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FICHAMENTO - KOSELLECK, Reinhart Espaço de experiência e horizonte de expectativa duas categorias históricas

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KOSELLECK, Reinhart. Espaço de experiência e horizonte de expectativa: duas categorias históricas
1. Friedrich Schlegel resumiu bem que, apesar de criticarem as hipóteses, não se faz história sem elas (acho que hipótese = conceito nesse caso)
2. O historiador, pesquisando, se depara, ou com fatos que já foram analisador e tem que lidar com conceitos já formados; ou ele se depara com fatos que ainda não foram articulados e tem que lidar com conceitos ainda não conhecidos
3. Há conceitos ligados às fontes e conceitos ligados às categorias científicas. Às vezes o mesmo termo tem essas duas funções – exige cuidado na análise
4. Analisaremos espaço de experiência e horizonte de expectativa como categorias históricas sem se preocupar com a origem histórica desses termos, o que pode parecer contra o método da história dos conceitos, mas produz bons resultados
5. “Experiência” e “expectativa” são palavras que não depreendem uma realidade histórica encontrável; no máximo denotam as condições das histórias possíveis, não as histórias mesmas.
6. Apesar do alto grau de generalidade, essas duas categorias são absolutamente imprescindíveis 
7. São conceitos dependentes (um não existe sem o outro) e excludentes (como “guerra” e “paz”) ao mesmo tempo
8. Todas as categorias históricas podem se tratas individualmente, mas nenhuma delas existe sem experiência e expectativa 
9. Para Novalis em Heinrich von Ofterdingen, a história não é o passado, mas a conexão entre o passado e o futuro reconstituída a partir da esperança (abarcada pela expectativa) e da recordação (abarcada pela experiência)
10. Experiência e expectativa entrelaçam passado e futuro, pois baseamos nossas expectativas para o futuro de acordo com experiências passadas
11. Elas remetem à temporalidade do homem (como o homem percebe o tempo)
II. ESPAÇO DE EXPERIÊNCIA E HORIZONTE DE EXPECTATIVA CONTO CATEGORIAS META-HISTÓRICAS
12. Experiência é o passado atual, que inclui acontecimentos que podem ser lembrados
13. Pode incluir experiências alheias transmitidas por gerações
14. Expectativa é o futuro do presente, segundo como é concebido pelos viventes
15. O futuro irá, eventualmente, se tornar passado; mas as expectativas nunca se tornarão experiência exatamente como foram concebidas
16. “Espaço de experiências”: A experiência se encaixa numa analogia espacial, pois o espaço é o resultado de todas as mudanças que os eventos passados causaram nele, independente do elemento tempo 
17. “Horizonte de Expectativas”: as expectativas são como a linha distante que separa o que é visível agora e o que haverá no futuro, apesar de ainda incógnito
18. Experiências são coisas manuseáveis, acessíveis; e as expectativas são coisas etéreas
19. Entretanto, não se tratam de conceitos opostos. Podem coexistir
20. Quem acredita poder deduzir suas expectativas apenas da experiência está errado, mas quem não baseia suas expectativas na experiência também se equivoca
21. Romper o horizonte de expectativa cria uma experiência nova.
22. Um modifica o outro mutuamente e progressivamente
III. A MUDANÇA HISTÓRICA NA RELAÇÃO E ENTRE EXPERIÊNCIA E EXPECTATIVA
23. A tese do autor é que experiência e expectativa estão progressivamente mais distantes
24. “Se pode conceber a modernidade como um tempo novo a partir do momento em que as expectativas passam a distanciar-se cada vez mais das experiências feitas até então”
25. No mundo camponês de antigamente, as coisas eram tão iguais, a vida marcada pelas alternâncias pouco surpreendentes da natureza; que as expectativas tinham pouca liberdade de existirem muito longe do espaço de experiência desses camponeses
26. Nas classes mais altas e de poder político, isso era diferente. As coisas eram mais imprevisíveis
27. Enquanto isso, a doutrina cristã dos últimos fins impunha limites intransponíveis ao horizonte de expectativa e quando as previsões apocalípticas não ocorriam, isso só significava que aconteceriam com mais probabilidade na próxima possibilidade
28. Isso só mudou com a chegada da idéia de progresso. As coisas poderiam e deveriam se tornar melhores ainda nessa vida, e não só na próxima 
29. “O "profectus" espiritual foi substituído por um "progressus" mundano”
30. O horizonte de expectativa começou a incluir a possibilidade de mudança
31. O conceito de progresso só foi criado no século XVIII, quando começou-se a analisar toda a história pregressa (a revolução copernicana, o lento desenvolvimento da técnica, o descobrimento do globo terrestre e de suas populações vivendo em diferentes fases de desenvolvimento, a dissolução do mundo feudal) a fim de apontar para onde caminhava a civilização
32. Surgiu a idéia de que povos diferentes estavam em estágios diferentes de evolução; os menos evoluídos buscando se igualar aos mais, e os mais evoluídos se dando o direito de dirigir os menos
33. A colonização ultramarina e o desenvolvimento da ciência e da técnica desvincularam o espaço de experiência do horizonte de expectativa: “o futuro será diferente do passado, vale dizer, melhor”
34. A filosofia da história de então, que devia muito ao Iluminismo e à revolução francesa, dizia que “não é mais possível projetar nenhuma expectativa a partir da experiência passada”
35. Essa ruptura afetou também a historiografia: a história não podia mais ser ensinada como exemplo, mas sim “ser considerada e explicada novamente por cada geração da humanidade que avança” (Creuzer)
36. “O progresso” foi, assim, o primeiro conceito histórico que depreendia a diferença entre experiência e expectativa
37. “As épocas anteriores só haviam conhecido mudanças de rumo que se estendiam ao longo de séculos”. Este mundo, agora, estava permeável às mudanças radicais.
38. Passou então a existir a convivência entre pessoas de temporalidades distintas
39. “Ciência e técnica estabilizaram o progresso como sendo a diferença temporal progressiva entre a experiência e a expectativa”
40. Soma-se a isso a idéia de aceleração: as coisas (políticas e ciência) vão avançar cada vez mais rápido; iniciada pelo iluminismo tardio. Isso faz com que a diferença entre experiência e expectativa seja sempre superada
41. A atribuição de conceitos para coisas que passavam a existir só então (federação, no final da IM) e a coisas que ainda se esperava que se concretizassem (Kant com sua Federação dos Povos) mostra uma separação consciente entre espaço de experiência e horizonte de expectativa 
42. Outro exemplo é a criação dos conceitos de República ou Tirania (Kant, principalmente. O autor se refere muito ao À Paz Perpétua), para coexistirem com a descrição de Aristóteles dos 3 tipos de governo clássicos. Em tirania vê-se algo retrógrado que estava para ser sobrepujado e em republicanismo estava a sociedade que estava sendo construída. 
43. O auge desse processo pode ser visto na criação de conceitos como comunismo, socialismo, liberalismo, fascismo, que eram baseados em pouca ou nenhuma experiência, só em expectativas 
44. Quando esses projetos políticos se tornam prática, as velhas expectativas se desgastam nas novas experiências. Isso vale para o liberalismo e o fascismo e talvez, no futuro, para o comunismo
45. Quanto menor o conteúdo de experiência, tanto maior a expectativa que se extrai dele. Quanto menor a experiência tanto maior a expectativa.
46. Quando o paradigma for “quanto maior a experiência, tanto mais cautelosa, mas também tanto mais aberta a expectativa”; terá chegado o fim da Modernidade.

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