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COMENTÁRIO À LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS ARTIGO 1º “Dados são o novo petróleo. A diferença é que o petróleo vai acabar um dia” AJAY BANGA CEO da Mastercard Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural. Parágrafo único. As normas gerais contidas nesta Lei são de interesse nacional e devem ser observadas pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A Lei 13.709/2018, mais conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados ou simplesmente LGPD surgiu com a intenção de proteger os dados pessoais que circulam pelas mais diversas áreas e de várias maneiras diferentes. É quase impossível pensar em qualquer relação hoje que não envolva dados: uma troca de mensagens, uma compra no mercado, um cadastro na academia, realização de transações financeiras e tantas outras coisas. Entretanto, é claro que o Direito não pode, não precisa e não conseguiria abarcar todas as situações da vida, sobretudo porque isso implica em intervenções não apenas desnecessárias, como impróprias. A primeira limitação trazida é quanto aos sujeitos protegidos: as pessoas naturais. Assim, para a LGPD, não importa o tratamento de dados de pessoas jurídicas ou entes despersonalizados. TITULAR DE DADOS PESSOAIS Na LGPD, o titular dos dados é sempre a pessoa natural. Assim, estão excluídas as pessoas jurídicas e os entes despersonalizados. Ou seja, se uma instituição financeira trata dados de uma padaria para concessão de crédito, com a coleta do CNPJ e outras informações, por exemplo, para fins da LGPD essa operação não importa. Então todo tratamento de dados que envolva pessoas naturais está abarcado pela LGPD? Calma! Também não é bem assim! A própria lei traz um conceito formal de titular de dados e uma série de restrições, que será vista ao longo destes comentários, mas neste momento memorize isso: o titular de dados pessoais é SEMPRE uma pessoa natural!! Os outros requisitos (quem trata e por onde trata) não trazem restrições. TODO MUNDO que trata dado pessoal pode ser um agente de tratamento! TODO MEIO onde o dado pessoal é tratado vale e não apenas os meios digitais, como equivocadamente se imagina. Assim, a pessoa jurídica não pode ser titular, mas pode tratar dados pessoais. E a pessoa natural? Pode ser titular, mas também pode tratar dados pessoais. Logo, o advogado ao coletar, armazenar, transferir e fazer outras operações que envolvam dados pessoais de seus clientes atua como agente de tratamento e está sob a égide da LGPD, devendo atender aos preceitos. A mesma coisa acontece com o médico, o dentista, o nutricionista, o vendedor de quentinhas e tantos outros. Também atua como agente de tratamento de dados pessoais a padaria do bairro, o mercado da esquina, o banco de sua preferência, o posto de gasolina, a escola de nossos filhos, a faculdade onde estudamos e por aí vai. Quanto à pessoa jurídica, pode ser pública ou privada e de qualquer esfera (federal, estadual ou municipal). Assim, atua como agente de tratamento o posto de saúde da sua região, os cartórios judiciais e extrajudiciais, a universidade federal, o INSS, o hospital estadual, a escola municipal e uma infinidade de atores. AGENTE DE TRATAMENTO Qualquer pessoa: 1) Pessoa natural 2) Pessoa jurídica de direito público 3) Pessoa jurídica de direito privado MEIOS DE TRATAMENTO Qualquer um! Físico ou digital. O MEIO PODE SER FÍSICO OU DIGITAL. Acho que esse é o erro mais comum cometido por aqueles que já “ouviram falar” da LGPD: certamente a preocupação com dados pessoais surge em meio ao avanço da tecnologia e ao surgimento de um mundo baseado em dados, mas todo meio de tratamento de dados pessoais é aceito: formulário que preenche na recepção, recibo de compras em que contenha o nome, cadastro na farmácia, bancos de dados mega elaborados, como aqueles operados por instituições financeiras e gigantes do mercado. Do 8 ao 80, tudo está incluso na LGPD. Por enquanto, é o que cabia falar. Vamos continuar juntos na análise da LGPD? Carlos Eduardo Ferreira de Souza Advogado na área de Proteção de Dados e Regulatório de Novas Tecnologias do Lima ≡ Feigelson Advogados. Mestrando em Teoria do Estado e Direito Constitucional pela PUC-RIO. Membro do Grupo de Pesquisa em Liberdade de Expressão no Brasil (PLEB/PUC-RIO)
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