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INFORMATIVOS STJ 2020

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INFORMATIVOS STJ 2020 
(ATÉ o Info nº 683) 
Conteúdo extraído dos informativos comentados do Dizer o Direito 
Material elaborado por Giovanna Calvano - 
https://www.passeidireto.com/perfil/giovanna-calvano/ 
Sumário 
DIREITO CONSTITUCIONAL .......................................................................................... 7 
Ministério Público ....................................................................................................... 7 
Ministério Público do Trabalho ............................................................................... 7 
Defensoria Pública ..................................................................................................... 7 
Direitos e Garantias ................................................................................................... 8 
Direito ao esquecimento......................................................................................... 9 
Poder Judiciário ....................................................................................................... 10 
Tribunal de Contas .................................................................................................. 10 
DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................ 11 
Improbidade administrativa ..................................................................................... 11 
Intervenção do Estado na propriedade .................................................................... 12 
Limitação Administrativa ...................................................................................... 12 
Desapropriação .................................................................................................... 12 
Licitações ................................................................................................................. 12 
Agentes Públicos...................................................................................................... 13 
Responsabilidade Civil ............................................................................................. 14 
Processo Administrativo Disciplinar .......................................................................... 14 
Processo administrativo ........................................................................................... 15 
Concurso Público ..................................................................................................... 15 
Organização Administrativa ..................................................................................... 15 
Conselhos Profissionais ........................................................................................ 15 
Fundações ............................................................................................................ 16 
Autotutela ................................................................................................................ 17 
Infrações de trânsito ............................................................................................... 17 
D. ADM Militar ......................................................................................................... 17 
Poder de Polícia ....................................................................................................... 18 
https://www.passeidireto.com/perfil/giovanna-calvano/
Outros ..................................................................................................................... 19 
DIREITO TRIBUTÁRIO ................................................................................................ 19 
Imposto de Renda ................................................................................................... 20 
ICMS ........................................................................................................................ 21 
Contribuições ........................................................................................................... 22 
Direito Aduaneiro ..................................................................................................... 23 
ITBI ......................................................................................................................... 23 
Imposto de Importação ........................................................................................... 23 
Restituição de valores devidos ao contribuinte ........................................................ 24 
PIS E COFINS .......................................................................................................... 24 
IPI ........................................................................................................................... 24 
Processo Tributário .................................................................................................. 25 
ECA ............................................................................................................................. 25 
Classificação indicativa ............................................................................................ 25 
Proteção à Criação e ao Adolescente ....................................................................... 25 
Colocação em família substituta............................................................................... 25 
Guarda ................................................................................................................. 25 
Adoção ................................................................................................................. 26 
Crimes do ECA ......................................................................................................... 27 
MSE ......................................................................................................................... 27 
Internação ........................................................................................................... 28 
Direito ao esquecimento....................................................................................... 28 
ADPF ....................................................................................................................... 29 
Honorários advocatícios ........................................................................................... 30 
DIREITO AMBIENTAL .................................................................................................. 30 
Ação Popular ........................................................................................................... 30 
Multa ....................................................................................................................... 30 
Código Florestal ....................................................................................................... 31 
Responsabilidade por dano ambiental ...................................................................... 31 
DIREITO CIVIL ............................................................................................................ 32 
Outros temas ........................................................................................................... 32 
Direito das famílias .................................................................................................. 33 
União Estável ....................................................................................................... 33 
Parentesco ........................................................................................................... 34 
Divórcio ................................................................................................................ 34 
Alimentos ............................................................................................................. 35 
Bem de Família ........................................................................................................ 39 
Arbitragem...............................................................................................................40 
Obrigações .............................................................................................................. 40 
Juros .................................................................................................................... 41 
Sucessões ................................................................................................................ 42 
Testamento .......................................................................................................... 43 
Inventário ............................................................................................................ 43 
Direitos Reais ........................................................................................................... 43 
Posse ................................................................................................................... 43 
Usucapião ............................................................................................................ 44 
Condomínio .......................................................................................................... 46 
Direito real de habitação ...................................................................................... 46 
Usufruto vidual ..................................................................................................... 47 
Hipoteca ............................................................................................................... 48 
Responsabilidade Civil ............................................................................................. 48 
Responsabilidade civil e internet .......................................................................... 50 
Direitos da Personalidade ........................................................................................ 51 
Direito ao esquecimento....................................................................................... 52 
Direito à imagem .................................................................................................. 52 
Contratos ................................................................................................................. 52 
Compra e venda ................................................................................................... 54 
Doação ................................................................................................................. 55 
Seguro ................................................................................................................. 55 
Fiança .................................................................................................................. 56 
Locação de Imóveis Urbanos................................................................................ 56 
Locação comercial ................................................................................................ 56 
Alienação Fiduciária .............................................................................................. 57 
Arrendamento Mercantil ....................................................................................... 60 
Arrendamento residencial ..................................................................................... 61 
SFH (Sistema Financeiro de Habitação) ................................................................ 61 
Mandato ............................................................................................................... 61 
Prestação de Serviços Advocatícios ...................................................................... 62 
Contrato de Transporte ........................................................................................ 63 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL ...................................................................................... 63 
Princípios ................................................................................................................. 63 
Processo de conhecimento ...................................................................................... 64 
Petição Inicial ....................................................................................................... 64 
Citação ................................................................................................................. 65 
Reconvenção ........................................................................................................ 66 
Técnica de Ampliação de Colegiado ......................................................................... 66 
IRDR ........................................................................................................................ 67 
Processo Coletivo ..................................................................................................... 67 
Gratuidade/isenção de custas .................................................................................. 69 
Execução e cumprimento de sentença ..................................................................... 70 
Cumprimento de Sentença ................................................................................... 70 
Execução .............................................................................................................. 72 
Procedimentos especiais .......................................................................................... 78 
Monitória .............................................................................................................. 78 
Embargos de terceiro ........................................................................................... 78 
Exigir contas ........................................................................................................ 79 
Honorários advocatícios ........................................................................................... 80 
Recursos .................................................................................................................. 82 
TEMPESTIVIDADE ................................................................................................ 84 
Ação Rescisória ........................................................................................................ 84 
Provas ..................................................................................................................... 85 
Suspeição ................................................................................................................ 86 
Juizados ................................................................................................................... 87 
Suspensão de Segurança ......................................................................................... 88 
DIREITO DO CONSUMIDOR ........................................................................................ 88 
Conceito de consumidor .......................................................................................... 88 
Responsabilidade ..................................................................................................... 88 
por fato de produto .............................................................................................. 88 
Por fato de serviço ............................................................................................... 89 
Vício de produto ................................................................................................... 89 
Práticas abusivas ..................................................................................................... 90 
Indenização Tarifada ............................................................................................... 91 
Plano de Saúde ........................................................................................................ 92 
Oferta ......................................................................................................................96 
Publicidade Enganosa .............................................................................................. 96 
Banco de dados ....................................................................................................... 96 
Cobrança Judicial indevida ....................................................................................... 97 
Dano moral coletivo ................................................................................................. 97 
Contratos Bancários ................................................................................................. 97 
DIREITO EMPRESARIAL .............................................................................................. 98 
Representação Comercial ........................................................................................ 98 
Recuperação Judicial ............................................................................................... 98 
Falência ................................................................................................................. 103 
Contratos Empresarias ........................................................................................... 105 
Shopping center ................................................................................................. 105 
Bancários ........................................................................................................... 105 
Marca .................................................................................................................... 106 
Títulos de crédito ................................................................................................... 107 
Nota promissória ................................................................................................ 107 
Duplicata ............................................................................................................ 107 
Letra de câmbio ................................................................................................. 108 
Liquidação extrajudicial ......................................................................................... 108 
Propriedade industrial ............................................................................................ 109 
DIREITO PENAL ........................................................................................................ 110 
Autoria ................................................................................................................... 110 
Representação ....................................................................................................... 110 
Prescrição .............................................................................................................. 112 
Princípio da Insignificância ..................................................................................... 113 
Pena de Multa ........................................................................................................ 113 
Dosimetria ............................................................................................................. 113 
Habeas Corpus ...................................................................................................... 114 
Medida de Segurança ............................................................................................ 115 
Lei Extravagante ................................................................................................... 115 
Estatuto do desarmamento ................................................................................ 115 
Maria da Penha .................................................................................................. 116 
Lei de Drogas ..................................................................................................... 116 
Lei Antiterrorismo ............................................................................................... 118 
Lei de Contravenções ......................................................................................... 118 
Crimes do ECA ................................................................................................... 118 
Crimes Contra o Sistema Financeiro ................................................................... 118 
Crimes contra a ordem Tributária ....................................................................... 119 
Crimes do CTB ................................................................................................... 120 
Crimes de Responsabilidade dos prefeitos .......................................................... 120 
Crimes Ambientais ............................................................................................. 120 
Organizações criminosas .................................................................................... 121 
Crimes em espécie ................................................................................................. 122 
Contra a honra ................................................................................................... 122 
Estelionato ......................................................................................................... 122 
Falsidade ideológica ........................................................................................... 123 
Peculato ............................................................................................................. 124 
Roubo ................................................................................................................ 124 
Homicídio ........................................................................................................... 124 
Crimes contra a ADM Pública ............................................................................. 125 
Dignidade sexual ................................................................................................ 125 
DIREITO PROCESSUAL PENAL .................................................................................. 127 
ANPP ..................................................................................................................... 127 
Prisão .................................................................................................................... 127 
Indulto ................................................................................................................... 130 
Execução Penal ...................................................................................................... 130 
Audiência de Custódia ........................................................................................... 132 
Recursos ................................................................................................................ 132 
Ingresso em Domicílio ........................................................................................... 132 
Sujeitos processuais .............................................................................................. 132 
Suspeição/impedimento ..................................................................................... 133 
Competência .......................................................................................................... 133 
Tribunal do Júri ..................................................................................................... 135 
Suspensão Condicional .......................................................................................... 135 
Recursos ................................................................................................................ 135 
Medidas cautelares ................................................................................................ 136 
Incidentes .............................................................................................................. 136 
Provas................................................................................................................... 137 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO ....................................................................................... 138 
Salário de Benefício ............................................................................................... 138 
Previdência Privada ............................................................................................... 138 
Contribuição previdenciária .................................................................................... 139 
Decadência ............................................................................................................ 139 
Aposentadoria........................................................................................................ 140 
Aposentadoria rural ............................................................................................... 140 
DIREITO INTERNACIONAL ........................................................................................ 141 
PENAL MILITAR ......................................................................................................... 141 
DIREITO NOTARIAL e REGISTRAL ............................................................................ 141 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Ministério Público 
 
● INFO. 662 
 
Ação de improbidade administrativa proposta contra Promotor de Justiça (podendo resultar 
na perda do cargo): julgada em 1ª instância; ação civil de perda de cargo de Promotor não 
envolvendo improbidade administrativa: julgada pelo TJ. 
Ministério Público do Trabalho 
 
● INFO. 670 
 
Os Ministérios Públicos dos Estados podem atuar, diretamente, na condição de partes, 
perante os Tribunais Superiores, em razão da não existência de vinculação ou subordinação 
entre o Parquet Estadual e o Ministério Público da União. Tal conclusão, entretanto, não 
pode ser aplicada ao Ministério Público do Trabalho, considerando que o MPT é sim órgão 
vinculado ao Ministério Público da União, conforme dispõe o art. 128, I, “b”, da Constituição 
Federal. O MPT integra a estrutura do MPU, atuando perante o Tribunal Superior 
do Trabalho, não tendo legitimidade para funcionar no âmbito do STJ, tendo em 
vista que esta atribuição é reservada aos Subprocuradores-gerais da República 
integrantes do quadro do Ministério Público Federal. STJ. 1ª Seção. AgRg no CC 
122.940-MS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 07/04/2020 (Info 670) 
 
Defensoria Pública 
 
● INFO 664 
 
É inviável o acolhimento do requerimento formulado pela DPU para assistir parte em 
processo que tramita no STJ nas hipóteses em que a Defensoria Pública Estadual atuante 
possui representação em Brasília ou aderiu ao portal de intimações eletrônicas. 
 
● INFO. 673 
 
Havendo convênio entre a Defensoria e a OAB possibilitando a atuação dos 
causídicos quando não houver defensor público para a causa, os honorários 
podem ser executados nos próprios autos, mesmo se o Estado não tiver 
participado da ação de conhecimento - Se for exigido que os advogados promovam 
uma ação específica contra a Fazenda Pública para poderem receber seus honorários, isso 
fará com que eles sejam muito resistentes em aceitar a função de advogado dativo, porque 
terão de trabalhar não só na ação para a qual foram designados, mas também em outra 
ação que terão de propor contra a Fazenda Pública. O fato de o Estado não ter participado 
da lide na ação de conhecimento não impede que ele seja intimado a pagar os honorários, 
que são de sua responsabilidade em razão de convênio celebrado entre a Defensoria Pública 
e a Ordem dos Advogados do Brasil, em cumprimento de sentença. STJ. Corte Especial. 
EREsp 1.698.526-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Rel. Acd. Min. Maria Thereza de Assis 
Moura, julgado em 05/02/2020 (Info 673). 
 
Direitos e Garantias 
 
● INFO. 666 
 
A omissão injustificada da Administração em providenciar a disponibilização de banho 
quente nos estabelecimentos prisionais fere a dignidade de presos sob sua custódia. 
 
● INFO. 666 
 
Não é permitido o ingresso na residência do indivíduo pelo simples fato de haver denúncias 
anônimas e ele ter fugido da polícia. 
 
● INFO. 678 
 
A determinação judicial para identificação dos usuários que operaram em 
determinada área geográfica, suficientemente fundamentada, não ofende a 
proteção à privacidade e à intimidade. A quebra do sigilo de dados armazenados não 
obriga a autoridade judiciária a indicar previamente as pessoas que estão sendo 
investigadas, até porque o objetivo precípuo dessa medida é justamente de proporcionar a 
identificação do usuário do serviço ou do terminal utilizado. Logo, a ordem judicial para 
quebra do sigilo dos registros, delimitada por parâmetros de pesquisa em determinada 
região e por período de tempo, não se mostra medida desproporcional, porquanto, tendo 
como norte a apuração de gravíssimos crimes, não impõe risco desmedido à privacidade e 
à intimidade dos usuários possivelmente atingidos por tal diligência. STJ. 3ª Seção. RMS 
61.302-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/08/2020 (Info 678) 
 
● INFO. 682 
 
DIREITO À INFORMAÇÃO Jornal poderá acessar dados sobre mortes registradas em 
ocorrências policiais. Caso concreto: o jornal Folha de São Paulo pediu para que o Governo 
do Estado fornecesse informações relacionadas a mortes registradas pela polícia em boletins 
de ocorrência. O pedido foi negado sob o fundamento de que, apesar de terem natureza 
pública, esses dados deveriam ser divulgados com cautela e não seriam indispensáveis para 
o trabalho jornalístico. O STJ não concordou e afirmou que não cabe à administração pública 
ou ao Poder Judiciário discutir o uso que se pretende dar à informação de natureza pública. 
A informação, por ser pública, deve estar disponível ao público, independentemente de 
justificações ou considerações quanto aos interesses a que se destina. Não se pode vedar 
o exercício de um direito – acessar a informação pública – pelo mero receio do abuso no 
exercício de um outro e distinto direito – o de livre comunicar. Em suma: veículo de imprensa 
jornalística possui direito líquido e certo de obter dados públicos sobre óbitos relacionados 
a ocorrências policiais. STJ. 2ª Turma. REsp 1.852.629-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado 
em 06/10/2020 (Info 682). 
 
Direito ao esquecimento 
 
● INFO. 670 
 
Existindo interesse social à memória histórica de crime notório, não é possível 
acolher a tese do direito ao esquecimento para proibir qualquer veiculação futura 
de matérias jornalísticas relacionadas ao fato. 
A veiculação de matéria jornalística sobre delito histórico que expõe a vida 
cotidiana de terceiros não envolvidos no fato criminoso, em especial de criança 
e de adolescente, representa ofensa ao princípio da intranscendência. 
 
Existindo evidente interesse social no cultivo à memória histórica e coletiva de delito notório, 
incabível o acolhimento da tese do direito ao esquecimento para proibir qualquer veiculação 
futura de matérias jornalísticas relacionadas ao fato criminoso cuja pena já se encontra 
cumprida. O chamado direito ao esquecimento, apesar de ser reconhecido pela 
jurisprudência, não possui caráter absoluto. Em caso de evidente interesse social no cultivo 
à memória histórica e coletiva de delito notório, não se pode proibir a veiculação de matérias 
jornalísticas relacionados com o fato criminoso, sob pena de configuração de censura prévia, 
vedada pelo ordenamento jurídico pátrio. Em tal situação, não se aplica o direito ao 
esquecimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1.736.803-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, 
julgado em 28/04/2020 (Info 670) 
 
Matéria jornalística que, sob o pretexto de noticiar crime histórico, expõe a intimidade do 
atual marido e dos filhos da condenada, pessoas que não têm relação direta com o fato, 
ofende o princípio da intranscendência ou da pessoalidade da pena, descritono art. 5º, XLV, 
da CF/88 e no art. 13 do Código Penal. Isso porque, ao expor publicamente a intimidade 
dos referidos familiares em razão do crime ocorrido, a reportagem compartilhou dimensões 
evitáveis e indesejáveis dos efeitos da condenação então estendidas à atual família da ex-
condenada. Especificamente quanto aos filhos, menores de idade, ressalta-se a Opinião 
Consultiva n. 17, de 28 de agosto de 2002 da Corte Interamericana de Direitos Humanos, 
que entende que o melhor interesse das crianças e dos adolescentes é reconhecido como 
critério regente na aplicação de normas em todos os aspectos da vida dos denominados 
“sujeitos em desenvolvimento”. Ademais, a exposição jornalística da vida cotidiana dos 
infantes, relacionando-os, assim, ao ato criminoso, representa ofensa ao direito ao pleno 
desenvolvimento de forma sadia e integral, nos termos do art. 3º do ECA e do art. 16 da 
Convenção sobre os Direitos da Criança, promulgada pelo Decreto nº 99.710/90. STJ. 3ª 
Turma. REsp 1.736.803-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 28/04/2020 
(Info 670) 
 
 
Poder Judiciário 
 
● INFO. 666 
 
A readmissão na carreira da Magistratura não encontra amparo na Lei Orgânica da 
Magistratura Nacional nem na Constituição Federal de 1988. 
 
● INFO. 667 
 
Inexiste ilegalidade em portaria editada pelo Juiz Diretor do Foro que restringiu o ingresso 
de pessoas portando arma de fogo nas dependências do Fórum. 
 
● INFO. 675 
 
Na definição da competência da Justiça Militar, considera-se o critério subjetivo 
do militar em atividade, em serviço ou não, aliado ao critério objetivo, do bem 
ou serviço militar juridicamente tutelado. Para a definição da competência da justiça 
militar, faz-se necessária a observância do: 
• critério subjetivo (delito praticado por militar em atividade, em serviço ou não), 
• aliado ao critério objetivo (vulneração de bem jurídico caro ao serviço e ao meio militar, a 
ser analisada no caso concreto). 
Ex: policial militar estava em sua casa, de folga. Ele e a esposa começaram a discutir por 
ciúmes. Embriagado, ele ameaçou matar a esposa. Com medo, a mulher se trancou no 
banheiro e ligou para a polícia. Foi deslocada uma viatura com dois policiais militares para 
atender a ocorrência. Quando os policiais chegaram, o agressor fugiu, mas antes atirou 
contra eles e contra a viatura. 
A fuga e a resistência do policial militar, contextualizada com disparos de arma de fogo 
contra colegas e contra viatura da corporação, são suficientes para configurar a vulneração 
da regularidade da Polícia Militar, cujo primado se pauta pela hierarquia e disciplina. 
STJ. 5ª Turma. HC 550.998-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 23/06/2020 (Info 
675). 
 
Tribunal de Contas 
 
● INFO. 674 
 
O Tribunal de Contas do Distrito Federal tem competência para fiscalizar a 
aplicação de recursos federais repassados ao Distrito Federal. O TCU, por força do 
art. 71, VI, da CF/88, tem competência para fiscalizar o uso dos recursos federais 
repassados a outros entes federados, como no caso de verbas federais repassadas ao 
Distrito Federal. Vale ressaltar, contudo, que, diante da autonomia própria dos entes 
federados, a fiscalização, pelo TCU, dos recursos federais repassados ao Distrito Federal 
não impede que o TCDF também faça a fiscalização da aplicação desses mesmos recursos, 
até porque ele tem pleno e legítimo interesse na regular prestação dos serviços de saúde 
no seu território. Assim, por força dos arts. 71 e 75 da Constituição Federal e do art. 78 da 
Lei Orgânica do Distrito Federal, o Tribunal de Contas do Distrito Federal tem competência 
para fiscalizar a aplicação de recursos federais repassados ao Distrito Federal. STJ. 1ª 
Turma. RMS 61.997-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 16/06/2020 (Info 674). 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Improbidade administrativa 
 
● INFO. 674 
 
Os benefícios da colaboração premiada, previstos nas Leis nº 8.884/94 e 
9.807/99, não são aplicáveis no âmbito da ação de improbidade administrativa. 
Os benefícios de colaboração premiada previstos na nº Lei 9.807/99 - que instituiu o 
Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas -, bem como na 
antiga Lei Antitruste (Lei nº 8.884/94), não são aplicáveis para os casos em que não se 
discute a prática de crimes contra a ordem econômica, nem estão demonstradas as 
hipóteses de proteção previstas na Lei nº 9.807/99. STJ. 2ª Turma. REsp 1.464.287-DF, 
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/03/2020 (Info 674). 
 
Observação: os fatos julgados pelo STJ ocorreram antes da Lei nº 12.850/2013 e da Lei nº 
13.964/2019. O § 1º do art. 17 da Lei nº 8.492/92 proibia a realização de transação, acordo 
ou conciliação nas ações de improbidade administrativa. A Lei nº 13.964/2019 alterou esse 
dispositivo para admitir a celebração de acordo de não persecução cível. Veja a redação 
atual: Art. 17. (...) § 1º As ações de que trata este artigo admitem a celebração de acordo 
de não persecução cível, nos termos desta Lei. 
 
● INFO. 678 
 
Mesmo que o ato de improbidade tenha sido praticado em mandato anterior, se o indivíduo 
for condenado, a suspensão dos direitos políticos pode ser aplicada para que ele perca o 
mandato atual. A pena de suspensão dos direitos políticos por ato de improbidade 
administrativa alcança qualquer mandato eletivo que esteja sendo ocupado à época do 
trânsito em julgado da condenação. Uma vez que o pleno exercício dos direitos políticos é 
pressuposto para o exercício da atividade parlamentar, determinada a suspensão de tais 
direitos, é evidente que essa suspensão alcança qualquer mandato eletivo que esteja sendo 
ocupado à época do trânsito em julgado da sentença condenatória. É descabido restringir a 
aludida suspensão ao mandato que serviu de instrumento para a prática da conduta ilícita. 
Diante do escopo da Lei de Improbidade Administrativa de extirpar da Administração Pública 
os condenados por atos ímprobos, a suspensão dos direitos políticos abrange qualquer 
atividade que o agente esteja exercendo ao tempo da condenação irrecorrível pelo tempo 
que imposta a pena. STJ. 2ª Turma. REsp 1.813.255-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, 
julgado em 03/03/2020 (Info 678). STJ. EREsp 1701967/RS, Rel. para acórdão Min. 
Francisco Falcão, julgado em 09/09/2020. 
 
Intervenção do Estado na propriedade 
Limitação Administrativa 
 
● INFO. 662 
 
Em ação de desapropriação indireta é cabível reparação decorrente de limitações 
administrativas. 
Desapropriação 
 
● INFO. 671 
 
Qual é o prazo da ação de desapropriação indireta? Regra: 10 anos (art. 1.238, parágrafo 
único, do CC/2002). Exceção: o prazo será de 15 anos se ficar comprovada a inexistência 
de obras ou serviços públicos no local. Em regra, portanto, o prazo prescricional das ações 
indenizatórias por desapropriação indireta é de 10 anos porque existe uma presunção 
relativa de que o Poder Público realizou obras ou serviços públicos no local. Admite-se, 
excepcionalmente, o prazo prescricional de 15 anos, caso a parte interessada comprove, 
concreta e devidamente, que não foram feitas obras ou serviços no local, afastando a 
presunção legal. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.575.846-SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 
26/06/2019 (Info 658). 
 
O prazo prescricional aplicável à desapropriação indireta, na hipótese em que o Poder 
Público tenha realizado obras no local ou atribuído natureza de utilidade pública ou de 
interesse social ao imóvel, é de 10 anos, conforme parágrafo único do art. 1.238 do CC. 
STJ. 1ª Seção. REsp 1.757.352-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/02/2020 
(Recurso Repetitivo – Tema 1109) (Info 671). Obs: a súmula 119 do STJ está superada 
(Súmula 119-STJ: A ação de desapropriação indireta prescreve em vinte anos). 
 
Licitações 
 
● INFO. 662 
 
O estabelecimento de critérios de classificação para a escolha de licitantes em 
credenciamento é ilegal. 
 
● INFO. 669 
 
O art. 18 da Lei nº 8.666/93 estabelece ovalor da caução, na fase de habilitação de 
concorrência pública para venda de bens imóveis, no percentual de 5% da avaliação do 
imóvel. É proibido que a Administração Pública fixe caução em valor diverso do estabelecido 
em lei. Não cabe, assim, estabelecer percentual diverso ou mesmo aceitar valor de caução 
inferior a 5% da avaliação do imóvel, em face do princípio da legalidade. STJ. 2ª Turma. 
REsp 1.617.745-DF, Rel. Min. Og Fernandes, Rel. Acd. Min. Assusete Magalhães, julgado 
em 22/10/2019 (Info 669). 
 
● INFO. 683 
 
Os editais de licitação ou pregão não podem conter cláusula prevendo percentual mínimo 
referente à taxa de administração, sob pena de ofensa ao art. 40, X, da Lei nº 8.666/93. 
O edital de licitação não pode fixar um preço mínimo a ser oferecido pelos licitantes (art. 
40, X, da Lei nº 8.666/93). Só um preço máximo. Essa vedação se justifica porque o objetivo 
da licitação é o de selecionar a proposta mais vantajosa. Ocorre que algumas propostas 
apresentadas são claramente inexequíveis, ou seja, o licitante não conseguirá custear o bem 
ou prestar o serviço e ainda ter lucro. Isso significa que, mais a frente, haverá transtornos 
para a Administração Pública com a inexecução do contrato. Diante disso, alguns entes 
públicos passaram a exigir algo que denominaram de “taxa de administração”. Essa taxa é 
o percentual de remuneração que a empresa irá obter com aquela venda ou serviço. Se a 
taxa for equivalente a zero ou mesmo negativa, a proposta é claramente inexequível 
considerando que não haverá lucro para a empresa. Assim, alguns editais passaram a exigir 
um percentual mínimo de taxa de administração (ex: a empresa deverá demonstrar que, na 
planilha de custos que gerou o preço, está prevista a sua remuneração em, no mínimo, 
1%). Essa prática é válida? O ente público pode estipular cláusula editalícia em 
licitação/pregão prevendo percentual mínimo de taxa de administração como forma de se 
resguardar de eventuais propostas inexequíveis? Não. A fixação de percentual mínimo de 
taxa de administração em edital de licitação/pregão fere expressamente a norma contida 
no inciso X do art. 40 da Lei nº 8.666/93. A taxa de administração é uma forma de 
remuneração do contratado pela Administração Pública, integrando, portanto, o conceito de 
preço. Logo, ao exigir um percentual mínimo de taxa de administração, o edital está fixando 
um preço mínimo. Sendo o objetivo da licitação selecionar a proposta mais vantajosa para 
a Administração (art. 3º da Lei nº 8.666/93), a fixação de um preço mínimo atenta contra 
essa finalidade. A Lei de Licitações prevê outros mecanismos de combate às propostas 
inexequíveis em certames licitatórios, permitindo que o licitante preste garantia adicional, 
tal como caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, seguro-garantia e fiança 
bancária. STJ. 1ª Seção. REsp 1.840.113-CE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 
23/09/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1038) (Info 683). 
 
Agentes Públicos 
 
● INFO. 663/2020 
 
Os médicos cooperados estrangeiros não possuem direito adquirido de permanecer no 
Projeto Mais Médicos. 
 
● INFO. 676 
 
Servidores de MG desligados do serviço público pela inconstitucionalidade da 
LCE 100/2007 possuem direito aos depósitos de FGTS (art. 19-A da Lei 
8.036/90). Os servidores efetivados pelo Estado de Minas Gerais submetidos ao regime 
estatutário, por meio de dispositivo da LCE nº 100/2007, declarado posteriormente 
inconstitucional pelo STF na ADI 4.876/DF, têm direito aos depósitos no FGTS referentes ao 
período irregular de serviço prestado. STJ. 1ª Seção. REsp 1.806.086-MG, Rel. Min. Gurgel 
de Faria, julgado em 24/06/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1020) (Info 676). 
 
Responsabilidade Civil 
 
● INFO 664 
 
Pretensão dos acionistas de serem indenizados pela União e pela Petrobrás pelos prejuízos 
causados em decorrência da desvalorização dos ativos da Companhia por conta da Lava 
Jato deverá ser ajuizada na Justiça Federal de 1ª instância (e não por arbitragem). 
 
● INFO. 674 
 
O art. 927, parágrafo único, do Código Civil pode ser aplicado para a 
responsabilidade civil do Estado. Aplica-se igualmente ao estado o que previsto no art. 
927, parágrafo único, do Código Civil, relativo à responsabilidade civil objetiva por atividade 
naturalmente perigosa, irrelevante o fato de a conduta ser comissiva ou omissiva. STJ. 2ª 
Turma. REsp 1.869.046-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 09/06/2020 (Info 674). 
 
Processo Administrativo Disciplinar 
 
● INFO. 665 
 
Súmula 641-STJ: A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar 
prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem apurados. 
 
● INFO. 666 
 
É possível a cassação de aposentadoria de servidor público pela prática, na atividade, de 
falta disciplinar punível com demissão. 
 
● INFO. 682 
 
Não há nulidade do PAD pela suposta inobservância do direito à não autoincriminação, 
quando a testemunha, até então não envolvida, noticia elementos que trazem para si 
responsabilidade pelos episódios em investigação. Caso concreto: foi instaurado PAD para 
apurar a conduta de João, servidor do INSS. Pedro, outro servidor da autarquia que 
trabalhava no mesmo setor do investigado, foi convocado para depor na condição de 
testemunha, tendo assinado termo de compromisso de dizer a verdade. Ocorre que Pedro 
não apenas confirmou as imputações feitas contra João, mas também confessou que 
participou dos ilícitos em apuração. Ao final do PAD, João e Pedro foram demitidos. Pedro 
alegou que que o PAD que originou sua demissão se encontraria eivado de ilicitude, 
considerando que foi obrigado a produzir provas contra si mesmo. Não houve nulidade. 
Quando o servidor foi chamado, ele não era investigado. Ele prestou voluntariamente seu 
depoimento e, em nenhum momento, insurgiu-se contra isso, o que permite concluir que, 
também voluntariamente, ele dispensou o uso da faculdade de não incriminar a si próprio. 
Logo, ele não pode, posteriormente, invocar o direito ao silêncio considerando que, por sua 
própria vontade, apontou, durante sua oitiva, fatos que atraíram para si a responsabilidade 
solidária pelos ilícitos em apuração. STJ. 1ª Seção. MS 21.205-DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, 
julgado em 14/10/2020 (Info 682). 
 
 
Processo administrativo 
 
● INFO. 667 
 
O cadastro e o peticionamento no Sistema Eletrônico de Informações denotam a ciência de 
que o processo administrativo tramitará de forma eletrônica. 
 
Concurso Público 
 
● INFO. 666 
 
Candidato só pode ser excluído de concurso público por não se enquadrar na cota para 
negros se houver contraditório e ampla defesa. 
 
Em casos excepcionais, em que a restauração da estrita legalidade ocasionaria mais danos 
sociais que a manutenção da situação consolidada pelo decurso do tempo, a jurisprudência 
do STJ é firme no sentido de admitir a aplicação da teoria do fato consumado. 
 
● INFO. 668 
 
O prazo para se questionar a preterição de nomeação de candidato em concurso público é 
de 5 anos, contado da data em que o outro servidor foi nomeado no lugar do aprovado. 
 
Organização Administrativa 
Conselhos Profissionais 
 
● INFO. 669 
 
O Decreto-lei nº 9.295/46 criou o Conselho Federal de Contabilidade e definiu as atribuições 
do Contador. A Lei nº 12.249/2010 alterou o art. 12 do DL 9.295/46 para dizer que os 
contadores e técnicos em contabilidade somente poderão exercer a profissão após a regular 
conclusão do curso de Bacharelado em Ciências Contábeis, reconhecido pelo Ministério da 
Educação, aprovação em Exame de Suficiência e registro no Conselho Regional de 
Contabilidade a que estiverem sujeitos. A implementação dos requisitos para a inscrição no 
conselho profissional surge no momento da conclusão do curso. Assim, é dispensável a 
submissão ao exame de suficiência pelos técnicos em contabilidade formados 
anteriormente à promulgação da Lei nº 12.249/2010 ou dentro do prazo por ela 
previsto. STJ. 1ª Turma. AgIntno REsp 1.830.687-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 
30/03/2020 (Info 669). 
MUDANÇA DE ENTENDIMENTO 
 
● INFO. 677 
 
Técnico em contabilidade podia se inscrever no Conselho até 01/06/2010 sem 
fazer o Exame de Suficiência; depois dessa data, não pode mais se inscrever em 
hipótese alguma. Ao técnico em contabilidade que tenha concluído o curso após a edição 
da Lei nº 12.249/2010 é assegurado o direito de se registrar no Conselho de Classe até 1º 
de junho de 2015, sem que lhe seja exigido o Exame de Suficiência, sendo-lhe, dessa data 
em diante, vedado o registro. STJ. 1ª Turma. REsp 1.659.767-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, 
julgado em 18/08/2020 (Info 677). Obs: a 2ª Turma entende de forma diversa e decide que 
o exame de suficiência, criado pela Lei nº 12.249/2010, será exigido dos técnicos em 
contabilidade que completarem o curso após sua vigência. Tais profissionais não estão 
sujeitos à regra de transição prevista no art. 12, § 2º do referido diploma (STJ. 2ª Turma. 
AgInt no AREsp 1631350/RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 19/10/2020). 
Obs: a 2ª Turma entende de forma diversa e decide que o exame de suficiência, criado pela 
Lei nº 12.249/2010, será exigido dos técnicos em contabilidade que completarem o curso 
após sua vigência. Tais profissionais não estão sujeitos à regra de transição prevista no art. 
12, § 2º do referido diploma (STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 1631350/RS, Rel. Min. 
Assusete Magalhães, julgado em 19/10/2020). 
 
● INFO. 677 
 
Treinador ou instrutor de tênis não precisa ser inscrito no Conselho Regional de 
Educação Física. O exercício da atividade de treinador ou de instrutor de tênis não exige 
o registro no Conselho Regional de Educação Física. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 
1.767.702-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 29/06/2020 (Info 677) 
 
Fundações 
 
● INFO. 676 
 
As fundações públicas de direito privado não fazem jus à isenção das custas 
processuais. A isenção das custas processuais somente se aplica para as entidades com 
personalidade de direito público. Dessa forma, para as Fundações Públicas receberem 
tratamento semelhante ao conferido aos entes da Administração Direta é necessário que 
tenham natureza jurídica de direito público, que se adquire no momento de sua criação, 
decorrente da própria lei. STJ. 4ª Turma. REsp 1.409.199-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 
julgado em 10/03/2020 (Info 676). 
 
Autotutela 
 
● INFO. 668 
 
Mesmo depois de terem-se passado mais de 5 anos, a Administração Pública pode anular a 
anistia política concedida quando se comprovar a ausência de perseguição política, desde 
que respeitado o devido processo legal e assegurada a não devolução das verbas já 
recebidas. 
 
Infrações de trânsito 
 
● INFO. 668 
 
É obrigatória a comprovação do envio da notificação da autuação e da imposição da 
penalidade de trânsito, mas não se exige que sejam acompanhadas de aviso de 
recebimento. 
 
D. ADM Militar 
 
● INFO. 668 
 
Se a mulher passar a conviver com alguém em união estável após a morte do ex-
combatente, ela perde a condição de viúva (art. 2o, V, da Lei no 8.059/90) e, portanto, não 
terá mais direito à pensão. 
 
● INFO. 679 
 
Mandado de injunção é via imprópria para pleitear a regulamentação do direito militar de 
ascensão funcional do quadro especial do Exército Brasileiro. 
Determinado militar impetrou mandado de injunção contra o Comandante do Exército 
afirmando que ele estaria sendo omisso ao não regulamentar o direito de promoção do 
quadro especial do Exército Brasileiro. Não cabe mandado de injunção neste caso. Para o 
cabimento do mandado de injunção, é imprescindível a existência de direito previsto na 
Constituição que não esteja sendo exercido por ausência de norma regulamentadora. O 
mandado de injunção não é remédio destinado a fazer suprir lacuna ou ausência de 
regulamentação de direito previsto em norma infraconstitucional e, muito menos, de 
legislação que se refere a eventuais prerrogativas a serem estabelecidas discricionariamente 
pela União. Constata-se que não cabe ao Comandante do Exército, por ato infralegal, nem 
por iniciativa própria, inovar no ordenamento jurídico quanto à promoção de militares das 
Forças Armadas, sob pena de violação ao art. 61, § 1º, II, “f”, da Constituição Federal. A 
Carta Magna exige lei ordinária ou complementar, de iniciativa do Presidente da República, 
para tratar de promoções, entre outros direitos, aos militares das Forças Armadas. Além 
disso, o direito à promoção hierárquica no âmbito do Quadro Especial do Exército não está 
assegurado na Constituição Federal. STJ. Corte Especial. MI 324-DF, Rel. Min. Herman 
Benjamin, julgado em 19/02/2020 (Info 679). 
 
Poder de Polícia 
 
● INFO. 671 
 
Em cidades tomadas por veículos automotores, a maior parte deles a serviço de minoria 
privilegiada, calçadas integram o mínimo existencial de espaço público dos pedestres, a 
maioria da população. No Estado Social de Direito, o ato de se deslocar a pé, em segurança 
e com conforto, qualifica-se como direito de todos, com atenção redobrada para a 
acessibilidade dos mais vulneráveis, aí incluídos idosos, crianças e pessoas com deficiência. 
Vale ressaltar que as calçadas são consideradas bens públicos, como bens de uso comum 
do povo (art. 99, I, do Código Civil). A ninguém é lícito ocupar espaço público (no caso, a 
calçada), exceto se estritamente conforme a legislação e após regular procedimento 
administrativo. Se o apossamento do espaço urbano público ocorre ilegalmente, 
incumbe ao administrador, sob risco de cometimento de improbidade e infração disciplinar, 
fazer a imediata demolição de eventuais construções irregulares e a desocupação de bem 
turbado ou esbulhado. STJ. 2ª Turma. REsp 1.846.075-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, 
julgado em 03/03/2020 (Info 671). 
 
● INFO. 674 
 
As operadoras de cartão de crédito em sentido estrito passam a ser reguladas e 
fiscalizadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central apenas após 
a edição da MP 615/2013. Existem dois tipos de instituições que podem emitir cartões 
de crédito: 
1) instituições financeiras, que emitem e administram cartões próprios ou de terceiros e 
concedem financiamento direto aos portadores; 
2) operadoras de cartão de crédito em sentido estrito, que são empresas não financeiras 
que emitem e administram cartões próprios ou de terceiros, que não financiam os seus 
clientes. 
As instituições financeiras que emitem e administram cartões próprios ou de terceiros 
(primeiro tipo acima) já eram fiscalizadas pelo Bacen, nos termos do art. 10, IX, da Lei nº 
4.595/64. 
Por outro lado, as operadoras de cartão de crédito em sentido estrito só passaram a ser 
reguladas e fiscalizadas pelo CMN e pelo Bacen após a edição da MP 615/2013. Antes da 
edição da MP 615/2013, não havia dispositivo legal que obrigasse o CMN a regular e o Bacen 
a fiscalizar as atividades das operadoras de cartão de crédito em sentido estrito. Isso porque 
a intermediação que essas fazem não tem natureza financeira para os fins do art. 17 da Lei 
nº 4.595/64. 
Atualmente, existe previsão legal de normatização e fiscalização das operadoras em sentido 
estrito por parte do CMN e do Bacen, quadro que se formou com a edição da MP 615/2013. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.359.624-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 
10/03/2020 (Info 674). 
 
● INFO. 677 
 
A ANVISA deve exigir que as fabricantes dos produtos alimentícios advirtam, no 
rótulo, que os valores nutricionais ali informados podem ter uma variação de até 
20% em relação aos números apresentados. A Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária - ANVISA deve exigir, na rotulagem dos produtos alimentícios, a advertência da 
variação de 20% nos valores nutricionais. STJ. 2ª Turma. REsp 1.537.571-SP, Rel. Min. 
Herman Benjamin, julgado em 27/09/2016 (Info 677) 
 
 
Outros 
● INFO. 677 
 
Na equipe que compõe as Ambulâncias de Suporte Básico - Tipo B e as Unidades 
de SuporteBásico de Vida Terrestre (USB) do SAMU não é necessária a presença 
de enfermeiro, bastando um técnico ou auxiliar de enfermagem. A composição da 
tripulação das Ambulâncias de Suporte Básico - Tipo B e das Unidades de Suporte Básico 
de Vida Terrestre (USB) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU sem a 
presença de enfermeiro não ofende, mas sim concretiza, o que dispõem os artigos 11, 12, 
13 e 15 da Lei n.º 7.498/86, que regulamenta o exercício da enfermagem. STJ. 1ª Seção. 
REsp 1.828.993-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 12/08/2020 (Recurso Repetitivo – 
Tema 1024) (Info 677). 
 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
● INFO. 683 
 
Os valores auferidos a título de “reembolso de materiais” adquiridos para a atividade de 
construção civil não devem ser deduzidos da base de cálculo do IRPJ e da CSLL pelo lucro 
presumido. Caso concreto: a empresa é optante da tributação do IRPJ e da CSLL pelo lucro 
presumido e pretendia deduzir da receita bruta, base de cálculo dos tributos nesse regime, 
os valores que aufere a título de “reembolso de materiais” adquiridos para a atividade de 
construção civil. Não é possível. O acolhimento de pedido tendente a excluir da receita bruta 
determinada despesa ou custo, no regime de apuração pelo lucro presumido, conduziria a 
uma indevida dupla dedução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Isso porque ao definir 
os percentuais aplicáveis ao regime do lucro presumido, a lei já considera, em tese, todas 
as reduções possíveis, de acordo com cada ramo de atividade. Se o contribuinte pretende 
que sejam considerados determinados custos ou despesas, deve optar pelo regime de 
apuração pelo lucro real, que contempla essa possibilidade, não se podendo permitir que 
promova uma combinação dos dois regimes, a fim de reduzir indevidamente a base de 
cálculo dos tributos. STJ. 1ª Turma. REsp 1.421.590-RN, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado 
em 17/11/2020 (Info 683). 
 
Imposto de Renda 
 
● INFO. 662 
 
Não tendo participado do fato gerador do tributo, a declaração conjunta de imposto de 
renda não torna o cônjuge corresponsável pela dívida tributária dos rendimentos percebidos 
pelo outro. 
 
A isenção de quota condominial do síndico não configura renda para fins de incidência do 
Imposto de Renda de Pessoa Física. 
 
● INFO. 665 
 
É ilegal o art. 4o, I, da IN SRF no 139/1989 que proibiu a compensação envolvendo 
exercícios financeiros diferentes. 
 
● INFO. 676 
 
O art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88 prevê que as pessoas portadoras de neoplasia maligna 
ou outras doenças graves e que estejam na inatividade não pagarão imposto de renda sobre 
os rendimentos recebidos a título de aposentadoria, pensão ou reforma. Essa isenção é 
devida apenas às pessoas que recebem aposentadoria, pensão ou reforma e não é possível 
que o Poder Judiciário estenda o benefício aos trabalhadores que estão em atividade. Os 
juízes e Tribunais não podem, mesmo a pretexto de estabelecer tratamento isonômico, 
conceder isenção tributária em favor daqueles não contemplados pelo favor legal, porque 
isso equivaleria, em última análise, a converter o Poder Judiciário em inadmissível legislador 
positivo. A legislação optou por critérios cumulativos absolutamente razoáveis à concessão 
do benefício tributário, quais sejam, inatividade e enfermidade grave, ainda que contraída 
após a aposentadoria ou reforma. STF. Plenário. ADI 6025, Rel. Alexandre de Moraes, 
julgado em 20/04/2020 (Info 983 – clipping). 
 
Não se aplica a isenção do imposto de renda prevista no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 
7.713/88 (seja na redação da Lei nº 11.052/2004 ou nas versões anteriores) aos 
rendimentos de portador de moléstia grave que se encontre no exercício de atividade 
laboral. STJ. 1ª Seção. REsp 1.814.919-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 24/06/2020 
(Recurso Repetitivo – Tema 1037) (Info 676). 
O teto de 30% para compensação de prejuízos fiscais do IRPJ e da base de 
cálculo negativa da CSLL se aplica às empresas incorporadoras. Não é direito 
subjetivo do contribuinte compensar seus prejuízos fiscais do IRPJ e da base de cálculo 
negativa da CSLL sem observância do limite de 30% a que se referem os arts. 15 e 16 da 
Lei nº 9.065/95 quando ocorre o desaparecimento da empresa por incorporação. STJ. 1ª 
Turma. REsp 1.805.925-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Gurgel de 
Faria, julgado em 23/06/2020 (Info 676). STJ. 2 Turma. AgInt-EDcl-REsp 1.725.911/SP, 
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/02/2019. 
 
● INFO. 678 
 
Não incide imposto de renda sobre o valor recebido a título de ajuda compensatória mensal 
prevista no art. 476-A da CLT (lay-off). 
O art. 476-A da CLT prevê que o contrato de trabalho pode ser suspenso, após celebração 
de acordo ou de convenção coletiva com o sindicato da categoria, e anuência formal do 
empregado, pelo período de duração do curso de requalificação de no mínimo 2 (dois) e no 
máximo, 5 (cinco) meses. Com a suspensão do contrato de trabalho, nessa modalidade, o 
empregado recebe bolsa de qualificação profissional, custeada pelo FAT - Fundo de Amparo 
ao Trabalhador, nos termos do art. 2º-A da Lei 7.998/90, durante o curso de aprimoramento 
profissional, desde que a suspensão tenha duração máxima de cinco meses, após o que o 
encargo passa a ser de responsabilidade do empregador, conforme o art. 476-A, § 7º, da 
CLT. Como há suspensão do contrato de trabalho, tal ajuda compensatória evidentemente 
não se enquadra no inciso I do art. 43 do CTN. Além disso, ela não configura proventos, 
entendidos como acréscimos patrimoniais descritos no inciso II do mesmo dispositivo. O 
montante pago a título de ajuda compensatória, portanto, tem natureza jurídica de 
indenização, destinando-se a reconstituir a perda patrimonial do trabalhador e os próprios 
prejuízos advindos da suspensão do contrato de trabalho, como não influir no 13º salário 
proporcional, no depósito na conta vinculada do FGTS. O valor recebido pelos trabalhadores 
a título de ajuda compensatória representa uma indenização do patrimônio desfalcado do 
trabalhador, e não um acréscimo patrimonial tido como fato gerador do imposto, motivo 
pelo qual não se sujeita à tributação pelo imposto de renda. STJ. 2ª Turma. REsp 1.854.404-
SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 02/06/2020 (Info 678) 
Fato gerador de IRRF em remessa ao exterior se dá no vencimento ou pagamento 
da dívida, o que ocorrer primeiro. O momento do fato gerador do Imposto de Renda 
Retido na Fonte - IRRF a ser recolhido pela sociedade empresária brasileira, em razão de 
pagamento feito a pessoa jurídica domiciliada no exterior, se dá no vencimento ou 
pagamento da dívida, o que ocorrer primeiro. STJ. 1ª Turma. REsp 1.864.227-SP, Rel. Min. 
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 18/08/2020 (Info 678). 
 
ICMS 
 
● INFO. 663/2020 
 
A norma do art. 20, § 6º, I, da LC 87/96 não confere o crédito a quem promove as saídas 
isentas, mas ao contribuinte que adquire os produtos agropecuários ao abrigo da isenção. 
 
● INFO. 666 
 
Sacolas plásticas fornecidas aos clientes para o transporte ou acondicionamento de 
produtos, bem como bandejas, não são insumos essenciais à atividade dos supermercados, 
de modo que não geram creditamento de ICMS 
 
● INFO. 679 
 
Dilatação volumétrica de combustível pelo calor não constitui fato gerador de ICMS. 
A entrada a maior do combustível, em razão da variação da temperatura ambiente de 
carregamento e descarregamento se constitui em um fenômeno físico de dilatação 
volumétrica. A fenomenologia física de dilatação volumétrica do combustível não se amolda 
à descrição normativa hipotética que constitui o fato gerador do ICMS. Se o volume de 
combustível se dilatou ou se retraiu, não há se falar em estorno ou cobrança a maior do 
ICMS, uma vez que, na hipótese, não há que se qualificar juridicamente um fenômeno da 
física, por escapar da hipótese de incidência tributária do imposto. Não há novo fato gerador 
ocorrido com a variação volumétrica de combustíveislíquidos, uma vez que não se está 
diante de uma nova entrada ou saída intermediária não considerada para o cálculo do 
imposto antecipado, mas de mera expansão física de uma mercadoria volátil por natureza. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.884.431-PB, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 08/09/2020 
(Info 679). 
 
Contribuições 
 
● INFO. 669 
 
Têm direito ao crédito presumido de PIS/PASEP e Cofins as pessoas jurídicas, inclusive 
cooperativas, que produzam mercadorias por meio de processo de industrialização de grãos 
de soja, milho e trigo adquiridos de pessoa física, cerealista ou cooperado pessoa física. Os 
meros cerealistas não têm direito ao crédito presumido de PIS/PASEP e Cofins. Para fazer 
jus ao benefício fiscal, a sociedade interessada deve produzir mercadorias, ou seja, deve 
realizar processo de industrialização a partir de grãos de soja, milho e trigo adquiridos de 
pessoa física, cooperado pessoa física ou cerealista, transformando-os em outros (v.g. óleo 
de soja, farelo de soja, leite de soja, óleo de trigo, farinha de trigo, pães, massas, biscoitos, 
fubá, polenta etc). Se a pessoa faz apenas limpeza, secagem, classificação e armazenagem, 
isso não ocasiona transformação do produto, razão pela qual essa sociedade será 
considerada como mera cerealista, não podendo aproveitar o crédito. STJ. 2ª Turma. REsp 
1.670.777-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/10/2019 (Info 669). 
 
● INFO. 681 
 
As receitas decorrentes das operações de vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca 
de Manaus devem ser excluídas da base de cálculo da contribuição previdenciária sobre a 
receita bruta (CPRB). 
 
A Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB) é uma contribuição social, de 
competência da União, destinada a custear a Previdência Social. Foi instituída pela MP 
540/2011, convertida na Lei nº 12.546/2011. Inicialmente, esta Contribuição foi prevista 
para perdurar até 31/12/2014, mas acabou sendo prorrogada até que, a partir do advento 
da MP 651/2014, ela se tornou definitiva. O art. 9º, II, “a”, da Lei nº 12.546/2011 afirma 
que a receita bruta decorrente de exportações está excluída da base de cálculo da CPRB. O 
art. 4º do Decreto-Lei nº 288/1967 diz que, se uma mercadoria é vendida para a Zona 
Franca de Manaus, isso é como se fosse uma exportação, ou seja, uma venda para o 
exterior. Em razão disso, entende-se que as vendas de mercadorias para a Zona Franca de 
Manaus são alcançadas pela regra do art. 9º, II, da Lei nº 12.546/2011. Logo, as receitas 
decorrentes das operações de vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus 
devem ser excluídas da base de cálculo da contribuição previdenciária sobre a receita bruta 
(CPRB). 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.579.967-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 08/09/2020 (Info 
681). 
 
Direito Aduaneiro 
 
● INFO. 665 
 
Súmula 640-STJ: O benefício fiscal que trata do Regime Especial de Reintegração de 
Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (REINTEGRA) alcança as operações de 
venda de mercadorias de origem nacional para a Zona Franca de Manaus, para consumo, 
industrialização ou reexportação para o estrangeiro. 
 
● INFO. 667 
 
Em razão do seu caráter interpretativo, o conceito abrangente de licitação internacional 
revelado pelo art. 3o da Lei no 11.732/2008 retroage às situações anteriores a sua entrada 
em vigor. 
 
ITBI 
 
● INFO. 682 
 
A nulidade de negócio jurídico de compra e venda de imóvel viabiliza a restituição do valor 
recolhido pelo contribuinte a título de ITBI. 
ITBI significa imposto sobre transmissão inter vivos, sendo tributo de competência dos 
Municípios. Segundo o art. 156, II da CF/88, o ITBI será cobrado quando houver 
“transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza 
ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão 
de direitos a sua aquisição”. Exemplo: João vendeu uma casa a Pedro. Sobre essa 
transmissão, há incidência do ITBI, que foi pago pelo comprador. Suponha, no entanto, 
que, posteriormente, esse negócio jurídico (compra e venda) tenha sido anulada por 
sentença judicial transitada em julgado. Neste caso, conclui-se que não houve a transmissão 
da propriedade, estando ausente o fato gerador do imposto. Logo, é devida a restituição do 
ITBI que foi pago. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.493.162-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia 
Filho, julgado em 14/10/2020 (Info 682). 
 
Imposto de Importação 
 
● INFO. 671 - Mudança de entendimento! 
 
Os serviços de capatazia estão incluídos na composição do valor aduaneiro e integram a 
base de cálculo do imposto de importação. Os serviços de capatazia integram o conceito de 
valor aduaneiro, tendo em vista que tais atividades são realizadas dentro do porto ou ponto 
de fronteira alfandegado na entrada do território aduaneiro. STJ. 1ª Seção. REsp 1.799.306-
RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, Rel. Acd. Min. Francisco Falcão, julgado em 11/03/2020 
(Recurso Repetitivo – Tema 1014) (Info 671). 
 
Restituição de valores devidos ao contribuinte 
 
● INFO. 670 
 
O termo inicial da correção monetária de ressarcimento de crédito escritural excedente de 
tributo sujeito ao regime não cumulativo ocorre somente após escoado o prazo de 360 dias 
para a análise do pedido administrativo pelo Fisco (art. 24 da Lei nº 11.457/2007). STJ. 1ª 
Seção. REsp 1.767.945-PR, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 12/02/2020 (Recurso 
Repetitivo – Tema 1.003) (Info 670). 
 
PIS E COFINS 
 
● INFO. 670 
 
É cabível o creditamento de PIS e Cofins decorrentes da aquisição de bens e serviços 
provenientes de empresas localizadas fora da Zona Franca de Manaus (ZFM), quando tais 
bens e serviços não são revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços 
sujeitos a alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. STJ. 1ª Turma. 
REsp 1.259.343-AM, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. Acd. Min. Regina Helena Costa, julgado 
em 03/03/2020 (Info 670). 
 
● INFO. 672 
 
Aproveitamento de créditos de PIS e Cofins e sistema monofásico. O benefício 
fiscal consistente em permitir a manutenção de créditos de PIS e Cofins, ainda que as 
vendas e revendas realizadas pela empresa não tenham sido oneradas pela incidência 
dessas contribuições no sistema monofásico, é extensível às pessoas jurídicas não 
vinculadas ao REPORTO. STJ. 1ª Turma. REsp 1.861.190-RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, 
julgado em 26/05/2020 (Info 672). 
 
IPI 
● INFO. 672 
 
O art. 46, II, do CTN prevê o seguinte: Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre 
produtos industrializados tem como fato gerador: II - a sua saída dos estabelecimentos a 
que se refere o parágrafo único do artigo 51; A saída do estabelecimento a que refere o art. 
46, II, do CTN, que caracteriza o aspecto temporal da hipótese de incidência, pressupõe, 
logicamente, a mudança de titularidade do produto industrializado. Havendo mero 
deslocamento para outro estabelecimento ou para outra localidade, permanecendo o 
produto sob o domínio do contribuinte, não haverá incidência do IPI. STJ. 1ª Turma. REsp 
1.402.138-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 12/05/2020 (Info 672). 
 
Processo Tributário 
 
● INFO. 673 
 
O Secretário de Estado da Fazenda não está legitimado a figurar, como 
autoridade coatora, em mandados de segurança que visa evitar a prática de 
lançamento fiscal - A legitimação da autoridade coatora deve ser aferida à base das duas 
funções acima descritas; só o órgão capaz de as cumprir pode ser a autoridade coatora. Por 
essa razão, o Secretário de Estado da Fazenda não possui legitimidade para figurar, como 
autoridade coatora, em mandado de segurança que visa afastar exigência fiscal 
supostamente ilegítima considerando que ele não competência para a prática de lançamento 
fiscal. STJ. 2ª Turma. RMS 54.823-PB, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 
26/05/2020 (Info 673). 
 
 
ECA 
 
Classificação indicativa 
 
● INFO. 663/2020 
 
Emissorade TV pode ser condenada ao pagamento de indenização por danos morais 
coletivos em razão da exibição de filme fora do horário recomendado pelo Ministério da 
Justiça. 
 
Proteção à Criação e ao Adolescente 
 
● INFO. 666 
 
O art. 78 do ECA traz um dever que obriga todos os que integram a cadeia de consumo, 
abrangendo o editor da revista ou publicação, o transportador, o distribuidor e o 
comerciante. 
 
Colocação em família substituta 
Guarda 
● INFO. 679 
 
Sentença que afastou criança do lar não impede pedido judicial de guarda pela mesma 
família. 
Situação hipotética: um casal exerceu irregularmente a guarda de uma criança nos anos de 
2014 e 2016. O juiz, atendendo a pedido do Ministério Público, determinou que essa criança 
fosse levada a acolhimento institucional em razão de burla ao cadastro de adoção. Houve 
trânsito em julgado dessa decisão que determinou o afastamento da criança do convívio 
com essa família. Ocorre que se passaram quatro anos e a criança permanece no “abrigo”, 
sem que tenha sido adotada. Diante disso, em 2020, o casal formulou novo pedido de 
guarda alegando que existem vínculos socioafetivos entre a criança e a família. O STJ 
afirmou que é possível o deferimento do pedido. As ações que envolvam a guarda da 
criança, por suas características peculiares, são modificáveis com o tempo, bastando que 
exista a alteração das circunstâncias fáticas que justificaram a sua concessão, ou não, no 
passado. Assim, transitada em julgado a sentença de procedência do pedido de afastamento 
do convívio familiar de que resultou o acolhimento institucional da menor, quem exercia 
irregularmente a guarda e pretende adotá-la possui interesse jurídico para, após 
considerável lapso temporal, ajuizar ação de guarda cuja causa de pedir seja a modificação 
das circunstâncias fáticas que ensejaram o acolhimento, não lhe sendo oponível a coisa 
julgada que se formou na ação de afastamento. 
Em suma: o trânsito em julgado de sentença de procedência do pedido de afastamento do 
convívio familiar não é oponível a quem exercia a guarda irregularmente e, após 
considerável lapso temporal, pretende ajuizar ação de guarda cuja causa de pedir seja a 
modificação das circunstâncias fáticas. STJ. 3ª Turma. REsp 1.878.043-SP, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, julgado em 08/09/2020 (Info 679). 
 
Adoção 
 
● INFO. 666 
 
O registro civil de nascimento de pessoa adotada sob a égide do Código Civil/1916 não pode 
ser alterado para a inclusão dos nomes dos ascendentes dos pais adotivos. 
 
● INFO. 676 
 
O risco de contaminação pela Covid-19 em casa de acolhimento pode justificar a 
manutenção da criança com a família substituta. O Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA) adota a chamada doutrina da proteção integral (art. 1º da Lei nº 
8.069/90), segundo a qual deve-se observar o melhor interesse da criança. Ressalvado o 
risco evidente à integridade física e psíquica, que não é a hipótese dos autos, o acolhimento 
institucional não representa o melhor interesse da criança. A observância do cadastro de 
adotantes não é absoluta porque deve ser sopesada com o princípio do melhor interesse da 
criança, fundamento de todo o sistema de proteção ao menor. O risco de contaminação 
pela Covid-19 em casa de acolhimento justifica a manutenção da criança com a família 
substituta. STJ. 3ª Turma. HC 572.854-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 
04/08/2020 (Info 676). 
 
● INFO. 678 
 
O art. 42, § 1º proíbe que os avós adotem seu neto (“Não podem adotar os ascendentes e 
os irmãos do adotando”). 
Essa regra proibitiva tem por objetivo: • evitar inversões e confusões nas relações familiares 
- em decorrência da alteração dos graus de parentesco • impedir a utilização do instituto 
com finalidade meramente patrimonial. Vale ressaltar, no entanto, que o STJ admite a sua 
mitigação (relativização) excepcional quando: 
a) o pretenso adotando seja menor de idade; 
b) os avós (pretensos adotantes) exerçam, com exclusividade, as funções de mãe e pai do 
neto desde o seu nascimento; 
c) a parentalidade socioafetiva tenha sido devidamente atestada por estudo psicossocial; d) 
o adotando reconheça os - adotantes como seus genitores e seu pai (ou sua mãe) como 
irmão; 
e) inexista conflito familiar a respeito da adoção; 
f) não se constate perigo de confusão mental e emocional a ser gerada no adotando; 
g) não se funde a pretensão de adoção em motivos ilegítimos, a exemplo da predominância 
de interesses econômicos; e 
h) a adoção apresente reais vantagens para o adotando. Assim, é possível a mitigação da 
norma geral impeditiva contida no § 1º do art. 42 do ECA, de modo a se autorizar a adoção 
avoenga em situações excepcionais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.448.969-SC, Rel. Min. Moura 
Ribeiro, julgado em 21/10/2014 (Info 551). STJ. 4ª Turma. REsp 1.587.477-SC, Rel. Min. 
Luis Felipe Salomão, julgado em 10/03/2020 (Info 678). 
 
Crimes do ECA 
 
● INFO. 666 
 
Em regra, não há automática consunção quando ocorrem armazenamento e 
compartilhamento de material pornográfico infanto-juvenil. 
 
Juiz não pode aumentar a pena-base do crime do art. 241-A do ECA alegando que a conduta 
social ou a personalidade são desfavoráveis, sob o argumento de que o réu manifestou 
grande interesse por material pornográfico. 
 
MSE 
 
● INFO. 672 
 
É válida a extinção de medida socioeducativa de internação quando o juízo da 
execução, ante a superveniência de processo-crime após a maioridade penal, 
entende que não restam objetivos pedagógicos em sua execução. Exemplo: 
Adriano, de 20 anos, foi sentenciado a cumprir medida socioeducativa de internação em 
virtude de ato infracional praticado quando ele era adolescente. A sentença transitou em 
julgado. Ocorre que o juízo da vara de infância e juventude constatou que Adriano 
encontrase preso em razão de crime de roubo cometido quando ele já era adulto. Diante 
disso, o juízo da vara infracional extinguiu a execução da medida socioeducativa afirmando 
que, tendo em vista a sua idade e o seu perfil pessoal agravado, não restam objetivos 
pedagógicos no cumprimento da internação. O STJ afirmou que a decisão foi acertada. O 
art. 46, § 1º da Lei nº 12.594/2012 (Lei do SINASE) prevê a seguinte faculdade para o 
julgador: Art. 46 (...) § 1º No caso de o maior de 18 (dezoito) anos, em cumprimento de 
medida socioeducativa, responder a processo-crime, caberá à autoridade judiciária decidir 
sobre eventual extinção da execução, cientificando da decisão o juízo criminal competente. 
STJ. 6ª Turma. HC 551.319-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/05/2020 (Info 672). 
 
Internação 
 
● INFO. 668 
 
É legal a internação de adolescente gestante ou com o filho em amamentação, desde que 
assegurada atenção integral à sua saúde, bem como as condições necessárias para que 
permaneça com seu filho durante o período de amamentação. 
Não há impeditivo legal para a internação de adolescente gestante ou com filho em 
amamentação, desde que seja garantida atenção integral à saúde do adolescente, além de 
asseguradas as condições necessárias para que a adolescente submetida à execução de 
medida socioeducativa de privação de liberdade permaneça com o seu filho durante o 
período de amamentação (arts. 60 e 63, § 2º da Lei nº 12.594/12 - SINASE). STJ. 5ª Turma. 
HC 543.279/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/03/2020. 
 
 
● INFO. 672 
 
Se a internação for aplicada sem termo, o cálculo do prazo prescricional deverá 
levar em consideração a duração máxima da internação (3 anos). Tratando-se de 
medida socioeducativa aplicada sem termo, o prazo prescricional deve ter como parâmetro 
a duração máxima da internação (3 anos), e não o tempo da medida, que poderá 
efetivamente ser cumprida até que o socioeducando complete 21 anos de idade. Assim, 
deve-se considerar o lapso prescricional de 8 anos previsto no art. 109, IV, do Código Penal, 
posteriormente reduzido pela metade em razão do disposto no art. 115 do mesmo diploma 
legal,

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