ao redor do mundo. A mudança da atitude esperada do Estado é substancial. A partir de Weimar, não cabe a ele apenas se abster de condutas abusivas para que as liberdades públicas sejam respeitadas. Espera-se, agora, um Estado com condutas positivas em favor de seus cidadãos.
4.7 Segunda grande Guerra
Poucos anos depois, o mundo entraria em guerra novamente, apesar dos esforços da Liga das Nações. Em 1939, após sucessivas agressões alemãs a países vizinhos, eclodia a Segunda Guerra Mundial. E, neste conflito, houve algo inimaginável até então. Um Estado, deliberadamente, implementou uma máquina de extermínio das populações indesejadas. O principal alvo eram os judeus e seus descendentes, mas a máquina de matar nazista também perseguiu ciganos, homossexuais e deficientes mentais. No Japão, a invasão da Manchúria também deixou milhares de mortos e de mulheres agredidas sexualmente.
Tais abusos impactaram o mundo de tal forma que uma resposta à humanidade era essencial. Não era possível ficar estático. Os Aliados, vencedores do conflito, providenciaram o julgamento dos nazistas em Nuremberg e dos generais japoneses em Tóquio, em Tribunais militares, que sofreram diversas críticas no mundo jurídico, mas que, dentro do possível, condenaram diversos criminosos detidos ao fim do conflito.
4.8.A Organização das Nações Unidas
Algo mais necessitava ser feito de forma a assegurar que desrespeitos aos direitos fundamentais daquela magnitude não se repetissem. E isso foi realizado por meio das Nações Unidas, organização internacional criada, logo depois do término desse grande conflito, fazendo surgir o Sistema Global de Proteção aos Direitos Humanos
Pode-se falar em três ápices da evolução dos direitos humanos: o Iluminismo, a Revolução Francesa e o término da Segunda Guerra Mundial.
Com o primeiro foi ressaltada a razão, o espírito crítico e a fé na ciência. Esse movimento procurou chegar às origens da humanidade, compreender a essência das coisas e das pessoas, observar o homem natural.
A Revolução Francesa deu origem aos ideais representativos dos direitos humanos, a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Estes inspiraram os teóricos e transformaram todo o modo de pensar ocidental. Os homens tinham plena liberdade (apesar de empecilhos de ordem econômica, destacados, posteriormente, pelo Socialismo), eram iguais, ao menos em relação à lei, e deveriam ser fraternos, auxiliando uns aos outros.
Por fim, com a barbárie da Segunda Grande Guerra, os homens se conscientizaram da necessidade de não se permitir que aquelas monstruosidades ocorressem novamente, de se prevenir os arbítrios dos Estados. Isto culminou na criação da Organização das Nações Unidas e na declaração de inúmeros Tratados Internacionais de Direitos Humanos, como “A Declaração Universal dos Direitos do Homem”, como ideal comum de todos os povos.
Com o fim da Segunda Guerra e a “descoberta” do Holocausto pelo mundo ocidental, diversas foram as pressões para que tais fatos nunca mais se repetissem. A explosão da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki fez a humanidade perceber que o próprio homem poderia colocar um fim ao planeta. Tais fatos vão alterar substancialmente o imaginário humano e, por consequência, a disposição das nações para aceitar acordos.
A Organização das Nações Unidas surge neste contexto de anseio pela paz. Seu objetivo principal é o de “preservar as gerações futuras do flagelo da guerra”. E sua forma de atuar foi, sobretudo, declarar os direitos que considerava fundamentais e que precisavam ser respeitados por todos os Estados.
Para se ter ideia, na Carta de Fundação da ONU, os direitos humanos foram considerados no Preâmbulo, nos arts. 1º, § 3º; 13, § 1b; 55, c; 56; 62 § 2º; 64; 68; 73; 76, c. Tal fato é um claro contraste em relação ao Pacto da Sociedade das Nações, que contemplava apenas um artigo (art. 23) à matéria.
Além da Carta, a ONU iniciaria um processo de internacionalizaçãodos Direitos Humanos essencial para que chegássemos ao estágio atual, com a criação do Sistema Global de Direitos Humanos

Outros materiais