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INFORMATIVOS STJ 2020 (ATÉ o Info nº 683) Conteúdo extraído dos informativos comentados do Dizer o Direito Material elaborado por Giovanna Calvano - https://www.passeidireto.com/perfil/giovanna-calvano/ Sumário DIREITO CONSTITUCIONAL .......................................................................................... 7 Ministério Público ....................................................................................................... 7 Ministério Público do Trabalho ............................................................................... 7 Defensoria Pública ..................................................................................................... 7 Direitos e Garantias ................................................................................................... 8 Direito ao esquecimento......................................................................................... 9 Poder Judiciário ....................................................................................................... 10 Tribunal de Contas .................................................................................................. 10 DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................ 11 Improbidade administrativa ..................................................................................... 11 Intervenção do Estado na propriedade .................................................................... 12 Limitação Administrativa ...................................................................................... 12 Desapropriação .................................................................................................... 12 Licitações ................................................................................................................. 12 Agentes Públicos...................................................................................................... 13 Responsabilidade Civil ............................................................................................. 14 Processo Administrativo Disciplinar .......................................................................... 14 Processo administrativo ........................................................................................... 15 Concurso Público ..................................................................................................... 15 Organização Administrativa ..................................................................................... 15 Conselhos Profissionais ........................................................................................ 15 Fundações ............................................................................................................ 16 Autotutela ................................................................................................................ 17 Infrações de trânsito ............................................................................................... 17 D. ADM Militar ......................................................................................................... 17 Poder de Polícia ....................................................................................................... 18 https://www.passeidireto.com/perfil/giovanna-calvano/ Outros ..................................................................................................................... 19 DIREITO TRIBUTÁRIO ................................................................................................ 19 Imposto de Renda ................................................................................................... 20 ICMS ........................................................................................................................ 21 Contribuições ........................................................................................................... 22 Direito Aduaneiro ..................................................................................................... 23 ITBI ......................................................................................................................... 23 Imposto de Importação ........................................................................................... 23 Restituição de valores devidos ao contribuinte ........................................................ 24 PIS E COFINS .......................................................................................................... 24 IPI ........................................................................................................................... 24 Processo Tributário .................................................................................................. 25 ECA ............................................................................................................................. 25 Classificação indicativa ............................................................................................ 25 Proteção à Criação e ao Adolescente ....................................................................... 25 Colocação em família substituta............................................................................... 25 Guarda ................................................................................................................. 25 Adoção ................................................................................................................. 26 Crimes do ECA ......................................................................................................... 27 MSE ......................................................................................................................... 27 Internação ........................................................................................................... 28 Direito ao esquecimento....................................................................................... 28 ADPF ....................................................................................................................... 29 Honorários advocatícios ........................................................................................... 30 DIREITO AMBIENTAL .................................................................................................. 30 Ação Popular ........................................................................................................... 30 Multa ....................................................................................................................... 30 Código Florestal ....................................................................................................... 31 Responsabilidade por dano ambiental ...................................................................... 31 DIREITO CIVIL ............................................................................................................ 32 Outros temas ........................................................................................................... 32 Direito das famílias .................................................................................................. 33 União Estável ....................................................................................................... 33 Parentesco ........................................................................................................... 34 Divórcio ................................................................................................................ 34 Alimentos ............................................................................................................. 35 Bem de Família ........................................................................................................ 39 Arbitragem...............................................................................................................40 Obrigações .............................................................................................................. 40 Juros .................................................................................................................... 41 Sucessões ................................................................................................................ 42 Testamento .......................................................................................................... 43 Inventário ............................................................................................................ 43 Direitos Reais ........................................................................................................... 43 Posse ................................................................................................................... 43 Usucapião ............................................................................................................ 44 Condomínio .......................................................................................................... 46 Direito real de habitação ...................................................................................... 46 Usufruto vidual ..................................................................................................... 47 Hipoteca ............................................................................................................... 48 Responsabilidade Civil ............................................................................................. 48 Responsabilidade civil e internet .......................................................................... 50 Direitos da Personalidade ........................................................................................ 51 Direito ao esquecimento....................................................................................... 52 Direito à imagem .................................................................................................. 52 Contratos ................................................................................................................. 52 Compra e venda ................................................................................................... 54 Doação ................................................................................................................. 55 Seguro ................................................................................................................. 55 Fiança .................................................................................................................. 56 Locação de Imóveis Urbanos................................................................................ 56 Locação comercial ................................................................................................ 56 Alienação Fiduciária .............................................................................................. 57 Arrendamento Mercantil ....................................................................................... 60 Arrendamento residencial ..................................................................................... 61 SFH (Sistema Financeiro de Habitação) ................................................................ 61 Mandato ............................................................................................................... 61 Prestação de Serviços Advocatícios ...................................................................... 62 Contrato de Transporte ........................................................................................ 63 DIREITO PROCESSUAL CIVIL ...................................................................................... 63 Princípios ................................................................................................................. 63 Processo de conhecimento ...................................................................................... 64 Petição Inicial ....................................................................................................... 64 Citação ................................................................................................................. 65 Reconvenção ........................................................................................................ 66 Técnica de Ampliação de Colegiado ......................................................................... 66 IRDR ........................................................................................................................ 67 Processo Coletivo ..................................................................................................... 67 Gratuidade/isenção de custas .................................................................................. 69 Execução e cumprimento de sentença ..................................................................... 70 Cumprimento de Sentença ................................................................................... 70 Execução .............................................................................................................. 72 Procedimentos especiais .......................................................................................... 78 Monitória .............................................................................................................. 78 Embargos de terceiro ........................................................................................... 78 Exigir contas ........................................................................................................ 79 Honorários advocatícios ........................................................................................... 80 Recursos .................................................................................................................. 82 TEMPESTIVIDADE ................................................................................................ 84 Ação Rescisória ........................................................................................................ 84 Provas ..................................................................................................................... 85 Suspeição ................................................................................................................ 86 Juizados ................................................................................................................... 87 Suspensão de Segurança ......................................................................................... 88 DIREITO DO CONSUMIDOR ........................................................................................ 88 Conceito de consumidor .......................................................................................... 88 Responsabilidade ..................................................................................................... 88 por fato de produto .............................................................................................. 88 Por fato de serviço ............................................................................................... 89 Vício de produto ................................................................................................... 89 Práticas abusivas ..................................................................................................... 90 Indenização Tarifada ............................................................................................... 91 Plano de Saúde ........................................................................................................ 92 Oferta ......................................................................................................................96 Publicidade Enganosa .............................................................................................. 96 Banco de dados ....................................................................................................... 96 Cobrança Judicial indevida ....................................................................................... 97 Dano moral coletivo ................................................................................................. 97 Contratos Bancários ................................................................................................. 97 DIREITO EMPRESARIAL .............................................................................................. 98 Representação Comercial ........................................................................................ 98 Recuperação Judicial ............................................................................................... 98 Falência ................................................................................................................. 103 Contratos Empresarias ........................................................................................... 105 Shopping center ................................................................................................. 105 Bancários ........................................................................................................... 105 Marca .................................................................................................................... 106 Títulos de crédito ................................................................................................... 107 Nota promissória ................................................................................................ 107 Duplicata ............................................................................................................ 107 Letra de câmbio ................................................................................................. 108 Liquidação extrajudicial ......................................................................................... 108 Propriedade industrial ............................................................................................ 109 DIREITO PENAL ........................................................................................................ 110 Autoria ................................................................................................................... 110 Representação ....................................................................................................... 110 Prescrição .............................................................................................................. 112 Princípio da Insignificância ..................................................................................... 113 Pena de Multa ........................................................................................................ 113 Dosimetria ............................................................................................................. 113 Habeas Corpus ...................................................................................................... 114 Medida de Segurança ............................................................................................ 115 Lei Extravagante ................................................................................................... 115 Estatuto do desarmamento ................................................................................ 115 Maria da Penha .................................................................................................. 116 Lei de Drogas ..................................................................................................... 116 Lei Antiterrorismo ............................................................................................... 118 Lei de Contravenções ......................................................................................... 118 Crimes do ECA ................................................................................................... 118 Crimes Contra o Sistema Financeiro ................................................................... 118 Crimes contra a ordem Tributária ....................................................................... 119 Crimes do CTB ................................................................................................... 120 Crimes de Responsabilidade dos prefeitos .......................................................... 120 Crimes Ambientais ............................................................................................. 120 Organizações criminosas .................................................................................... 121 Crimes em espécie ................................................................................................. 122 Contra a honra ................................................................................................... 122 Estelionato ......................................................................................................... 122 Falsidade ideológica ........................................................................................... 123 Peculato ............................................................................................................. 124 Roubo ................................................................................................................ 124 Homicídio ........................................................................................................... 124 Crimes contra a ADM Pública ............................................................................. 125 Dignidade sexual ................................................................................................ 125 DIREITO PROCESSUAL PENAL .................................................................................. 127 ANPP ..................................................................................................................... 127 Prisão .................................................................................................................... 127 Indulto ................................................................................................................... 130 Execução Penal ...................................................................................................... 130 Audiência de Custódia ........................................................................................... 132 Recursos ................................................................................................................ 132 Ingresso em Domicílio ........................................................................................... 132 Sujeitos processuais .............................................................................................. 132 Suspeição/impedimento ..................................................................................... 133 Competência .......................................................................................................... 133 Tribunal do Júri ..................................................................................................... 135 Suspensão Condicional .......................................................................................... 135 Recursos ................................................................................................................ 135 Medidas cautelares ................................................................................................ 136 Incidentes .............................................................................................................. 136 Provas................................................................................................................... 137 DIREITO PREVIDENCIÁRIO ....................................................................................... 138 Salário de Benefício ............................................................................................... 138 Previdência Privada ............................................................................................... 138 Contribuição previdenciária .................................................................................... 139 Decadência ............................................................................................................ 139 Aposentadoria........................................................................................................ 140 Aposentadoria rural ............................................................................................... 140 DIREITO INTERNACIONAL ........................................................................................ 141 PENAL MILITAR ......................................................................................................... 141 DIREITO NOTARIAL e REGISTRAL ............................................................................ 141 DIREITO CONSTITUCIONAL Ministério Público ● INFO. 662 Ação de improbidade administrativa proposta contra Promotor de Justiça (podendo resultar na perda do cargo): julgada em 1ª instância; ação civil de perda de cargo de Promotor não envolvendo improbidade administrativa: julgada pelo TJ. Ministério Público do Trabalho ● INFO. 670 Os Ministérios Públicos dos Estados podem atuar, diretamente, na condição de partes, perante os Tribunais Superiores, em razão da não existência de vinculação ou subordinação entre o Parquet Estadual e o Ministério Público da União. Tal conclusão, entretanto, não pode ser aplicada ao Ministério Público do Trabalho, considerando que o MPT é sim órgão vinculado ao Ministério Público da União, conforme dispõe o art. 128, I, “b”, da Constituição Federal. O MPT integra a estrutura do MPU, atuando perante o Tribunal Superior do Trabalho, não tendo legitimidade para funcionar no âmbito do STJ, tendo em vista que esta atribuição é reservada aos Subprocuradores-gerais da República integrantes do quadro do Ministério Público Federal. STJ. 1ª Seção. AgRg no CC 122.940-MS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 07/04/2020 (Info 670) Defensoria Pública ● INFO 664 É inviável o acolhimento do requerimento formulado pela DPU para assistir parte em processo que tramita no STJ nas hipóteses em que a Defensoria Pública Estadual atuante possui representação em Brasília ou aderiu ao portal de intimações eletrônicas. ● INFO. 673 Havendo convênio entre a Defensoria e a OAB possibilitando a atuação dos causídicos quando não houver defensor público para a causa, os honorários podem ser executados nos próprios autos, mesmo se o Estado não tiver participado da ação de conhecimento - Se for exigido que os advogados promovam uma ação específica contra a Fazenda Pública para poderem receber seus honorários, isso fará com que eles sejam muito resistentes em aceitar a função de advogado dativo, porque terão de trabalhar não só na ação para a qual foram designados, mas também em outra ação que terão de propor contra a Fazenda Pública. O fato de o Estado não ter participado da lide na ação de conhecimento não impede que ele seja intimado a pagar os honorários, que são de sua responsabilidade em razão de convênio celebrado entre a Defensoria Pública e a Ordem dos Advogados do Brasil, em cumprimento de sentença. STJ. Corte Especial. EREsp 1.698.526-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Rel. Acd. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 05/02/2020 (Info 673). Direitos e Garantias ● INFO. 666 A omissão injustificada da Administração em providenciar a disponibilização de banho quente nos estabelecimentos prisionais fere a dignidade de presos sob sua custódia. ● INFO. 666 Não é permitido o ingresso na residência do indivíduo pelo simples fato de haver denúncias anônimas e ele ter fugido da polícia. ● INFO. 678 A determinação judicial para identificação dos usuários que operaram em determinada área geográfica, suficientemente fundamentada, não ofende a proteção à privacidade e à intimidade. A quebra do sigilo de dados armazenados não obriga a autoridade judiciária a indicar previamente as pessoas que estão sendo investigadas, até porque o objetivo precípuo dessa medida é justamente de proporcionar a identificação do usuário do serviço ou do terminal utilizado. Logo, a ordem judicial para quebra do sigilo dos registros, delimitada por parâmetros de pesquisa em determinada região e por período de tempo, não se mostra medida desproporcional, porquanto, tendo como norte a apuração de gravíssimos crimes, não impõe risco desmedido à privacidade e à intimidade dos usuários possivelmente atingidos por tal diligência. STJ. 3ª Seção. RMS 61.302-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/08/2020 (Info 678) ● INFO. 682 DIREITO À INFORMAÇÃO Jornal poderá acessar dados sobre mortes registradas em ocorrências policiais. Caso concreto: o jornal Folha de São Paulo pediu para que o Governo do Estado fornecesse informações relacionadas a mortes registradas pela polícia em boletins de ocorrência. O pedido foi negado sob o fundamento de que, apesar de terem natureza pública, esses dados deveriam ser divulgados com cautela e não seriam indispensáveis para o trabalho jornalístico. O STJ não concordou e afirmou que não cabe à administração pública ou ao Poder Judiciário discutir o uso que se pretende dar à informação de natureza pública. A informação, por ser pública, deve estar disponível ao público, independentemente de justificações ou considerações quanto aos interesses a que se destina. Não se pode vedar o exercício de um direito – acessar a informação pública – pelo mero receio do abuso no exercício de um outro e distinto direito – o de livre comunicar. Em suma: veículo de imprensa jornalística possui direito líquido e certo de obter dados públicos sobre óbitos relacionados a ocorrências policiais. STJ. 2ª Turma. REsp 1.852.629-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 06/10/2020 (Info 682). Direito ao esquecimento ● INFO. 670 Existindo interesse social à memória histórica de crime notório, não é possível acolher a tese do direito ao esquecimento para proibir qualquer veiculação futura de matérias jornalísticas relacionadas ao fato. A veiculação de matéria jornalística sobre delito histórico que expõe a vida cotidiana de terceiros não envolvidos no fato criminoso, em especial de criança e de adolescente, representa ofensa ao princípio da intranscendência. Existindo evidente interesse social no cultivo à memória histórica e coletiva de delito notório, incabível o acolhimento da tese do direito ao esquecimento para proibir qualquer veiculação futura de matérias jornalísticas relacionadas ao fato criminoso cuja pena já se encontra cumprida. O chamado direito ao esquecimento, apesar de ser reconhecido pela jurisprudência, não possui caráter absoluto. Em caso de evidente interesse social no cultivo à memória histórica e coletiva de delito notório, não se pode proibir a veiculação de matérias jornalísticas relacionados com o fato criminoso, sob pena de configuração de censura prévia, vedada pelo ordenamento jurídico pátrio. Em tal situação, não se aplica o direito ao esquecimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1.736.803-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 28/04/2020 (Info 670) Matéria jornalística que, sob o pretexto de noticiar crime histórico, expõe a intimidade do atual marido e dos filhos da condenada, pessoas que não têm relação direta com o fato, ofende o princípio da intranscendência ou da pessoalidade da pena, descritono art. 5º, XLV, da CF/88 e no art. 13 do Código Penal. Isso porque, ao expor publicamente a intimidade dos referidos familiares em razão do crime ocorrido, a reportagem compartilhou dimensões evitáveis e indesejáveis dos efeitos da condenação então estendidas à atual família da ex- condenada. Especificamente quanto aos filhos, menores de idade, ressalta-se a Opinião Consultiva n. 17, de 28 de agosto de 2002 da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que entende que o melhor interesse das crianças e dos adolescentes é reconhecido como critério regente na aplicação de normas em todos os aspectos da vida dos denominados “sujeitos em desenvolvimento”. Ademais, a exposição jornalística da vida cotidiana dos infantes, relacionando-os, assim, ao ato criminoso, representa ofensa ao direito ao pleno desenvolvimento de forma sadia e integral, nos termos do art. 3º do ECA e do art. 16 da Convenção sobre os Direitos da Criança, promulgada pelo Decreto nº 99.710/90. STJ. 3ª Turma. REsp 1.736.803-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 28/04/2020 (Info 670) Poder Judiciário ● INFO. 666 A readmissão na carreira da Magistratura não encontra amparo na Lei Orgânica da Magistratura Nacional nem na Constituição Federal de 1988. ● INFO. 667 Inexiste ilegalidade em portaria editada pelo Juiz Diretor do Foro que restringiu o ingresso de pessoas portando arma de fogo nas dependências do Fórum. ● INFO. 675 Na definição da competência da Justiça Militar, considera-se o critério subjetivo do militar em atividade, em serviço ou não, aliado ao critério objetivo, do bem ou serviço militar juridicamente tutelado. Para a definição da competência da justiça militar, faz-se necessária a observância do: • critério subjetivo (delito praticado por militar em atividade, em serviço ou não), • aliado ao critério objetivo (vulneração de bem jurídico caro ao serviço e ao meio militar, a ser analisada no caso concreto). Ex: policial militar estava em sua casa, de folga. Ele e a esposa começaram a discutir por ciúmes. Embriagado, ele ameaçou matar a esposa. Com medo, a mulher se trancou no banheiro e ligou para a polícia. Foi deslocada uma viatura com dois policiais militares para atender a ocorrência. Quando os policiais chegaram, o agressor fugiu, mas antes atirou contra eles e contra a viatura. A fuga e a resistência do policial militar, contextualizada com disparos de arma de fogo contra colegas e contra viatura da corporação, são suficientes para configurar a vulneração da regularidade da Polícia Militar, cujo primado se pauta pela hierarquia e disciplina. STJ. 5ª Turma. HC 550.998-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 23/06/2020 (Info 675). Tribunal de Contas ● INFO. 674 O Tribunal de Contas do Distrito Federal tem competência para fiscalizar a aplicação de recursos federais repassados ao Distrito Federal. O TCU, por força do art. 71, VI, da CF/88, tem competência para fiscalizar o uso dos recursos federais repassados a outros entes federados, como no caso de verbas federais repassadas ao Distrito Federal. Vale ressaltar, contudo, que, diante da autonomia própria dos entes federados, a fiscalização, pelo TCU, dos recursos federais repassados ao Distrito Federal não impede que o TCDF também faça a fiscalização da aplicação desses mesmos recursos, até porque ele tem pleno e legítimo interesse na regular prestação dos serviços de saúde no seu território. Assim, por força dos arts. 71 e 75 da Constituição Federal e do art. 78 da Lei Orgânica do Distrito Federal, o Tribunal de Contas do Distrito Federal tem competência para fiscalizar a aplicação de recursos federais repassados ao Distrito Federal. STJ. 1ª Turma. RMS 61.997-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 16/06/2020 (Info 674). DIREITO ADMINISTRATIVO Improbidade administrativa ● INFO. 674 Os benefícios da colaboração premiada, previstos nas Leis nº 8.884/94 e 9.807/99, não são aplicáveis no âmbito da ação de improbidade administrativa. Os benefícios de colaboração premiada previstos na nº Lei 9.807/99 - que instituiu o Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas -, bem como na antiga Lei Antitruste (Lei nº 8.884/94), não são aplicáveis para os casos em que não se discute a prática de crimes contra a ordem econômica, nem estão demonstradas as hipóteses de proteção previstas na Lei nº 9.807/99. STJ. 2ª Turma. REsp 1.464.287-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/03/2020 (Info 674). Observação: os fatos julgados pelo STJ ocorreram antes da Lei nº 12.850/2013 e da Lei nº 13.964/2019. O § 1º do art. 17 da Lei nº 8.492/92 proibia a realização de transação, acordo ou conciliação nas ações de improbidade administrativa. A Lei nº 13.964/2019 alterou esse dispositivo para admitir a celebração de acordo de não persecução cível. Veja a redação atual: Art. 17. (...) § 1º As ações de que trata este artigo admitem a celebração de acordo de não persecução cível, nos termos desta Lei. ● INFO. 678 Mesmo que o ato de improbidade tenha sido praticado em mandato anterior, se o indivíduo for condenado, a suspensão dos direitos políticos pode ser aplicada para que ele perca o mandato atual. A pena de suspensão dos direitos políticos por ato de improbidade administrativa alcança qualquer mandato eletivo que esteja sendo ocupado à época do trânsito em julgado da condenação. Uma vez que o pleno exercício dos direitos políticos é pressuposto para o exercício da atividade parlamentar, determinada a suspensão de tais direitos, é evidente que essa suspensão alcança qualquer mandato eletivo que esteja sendo ocupado à época do trânsito em julgado da sentença condenatória. É descabido restringir a aludida suspensão ao mandato que serviu de instrumento para a prática da conduta ilícita. Diante do escopo da Lei de Improbidade Administrativa de extirpar da Administração Pública os condenados por atos ímprobos, a suspensão dos direitos políticos abrange qualquer atividade que o agente esteja exercendo ao tempo da condenação irrecorrível pelo tempo que imposta a pena. STJ. 2ª Turma. REsp 1.813.255-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 03/03/2020 (Info 678). STJ. EREsp 1701967/RS, Rel. para acórdão Min. Francisco Falcão, julgado em 09/09/2020. Intervenção do Estado na propriedade Limitação Administrativa ● INFO. 662 Em ação de desapropriação indireta é cabível reparação decorrente de limitações administrativas. Desapropriação ● INFO. 671 Qual é o prazo da ação de desapropriação indireta? Regra: 10 anos (art. 1.238, parágrafo único, do CC/2002). Exceção: o prazo será de 15 anos se ficar comprovada a inexistência de obras ou serviços públicos no local. Em regra, portanto, o prazo prescricional das ações indenizatórias por desapropriação indireta é de 10 anos porque existe uma presunção relativa de que o Poder Público realizou obras ou serviços públicos no local. Admite-se, excepcionalmente, o prazo prescricional de 15 anos, caso a parte interessada comprove, concreta e devidamente, que não foram feitas obras ou serviços no local, afastando a presunção legal. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.575.846-SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 26/06/2019 (Info 658). O prazo prescricional aplicável à desapropriação indireta, na hipótese em que o Poder Público tenha realizado obras no local ou atribuído natureza de utilidade pública ou de interesse social ao imóvel, é de 10 anos, conforme parágrafo único do art. 1.238 do CC. STJ. 1ª Seção. REsp 1.757.352-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/02/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1109) (Info 671). Obs: a súmula 119 do STJ está superada (Súmula 119-STJ: A ação de desapropriação indireta prescreve em vinte anos). Licitações ● INFO. 662 O estabelecimento de critérios de classificação para a escolha de licitantes em credenciamento é ilegal. ● INFO. 669 O art. 18 da Lei nº 8.666/93 estabelece ovalor da caução, na fase de habilitação de concorrência pública para venda de bens imóveis, no percentual de 5% da avaliação do imóvel. É proibido que a Administração Pública fixe caução em valor diverso do estabelecido em lei. Não cabe, assim, estabelecer percentual diverso ou mesmo aceitar valor de caução inferior a 5% da avaliação do imóvel, em face do princípio da legalidade. STJ. 2ª Turma. REsp 1.617.745-DF, Rel. Min. Og Fernandes, Rel. Acd. Min. Assusete Magalhães, julgado em 22/10/2019 (Info 669). ● INFO. 683 Os editais de licitação ou pregão não podem conter cláusula prevendo percentual mínimo referente à taxa de administração, sob pena de ofensa ao art. 40, X, da Lei nº 8.666/93. O edital de licitação não pode fixar um preço mínimo a ser oferecido pelos licitantes (art. 40, X, da Lei nº 8.666/93). Só um preço máximo. Essa vedação se justifica porque o objetivo da licitação é o de selecionar a proposta mais vantajosa. Ocorre que algumas propostas apresentadas são claramente inexequíveis, ou seja, o licitante não conseguirá custear o bem ou prestar o serviço e ainda ter lucro. Isso significa que, mais a frente, haverá transtornos para a Administração Pública com a inexecução do contrato. Diante disso, alguns entes públicos passaram a exigir algo que denominaram de “taxa de administração”. Essa taxa é o percentual de remuneração que a empresa irá obter com aquela venda ou serviço. Se a taxa for equivalente a zero ou mesmo negativa, a proposta é claramente inexequível considerando que não haverá lucro para a empresa. Assim, alguns editais passaram a exigir um percentual mínimo de taxa de administração (ex: a empresa deverá demonstrar que, na planilha de custos que gerou o preço, está prevista a sua remuneração em, no mínimo, 1%). Essa prática é válida? O ente público pode estipular cláusula editalícia em licitação/pregão prevendo percentual mínimo de taxa de administração como forma de se resguardar de eventuais propostas inexequíveis? Não. A fixação de percentual mínimo de taxa de administração em edital de licitação/pregão fere expressamente a norma contida no inciso X do art. 40 da Lei nº 8.666/93. A taxa de administração é uma forma de remuneração do contratado pela Administração Pública, integrando, portanto, o conceito de preço. Logo, ao exigir um percentual mínimo de taxa de administração, o edital está fixando um preço mínimo. Sendo o objetivo da licitação selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração (art. 3º da Lei nº 8.666/93), a fixação de um preço mínimo atenta contra essa finalidade. A Lei de Licitações prevê outros mecanismos de combate às propostas inexequíveis em certames licitatórios, permitindo que o licitante preste garantia adicional, tal como caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, seguro-garantia e fiança bancária. STJ. 1ª Seção. REsp 1.840.113-CE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 23/09/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1038) (Info 683). Agentes Públicos ● INFO. 663/2020 Os médicos cooperados estrangeiros não possuem direito adquirido de permanecer no Projeto Mais Médicos. ● INFO. 676 Servidores de MG desligados do serviço público pela inconstitucionalidade da LCE 100/2007 possuem direito aos depósitos de FGTS (art. 19-A da Lei 8.036/90). Os servidores efetivados pelo Estado de Minas Gerais submetidos ao regime estatutário, por meio de dispositivo da LCE nº 100/2007, declarado posteriormente inconstitucional pelo STF na ADI 4.876/DF, têm direito aos depósitos no FGTS referentes ao período irregular de serviço prestado. STJ. 1ª Seção. REsp 1.806.086-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 24/06/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1020) (Info 676). Responsabilidade Civil ● INFO 664 Pretensão dos acionistas de serem indenizados pela União e pela Petrobrás pelos prejuízos causados em decorrência da desvalorização dos ativos da Companhia por conta da Lava Jato deverá ser ajuizada na Justiça Federal de 1ª instância (e não por arbitragem). ● INFO. 674 O art. 927, parágrafo único, do Código Civil pode ser aplicado para a responsabilidade civil do Estado. Aplica-se igualmente ao estado o que previsto no art. 927, parágrafo único, do Código Civil, relativo à responsabilidade civil objetiva por atividade naturalmente perigosa, irrelevante o fato de a conduta ser comissiva ou omissiva. STJ. 2ª Turma. REsp 1.869.046-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 09/06/2020 (Info 674). Processo Administrativo Disciplinar ● INFO. 665 Súmula 641-STJ: A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem apurados. ● INFO. 666 É possível a cassação de aposentadoria de servidor público pela prática, na atividade, de falta disciplinar punível com demissão. ● INFO. 682 Não há nulidade do PAD pela suposta inobservância do direito à não autoincriminação, quando a testemunha, até então não envolvida, noticia elementos que trazem para si responsabilidade pelos episódios em investigação. Caso concreto: foi instaurado PAD para apurar a conduta de João, servidor do INSS. Pedro, outro servidor da autarquia que trabalhava no mesmo setor do investigado, foi convocado para depor na condição de testemunha, tendo assinado termo de compromisso de dizer a verdade. Ocorre que Pedro não apenas confirmou as imputações feitas contra João, mas também confessou que participou dos ilícitos em apuração. Ao final do PAD, João e Pedro foram demitidos. Pedro alegou que que o PAD que originou sua demissão se encontraria eivado de ilicitude, considerando que foi obrigado a produzir provas contra si mesmo. Não houve nulidade. Quando o servidor foi chamado, ele não era investigado. Ele prestou voluntariamente seu depoimento e, em nenhum momento, insurgiu-se contra isso, o que permite concluir que, também voluntariamente, ele dispensou o uso da faculdade de não incriminar a si próprio. Logo, ele não pode, posteriormente, invocar o direito ao silêncio considerando que, por sua própria vontade, apontou, durante sua oitiva, fatos que atraíram para si a responsabilidade solidária pelos ilícitos em apuração. STJ. 1ª Seção. MS 21.205-DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14/10/2020 (Info 682). Processo administrativo ● INFO. 667 O cadastro e o peticionamento no Sistema Eletrônico de Informações denotam a ciência de que o processo administrativo tramitará de forma eletrônica. Concurso Público ● INFO. 666 Candidato só pode ser excluído de concurso público por não se enquadrar na cota para negros se houver contraditório e ampla defesa. Em casos excepcionais, em que a restauração da estrita legalidade ocasionaria mais danos sociais que a manutenção da situação consolidada pelo decurso do tempo, a jurisprudência do STJ é firme no sentido de admitir a aplicação da teoria do fato consumado. ● INFO. 668 O prazo para se questionar a preterição de nomeação de candidato em concurso público é de 5 anos, contado da data em que o outro servidor foi nomeado no lugar do aprovado. Organização Administrativa Conselhos Profissionais ● INFO. 669 O Decreto-lei nº 9.295/46 criou o Conselho Federal de Contabilidade e definiu as atribuições do Contador. A Lei nº 12.249/2010 alterou o art. 12 do DL 9.295/46 para dizer que os contadores e técnicos em contabilidade somente poderão exercer a profissão após a regular conclusão do curso de Bacharelado em Ciências Contábeis, reconhecido pelo Ministério da Educação, aprovação em Exame de Suficiência e registro no Conselho Regional de Contabilidade a que estiverem sujeitos. A implementação dos requisitos para a inscrição no conselho profissional surge no momento da conclusão do curso. Assim, é dispensável a submissão ao exame de suficiência pelos técnicos em contabilidade formados anteriormente à promulgação da Lei nº 12.249/2010 ou dentro do prazo por ela previsto. STJ. 1ª Turma. AgIntno REsp 1.830.687-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 30/03/2020 (Info 669). MUDANÇA DE ENTENDIMENTO ● INFO. 677 Técnico em contabilidade podia se inscrever no Conselho até 01/06/2010 sem fazer o Exame de Suficiência; depois dessa data, não pode mais se inscrever em hipótese alguma. Ao técnico em contabilidade que tenha concluído o curso após a edição da Lei nº 12.249/2010 é assegurado o direito de se registrar no Conselho de Classe até 1º de junho de 2015, sem que lhe seja exigido o Exame de Suficiência, sendo-lhe, dessa data em diante, vedado o registro. STJ. 1ª Turma. REsp 1.659.767-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 18/08/2020 (Info 677). Obs: a 2ª Turma entende de forma diversa e decide que o exame de suficiência, criado pela Lei nº 12.249/2010, será exigido dos técnicos em contabilidade que completarem o curso após sua vigência. Tais profissionais não estão sujeitos à regra de transição prevista no art. 12, § 2º do referido diploma (STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 1631350/RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 19/10/2020). Obs: a 2ª Turma entende de forma diversa e decide que o exame de suficiência, criado pela Lei nº 12.249/2010, será exigido dos técnicos em contabilidade que completarem o curso após sua vigência. Tais profissionais não estão sujeitos à regra de transição prevista no art. 12, § 2º do referido diploma (STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 1631350/RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 19/10/2020). ● INFO. 677 Treinador ou instrutor de tênis não precisa ser inscrito no Conselho Regional de Educação Física. O exercício da atividade de treinador ou de instrutor de tênis não exige o registro no Conselho Regional de Educação Física. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1.767.702-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 29/06/2020 (Info 677) Fundações ● INFO. 676 As fundações públicas de direito privado não fazem jus à isenção das custas processuais. A isenção das custas processuais somente se aplica para as entidades com personalidade de direito público. Dessa forma, para as Fundações Públicas receberem tratamento semelhante ao conferido aos entes da Administração Direta é necessário que tenham natureza jurídica de direito público, que se adquire no momento de sua criação, decorrente da própria lei. STJ. 4ª Turma. REsp 1.409.199-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/03/2020 (Info 676). Autotutela ● INFO. 668 Mesmo depois de terem-se passado mais de 5 anos, a Administração Pública pode anular a anistia política concedida quando se comprovar a ausência de perseguição política, desde que respeitado o devido processo legal e assegurada a não devolução das verbas já recebidas. Infrações de trânsito ● INFO. 668 É obrigatória a comprovação do envio da notificação da autuação e da imposição da penalidade de trânsito, mas não se exige que sejam acompanhadas de aviso de recebimento. D. ADM Militar ● INFO. 668 Se a mulher passar a conviver com alguém em união estável após a morte do ex- combatente, ela perde a condição de viúva (art. 2o, V, da Lei no 8.059/90) e, portanto, não terá mais direito à pensão. ● INFO. 679 Mandado de injunção é via imprópria para pleitear a regulamentação do direito militar de ascensão funcional do quadro especial do Exército Brasileiro. Determinado militar impetrou mandado de injunção contra o Comandante do Exército afirmando que ele estaria sendo omisso ao não regulamentar o direito de promoção do quadro especial do Exército Brasileiro. Não cabe mandado de injunção neste caso. Para o cabimento do mandado de injunção, é imprescindível a existência de direito previsto na Constituição que não esteja sendo exercido por ausência de norma regulamentadora. O mandado de injunção não é remédio destinado a fazer suprir lacuna ou ausência de regulamentação de direito previsto em norma infraconstitucional e, muito menos, de legislação que se refere a eventuais prerrogativas a serem estabelecidas discricionariamente pela União. Constata-se que não cabe ao Comandante do Exército, por ato infralegal, nem por iniciativa própria, inovar no ordenamento jurídico quanto à promoção de militares das Forças Armadas, sob pena de violação ao art. 61, § 1º, II, “f”, da Constituição Federal. A Carta Magna exige lei ordinária ou complementar, de iniciativa do Presidente da República, para tratar de promoções, entre outros direitos, aos militares das Forças Armadas. Além disso, o direito à promoção hierárquica no âmbito do Quadro Especial do Exército não está assegurado na Constituição Federal. STJ. Corte Especial. MI 324-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 19/02/2020 (Info 679). Poder de Polícia ● INFO. 671 Em cidades tomadas por veículos automotores, a maior parte deles a serviço de minoria privilegiada, calçadas integram o mínimo existencial de espaço público dos pedestres, a maioria da população. No Estado Social de Direito, o ato de se deslocar a pé, em segurança e com conforto, qualifica-se como direito de todos, com atenção redobrada para a acessibilidade dos mais vulneráveis, aí incluídos idosos, crianças e pessoas com deficiência. Vale ressaltar que as calçadas são consideradas bens públicos, como bens de uso comum do povo (art. 99, I, do Código Civil). A ninguém é lícito ocupar espaço público (no caso, a calçada), exceto se estritamente conforme a legislação e após regular procedimento administrativo. Se o apossamento do espaço urbano público ocorre ilegalmente, incumbe ao administrador, sob risco de cometimento de improbidade e infração disciplinar, fazer a imediata demolição de eventuais construções irregulares e a desocupação de bem turbado ou esbulhado. STJ. 2ª Turma. REsp 1.846.075-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 03/03/2020 (Info 671). ● INFO. 674 As operadoras de cartão de crédito em sentido estrito passam a ser reguladas e fiscalizadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central apenas após a edição da MP 615/2013. Existem dois tipos de instituições que podem emitir cartões de crédito: 1) instituições financeiras, que emitem e administram cartões próprios ou de terceiros e concedem financiamento direto aos portadores; 2) operadoras de cartão de crédito em sentido estrito, que são empresas não financeiras que emitem e administram cartões próprios ou de terceiros, que não financiam os seus clientes. As instituições financeiras que emitem e administram cartões próprios ou de terceiros (primeiro tipo acima) já eram fiscalizadas pelo Bacen, nos termos do art. 10, IX, da Lei nº 4.595/64. Por outro lado, as operadoras de cartão de crédito em sentido estrito só passaram a ser reguladas e fiscalizadas pelo CMN e pelo Bacen após a edição da MP 615/2013. Antes da edição da MP 615/2013, não havia dispositivo legal que obrigasse o CMN a regular e o Bacen a fiscalizar as atividades das operadoras de cartão de crédito em sentido estrito. Isso porque a intermediação que essas fazem não tem natureza financeira para os fins do art. 17 da Lei nº 4.595/64. Atualmente, existe previsão legal de normatização e fiscalização das operadoras em sentido estrito por parte do CMN e do Bacen, quadro que se formou com a edição da MP 615/2013. STJ. 2ª Turma. REsp 1.359.624-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/03/2020 (Info 674). ● INFO. 677 A ANVISA deve exigir que as fabricantes dos produtos alimentícios advirtam, no rótulo, que os valores nutricionais ali informados podem ter uma variação de até 20% em relação aos números apresentados. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA deve exigir, na rotulagem dos produtos alimentícios, a advertência da variação de 20% nos valores nutricionais. STJ. 2ª Turma. REsp 1.537.571-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/09/2016 (Info 677) Outros ● INFO. 677 Na equipe que compõe as Ambulâncias de Suporte Básico - Tipo B e as Unidades de SuporteBásico de Vida Terrestre (USB) do SAMU não é necessária a presença de enfermeiro, bastando um técnico ou auxiliar de enfermagem. A composição da tripulação das Ambulâncias de Suporte Básico - Tipo B e das Unidades de Suporte Básico de Vida Terrestre (USB) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU sem a presença de enfermeiro não ofende, mas sim concretiza, o que dispõem os artigos 11, 12, 13 e 15 da Lei n.º 7.498/86, que regulamenta o exercício da enfermagem. STJ. 1ª Seção. REsp 1.828.993-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 12/08/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1024) (Info 677). DIREITO TRIBUTÁRIO ● INFO. 683 Os valores auferidos a título de “reembolso de materiais” adquiridos para a atividade de construção civil não devem ser deduzidos da base de cálculo do IRPJ e da CSLL pelo lucro presumido. Caso concreto: a empresa é optante da tributação do IRPJ e da CSLL pelo lucro presumido e pretendia deduzir da receita bruta, base de cálculo dos tributos nesse regime, os valores que aufere a título de “reembolso de materiais” adquiridos para a atividade de construção civil. Não é possível. O acolhimento de pedido tendente a excluir da receita bruta determinada despesa ou custo, no regime de apuração pelo lucro presumido, conduziria a uma indevida dupla dedução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Isso porque ao definir os percentuais aplicáveis ao regime do lucro presumido, a lei já considera, em tese, todas as reduções possíveis, de acordo com cada ramo de atividade. Se o contribuinte pretende que sejam considerados determinados custos ou despesas, deve optar pelo regime de apuração pelo lucro real, que contempla essa possibilidade, não se podendo permitir que promova uma combinação dos dois regimes, a fim de reduzir indevidamente a base de cálculo dos tributos. STJ. 1ª Turma. REsp 1.421.590-RN, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 17/11/2020 (Info 683). Imposto de Renda ● INFO. 662 Não tendo participado do fato gerador do tributo, a declaração conjunta de imposto de renda não torna o cônjuge corresponsável pela dívida tributária dos rendimentos percebidos pelo outro. A isenção de quota condominial do síndico não configura renda para fins de incidência do Imposto de Renda de Pessoa Física. ● INFO. 665 É ilegal o art. 4o, I, da IN SRF no 139/1989 que proibiu a compensação envolvendo exercícios financeiros diferentes. ● INFO. 676 O art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88 prevê que as pessoas portadoras de neoplasia maligna ou outras doenças graves e que estejam na inatividade não pagarão imposto de renda sobre os rendimentos recebidos a título de aposentadoria, pensão ou reforma. Essa isenção é devida apenas às pessoas que recebem aposentadoria, pensão ou reforma e não é possível que o Poder Judiciário estenda o benefício aos trabalhadores que estão em atividade. Os juízes e Tribunais não podem, mesmo a pretexto de estabelecer tratamento isonômico, conceder isenção tributária em favor daqueles não contemplados pelo favor legal, porque isso equivaleria, em última análise, a converter o Poder Judiciário em inadmissível legislador positivo. A legislação optou por critérios cumulativos absolutamente razoáveis à concessão do benefício tributário, quais sejam, inatividade e enfermidade grave, ainda que contraída após a aposentadoria ou reforma. STF. Plenário. ADI 6025, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 20/04/2020 (Info 983 – clipping). Não se aplica a isenção do imposto de renda prevista no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713/88 (seja na redação da Lei nº 11.052/2004 ou nas versões anteriores) aos rendimentos de portador de moléstia grave que se encontre no exercício de atividade laboral. STJ. 1ª Seção. REsp 1.814.919-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 24/06/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1037) (Info 676). O teto de 30% para compensação de prejuízos fiscais do IRPJ e da base de cálculo negativa da CSLL se aplica às empresas incorporadoras. Não é direito subjetivo do contribuinte compensar seus prejuízos fiscais do IRPJ e da base de cálculo negativa da CSLL sem observância do limite de 30% a que se referem os arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065/95 quando ocorre o desaparecimento da empresa por incorporação. STJ. 1ª Turma. REsp 1.805.925-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria, julgado em 23/06/2020 (Info 676). STJ. 2 Turma. AgInt-EDcl-REsp 1.725.911/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/02/2019. ● INFO. 678 Não incide imposto de renda sobre o valor recebido a título de ajuda compensatória mensal prevista no art. 476-A da CLT (lay-off). O art. 476-A da CLT prevê que o contrato de trabalho pode ser suspenso, após celebração de acordo ou de convenção coletiva com o sindicato da categoria, e anuência formal do empregado, pelo período de duração do curso de requalificação de no mínimo 2 (dois) e no máximo, 5 (cinco) meses. Com a suspensão do contrato de trabalho, nessa modalidade, o empregado recebe bolsa de qualificação profissional, custeada pelo FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador, nos termos do art. 2º-A da Lei 7.998/90, durante o curso de aprimoramento profissional, desde que a suspensão tenha duração máxima de cinco meses, após o que o encargo passa a ser de responsabilidade do empregador, conforme o art. 476-A, § 7º, da CLT. Como há suspensão do contrato de trabalho, tal ajuda compensatória evidentemente não se enquadra no inciso I do art. 43 do CTN. Além disso, ela não configura proventos, entendidos como acréscimos patrimoniais descritos no inciso II do mesmo dispositivo. O montante pago a título de ajuda compensatória, portanto, tem natureza jurídica de indenização, destinando-se a reconstituir a perda patrimonial do trabalhador e os próprios prejuízos advindos da suspensão do contrato de trabalho, como não influir no 13º salário proporcional, no depósito na conta vinculada do FGTS. O valor recebido pelos trabalhadores a título de ajuda compensatória representa uma indenização do patrimônio desfalcado do trabalhador, e não um acréscimo patrimonial tido como fato gerador do imposto, motivo pelo qual não se sujeita à tributação pelo imposto de renda. STJ. 2ª Turma. REsp 1.854.404- SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 02/06/2020 (Info 678) Fato gerador de IRRF em remessa ao exterior se dá no vencimento ou pagamento da dívida, o que ocorrer primeiro. O momento do fato gerador do Imposto de Renda Retido na Fonte - IRRF a ser recolhido pela sociedade empresária brasileira, em razão de pagamento feito a pessoa jurídica domiciliada no exterior, se dá no vencimento ou pagamento da dívida, o que ocorrer primeiro. STJ. 1ª Turma. REsp 1.864.227-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 18/08/2020 (Info 678). ICMS ● INFO. 663/2020 A norma do art. 20, § 6º, I, da LC 87/96 não confere o crédito a quem promove as saídas isentas, mas ao contribuinte que adquire os produtos agropecuários ao abrigo da isenção. ● INFO. 666 Sacolas plásticas fornecidas aos clientes para o transporte ou acondicionamento de produtos, bem como bandejas, não são insumos essenciais à atividade dos supermercados, de modo que não geram creditamento de ICMS ● INFO. 679 Dilatação volumétrica de combustível pelo calor não constitui fato gerador de ICMS. A entrada a maior do combustível, em razão da variação da temperatura ambiente de carregamento e descarregamento se constitui em um fenômeno físico de dilatação volumétrica. A fenomenologia física de dilatação volumétrica do combustível não se amolda à descrição normativa hipotética que constitui o fato gerador do ICMS. Se o volume de combustível se dilatou ou se retraiu, não há se falar em estorno ou cobrança a maior do ICMS, uma vez que, na hipótese, não há que se qualificar juridicamente um fenômeno da física, por escapar da hipótese de incidência tributária do imposto. Não há novo fato gerador ocorrido com a variação volumétrica de combustíveislíquidos, uma vez que não se está diante de uma nova entrada ou saída intermediária não considerada para o cálculo do imposto antecipado, mas de mera expansão física de uma mercadoria volátil por natureza. STJ. 1ª Turma. REsp 1.884.431-PB, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 08/09/2020 (Info 679). Contribuições ● INFO. 669 Têm direito ao crédito presumido de PIS/PASEP e Cofins as pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias por meio de processo de industrialização de grãos de soja, milho e trigo adquiridos de pessoa física, cerealista ou cooperado pessoa física. Os meros cerealistas não têm direito ao crédito presumido de PIS/PASEP e Cofins. Para fazer jus ao benefício fiscal, a sociedade interessada deve produzir mercadorias, ou seja, deve realizar processo de industrialização a partir de grãos de soja, milho e trigo adquiridos de pessoa física, cooperado pessoa física ou cerealista, transformando-os em outros (v.g. óleo de soja, farelo de soja, leite de soja, óleo de trigo, farinha de trigo, pães, massas, biscoitos, fubá, polenta etc). Se a pessoa faz apenas limpeza, secagem, classificação e armazenagem, isso não ocasiona transformação do produto, razão pela qual essa sociedade será considerada como mera cerealista, não podendo aproveitar o crédito. STJ. 2ª Turma. REsp 1.670.777-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/10/2019 (Info 669). ● INFO. 681 As receitas decorrentes das operações de vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus devem ser excluídas da base de cálculo da contribuição previdenciária sobre a receita bruta (CPRB). A Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB) é uma contribuição social, de competência da União, destinada a custear a Previdência Social. Foi instituída pela MP 540/2011, convertida na Lei nº 12.546/2011. Inicialmente, esta Contribuição foi prevista para perdurar até 31/12/2014, mas acabou sendo prorrogada até que, a partir do advento da MP 651/2014, ela se tornou definitiva. O art. 9º, II, “a”, da Lei nº 12.546/2011 afirma que a receita bruta decorrente de exportações está excluída da base de cálculo da CPRB. O art. 4º do Decreto-Lei nº 288/1967 diz que, se uma mercadoria é vendida para a Zona Franca de Manaus, isso é como se fosse uma exportação, ou seja, uma venda para o exterior. Em razão disso, entende-se que as vendas de mercadorias para a Zona Franca de Manaus são alcançadas pela regra do art. 9º, II, da Lei nº 12.546/2011. Logo, as receitas decorrentes das operações de vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus devem ser excluídas da base de cálculo da contribuição previdenciária sobre a receita bruta (CPRB). STJ. 1ª Turma. REsp 1.579.967-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 08/09/2020 (Info 681). Direito Aduaneiro ● INFO. 665 Súmula 640-STJ: O benefício fiscal que trata do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (REINTEGRA) alcança as operações de venda de mercadorias de origem nacional para a Zona Franca de Manaus, para consumo, industrialização ou reexportação para o estrangeiro. ● INFO. 667 Em razão do seu caráter interpretativo, o conceito abrangente de licitação internacional revelado pelo art. 3o da Lei no 11.732/2008 retroage às situações anteriores a sua entrada em vigor. ITBI ● INFO. 682 A nulidade de negócio jurídico de compra e venda de imóvel viabiliza a restituição do valor recolhido pelo contribuinte a título de ITBI. ITBI significa imposto sobre transmissão inter vivos, sendo tributo de competência dos Municípios. Segundo o art. 156, II da CF/88, o ITBI será cobrado quando houver “transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição”. Exemplo: João vendeu uma casa a Pedro. Sobre essa transmissão, há incidência do ITBI, que foi pago pelo comprador. Suponha, no entanto, que, posteriormente, esse negócio jurídico (compra e venda) tenha sido anulada por sentença judicial transitada em julgado. Neste caso, conclui-se que não houve a transmissão da propriedade, estando ausente o fato gerador do imposto. Logo, é devida a restituição do ITBI que foi pago. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.493.162-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 14/10/2020 (Info 682). Imposto de Importação ● INFO. 671 - Mudança de entendimento! Os serviços de capatazia estão incluídos na composição do valor aduaneiro e integram a base de cálculo do imposto de importação. Os serviços de capatazia integram o conceito de valor aduaneiro, tendo em vista que tais atividades são realizadas dentro do porto ou ponto de fronteira alfandegado na entrada do território aduaneiro. STJ. 1ª Seção. REsp 1.799.306- RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, Rel. Acd. Min. Francisco Falcão, julgado em 11/03/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1014) (Info 671). Restituição de valores devidos ao contribuinte ● INFO. 670 O termo inicial da correção monetária de ressarcimento de crédito escritural excedente de tributo sujeito ao regime não cumulativo ocorre somente após escoado o prazo de 360 dias para a análise do pedido administrativo pelo Fisco (art. 24 da Lei nº 11.457/2007). STJ. 1ª Seção. REsp 1.767.945-PR, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 12/02/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1.003) (Info 670). PIS E COFINS ● INFO. 670 É cabível o creditamento de PIS e Cofins decorrentes da aquisição de bens e serviços provenientes de empresas localizadas fora da Zona Franca de Manaus (ZFM), quando tais bens e serviços não são revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos a alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. STJ. 1ª Turma. REsp 1.259.343-AM, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. Acd. Min. Regina Helena Costa, julgado em 03/03/2020 (Info 670). ● INFO. 672 Aproveitamento de créditos de PIS e Cofins e sistema monofásico. O benefício fiscal consistente em permitir a manutenção de créditos de PIS e Cofins, ainda que as vendas e revendas realizadas pela empresa não tenham sido oneradas pela incidência dessas contribuições no sistema monofásico, é extensível às pessoas jurídicas não vinculadas ao REPORTO. STJ. 1ª Turma. REsp 1.861.190-RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 26/05/2020 (Info 672). IPI ● INFO. 672 O art. 46, II, do CTN prevê o seguinte: Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51; A saída do estabelecimento a que refere o art. 46, II, do CTN, que caracteriza o aspecto temporal da hipótese de incidência, pressupõe, logicamente, a mudança de titularidade do produto industrializado. Havendo mero deslocamento para outro estabelecimento ou para outra localidade, permanecendo o produto sob o domínio do contribuinte, não haverá incidência do IPI. STJ. 1ª Turma. REsp 1.402.138-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 12/05/2020 (Info 672). Processo Tributário ● INFO. 673 O Secretário de Estado da Fazenda não está legitimado a figurar, como autoridade coatora, em mandados de segurança que visa evitar a prática de lançamento fiscal - A legitimação da autoridade coatora deve ser aferida à base das duas funções acima descritas; só o órgão capaz de as cumprir pode ser a autoridade coatora. Por essa razão, o Secretário de Estado da Fazenda não possui legitimidade para figurar, como autoridade coatora, em mandado de segurança que visa afastar exigência fiscal supostamente ilegítima considerando que ele não competência para a prática de lançamento fiscal. STJ. 2ª Turma. RMS 54.823-PB, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 26/05/2020 (Info 673). ECA Classificação indicativa ● INFO. 663/2020 Emissorade TV pode ser condenada ao pagamento de indenização por danos morais coletivos em razão da exibição de filme fora do horário recomendado pelo Ministério da Justiça. Proteção à Criação e ao Adolescente ● INFO. 666 O art. 78 do ECA traz um dever que obriga todos os que integram a cadeia de consumo, abrangendo o editor da revista ou publicação, o transportador, o distribuidor e o comerciante. Colocação em família substituta Guarda ● INFO. 679 Sentença que afastou criança do lar não impede pedido judicial de guarda pela mesma família. Situação hipotética: um casal exerceu irregularmente a guarda de uma criança nos anos de 2014 e 2016. O juiz, atendendo a pedido do Ministério Público, determinou que essa criança fosse levada a acolhimento institucional em razão de burla ao cadastro de adoção. Houve trânsito em julgado dessa decisão que determinou o afastamento da criança do convívio com essa família. Ocorre que se passaram quatro anos e a criança permanece no “abrigo”, sem que tenha sido adotada. Diante disso, em 2020, o casal formulou novo pedido de guarda alegando que existem vínculos socioafetivos entre a criança e a família. O STJ afirmou que é possível o deferimento do pedido. As ações que envolvam a guarda da criança, por suas características peculiares, são modificáveis com o tempo, bastando que exista a alteração das circunstâncias fáticas que justificaram a sua concessão, ou não, no passado. Assim, transitada em julgado a sentença de procedência do pedido de afastamento do convívio familiar de que resultou o acolhimento institucional da menor, quem exercia irregularmente a guarda e pretende adotá-la possui interesse jurídico para, após considerável lapso temporal, ajuizar ação de guarda cuja causa de pedir seja a modificação das circunstâncias fáticas que ensejaram o acolhimento, não lhe sendo oponível a coisa julgada que se formou na ação de afastamento. Em suma: o trânsito em julgado de sentença de procedência do pedido de afastamento do convívio familiar não é oponível a quem exercia a guarda irregularmente e, após considerável lapso temporal, pretende ajuizar ação de guarda cuja causa de pedir seja a modificação das circunstâncias fáticas. STJ. 3ª Turma. REsp 1.878.043-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/09/2020 (Info 679). Adoção ● INFO. 666 O registro civil de nascimento de pessoa adotada sob a égide do Código Civil/1916 não pode ser alterado para a inclusão dos nomes dos ascendentes dos pais adotivos. ● INFO. 676 O risco de contaminação pela Covid-19 em casa de acolhimento pode justificar a manutenção da criança com a família substituta. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) adota a chamada doutrina da proteção integral (art. 1º da Lei nº 8.069/90), segundo a qual deve-se observar o melhor interesse da criança. Ressalvado o risco evidente à integridade física e psíquica, que não é a hipótese dos autos, o acolhimento institucional não representa o melhor interesse da criança. A observância do cadastro de adotantes não é absoluta porque deve ser sopesada com o princípio do melhor interesse da criança, fundamento de todo o sistema de proteção ao menor. O risco de contaminação pela Covid-19 em casa de acolhimento justifica a manutenção da criança com a família substituta. STJ. 3ª Turma. HC 572.854-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 04/08/2020 (Info 676). ● INFO. 678 O art. 42, § 1º proíbe que os avós adotem seu neto (“Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando”). Essa regra proibitiva tem por objetivo: • evitar inversões e confusões nas relações familiares - em decorrência da alteração dos graus de parentesco • impedir a utilização do instituto com finalidade meramente patrimonial. Vale ressaltar, no entanto, que o STJ admite a sua mitigação (relativização) excepcional quando: a) o pretenso adotando seja menor de idade; b) os avós (pretensos adotantes) exerçam, com exclusividade, as funções de mãe e pai do neto desde o seu nascimento; c) a parentalidade socioafetiva tenha sido devidamente atestada por estudo psicossocial; d) o adotando reconheça os - adotantes como seus genitores e seu pai (ou sua mãe) como irmão; e) inexista conflito familiar a respeito da adoção; f) não se constate perigo de confusão mental e emocional a ser gerada no adotando; g) não se funde a pretensão de adoção em motivos ilegítimos, a exemplo da predominância de interesses econômicos; e h) a adoção apresente reais vantagens para o adotando. Assim, é possível a mitigação da norma geral impeditiva contida no § 1º do art. 42 do ECA, de modo a se autorizar a adoção avoenga em situações excepcionais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.448.969-SC, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 21/10/2014 (Info 551). STJ. 4ª Turma. REsp 1.587.477-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/03/2020 (Info 678). Crimes do ECA ● INFO. 666 Em regra, não há automática consunção quando ocorrem armazenamento e compartilhamento de material pornográfico infanto-juvenil. Juiz não pode aumentar a pena-base do crime do art. 241-A do ECA alegando que a conduta social ou a personalidade são desfavoráveis, sob o argumento de que o réu manifestou grande interesse por material pornográfico. MSE ● INFO. 672 É válida a extinção de medida socioeducativa de internação quando o juízo da execução, ante a superveniência de processo-crime após a maioridade penal, entende que não restam objetivos pedagógicos em sua execução. Exemplo: Adriano, de 20 anos, foi sentenciado a cumprir medida socioeducativa de internação em virtude de ato infracional praticado quando ele era adolescente. A sentença transitou em julgado. Ocorre que o juízo da vara de infância e juventude constatou que Adriano encontrase preso em razão de crime de roubo cometido quando ele já era adulto. Diante disso, o juízo da vara infracional extinguiu a execução da medida socioeducativa afirmando que, tendo em vista a sua idade e o seu perfil pessoal agravado, não restam objetivos pedagógicos no cumprimento da internação. O STJ afirmou que a decisão foi acertada. O art. 46, § 1º da Lei nº 12.594/2012 (Lei do SINASE) prevê a seguinte faculdade para o julgador: Art. 46 (...) § 1º No caso de o maior de 18 (dezoito) anos, em cumprimento de medida socioeducativa, responder a processo-crime, caberá à autoridade judiciária decidir sobre eventual extinção da execução, cientificando da decisão o juízo criminal competente. STJ. 6ª Turma. HC 551.319-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/05/2020 (Info 672). Internação ● INFO. 668 É legal a internação de adolescente gestante ou com o filho em amamentação, desde que assegurada atenção integral à sua saúde, bem como as condições necessárias para que permaneça com seu filho durante o período de amamentação. Não há impeditivo legal para a internação de adolescente gestante ou com filho em amamentação, desde que seja garantida atenção integral à saúde do adolescente, além de asseguradas as condições necessárias para que a adolescente submetida à execução de medida socioeducativa de privação de liberdade permaneça com o seu filho durante o período de amamentação (arts. 60 e 63, § 2º da Lei nº 12.594/12 - SINASE). STJ. 5ª Turma. HC 543.279/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/03/2020. ● INFO. 672 Se a internação for aplicada sem termo, o cálculo do prazo prescricional deverá levar em consideração a duração máxima da internação (3 anos). Tratando-se de medida socioeducativa aplicada sem termo, o prazo prescricional deve ter como parâmetro a duração máxima da internação (3 anos), e não o tempo da medida, que poderá efetivamente ser cumprida até que o socioeducando complete 21 anos de idade. Assim, deve-se considerar o lapso prescricional de 8 anos previsto no art. 109, IV, do Código Penal, posteriormente reduzido pela metade em razão do disposto no art. 115 do mesmo diploma legal,
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