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1 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 4 1.1 São “Direitos” dos trabalhadores 5 1.2 Alguns conceitos 6 1.2.1 A segurança saúde e no trabalho 6 2. SESMT e CIPA ( Comissão Interna de Prevenção de Acidentes ) nos Serviços de Saúde 8 2.1 Qual o papel do sesmt? 8 2.2 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA 8 2.3 Atribuições da cipa 9 3. O QUE SÃO OS ACIDENTES DE TRABALHO? 9 3.1 Doença do trabalho 10 3.2 Doença profissional 10 3.2.1 Causas dos acidentes de trabalho 10 3.2.2 Divisão do acidente de trabalho 12 3.2.3 O que fazer em casos de acidente de trabalho com material biológico? 13 4. CONSEQUÊNCIAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO 15 5. PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO 15 5.1 RISCOS FÍSICOS E QUÍMICOS 16 5.1.2 Riscos físicos 16 5.1.3 Riscos químicos 18 6. RISCOS BIOLÓGICOS E ERGONÔMICOS 20 6.1 Riscos biológicos 20 6.2 Riscos ergonômicos 21 7. RISCOS MECÂNICOS OU DE ACIDENTES 22 8. NR-32 E SUAS REGRAS DE SEGURANÇA 25 8.1 O que é um serviço de saúde? 25 8.2 Higienização das mãos 26 8.3 Biossegurança 27 9. Normas Regulamentadoras 28 10. PRINCÍPIOS DA VISAT 30 11. ATRIBUIÇÕES DA VISAT 33 11.1 Perigos e riscos 33 3 11.2 Avaliação de Risco 32 11.3 Prevenção 35 11.4 Definições básicas das nomenclaturas básicas utilizadas em segurança do trabalho 36 12 ATIVIDADES ABRANGIDAS PELA NR32 41 Bibliografias 44 4 1. INTRODUÇÃO Não é de hoje que a humanidade se preocupa em preservar a segurança e saúde dos trabalhadores. Os primeiros trabalhos publicados na área datam do século XVII, quando o médico italiano Bernardino Ramazzini publicou a obra “As doenças dos trabalhadores”, que relacionava os riscos à saúde ocasionados por produtos químicos, poeira, metais e outros agentes encontrados por trabalhadores em 52 ocupações. Desde essa época, muita coisa mudou no mundo do trabalho, assim como os riscos aos quais os profissionais estão expostos. Porém, as técnicas prevencionistas também evoluíram e passaram a possibilitar o pleno exercício profissional de maneira segura, de forma a preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores. A garantia de segurança e saúde nos locais de trabalho é um direito de todos os trabalhadores e também um imperativo constitucional. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), anualmente, ocorrem por todo o mundo cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho e são declaradas 160 milhões de doenças profisssionais, de que resulta a morte de dois milhões de pessoas Nesse sentido a Segurança e Saúde no Trabalho surge cada vez mais, não só como uma obrigação legal, mas principalmente, como uma necessidade, a vários níveis, intensifiscando-se a sua importância nas organizações. A promoção e prevenção da segurança e da saúde no trabalho são regulamentadas pela Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, alterada e republicada pela Lei n.º 3/2014, de 28 de Janeiro, com as atualizações introduzidas pelo DL n.º 88/2015, de 28/05, pela Lei n.º 146/2015, de 09/09 e pela Lei n.º 28/2016, de 23/08 De acordo com este diploma legal são responsáveis pela garantia das condições de segurança e saúde no trabalho tanto os empregadores como os trabalhadores. Enquanto os primeiros são responsáveis pela garantia de um local de trabalho com as devidas condições de segurança e saúde e com a disponibilização de equipamentos de trabalho adequados, aos trabalhadores cabe a responsabilidade de desempenhar as suas funções com o menor risco possível, tanto para si como para terceiros. A vigilância em saúde do trabalhador caracteriza-se por ser um conjunto de atividades destinadas à promoção e proteção, recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho. 5 A Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) é um componente do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, que visa à promoção da saúde e à redução da morbimortalidade da população trabalhadora, por meio da integração de ações que intervenham nos agravos e seus determinantes decorrentes dos modelos de desenvolvimento e processo produtivos. A VISAT é estruturante e essencial ao modelo de Atenção Integral em Saúde do Trabalhador. Constitui-se de saberes e práticas sanitárias, articulados intra e inter setorialmente. A especificidade de seu campo de ação é definida por ter como objeto a relação da saúde com o ambiente e os processos de trabalho, realizada com a participação e o saber dos trabalhadores em todas as suas etapas. De acordo com as Diretrizes de implantação da Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS de 2014 temos vários tópicos importantes que andam caindo em prova de concurso. Muito do desenvolvimento atual da área de segurança do trabalho se deve aos que perderam a vida ou ficaram incapacitados em decorrência da utilização de novas tecnologias, novos processos e novos produtos que demonstraram ser prejudiciais ao longo do tempo, uma vez que não se conheciam os riscos, até que estudassem os seus efeitos. 1.1 São “Direitos” dos trabalhadores: Trabalhar em condições de segurança e saúde; Receber informação sobre os riscos existentes no local de trabalho e medidas de proteção adequadas; Ser informado sobre as medidas a adotar em caso de perigo grave e iminente; Receber informação e formação necessárias ao desenvolvimento da atividade em condições de segurança e de saúde; Ser consultado e participar nas questões relativas à segurança e saúde no trabalho; Ter acesso gratuito a equipamentos de protecção individual, sempre que se aplique; Realizar exames de saúde na admissão, antes do início da prestação de trabalho, exames de saúde periódicos e ocasionais; Afastar-se do seu posto de trabalho em caso de perigo grave e iminente. Cumprir as regras e as instruções dadas pelo empregador em matéria de segurança e saúde no trabalho e utilizar corretamente os equipamentos de proteção coletiva e individual; 6 Zelar pela sua segurança e saúde, bem como pela segurança e saúde das outras pessoas que possam ser afetadas pelo seu trabalho; Utilizar corretamente máquinas, aparelhos, instrumentos, substâncias perigosas e outros equipamentos e meios colocados à sua disposição; Contribuir para a melhoria do sistema de segurança e saúde existente no seu local de trabalho; Comunicar de imediato ao superior hierárquico todas as avarias e deficiências por si detetadas; Contribuir para a organização e limpeza do seu posto de trabalho; Participar na formação sobre segurança e saúde no trabalho; Comparecer às consultas e aos exames determinados pelo médico do trabalho. 1.2 Alguns conceitos 1.2.1 A segurança saúde e no trabalho O trabalho ocupa uma parte significativa na vida de todos nós, considerando que a maioria dos trabalhadores passa, pelo menos, oito horas por dia no local de trabalho, onde todos os dias se encontram expostos aos mais diversos fatores (poeiras, gases, ruído, vibrações, temperaturas extremas) que interferem no bem-estar e condicionam o desempenho e os resultados individuais e coletivos alcançados, com consequências negativas, quer para trabalhadores, quer para a entidade empregadora. Por essa razão, existe uma convergência de interesses entre empregadores e trabalhadores, para que: os riscos no local de trabalho sejam identificados e controlados, e sempre que possível na sua origem, e que sejam mantidos os registos de qualquer exposição; os trabalhadores e os empregadores estejam informados sobre os riscos de saúde e de segurança no local de trabalho; exista uma estrutura responsável, que inclua os trabalhadores e os órgãos de gestão, pelo acompanhamento permanente e contínuo desta dimensão da realidade da organização. O conceito da segurança e saúde no trabalho reporta-nos para o conceito de ambiente saudávelo qual se encontra, por definição, inerente a um local de trabalho seguro. 7 De um modo geral, a definição de segurança e saúde no trabalho engloba estas duas dimensões, que se encontram interligadas, nos seus contextos mais alargados, ambas determinadas, conjuntamente, pelas condições de trabalho existentes: Qualquer tipo de condição de trabalho deficiente tem como consequência o poder afectar a saúde e a segurança de um trabalhador. As condições de trabalho perigosas ou prejudiciais à saúde e segurança podem ser encontradas em qualquer local de qualquer setor de atividade. As condições deficientes podem igualmente afectar o ambiente onde os trabalhadores vivem, uma vez que o ambiente de trabalho e de vida são muitas vezes o mesmo para diversos trabalhadores. Tal significa que os perigos, consequência de condições de trabalho não seguras e saudáveis, podem ter consequências graves para os trabalhadores, para as suas famílias e para a comunidade em geral. O conceito da segurança e saúde no trabalho abarca diversas dimensões e saberes com vista à melhoria das condições de trabalho, através da eliminação ou redução dos riscos e das suas consequências, mediante a criação de programas eficazes de prevenção e a criação de estruturas adequadas ao cumprimento dos objetivos consagrados na lei e nas boas práticas. A segurança saúde e no trabalho consiste assim numa disciplina de âmbito alargado, que envolve muitas áreas de especialização, com os seguintes objectivos: A prevenção para os efeitos adversos para a segurança e saúde decorrentes das condições de trabalho; A protecção dos trabalhadores no seu emprego perante os riscos resultantes de condições prejudiciais à segurança e saúde dos trabalhadores; A promoção e a manutenção dos mais elevados níveis de bem-estar físico, mental e social de todos os membros de uma organização; A colocação e a manutenção dos colaboradores num ambiente de trabalho ajustado às suas necessidades físicas e mentais; A adaptação do trabalho ao homem. A criação de um sistema adequado de segurança e saúde no trabalho permite a melhoria das condições e do ambiente de trabalho, pode ajudar a salvar vidas e tem igualmente efeitos positivos, quer no estado de espírito, quer na produtividade do trabalhador, quer nos resultados alcançados, de que resultam benefícios para todos: trabalhador, entidade empregadora e a sociedade em geral. 8 2. SESMT e CIPA ( Comissão Interna de Prevenção de Acidentes ) nos Serviços de Saúde Instituído no Brasil na década de 1970 devido à pressão da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre o governo brasileiro para reduzir o número de acidentes de trabalho, o SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) é um serviço, criado pelo artigo 162 da CLT e regulamentado pela NR-04, em que a equipe que trabalha para proteger a integridade física dos trabalhadores atua. Ele pode ser composto por Engenheiros de Segurança do Trabalho, Técnicos de Segurança do Trabalho, Médicos do Trabalho, Enfermeiros do Trabalho e Técnicos em Enfermagem do Trabalho, conforme regulamentado pela Norma Regulamentadora nº 04. Esses profissionais têm a responsabilidade de promover a saúde dos trabalhadores e garantir a segurança no ambiente de trabalho, atuando por meio de ações de prevenção a acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, eliminando, minimizando ou gerenciando quaisquer riscos a que os trabalhadores podem ficar expostos. 2.1 Qual o papel do sesmt? O papel do SESMT é assessorar a direção do serviço de saúde quanto ao cumprimento da legislação aplicável à segurança e saúde ocupacional. Cabe, também, ao SESMT, o registro de todos os acidentes de trabalho, com suas posteriores investigações e tratamento dos problemas que levaram à geração de um acidente de trabalho. 2.2 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), instituída no Brasil também na década de 1970 pela Portaria 3.214/78 e regulamentada pela Norma Regulamentadora nº 05, é uma Comissão que atua em conjunto com o SESMT para identificação, controle e gerenciamento dos riscos encontrados no ambiente de trabalho. É composta por metade dos membros escolhidos pelos trabalhadores por meio de uma eleição e a outra metade dos membros indicada pelo empregador. A quantidade de membros da CIPA é determinada pela NR-05 e varia de acordo com a atividade principal da empresa e da sua quantidade de trabalhadores. As empresas que 9 possuem até 20 funcionários não têm a obrigação de constituir uma CIPA, porém devem designar um trabalhador para atender às exigências da NR-05. Os cipeiros, como são chamados os membros da CIPA, têm a grande responsabilidade de promover a segurança e saúde do trabalho no dia a dia, orientando os colegas de trabalho, identificando, solucionando e relatando oportunidades de melhoria nos ambientes de trabalho. Em caso de acidentes de trabalho, os cipeiros orientam os trabalhadores sobre como procederem para registrar o acidente junto ao SESMT e fazem a investigação e posterior análise do caso para identificação das causas básicas e imediatas que proporcionaram a ocorrência do acidente para que sejam evitadas situações similares. É importante ressaltar que nenhuma ação de segurança do trabalho vem de um indivíduo isoladamente. O SESMT e a CIPA não trabalham sozinhos! O papel mais importante é o de estabelecer entre trabalhadores e gestores uma relação de diálogo e conscientização, de forma participativa e criativa, com relação à forma como as atividades são executadas, objetivando sempre melhorar as condições de trabalho. 2.3 Atribuições da cipa Entre as atribuições da CIPA, podemos listar: 3. O QUE SÃO OS ACIDENTES DE TRABALHO? Nem toda ocorrência não programada durante a jornada de trabalho pode ser considerada um acidente de trabalho. Para determinar isso, como em diversos assuntos relacionados à segurança e saúde do trabalho, existe uma legislação que rege o tema. Agora, estamos falando da Lei 8.213/91, que em seu artigo 19 conceitua acidente de 10 trabalho como “todo aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, causando a morte ou perda/redução da capacidade para o trabalho, que pode ser temporária ou permanente”. As doenças ocupacionais se subdividem em dois tipos. São elas: 3.1 Doença do trabalho é o tipo de doença ocupacional que tem relação com as condições especiais em que são realizadas as atividades ou condições especiais relacionadas a ela. Como exemplo, podemos citar a surdez induzida por ruído existente no local de trabalho. 3.2 Doença profissional é aquela produzida pelo exercício do trabalho peculiar a determinada profissão e inserida na relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, presente no anexo II do Decreto nº 3048/99 (Agentes Patogênicos Causadores de Doenças Profissionais ou do Trabalho). Podem servir como exemplos as lesões por esforço repetitivo (inflamações em músculos, tendões e nervos provocadas por atividades de trabalho que exigem movimentos manuais repetitivos durante longo tempo), perda auditiva induzida pelo ruído (provocada, na maioria das vezes, pela exposição a altos níveis de ruído durante período prolongado), bissinose (estreitamento das vias respiratórias causado pela aspiração de partículas de algodão), siderose (causada pela inalação de partículas de ferro, atinge trabalhadores de mineradoras de hematita, soldadores e trabalhadores que manipulem pigmentos com óxido de ferro), asbestose (resultante do trabalho comamianto) e saturnismo (intoxicação provocada pelo chumbo). 3.2.1 Causas dos acidentes de trabalho Você tem alguma ideia de como e por que os acidentes de trabalho acontecem? Todos os acidentes possuem duas causas básicas, quais sejam: • condições inseguras; • fatores pessoais de insegurança. As condições inseguras estão relacionadas com o ambiente de trabalho ao qual o trabalhador está inserido, ou seja, a condição de risco é oriunda do ambiente em que o trabalhador exerce suas atividades. Um buraco no piso, por exemplo, pode ser considerado uma condição insegura. 11 Os fatores pessoais de insegurança podem ser relacionados com os fatores que caracterizam a culpabilidade no âmbito do direito, quais sejam: • imprudência; • imperícia; • negligência. A imprudência se refere à falta de cuidados na execução de uma tarefa, quando o trabalhador viola as regras de segurança, atuando sem precaução, de forma precipitada. Na imprudência, há o ato do trabalhador. Já na negligência, não há a ação do trabalhador, que, mesmo conhecendo os riscos e as normas, não atua no sentido de evitar o acidente de trabalho ou a doença ocupacional. Essa inércia do trabalhador é fator determinante para a ocorrência do acidente de trabalho. A imperícia se caracteriza pela incapacidade técnica ou falta de habilidade específica para a realização de uma atividade. Nesse caso, o trabalhador sofre o acidente de trabalho por executar uma atividade para a qual não foi treinado ou não está capacitado. Todos devem ter ideia de que em serviços de saúde há uma predominância de acidentes envolvendo materiais perfurocortantes devido às próprias características do serviço. Porém, é preciso ter em mente também quais ações devem ser tomadas para que esses acidentes não aconteçam, tais como: • treinamentos; • programa de imunização dos trabalhadores; • fornecimentos de perfurocortantes com dispositivos de segurança; • elaboração e implementação do Plano de Prevenção de Riscos de Acidentes com Materiais Perfurocortantes pela Comissão Gestora Multidisciplinar; • seguir a Norma Regulamentadora nº 32; • entre outros. Cada acidente de trabalho envolvendo material biológico é considerado grave e leva consigo a possibilidade de contaminação do trabalhador com alguma doença. O Ministério da Saúde divulgou em 2006 as probabilidades de contaminação para acidentes com material biológico. 12 Para cada mil acidentes com material perfurocortante, 03 acidentados podem contrair o vírus HIV (0,3%); já para hepatite B, a possibilidade é de 220 acidentados contraírem a doença (22%) e, para hepatite C, a possibilidade é de 18 pessoas (1,8%). Devido à grande possibilidade de contaminação por hepatite B, é muito importante que os trabalhadores de serviços de saúde estejam com suas vacinas em dia e façam exames para comprovar que realmente a vacina reagiu em seu organismo, comprovando sua imunização. Suas vacinas estão todas em dia? 3.2.2 Divisão do acidente de trabalho Podemos classificar o acidente de trabalho, basicamente, em três grupos: Acidente típico É aquele que ocorre no local e durante o trabalho, considerando como um acontecimento súbito, violento e ocasional provocando no trabalhador uma incapacidade para a prestação de serviço. Exemplos: batidas, quedas, queimaduras, contato com produtos químicos, choque elétrico, etc. Acidente de trajeto 13 É o acidente sofrido pelo empregado no percurso da residência para o local de trabalho ou vice-versa, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do empregado. Deixa de caracterizar-se como “acidente de trajeto” quando o empregado tenha, por interesse próprio, interrompido ou alterado o percurso normal. Questão 1)Relacione as colunas: (1) Acidente típico ( ) Perda auditiva. (2) Doença profissional ( ) Queimadura. ( ) Choque elétrico. ( ) Pneumoconiose. ( ) Batida. ( ) Queda. ( ) Lesão por Esforço Repetitivo (LER). 3.2.3 O que fazer em casos de acidente de trabalho com material biológico? Imagine que um trabalhador se cortou com um bisturi no centro cirúrgico, o que será que ele deve fazer? E caso ocorra um acidente de trabalho com material biológico, o que é possível fazer? 14 O SESMT providenciará a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e, junto com a CIPA fará a investigação do acidente para identificação das causas básicas que o provocaram. Feito isso, medidas serão sugeridas para que o acidente não volte a acontecer. Essa Comunicação de Acidente de Trabalho é um documento obrigatório a ser emitido pelo contratante junto à Previdência Social em, no máximo, 24 horas úteis, para a garantia dos direitos dos trabalhadores acidentados. Feita a comunicação do acidente por parte do trabalhador à chefia imediata e para o SESMT, o próximo passo será a realização de exames laboratoriais de acordo com o tipo de exposição e situação (paciente-fonte conhecido ou não). A depender da situação, o trabalhador deverá ser encaminhado para hospital de referência em doenças infectocontagiosas para avaliação e, se necessário, início de quimioprofilaxia. 15 4. CONSEQUÊNCIAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO Todo acidente de trabalho gera consequências que afetam não apenas o trabalhador acidentado. Para ele, as consequências são o sofrimento físico e mental, possíveis dificuldades financeiras devido à possibilidade de afastamento do trabalho, dependência de terceiros e baixa no potencial psicológico. Para os colegas de trabalho, as consequências de um acidente de trabalho são sobrecarga de trabalho gerado pela falta do colega, preocupações com o funcionário acidentado e a produção de um clima organizacional instável. Para a empresa, o acidente de trabalho também é negativo devido ao aumento de custos, à grande possibilidade de não atendimento às metas planejadas por causa da falta do funcionário acidentado, insatisfação dos clientes e possível contratação e treinamento de um novo funcionário para exercício das atividades. O governo acaba impactado também quando ocorre um acidente de trabalho, porém de forma diferente, pois, além da Previdência Social, que acaba sendo acionada em caso de afastamentos maiores que 15 dias, muitas vezes o trabalhador será atendido pelo SUS, gerando um custo ao governo. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, cerca de 2,8 trilhões de dólares, são perdidos por ano em custos diretos e indiretos devido a acidentes e doenças relacionados ao trabalho. 5. PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO Como evitar os acidentes de trabalho no serviço de saúde? A orientação básica para toda e qualquer atividade é realizá-la com atenção redobrada sempre. A repetição de atividades faz com que tenhamos a tendência de automatizar os movimentos e diminuirmos a atenção naquilo que estamos realizando. Imagine quantas vezes por dia um técnico de laboratório utiliza um perfurocortante. Quantas vezes na semana, no mês, no ano, em toda sua vida laboral! Com certeza, em alguns momentos o risco já não será percebido, e a possibilidade de ocorrência de um acidente de trabalho aumenta. Para quem manuseia materiais perfurocortantes, algumas práticas precisam ser rotina, tais como: • nunca reencapar ou desconectar agulhas manualmente; 16 • quando for descartar os objetos perfurocortantes, verificar se o coletor de perfurocortantes não está cheio (linha pontilhada da caixa);• utilizar calçado fechado; • utilizar os Equipamentos de Proteção Individual fornecidos pela empresa; • jamais utilizar os dedos como anteparo durante a realização de procedimentos que envolvam materiais perfurocortantes; • não utilizar as lâminas de bisturi desmontadas. 5.1 RISCOS FÍSICOS E QUÍMICOS 5.1.2 Riscos físicos Os agentes físicos causadores em potencial de doenças ocupacionais se subdividem em: • ruído • vibrações • calor • frio • radiações ionizantes • radiações não ionizantes • umidade Ruído: não é qualquer barulho que é considerado ruído. Para ser classificado como tal, é necessário que ele provoque uma sensação desagradável e possa vir a provocar danos à saúde em caso de exposições a níveis de pressão sonora elevados e por tempo prolongado. O ruído pode diminuir a capacidade do trabalhador em ouvir e também afetá-lo emocionalmente com consequências graves sobre o equilíbrio psicossomático. Estudos apontam que trabalhadores expostos a níveis de pressão sonora elevados produzem menos e estão mais propensos a acidentes de trabalho. Vibrações: não muito comum em serviços de saúde, porém bastante encontrado em obras de construção civil, as vibrações têm grande potencial de danos à saúde do trabalhador. Essas vibrações podem ser categorizadas de duas formas diferentes – vibrações localizadas e vibrações de corpo inteiro – sendo a única diferença os pontos em que incidem sobre o trabalhador. Outras variações que têm relevância quando o trabalhador está exposto às 17 vibrações são a frequência das oscilações, a aceleração das oscilações e o tempo de exposição. Entre os transtornos que a vibração pode ocasionar, é possível listar dores abdominais, náuseas, dores no peito, perda de equilíbrio, respiração curta, contrações musculares, danos no sistema nervoso central autônomo, fadiga, irritação, cefaleia, problemas cardíacos, impotência sexual, problemas na espinhadorsal, problemas na visão, lentidão nos reflexos, falta de concentração para o trabalho, gastrite, ulcerações, degeneração paulatina do tecido muscular e nervoso, perda de tato nas mãos e nos pés. Calor: caracterizado pela exposição do trabalhador a ambiente com temperatura elevada. Deve-se observar o anexo III da Norma Regulamentadora nº 15 – Atividades e Operações Insalubres, que dispõe os cálculos para verificação da exposição ao calor no ambiente de trabalho. Caso o limite de tolerância seja ultrapassado, medidas deverão ser tomadas para sanar esse calor. No caso de impossibilidade, medidas administrativas podem ser seguidas, como a diminuição do tempo de exposição para preservação da saúde do trabalhador. A exposição indevida ao calor pode provocar taquicardia, aumento de pulsação, cansaço, irritação, fadiga, hipertensão, entre outras. Frio: caracterizado pela exposição do trabalhador a ambiente com temperatura extremamente baixa. Em serviços de saúde de grande porte, é possível encontrar esse agente de risco em câmaras frigoríficas, por exemplo. Para adentrar nesses locais, é preciso proteção contra o frio por meio de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) específicos, como japonas, luvas, gorros, entre outros. O objetivo dessa proteção é fazer com que a temperatura corporal do trabalhador não fique abaixo dos 36 °C. Radiações ionizantes: representam grandes riscos aos trabalhadores expostos, porém as proteções são bastante eficientes, e as atividades que envolvem esses riscos são possíveis de serem executadas com extrema segurança. A radiação ionizante pode ser proveniente de materiais radioativos ou produzidas artificialmente por meio da eletricidade em equipamentos de radiografia. Radiações não ionizantes: as radiações não ionizantes são as que não produzem ionizações. A mais famosa fonte de radiação não ionizante é o sol; outras bastante conhecidas são a 18 infravermelha, micro-ondas e radiofrequência. Como efeitos adversos da radiação não ionizante se pode citar queimaduras, manchas na pele e envelhecimento precoce. O dano provocado pela exposição do trabalhador a esse tipo de radiação varia conforme a duração, intensidade de exposição, comprimento de onda e região do espectro (por exemplo, solda elétrica). Umidade: pode ser definida como a quantidade de vapor de água presente na atmosfera. A umidade pode ser benéfica ou maléfica para nosso corpo, tudo dependerá de como ela está presente no ambiente em maior ou menor quantidade e de como nos expomos a ela. É possível caracterizar locais de trabalho úmidos comumente em lavanderias, lava a jatos, frigoríficos, cozinhas e atividades de pesca. 5.1.3 Riscos químicos Essa classificação de risco engloba produtos ou as substâncias compostas que podem contaminar o trabalhador por vias aéreas, cutânea, pelas mucosas ou por ingestão. São grandes causadores de doenças ocupacionais e seu uso deve ser bastante controlado. Um fator de risco associado a esses agentes de risco é a facilidade de acesso a produtos e substâncias químicas. • poeiras • fumos • neblinas • gases • vapores • substâncias, compostos ou produtos químicos em geral. É possível caracterizar algumas atividades que envolvem a liberação de 6 poeiras durante suas execuções, tais como: remoção de areia, processo de britagem, terraplanagem, detonação de rochas, demolição, trabalhos com cimento, lixamento, peneiramento de minérios e corte de granito. Fumos: os fumos são produzidos por condensação de vapores. Porém, esse vapor é originado de uma substância no estado sólido em condições normais de temperatura e pressão (normalmente, metais), e as partículas dos fumos são sólidas (e não líquidas, como é na 19 neblina). Os fumos são originados pela volatilização de substâncias sólidas, em sua grande maioria de metais quando estão sendo fundidos, inclusive em processos de solda. Por exemplo, o fumo de chumbo (Pb), quando se faz pontas em arames e fumo de zinco (Zn), na galvanoplastia. Neblinas: a condensação de vapores pode produzir partículas líquidas, chamadas neblinas. A condensação só ocorre quando o vapor do líquido está saturado no ambiente. As neblinas podem provocar uma infinidade de problemas à saúde do trabalhador, principalmente para os pulmões, mas também para a boca, a laringe, a faringe e para o resto do corpo, dependendo do tipo de substância que está dispersa no ar inalado pelo trabalhador. Gases: substâncias que, mesmo em Condições Normais de Temperatura e Pressão – CNTP (25 ºC e 1 atm), continuam em estado gasoso. Nos ambientes de trabalho podemos encontrar gases asfixiantes, tóxicos ou inflamáveis. Os gases asfixiantes são aqueles capazes de reduzir a concentração de oxigênio no ambiente, podendo trazer sérios danos para a saúde do trabalhador. Os gases tóxicos são aqueles que possuem componentes tóxicos em suas composições, como, por exemplo, os que são emanados dos escapamentos dos carros. O seu poder de dano ao trabalhador depende da substância, da concentração no ambiente e do tempo de exposição do trabalhador. Já os gases inflamáveis são aqueles facilitadores de incêndio e explosões a partir de uma ignição, dependendo da concentração no ambiente. Vapores: é a fase gasosa de uma substância que, normalmente, é sólida ou líquida em Condições Normais de Temperatura e Pressão. Pode- -se encontrar concentrações de vapores quando se utiliza solventes orgânicos, diluentes de tintas, agentes de limpeza, álcool, xileno, benzeno, tolueno, gasolina etc. Substâncias, compostos ou produtos químicos em geral: são todos os produtos químicos que possam penetrar no organismo do trabalhador pelas vias respiratória, cutânea ou por ingestão. 20 6. RISCOS BIOLÓGICOS E ERGONÔMICOS 6.1 Riscos biológicos Os agentes biológicos causadoresem potencial de doenças ocupacionais se subdividem em: • vírus • bactérias • protozoários • fungos • parasitas • bacilos • príons Todos esses microrganismos citados anteriormente são potenciais causadores de doenças aos quais os trabalhadores podem ficar expostos durante o exercício de suas atividades. Esse é o caso das indústrias de alimentação, hospitais, limpeza pública (coleta de lixo), laboratórios etc. Entre as diversas doenças ocupacionais provocadas por microrganismos, pode-se citar: tuberculose, brucelose, malária e febre amarela, por exemplo. Porém, o simples diagnóstico de trabalhadores com essas doenças não garante que seja caracterizada a doença ocupacional. Para isso, é necessário que haja exposição do trabalhador aos agentes patológicos dessas doenças. Os agentes biológicos são avaliados em função do poder de patogenicidade do agente infeccioso, da sua resistência no meio ambiente, do modo de contaminação, da importância da contaminação (dose), do estado de imunidade do manipulador e da possibilidade de tratamento preventivo e curativo eficazes. Essa classificação serve como parâmetro para as medidas de proteção do trabalhador previstas no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA e no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO. A NR-32 traz a classificação dos agentes biológicos em quatro classes diferentes. São elas: 21 Classe de risco 1: baixo risco individual para o trabalhador e para a coletividade, com baixa probabilidade de causar doença ao ser humano. Classe de risco 2: risco individual moderado para o trabalhador e com baixa probabilidade de disseminação para a coletividade. Os agentes biológicos dessa classe podem causar doenças ao ser humano, para as quais existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. Classe de risco 3: risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade de disseminação para a coletividade. Os agentes biológicos dessa classe podem causar doenças e infecções graves ao ser humano, para as quais nem sempre existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. Classe de risco 4: risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade elevada de disseminação para a coletividade. Apresenta grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro. Os agentes biológicos dessa classe podem causar doenças graves ao ser humano, para as quais não existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. 6.2 Riscos ergonômicos Os riscos ergonômicos estão relacionados aos problemas nas interações entre os trabalhadores e outros elementos ou sistemas, causando prejuízos ao bem-estar humano e ao desempenho global do sistema. Como agentes de riscos ergonômicos, podemos citar: • esforço físico intenso; • levantamento e transporte manual de peso; • exigência de postura inadequada; • controle rígido de produtividade; • imposição de ritmos excessivos; • trabalhos em turnos diurnos e noturnos; • jornada de trabalho prolongada; • monotonia e repetitividade; • outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico. Entre os possíveis danos que os riscos ergonômicos podem causar, podemos citar: • cansaço e dores musculares; • hipertensão arterial; • úlceras e doenças nervosas; 22 • agravamento do diabetes; • alterações do sono, da libido e da vida social; • taquicardia; • dificuldade de relações interpessoais; • tensão; • ansiedade; • medo; • Lesões por Esforço Repetitivo – LER; • Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho – DORT; • predisposição a acidentes; • dificuldade de concentração. 7. RISCOS MECÂNICOS OU DE ACIDENTES Riscos mecânicos ou de acidentes são todos aqueles fatores que possibilitam a ocorrência de um acidente de trabalho ou afetam a integridade física e/ou mental do trabalhador, relacionados com condições inseguras (riscos presentes no ambiente de trabalho) e que já não estejam classificados nas outras quatro categorias anteriores (riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos). Entre os agentes de riscos mecânicos, podemos citar: • arranjo físico inadequado; • partes móveis de máquinas sem proteção; • máquinas, equipamentos e ferramentas inadequadas ou defeituosas; • trabalho em altura; • eletricidade; • incêndio ou explosão; • espaço confinado; • animais peçonhentos; • suspensão de materiais; • piso irregular ou escorregadio; • superfícies cortantes, perfurantes ou esfoliantes; • projeção de fragmentos; • movimentação de materiais; • queda de materiais; 23 • iluminação inadequada; • batida contra ou batida por; • prensagem; • outras situações de risco. De maneira geral, os riscos de acidentes causam lesões ou danos imediatos aos trabalhadores, como: • queimaduras; • fraturas; • entorses; • luxações; • esmagamentos; • cortes; • escoriações; • choques; • amputações; • perfurações; • entre outros. Agora, já sabemos o que é segurança e saúde do trabalho, o que são os acidentes de trabalho e quais agentes de riscos podem ocasionar esses acidentes. Como trabalhamos em serviços de saúde, nada mais justo do que encerrarmos esse módulo estudando um pouco de biossegurança e também a Norma Regulamentadora nº 32 – NR-32 que trata sobre segurança e saúde do trabalho em serviços de saúde. QUESTÕES 1) Para que um agente de risco provoque danos à saúde é necessário que exista uma combinação de vários fatores, quais são eles? a) Predisposição do trabalhador para o acometimento de determinadas doenças. b) Tempo de exposição, possibilidade de o profissional absorver as substâncias químicas ou biológicas, concentração dos tóxicos no ambiente de trabalho, o tipo de agente agressivo e a forma como o contaminante se encontra. 24 c) Depende do uso dos EPI’S. d) Tempo de exposição, possibilidade de o profissional absorver as substâncias químicas, físicas ou biológicas, concentração dos tóxicos no ambiente de trabalho. 2) A mesma Portaria que instituiu as primeiras normas regulamentadoras (Portaria nº 3.214/78) também classificou os riscos em classes diferentes. De acordo com essa Portaria, são considerados riscos ambientais os agentes: a) Riscos de acidentes. b) Ergonômicos e de acidentes. (Mecânicos) c) Físicos, químicos, biológicos. d) ) Físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. (Mecânicos) 3) Os agentes físicos são considerados as diversas formas de energia a que os trabalhadores possam estar expostos e ofereçam riscos à sua saúde e/ou integridade física. Assim, são exemplos de agentes físicos: a) Ruído, vibrações e calor. b) Ruído, vibrações e iluminação inadequada. c) Radiação ionizante, esforço físico intenso e monotonia. d) Fumos metálicos, ruído e frio. 4) Os agentes químicos são as substâncias e compostos que podem penetrar no organismo pela via respiratória, por meio da pele ou por ingestão. Assim, são exemplos de agentes químicos: a) Radiação ionizante, esforço físico intenso e monotonia. b) Poeiras, fumos, neblinas. c) Ruído, vibrações e iluminação inadequada. d) Fumos metálicos, ruído e frio. 5) Os agentes biológicos são todos aqueles micro-organismos geneticamente modificados ou não, as culturas de células, os parasitas, as toxinas e os príons que têm potencial para provocar alguma doença no trabalhador. Assim, são exemplos de agentes biológicos: a) Fumos metálicos, ruído e frio. b) Radiação ionizante, esforço físico intenso e monotonia. c) Ruído, vibrações e iluminação inadequada. d) Vírus, bactérias, protozoários. 25 8. NR-32 E SUAS REGRAS DE SEGURANÇA NR-32 Assim como as novas normas de segurança do trabalho vigentes do país, como as NRs 33 e 35, Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados e Trabalho em Altura, respectivamente, a NR-32 trata da gestão de Segurançae Saúde em determinada atividade. No caso, o trabalho em serviços de saúde. A história da NR-32 é bastante interessante, pois se trata da primeira norma de segurança do trabalho no mundo específica para serviços de saúde. A ideia da criação da norma surgiu de uma iniciativa dos trabalhadores da saúde do estado de São Paulo em 1997, que estavam preocupados com o crescente número de acidentes de trabalho que acometia a categoria. Essa foi a norma de segurança e saúde do trabalho que passou mais tempo em consulta pública e que teve o maior número de sugestões públicas, com um número de contribuições passando das 400 sugestões. Curiosamente, mesmo com todas essas contribuições, foi norma totalmente aprovada por consenso e passou a ser utilizada como referência para diretrizes da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A NR-32 abrange diversas áreas de um serviço de saúde. 8.1 O que é um serviço de saúde? De acordo com a NR-32, serviço de saúde “é qualquer edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, seja promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de complexidade”. Para se ter um bom sistema de gestão em Segurança e Saúde no Trabalho num serviço de saúde, é preciso, primeiro, conhecer todos os processos e medi-los (mensurá-los) para, a partir daí, ter um controle sobre tudo o que acontece no ambiente de trabalho e que esteja relacionado à segurança e saúde do trabalhador. Por isso, a NR-32 possui em sua estrutura itens de segurança relacionados a diversas áreas e processos, tais como: • atividades com exposição aos riscos biológicos; • atividades com exposição aos riscos químicos; • atividades com exposição às radiações ionizantes; 26 • resíduos; • condições de conforto por ocasião das refeições; • lavanderia; • limpeza e conservação; • manutenção de máquinas e equipamentos; • entre outros. A NR-32 detalha diversas regras de segurança que devem ser seguidas durante a execução de atividades em serviços de saúde. Vamos conhecer algumas delas. Atualmente, a preocupação com programas que tenham como foco a segurança no cuidado do paciente nos serviços de saúde trata como prioridade a correta higienização das mãos. Infelizmente, a adoção de práticas corretas de lavagem das mãos não é rotina para grande parte dos profissionais da saúde, apesar de ser uma prática reconhecida há muitos anos na prevenção e no controle das infecções nos serviços de saúde. Mas você sabe, de fato, o que é a higienização das mãos? 8.2 Higienização das mãos A higienização das mãos configura a maneira individual mais simples e menos onerosa para prevenir a propagação das infecções relacionadas à assistência à saúde. Recentemente, o termo higienização das mãos passou a ser utilizado em detrimento ao termo lavagem das mãos devido à maior abrangência do termo higienização, que engloba a higienização simples, antisséptica, fricção antisséptica e a antissepsia cirúrgica das mãos. Agora que você já sabe o que é a higienização das mãos, sabe por que deve fazê-la? 27 8.3 Biossegurança Feita a higienização correta das mãos, agora é preciso lembrar que essa não é a única preocupação quando o assunto é biossegurança e NR-32. Diversos outros pontos merecem destaque no que tange à segurança do trabalhador dos serviços de saúde e que tenham a possibilidade de exposição aos riscos biológicos. Por exemplo, se você tiver uma ferida ou lesão nos membros superiores, deve, obrigatoriamente, se apresentar a um médico para avaliação do ferimento/lesão e posterior emissão de documento de liberação para o trabalho. Outro ponto muito importante trazido pela NR-32 é a proibição de se utilizar as pias de trabalho para fins diversos do previsto. Se a pia é para lavagem de materiais, só pode ser usada para isso, não podendo ser lavados alimentos ou as mãos. Fumar, manusear lentes de contato e utilizar adornos também são proibidos. Para o grupo que criou a NR-32, adornos são as alianças, anéis, pulseiras, relógios de uso pessoal, colares, brincos, broches, piercings expostos, gravatas e crachás pendurados com cordão. Com relação à alimentação, esta deve ser feita apenas em locais exclusivos para isso, como refeitórios e copas. Sua refeição também merece um lugar adequado para ser guardada. Não deixe em locais em que possa haver contaminação do alimento. Outra importante medida preventiva é a utilização de calçados fechados. Muitos profissionais, reclamam do desconforto dos calçados fechados, mas essas pessoas não sabem que o simples fato de usar o calçado fechado protege os pés do trabalhador contra respingos de materiais biológicos, quedas de agulhas, entre outros. A diferença entre se contaminar com material biológico ou não pode estar no simples fato de utilizar o calçado fechado. Com relação à contaminação cruzada, é fundamental que o uso de vestimentas exclusivas de setores fechados, como centros cirúrgicos, UTIs, CME, entre outros, seja sempre seguido. Para entrar num setor que possua vestimenta exclusiva, é preciso utilizá-la e, quando sair, deixar essa roupa no setor. Tudo isso para evitar que você leve agentes biológicos que podem causar uma contaminação para dentro do setor fechado e também não saia com os organismos patogênicos de dentro dos setores fechados. Com relação aos Equipamentos de Proteção Individual – EPIs, a recomendação para os trabalhadores de serviços de saúde é a mesma dos demais trabalhadores de áreas diversas: 28 o EPI serve para sua proteção, então o utilize. Seu uso é obrigatório e ele deve estar à disposição nos postos de trabalho em quantidade suficiente para imediata reposição. Várias atividades inerentes aos profissionais de saúde estão relacionadas com o uso de objetos perfurocortantes. Por isso, é importante que esses profissionais saibam de algumas medidas obrigatórias para o manuseio dos objetos perfurocortantes, tais como: • o responsável pelo descarte dos perfurocortantes é o profissional que o utilizou, não podendo delegar essa responsabilidade para um colega; • não se deve reencapar, nem desconectar manualmente as agulhas; • sempre realizar as atividades envolvendo perfurocortantes com atenção redobrada; • quando descartar os objetos perfurocortantes, atentar para não ultrapassar o limite da caixa destinada ao descarte de perfurocortantes, que é sinalizado por uma linha pontilhada (75% do volume total da caixa); • utilizar sempre o calçado fechado; • utilizar obrigatoriamente os EPIs; • manter distância segura para realizar procedimentos em conjunto com outros profissionais; • não deixar agulhas ou seringas sobre móveis, balcões e leitos. Desprezá-los imediatamente após o uso no recipiente específico. Diante do risco que existe em se trabalhar com objetos perfurocortantes, algumas medidas são necessárias para evitar a contaminação do profissional, além das listadas anteriormente. Uma delas é a vacinação. No Brasil, nenhum cidadão é obrigado a se vacinar, porém essa é uma medida preventiva de imensa importância para os profissionais da saúde, pois em caso de acidente envolvendo material biológico, a diferença entre a contaminação ou não pode estar no fato de o trabalhador ser vacinado. 9. Normas Regulamentadoras Atualmente, estão em vigor no Brasil 36 NR’s, quais sejam: - NR-01 – Disposições Gerais; - NR-02 – Inspeção Prévia; - NR-03 – Embargo ou Interdição; - NR-04 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho; 29 - NR-05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes; - NR-06 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI); - NR-07 – Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO); - NR-08 – Edificações; - NR-09 – Programas de Prevenção de Riscos Ambientais; - NR-10 – Segurança em Instalações e Serviçosem Eletricidade; - NR-11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais; - NR-12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos; - NR-13 – Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulações; - NR-14 – Fornos; - NR-15 – Atividades e Operações Insalubres; - NR-16 – Atividades e Operações Perigosas; - NR-17 – Ergonomia; - NR-18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção; - NR-19 – Explosivos; - NR-20 – Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis; - NR-21 – Trabalho a Céu Aberto; - NR-22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração; - NR-23 – Proteção Contra Incêndios; - NR-24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho; - NR-25 – Resíduos Industriais; - NR-26 – Sinalização de Segurança; - NR-27 – Registro Profissional do Técnico em Segurança do Trabalho no MTB (revogada); - NR-28 – Fiscalização e Penalidades; - NR-29 – Segurança e Saúde no Trabalho Portuário; - NR-30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário; - NR-31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura; - NR-32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde; - NR-33 – Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados; - NR-34 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval; 30 - NR-35 – Trabalho em Altura; - NR-36 – Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados. 10. PRINCÍPIOS DA VISAT A VISAT pauta-se nos princípios do Sistema Único de Saúde, em consonância com a Promoção da Saúde e o Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, mantendo estreita integração com as demais Vigilâncias – sobretudo com a Sanitária, Epidemiológica e Saúde Ambiental - e as redes assistenciais. São princípios da VISAT: Universalidade - Todos trabalhadores, homens e mulheres, são sujeitos da VISAT, independentemente da localização do seu trabalho - urbana ou rural, na rua, nas empresas e nos domicílios - de sua forma de inserção no mercado de trabalho - formal ou informal, de seu vínculo empregatício - público ou privado, autônomo, doméstico, aprendiz, estagiário, - podendo estar ativo, afastado, aposentado e em situação de desemprego. 31 Equidade - Serão contemplados nas ações de VISAT, todos os trabalhadores, definindo prioridade para grupos mais vulneráveis, a exemplo dos trabalhadores informais, em situação de precariedade, discriminados, ou em atividades de maior risco para a saúde, dentre outros. definidos a partir dos diagnósticos locais, regionais ou nacionais e da discussão com os trabalhadores e outros sujeitos sociais de interesse na saúde dos trabalhadores, buscando superar desigualdades sociais e de saúde, considerando o respeito à ética e dignidade das pessoas, e suas especificidades e singularidades culturais e sociais. Integralidade das ações - A garantia da integralidade nas ações de VISAT inclui a articulação entre as ações individuais com ações coletivas, entre as ações de planejamento e avaliação com as práticas de saúde, e entre o conhecimento técnico e os saberes, experiências e subjetividade dos trabalhadores e destes com as respectivas práticas institucionais. Integração interinstitucional - deve ser compreendida como o exercício da transversalidade entre as políticas de saúde do trabalhador e outras políticas s etoriais, como Previdência, Trabalho e Meio Ambiente, educação e justiça e aquelas relativas ao desenvolvimento econômico e social, nos âmbitos federal, estadual e municipal. Plurinstitucionalidade - Articulação, com formação de redes e sistemas, entre as instâncias de vigilância em saúde, incluindo as de saúde do trabalhador, a rede de atenção à saúde, as universidades, os centros de pesquisa e demais instituições públicas com responsabilidade na área de saúde do trabalhador, consumo e ambiente. Integração intrainstitucional - Pressupõe a integração das instancias do SUS na ação de vigilância em rede, incorporando o apoio matricial e as ações solidárias e complementares entre regiões, estados e municípios aos componentes da Vigilância em Saúde, das redes de atenção à saúde, da promoção da saúde e da educação em saúde. Responsabilidade Sanitária - Pressupõe assumir um princípio éticopolítico da ação em Vigilância em Saúde do Trabalhador, que compreende o entendimento de que o objetivo e a justificativa da intervenção é a melhoria das condições de trabalho e saúde. As instancias envolvidas na VISAT têm o dever de identificar situações que resultem em risco ou produção de agravos à saúde, notificando aos setores sanitários competentes, adotando e ou fazendo 32 adotar medidas de controle quando necessário. Isto pressupõe o entendimento de que os locais de trabalho são espaços de interesse público, cabendo ao SUS assumir sua responsabilidade sanitária e constitucional de proteger a saúde dos trabalhadores em seu trabalho. Direito do trabalhador ao conhecimento e à participação – O conhecimento e a participação dos trabalhadores são essenciais aos processos de identificação das situações de risco presentes nos ambientes de trabalho e das repercussões sobre a sua saúde, bem como na formulação, no planejamento, acompanhamento e avaliação das intervenções sobre as condições geradoras de riscos e agravos relacionados ao trabalho. Requer o fortalecimento da representação dos trabalhadores nos setores informais e de trabalho precário nas instancias de participação e controle social. Controle e participação social - Pressupõe a garantia de participação dos trabalhadores ou seus representantes na formulação, no planejamento, no acompanhamento e na avaliação das políticas e execução das ações de VISAT, nas instâncias constituídas no SUS, especificamente nos conselhos de saúde, CIST e conselhos de gestão participativa e fóruns, comissões e outras formas de organização além das constituídas no SUS. Comunicação/publicização - Refere-se à garantia de transparência das ações de VISAT, com a divulgação das informações e ações para a sociedade, preservados o anonimato e a confidencialidade das informações dentro dos princípios éticos. Hierarquização e Descentralização - Compreende a consolidação do papel do município como instância efetiva de desenvolvimento das ações de vigilância em saúde do trabalhador, integrado e apoiado pelos níveis regional, estadual e federal do Sistema Único de Saúde, em função de sua complexidade e considerando sua organização em redes e sistemas solidários. Interdisciplinaridade - Compreende os campos disciplinares distintos de saberes técnicos, com a concorrência de diferentes áreas do conhecimento e fundamentalmente o saber do trabalhador. 33 Principio da precaução - Compreende prevenir possíveis agravos à saúde dos trabalhadores causados pela utilização de processos produtivos e tecnologias, uso de substâncias químicas, equipamentos e máquinas entre outros, que mesmo na ausência da 5 certeza científica formal da existência de risco grave, ou irreversível à saúde requer a implantação de medidas que possam prevenir danos, ou por precaução, a tomada de decisão de que estas tecnologias não devam ser utilizadas. Caráter transformador - Pressupõe processo pedagógico que requer a participação dos sujeitos e implica em assumir compromisso ético em busca da melhoria dos ambientes e processos de trabalho, com ações que contenham caráter proponente de mudanças, de intervenção e de regulação sobre os fatores determinantes dos problemas de saúde relacionados ao trabalho, num processo de negociação no sentido da promoção da saúde. Aqui estariam inseridas as pesquisas em saúde. 11. ATRIBUIÇÕES DA VISAT Nós já vimos os princípios e os objetivos da VISAT, agora vamos aprofundar nas atribuições dessa Vigilância:1. Estabelecer processos de informação, intervenção e regulação relacionados à saúde do trabalhador; 2. Realizar levantamentos, monitoramentos de risco à saúde dos trabalhadores e de populações expostas, acompanhamento e registro de casos, inquéritos epidemiológicos e estudos da situação de saúde a partir dos territórios; 3. Articular com as diversas instâncias da Vigilância em Saúde, Atenção Primária e os demais componentes da Rede Assistencial; 4. Promover articulação com instituições e entidades das áreas de Saúde, Trabalho, Meio Ambiente, Previdência e outras afins, no sentido de garantir maior eficiência das ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador; 5. Realizar apoio institucional e matricial as instâncias envolvidas no processo de vigilância em saúde do trabalhador no SUS; 6. Realizar inspeções sanitárias nos ambientes de trabalho, com objetivo de buscar a promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores; 34 7. Sistematizar e difundir as informações produzidas; 8. Promover ações de formação continuada para os técnicos e trabalhadores envolvidos nas ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador. 11.1 Perigos e riscos Importa antes de mais fazer a destrinça entre perigo e risco. O conceito de perigo reporta-se à ideia de " propriedade intrínseca de uma instalação, atividade, equipamento, um agente ou outro componente material de trabalho com potencial para provocar dano" (Lei nº 102/2009, de 10 de Setembro). Por outro lado, e também de acordo com a Lei nº 102/2009, de 10 de Setembro, um risco é "(…) a probabilidade de concretização do dano em função das condições de utilização, exposição ou interação do componente material do trabalho que apresente perigo". A definição de perigo e de risco faz referência a um dano, a um efeito negativo com uma certa gravidade. Esses efeitos podem referir-se a: Lesões físicas (fraturas, cortes…) portadoras de uma incapacidade de trabalho temporária ou permanente; Doenças profissionais (tendinites, surdez..) com maior/menor duração, reversíveis ou não; Problemas psicossociais (insatisfação, fadiga, depressão…); Problemas de desconforto (postura, iluminação…). 11.2 Avaliação de Risco Há um número ilimitado de perigos que podem ser encontrados em quase todos os locais de trabalho. Na maioria dos casos, os perigos são parte integrante do local de trabalho a que todos os ali intervenientes (trabalhadores, chefias, fornecedores, público…) estão sujeitos. Não é difícil imaginar locais de trabalho onde todos, nos mais variados papeis, estejamos expostos a químicos, a máquinas, sem proteção, que produzem demasiado ruído, a variações extremas de temperatura, a pisos escorregadios, onde a prevenção de incêndios é inexistente ou inadequada, onde a sinalética é deficiente ou nem sequer existe uma caixa de primeiros socorro. 35 Existem igualmente algumas categorias de perigos não visíveis ou não identificados, que, em função da probalidade da sua ocorrência, se podem converter em riscos, os quais podem ser: químicos, resultantes de líquidos, sólidos, poeiras, fumos, vapores e gases; físicos, tais como o ruído, a vibração, a luminosidade insuficiente ou inadequada, a radiação e as temperaturas extremas; biológicos, como as bactérias, os vírus, os desperdícios sépticos e as infestações; psicológicos, resultantes do stress e da pressão; associados à não aplicação dos princípios ergonómicos, como por exemplo, a má concepção das máquinas, dispositivos mecânicos e ferramentas utilizadas pelos trabalhadores, assentos desajustados, local de trabalho mal concebido; que decorrem de práticas de trabalho deficientemente organizadas. O conceito de Avaliação de Risco traduz-se no processo de identificação dos riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores, decorrentes de situações em que o perigo pode ocorrer. Esta implica uma análise detalhada dos aspetos físicos, organizacionais, A atitude correta perante a segurança e saúde no trabalho consiste em garantir que o trabalho seja realizado de forma mais segura, através da modificação do local de trabalho e de qualquer processo de trabalho perigoso. O que significa que a solução consiste em eliminar os riscos, e não tentar fazer com que os colaboradores se adaptem às condições perigosas. Exigir que os trabalhadores utilizem vestuário protector, que possa não ser o adequado ou por exemplo estar mal concebido para o clima da sua região, é um exemplo de uma tentativa de forçar os trabalhadores a adaptarem-se a condições perigosas, transferindo igualmente a responsabilidade dos órgãos de gestão para o trabalhador. Esta atitude pressupõe que o trabalho poderá ser realizado de forma mais segura, com a alteração objetiva das condições de trabalho, mas também se os trabalhadores modificarem o seu comportamento. Contudo, os acidentes não cessam simplesmente se os trabalhadores se tornarem mais conscienciosos da questão da segurança. A consciencialização para a segurança poderá ajudar, mas esta atitude não vai alterar, só por si, os processos e as condições de trabalho perigosos. 36 11.3 Prevenção Os processos de trabalho devem ser concebidos de forma a prevenir acidentes e doenças. A prevenção mais eficaz dos acidentes e das doenças inicia-se quando os processos de trabalho ainda se encontram na sua fase de concepção. A prevenção assume-se assim como um conjunto de ações para "(…) eliminar, evitar ou diminuir os riscos profissionais através de um conjunto de disposições ou medidas que devam ser tomadas em todas as fases da atividade (…)", segundo os seguintes princípios gerais: Identificar os perigos; Evitar os riscos; Avaliar os riscos que não podem ser evitados; Combater os riscos na origem; Adaptar o trabalho ao homem (especialmente no que se refere à concepção dos postos de trabalho, bem como à escolha dos equipamentos de trabalho e dos métodos de trabalho e de produção, tendo em vista, nomeadamente, atenuar o trabalho monótono e o trabalho cadenciado e reduzir os efeitos destes sobre a saúde); Ter em conta o e stado de evolução da técnica; Substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso; Planificar a prevenção como um sistema coerente (que integre a técnica, a organização do trabalho, as condições de trabalho, as relações sociais e a influência dos factores ambientais no trabalho); Dar prioridades às medidas de proteção coletiva em relação às medidas de proteção individual; Formar, informar e consultar; Dar instruções adequadas aos trabalhadores. A Diretiva-Quadro 89/391/CEE, de 12 de junho, é o diploma nuclear para a União Europeia da política de Segurança e Saúde no Trabalho e de proteção dos trabalhadores, bem como do ambiente de trabalho, e veio ao encontro da necessidade de combater os fatores de riscos de exposição dos trabalhadores a acidentes de trabalho e a doenças profissionais. Esta Diretiva esquematiza os princípios gerais de prevenção da seguinte forma: 37 Eliminação do risco: Previsão do risco em fase de projeto, intervenção ao nível da segurança intrínseca, nomeadamente na conceção dos produtos e equipamentos; Avaliação do risco: Determinação da origem, natureza e consequências, probabilidade de ocorrência e gravidade; Planificação da prevenção: através de uma avaliação de riscos é possível planear prioridades de intervenção, necessidades de formação, medidas de prevenção, grau de exposição e controlo de vigilância da saúde. Esta planificação deve integrar fatores técnicos, organizacionais, materiais, ambientais e sociais; Controlo do risco/medidas de prevenção: Atender à evolução da técnica, envolvimento do risco, organização do trabalho, adequação dos modos operatórios, proteção coletiva e individual adequada;Comunicação do risco: através de formação e informação. 11.4 Definições básicas das nomenclaturas básicas utilizadas em segurança do trabalho Definições As definições a seguir servem como embasamento para estudos no decorrer da disciplina, tendo como principal fonte, da qual foram extraídas e/ou adaptadas a maioria delas, a NBR 14280 (Cadastro de acidentes de trabalho). Lesão corporal Deve ser entendida como qualquer dano ao corpo humano. Exemplos: fratura, corte, etc. Perturbação funcional É o prejuízo do funcionamento de qualquer órgão ou sentido. Exemplo: perda de parte da visão, por parte de um trabalhador (ocupacional) Acidente pessoal Característico de existir um acidentado. Acidente impessoal É aquele cuja caracterização independe da existência do acidentado. Lesão imediata A que pode ser verificada imediatamente após a ocorrência do acidente. Lesão mediata (tardia) 38 A que não se verifica imediatamente após a exposição à fonte da lesão. Caso seja caracterizado o nexo causal, isto é, a relação da doença com o trabalho, ficará evidenciada a doença ocupacional. Acidente (lesão) sem perda de tempo ou afastamento Quando o acidentado, recebendo tratamento de primeiros socorros, pode exercer sua função normal no mesmo dia, dentro do horário normal de trabalho ou no dia, imediatamente, seguinte ao do acidente no horário regulamentado, desde que não haja incapacidade permanente. Acidente (lesão) com perda de tempo ou com afastamento É quando o trabalhador fica impossibilitado de retornar ao trabalho no primeiro dia útil imediato ao do acidente, provocando incapacidade temporária, permanente ou morte do acidentado. Incapacidade temporária É a perda total da capacidade de trabalho, por um período limitado de tempo, nunca superior a um ano. É quando o acidentado, depois de algum tempo afastado do serviço devido ao acidente, volta a trabalhar executando normalmente suas funções, como as fazia antes do acidente. Incapacidade parcial e permanente É a diminuição, por toda a vida, da capacidade para o trabalho, com redução parcial e permanente. Exemplo: perda de dedo, braço, etc. Incapacidade total e permanente Trata-se da invalidez para o trabalho. Essa incapacidade corresponde à lesão que, não provocando a morte, impossibilita o acidentado, permanentemente, de exercer qualquer atividade laborativa, concedida após perícia médica. Incapacidade temporária total É a perda total da capacidade de trabalho, a qual resulte em um ou mais dias perdidos, excetuados a incapacidade permanente parcial e a incapacidade permanente total. Morte (óbito) Cessação da capacidade de trabalho pela perda da vida, independente do tempo decorrido desde a lesão. Dias perdidos (Dp) 39 São os dias em que o acidentado não tem condições de trabalho, segundo a orientação médica, por ter sofrido um acidente que lhe causou uma incapacidade temporária, contados a partir do primeiro dia de afastamento até o dia anterior ao do dia de retorno ao trabalho. Os dias perdidos são contados de forma corrida, incluindo domingos e feriados. Conta-se também qualquer outro dia completo de incapacidade ocorrido depois do retorno ao trabalho, que seja em consequência do mesmo acidente, exceto o dia do acidente e o dia de volta ao trabalho, pois esses não são considerados dias perdidos. Em casos de acidente sem afastamento (quando o acidentado pode trabalhar no dia do acidente ou no dia seguinte) não são contados dias perdidos. Dias debitados (Dd) Nos casos em que ocorre incapacidade parcial permanente, incapacidade total permanente ou a morte, aparecem os dias debitados, que são encontrados na NBR 14280. Fluxograma de acidentes com e sem afastamento, dias perdidos e dias debitados Incidente É quando ocorre um acidente sem danos pessoais. Para os profissionais prevencionistas é tão ou mais importante que o acidente com danos, pois indica uma condição de futuro acidente devendo ser, portanto, analisado e investigado, bem como devem ser sugeridas algumas medidas para evitar sua repetição. Acidentes com CAT registrada 40 Acidentes cuja Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT) foi cadastrada no INSS. 2.1.13 Acidentes sem CAT registrada Acidentes, cuja Comunicação de Acidentes Trabalho (CAT) não foi cadastrada no INSS e que foram identificados por meio da comprovação da relação acidente/trabalho (Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP). Acidentes devido à doença do trabalho São os acidentes ocasionados por qualquer tipo de doença profissional peculiar a determinado ramo de atividade, constante na tabela da Previdência Social. Acidentes liquidados Corresponde ao número de acidentes cujos processos foram encerrados administrativamente pelo INSS, depois do tratamento completo a as sequelas indenizadas. Falha humana Normalmente denominados de atos inseguros, fatores ou ações pessoais (dependentes exclusivamente do ser humano) que contribuem para a ocorrência de um acidente com ou sem danos ao trabalhador, aos companheiros de trabalho ou aos materiais e equipamentos. São todas as ações decorrentes da execução de tarefas de forma contrária às normas de segurança. Podemos citar como fatores pessoais as características de personalidade (problemas pessoais, clima de insegurança quanto à manutenção do emprego, desmotivação, excesso de confiança, etc.) e, como ações, o uso de equipamentos sem permissão ou habilitação, a não utilização de equipamentos individuais de proteção, não cumprimento de normas de segurança, etc. Fatores ambientais Denominados de condições inseguras, são aquelas que, presentes no ambiente de trabalho, colocam em risco a integridade física e/ou a saúde do trabalhador, bem como a segurança das instalações e dos equipamentos. São conhecidos como “falhas do ambiente de trabalho” e que podem conduzir ao acidente de trabalho. Podemos citar como fatores ambientais a falta de proteção em máquinas, ruídos em excesso, obstáculos, desorganização, temperaturas extremas, ventilação insuficiente, não fornecimento de equipamentos de proteção, etc. Questões 1. Dias debitados são contabilizados: a) Sempre que ocorrer incapacidade parcial e temporária. b) Sempre que ocorrer acidente com afastamento. c) Sempre que ocorrer acidente sem afastamento. 41 d) Sempre que ocorrer incapacidade temporária em um acidente com afastamento. e) Sempre que ocorrer incapacidade parcial permanente, incapacidade total permanente ou morte. 2. Dias perdidos são os dias em que o acidentado não tem condições de trabalho por ter sofrido um acidente que lhe causou uma incapacidade temporária, os quais são contabilizados de forma corrida: a) Não considerando os domingos e feriados, a partir do primeiro dia de afastamento até o dia anterior ao dia de retorno ao trabalho. b) Incluindo domingos e feriados, contados a partir do primeiro dia de afastamento até o dia anterior ao dia de retorno ao trabalho. c) Incluindo domingos e feriados, a partir do dia do acidente, até o dia anterior ao dia de retorno ao trabalho. d) Não considerando os domingos e feriados, a partir do acidente, até o dia anterior ao dia de retorno ao trabalho. e) Incluindo domingos e feriados, a partir do dia seguinte ao acidente, até o dia do retorno ao trabalho 12. ATIVIDADES ABRANGIDAS PELA NR32 Apresento a seguir uma lista não exaustiva das atividades abrangidas pela NR32 1 . Não incluí nela os serviços óbvios como atendimento hospitalar, atendimento em clínicas especializadas etc., mas sim alguns serviços que poderiam criar alguma dúvida se fossem cobrados em provas; 1. Atividades de consultas e tratamento médico [...] realizadas no domicílio do paciente; 2. Atividades de unidades móveis fluviais equipadas apenas de consultório médico e semleitos para internação; 3. Serviços de vacinação e imunização humana; 4. Atividades de reprodução humana assistida, quando realizadas em unidades independentes de estabelecimentos hospitalares; 5. Atividades dos laboratórios de anatomia patológica e citológica, tais como: • exame de peças histológicas; 42 • testes para definição de paternidade; • autópsias. 6. Serviços prestados pelos bancos de sangue e demais serviços de hemoterapia; 7. Serviços de litotripsia (tratamento para cálculo renal); 8. Atividades realizadas por nutricionistas; 9. Atividades de psicólogos e de psicanalistas; 10. Atividades de fisioterapeutas realizadas em centros e núcleos de reabilitação física ou realizadas por fisioterapeutas legalmente habilitados exercidas de forma independente; 11. Atividades de terapeutas ocupacionais; 12. Atividades de fonoaudiólogos; Serviços de terapia de nutrição enteral (alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, e composição especialmente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral), e parenteral (pela veia); 13. Atividades de optometristas (profissionais habilitados a examinar e avaliar a visão – A Optometria é curso superior reconhecido pelo MEC); 14. Atividades de instrumentadores cirúrgicos; 15. Atividades relacionadas a terapias alternativas, como cromoterapia, do-in, shiatsu e similares; 16. Acupuntura; 17. Atividades dos bancos de leite humano, quando realizadas em locais independentes de unidades hospitalares; 18. Atividades de podologia e similares; 19. Atividades de parteiras; 20. Transformação do sangue e a fabricação de seus derivados; 21. Fabricação de soros e vacinas; 22. Comércio varejista de produtos farmacêuticos para uso humano sem manipulação de fórmulas; 23. Drogarias; 24, Comércio varejista de produtos farmacêuticos para uso humano manipulados no próprio estabelecimento por meio de fórmulas magistrais (receitas médicas) e da farmacopeia brasileira; 25. Comércio varejista de produtos farmacêuticos, homeopáticos, fitoterápicos e produtos a flora medicinal com manipulação de fórmula; 43 26. Farmácias homeopáticas; Serviços de lavagem de roupas hospitalares; 27. Lavanderia hospitalar; Serviços de eliminação de micro-organismos nocivos por meio de esterilização em produtos agrícolas, livros, equipamentos médico-hospitalares e outros; Ressalto que hospitais militares, hospitais de centros penitenciários, navios-hospital, unidades móveis terrestres e aéreas (ambulâncias) também são abrangidos pela norma. Mesmo que o serviço da ambulância seja unicamente o de remoção de enfermos, sem envolver atendimento ao paciente. A remoção de pacientes não é, em geral, acompanhada por médico, mas por profissional de saúde (técnico ou auxiliar de enfermagem). Classificação O Anexo I da NR32 classifica os agentes biológicos em classes de risco de 1 a 4, tomando como referência os seguintes aspectos: • O risco que representam para a saúde do trabalhador; • Sua capacidade de propagação para a coletividade; • A existência ou não de profilaxia e tratamento. A classificação dos agentes biológicos em classes de riscos torna-se necessária para a definição de cuidados específicos a serem tomados, de acordo com cada classe. Esses cuidados, bem como outras determinações, são definidos em um documento chamado “Diretrizes Gerais para o Trabalho em Contenção com Material Biológico”, elaborado pelo Ministério da Saúde. As classificações referentes aos agentes biológicos existentes nos vários países apresentam algumas variações, embora coincidam em relação à grande maioria dos agentes. A tabela a seguir apresenta essa classificação de forma consolidada: 44 Bibliografia Freitas, Luís Conceição, 2011 – Manual de Segurança e Saúde do Trabalho. Lisboa, Edições Sílabo Lda, 2011; Cabral, Fernando – Manual de Prevenção de Riscos Profissionais - Verlag Dashofer; TORLONI, Maurício; VIEIRA, Antônio. Manual de proteção respiratória. Associação Brasileira de Higiene Ocupacional. RIBEIRO, M.C.S. Enfermagem e trabalho: fundamentos para a atenção à saúde dos trabalhadores. Ed. Martinari, 2ª ed., 2012.VIEIRA, S. I. Manual de Saúde e Segurança do Trabalho: qualidade de vida no trabalho. São Paulo: Ltr, 2ª edição, 2008. MINAYO, C.; MACHADO, J.M.H.; PENA, P.G.L. Saúde do Trabalhador na Sociedade Brasileira Contemporânea. 1 ed. Reimpressão. Ed. FIOCRUZ, 2013. 9. Normas Regulamentadoras
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