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1 2 3 JESSÉ VITORINO DA SILVA JÚNIOR Texto Sagrado III Livros Poéticos SOBRAL 2018 4 5 Sumário Palavra do Professor autor Sobre o autor Ambientação à disciplina Trocando ideias com os autores Problematizando Unidade 1 - Escrita Poética Sabedoria Escrita Poética Sapiencial Sabedoria Judaica Unidade 2 - SALMOS - PROVÉRBIOS – JÓ Salmos Anexo A Provérbios O livro de Jó Unidade 3 - CÂNTICO DOS CÂNTICOS – ECLESIASTES Cânticos dos Cânticos O livro de Eclesiastes Unidade 4 - SABEDORIA DE SALOMÃO – ECLESIÁSTICO A aliança veterotestamentária diante dos apócrifos dos pseudoepígrafos Sabedoria Eclesiástico Explicando melhor a pesquisa Leitura Obrigatória Pesquisando na internet 6 Saiba Mais Vendo com os olhos de ver Revisando Autoavaliação Bibliografia Bibliografia da Web 7 Palavra do Professor Adentrarmos em um rico acervo de expressões poético-filosóficas inspiradas pelo Santo Espírito do Criador é incomparável, a oportunidade de observar a composição de um conhecimento que transcende a racionalidade e se faz de maneira conjunta da vivência existencial do ser e seu desfrute da constante diária presença influente de Deus, que gera harmoniosa relação de produção relacional em aprendizagem e devoção. Discorrer sobre tal temática na Sagrada Escritura sempre se faz por momento substancial que se apresenta como deleite ante o esplendor da via de vivência entre o Deus que ama e sua criatura profundamente amada. Criatura esta dotada de produção intelectual que dentro dos escritos sagrados assume expoente distintivo enlevo, pois diante das mais diferentes culturas se apresentam como uma sabedoria distinta: Produção intelectual humana movida por uma realidade de partilha – Deus e o Homem, lado a lado, gerando um conhecimento de vida e existência, firmados em lutas e batalhas ante as adversidades da existência. O aluno, caso opte pela reverência do sorver da preciosa oferta de conhecimento que tais livros (como dádivas) se propõem a graciosamente ofertar, certamente encontrará substancial tesouro que o proverá de humilde sabedoria e o dotará de vislumbre salvífico, pelo Deus de amor. Cântico 5 8. Filhas de Jerusalém, eu vos conjuro: Se encontrardes o meu amado, Que lhe direis? ... Dizei Que estou doente de amor! 8 Sobre o Autor JESSÉ VITORINO DA SILVA JÚNIOR - É graduado em Teologia e Especialista em Ciências da Religião pelas Faculdades INTA. Realiza trabalhos evangelísticos disseminando a filosofia do Cristo Ressurrecto, o kerigma do evangelho vivo. 9 Ambientação Nesta obra, apreciaremos de forma panorâmica, alguns livros que se encontram na terceira seção do cânon judaico reconhecido pelo título de Escritos (heb. Ketûbîm). Livros também designados pelo termo grego de hagiographa ou “escritos sagrados”, segundo os pais da Igreja. Inicialmente abordaremos os livros do cânon oficial e encerraremos com os apócrifos ou deuterocanônicos, obras que não se encontra deste agrupamento. Cânon - “Canon. (I) C. da Sagrada Escritura. C. vem do gr.m o w ó v : régua de caniço (Ez 40,3.5), medida (óu:campo determinado: 2Cor 10,13.15; n o r m a de vida: Gál 6,16) ou lista de livros;” (...) Born, A. Van Den. Dicionário Enciclopédico da Bíblia, Rio de Janeiro:Vozes, 1977. p. 232-233 A Bíblia Hebraica compõe-se de 24 livros repousando em três grandes seções: Lei (Torah), Profetas (Nebiim) e Escritos (Ketubim). Interessante observar em Lucas 24.44 tal referência, onde cita-se Lei, Profetas e Salmos. Salientamos que tais 24 livros correspondem aos 39 da Bíblia Protestante. Uma observação se torna pertinente: devido a enumeração em distinto de cada um dos Profetas Menores e se utilizar separação entre 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras e Neemias, aporta-se inevitavelmente em uma realidade numérica maior. Contudo são os mesmos livros. E todos perfazem o enredo dos canônicos. Na Bíblia Protestante teremos em acordo com o cânon: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cânticos dos Cânticos ou Cantares de Salomão. E serão estes os que contemplaremos neste trabalho. No conjunto desta produção intitulada Escritos é importante compreendermos que a Revelação estava sendo apresentada como redação, numa grafia de forma de gradativa percepção compreensiva, ou seja, Deus, 10 poética, sábia e diligentemente de maneira eficaz, norteava Israel para uma aliança nova que inevitavelmente se aproximava. Estas Obras inspiradas por Deus constituíam vestígios exegéticos que a hermenêutica da cruz promoveria em salvação a todo o que crer, em espírito e verdade, na boa nova do amor, trafegando brilhante enredo neotestamentário. Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam; Jo 5 11 Trocando ideias com o autor Neste trabalho contempla-se com uma sintética e panorâmica incursão, obras do Velho Testamento que abordam estilos de poesia e sabedoria bíblicas. Livros comuns ao cânon judaico e protestante são colocados numa breve coletânea ao lado de escritos intitulados em determinados círculos teológicos por apócrifos ou em outras instâncias interpretativas de deuterocanônicos. Seriam eles: Sabedoria de Salomão e Eclesiástico. Numa linguagem acessível, sempre buscando a relevância em cada tema abordado, o texto flui de maneira leve e constante. Existe a preocupação em evitar vias de vastos aprofundamentos teóricos, buscando sempre a didática de estilo direto e conciso, sem perder a valia acadêmica do material apresentado. Ideal para quem busca noções acadêmicas e não dispensa as isenções da produção científica, esta apostila detém vasta bibliografia em que autores católicos apostólicos tanto romanos quanto protestantes são considerados para recorrentes fins de embasamento adequado. Sugerimos para um aprofundamento na temática, a leitura das obras: A literatura de Sabedoria do Antigo Testamento é contemplada com esmero na obra apresentada. Livros dos Provérbios, Jó, Eclesiastes, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, são abordados com maestria. Também o texto é enriquecido com um capítulo dedicado a Sabedoria Veterotestamentária e o Novo Testamento. Assim, Israel e o mundo antigo recebem do autor um eficiente olhar crítico perante suas produções sapienciais confeccionadas. 12 CERESKO, R. Anthony. A Sabedoria no Antigo Testamento – Espíritualidade Libertadora. 1ª. Ed. São Paulo: Paulus. 2004 O autor nos agracia com este excelente livro que aborda inicialmente os livros da Bíblia Hebraica chamados Escritos. E em um segundo momento encerra a obra com três capítulos dedicados aos livros Deuterocanônicos. Abrangente e integral, esta obra torna-se completa, ideal a quem busque compreensão a literatura do Velho Testamento. MOMLOUBOU, L. et al. Os salmos e os outros escritos. São Paulo: Paulus, 1996. GUIA DE ESTUDO No decorrer das leituras esboce fichamentos e ao término tente promover uma releitura geral para avaliar seu entendimento das duas obras. Disponibilize no ambiente virtual. 13 Problematizando Os livros classificados como Livros Poéticos também são conhecidos como Sapienciais. Isso porque trata da sabedoria e da espiritualidade do povo de Israel. A sabedoria muitas vezes é confundida como acúmulo de conhecimento, constituindo de um conhecimento puramente teórico ou especulativo.Porém, essa não é a sabedoria apresentada nos livros poéticos. A sabedoria apresentada é algo como o bom senso no discernimento das situações, adquirido através da meditação e reflexão sobre a experiência concreta da vida, algo aprendido na prática e que levaria à arte de viver bem. Assim, nos livros sapienciais encontram-se reflexões que brotam de problemas que povoam o dia-a-dia da vida de qualquer pessoa que busca o caminho da realização e felicidade. A experiência comum é mostrada como lugar da manifestação de Deus e da revelação do seu projeto, ou seja, Deus falaria através da experiência do povo. GUIA DE ESTUDO No mundo atual marcado pelo conhecimento cientifico tecnológico, como a sabedoria pode auxiliar as pessoas a viver um modo de vida mais autêntico e feliz? 14 15 Escrita Poética Sabedoria 1 Conhecimento Conhecer sobre Escrita Poética e Sabedoria no universo Hebraico do Velho Testamento. Habilidade Reconhecer os assuntos tratados no contexto estado. Atitude Desenvolver textos com argumentos critico-reflexivos diante do contexto apresentado. 16 17 Escrita Poética Sapiencial Dotada de estilos literários próprios, esta modalidade de escrita impõe singularidade e influência na Sagrada Escritura veterotestamentária. Estas marcas de produção textual, estas modalidades de escrita demonstram a riqueza deste gênero literário. Vejamos em tópicos tais estilos de formas literárias dos escritos sapienciais. Poesia Na Poesia Hebraica a característica mais reconhecida entre os versos seria a repetição de ideias, relatada como paralelismo. Uma afirmativa é exposta e na sequência, com outras palavras, a ideia da assertiva anterior é reiterada. Temos R. Lowth, pela primeira vez fez notar tal peculiar característica poética hebraica. Richard Lowth foi o primeiro a chamar a atenção sobre um elemento fundamental da p. hebr.: a dúplice, às vezes tríplice repetição da mesma ideia em termos diferentes, chamada por ele parallelismus em brorum , figura estilística que brotou do modo tipicamente semítico de pensar e, ainda mais, de sentir; i.” Born, A. Van Den, Dicionário Enciclopédico da Bíblia, Rio de Janeiro: Vozes, 1977. P. 1194-1195. Assim, explorando a repetitividades, consideramos dentro do estilo as seguintes formas como tipos: LASOR, William S. et al. (2003 p.249-252) 1. Sinonímico: Duas vezes a mesma ideia é apresentada, apenas mudando palavras, mas permanecendo o mesmo sentido. SL 103.10. Eclo 13,1 18 2. Antitético – Através do contraste (ou oposição) o segundo segmento afirma o sentido do primeiro. Pv 10.1 Pv 10.2 3. De especificação – As afirmativas expressas nas duas linhas do verso, não expressam de imediato à mesma significação se tomadas de forma independente. Mas no contexto sequencial, percebe-se de imediato que a primeira afirmação é a estrutura que abrigará a fundamentação redigida na segunda linha. Am 1.7 Is 1.16c-17 Também se faz por adequado citarmos os gêneros sapienciais, expondo a riqueza de tal estilo semítico de literatura, realidades que também residem na expressão da sabedoria literária hebraica: CERESKO, Anthony R. (2004, P. 39) e MOMLOUBOU, L. et al. (1996, P. 30 e P. 132-133). Provérbio (mashal) curto: Um versículo de dois ou três versos, sintetizando o que se compreende por provérbio, sentença, máxima, adágio, apotegma, aforismo, ditado. Jr 23,28, 1Sm 24,14; Is 22,13; Jr 23,28). Provérbios apresentam-se como: Afirmações (Pr 10,1ss), exortações (Pr 3,9), interrogações (Pr 6,27). 19 Parábolas: Encontramos em (Is 5,1-7; 10,15; 28,23-29); (Jr 18,10-11), e também (2Sm 12,1-7) no diálogo entre Davi e Natã onde se faz referência a ovelha. Alegorias: Conjunto de comparações, cabendo sua interpretação individual. (Ecl 11,9 – 12,9); (Ez 15 – 17; 19, 1-9; 31, 1-18). Enigmas: Componente que se insere nas tradições do povo (Jz 14, 10- 20) e adotado no contexto da sabedoria (1Rs 10,1; Pr 1,5s; Dn5,12). A Fábula ou o apólogo: Temos um poema ou narração instrutiva. Em (Jn 2, 1.11; 4,6-10) envolvendo animais e plantas; em (Jz 9,8-15), disfarçando uma crítica e em (2Rs 14,9s) escarnecendo de pessoas, profissões ou orientações impopulares. Listas enciclopédicas. O onomástico: Ato de nomear, gerar uma relação, confeccionar uma coleção: (Sl 104; 148); (Jó 28; 36,27 – 37,13; 38, 4 – 39,30); (Eclo 42,15 – 43,33). Cadeias de Provérbios, onde se reúnem vários mashals: 1) Iniciados pela mesma letra hebraica (Pr 11,9-12; 20,7-9; 22,2-4) 2) Iniciam pelo mesmo termo. “Coração” em 15,3-4; “bom” em 15,16-17 3) Retornam ao mesmo conceito, como uma espécie de código. Temos: a) Responder, em Pr 26,4-5; b) Rei, em 16, 10.12-15; c) O insensato, em 26,1-12; d) O preguiçoso, em 26,13-16. 20 4) Reunidos sob a mesma temática: a) Pr. 6, a fiança (vv.1-5), a preguiça (vv.6-11), a falsidade (vv. 12-15); b) Pr 26,17-22, as brigas c) Pr 27,5-10, a amizade. Acrósticos (Pv 31.10-31) e (Sl 9-10, 25, 34, 37, 111,112, 119 e 145): Iniciando com letras em disposição alfabética. Aliteração (Pv 8,27), (Pv 13, 3.14): Numa repetição de fonemas idênticos. Proverbio Numérico: Por gradação ou acréscimo, como (x/x+1): Am 1,3- 13; Pv 30.15-31; 6,16-19; 30,15-30; Ecl 11,2; Eclo 23,16; 25,7-11; 26,5s; 26,28. Poema didático: Em Pv 8 e 9; Jó 18,5-21, retrata o destino do mau; Jó 28 relata sobre a inacessibilidade da Sabedoria pelo homem; o Sl 37 e seus indicativos sobre retribuição aos justos e ímpios; ou o SL 78, e sua ponderação, sábia meditação inspirada no Deuteronômio. A adivinhação (Jz 14,10-18): Temos esta forma literária que apenas aparece uma ou duas vezes no Antigo Testamento. O Hino (Pr 8,12-18; Jó 28; Pr 1,20-33): Oriundo do culto no templo contudo utilizado como via de tráfego para artefatos literários de sabedoria. 21 A “confissão” ou narrativa autobiográfica: (Pr 24,30-34; Pr 4,6-9; Ecl 1,12-2,26): através de um locutor há exposição de conselhos ou a partir de experiência própria, emite considerações. Esta breve introdução ao universo sapiencial poético judeu nos leva a refletir sobre as dimensões imensuráveis que a Sagrada Escritura possui em termos de graciosa beleza, numa estética não tão somente espiritual quanto física. Autografada através de primorosa inspirada escrita. E um destaque deve ser referido com exatidão: como todo este acervo de vida está disponível ao que busque sabedoria. Livremente colocado pelo Criador como dádiva ao que requeira em espírito e verdade, receber o único conhecimento que conduz à salvação eterna! Sabedoria Judaica Questões se fazem necessárias ao iniciarmos investida nesta temática sapiencial. Colocações como: - O que é sabedoria? e O que é conhecimento? - Ao nos debruçarmos sobre o dicionário fica bem nítida a diferença e mais ainda quando empregamos tais conceitos em nível de Escritura presente em Livros como Eclesiastes, Provérbios e Jó. Também o Cântico dos Cânticos ou alguns salmos, tudo muito se aprende e também se apreende. Aprender pode ser colocado como um movimento de fora para dentro. Num acúmulo e reserva de itens, provisão dados e estoque infinito de símbolos e sinais. Em solitária unidade o ser age. Apreender – de maneira contrária - estaria mais objetivado a ser interpretado como um mover de dentro para fora em que a inspiração divina consegue formular inteligibilidade reagindo interpretativamente ante a realidade externa. Em comunidade o ser e Deus, interagem. E de tal via dupla, a fluidez ideal se faz! 22 A sabedoria judaica está inserida nesta relação interativa onde Deus torna-segrande motivador de decisões corretas ao ser que pode progredir existencialmente através de escolhas ideais. Oriunda de uma posição em que o Criador permeia todo o conteúdo da escolha do ser, esta modalidade se torna a marca indelével da Sabedoria Judaica diante de todo quadro sapiencial da Antiguidade. A vida existencial pode ser percebida como refém ou então coexistir submissa à natureza das escolhas que são tomadas. Então garantias de êxito são mais do que aceitas. Tornam-se essenciais. Quando estão em Deus, as escolhas tornam-se livres, caminho de exercício salvífico (Salvador) porque além de serem as mais adequadas de consideração, tais decisões atestariam que um salvo as tomou, já que tal indivíduo (por assim agir) constitui-se por prova nítida de fiel temerosa gratuidade ao senhor. De imediato, no universo hebraico, pode- se enxergar sabedoria como um mover onde Deus se mostra no coração do fiel. Em um estado de parceria em que Ele é o promotor da sabedoria e o ser humano o meio da promoção. Inspirados por Deus os homens chamados “sábios” (hebraico hãkãm) produzem a verdadeira sabedoria (hokmãh). Homens que possuem primícias básica o temor ao Senhor (Pv. 9.10, Sl 111.10). Temos o Espírito de Deus que promove uma interação criador-criatura e assim, a instrução, o saber gerado pelo indivíduo converte-se em piedosa expressão divina. Diferentemente das abstrações teóricas gregas, o saber judaico é prático. Não se retém a teorizações infinitas. Referimo-nos a um saber cuja produção não gera frutos sem sementes, não se limita aos âmbitos materiais apenas e somente, no entanto assume-se também como revelação imaterial contemplando a holística do ser. Seu alvo é claro, pois está voltada a um viés antropológico, pois o ser social e suas interações relacionais estão sob ótica de inferência. Deus capacita o Homem, a saber, e assim poder agir desconstruindo a realidade criada pela transgressão adâmica. Também ressaltamos que se denomina por sabedoria proverbial a que encontramos no Livro de Provérbios, sabedoria especulativa encontra-se disposta em Jó e Eclesiastes e sabedoria lírica configura o estilo exposto no Cântico dos Cânticos. 23 Consideremos A linha tênue que separa Sabedoria (ação de Deus) do Conhecimento (mover humano) é realidade inerente a um contexto perigoso e confuso. O insalubre reside nos frutos que se colhe no caso da ausência de Yahweh. A tempestade de entendimentos difusos se obtém da excessiva proximidade que há entre o que provém do trono do Altíssimo e do que a limitação do homem produz em tentativa de equiparação. Realidades com a estampa aparentando similaridade, mas não, nunca iguais. Numa analogia apropriada coloquemos lado a lado o Evangelho e a religião como artefato legalista. Assim respectivamente, das palavras de Deus a geração de vida se apresenta e se faz. Agora, da construção humana, sérias anomalias de hermenêuticas teológicas se fazem existir. Situações onde é preciso que o ser cresça e que Deus diminua. Um humanismo exacerbado que fecunda uma patologia diagramadora de um cinematográfico humor nefasto: o homem-criatura (médico) cria o seu deus de si projetado (monstro): Porque os costumes dos povos são vaidade; pois corta-se do bosque um madeiro, obra das mãos do artífice, feita com machado; Com prata e com ouro o enfeitam, com pregos e com martelos o firmam, para que não se mova. São como a palmeira, obra torneada, porém não podem falar; certamente são levados, porquanto não podem andar. Não tenhais receio deles, pois não podem fazer mal, nem tampouco têm poder de fazer bem. Jeremias 10.3-5 Um conhecimento que é construído a partir do ouvir de Deus revela a Sabedoria como ensino de dádiva imortal que nos reconduz de volta ao Pai. 24 Jesus como menestrel do amor em sua encarnada forma didática supranatural, personifica este querigma (gr. kérygma). 25 SALMOS, PROVÉRBIOS, JÓ 2 Conhecimento Noções necessárias para compreensão de cada livro. Habilidade Estar capacitado para explanar sobre os assuntos tratados nesta unidade Atitude Procurar empenho critico-reflexivo diante do contexto apresentado 26 27 Salmos Panorama Sálmico Uma grande conversa com Deus. Um imenso diálogo que oferta meditações, modelos oracionais, confissões. Tudo o que de sublime é capaz de ser gerado pelo espírito do homem diante de seu Deus. Este é o livro de Salmos. Um poderoso veículo de edificação humana onde podemos compor um agradável modelo de analogia com um Pai conduzindo seu filho com segurança em suas primeiras tentativas de andar de bicicleta. Uma obra em que proteção (Sl 59), confiança (Sl 11), destemor (Sl 27) são presenças legíveis em linhas que transcendem o papel e nos possuem. Os Salmos foram em sua origem elaborados para uso em culto público. Uso devocional ou utilização didática, a mobilidade plural do emprego se faz por nítida. São amalgamadas camadas de história israelita, compostas por toda sorte de indivíduos que de uma forma ou de outra deixaram legado e este aparato cultural permanece inscrito neste livro. Fatos, tradições, situações, ditados, a holística desta gama de apanhados existenciais, estão aqui disseminados em forma de poesia religiosa. Este é um livro que se torna imenso agregado de múltiplas experiências vividas ao longo de aproximadamente 800 anos (MOMLOUBOU, L. et al. 1996, p. 68) pelo povo judeu, em si é, panorama da eterna presença de Deus, atestando sua presença que compõe a estrutura existencial de Israel. Como deposição de camadas de experiências e aprendizados, este receptáculo literário se faz por emblemática coleção cultural judia numa abrangência que comodamente se desloca da época anterior ao exílio a uma realidade de pós- exílio. Uma reunião de louvores numa expressão de amor escrita em 150 versos, um compêndio de expressões de vida declamadas por poemas religiosos, composições que revelam uma relação de Deus e seus amados, destes amados e o Deus que tanto amam. Hinos, cânticos e poemas que encantam pela realidade que conseguem expor, retratando a empiria existencial de israelitas 28 numa alusão a situações cotidianas concretas que confluem a uma certeza: O amor de um Criador por sua criatura. Ao meditarmos neste livro, lidamos com uma inquietante (e correta) ideia: no conteúdo dos salmos ecoa um registro de síntese apurada por gerações (condensada como uma enciclopédia espiritual em forma poética) da essência das várias experiências com Deus na primeira Aliança. Acervo valioso onde nele é possível encontrar nuance literário veterotestamentário de inúmeros momentos sapienciais do povo hebreu, em um só livro. Segundo LASOR, William S. et al. (2003. P. 477) “Uma série de salmos empregam a linguagem e o estilo da literatura de sabedoria do Antigo Testamento: Provérbios, Jó e Eclesiastes”. Esta é uma impressão que demonstra perfeita integração de composição presentes na Escritura. Realização divina que realçam aos olhos, que marca e permanece, quando lemos estes poemas sálmicos. Como melodias, os salmos são prazerosos de guardar na memória, isto nos revela que todos foram confeccionados para serem entoados como cânticos. Recitando ou orando com um salmo, partilhamos de uma experiência em Deus, numa sinfonia de amor por seu povo, relatado na Escritura. O Acervo nomeado e situado Acomodando o livro Integrando parte do ketubim (terceira parte do Cânon hebraico), denominados Escritos Sagrados (hagiographos) pelos pais da igreja primitiva, o Saltério (gr. Psaltérion) está posicionado no início dos livros poéticos, pela Septuaginta e pela ordem latina na Vulgata, precedendo Jó. 29 Designandoa obra Em hebraico é conhecido por tehilim ou tillim (cantos de louvor, louvores). Utilizam esta palavra apesar de mizmor (cântico entoado com acompanhamento musical) ser a palavra hebraica mais próxima de salmo. Orígenes, Hipólito e Jerônimo utilizam sefer tehillim. Pela tradição grega é referido por biblos psalmôn e na Septuaginta psalmoi. No Codex Alexandrinus encontramos o título de psalterion (instrumento de cordas ou uma coleção de cantos). Por metonímia, usa-se a terminologia de palavra cantada para salmos e coleção para saltério. Uma obra em cinco livretes Temos uma coleção onde 150 salmos estão dispostos compondo cinco partes, em direta referência e menção ao Pentateuco: (1-41), (42-72), (73-89), (90-106) ;(107-150). Todas encerradas por uma doxologia. Temos também, pela tradição: Segundo LASOR,et al ( 2003, p. 467). TABELA DE ATRIBUIÇÃO (Sl 3-41) (Sl 51-71) Davi (Sl 42-49) (Sl 84-85) (Sl 87-88) Filhos de Corá (Sl 50; 73-83) Asafe 30 A autoria, um autógrafo a várias mãos A maior parte dos salmos reporta-se ao momento pré-exílio. Referências como Sl 74; 79; 137 nos colocariam em situação na realidade de exílio e pós- exílio. É um longo corredor histórico percorrido na redação da obra, cujo peso temporal se faz sentido quando se busca exatidão milimétrica em termos de precisão histórica referindo-se a documentação. As ciências auxiliares da história são substanciais, valiosas ferramentas que tentam com seu trabalho minimizar intempéries nesta cena de procura de evidências que decifrem o passado de feitoria da Escritura, ainda assim, a dificuldade se faz épica. A realidade da extradição para Babilônia, a miscigenação cultural imposta pelo desterro pátrio, o retorno sob domínio estrangeiro e poderoso cenário nacional de helenização, constituem-se ponderações a serem veladas. Tudo soma em contrário neste universo de singularidades judaicas. Dentro desta mínima prospecção histórico-literária judia acima relevada, rígidos consensos absolutos de conceitos exatos quanto a precisão por dados exatos, se fazem absorvidos e se tornam absolvidos de tão espartana rigidez pela piedosa tradição, segundo SCHOKEL, Luis Alonso. (1996 pag. 76.): Autor e autores - Uma velha tradição diz ou clama: Davi! Como Moisés escreve os cinco livros da torá, assim Davi compõe os cinco livros dos salmos. Tão legendária é uma notícia como a outra. (...) A maioria dos comentadores atuais tomaram a prudente decisão de não discutir o problema do autor do saltério ou de salmos individuais. Contudo, por respeito à velha tradição, será decoroso apresentar alguns supostos autores. (...) Através do título do salmo, somos levados a identificar vários prováveis autores de dois terços dos 150 salmos. O que resta, é anônimo. Estamos diante de uma possível realidade de que nenhum dos nomes que as epígrafes mencionam referem-se de fato ao autor real. Os salmos seriam anônimos e assim ainda permanecem. WEISER, Artur. ( 1994, P. 61-64) . 31 Os títulos Foram inicialmente tomados por canônicos, no entanto migraram da categoria de permeados por divina inspiração para produção humana frutos de labor erudito ou colocações de compiladores últimos e não de quem escreveu o salmo. (SCHOKEL, 1996, p. 77) Agindo como pretensas legendas que nos facilitam identificação do contexto de propósito relativo aos versos tratados (Seja por compilador, autor, finalidade, etc.,) os títulos tornam-se acolhidos por serem possíveis indicativos de elucidações quanto ao texto tratado. Não desconsideramos todo o contexto de sua tardia posterior confecção perante a antiguidade do texto. Encontramos neste inciso, profundas alterações que a versão dos setenta (LXX) promoveu na estrutura do corpo bíblico. Em sua introdução aos Salmos, a Bíblia TEB da Bíblia (TEB), (1994, P. 1008), nos revela sobre esta versão: Salmos que, na Bíblia hebraica, eram “órfãos”, desprovidos de título, na Bíblia grega aparecem enriquecidos de dados novos: 84 poemas são atribuídos a Davi, outros a diferentes autores, a Jeremias, Ezequiel, Zacarias, Ageu, aos filhos de Ionadab, por vezes com informações inéditas sobre as circunstâncias de composição. A Septuaginta interpretou a seu modo as indicações obscuras dos títulos hebraicos. Dotados de certeza única de que não se possui condições de defini-los em integralidade de sentido ou atribuí-los cronologia, numa datação com precisão historiográfica adequada, prosseguimos com as categorias de títulos. Caráter e natureza das composições dos títulos Assim, as diversas tipologias oferecidas pelas epígrafes dos salmos são divididas em cinco principais instâncias, categorias. 32 Grupos, Escritores Coleção, compiladores ou autores A referência mais recorrente seria “de Davi”, (le dawîd, 73 vezes) cujo variante de significado pode ir de: “autoria de Davi” a “em favor de Davi” ou “pertencente a Davi”. Não se precisa em exatidão (LASOR, 1996, P. 481). Segundo o autor, pelas inscrições designativas (notas de informação), encontramos Davi relacionado a autoria de 73 salmos pelos títulos hebraicos. Títulos gregos acrescentam-lhe 14. Em Latim a Davi são imputados 85 salmos. Assim, pela indicação de título, também teríamos 01 ou 02 com Salomão (Sl 72 e 127), o Sl 90 relegado a Moisés, 12 salmos a Asaf, 11 aos filhos de Coré; um a Hemã (88) e um a Etã (89) que são ezraítas chefes de famílias do coro (SCHOKEL, 1996, p. 75) Tipos de Salmos Há títulos de Salmos, que nos sugestionam reconhecimento e identificação sobre o tema tratado. Termos técnicos nos colocando mais próximos do propósito funcional daquele salmo. Sugestivas titulações encontradas repetidas vezes no transcorrer do livro, nos auxiliam a compreensão. Palavras como: Mizmor (salmo), termo encontrado 57 vezes no Saltério e apenas nele em todo o quadro veterotestamentio – podendo ser visto como um cântico para instrumento de cordas ou cântico cultual acompanhado por instrumento musical. Tefillá (Sl 17; 86; 90; 102; 142) – “Oração” – Salmo de queixa. 33 Shîr, encontrado 30 vezes. Significando “cântico”. Canto de amor ou epitalâmio (Sl 45). Maskîl, empregado 13 vezes no Livro de Salmos, como Sl 32; 42; 44; dentre outros. Podendo significar “Instrução ou contemplação” Cântico de Romagem (Sl 120-136) Marcha religiosa, procissão para subida ao templo. Fins de Liturgia Uso e propósito litúrgico Aqui termos indicam a ocasião tôdâ (Sl 100) – Hino utilizado no culto de ação de graças; hazkîr (Sl 38; 70) – Salmo “para a oferta memorial”, (ARA, Bíblia Almeida Revista Atualizada) ou como “petição” pela finalidade de invocação a Javé (NIV, Bíblia New International Version) A epígrafe do salmo o designa: “Cântico de dedicação da casa” (Sl 30); “Cântico para o dia de sábado” (Sl 92). Seriam dois exemplos de Rúbricas. lelamméd (Sl 60) podendo significar “para instrução” Le’annôt (Sl 88) provavelmente “para cantar” Execução musical 34 Expressões próprias do gênero e Expressões técnicas musicais lamenatstséah - Encontrado cinquenta e cinco vezes neste Livro, pode significar tanto mestre de coro (cf. Hc 3.19) como também pode também indicar uma coletânea de salmos. Selá (selâ), encontrada mais de setenta vezes pode ser referência a um interlúdio musical. binegînôt - instrumentos de cordas (Sl 4; 6; 54-55; 61; 67; 76) ´el-hannehîlôt (Sl 5) “para flautas” Notas históricas Seu valor está em salmos (3; 7; 18; 34; 51-52; 54; 56-57; 59-60; 63; 142) que possuem notas que o remetem a um acontecimento histórico de Israel. E neste contexto Davi recebia um valor de modelo espiritual concluído pela exegese contextual então empregada. Então, como já vimos,títulos são atribuições que se colocam como facilitadoras de compreensão e entendimento, em uma pretensa didática de interpretação! Particularidades da antologia I – Mudanças e alterações 35 Com a tradução do texto hebraico dos Salmos para o grego aproximadamente por volta do século II a.C. com a finalidade de atender essencialmente as necessidades religiosas dos judeus da Diáspora, na chamada versão dos setenta ou Septuaginta, encontramos algumas peculiaridades dentre as quais: II - Mudança na estrutura do corpo documental com inclusão de um salmo (Sl 151) Encontrado na versão Siríaca e em alguns manuscritos da Septuaginta, segundo WEISER Artur. (1994 P. 10), ele não seria integrante da coleção. A presença deste acréscimo é considerado pela Bíblia TEB (1994, P. 1163): “A antiga versão grega propõe em apêndice um salmo extra. Seu texto, não canônico, parece resultar do abreviamento e da combinação de dois salmos não- canônicos, cujo texto hebraico foi parcialmente reencontrado em Qumran”. 1.Salmo escrito especialmente para David e fora do cômputo. Quando travou o singular combate com Goliat. Eu era o menor dentre os meus irmãos, O mais jovem na casa de meu pai. Eu levava a pastar o rebanho de meu pai 2.Minhas mãos fabricavam uma flauta, Meus dedos confeccionaram uma harpa. 3.Quem o anunciará a meu Senhor? O Senhor em pessoa ouve. 0 4.Ele enviou sem mensageiro, ele me tomou do meio do rebanho de meu pai E meu deu a unção do seu óleo. 5.Meus irmãos eram belos e altos, E no entanto o Senhor não os preferiu. 36 6.Eu fui enfrentar o filisteu. Ele me amaldiçoou pelos seus ídolos. 7. Mas eu, arrebatei sua espada, decapitei-o E lavei a afronta dos filhos de Israel. III - Mais alterações perante o texto original Percebe-se a numeração dos poemas diferir quando confrontado com o original encontrado no texto hebraico. Aqui a versão grega, por duas vezes, divide um salmo que na versão hebraica é único (Sl 116 e 147) e também por duas vezes, unifica um salmo que na versão hebraica são dois. (9 e 10; 114 e 115). O quadro, segundo MOMLOUBOU, L. et al (1996. P. 15) nos facilita a compreensão: HEBRAICO GREGO (LXX), VULGATA LATINA, LITURGIA 1-8 1-8 9-10 9 (UNIFICA) 11-113 10-112 114-115 113 (UNIFICA) 116 114-115 (DIVIDE) 117-146 116-145 147 146-147 (DIVIDE) 148-150 148-150 Versões de bíblias modernas apresentam a numeração hebraica e ao lado entre parênteses, a numeração grega das versões latinas (Vulgata e da liturgia). Segundo SCHOKEL, Luis Alonso (1996, P.74): “A numeração não 37 coincide em hebraico e nas versões antigas, do que se seguem confusões ou a necessidade de pôr número duplo, entre parêntesis” IV – Um redator final? Como vimos no início (tópico Uma obra em cinco livretes) a estrutura do Saltério como um todo, dentro de uma evolução histórica, obedece a uma divisão em cinco partes, livros ou blocos, numa aproximação ao Pentateuco, alusão onde observamos que os 150 salmos é índice numérico próximo de 153 (número composições em que a Torá é fracionada para leitura na sinagoga). Esta divisão cria um conjunto de blocos, cada qual terminando com uma doxologia: Livro I (2 a 41), Livro 2 (42 a 72), Livro III (73 a 89), Livro IV (90 a 106) e Livro V (107 a 150). Realidade esta que se faz por fruto de um processual enredo de coleção de documentos históricos, contemplando a produção de inúmeros atores sociais imersos em suas realidades contemporâneas e a mercê de cronologias diversas, o livro de Salmos e suas divisões é obra de enfeixe gradativo. Dentro deste enredo em que a obra (diversas coleções) recebe um possível arranjo de composição (aglutinando numa só), surge um redator final (em quem presenciamos a doxologia final inerente a cada livrete e também a divisão por cinco partes do Livro de Salmos, como alguns prováveis resquícios de sua ação). Vejamos abaixo, alguns momentos que nos sugerem a presença de um compilador inferindo ao contexto da obra, sua interferência. WEISER, (1994, p. 66-67). a) No Saltério eloístico (Sl 42-83) retira-se o nome divino Iahweh (YHWH) sendo substituído pelo termo genérico elohim (´lhym). Obra de uma correção. 38 b) Duplicidade de Salmos, esta casuística dificilmente teria se apresentado, se de uma só vez e pelo mesmo compilador todos os salmos tivessem sido reunidos. 1. Salmo 14 = Salmo 53 SALMOS 14 A.C.F. SALMOS 53 A.C.F. 1 - DISSE o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem. 1 - DISSE o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, e cometido abominável iniquidade; não há ninguém que faça o bem. 2 - O SENHOR olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. 2 - Deus olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. 3 - Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um. 3 - Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não, nem sequer um. 4 - Não terão conhecimento os que praticam a iniquidade, os quais comem o meu povo, como se comessem pão, e não invocam ao SENHOR? 4 - Acaso não têm conhecimento os que praticam a iniquidade, os quais comem o meu povo como se comessem pão? Eles não invocaram a Deus. 39 5 - Ali se acharam em grande pavor, porque Deus está na geração dos justos. 5 - Ali se acharam em grande temor, onde não havia temor, pois Deus espalhou os ossos daquele que te cercava; tu os confundiste, porque Deus os rejeitou. 6 - Vós envergonhais o conselho dos pobres, porquanto o SENHOR é o seu refúgio. 7 - Oh, se de Sião tivera já vindo a redenção de Israel! Quando o SENHOR fizer voltar os cativos do seu povo, se regozijará Jacó e se alegrará Israel. 7 - Oh! Se já de Sião viesse a salvação de Israel! Quando Deus fizer voltar os cativos do seu povo, então se regozijará Jacó e se alegrará Israel. 2. Salmo 40:14-18 = Salmo 70 SALMO 40:14-18 T.E.B. SALMO 70 T.E.B. SALMO 70 A.C.F. 1 Do mestre de coro: de David, para o memorial. 14 Senhor digna-te livrar- me! Senhor vem rápido em meu socorro! 2 Ó Deus, vem libertar-me Senhor vem depressa em meu socorro! 1 - APRESSA-TE, ó Deus, em me livrar; SENHOR apressa-te em ajudar-me. 40 15 Juntos correm de vergonha Os que procuram tirar-me a vida! Batam em retirada, desonrados, Os que desejam minha desgraça! 3 Que enrubesçam de vergonha, Os que buscam a minha morte; Que recuem desonrados, Os que desejam minha infelicidade! 2 - Fiquem envergonhados e confundidos os que procuram a minha alma; voltem para trás e confundam-se os que me desejam mal. 16 Sejam desbaratados, acossados pela vergonha. Os que zombam “A! Ah!” 4 Que se vão embora, cheios de vergonha, os que exclamam: “Ah! Ah!” 3 - Virem as costas como recompensa da sua vergonha os que dizem: Ah! Ah! 17 Exultem de alegria, por causa de ti, Todos aqueles que te procuram! Não cessem de dizer: “O Senhor é grande”, Os que amam a tua salvação! 5 Que exultem de alegria por causa de ti, Todos aqueles que te buscam! Que digam sem cessar: “Deus é grande” Os que amam a tua salvação! 4 - Folguem e alegrem- se em ti todos os que te buscam; e aqueles que amam a tua salvação digam continuamente: Engrandecido seja Deus. 18 Sou pobre e humilhado, O Senhor pensa em mim. Tú és meu socorro e meu libertador; Meu Deus, não tardes!6 Sou pobre e humilhado; Ó Deus, vem a mim depressa! Tú és meu auxílio e meu libertador: Senhor, não tardes mais! 5 - Eu, porém, estou aflito e necessitado; apressa-te por mim, ó Deus. Tu és o meu auxílio e o meu libertador; SENHOR não te detenha. 41 3. Salmo 57, 8-12 e salmos 60, 7-14 = Salmo108 SALMOS 57, 8-12 T.E.B. SALMOS 60, 7- 14 T.E.B. SALMO 108 T.E.B. SALMO 108 A.C.F. 1 Canto, salmo de David. 8 Com o coração firme, ó Deus, Com o coração firme, Vou cantar um hino: 2 Com o coração firme, meu Deus, Vou cantar um hino: Eis a minha glória! 1 - PREPARADO está o meu coração, ó Deus; cantarei e darei louvores até com a minha glória. 9 Acorda, tu, minha glória; Acordai harpa e cítara, Vou acordar a aurora. 3 Acordai, harpa e cítara, Vou acordar a aurora. 2 - Despertai saltério e harpa; eu mesmo despertarei ao romper da alva. 10 Dar-te-ei graças entre os povos, Senhor: Cantar-te-ei entre as nações. 4 Dar-te-ei graças entre os povos, Senhor, Eu te cantarei entre as nações; 3 - Louvar-te-ei entre os povos, SENHOR, e a ti cantarei louvores entre as nações. 11 Pois tua fidelidade se eleva até os céus E tua verdade até as nuvens. 5pois tua fidelidade é maior que os céus E tua verdade vai até as nuvens 4 - Porque a tua benignidade se estende até aos céus, e a tua verdade chega até às mais altas nuvens. 42 12 Ó Deus, ergue-te sobre os céus; Que tua glória domine toda a terra! 6 Ó Deus, eleva-te sobre os céus E que tua glória domine toda a terra. 5 - Exalta-te sobre os céus, ó Deus, e a tua glória sobre toda a terra. 7 Para que os teus bem-amados sejam libertados salva com a tua destra e responde-nos. 7 Para que os teus bem-amados sejam libertados, Salva pela tua destra, e responde- me. 6 - Para que sejam livres os teus amados, salva-nos com a tua destra, e ouve-nos. 8 Deus falou no santuário: Eu exulto; reparto Siquém E loteio o vale de Sukot. 8 Deus falou em seu santuário: Eu exulto! Partilho Siquém E loteio o vale de Sukot. 7 - Deus falou na sua santidade; eu me regozijarei; repartirei a Siquém, e medirei o vale de Sucote. 9 Guilead me pertence; Manassés me pertence; Efgraim é o capacete da minha cabeça; Judá é o meu cetro; 9 Guilead me pertence; Manassés me pertence; Efraim é o capacete da minha cabeça; Judá é meu cetro; 8 - Meu é Gileade, meu é Manassés; e Efraim a força da minha cabeça, Judá o meu legislador. 10 Moab, a bacia em que me lavo. Sobre Edom, atiro minha sandália; 10 Moab, a bacia na qual me lavo. Sobre Edom atiro a minha sandália. Grito contra a Filistéia. 9 - Moabe a minha bacia de lavar; sobre Edom lançarei o meu sapato, sobre a Filístia jubilarei. 43 Filistéia quebra-te contra mim, gritando! 11 Quem me conduzirá à cidade fortificada? Quem me cionduzirá até Edom, 11 Quem me conduzirá à cidade fortificada? Quem me conduzirá até Edom, 10 - Quem me levará à cidade forte? Quem me guiará até Edom? 12senão tú, o Deus que nos rejeitou, o Deus que não saía mais com os nossos exércitos? 12senão tu, o Deus que nos rejeitou, O Deus que não saía mais com os nossos exércitos? 11 - Porventura não serás tu, ó Deus, que nos rejeitaste? E não sairás, ó Deus, com os nossos exércitos? 13 Vêm em nossa ajuda contra o adversário, Pois a ajuda do homem é ilusão. 13 Vem em nosso auxílio contra o adversário, Vã é a salvação que vem do homem. 12 - Dá-nos auxílio para sair da angústia, porque vão é o socorro da parte do homem. 14 Com Deus realizaremos grandes feitos: Ele pisará aos pés nossos adversários. 14 Com Deus realizaremos façanhas: É Ele quem pisará aos pés os nossos adversários. 13 - Em Deus faremos proezas, pois ele calcará aos pés os nossos inimigos. Um colecionador último compilou o atual livro de Salmos se valendo de diversas coleções anteriores. 44 Ainda sobre mais particularidades, destacamos ainda: nos Salmos, os livros I e II estão com o maior número das lamentações individuais e os livros III e V possuem hegemonia em termos de números de hinos de louvor. Fora do saltério, encontramos salmos isolados, de diferentes épocas, em diferentes livros: (1Sm 2,1-10; Is 38,10-20; Jn 2,3-10; Na 1,2-11:Hab 3,1-19; Lm 5; Dn 2,20-23; Tb 13. Gênero Literário Buscando compreender o compor de um salmo, seu uso e significados contextuais ao Saltério, estudar o gênero literário é fundamental. Numa tentativa de se aproximar de um “decifrar” da realidade existencial que gerou a produção da peça literária, situações reais que geraram o salmo, tudo o que puder agregar sentido ao que foi escrito é buscado através de uma investigação criteriosa. Sistematizar esta incursão de sucesso (em exegese) é algo profundamente necessário. Nesta contextualização, a carência de uma metodologia analítico- investigativa eficiente diante do livro de Salmos gera um efeito migratório que conduz o estilo da leitura documental de modalidade crítica histórica - habitualmente utilizada nas décadas iniciais do século passado- para o conceito de abordagem intitulado crítica da forma proposto por Hermann Gunkel (1862- 1931). Assim, dentro desta nova perspectiva de compreensão adotada na produção interpretativa acadêmica, contemplamos características funcionais dos salmos (LASOR, William S. et al (2003. P. 467-477). 45 I – HINOS Retratam a felicidade do fiel na presença do Altíssimo. a) CATEGORIA GERAL Elementos de composição: a. Chamado ao culto b. Descrição dos atos ou atributos de Deus, em geral compõe o corpo do hino. c. Conclusão Os salmos 8; 19; 29; 33;104-105; 111; 113-114; 117; 135-136; 145- 150, possuem em sua feitura, grande parte desse elementos. b) SUBCATEGORIAS SECUNDÁRIAS Relacionadas a temas, momentos específicos. a. Cântico de vitória - (confeccionado dialogando com a realidade de Ex. 15.21) Sl 68 b. Cânticos de Sião (Jerusalém, a eleita de Deus) Louvam a Yahweh, louvando Jerusalém, seguindo ao lugar santo com invocações de benção para ele. Sl 46; 48; 76; 46 c. Hinos de romagem, peregrinação. Que relatam os sentimentos dos peregrinos e adoradores ao se dirigirem ao templo. 1. Alguns descrevem o duro caminho e a satisfação da benção: Sl 84; 122 2. Outros preservam uma “liturgia de entrada”. (15; 24). 3. Outros retratam a marcha religiosa dos fiéis (132; 68.24-27) e. Cânticos de entronização do Senhor, comemoram o reinado de Deus como o Senhor das nações. Sl 47; 93; 96-99 II – SALMOS DE LAMENTAÇÕES, QUEIXAS, SÚPLICAS: 01) Coletivas: (Comunidade) Calamidades nacionais (Sl 12; 44; 60; 74; 79-80; 83; 85; 90 e 126) Derrotas (Sl 44; 60; 74; 79-80; cf. Lm 5) Elementos gerais da estrutura de composição: a. Interpelação a Deus e pedido inicial por auxílio (74,1) b. Recordação de feitos de Deus (74,2) c. Descrição da adversidade. A queixa em si. a. Inimigos (eles) v.4 b. Comunidade (nós) v.9 47 (Com clara percepção de três componentes ativos pertinentes ao enredo) c. Deus (tu) v.11 d. Afirmação de confiança (v. 12) e. Conjunto de pedidos de resgate (v. 19; 23) f. Desejo duplo em relação ao povo e seus inimigos: (79, 11-12) g. Voto de louvor (79,13; cf. 74.21) 02) Individuais: (O Fiel) Adversidade na vivência social: (Sl 3; 5; 7; 17; 25; 27,7-14; 56; 69) Enfermidade (Sl 38; 39; 62; 88) Ou mesmo a combinação de ambos: (Sl 6; 31; 88) Elementos gerais da estrutura de composição:A. Interpelação a Deus e pedido inicial por auxílio 22.1 B. Descrição da adversidade. (Com clara percepção de três componentes ativos pertinentes ao enredo) B1. Inimigos v. 12 B2. Individuo v. 14 B3. Deus v. 15c C. Afirmação de confiança v.4 D. Relação de pedidos, com predomínio da forma verbal imperativa. v. 19s. E. Complemento argumentativo Oração confessional 51.3-5 Afirmativa de inocência 26.3-8 48 F. Louvor 22.22 G. A fé faz antecipar a gratidão 142.7 Lembramos que dentro desta categoria literária reconhecida pela temática de queixas, de súplicas individuais, existe um contexto de lamento onde o salmista apela a Deus para derramar sua ira contra o desafeto. Salmos imprecatórios intitula este grupo. P. ex.: (Sl 109). III - CÂNTICOS DE AÇÃO DE GRAÇAS Ao final da adversidade estes cânticos (relevando a confiança) poderiam ser utilizados. 01. Individual: (O fiel) Sl 30; 32; 34; 40:1-10; 66; 116; 138. Elementos gerais da estrutura de composição: A. Decisão de dar graças Sl 116. 1-2 B. Resumo introdutório v. 1 C. Recapitulação poética do período de necessidade v. 3 D. Relato da petição e do livramento v. 4 E. Ensino generalizado v. 5-6 F. Ação de graças renovada v. 14 02. Coletivas: (Comunidade) Sl 66.8-12; 67; 124; 129. 49 Conforme Hermann Gunkel tais salmos de ação de graça coletiva estão paralelos em forma aos de ações de graça individuais. IV – OS SALMOS REAIS Esta terminologia é adotada ao nos referirmos a este grupo de salmos voltados ao rei de Israel: (Sl.2; 18; 20; 21; 45; 72; 101; 110; 132; 144. 1-11). Contém louvores, orações, ao rei. Ressaltam seu caráter. Contém afirmações do favor de Yahweh pelo rei. Salmos que retratam a função do soberano do período pré-exílico no culto Israelita e as esperanças e os deveres que recaem sobre a descendência de Davi. São salmos do rei ou pelo rei. (SCHOKEL, Luis Alonso (1996, P. 92) O conteúdo e a forma literária tornam possíveis a reconstrução de momentos em que tais salmos foram utilizados em culto público: Casamento: (Sl 45), Coroação: (Sl 2; 21; 72 e 110), e orações antes ou depois de batalhas (SL 20). LASOR, William S. et al (2003. P. 476). Particularidades Observadas Torna-se adequado neste momento, dentro do contexto explanado de salmos onde a realeza humana é proclamada através da figura do Rei de Israel, lançar comparativos, confrontar esta realidade material e para o que ela aponta, segundo uma perspectiva neotestamentária. Ainda que os cristãos após o advento de Jesus possuíssem compreensão mais aguda sobre o que certos Salmos de maneira mais profunda significassem em verdade e espírito, alguns momentos encontrados entre versos (Sl 2; 8; 16; 22; 45; 72; 110; 118; ACF) neste livro nos remetem a observar a ação do espírito de Deus inspirando homens no velho testamento, através de escritos de profecia messiânica. São momentos específicos que ao serem observados através do prisma da encarnação, assumem conotação de amplitude (posterior ao messias) ilimitada. 50 Depois de Jesus os Salmos são interpretados por uma fé renovada. É todo um contexto cuja reestruturação da simbologia de significado vislumbra o Cristo. Jesus nos salmos A igreja cristã emergente encontrava neste livro em determinados salmos momentos em que o Salvador era pintado como nítido retrato literário, cujas tonalidades vívidas eram versos de poesia semeados pelo Saltério. Nesta realeza de agrupamento encontram-se os chamados pela fé e piedade cristãs de Salmos Messiânicos. Um agrupamento de salmos (V.T.) cujo sentido se entrelaça com Jesus Cristo (N.T.). Observemos a leitura espiritual, tipológica dos versos interpretado pela igreja primitiva, consultando a versão Almeida Corrigida Fiel, da Bíblia Sagrada, para referência de tradução. MOMLOUBOU, L. et al. (1996, p. 90-93). INTERPRETAÇÃO PELA IGREJA APÓSTÓLICA VELHO TESTAMENTO NOVO TESTAMENTO Jesus como o Messias! Salmos 2:7 Proclamarei o decreto: o SENHOR me disse: Tu és meu At 13.33 33 Como também está escrito no salmo segundo: Meu filho és tu, hoje te gerei. Mc 1,11 E ouviu-se uma voz dos céus, que dizia: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo. 51 Filho, eu hoje te gerei. Mc 9,7 E desceu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu filho amado; a ele ouvi. Mt 3.17 E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. A escritura justificando a afirmativa encontrada em Lc 24,26. “Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória?” Salmos 8:5- 7 Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés: Hebreus 2:6-8 Mas em certo lugar testificou alguém, dizendo: Que é o homem, para que dele te lembres? Ou o filho do homem, para que o visites? Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, De glória e de honra o coroaste, E o constituíste sobre as obras de tuas mãos; Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés. Ora, visto que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que lhe não esteja sujeito. Mas agora ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas. 1Cor 15,27 Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. Ef. 1,22 E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, 52 Fl 3,21; Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas. 1Pe 3,22 O qual está à destra de Deus, tendo subido ao céu, havendo-se lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potências. Neste momento correlaciona-se o Sl 69 ao sofrer do Cristo. Sl 69,10 Pois o zelo da tua casa me devorou, e as afrontas dos que te afrontam caíram sobre mim. Rm 15,3 Porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam. . Temos também a interpretação de um caminho de cruz do Cristo: Servo justo que sofre Salmo 31.5 Lucas 23.46. Salmo 31.13 Mateus 27.1 O advento da encarnação supriu o Saltério de oportunas e incursões de leituras (abordagens alegóricas) onde uma nova roupagem teológica prepondera. O cerne hermenêutico sendo o prenúncio de uma libertação em Cristo Jesus torna o livro de Salmos, em certos momentos uma incontrolável 53 declaração de renovo, uma obra nova. Eis que um velho testamento ressuscita pela cruz em uma nova aliança em verdade e espírito! MAIS PARALELOS MESSIÂNICOS ENTRE AS DUAS ALIANÇAS: Salmos 2-1 Por que se amotinam os gentios, e os povos imaginam coisas vãs? Atos 4.25 Que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs? Salmos 2-2 Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra o seu ungido, dizendo. Atos 4.26 Levantaram-se os reis da terra. E os príncipes se ajuntaram à uma. Contra o Senhor e contra o seu Ungido. Salmos 8:2 Tu ordenaste força da boca das crianças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador. Mateus 21:16 E disseram-lhe: Ouves o que estes dizem? E Jesus lhes disse: Sim; nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?Salmo 22.1 Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido? Mateus 27.46 Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e creremos nele. Salmos 22:2 Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho sossego. Marcos 15.34 E, à hora nona Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Salmo 22.7-8 Todos os que me veem zombam de mim, estendem os lábios e Lucas 23.35 E o povo estava olhando. E também os príncipes 54 meneiam a cabeça, dizendo: Confiou no Senhor, que o livre; livre-o, pois nele tem prazer. zombavam dele, dizendo: Aos outros salvou, salve-se a si mesmo, se este é o Cristo, o escolhido de Deus. Salmo 22.16 Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores me cercou, traspassaram-me as mãos e os pés. João 20.25,27 Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei. E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco. Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. Salmo 22.18 Repartem entre si as minhas vestes, e lançam sortes sobre a minha roupa. Mateus 27.35-36 E, havendo-o crucificado, repartiram as suas vestes, lançando sortes, para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançaram sortes. E, assentados, o guardavam ali. Salmo 45.6 O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de equidade. Hebreus 1.8 Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de equidade é o cetro do teu reino. 55 Salmo 72.1-5, 17 Ó Deus, dá ao rei os teus juízos, e a tua justiça ao filho do rei. Ele julgará ao teu povo com justiça, e aos teus pobres com juízo. Os montes trarão paz ao povo, e os outeiros, justiça. Julgará os aflitos do povo, salvará os filhos do necessitado, e quebrantará o opressor. Temer-te-ão enquanto durarem o sol e a lua, de geração em geração (...) O seu nome permanecerá eternamente; o seu nome se irá propagando de pais a filhos enquanto o sol durar, e os homens serão abençoados nele; todas as nações lhe chamarão bem- aventurado. Lucas 1.32-33 Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. Salmo 72. 2-4 Ele julgará ao teu povo com justiça, e aos teus pobres com juízo. Os montes trarão paz ao povo, e os outeiros, justiça. Julgará os aflitos do povo, salvará os filhos do necessitado, e quebrantará o opressor. Lucas 4.17-19 E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: 18 O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor. Salmo 72.8-11,19 Dominará de mar a mar, e desde o rio até às extremidades da terra. Aqueles que habitam no deserto se inclinarão ante ele, e os seus inimigos lamberão o pó. Os reis de Társis e das ilhas trarão Atos 13.47-48 Porque o Senhor assim no-lo mandou: eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da terra. E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a 56 presentes; os reis de Sabá e de Seba oferecerão dons. E todos os reis se prostrarão perante ele; todas as nações o servirão (...) E bendito seja para sempre o seu nome glorioso; e encha-se toda a terra da sua glória. Amém e Amém. palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna. Salmo 89.3-4 Fiz uma aliança com o meu escolhido, e jurei ao meu servo Davi, dizendo: A tua semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu trono de geração em geração. (Selá.) Mateus 1.1 Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Salmo 89.26 Ele me chamará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, e a rocha da minha salvação. Mateus 11.27 Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Salmo 89.27 Também o farei meu primogênito mais elevado do que os reis da terra. Cl 1. 15-18 O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. 57 Salmo 89.29 E conservarei para sempre a sua semente, e o seu trono como os dias do céu. Mateus 1.1 Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Salmo 89.35-36 Uma vez jurei pela minha santidade que não mentirei a Davi. A sua semente durará para sempre, e o seu trono, como o sol diante de mim. Sl 110.1 Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés. Mateus 22:44 44 - Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, Até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés? Marcos 14:62 E Jesus disse-lhe: Eu o sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder de Deus, e vindo sobre as nuvens do céu. Hebreus 1.13 13 - E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra, Até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés? I Pedro 3.22 22 - O qual está à destra de Deus, tendo subido ao céu, havendo-se lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potências. Salmos 118.16 A destra do Senhor se exalta; a destra do Senhor faz proezas. Atos 5,31 Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados. 58 Salmos 118.22 22 - A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a cabeça da esquina. Mateus 21.42 Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra, que os edificadores rejeitaram, Essa foi posta por cabeça do ângulo; Pelo Senhor foi feito isto, E é maravilhoso aos nossos olhos? Atos 4.11 Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. A igreja cristã primitiva, já encontrava entre o Livro de Salmos e o advento do Cristo Jesus, uma relação de diálogo teológico direto e profundo. V - SALMOS DE SABEDORIA Nesta categoria encontramos salmos em que o salmista refere-se a suas palavras como p. ex.: sabedoria, instrução. Descreve o “temor a Yahweh”, se dirige ao espectador como “filhos”. Notamos advertências, ensinos. Presenciamos um contexto que reflete as técnicas literárias da sabedoria, como uso de provérbios, acrósticos, séries numéricas. Temos para Hermann Gunkel os Salmos 1; 37; 49; 73; 91; 112; 127; 128; 133. Schokel, Luís Alonso (1996. P. 93) Subtiposde salmos sapienciais Salmos de máximas de sabedoria. 59 Descrição da conduta ideal, e suas decorrências. Utilizam na elaboração textual, provérbios expandidos e símiles: Sl 127; 128; 133. Salmos acrósticos de sabedoria. Linhas ou versos se iniciam por letras hebraicas colocadas em sucessão. Salmos alfabéticos: Sl; 34; 37; 112. Salmos sapienciais integrativos. Aborda contextos valiosos a sabedoria. a) Interação relacional entre a sabedoria e a Torá: Sl 1 b) A questão da justa retribuição ainda que tardia: Sl 49 c) Perdão divino e seu legado de aprendizado: Sl 32 Também encontramos versos ou estrofes que indicam relação de influência com o estilo sapiencial, interferência da literatura de sabedoria: Sl 25.8-10, 12-14; 31.23s.; 39.4; 40.4s., 62.8,10; 92.8-15. É necessário observarmos uma distinção existente entre: Salmos que agregam características de sabedoria com uma estrutura de base cúltica. (Sl 32; 34 e 73) Uso reflexivo. Salmos utilizados em escolas de sabedoria. Sl 37; 49; 112 e 127 Uso didático. Saltério e o novo testamento Momloubou, L. et al. (1996, p. 91- 92) 60 Dentro de um valioso acervo literário transcendente encontrado nesta obra, uma pérola inestimável nos rouba a atenção: o diálogo teológico do Saltério veterotestamentário, embasando a realidade experimentada pelo Novo Testamento. Diversos autores neotestamentário utilizam-se no cotidiano dos ensinamentos da nova aliança, de versos contidos no livro das preces poéticas, um retrato de Israel espiritual, que são os Salmos. A interação integrativa é vista abaixo. DEUS QUE LIBERTA SL 34 1 Pe2,3 8.Provai, e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele confia. Se é que já provastes que o Senhor é benigno; 14.Aparta-te do mal, e faze o bem; procura a paz, e segue-a. 3, 11-12a 11. Aparte-se do mal, e faça o bem; Busque a paz, e siga-a. 15.Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor. 12. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, E os seus ouvidos atentos às suas orações; (...) No livro de Atos dos Apóstolos o saltério é mencionado de maneira direta: At 1,20 Porque no livro dos Salmos está escrito: fique deserta a sua habitação, E não haja quem nela habite, e: tome outro o seu bispado. At 13,33-35 Como também está escrito no salmo segundo: Meu filho és tu, hoje te gerei. E que o ressuscitaria dentre os mortos, para nunca mais tornar à corrupção, disse-o assim: as santas e fiéis 61 bênçãos de Davi vos darão. Por isso também em outro salmo diz: não permitirás que o teu santo veja corrupção. ACF São referências veterotestamentárias que revelam o diálogo teológico dos autores do novo testamento com o Saltério. At 2. 25-28 Porque dele disse Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, Porque está à minha direita, para que eu não seja comovido; Por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; E ainda a minha carne há de repousar em esperança; Pois não deixarás a minha alma no inferno, Nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção; Fizeste-me conhecidos os caminhos da vida; Com a tua face me encherás de júbilo. Salmo 16. 8-11 Tenho posto o Senhor continuamente diante de mim; por isso que ele está à minha mão direita, nunca vacilarei. Portanto está alegre o meu coração e se regozija a minha glória; também a minha carne repousará segura. Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção. Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente At 2.34 Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio diz: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, Sl 110.1 Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés. Neste propósito de integração e inspiração divina na Escritura Sagrada, verifiquemos as relações tão coesas entre passagens do Saltério e Livros do Novo Testamento, que de uma forma contundente ou não em termos de significado da simbologia na mensagem, travam leituras dentro de suas distantes realidades históricas, realçando sobrenatural ausência de contradições. Comparemos mais relações de integração intertestamentária: 62 Lucas 23:46 46 - E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou. Salmos 31:5 5 - Nas tuas mãos encomendo o meu espírito; tu me redimiste SENHOR Deus da verdade. Mateus 5:5 5 - Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Salmos 37.11 11 - Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundância de paz. Marcos 14:18 18 - E, quando estavam assentados a comer, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come, há de trair-me. Salmos 41:9 9 - Até o meu próprio amigo íntimo, em quem eu tanto confiava que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar. Marcos 14:34 34 - E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui, e vigiai. Salmos 42:6 6 - Ó meu Deus, dentro de mim a minha alma está abatida; por isso lembro-me de ti desde a terra do Jordão, e desde os hermonitas, desde o pequeno monte. At 13,22. E, quando este foi retirado, levantou- lhes como rei Davi, ao qual também deu testemunho, e disse: Achei a Davi, filho de Jessé, homem conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade. Salmo 89.20-21 Achei a Davi, meu servo; com santo óleo o ungi, Com o qual a minha mão ficará firme, e o meu braço o fortalecerá. TEMÁTICA: OBRA DA JUSTIFICAÇÃO Romanos 4. 5-8 Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é Salmo 32 Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o 63 imputada como justiça. Assim também Davi declara bem- aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo: Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, E cujos pecados são cobertos. Bem- aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado. homem a quem o Senhor não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano. Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. (Selá.) Confessei- te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. (Selá.) Por isso, todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas não lhe chegarão. Tu és o lugar em que me escondo; tu me preservas da angústia; tu me cinges de alegres cantos de livramento. (Selá.) Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos. Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio para que não se cheguem a ti.10 O ímpio tem muitas dores, mas àquele que confia no Senhor a misericórdia o cercará. Alegrai-vos no Senhor, e regozijai-vos, vós os justos; e cantai alegremente, todos vós que sois retos de coração 64 Rm 3.20 Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. Salmo 143.1-2 Ó Senhor, ouve a minha oração, inclina os ouvidos às minhas súplicas; escuta-me segundo a tua verdade, e segundo a tua justiça. E não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não se achará justo nenhum vivente. TEMÁTICA: O VERDADEIRO CULTO: “EM ESPÍRITOE VERDADE” Hebreus 10, 6-10 Holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram. Então disse: Eis aqui venho (No princípio do livro está escrito de mim), Para fazer, ó Deus, a tua vontade. Como acima diz: Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo. Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez. Salmo 40, 7-9 Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro de mim está escrito. Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração. Preguei a justiça na grande congregação; eis que não retive os meus lábios, Senhor, tu o sabes. Como não reconhecer a proximidade palpável que entrelaça a proclamação da poesia religiosa de Salmos para com seus degustadores neotestamentários? Como nos afirma MOMLOUBOU, L. et al. (1996. pag. 99). “Uma compreensão melhor do Evangelho faz descobrir uma significação mais rica nas fórmulas sálmicas. A frequentação dos salmos conduz uma assimilação melhor do Evangelho.” Uma profunda interação documental das duas alianças. O Velho Testamento sendo fidedignamente cumprido no Novo Testamento. 65 Valias de contribuição teológica O Saltério se faz por atestado escrito do que a essência espiritual de Israel é capaz de transmitir em seus louvores, suas súplicas suas ações de graças. Por centenas de anos, experiências com Deus são coletadas e fixas em um testamento à eternidade através de poesias religiosas declamadas, cantadas, vividas, impressas na existência com profundidade e em veracidade. Momentos que o homem pode abrir de si e do seu íntimo colher a sinceridade que transcreve em salmos, como retratos que comprovam um testamento à Humanidade, graça que nasce desta relação criatura e seu criador. Sem manchar o salmo como expressão nítida de sinceridade pura, se constitui numa religação do homem para com Deus. Uma dinâmica do fiel para com sua divindade. E nesta construção humana inspirada, a Palavra se apresenta como fundamento em autógrafo da essência que produz e conduz Deus. E como seria sem manchar? Traçando então um paralelo etimológico com o vocábulo religião e indo mais além numa exegese que contempla sua transformação de conceito filosófico de crença em um movimento humano de postura filosófica, coloco lado a lado o joio e o trigo. A religião que pode em determinados momentos perder essa produção e condução divinas, (quando o legalismo humano corrompe como fermento da alma), e os salmos, em não há dolo, mácula. Neste escritos de sabedoria e poesia, nestas instâncias de palavras sálmicas onde templos de carne se derramam, a Igreja verdadeira se levanta, cultuando o amor, a vida. Gerações após gerações, diante de Deus, através dos Salmos, almas piedosas colhem benesses em termos de homilias, estudos, comentários. Inspirações genuínas são obtidas quando os olhos vagueiam estas linhas divinamente inspiradas e que repousam no Saltério. 66 Quanto te invoquei, ó meu Deus, ao ler os salmos de Davi, cânticos de fé, hinos de piedade, contrastantes com qualquer sentimento de orgulho, eu, novato ainda no caminho do teu verdadeiro amor, catecúmeno em férias, (...) Quantas exclamações me inspirava a leitura desses salmos, e como eles me inflamavam no teu amor! Desejava ardentemente recitá-los, se possível, para o mundo todo, a fim de rebater o orgulho do gênero humano. E, no entanto, são cantados no mundo inteiro, e nada pode furtar-se ao teu calor. (AGOSTINHO, 1984, Confissões, IX 4,8. Pág. 224 e 225) Anexo A Salmos 74:1-23 A.C.F. 1 - Ó DEUS, por que nos rejeitaste para sempre? Por que se acende a tua ira contra as ovelhas do teu pasto? 2 - Lembra-te da tua congregação, que compraste desde a antiguidade; da vara da tua herança, que remiste; deste monte Sião, em que habitaste. 3 - Levanta os teus pés para as perpétuas assolações, para tudo o que o inimigo tem feito de mal no santuário. 4 - Os teus inimigos bramam no meio dos teus lugares santos; põem neles as suas insígnias por sinais. 5 - Um homem se tornava famoso, conforme houvesse levantado machados, contra a espessura do arvoredo. 6 - Mas agora toda obra entalhada de uma vez quebram com machados e martelos. 7 - Lançaram fogo no teu santuário; profanaram, derrubando-a até ao chão, a morada do teu nome. 8 - Disseram nos seus corações: Despojemo-los duma vez. Queimaram todos os lugares santos de Deus na terra. 67 9 - Já não vemos os nossos sinais, já não há profeta, nem há entre nós alguém que saiba até quando isto durará. 10 - Até quando, ó Deus, nos afrontará o adversário? Blasfemará o inimigo o teu nome para sempre? 11 - Porque retiras a tua mão, a saber, a tua destra? Tira-a de dentro do teu seio. 12 - Todavia Deus é o meu Rei desde a antiguidade, operando a salvação no meio da terra. 13 - Tu dividiste o mar pela tua força; quebrantaste as cabeças das baleias nas águas. 14 - Fizeste em pedaços as cabeças do leviatã, e o deste por mantimento aos habitantes do deserto. 15 - Fendeste a fonte e o ribeiro; secaste os rios impetuosos. 16 - Teu é o dia e tua é a noite; preparaste a luz e o sol. 17 - Estabeleceste todos os limites da terra; verão e inverno tu os formaste. 18 - Lembra-te disto: que o inimigo afrontou ao SENHOR e que um povo louco blasfemou o teu nome. 19 - Não entregues às feras a alma da tua rola; não te esqueças para sempre da vida dos teus aflitos. 20 - Atende a tua aliança; pois os lugares tenebrosos da terra estão cheios de moradas de crueldade. 21 - Oh, não volte envergonhado o oprimido; louvem o teu nome o aflito e o necessitado. 22 - Levanta-te, ó Deus, pleiteia a tua própria causa; lembra-te da afronta que o louco te faz cada dia. 23 - Não te esqueças dos gritos dos teus inimigos; o tumulto daqueles que se levantam contra ti aumenta continuamente. 68 Salmos 79:1-13 A.C.F. 1 - Ó DEUS, os gentios vieram à tua herança; contaminaram o teu santo templo; reduziram Jerusalém a montões de pedras. 2 - Deram os corpos mortos dos teus servos por comida às aves dos céus, e a carne dos teus santos às feras da terra. 3 - Derramaram o sangue deles como a água ao redor de Jerusalém, e não houve quem os enterrasse. 4 - Somos feitos opróbrio para nossos vizinhos, escárnio e zombaria para os que estão à roda de nós. 5 - Até quando, SENHOR? Acaso te indignarás para sempre? Arderá o teu zelo como fogo? 6 - Derrama o teu furor sobre os gentios que não te conhecem, e sobre os reinos que não invocam o teu nome. 7 - Porque devoraram a Jacó, e assolaram as suas moradas. 8 - Não te lembres das nossas iniquidades passadas; venham ao nosso encontro depressa as tuas misericórdias, pois já estamos muito abatidos. 9 - Ajuda-nos, ó Deus da nossa salvação, pela glória do teu nome; e livra-nos, e perdoa os nossos pecados por amor do teu nome. 10 - Porque diriam os gentios: Onde está o seu Deus? Seja ele conhecido entre os gentios, à nossa vista, pela vingança do sangue dos teus servos, que foi derramado. 11 - Venha perante a tua face o gemido dos presos; segundo a grandeza do teu braço preserva aqueles que estão sentenciados à morte. 12 - E torna aos nossos vizinhos, no seu regaço, sete vezes tanto da sua injúria com a qual te injuriaram Senhor. 13 - Assim nós, teu povo e ovelhas de teu pasto, te louvaremos eternamente; de geração em geração cantaremos os teus louvores. 69 Salmos 137:1-9 A.C.F. 1 - JUNTO dos rios de Babilônia, ali nos assentamos e choramos, quando nos lembramos de Sião. 2 - Sobre os salgueiros que há no meio dela, penduramos as nossas harpas. 3 - Pois lá aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção;