TDC - Kalecki - cap 8

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Kalecki
Capítulo 8
Kalecki: O Capital da Empresa e o Investimento
Inserido comumente em um contexto interligado entre o circuito produtivo e o circuito financeiro, via taxa de juros , o investimento, intrinsecamente, denota o processo recorrente da decisão de alocação entre ativos produtivos (bens de capital) e ativos financeiros (caderneta de poupança, ações, títulos públicos, entre outros).
Enquanto o investimento significa expansão da capacidade produtiva, a qual gera uma expectativa de rentabilidade que pode ou não se efetivar em lucros, a aplicação é a alocação dos recursos em atividade especulativa, a qual pode se converter em juros (remuneração da riqueza aplicada), a depender do rendimento das aplicações.
Contrariamente ao programa neoclássico (ortodoxo), vinculado a Lei de Say no longo prazo, o programa heterodoxo, analisa a economia a partir do Princípio da Demanda Efetiva. Trata-se de recuperar a questão da autonomia relativa do capitalista, onde suas decisões econômicas devem considerar a necessidade de venda de suas mercadorias, tendo em vista que ele não pode decidir que sua mercadoria será comprada. 
29/01/2021
Nesse sentido, Possas (1987, p. 51) afirma que “Em qualquer ato de compra e venda tomado isoladamente, produz-se um fluxo monetário – pagamento de um lado, recebimento de outro – decorrente de uma única decisão autônoma: a de efetuar determinado dispêndio”. Assim, o cuidado do capitalista com aspectos como qualidade, propaganda, níveis de preço e quantidade oferecidos não assegura a venda de sua mercadoria, visto que apenas as decisões de gasto determinam a geração do luxo de riqueza nova na sociedade, a demanda efetiva.
Michal Kalecki, teórico de formação marxista e seguidor do Princípio da Demanda Efetiva, desenvolve uma teoria para as decisões de investimento, sistematizando o que, costumeiramente, o senso comum expressa: “ganha dinheiro quem tem dinheiro”. Contrariando os que supõem apenas a existência de habilidades empresarias, expõe a propriedade do capital – a partir dos lucros recorrentes – como o pré-requisito fundamental para o ato de investir, inclusive no caso das sociedades anônimas (KALECKI, 1954, p. 113). 
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Kalecki, utilizando as variáveis deflacionadas pelo índice de preços dos bens de capital, sugere – sob a tentativa de explicar as crises que se acentuavam – uma análise real da economia.
Conforme Kalecki (1954), outro fator estratégico na taxa de decisões de investimento é a taxa de variação dos lucros esperados pela decisão de investir, , refletem “variações no nível de atividade vis-à-vis da capacidade instalada”, pois, tendo por hipótese, mark ups estáveis, o impacto cíclico no modelo se deve às flutuações de demanda.
Os fatores do desenvolvimento – particularmente aqueles relacionados ao progresso tecnológico, os quais explicam o investimento, mesmo em circunstâncias de capacidade ociosa, dada a obsolescência do capital, a qual gera uma depreciação maior, e, por conseguinte, maior investimento (POSSAS, 1987, p. 131).
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Sintetizando a proposta kaleckiana, a taxa das decisões de investimento em capital fixo, em uma economia capitalista desenvolvida, é determinada pelo capital disponível dos capitalistas (estes ganham o que gastam), pelo hiato entre o investimento efetivo e o necessário (ajuste cíclico das decisões) e pela influência das inovações.
Tanto em Keynes quanto em Kalecki, o efeito causalidade entre investimento e poupança difere da proposta convencional. E, dadas as possibilidades de financiamento, o investimento se configura como uma variável ex ante ao processo de produção, o qual tende a gerar poupança, que, por conseguinte, é um variável ex post da atividade produtiva.
No modelo kaleckiano, observam-se algumas lacunas quando comparado com a proposta de Keynes, tais como: o papel secundário da taxa de juros e das expectativas, o que, segundo o autor, em face da simplificação, tais efeitos são absorvidos implicitamente. Apesar da justificativa, dados os aspectos teóricos insuficientes, uma leitura “descuidada” do modelo, predispõe o leitor a alguns conflitos. Por outro lado, sua discussão de ciclo é diferenciada.
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Assistir para depois analisar e responder as questões:
https://www.youtube.com/watch?v=GTd5v4XJeN8
(a partir do minuto 9:15)
https://www.youtube.com/watch?v=10LkbBv_Wp4
(a partir do minuto 6:00)
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Questão 1:
QUAIS OS DeterMINANTES DA OFERTA E DA DEMANDA EM Kalecki?
29/01/2021
Questão 2:
O que Kalecki propõe para resolver o problema dos “mercados externos” levantado por Rosa Luxemburgo?
29/01/2021
Resposta 1:
Ao reafirmar o papel da moeda em Marx, aponta a não necessidade de se realizar a compra no mesmo momento da venda, ou seja, existe a possibilidade de entesouramento e, neste caso, não há garantias de venda das mercadorias ou de equilíbrio no mercado. Há ainda a se considerar as condições de oferta e demanda, que apesar de não estarem ligadas ao valor de Marx, ainda constituem meio de realização da mais valia, que se dá no mercado (MIGLIOLI, 2004). 
Kalecki (1997), diferente de Marx, separa a economia em 3 departamentos: o departamento I que produz bens de capital, o departamento II que produz bens de consumo para os capitalistas e o departamento III que produz bens de consumo para os trabalhadores. Como já apontado, Kalecki está preocupado com as condições de consumo e de bens de acumulação e como se dá o processo de realização da renda (a realização da mais valia apontada por Marx) pela via da Demanda Efetiva. 
A questão mais importante tratada por Kalecki diante do princípio da Demanda efetiva é o investimento, afinal, é a variável definidora da acumulação capitalista, trata-se, nos termos de Marx da reprodução ampliada do dinheiro para sua transformação em mais dinheiro. 
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Resposta 2:
Kalecki usa a base dos esquemas de reprodução de Marx e busca, tal qual Rosa Luxemburgo, focar nas questões de circulação e realização da mais valia (MIGLIOLI, 2004). 
A preocupação é com as possibilidades de não realizar o valor das mercadorias pelo processo de venda no mercado, o que as tornariam apenas valor de uso e deixariam de serem mercadorias. 
Essa possibilidade de não realizar a venda por problemas de demanda é percebida por Marx, mas não tem o devido foco que merece que se volta às questões de produção da mais valia no mercado. 
Essa elaboração de Kalecki torna-se, posteriormente, a base do princípio da Demanda Efetiva. 
O outro possível processo de crise tratado por Marx, e cujas premissas são adotadas por Rosa Luxemburgo e Kalecki, trata da departamentalização da economia relacionada às condições da reprodução ampliada do capital. Enquanto a premissa da reprodução simples o circuito D-M-D’ é reproduzido na mesma medida que o capitalista insere o mesmo capital, na forma dinheiro, ao iniciar nova acumulação; na reprodução ampliada o capitalista insere mais capital do que no ciclo anterior. 
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