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Filosofia Educação

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Faustino Adriano 
A Concepção da Educação em Aristóteles
Curso de Licenciatura de Administração e Gestão Educacional
	
Universidade Rovuma
Niassa-Cuamba
2021
Faustino Adriano 
A Concepção da Educação em Aristóteles
 (
Trabalho individual de carácter avaliativo da cadeira de
 Filosofia da Educação
, Curso de licenciatura em Administração e Gestão Educacional, UniRovuma- Delegação de Niassa-Cuamba, Departamento de Ciências da Educação e Psicologia (EAD), Centro de Re
cursos de Cuamba, orientado pela
 docente:
Durina Gonçalves
)
Universidade Rovuma
Niassa-Cuamba
4
2021 
Índice
Introdução	3
1. A fundamentação da teoria Pedagógica Aristotélica	4
2. O alcance da Felicidade como a base da Educação em Aristóteles	6
Conclusão	7
Referências Bibliográficas	8
Introdução 
O presente trabalho da cadeira de Filosofia de Educação, tem como tema: “a concepção da educação em Aristóteles”. Tem como objectivo geral, analisar a teoria aristotélica sobre a educação. Para tal, foram definidos os seguintes objectivos específicos:
· Caracterizar a teoria aristotélica sobre educação partindo da sua visão filosófica; 
· Mostrar a fundamentação da teoria pedagógica em Aristóteles; e
· Identificar a felicidade como base da educação em Aristóteles. 
A escolha desse pensador foi motivada por ele ser um dos representantes da pedagogia grega antiga e por ter acreditado na educação como forma de preparar o homem para viver em sociedade. 
O trabalho foi elaborado mediante o uso do método qualitativo baseado na técnica bibliográfica. Como forma de facilitar a sua compreensão, o trabalho encontra-se estruturado em dois principais itens que apresentam de forma concisa o conteúdo analisado. 
1. A fundamentação da teoria Pedagógica Aristotélica 
Aristóteles nasceu em 384 a.C. em Estagira, na Macedónia (então sob influência grega e onde o grego era a língua predominante), filho de um médico. Aos 17 anos foi enviado à Academia de Platão, em Atenas, onde estudou e produziu filosofia durante 20 anos - parte de sua obra no período tem o objectivo de atacar a escola rival, de Isócrates, segundo a qual a finalidade do ensino era levar os alunos a dominar a retórica para serem capazes de defender qualquer ponto de vista, dependendo do interesse. Na Academia, a finalidade da educação era alcançar a sabedoria, (HOURADAKIS, 2001:37). 
Aristóteles pensa a educação como causa da felicidade, pois acredita que todas as causas têm um fim. A educação seria a maneira de preparar o cidadão para a vida em sociedade, e essa vida em sociedade deveria se dar por meio de virtude calcada na boa educação e na prática de actos virtuosos. Para o filósofo, não aprendemos a virtude lendo textos ou ouvindo conceitos sobre a palavra, mas aprendemos a ser virtuosos mediante a educação que recebemos e praticando actos virtuosos. Entretanto, precisaríamos de certo conhecimento sobre os valores e definições de justiça em cada sociedade para sermos justos e virtuosos, mas a virtude e a justeza não estariam “fechadas” nessas definições.
Segundo Aristóteles, a educação deveria ser direito do estado. Ou seja, deveria haver uma educação pública voltada para todos. E, ao mesmo tempo, a educação teria seus fundamentos na família, sendo supervisionada pelo estado a fim de se garantir sua qualidade com o intuito de preparar a criança para a Pólis. Para o filósofo, a forma de se educar seria através da repetição. Uma criança estaria sendo bem-educada repetindo os gestos de virtude demonstrados pelos seus preceptores. Daí, a necessidade de as crianças terem uma boa instrução (ALVES, et. al., 1998).
Mas, o que seria de fato essa boa educação para Aristóteles? Sabemos que Aristóteles toma como referência positiva a educação na Cidade-Estado de Esparta. Ao nascer, todas as crianças eram apresentadas para uma comissão de avaliadores que decidiam se esta deveria ou não continuar vivendo. Se não fosse forte, perfeita e saudável a criança não tinha direito à vida. Era sacrificada em benefício da pátria. Se fosse forte e perfeita, sem nenhum indício de doença, seria mantida com a família até idade de sete anos, quando então o Estado se apropriava dela e lhe garantia educava até os vinte anos, sob a autoridade de um magistrado responsável por sua formação física, moral e cívica. Era uma educação austera, dura, que tinha como objectivo o ensino da obediência às leis e o servir à Pátria.
Para Aristóteles, a educação é um instrumento pelo qual o homem se realiza no sentido político do termo, pois essa é a finalidade do homem segundo o filósofo. Mas convém lembrar que não existe nenhum escrito de Aristóteles de forma directa sobre educação, então faz-se necessária uma interpretação do que está dito na Ética Nicômaquéia e na Política. Na Ética Nicômaquéia, Aristóteles explicita o carácter de sua ética que - em síntese - seria o bem agir perante a sociedade e praticar actos virtuosos. Ora, para o estagirita o homem seria naturalmente um ser político, nascido, portanto, para a vida em sociedade.
Apesar de Aristóteles ter estudado retórica, tinha uma visão diferente não só de Isócrates como também do seu mestre Platão. Para Aristóteles, a educação deve ser separada em seus diferentes modos. No que concerne aos conteúdos, não seria interessante pensar que as verdades matemáticas caberiam em uma argumentação retórica. O ensino para Aristóteles toma um rumo diferente do Platónico. Platão tinha em mente um ideal de Bem Supremo para a vida. Enquanto para Aristóteles, a educação não deve ser de um ideal utópico de vida, sabendo da imperfeição humana, essa seria amenizada com a educação. Seu “ideal” poderia ser alcançado com um estado virtuoso.
Aristóteles acreditava que o bem supremo seria a felicidade. Entretanto, não seria um bem supremo utópico. Seria como foi dito um exercício da virtude e das acções virtuosas na sociedade e em segundo plano ficaria a realização dos bens materiais. Tais exercícios de virtude não se dariam sem uma instrução, a natureza humana não teria a capacidade, segundo Aristóteles de agir deliberadamente para com actos virtuosos, seria preciso uma instrução (educação) para agir de modo virtuoso na sociedade. Aristóteles, no Livro Ética Nicômaquéia, pensa em uma educação ministrada pelo ensino privado. Mas, logo depois no livro Política, ele faz uma reflexão sobre esse ensino e defende a educação sendo ministrada pelo Estado, com o argumento de que na educação privada cada um poderia ensinar o que quisesse par seus alunos. Enquanto no público, a educação seria mais coesa para com os ideais do Estado. Pois, não havia uma individualidade, um eu, tal como concebemos. Os cidadãos eram unidos ao Estado, defendo não interesses pessoais, mas, os da Pólis, (HOURADAKIS, 2001:47).
Para Aristóteles, era inútil procurarmos algo supremo e inatingível, como a ideia do Bem Supremo. O conhecimento do que nos cerca, do que está ao nosso redor, seria de fato suficiente para o nosso conhecimento e para atingirmos a virtude. Dessa forma, para pensar educação em Aristóteles é preciso saber o que ele entendia por ética, bem como o que ele considerava ser o viver bem e para o estagirita o exercício da ética conduziria o homem à felicidade ou à sua finalidade: sua realização no seio da sociedade. Então, a educação pensada sobre a óptica aristotélica é aquela na qual os homens são treinados para o exercício da virtude e para a aplicação da ética na sociedade. A ideia aristotélica de o homem ser um ser político por natureza não concerne à vida política (segundo o sentido que vemos hoje primariamente na palavra), tal como muitas vezes se pensa erroneamente, porém uma vida voltada para a Pólis.
2. O alcance da Felicidade como a base da Educação em Aristóteles 
A teoria pedagógica aristotélica, bem como sua moral e sua política, tem por finalidade a felicidade ou eudaimonía. Portanto, é rumo a esta que devem ser direccionados os estudos concernentes à formação moral. Segundo o filósofo, como não há possibilidade de se tornar feliz sem o exercícioda virtude, o hábito de contemplá-la pode ser apontado como um dos maiores valores pedagógicos. Todavia, é preciso exercitar-se na virtude a fim de direccionar o comportamento e não somente para conhecê-la. 
Para tal, Aristóteles propõe uma educação que tem início na infância, momento em que a criança recebe as primeiras lições de sua família. Esta se estende ao jovem que deve receber uma educação pública, ser educado também na Pólis. Esse tipo de educação perpassa ainda toda a vida do cidadão adulto. Deste modo, as actividades mais costumeiras podem favorecer a formação do homem. E todas as etapas do aprendizado devem corroborar com a eudaimonía, (ARISTÓTELES, 1979:59).
Contudo, aquele que educa e aquele que é educado necessitam saber das tendências naturais dos homens a fim de aprimorá-las ou controlá-las quando conveniente. Com isso surge a necessidade de educar também àquilo que o Filósofo chama de parte irracional da alma. Esta comporta o desejo que, junto com as demais paixões, devem ser ‘domesticados’ pelos bons hábitos, facilitando uma vida virtuosa e feliz.
Portanto, a educação deve dar às paixões uma direcção correcta, condizente com a finalidade humana e com a recta razão. Por tal motivo e pelos motivos anteriormente mencionados concluiremos que a educação aristotélica é resultado da consonância de boas disposições de alma e da aquisição de bons hábitos com o factor racional. Por sua vez, estes possibilitarão ao homem a eudaimonía. Apontaremos ainda para a possibilidade de um elo entre algumas das propostas do Estagirita e a educação em nosso tempo.
Conclusão 
Para terminar, importa referir que a função atribuída à educação por Aristóteles se aproxima com os objectivos da educação nos tempos actuais, uma vez que, a educação seria a maneira de preparar o cidadão para a vida em sociedade, e essa vida em sociedade deveria se dar por meio de virtude calcada na boa educação e na prática de actos virtuosos. Para o filósofo, não aprendemos a virtude lendo textos ou ouvindo conceitos sobre a palavra, mas aprendemos a ser virtuosos mediante a educação que recebemos e praticando actos virtuosos. 
Dessa forma, o legado de Aristóteles quanto a questões da educação parece-nos condizente também com as necessidades actuais de ensino. Ainda hoje percebemos a importância de educar nossas afecções com a finalidade de uma convivência harmoniosa. Por exemplo, um mundo no qual as pessoas fossem habituadas desde sua infância a disciplinar sua cólera tornaria nosso dia a dia bem mais pacífico. Além disso, uma sociedade mais dedicada à formação moral e ao desenvolvimento intelectual de seus cidadãos teria menores preocupações com problemas como a criminalidade, a saúde entre outros que enfrentamos corriqueiramente. Pois que o maior bem para Aristóteles seria a felicidade e essa só seria alcançada através da educação.
Referências Bibliográficas 
ALVES, Fátima, et al. A Chave do Saber – Introdução à Filosofia 10º Ano, Porto editora, 	Porto, 1998.
ARISTÓTELES. Ética a Nicómaco. In: Aristóteles. Trad. L. Vallandro e G. Bornheim. São 	Paulo: Abril Cultural. (Colecção Os Pensadores); 1979.
HOURADAKIS, Ask. Aristóteles e a Educação. Trad. Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: 	Edições Loyola; 2001.

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