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FICHAMENTO - BITTENCOURT, Circe, Capitalismo e cidadania nas atuais propostas curriculares de história

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BITTENCOURT, Circe (Org.), Capitalismo e cidadania nas atuais propostas curriculares de história
· Primeira frase – “Um primeiro desafio para quem ensina Histórica parece ser a explicação de razão de ser da disciplina, buscando atender aos anseios de jovens que ardilosamente fazem perguntas aparentemente inocentes, como ‘Por que estudar História? Por que o passado, se o importante é o presente?’”pg11
· Apesar dessas dúvidas, a história continua a existir e a ser reformulada nos currículos
· A história a ser ensinada, segundo presente em propostas curriculares “se constitui como um conjunto heterogêneo, caracterizando um momento peculiar da história do ensino da História”pg12
· O momento atual é importante por estarem sendo reformulados tanto conteúdos como métodos
Caracterização das propostas
· As reformas atuais estão ligadas aos debates sobre o ensino de história surgidos no final da ditadura – retorno de aulas de História e Geografia, em substituição a Estudos Sociais no 1º grau
· Na ditadura, a aula de história tinha se mantido no segundo grau mais para atender à necessidade de exames vestibulares do que para compor um ensino profissionalizante, que era o que se propunha 
· Na ditadura, havia um abismo entre a história ensinada nas escolas e a das universidades. Isso tendeu a mudar com a abertura democrática nos anos 70
· Estava ocorrendo nesse período a redefinição profissional dos professores
· Fazia-se necessário repensar os conteúdos, os métodos, as condições de trabalho do professor, as relações pedagógicas (considerando a alteração no perfil dos alunos nessa época)
· Essa foi uma época de expansão do pública escolar – classes trabalhadoras ocupando vagas na escola
· O descompasso entre propostas de ensino de história e os alunos tem se agravado pelo bombardeio de conteúdo que os alunos têm recebido cada vez mais pela mídia e o “presenteísmo” das novas gerações causado pelo rápido avanço da tecnologia, que os distancia do passado – consequências dos consumismo que transforma tudo em mercadoria
· Dessa forma, é necessário “identificar as relações entre as atuais necessidades da sociedade contemporânea e o conhecimento histórico a ser veiculado pelas propostas curriculares”pg14
· Esse artigo pretende analisar as propostas de ensino de história produzidas de 1990-95 pelos estados brasileiros
· Na maioria das propostas há a supressão dos modelos tecnicistas dos anos 70
· Muitas dessas obras buscam partir de fundamentações teóricas oriundas de conhecimento científico de referência para justificar seu conteúdo
· Os materiais se apresentam normalmente como fruto de um debate entre poder educacional, professores e academia
· Os conteúdos, entretanto, diverge em vários aspectos 
· Várias propostas mantém os Estudos Sociais para alunos a 1ª a 4ª série – umas dessas, consideram essa disciplina como um alternado entre história e geografia, outras se vinculam mais com as ciências sociais
· Nos anos seguintes, a história e geografia são disciplinas autônomas, mas com conteúdos muito diversos
· “Os modos de produção ordenam as etapas e conteúdos da maior parte das propostas para as 5as séries em diante, embora o Brasil continue sendo analisado por intermédio dos três grandes eixos políticos, Colônia, Império, República, buscando articulá-los aos ciclos econômicos – do pau-brasil à industrialização”pg16
· As mudanças mais significativas são os projetos que organizam os conhecimentos históricos por temas – “temas geradores” (segundo Freire) em alguns casos, e eixos temáticos em outros
· A organização por eixos temáticos é ainda minoritária e precária, mas apresenta inovações ao sugerir uma maior participação dos professores na seleção dos conteúdos 
· “Dois aspectos comuns se destacam nas propostas curriculares. Os objetivos são semelhantes e, igualmente, possuem críticas comuns quanto ao que denominam de ensino tradicional de História, notadamente quanto às noções de tempo histórico baseadas em referenciais considerados oriundos do positivismo”pg16
Cidadania como meta para o ensino de história
· “A manutenção de uma disciplina escolar no conteúdo deve-se à sua articulação com os grandes objetivos da sociedade.”pg17
· A existência da história escolar no brasil sempre se deveu ao objetivo de formar uma identidade nacional, “sempre paradoxal, no caso brasileiro, uma vez que deveríamos nos sentir brasileiros mas antes de tudo pertencentes ao mundo ocidental e cristão”pg17
· A construção da identidade nacional nos ensino de história foi redefinida com o passar dos anos para incluir novos elementos das mudanças sociais e políticas no BR, à mundialização etc. Mas essas mudanças servem para aprofundar o conceito de identidade nacional
· Mudança do “mito ordenador do currículo” – “O mito do Estado-nação que sustentava o ideário nacionalista das propostas curriculares foi substituído pelo mito da empresa”pg18
· Essa mudança por de ser observada na relevância relativa de determinadas disciplinas em cada período – com a 2GM ciências físicas, química, biologia ganharam status por serem então consideradas como essenciais para o saber escolar por propiciarem uma formação tecnológica essencial para a vida empresarial
· “Os interesses da nação são superados pelos das multinacionais de forma escancarada, e não mais camuflada como anteriormente.”pg18 – são os verdadeiros interesses da nação
· Atualmente, a identidade nacional é compreendida pela articulação entre o econômico, o social e o cultural, mas do que pelo político, como em outros tempos
· O estabelecimento de relações entre diferenças (normalmente regionais) e identidade (normalmente nacional) é feito de forma paradoxal
· Os objetivos de “formar um cidadão crítico” ou “estuda o passado para compreender o presente”, presentes nas propostas analisadas, não são novos, vem desde os anos 50
· “A inovação que ocorre quanto aos objetivos é a ênfase atual ao papel do ensino de História para a compreensão do ‘sentir-se sujeito histórico’ e em sua contribuição para a ‘formação de um cidadão crítico’”pg19
· “A relação entre História escolar e cidadania nos remete evidentemente às finalidades políticas da disciplina”pg20, que não são veladas, como nas outras disciplinas 
· Essa ideia de história escolar como ferramenta para a construção do cidadão político adequado ao Estado democrático estava também em Seignobos (pensador positivista do começo do XX), logo essa concepção da disciplina pode ser inserida em quase qualquer abordagem
· Qual seria então os objetivos desse objetivo nas abordagens atuais, que têm como diferencial a intenção de formar “agentes de transformação da realidade”? – há uma certa conclusão sugerida por essa proposta de que as transformações ocorrem por vontade individual
· A ideia de cidadania nessas propostas é limitada à cidadania política, eletiva, no modelo liberal. Os conteúdos focam nas práticas políticas tradicionais, descrevendo cargos eletivos nos municípios e estados e a divisão de poderes
· Há partes sobre o pagamento de impostos, prestação de serviço militar e sobre leis de trânsito (novidade), introduzindo a ideia do “cidadão-motorista” e do “cidadão-pedestre”pg22 já nas séries iniciais
· “A ideia de cidadania social que abarca os conceitos de igualdades, de justiça, de diferenças, de lutas e de conquistas, de compromissos e de rupturas tem sido apenas esboçada em algumas poucas propostas”pg22
· Há em algumas propostas menções a ação política, movimentos sociais e luta por cidadania, mas sem vincular essas explicações a movimentos reais como os ecológicos, feministas ou raciais
· “Em uma sociedade como a nossa, em que as desigualdades sociais são gritantes, o compromisso da história seria o de aprofundar esta complexa noção para evitar a banalização do termo. O sentido político da questão da cidadania deve explicitar a relação entre o papel do indivíduo e o da coletividade”pg22
O tempo evolutivo do progresso ou do capitalismo
· Os currículos atuais convergem nas críticas à noção de tempo dos currículos anteriores, oriundos do paradigmapositivista
· Há a preocupação de superar o ensino de história baseado em um tempo histórico homogêneo e eurocêntrico focado no Estado-nação. Propõem-se trabalhar com diferentes temporalidades
· Há também a crítica à história centrada nos modos de produção, “com base no estruturalismo que imobiliza as ações dos indivíduos”pg23
· “Assim, as justificativas das propostas apontaram para a alteração e superação de tempo histórico evolutivo e progressista”pg23
· Em todos os casos, percebe-se que as periodizações foram orientadas pelo capitalismo
· A história do BR é apresentada como resultante da EUR – “Trata-se, portanto, de uma história nacional que não se origina no espaço nacional mas no lugar central do capitalismo emergente”pg24
· O estudo de história geral também é orientado pelo capitalismo 
· Houve avanços recentes na inclusão de uma “história dos vencidos” nos currículos, inserindo novos sujeitos sociais na história da nação, “embora sem estabelecer relações mais profundas entre os dominados e dominadores, na dialética oprimido x opressor”pg25
· “Os desafios enfrentados na elaboração das propostas residem substancialmente em articular a produção historiográfica que introduz o social e o cultural em suas relações intrínsecas com o econômico e que redimensionam o político”pg25
· Conceitos básicos como os de classe social, trabalho, alienação poderiam ser melhor inseridos nos programas, ajudando a articular a noção de ação política a organizações reais
· A história escolar não pode ser vista como uma transposição do conhecimento acadêmico maior ao formato escolar num processo de vulgarização (como afirmava Chevallard, quando falava de “transposição didática”). O saber erudito que pretende ingressar no contexto escolar exige uma reelaboração, assimilando o conhecimento proveniente do senso comum
· É preciso articular o tempo vivido pelos alunos e professores e o tempo histórico – “a cultura capitalista vivenciada por alunos e professores torna-se necessariamente o referencial constante para se estabelecer a relação presente-passado-presente”pg26
· As ideias de duração e ritmos são essenciais para se fazer essa relação – pensar o tempo da natureza das sociedades do neolítico x tempo da fábrica do capitalismo
· “A identificação da longa duração, nessa perspectiva, pode evitar compreensões anacrônicas ou distorcidas sobre outros tempos históricos (culturas atrasadas x culturas modernas) e aprofundar discussões sobre a construção histórica do capitalismo e não como estágio predestinado da humanidade”pg26
· * o último parágrafo resume bem a proposta da autora

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