Prévia do material em texto
Direito Eleitoral Ações e Recursos Eleitorais (atualizado 28/06/20) 1º - 28/06/20 2º - 19/07/20 Sumário 1. DOUTRINA (RESUMO) .............................................................................................................................................. 3 1.1. ASPECTOS GERAIS DAS AÇÕES ELEITORAIS ...................................................................................................... 3 1.2. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO DE CANDIDATURA – AIRC .................................................................... 4 1.3. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL – AIJE ....................................................................................... 8 1.4. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO – AIME ............................................................................... 13 1.5. REPRESENTAÇÕES .......................................................................................................................................... 15 1.5.1. ART. 96 DA LEI DAS ELEIÇÕES ................................................................................................................. 15 1.5.2. POR CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO .................................................................................................... 16 1.5.3. PARA APURAÇÃO DE ARRECADAÇÃO E GASTOS ILÍCITOS – ART. 30-A DA LEI DAS ELEIÇÕES .................. 19 1.6. RECURSO CONTRA DIPLOMAÇÃO – RCD ........................................................................................................ 19 1.7. AÇÃO RESCISÓRIA ELEITORAL ........................................................................................................................ 22 1.8. RECURSOS ELEITORAIS ................................................................................................................................... 24 1.8.1. CONTRA DECISÕES DE JUNTA ELEITORAL ............................................................................................... 26 1.8.2. CONTRA DECISÕES DE JUIZ ELEITORAL ................................................................................................... 26 1.8.3. CONTRA DECISÕES DE TRE ...................................................................................................................... 27 1.8.4. CONTRA DECISÕES DO TSE ..................................................................................................................... 28 2. JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................................................... 28 3. TABELAS DOS RECURSOS E AÇÕES – REVISÃO ....................................................................................................... 31 1. DOUTRINA (RESUMO) 1.1. ASPECTOS GERAIS DAS AÇÕES ELEITORAIS Convém relembrar que a legislação eleitoral tem por objetivo garantir a normalidade e a legitimidade do poder de sufrágio popular. Desse modo, busca-se inserir mecanismos que garantam o prevalecimento da vontade soberana expressa pelos eleitores nas urnas, trazendo-se um resultado justo às eleições correspondentes. Nesse sentido, as ações eleitorais, de alguma maneira, têm o condão de impugnar algum andamento do processo eleitoral em desconformidade com a legislação eleitoral. PRINCIPAIS AÇÕES ELEITORAIS Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) Art. 14, §10 e 11 CF Ação de Impugnação de Registro de Candidatura (AIRC) Art. 3°, LC 64/90 Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) Art. 22, LC 64/90 Desconstituir o mandato eletivo, tornando insubsistente a diplomação. Abuso de poder econômico, corrupção ou fraude. Prazo: 15 dias, contados da diplomação. Legitimidade ativa: Ministério Público, os partidos políticos, as coligações, os candidatos, eleitos ou não. Competência: TSE: Presidente e Vice TRE: Governador, Vice, Senador, Deputado Federal, Estadual e Distrital Juiz Eleitoral: Prefeito, Vice, Vereador. Objetiva impedir o requerimento de registro de candidatura. Ausência de condição de elegibilidade, causa de inelegibilidade ou ausência de cumprimento das formalidades legais. Prazo: 5 dias, contados da publicação do registro. Legitimidade ativa: candidato ou pré-candidato, ainda que esteja sub judice, partido político ou coligação que concorra ao pleito na circunscrição eleitoral e o Ministério Público, exceto o representante ministerial que, nos quatro anos anteriores, tenha disputado cargo eletivo, integrado diretório de partido ou exercido OBS: O eleitor não tem legitimidade ativa, embora possa dar notícia de inelegibilidade Competência: e sempre do órgão da Justiça Eleitoral em que o requerimento de registro foi protocolado, dependendo do cargo concorrido Tem por finalidade demonstrar, judicialmente, que durante a campanha eleitoral o candidato investigado praticou qualquer conduta abusiva do poder econômico ou político que comprometa a lisura das eleições. São hipóteses de cabimento da AIJE: a) o abuso do poder econômico; b) o abuso de poder de autoridade (ou político); c) a utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social. Prazo: entre o registro e a diplomação. Legitimidade ativa: Ministério Público, candidato ou pré- candidato, ainda que sub judice, partido político ou coligação. Competência: TSE: Presidente e Vice; TRE: Governador, Vice, Senador Deputado Federal, Estadual e Distrital; Juiz Eleitoral: Prefeito, Vice, Vereador. Recurso Contra Expedição de Diploma (RCED) art. 262, CE Representação por Captação Ilícita de Sufrágio art. 41-A da Lei no 9.504/97 Representação por Captação e Gastos ilícitos de Recursos Eleitorais Art. 30-A da Lei no 9.504/97 Tem por objetivo desconstituir o diploma casos de inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de elegibilidade. Legitimidade ativa: Ministério Público, candidato ou pré- candidato, ainda que esteja com o pedido de registro de candidatura sub judice, partido político ou coligação. Prazo: 3 dias, contados da diplomação do candidato. Competência: nas eleições municipais (Prefeito, Vice e Vereadores), e interposto perante o Juiz Eleitoral e julgado pelo TRE. CARACTERIZAÇÃO DA CONDUTA ILÍCITA São elementos indispensáveis: I) a pratica de uma ação (doar, prometer, etc.); II) a existência de uma pessoa (o eleitor); III) o resultado a que se propõe o agente (a obtenção do voto); IV) o período eleitoral (ato praticado entre o pedido de registro até o dia da eleição). Prazo: até a data da diplomação Legitimidade ativa: Ministério Público Eleitoral, os partidos políticos ou coligações e os candidatos. Competência: nas eleições municipais, é do juiz eleitoral; nas circunscrições em que houver mais de uma Zona Eleitoral, é do Juiz Eleitoral designado pelo TRE. HIPÓTESES DE CABIMENTO: captação ilícita de recursos e gastos ilícitos de recursos, ambos com finalidade eleitoral. Prazo: 15 dias da diplomação. Legitimidade ativa: partidos políticos ou coligações e, conforme a jurisprudência, também o Ministério Público Eleitoral. O TSE tem afastado a possibilidade de o candidato manusear a representação pelo art. 30-A da Lei no 9.504/97 (Ac.-TSE no Recurso Ordinário no 1.498 – Rel. Min. Arnaldo Versiani – j. 19.03.2009). Competência: nas eleições municipais, é do juiz eleitoral; nas circunscrições em que houver mais de uma Zona Eleitoral, é do Juiz Eleitoral designado pelo TRE. 1.2. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO DE CANDIDATURA – AIRC É no momento da formalização do pedido do registro da candidatura que as condições de elegibilidade devem estar satisfeitas e as causas de inelegibilidade verificadas, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade (§ 10 do art. 11 da Leidas Eleições). A AIRC visa impedir o registro da candidatura do pré-candidato escolhido em convenção do partido ou coligação, em decorrência do não preenchimento dos requisitos legais e constitucionais. Essa ação se encontra prevista na LC nº 64/90 (Lei das Inelegibilidades). Conforme o art. 3º, a AIRC pode ser proposta no prazo de 5 (cinco) dias, contados da publicação do pedido de registro do candidato. ATENÇÃO!! Esse prazo de 05 dias é decadencial e improrrogável; caso não seja proposta a AIRC nesse prazo, a matéria se encontrará preclusa, exceto nas matérias constitucionais, ocasião na qual poderá ser arguida em sede de recurso contra a diplomação – RCD Assim, de regra, apenas se perfaz possível sua propositura após a publicação do pedido de registro. Esse artigo acima também prevê como legitimados para AIRC: I) Qualquer candidato; II) Partido político; III) Coligação; ou IV) Ministério Público. ATENÇÃO!! O eleitor não tem legitimidade para propor a AIRC. Apenas pode dar notícia da inelegibilidade ao juiz eleitoral, no prazo de 05 dias contados da publicação do edital do pedido de registro. Havia uma polêmica a respeito da aplicabilidade do art. 3º, § 2º, da LC nº 64/90 e o art. 80 da LC nº 75/93, no tocante ao impedimento do MP ingressar com AIRC se houvesse disputado cargo eletivo, integrado diretório de partido ou exercido atividade político-partidária. O TSE firmou o entendimento que esse impedimento se encontra pelo prazo de 02 anos, in verbis: Resolução nº 23.221/2010. Art. 37. (...) § 2º Não poderá impugnar o registro de candidato o representante do Ministério Público que, nos 2 anos anteriores, tenha disputado cargo eletivo, integrado diretório de partido político ou exercido atividade político-partidária. A petição deve ser fundamentada e o magistrado pode indeferir, de ofício, caso a AIRC esteja sem as condições de procedibilidade. O TSE já firmou entendimento sumulado nesse sentido: Súmula 45. Nos processos de registro de candidatura, o Juiz Eleitoral pode conhecer de ofício da existência de causas de inelegibilidade ou da ausência de condição de elegibilidade, desde que resguardados o contraditório e a ampla defesa. Já os legitimados passivos são pré-candidatos que não preencheram os requisitos de elegibilidade ou procedibilidade do registro ou, ainda, se encontrem em alguma causa de inelegibilidade. A AIRC poderá ser proposta perante o juiz eleitoral, TRE ou TSE, a depender do cargo pleiteado pelo pré- candidato: CARGO COMPETÊNCIA - Presidente e Vice TSE. - Governador e Vice. - Senador e suplente. - Deputados federais, distritais e estaduais TRE´s - Prefeito e Vice. - Vereador. Juízes Eleitorais Na propositura da ação, já se especifica, desde logo, os meios de prova com que pretende demonstrar a veracidade do alegado, arrolando, no máximo, 6 testemunhas. Após, notifica-se o impugnado para, no prazo de 07 dias, apresentar contestação e, na oportunidade, juntar documentos, indicar rol de testemunhas e requerer a produção de outras provas. Decorrido o prazo para contestação, não se tratando apenas de matéria de direito e a prova protestada for relevante, serão designados os 4 (quatro) dias seguintes para inquirição das testemunhas do impugnante e do impugnado, as quais comparecerão por iniciativa das partes que as tiverem arrolado, com notificação judicial. Depois da dilação probatória, as partes e o MP terão o prazo comum de 05 dias para alegações finais. Transcorrido o prazo das alegações, os autos serão conclusos ao juiz, ou ao relator, no dia imediato, para sentença ou julgamento pelo Tribunal. ATENÇÃO!! Se o processo correr perante o juiz eleitoral, este terá 3 dias para proferir sentença. Se o processo correr perante o TRE ou TSE, os autos serão recebidos pela secretaria do Tribunal que, no mesmo dia, apresenta os autos do processo ao Presidente do Tribunal que, também na mesma data, os distribuirá a um Relator e mandará abrir vistas ao Procurador Regional pelo prazo de 02 dias; findo esse prazo, os autos retornam ao Relator que apresenta em mesa para julgamento em 3 dias, independentemente de publicação em pauta. Importante mencionar a previsão do princípio da livre apreciação motivada das provas contida no parágrafo único do art. 7º da Lc nº 64/90: Art. 7º (...) Parágrafo único. O Juiz, ou Tribunal, formará sua convicção pela livre apreciação da prova, atendendo aos fatos e às circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes, mencionando, na decisão, os que motivaram seu convencimento. Da decisão que julga a AIRC cabe recurso no prazo de 3 dias e contrarrazões no prazo de 3 dias. Transitada em julgado ou publicada a decisão proferida por órgão colegiado que declarar a inelegibilidade do candidato, ser-lhe-á negado registro, ou cancelado, se já tiver sido feito, ou declarado nulo o diploma, se já expedido. ATENÇÃO!! Todos os prazos da AIRC são peremptórios e contínuos e correm em secretaria ou cartório e, a partir da data do encerramento do prazo para registro de candidatos (até as 19 horas do dia 15 de agosto do ano da eleição), não se suspendem aos sábados, domingos e feriados. AIRC – Ação de Impugnação de Registro de Candidatura A AIRC é uma ação eleitoral voltada para impedir que as pessoas escolhidas em Convenção Partidária sejam registradas perante a Justiça Eleitoral, por três razões: falta de atendimento das condições de elegibilidade; existir alguma das hipóteses de inelegibilidade; ou não apresentação dos documentos necessários ao registro de candidatura. No que diz respeito à terceira hipótese, a doutrina costuma mencionar que a apresentação dos documentos previstos no art. 11, §1º, da Lei das Eleições, é condição de procedibilidade do registro. Isso significa dizer que o registro da candidatura somente será efetuado (leia-se procedido) se estiverem presentes os documentos necessários ao registro. Art. 11 § 1º : O pedido de registro deve ser instruído com os seguintes documentos: I - cópia da ata a que se refere o art. 8º; II - autorização do candidato, por escrito; III - prova de filiação partidária; IV - declaração de bens, assinada pelo candidato; V - cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo cartório eleitoral, de que o candidato é eleitor na circunscrição ou requereu sua inscrição ou transferência de domicílio no prazo previsto no art. 9º; VI - certidão de quitação eleitoral; VII - certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da Justiça Eleitoral, Federal e Estadual; VIII - fotografia do candidato, nas dimensões estabelecidas em instrução da Justiça Eleitoral, para efeito do disposto no § 1º do art. 59. IX - propostas defendidas pelo candidato a Prefeito, a Governador de Estado e a Presidente da República. Natureza Jurídica A AIRC constitui uma ação cível de conteúdo declaratório, não implicando qualquer repercussão penal. Do julgamento da AIRC haverá uma declaração negativa que impede o registro regular do candidato. Legitimidade ativa para a AIRC Art. 3º Caberá a qualquer candidato, a partido político, coligação ou ao Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da publicação do pedido de registro de candidato, impugná-lo em petição fundamentada. ATENÇÃO: segundo o TSE, não possuem legitimidade para ajuizar a AIRC: - Partido político coligado isoladamente (constitui a hipótese de o partido coligado não poder, individualmente, propor a ação. Nesse caso, a legitimidade será conferida exclusivamente à coligação); - Eleitor (embora não possa impugnar o registro da candidatura poderá oferecer a notícia de inelegibilidade ao Ministério Público); - Diretório municipal em eleição federal e estadual. *#OUSESABER: O prazo de cinco dias para o Ministério Público impugnar o registro de candidatura inicia- se com a sua intimação pessoal. Certo ou errado? ERRADA. Atenção! Trata-sede uma exceção à intimação pessoal do membro do Ministério Público. Ademais, ressalta-se que, em razão do princípio da celeridade, que rege o processo eleitoral, não é aplicado o prazo em dobro para manifestações ministeriais, previsto no CPC. Vejamos o posicionamento do Tribunal Superior Eleitoral: Súmula-TSE nº 49: O prazo de cinco dias, previsto no art. 3º da LC nº 64/90, para o Ministério Público impugnar o registro inicia-se com a publicação do edital, caso em que é excepcionada a regra que determina a sua intimação pessoal. Legitimidade passiva São legitimados passivos os pré-candidatos, ou seja, aqueles que pretendem registrar a candidatura perante a Justiça Eleitoral. O TSE entende que NÃO há litisconsórcio passivo necessário quanto à legitimidade passiva no caso de eleições majoritária entre os candidatos aos cargos titulares e seus vices, isto porque os requisitos são analisados individualmente. Prazo O prazo para o ajuizamento da AIRC é de 5 dias contados da publicação do registro o candidato. Esse prazo é decadencial e improrrogável. Após o decurso dos cinco dias, os legitimados ativos perdem o direito subjetivo de ajuizar a AIRC. Competência Procedimento Procedimento perante o Juízo Eleitoral e Eventuais Recursos ao TRE e TSE: Petição Inicial: Deve observar os requisitos do art. 319, do NCPC. Há uma ressalva quanto ao art. 319, do NCPC, vez que as ações eleitorais não possuem valor da causa, não há custas, condenação em honorários de advogado; Testemunhas: Podem ser arroladas até 6 testemunhas. O TSE entende que é inadmissível a apresentação de rol de testemunhas em momento posterior à petição inicial; Citação; Defesa Escrita: O prazo para a defesa escrita é de 7 dias, sendo possível também indicar até 6 testemunhas; Dilação Probatória: Deve ser realizada nos 4 dias seguintes, não havendo oitiva das partes; Os atos eleitorais são matérias de ordem pública, e, nesse contexto, não são passíveis de confissão, razão pela qual não há oitiva das partes; Diligências: Podem ser determinadas de ofício ou a requerimento e devem observar o prazo de 5 dias; LEGITIMADOS QUALQUER CANDIDATO COLIGAÇÃO PARTIDO POLÍTICO MP TSE PRESIDENTE E VICE- PRESIDENTE TRE SENADOR, DEPUTADO FEDERAL E ESTADUAL, GOVERNADOR E VICE- GOVERNADOR JUIZ PREFEITO, VICE-PREFEITO E VEREADOR Alegações Finais: Neste caso, há o prazo comum, inclusive para o Ministério Público, de 5 dias; Decisão: A decisão poderá ser pela procedência ou improcedência da ação. Se a decisão for pela procedência, haverá uma relação de prejudicialidade em relação ao registro de candidatura. Ou seja, o registro de candidatura obrigatoriamente deverá ser indeferido; Recurso: Deve observar o prazo de 3 dias. #SELIGANASÚMULA: súmula nº 10, do TSE - No processo de registro de candidatos, quando a sentença for entregue em cartório antes de três dias contados da conclusão ao juiz, o prazo para o recurso ordinário, salvo intimação pessoal anterior, só se conta do termo final daquele tríduo. Se o Juiz apresenta uma sentença antes do tríduo legal, considera-se como se ela tivesse apresentada no terceiro dia. Procedimento no TRE e no TSE: Remetidos os autos ao TSE/TRE a Secretaria respectiva autuará o processo e apresentará ao Presidente, que distribuirá e determinará vista Procurador Regional ou ao Procurador Geral, para parecer. O parecer deve ser apresentado em 2 dias; Findo o prazo, com ou sem parecer, os autos serão enviados ao relator, que os apresentará em mesa para julgamento, em 3 dias, independentemente de publicação em pauta; Faculta-se às partes a apresentação de alegações finais no 2 (dois) dias (Resolução nº 23.398/2013 c/c LC nº 64/90, art. 22, X); Inclusão em pauta para julgamento, independentemente de publicação; Poderão ser realizadas até duas reuniões para a discussão do processo; Relatório, sustentação oral e voto do relator; Julgamento e proclamação do resultado; Leitura e publicação do acórdão, passando, a partir daí, a correr o prazo de 3 dias para recurso do acórdão para o TSE, se for o caso. 1.3. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL – AIJE Essa ação tem por fundamento impedir e apurar o abuso de poder econômico ou político e utilização indevida dos meios de comunicação social, que possam afetar a igualdade dos candidatos em uma eleição. Assim, a AIJE busca proteger, em síntese, a legitimidade e a normalidade das eleições. A condenação por esses atos enseja a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a prática do ato. Essa sanção de inelegibilidade é cominada para as eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios de comunicação. Sanções: Inelegibilidade por 08 anos subsequentes à eleição em que se verificou e cassação do registro ou diploma. Do mesmo modo, a decisão ainda deve determinar a remessa dos autos ao MP eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal, ordenando quaisquer outras providências que a espécie comportar. Encontra-se prevista no art. 22 da LC nº 64/90, in verbis: LC nº 64/90 Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito: XIV – julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação dos eleitos, o Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a prática do ato, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios de comunicação, determinando a remessa dos autos ao Ministério Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal, ordenando quaisquer outras providências que a espécie comportar. (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) Constata-se, do caput do artigo acima, que os legitimados são: I) qualquer Candidato; II) Partido Político; III) Coligação; ou IV) Ministério Público. ATENÇÃO!! O eleitor não tem legitimidade para propor a AIJE, nem a coligação, salvo se para contestar a própria coligação. Do mesmo modo, o partido político que estiver coligado não tem interesse de agir; nesse caso, cabe à coligação ingressar com a AIJE. Importante mencionar que, nos moldes do art. 11 da Lei 9.096/95, os diretórios municipais têm legitimidade para ajuizar AIJE nas eleições municipais; os diretórios regionais, nas eleições estaduais e federais; e os diretórios nacionais, nas eleições presidenciais. No da demanda, pode figurar polo passivo o pré-candidato e o cidadão (não candidato) que tenha concorrido para a prática do ato de abuso do poder econômico ou político. ATENÇÃO!! Conforme o TSE, a pessoa jurídica não pode se encontrar no polo passivo da AIJE. A AIJE pode ser proposta por fatos anteriores ao início do período eleitoral, mas seu ingresso se limita ao ato da diplomação, operando-se a decadência após esse prazo. No tocante à competência, cabe ao: I) Corregedor-geral nas eleições presidenciais; II) Corregedor regional eleitoral nas eleições federais e estaduais; III) Juiz eleitoral nas eleiçõesmunicipais. ATENÇÃO!! Não há foro privilegiado na AIJE, por não possuir natureza penal. O RECURSO CONTRA A DIPLOMAÇÃO, INTERPOSTO pelo representante, NÃO IMPEDE a atuação do Ministério Público no mesmo sentido. Todo o procedimento da AIJE se encontra nos incisos do art. 22 e no art. 23, ambos da LC nº 64/90, os quais serão dispostos a seguir: Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral PODERÁ REPRESENTAR à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito: (Vide Lei nº 9.504, de 1997) (TJSP-2011) (MPRJ-2012) (TJMT-2014) (TJPB-2015) (MPSC-2010/2016) (TJMG-2018-Consulplan): O art. 14, §9º, da CF/88, que foi regulamentada com a promulgação da LC 64/90, a fim de resguardar a lisura e autenticidade do processo político-eleitoral, preconiza a propositura da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), a ser manejada por qualquer partido, coligação, candidato ou pelo MP. BL: art. 14, §9º, CF e art. 22 da LC 64/90. (TJPA-2009-FGV): O pedido de abertura de investigação judicial para apurar o uso indevido, desvio ou abuso de poder econômico, através de representação à Justiça Eleitoral, poderá ser feito apenas por qualquer partido político, coligação, candidato ou pelo Ministério Público Eleitoral. BL: art. 22, LC 64/90. I - o Corregedor, que terá as mesmas atribuições do Relator em processos judiciais, ao despachar a inicial, adotará as seguintes providências: (TJPB-2015) a) ordenará que se notifique o representado do conteúdo da petição, entregando-se-lhe a segunda via apresentada pelo representante com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 5 (cinco) dias, ofereça ampla defesa, juntada de documentos e rol de testemunhas, se cabível; (TJPA-2012) b) determinará que se suspenda o ato que deu motivo à representação, quando for relevante o fundamento e do ato impugnado puder resultar a ineficiência da medida, caso seja julgada procedente; c) indeferirá desde logo a inicial, quando não for caso de representação ou lhe faltar algum requisito desta lei complementar; ##Atenção: ##TJPB-2015: ##CESPE: Ac.-TSE, de 25.9.2003 nos EDclREspe no 20.976, rel. Min. Carlos Velloso: Ação de investigação fundada no art. 22 da LC no 64/90. Extinção do feito sem julgamento do mérito por ausência de capacidade postulatória da parte autora. [...] 2. É imprescindível que a representação seja assinada por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), sob pena de ser extinto o feito sem julgamento do mérito, por violação do art. 133 da Constituição Federal. II - no caso do Corregedor indeferir a reclamação ou representação, ou retardar-lhe a solução, poderá o interessado renová-la perante o Tribunal, que resolverá dentro de 24 (vinte e quatro) horas; III - o interessado, quando for atendido ou ocorrer demora, poderá levar o fato ao conhecimento do Tribunal Superior Eleitoral, a fim de que sejam tomadas as providências necessárias; IV - feita a notificação, a Secretaria do Tribunal juntará aos autos cópia autêntica do ofício endereçado ao representado, bem como a prova da entrega ou da sua recusa em aceitá-la ou dar recibo; V - findo o prazo da notificação, com ou sem defesa, abrir-se-á prazo de 5 (cinco) dias para inquirição, em uma só assentada, de testemunhas arroladas pelo representante e pelo representado, até o máximo de 6 (seis) para cada um, as quais comparecerão independentemente de intimação; (TJPA-2012) VI - nos 3 (três) dias subsequentes, o Corregedor procederá a todas as diligências que determinar, ex officio ou a requerimento das partes; VII - no prazo da alínea anterior, o Corregedor poderá ouvir terceiros, referidos pelas partes, ou testemunhas, como conhecedores dos fatos e circunstâncias que possam influir na decisão do feito; VIII - quando qualquer documento necessário à formação da prova se achar em poder de terceiro, inclusive estabelecimento de crédito, oficial ou privado, o Corregedor poderá, ainda, no mesmo prazo, ordenar o respectivo depósito ou requisitar cópias; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9504.htm#art74 IX - se o terceiro, sem justa causa, não exibir o documento, ou não comparecer a juízo, o Juiz poderá expedir contra ele mandado de prisão e instaurar processo s por crime de desobediência; X - encerrado o prazo da dilação probatória, as partes, inclusive o Ministério Público, poderão apresentar ALEGAÇÕES no prazo comum de 2 (dois) dias; XI - terminado o prazo para alegações, os autos serão conclusos ao Corregedor, no dia imediato, para apresentação de relatório conclusivo sobre o que houver sido apurado; XII - o relatório do Corregedor, que será assentado em 3 (três) dias, e os autos da representação serão encaminhados ao Tribunal competente, no dia imediato, com pedido de inclusão incontinenti do feito em pauta, para julgamento na primeira sessão subsequente; XIII - no Tribunal, o Procurador-Geral ou Regional Eleitoral terá vista dos autos por 48 (quarenta e oito) horas, para se pronunciar sobre as imputações e conclusões do Relatório; XIV – JULGADA procedente A REPRESENTAÇÃO, ainda que após a proclamação dos eleitos, o Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a prática do ato, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios de comunicação, determinando a remessa dos autos ao Ministério Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal, ordenando quaisquer outras providências que a espécie comportar; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) (MPMG-2010) (TJPB-2015) ##Atenção: ##TJBA-2019: ##CESPE: Ac.-TSE, de 21.6.2016, no REspe nº 84356: a partir das eleições de 2016, o litisconsórcio passivo necessário entre o candidato beneficiário e o responsável pela prática de abuso do poder político passa a ser obrigatório nas ações de investigação judicial eleitoral. ##Atenção: ##TJPB-2015: ##CESPE: [...] Investigação judicial eleitoral. Uso indevido de meio de comunicação. Jornal. Promoção pessoal. Potencialidade. Inelegibilidade. Art. 22, XIV, LC no 64/90. [...] NE: Trecho do voto do relator: “[...] viabiliza-se o ajuizamento de Ação de Investigação Judicial Eleitoral para apurar abuso de poder econômico e político praticado mesmo antes do período eleitoral.” (Ac. de 17.4.2008 nos EDclRO no 1.530, rel. Min. Felix Fischer.) XV - (Revogado pela Lei Complementar nº 135, de 2010) XVI – para a configuração DO ATO ABUSIVO, NÃO SERÁ CONSIDERADA a potencialidade de o fato alterar o resultado da eleição, MAS APENAS a gravidade das circunstâncias que o caracterizam. (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) (TJRJ-2011) (TJBA-2019) (TJRJ-2016-VUNESP): Considere a seguinte situação hipotética. Candidato João obteve o segundo lugar na eleição para Prefeito no Município de Cantagalo e ajuizou Ação de Investigação Judicial Eleitoral em face dos vencedores do pleito, o candidato José, e Maria, que com ele compunha a chapa. Na ação, João alegou que os eleitos ofereceram empregos nas empresas de propriedade de terceiro, Antônio, irmão de Maria, eleita Vice-Prefeita, em troca de votos. A instrução processual comprovou os fatos, com robustas provas de que houve efetivamentea promessa de emprego em troca de votos. Diante desse caso, é correto afirmar que a Ação de Investigação Judicial Eleitoral deve ser julgada procedente, pois restou comprovada a promessa de emprego em troca de voto, o que caracteriza abuso de poder econômico na eleição municipal, com a consequente cassação do diploma do Prefeito José e da Vice-Prefeita Maria. BL: art. 22, incisos XIV e XVI da LC 64/90 e art. 41-A, §1º da Lei 9504/97. Parágrafo único. O RECURSO CONTRA A DIPLOMAÇÃO, INTERPOSTO pelo representante, NÃO IMPEDE a atuação do Ministério Público no mesmo sentido. (MPPE-2002-FCC): Em eleição para prefeito, um candidato derrotado recorreu contra a diplomação do candidato eleito, alegando abuso do poder econômico. Esse recurso não impede a atuação do Ministério Público Eleitoral no mesmo sentido. BL: art. 22 da LC 64/90. Art. 23. O Tribunal formará sua convicção pela livre apreciação dos fatos públicos e notórios, dos indícios e presunções e prova produzida, atentando para circunstâncias ou fatos, ainda que não indicados ou alegados pelas partes, mas que preservem o interesse público de lisura eleitoral. (TJDFT-2016) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp135.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp135.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp135.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp135.htm#art2 (Anal. Legisl.-Valinhos/SP-2017-VUNESP): O princípio da lisura das eleições ou da isonomia de oportunidades está calcado na ideia de cidadania, de origem popular do poder e no combate à influência do poder econômico ou político nas eleições. BL: art. 23 da LC 64/90 c/c art. 14, §9º da CF/88. AIJE- Ação de Investigação Judicial Eleitoral A AIJE está prevista no art. 22 da Lei 64/90. Trata-se de ação que tem por finalidade apurar o abuso de poder político ou econômico nas eleições, que possa afetar a normalidade e a legitimidade do processo eleitoral. Também é cabível AIJE quando houver uso indevido dos meios de comunicação. Natureza Jurídica A AIJE é uma ação cível, de conhecimento, constitutiva que visa decretar a inelegibilidade do candidato por abuso de poder nas eleições, arrecadação, gastos e doações irregulares. Legitimidade Ativa Legitimidade passiva São legitimados passivos os pré-candidatos, ou seja, aqueles que pretendem registrar a candidatura perante a Justiça Eleitoral. O TSE entende que não há litisconsórcio passivo necessário quanto à legitimidade passiva no caso de eleições majoritária entre os candidatos aos cargos titulares e seus vices, isto porque os requisitos são analisados individualmente. Prazo No que diz respeito ao prazo inicial, o AIJE poderá ser proposto a partir do registro da candidatura, tal como vimos em relação ao AIRC. O que define qual das ações deve ser proposta é o que se pretende impugnar. A AIJE poderá ser proposta até o final do processo eleitoral. No entanto, o TSE já considerou que a AIJE poderá ser proposta a qualquer tempo, desde que capaz de caracterizar abuso do poder econômico que possa influenciar negativamente nas eleições vindouras. Competência Procedimento Petição Inicial: Deve observar os requisitos do art. 319, do NCPC. Há uma ressalva quanto ao art. 319, do NCPC, vez que as ações eleitorais não possuem valor da causa, não há custas, condenação em honorários de advogado; Testemunhas: Podem ser arroladas até 6 testemunhas. O TSE entende que é inadmissível a apresentação de rol de testemunhas em momento posterior à petição inicial; Citação; Defesa Escrita: O prazo para a defesa escrita é de 5 dias, sendo possível também indicar até 6 testemunhas; Dilação Probatória: Deve ser realizada até 5 dias. Não há oitiva das partes; Diligências: Podem ser determinadas de ofício ou a requerimento e devem observar o prazo de 3 dias; Alegações Finais: Neste caso, há o prazo comum, inclusive para o Ministério Público, de 2 dias; Decisão: Pode ser de procedência ou improcedência, observa o seguinte: LEGITIMADOS QUALQUER CANDIDATO COLIGAÇÃO PARTIDO POLÍTICO MP CORREGEDOR GERAL DA REPÚBLICA PRESIDENTE E VICE- PRESIDENTE CORREGEDOR REGIONAL ELEITORAL SENADOR, DEPUTADO FEDERAL E ESTADUAL, GOVERNADOR E VICE- GOVERNADOR JUIZ ELEITORAL PREFEITO, VICE-PREFEITO E VEREADOR Procedência: Surgem as seguintes consequências: Inelegibilidade pelo período de 08 (oito) anos; Cassação do Registro ou Diploma; Anulação dos Votos; Improcedência. Recurso: Deve observar o prazo de 3 dias, e, como essa decisão deve ser publicada no Diário Oficial do Poder Judiciário, o prazo observará tal publicação. Quando a competência for do TRE ou TSE, não haverá distribuição de processos no Tribunal, sendo que a competência será do respectivo Corregedor que atuará como relator. Se o Corregedor entender que não há elementos mínimos para a Investigação, poderá indeferi-la de logo, podendo a parte legitimada recorrer ao pleito do Tribunal, que, caso julgue procedente o recurso, a ação retornará ao Corregedor que retomará desde o início o procedimento da ação. 1.4. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO – AIME Trata-se de ação que visa invalidar a diplomação do candidato eleito, em razão de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude no processo eletivo. Encontra-se prevista no art. 14, §§ 10 e 11, da CF. Transcreve-se: Art. 14. (...) § 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. § 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. Observa-se que a AIME deve ser proposta até 15 dias da diplomação, instruindo a ação com provas do abuso de poder econômico, corrupção ou fraude. A AIME requer prova pré-constituída e, ainda, demonstração de potencialidade lesiva. A AIME poderá ser proposta perante o juiz eleitoral, TRE ou TSE, a depender do cargo pleiteado pelo pré-candidato: CARGO COMPETÊNCIA - Presidente e Vice. TSE. - Governador e Vice. - Senador e suplente. - Deputados federais, distritais e estaduais TRE´s. - Prefeito e Vice. - Vereador. Juízes Eleitorais. A AIME pode ser proposta pelo MP, partido político, coligação e candidato, tendo em seu polo passivo o diplomado que supostamente tenha agido com abuso do poder econômico ou político ou que tenha cometido fraude ou corrupção eleitoral. ATENÇÃO!! Atente-se que não há litisconsórcio passivo necessário entre o diplomado e seu partido político. O procedimento da AIME é o mesmo da AIRC, previsto nos art. 3º e ss da LC nº 64/90. ATENÇÃO!! Ressalta-se que NÃO HÁ LITISPENDÊNCIA entre a AIJE, AIME e o recurso contra diplomação (RCD), pois, segundo o TSE, possuem objetivos distintos. A AIME pode ensejar as penas de: I) cassação do mandato eletivo; e II) anulação de votos (uma vez que a vontade manifestada nas urnas não foi livre). ATENÇÃO!! Nesse caso, a cassação do candidato eleito pelo sistema majoritário terá, como efeito, a realização de novas eleições, independentemente do número de votos anulados, nos moldes do art. 224, § 3º, do CE. AIME- Ação de Impugnação de Mandato Eletivo A AIME é uma ação eleitoral que tem sede constitucional, vejamos o que dispõe o art. 14, § 10 e 11 da CF: § 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. § 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. Portanto, são três as hipóteses de cabimento da AIME expressamente previstas, mais uma quarta que analisaremos a seguir: • Corrupção; • Fraude; • Abuso de Poder Econômico. DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:O TSE entende que para configurar uma das hipóteses de AIME é necessária a constatação da potencialidade lesiva capaz de afetar as eleições. O TSE faz uma interpretação muito restrita desse dispositivo, entendendo que não caberá AIME cuja causa de pedir se fundamente em abuso de poder político, o qual não está literalmente previsto na CF/88. Ocorre que o próprio TSE tem aceitado como causa de pedir para a AIME uma situação na qual se verifique um abuso de poder político de viés econômico. Cabimento da AIME segundo o TSE São hipóteses em que o TSE admite o cabimento da ação: Ac.-TSE, de 22.11.2011, nos ED-REspe nº 73493 (abuso do poder econômico entrelaçado com abuso do poder político); Ac.-TSE, de 6.9.2005, no RO n° 893 (boca de urna e captação ilícita de sufrágio); Ac.-TSE, de 17.6.2003, no AMC n° 1276 (captação ilícita de sufrágio). Não Cabimento da AIME segundo o TSE São Hipóteses em que o TSE entende pelo Descabimento da AIME: Ac.-TSE, de 13.12.2011, no AgR-REspe nº 160421 (para arguir questões relativas à inelegibilidade); Ac.-TSE, de 12.5.2011, no REspe nº 36643 (inelegibilidade de prefeito itinerante); Ac.-TSE, de 12.2.2009, no REspe n° 28420; Ac.-TSE, de 9.8.2007, no Ag n° 6522 (condutas vedadas a agentes públicos); Ac.-TSE, de 23.4.2009, no REspe n° 35378 (duplicidade de filiação partidária); Ac.-TSE, de 7.4.2009, no REspe n° 28226; Ac.-TSE, de 31.10.2006, no AgR- ° 6869 (utilização indevida dos meios de comunicação social); Ac.-TSE, de 24.5.2005, no AgR-REspe nº 24806 (condição de elegibilidade); Ac.-TSE, de 19.8.2003, no REspe nº 21291 (pesquisa eleitoral); Ac.-TSE, de 5.10.1999, no REspe nº 16085 (corrupção administrativa). Legitimidade Ativa Legitimidade Passiva Diplomados infratores de abuso de poder econômico ou político ou que cometeram fraude ou corrupção eleitoral. Prazo O prazo para ajuizamento da AIME é de 15 dias, contados da diplomação. Esse prazo é decadencial, de modo que ultrapassado o prazo de 15 dias, o interessado perde o direito subjetivo de acionar judicialmente candidato eleitoral e diplomado. Procedimento Trata-se de uma ação que tramita em segredo de justiça e é gratuita, salvo se temerária ou comprovada a má-fé. Atualmente, o procedimento da AIME é disciplinado pela Resolução 21.634/2004, que determinou a aplicação do mesmo procedimento utilizado pela AIRC. Caso julgada procedente a AIME haverá a desconstituição do diploma concedido ao candidato e se já estiver exercendo o cargo político, o julgamento impõe a perda do mandato eletivo (TJRJ-2019-VUNESP): No que se refere à Ação de Impugnação de mandato eletivo, prevista na Constituição Federal, é correto afirmar que o mandato eletivo poderá ser impugnado ante à Justiça Eleitoral, no prazo de 15 dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. BL: art. 14, §10, CF. (TJMG-2018-Consulplan): É cabível a propositura da Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) na hipótese de abuso de poder praticado por ato de viés econômico grave. BL: art. 14, §10, CF. (eleitoral) (MPSP-2017): O mandato eletivo pode ser impugnado perante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias da diplomação, por abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. BL: art. 14, §10, CF/88. ##Atenção: A AIME é uma ação eleitoral prevista na corpo da Constituição Federal, especificamente no art. 14, § 10, e tem como objetivo atacar diretamente o mandato obtido por um candidato eleito, em face da ocorrência de abuso de poder econômico, corrupção ou fraude, podendo ser intentado até quinze dias após a obtenção do diploma. O objeto da AIME é o mandato vencido na Eleição, que se consolidou com a obtenção do diploma pelo eleito ou suplente na data da diplomação perante a Justiça Eleitoral, evento que marca o início da contagem temporal para o início da ação perante o Órgão competente para julgá-lo. Importante observar que a diplomação ocorre independentemente da presença do eleito ou suplente à cerimônia designada ou mesmo da recepção do diploma em si por parte do eleito ou suplente. 1.5. REPRESENTAÇÕES 1.5.1. ART. 96 DA LEI DAS ELEIÇÕES Inicialmente, convém expor que as representações são utilizadas em virtude do descumprimento das normas eleitorais. A reclamação prevista no art. 96 da Lei das Eleições abarca qualquer violação às normas desse diploma legal, podendo ser proposta por qualquer partido político, coligação ou candidato e, ainda, pelo MP. Não obstante o caput do art. 96 deixar de apontar o representante do MP como parte legítima, o § 1º do art. 96-B da Lei das Eleições determina que “o ajuizamento de ação eleitoral por candidato ou partido político não impede ação do Ministério Público no mesmo sentido”. Outrossim, o TSE entende que o MP, como fiscal da lei, pode apresentar representação em razão de descumprimento das normas eleitorais. A representação poderá ser proposta perante o juiz eleitoral, TRE ou TSE, a depender do cargo pleiteado pelo pré-candidato: LEGITIMADOS QUALQUER CANDIDATO COLIGAÇÃO PARTIDO POLÍTICO MP CARGO COMPETÊNCIA - Presidente e Vice. TSE. - Governador e Vice. - Senador e suplente. - Deputados federais, distritais e estaduais TRE´s. - Prefeito e Vice. - Vereador. Juízes Eleitorais. As reclamações e representações devem relatar fatos, indicando provas, indícios e circunstâncias. Recebida a reclamação ou representação, a JE notificará imediatamente o reclamado ou representado para, querendo, apresentar defesa em 48 horas. Transcorrido esse prazo, apresentada ou não a defesa, o órgão competente da JE decidirá e fará publicar a decisão em 24 horas. Quando cabível recurso contra a decisão, este deverá ser apresentado no prazo de 24 horas da publicação da decisão em cartório ou sessão, assegurado ao recorrido o oferecimento de contrarrazões, em igual prazo, a contar da sua notificação. Os Tribunais julgarão o recurso no prazo de 48 horas. Não sendo o feito julgado nos prazos fixados, o pedido pode ser dirigido ao órgão superior, devendo a decisão ocorrer de acordo com o rito definido nesse art. 96 da Lei das Eleições. Convém destacar o disposto no §§ 3º e 4º do art. 96: § 3º Os Tribunais Eleitorais designarão três juízes auxiliares para a apreciação das reclamações ou representações que lhes forem dirigidas. § 4º Os recursos contra as decisões dos juízes auxiliares serão julgados pelo Plenário do Tribunal. O § 3º determina a designação de juízes auxiliares para o julgamento dessas reclamações ou representações, podendo, inclusive, ser juízes federais, segundo o TSE (Ac.- TSE, de 12.5.2011, no PA nº 59896). Outro ponto se refere ao recurso dessa decisão proferida por esses juízes auxiliares. O TSE entende que devem ser atacadas pelo recurso inominado, no prazo de 24 horas, admitida a sustentação oral, sendo descabida a interposição de agravo regimental ou de agravo interno (Ac.-TSE, de 25.3.2010, na Rp nº 20574). As sanções aplicadas a candidato em razão do descumprimento de disposições da Lei das Eleições não se estendem ao respectivo partido, mesmo na hipótese de esse ter se beneficiado da conduta, salvo quando comprovada a sua participação (art. 96, § 11, Lei das Eleições). 1.5.2. POR CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO Primeiramente, impende relembrar o que já foi explanado em relação à captação ilícita do sufrágio. Um dos maiores problemas ocorridos nas eleições é a compra de votos. Por isso, visando a proteção do sufrágio universal, foi instituído o art. 41-A na Lei das Eleições: Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o VOTO, BEM ou VANTAGEM PESSOAL de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob penade multa de mil a cinquenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990. § 1º Para a caracterização da conduta ilícita, é DESNECESSÁRIO o pedido explícito de votos, bastando a evidência do dolo, consistente no especial fim de agir. § 2º As sanções previstas no caput aplicam-se contra quem praticar atos de violência ou grave ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o voto. § 3º A representação contra as condutas vedadas no caput poderá ser ajuizada até a data da diplomação. § 4º O prazo de recurso contra decisões proferidas com base neste artigo será de 3 (três) dias, a contar da data da publicação do julgamento no Diário Oficial. Como se observa no caput transcrito, não precisa haver a obtenção de vantagem financeira para sua caracterização, mas sim qualquer vantagem (dinheiro, bens, prestigio político, cargos, etc.). Do mesmo modo, o simples oferecimento ou promessa de entrega da vantagem já tipifica a conduta de captação ilícita, desde que com o fim específico de obtenção do voto. Nessa linha, atente-se o seguinte trecho da decisão do TSE: 1. O núcleo do artigo 41-A da Lei nº 9.504/1997 não exige, para a sua configuração, apenas a entrega do bem ou da vantagem pessoal, contentando-se com o oferecimento ou a promessa de entrega, a fim de obter o voto do eleitor. (TSE - Ac. de 29.8.2013 no REspe nº 403803, rel. Min. Henrique Neves, red. designado Min. Luciana Lóssio.) Outrossim, a vantagem deve ser oferecida de forma pessoal. É certo que não há necessidade de se identificar o eleitor, mas, caso seja realizada indistintamente aos eleitores, não configura a captação ilícita do sufrágio, segundo entendimento do TSE: De acordo com a jurisprudência do TSE, as 'promessas de campanha dirigidas indistintamente a eleitores sem referência a pedido de voto não constituem captação ilícita de sufrágio, a que alude o art. 41-A da Lei nº 9.504/97' [...]. (TSE - Ac. de 24.6.2014 no AgR-AI nº 44498, rel. Min. Luciana Lóssio) Por outro lado, dada a gravidade da conduta, não se exige a potencialidade lesiva para a configuração da captação ilícita do sufrágio. Basta a comprovação da compra de um voto para sua efetivação. [...] Ademais, para a condenação por captação ilícita de sufrágio, basta que haja o oferecimento, promessa ou doação de bem ou vantagem em troca do voto do eleitor, com a participação ou anuência do candidato, não se exigindo a demonstração da potencialidade lesiva da conduta ou da significância ou valor da benesse oferecida. (TSE - Ac. de 6.5.2010 no AgR- AC nº 76516, rel. Min. Marcelo Ribeiro.) Impende destacar, ainda, que, embora o caput do art. 41-A aponte a conduta de o “candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor”, o TSE entende ser desnecessária a participação direta do candidato, bastando sua anuência, isto é, a participação indireta. Em verdade, segundo o TSE, exige-se a constatação de 3 requisitos: I) a realização de quaisquer das condutas do art. 41-A (doar, oferecer, prometer ou entregar bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza a eleitor, bem como praticar violência ou grave ameaça ao eleitor); II) anuência do candidato e a evidência do especial fim de obter o voto do eleitor; e III) a ocorrência do fato durante o período eleitoral (desde o registro da candidatura até o dia da eleição). Preenchidos esses requisitos, poderá ensejar na representação por captação ilícita do sufrágio. Assim, possuem legitimidade para ingressar com a representação: I) qualquer candidato; II) partido político; III) coligação; ou IV) Ministério Público. No polo passivo, cabe a legitimidade ao candidato ou pré-candidato com registro de candidatura formalizado. A representação em epígrafe averigua todos os atos da captação ilícita praticados desde o requerimento do pedido de registro da candidatura até o dia da eleição. Poderá ser proposta perante o juiz eleitoral, TRE ou TSE, a depender do cargo pleiteado pelo pré- candidato: CARGO COMPETÊNCIA - Presidente e Vice. TSE. - Governador e Vice. - Senador e suplente. - Deputados federais, distritais e estaduais TRE´s. - Prefeito e Vice. - Vereador. Juízes Eleitorais. O rito a ser aplicado é o mesmo da AIJE, contido no rito do art. 22 da LC nº 64/90. (TJMG-2018-Consulplan): A natureza da sentença que cassa o registro ou o diploma, a teor do que dispõe o art. 41-A da Lei 9.504/97, é constitutiva negativa. BL: art. 41-A da Lei. (MPRS-2016): A representação do art. 41-A da Lei 9.504/97 somente abrange atos praticados no período entre o registro da candidatura e o dia da eleição. BL: art. 41-A da Lei. (TJDFT-2015-CESPE): Assinale a opção correta acerca da captação ilícita de sufrágio. A promessa de dádiva para o eleitor que se comprometer a não votar em candidato adversário caracteriza captação ilícita de sufrágio. (TJRJ-2011-VUNESP): No que se refere à captação ilícita de sufrágio, assinale a alternativa correta: De acordo com a Lei Eleitoral e a atual redação da Lei das Inelegibilidades, as cominações podem compreender a imposição de multa, a cassação do registro ou do diploma e a inelegibilidade octonal. art. 41-A, caput, da Lei 9504 e art. 1º, I, “j”, LC 64/90. (TJPI-2007-CESPE): A Lei Eleitoral brasileira, Lei 9.504/97, foi alterada, em 1999, mediante projeto de lei de iniciativa popular, para abrigar a instituição jurídica da captação de sufrágio, que se manifesta na promessa ao eleitor de emprego público com o fim de obter-lhe o voto. BL: art. 41-A, caput, da Lei. (TJRJ-2016-VUNESP): É correto afirmar que para caracterização da captação ilícita de sufrágio é desnecessário o pedido explícito de votos, bastando a evidência do dolo consistente no especial fim de agir. BL: art. 41-A, §1º da Lei. (MPAM-2015-FMP): Em relação à infração de captação ilícita de sufrágio (art. 41-A da Lei nº 9.504/97), é correto afirmar que como tutela à liberdade de voto, à vontade do eleitor, não se exige, para sua configuração, que o fato imputado cause desequilíbrio nas eleições. BL: art. 41-A, §1º da Lei e jurisprudência do TSE. 1.5.3. PARA APURAÇÃO DE ARRECADAÇÃO E GASTOS ILÍCITOS – ART. 30-A DA LEI DAS ELEIÇÕES Qualquer partido político ou coligação poderá representar à JE, no prazo de 15 dias da diplomação, relatando fatos e indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial para apurar condutas em desacordo com as normas da Lei das Eleições, relativas à arrecadação e gastos de recursos. Embora o art. 30-A não mencione, entende-se que o MP também possui legitimidade para representar, diante da permissibilidade do art. 96-B, § 1º, da Lei das Eleições. Assim, havendo irregularidades, poder-se-á propor a representação por captação e gastos ilícitos de recursos, cujo procedimento se encontra previsto no art. 22 da LC nº 64/90, no que couber. A captação ou gastos ilícitos de recursos, para fins eleitorais, deverá ser comprovada na ação e, nesse caso, será negado diploma ao candidato, ou cassado, se já houver sido outorgado. ATENÇÃO!! Mesmo que comprovado a captação ou gastos ilícitos, esses devem possuir relevância jurídica do ilícito, não bastando a simples potencialidade do dano em face do pleito, conforme entendimento do TSE. Essa relevância jurídica do ilícito se consubstancia na constatação da proporcionalidade da conduta frente ao contexto da campanha eleitoral. Dessa decisão que nega a diplomação ou a cassa caberá recurso no prazo de 03 dias, a contar da data da publicação do julgamento no DO. (TJRS-2012): Na investigação judicial prevista na Lei 9.504/97 (Lei das Eleições) para apurar eventuais irregularidades na arrecadação e nos gastos de recursos, o procedimento adotado é o da Lei Complementar no 64/1990. BL: art. 30-A, Lei 9504. 1.6. RECURSO CONTRA DIPLOMAÇÃO – RCD Essa ação tem por objeto a decretação de inelegibilidade ou incompatibilidadedo candidato diplomado. ATENÇÃO!! Embora o CE apresente essa ação como “recurso”, trata-se de uma ação eleitoral, já que inexiste ação anterior para ser atacada por algum recurso. Assim, o RCD é autônomo e, por isso, alguns autores indicam a nomenclatura de Ação de Impugnação da Diplomação (AIDI). O RCD tem previsão do art. 262 do CE: Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos casos de inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de elegibilidade. A doutrina, interpretando esse dispositivo, afirma que a possibilidade do RCD se apresenta em duas formas de inelegibilidade: I) inelegibilidade superveniente que surge após o deferimento do registro e antes da diplomação (fato posterior ao registro); II) inelegibilidade prevista na CF e não arguida em sede de AIRC, mas percebida após o deferimento do registro e antes da diplomação (fato anterior ao registro). O TSE sumulou o entendimento nesse sentido: Súmula 47. A inelegibilidade superveniente que autoriza a interposição de recurso contra expedição de diploma, fundado no art. 262 do Código Eleitoral, é aquela de índole constitucional ou, se infraconstitucional, superveniente ao registro de candidatura, e que surge até a data do pleito. De todo modo, da redação do art. 262 do CE se observa que o RCD também cabe para analisar as condições de elegibilidade. Importante mencionar ainda que o TSE possui o entendimento de não caber RCD nas condutas vedadas aos agentes públicos, previstas nos arts. 73 a 77 e 30-A da Lei das Eleições, uma vez que possui ações próprias. A legitimidade para a propositura do RCD fica a cargo de: I) candidato que tenha concorrido ao pleito; II) partido político; III) coligação (entendimento do TSE); ou IV) Ministério Público. Já o polo passivo pode ser ocupado pelo candidato eleito e seus suplentes diplomados. O RCD poderá ser proposto perante o TRE ou o TSE, a depender do cargo pleiteado pelo candidato. Frisa- se, no entanto, que haverá uma competência para a interposição (em qual órgão será interposto) e para o julgamento (em qual órgão será julgado) o RCD. Veja o quadro adiante: CARGO COMPETÊNCIA/INTERPOSIÇÃO COMPETÊNCIA/JULGAMENTO - Presidente e Vice. TSE. - Governador e Vice. - Senador e suplente. - Deputados federais, distritais e estaduais. TRE´s. TSE. - Prefeito e Vice. - Vereador. Juízes eleitorais. TRE´s. O legitimado terá o prazo de 3 dias, contados da diplomação do candidato eleito ou suplente diplomado, para apresentar o RCD. A decisão da RCD só produz efeito com o trânsito julgado, podendo o candidato exercer seu mandato de forma plena até esse marco. RCED- Recurso Contra a Diplomação Aqui, apesar da nomenclatura, não se trata propriamente de um recurso, mas de uma ação eleitoral. Está previsto no artigo 262 do Código Eleitoral. Cabimento Inelegibilidade superveniente Em regra, as inelegibilidades são arguidas em sede de AIRC. Conforme vimos, essa ação eleitoral deverá ser ajuizada no prazo de cinco dias após a publicação do registro do candidato. Dessa forma, eventuais situações de inelegibilidade superveniente – posteriores ao registro da candidatura – deverão ser questionadas por intermédio da RCED. Inelegibilidades constitucionais Como vimos as hipóteses constitucionais de inelegibilidade não sofrem preclusão e, em razão disso, poderão ser arguidas mesmo após o decurso do prazo da AIRC, em RCED. Condições constitucionais de Elegibilidade Do mesmo modo, em caso de não preenchimento de alguma das condições constitucionais de elegibilidade poderá ser ajuizada a RCED. Legitimidade Ativa Poderão apresentar o RCED o candidato – eleito ou não – o partido político e o Ministério Público. Quanto à coligação, embora o TSE entenda que ela possa ajuizar o RCED há um aspecto diferente. Vimos em outras ações eleitorais, que se o partido estiver coligado, não poderá isoladamente apresentar a ação, pois a legitimidade seria conferida em tais situações à coligação. Aqui a doutrina faz uma ponderação importante. Considera-se dissolvida a coligação com a diplomação, de forma que o partido, ainda que estivesse coligado, poderá ajuizar isoladamente a RCED. Legitimidade Passiva O legitimado passivo será o candidato diplomado. Prazo O RCED será apresentado no prazo de três dias a contar da diplomação do candidato, com a finalidade de cassar o diploma expedido pela Justiça Eleitoral. Procedimento Petição Inicial: Deve observar os requisitos do art. 319, do NCPC, com a ressalva do valor da causa; Notificação; Contrarrazões: a defesa escrita, nessa fase é denominada contrarrazões, e deve ser apresentada em 3 dias; Julgamento: segundo o Código eleitoral, apenas o RCED verificará a presença de um relator e de um revisor. Apenas nessa hipótese se verifica a presença do revisor, enquanto que em outros julgamentos não há tal figura; Sustentação Oral: para este caso, unicamente, o Código Eleitoral prevê o prazo de 20 minutos; Recurso: há possibilidade de recurso, no prazo de 3 dias. Esse recurso, quanto interposto de decisão do TRE, tem efeito suspensivo. (TJMT-2014-FMP): Tendo presente que a diplomação dos candidatos eleitos é um ato administrativo oriundo de um órgão jurisdicional, identifique qual é a natureza jurídica do Recurso Contra a Expedição de Diploma – RCED, previsto no art. 262 do Código Eleitoral: ação constitutiva negativa de ato administrativo. BL: art. 262, CE. OBS: Messias Aguiar, doutrina e jurisprudência reconhecem o caráter administrativo do ato da diplomação. Para José Jairo Gomes: "Deveras, a diplomação em si não é decisão judicial, tampouco resulta exclusivamente da atividade jurisdicional do Estado. Trata-se, antes, de atividade administrativa da Justiça Eleitoral, na qual é certificado oficialmente o resultado final do processo eleitoral. (...) Note-se, ainda,que a decisão de conferir mandato a alguém não emana ja Justiça Eleitoral, mas, sim, do povo, que comparece às urnas para manifestar sua vontade. Trata-se de expressão lídima da soberania popular. O candidato eleito não é mandatário da Justiça Eleitoral, mas sim do povo. Cristalina, portanto, a natureza eminentemente administrativa do ato de expedição de diploma, porquanto não há, aí, decisão judicial no sentido processual; nem sequer existe uma lide a ser solvida" (GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 12. ed. rev. atual. e amp. São Paulo: Atlas, 2016. p. 828). Para o Min. Sepúlveda Pertence, por ocasião do julgamento do Mandado de Segurança nº 3.100/MA (DJ 7-2-03, p. 139): "(...) 2. Por isso mesmo, tenho observado que o chamado 'recurso contra expedição de diplomação' (C. Eleit., art. 262), antes de ser um recurso, é, na verdade, uma ação constitutiva negativa do ato administrativo da diplomação." (TSE - Recurso Especial Eleitoral : RESPE 1210820136130000 Tapira/MG 183842013). Diante da explanação das principais ações eleitorais, cabe a visualização da esquematização adiante para se ter uma visão mais ampla sobre os objetivos e prazos para seu ingresso: 1.7. AÇÃO RESCISÓRIA ELEITORAL A ação rescisória eleitoral se encontra prevista no art. 22, I, “j”, do CE: Art. 22. Compete ao Tribunal Superior: I - Processar e julgar originariamente: j) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de cento e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado. O STF (ADI 1495) declarou a inconstitucionalidade dessa expressão “possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado”. Por sua vez, o TSE entende que a ação rescisória eleitoral apenas é cabível em face de decisões proferidas pelo próprio TSE. Para essa ação rescisória eleitoral, aplica-se as disposições dos arts. 966 a 975 do NCPC (legitimidade, hipóteses de cabimento, procedimento etc.). Porfim, o TSE perfilha o entendimento de não cabimento de antecipação de tutela em sede de ação rescisória eleitoral, salvo situações teratológicas que comprometam o processo eleitoral como um todo. AÇÃO RESCISÓRIA ELEITORAL A ação rescisória eleitoral é prevista no art. 22, I, j, do Código Eleitoral que trata da competência do Tribunal Superior Eleitoral. A ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de cento e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado”. Todavia, ao decidir a ADI Nº 1.459-5 – DJ 7-5-1999 –, o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da expressão “possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado”. Assim, atualmente só a primeira parte encontra-se em vigor. A ação rescisória suscita análise de dois juízos, a saber: o rescindente e o rescisório. O juízo rescindente é aquele preliminar que caracteriza a ação rescisória como tal e consiste no pedido, formulado pela parte autora, em razão do qual será decidido se a coisa julgada deve ser desconstituída, ou não. Para análise desse pedido é necessária a invocação de pelo menos uma das hipóteses legalmente previstas. Sendo o pedido rescindente julgado procedente, “o tribunal rescindirá a decisão” (CPC, art. 974 do CPC, primeira parte). Essa decisão possui natureza desconstitutiva, porque desfaz o julgado impugnado. Desconstituída a decisão transitada em julgado, com o acolhimento do juízo rescindente, passa-se à formulação do segundo juízo, o rescisório. Este é aquele que promove novo julgamento da causa (CPC, art. 974 do CPC, segunda parte). O aludido do art. 22, I, j, do CE não indicou os fundamentos que podem embasar o juízo rescindente. Face à omissão legal, se aceita a aplicação por analogia – e com as adaptações necessárias – das hipóteses arroladas no CPC: se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; ofender a coisa julgada; violar manifestamente norma jurídica; for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. Prazo A ação rescisória eleitoral segue procedimento especial. O prazo para ajuizamento é de 120 dias contado do trânsito em julgado da decisão que se pretende desfazer. Dada a expressa previsão contida no artigo 22, I, j, do CE, não se aplica aqui o lapso de dois anos previsto no art. 975 do CPC. Legitimidade Detém legitimidade ad causam ativa quem foi parte no processo que deu origem à decisão rescindenda. Além disso, o artigo 487 do CPC ainda confere legitimidade ao terceiro juridicamente interessado e também ao Ministério Público, este apenas nas seguintes hipóteses: a) se não foi ouvido no processo, em que Ihe era obrigatória a intervenção; (b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a lei; c) em outros casos em que se imponha sua atuação. Competência A citada alínea j, I, art. 22 do CE atribuiu competência rescisória tão somente ao TSE, de sorte que, diante da expressa previsão legal e da incidência do princípio da especialidade, os Tribunais Regionais Eleitorais não detêm competência para processar e julgar a ação em tela, nem mesmo em face de seus próprios julgados. #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: No âmbito da Justiça Eleitoral, a ação rescisória só é cabível para desconstituir acórdãos do TSE que contenham declaração de inelegibilidade (art. 22, I, j, do Código Eleitoral). Note-se que o termo inelegibilidade é aí compreendido em sentido estrito, de maneira que é incabível a ação em apreço se o julgado rescindendo versar sobre “ausência de condição de elegibilidade” (TSE – AgR-AR no 16.927/SP – DJe, t 164, 28-8-2013, p. 36; AgR-AR no 4.975/MT – DJe9-8-2013, p. 167). É preciso que a decisão tenha apreciado o mérito da causa ou do recurso, pronunciando-se efetivamente acerca da inelegibilidade. Não atende a esse pressuposto o julgado que extinguiu o processo sem apreciar-lhe o mérito, bem como o que não conheceu ou negou seguimento ao recurso. #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Nesse sentido, a jurisprudência tem afirmado ser incabível ação rescisória para desconstituir ato do TSE que “se limitou a julgar inadmissível recurso especial” (TSE – AgR-AR no 422.426/TO – DJe, t. 208, 3-11-2011, p. 68; AgR-AR no 150.911/ SP – DJe 12-5-2011, p. 28-29). Em tal quadro, indevida é a via processual em exame para rescindir atos jurisdicionais que, na verdade, figuram como pressuposto ou causa de juízos declaratórios de inelegibilidade. Isso ocorre, por exemplo, com as ações fundadas nos artigos 30-A (captação ou gasto ilícito de recurso em campanha eleitoral), 41-A (captação ilícita de sufrágio) e 73 (conduta vedada a agente público), todos da LE, que não têm por objeto direto nem a declaração nem a constituição de inelegibilidade e, por tal razão, as decisões nelas prolatadas não podem ser desfeitas via ação rescisória eleitoral. É que essas ações ensejam a inelegibilidade apenas de modo indireto ou reflexo, nos termos do artigo 1º, I, j, da LC no 64/90; de sorte que a inelegibilidade somente será declarada em futuro e eventual processo de registro de candidatura (isso porque, na dicção do § 10 do artigo 11 da LE: “as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro da candidatura”). 1.8. RECURSOS ELEITORAIS As regras gerais referentes aos recursos são tratadas entre os arts. 257 ao 264 do CE. Recurso diferencia-se de impugnação. Afinal, quando a legislação se reporta à impugnação ela está tratando de recursos eleitorais? Não! São coisas distintas, de forma geral a impugnação, que poderá ser verbal ou escrita, constitui pressuposto ou ato preparatório ao recurso. Por exemplo, no dia das eleições, os delegados de partido político poderão impugnar alguma decisão adotada pela Junta Eleitoral. Essa impugnação deverá ser operada imediatamente de forma oral ou escrita. Posteriormente, no prazo de três dias, o instrumento de impugnação – no caso, o recurso – será apresentado ao TRE, para reanálise. Os recursos eleitorais, diante da especialidade, submetem-se às normas eleitorais, aplicando-se o NCPC de forma subsidiária. Há de se destacar, de logo, que os prazos em dias úteis previstos no art. 219 do NCPC não se aplicam aos recursos eleitorais, conforme art. 7º da Resolução nº 23.478/2016 do TSE: Art. 7º O disposto no art. 219 do Novo Código de Processo Civil não se aplica aos feitos eleitorais. § 1º Os prazos processuais, durante o período definido no calendário eleitoral, serão computados na forma do art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 1990, não se suspendendo nos fins de semana ou feriados. § 2º Os prazos processuais, fora do período definido no calendário eleitoral, serão computados na forma do art. 224 do Novo Código de Processo Civil. § 3º Sempre que a lei eleitoral não fixar prazo especial, o recurso deverá ser interposto no prazo de 3 (três) dias, a teor do art. 258 do Código Eleitoral, não se aplicando os prazos previstos no Novo Código de Processo Civil. Outro ponto dos recursos eleitorais é a gratuidade, não se exigindo o recolhimento de preparo. Convém, ainda, destacar algumas características gerais a respeito dos recursos eleitorais: I) NÃO têm efeito suspensivo (Exceções: RCD, apelação criminal, recurso contra decisão que decreta inelegibilidade);II) prazo de 3 dias, contados da publicação, salvo disposição em contrário (Exemplo: das decisões finais de apuração de crime eleitoral, o recurso tem prazo de 10 dias); III) esse prazo para interposição é preclusivo, salvo matéria constitucional; IV) irrecorribilidade das decisões do TSE, salvo as que declararem a invalidade de lei ou ato contrário à CF e as denegatórias de HC e MS. ATENÇÃO!! Impugnações: não se confundem com os recursos; são oposições comuns em direito eleitoral, de forma verbal ou escrita, utilizadas como pressuposto para evitar preclusão. Encontra-se prevista no art. 169 do CE: À medida que os votos forem sendo apurados, poderão os fiscais e delegados de partido, assim como os candidatos, apresentar impugnações que serão decididas de plano pela Junta. Princípios: Princípio da taxatividade informa que somente serão admissíveis os recursos expressamente previstos na legislação. Não é possível a parte criar peculiar para o caso concreto. Somente será admissível o recurso nas hipóteses taxativamente previstas na legislação eleitoral. Princípio do duplo grau de jurisdição é o fundamento da existência dos recursos, na medida em que prevê a possibilidade de reanálise da mesma matéria por órgão diverso e em grau hierárquico superior. O princípio do duplo grau de jurisdição confere segurança às decisões jurídicas. Princípio da fungibilidade refere-se à possibilidade de se adaptar um recurso erroneamente interposto, a fim de atender à finalidade para a qual se destinada, desde que esse erro não seja grosseiro. Assim, se a parte nomina incorretamente um recurso. Com vistas a atender a finalidade a que se destinou processa-se o recurso que ela pretendeu e que está de acordo com a legislação. Princípio da proibição da reforma para pior (ou reformatio in pejus) informa que da decisão do recurso não é admissível piorar a situação do recorrente, exceto se forma matéria de ordem pública, a qual pode ser conhecida de ofício. Irrecorribilidade das Decisões Eleitorais: Em razão do princípio da taxatividade dos recursos e dada a natureza das matérias eleitorais – que demandam decisão célere – entende-se que vigora no Direito Eleitoral o princípio da irrecorribilidade das decisões eleitorais. As hipóteses de recursos são excepcionais e, como vimos acima, somente poderão ser interpostos conforme estrita previsão legal. Efeitos dos Recursos: O efeito devolutivo está presente em todos os recursos e significa a devolução da matéria recorrida ao órgão jurisdicional superior para reanálise. Já o pedido suspensivo se reporta aos efeitos da sentença recorrida. Questiona-se se a decisão recorrida poderá ser aplicada desde logo, ou se é necessário aguardar a decisão dos recursos para possa produzir efeitos. Todos os recursos possuem efeito devolutivo. Já em relação ao efeito suspensivo o Código Eleitoral é claro em estabelecer os recursos “não terão efeito suspensivo”. Art. 257. Os recursos eleitorais NÃO terão efeito suspensivo. É permitido também o efeito extensivo, pois se apenas um dos litigantes interpuser o recurso o resultado poderá beneficiar os litisconsortes. O efeito regressivo é cabível no recurso inominado e no recurso em sentido estrito, pois cabe o juízo de retratação em ambos. O efeito translativo ocorre quando o juízo ad quem puder examinar questões não suscitadas nas razões recursais, ou mesmo não apreciadas pelo juízo a quo. O efeito substitutivo ocorre uma vez que o acórdão do TRE substitui e prevalece sobre a sentença do juiz eleitoral. O Tribunal dará preferência ao julgamento de recursos, exceto os processos de habeas corpus e de mandado de segurança. Por fim, a execução de qualquer acórdão será feita imediatamente, através de comunicação por ofício, telegrama, ou, em casos especiais, a critério do presidente do Tribunal, através de cópia do acórdão. *(Atualizado em 29.04.2020): #DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: A Lei nº 13.165/2015 (minirreforma eleitoral de 2015) inseriu o § 3º ao art. 224 do Código Eleitoral. O § 3º prevê que “a decisão da Justiça Eleitoral que importe o indeferimento do registro, a cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato eleito em pleito majoritário acarreta, após o trânsito em julgado, a realização de novas eleições, independentemente do número de votos anulados.” O STF declarou a inconstitucionalidade da expressão “após o trânsito em julgado” e decidiu que basta a exigência de decisão final da Justiça Eleitoral. Assim, concluído o processo na Justiça Eleitoral (ex: está pendente apenas recurso extraordinário), a nova eleição já pode ser realizada mesmo sem trânsito em julgado. STF. Plenário. ADI 5525/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 7 e 8/3/2018 (Info 893). Tirando esse trecho, o restante do § 3º do art. 224 do CE é constitucional. Veja a tese fixada pelo STF: É constitucional, à luz dos arts. 1º, I e parágrafo único, 5º, LIV, e 14, caput e § 9º, da Constituição da República, o § 3º do art. 224 do Código Eleitoral, com a redação dada pela Lei nº 13.165/2015, no que determina a realização automática de novas eleições, independentemente do número de votos anulados, sempre que o candidato eleito, em pleito majoritário, for desclassificado, por indeferimento do registro de sua candidatura, ou em virtude de cassação do diploma ou mandato. STF. Plenário. RE 1096029/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/3/2020 (repercussão geral – Tema 986) (Info 968). 1.8.1. CONTRA DECISÕES DE JUNTA ELEITORAL Há dois recursos contra as decisões da junta: I) recurso parcial: dos julgamentos de eventuais impugnações às urnas, às cédulas e aos votos ao longo do processo de apuração; os legitimados são os fiscais e delegados dos partidos políticos, além dos candidatos; esses recursos são interpostos de forma imediata e decididos de plano, podendo ser interpostos de forma escrita ou verbal (nesse último caso, terá 48 horas para fundamentar o recurso); II) recurso inominado: dos atos, resoluções ou despachos dos juízes ou juntas; são interpostos ao TRE; o TSE entende que não cabe recurso inominado em matéria criminal nem em decisão interlocutória. Assim, vale observar que nem todo recurso interposto em face da Junta Eleitoral se tratará de recurso parcial, podendo ser interposto também o recurso inominado. Os recursos perante os juízes e juntas eleitorais observarão o seguinte trâmite: 1. Interposto por petição, o juiz intimará a parte contrária, por publicação, para contrarrazões; 2. Réplica, em 48 horas, se a parte contrária juntar documentos novos; 3. Se o juiz não se retratar, remeterá o recurso ao TRE; se se retratar, a parte contrária pode requerer a subida do recurso em 3 dias. (TJPB-2011-CESPE): Ainda no que concerne aos recursos eleitorais, assinale a opção correta: Os recursos contra atos das juntas eleitorais independem de termo e devem ser interpostos por petição devidamente fundamentada, acompanhada, se assim entender o recorrente, de novos documentos. BL: art. 266, CE. 1.8.2. CONTRA DECISÕES DE JUIZ ELEITORAL Há três recursos contra as decisões do juiz eleitoral: I) recurso inominado: interposto contra todas as sentenças de todas as ações de 1ª instância eleitoral; pode haver juízo de retratação no prazo de 48 horas; se não retratar, os autos sobem ao TRE; por outro lado, havendo retratação, o recorrido pode requerer, no prazo de 3 dias, a subida do recurso como se ele mesmo tivesse interposto; (MPSC-2014): O art. 265 do Código Eleitoral, prevê hipótese de recurso inominado, de competência do Tribunal Regional Eleitoral, quando se tratar de matéria civil, contra atos, resoluções ou despachos dos juízes ou juntas eleitorais. BL: art. 265, CE. II) apelação criminal: interposta contra sentença de crimes eleitorais no prazo de 10 dias; possui efeito suspensivo; III) RESE: no prazo de 5 dias; Exemplo: contra rejeição da denúncia. 1.8.3. CONTRA DECISÕES