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Bacilos Gram-Positivos Clostridium perfringens Clostridium • INTRODUÇÃO • Existem quatro espécies de importância médica: • Clostridium tetani • Clostridium botulinum • Clostridium perfringens • Clostridium difficile • Todos são formadores de esporos Clostridium perfringens • Características gerais • Bacilo anaeróbio • Forma de bastonetes • Gram positivo • Formador de esporos • Imóveis • Produtor de toxinas • Decorrente de um grande número de casos e de surtos entre 1940 e 1950, C. perfringens foi reconhecido como um importante agente de doenças de origem alimentar; Clostridium perfringens (Coloração de Gram) Clostridium perfringens • Características gerais • C. perfringens pode crescer num intervalo de temperaturas que varia entre 12 e 50ºC – temperatura ótima de crescimento entre 43 e 47°C; • Apresenta uma maior velocidade de multiplicação, correspondente a um tempo de duplicação inferior a 10 minutos para as temperaturas ótimas. • A produção de enterotoxina ocorre a temperaturas entre 30 e 40°C; • As células vegetativas são facilmente destruídas por cozedura; • E muito sensíveis a temperaturas de refrigeração e de congelação. • Os esporos são muito resistentes ao calor. Alguns esporos sobrevivem à ebulição durante 1 hora; • Sobrevivem tanto a temperaturas de refrigeração como de congelação. • A enterotoxina de C. perfringens é inativada por aquecimento a 60ºC durante 10 minutos. Clostridium perfringens • Características gerais • C. perfringens consegue crescer em ambientes com valores de pH entre 5,5 e 9,0 – Crescimento ótimo com valores de pH entre 6,0 e 7,0; • As células vegetativas morrem após alguns dias a pH inferior a 5,0 e superior a 9,0; • A esporulação ocorre entre valores de pH de 6,0 e 8,0; • Atividade da água entre 0,93 e 0,97 – ideal para o crescimento da forma vegetativa e para a germinação dos esporos; • Os esporos são muito resistentes a baixas atividades da água • Em ambientes com concentrações de NaCl de 6 a 8% o crescimento de C. perfringens é inibido. Clostridium perfringens • Principais fontes de contaminação • Amplamente distribuído no ambiente, faz parte da flora normal do trato intestinal do Homem (os níveis em indivíduos idosos saudáveis podem ser muito elevados) e de muitos animais domésticos e selvagens. • Os esporos persistem no solo, sedimentos, vegetação e em áreas de poluição fecal humana e animal. • Os alimentos de origem animal são os reservatórios mais comuns da bactéria e, eventualmente, da toxina. Clostridium perfringens • Alimentos mais frequentemente associados a intoxicações por C. perfringens. • E encontrado numa grande variedade de alimentos crus, desidratados e cozinhados, prospera nos alimentos ricos em proteína de origem animal tais como a carne e os produtos derivados de carne, os cozidos de carne, as sopas espessas, molhos e leite. • Nas intoxicações por C. perfringens estão normalmente envolvidas grandes quantidades de alimentos preparados com antecedência e arrefecidos lentamente e /ou inadequadamente refrigerados. • Rolos de carne e aves recheadas são alimentos que apresentam condições favoráveis para a proliferação de C. perfringens. • Devido às suas dimensões dificultam a penetração de calor até ao seu interior durante a cozedura. Clostridium perfringens • Alimentos mais frequentemente associados a intoxicações por C. perfringens. • Vegetais crus, especiarias, massas, gelatina, farinha e proteína de soja apresentam níveis aceitáveis de C. perfringens. • Especial cuidado é necessário com alimentos preparados com estes ingredientes especialmente pão, produtos de pastelaria, sopas, molhos, etc. • Os esporos encontram durante o arrefecimento as condições adequadas para a germinação. Clostridium perfringens • Fatores de virulência Clostridium perfringens • Apresenta 5 sorotipos: • Classificados de “A” até “E”. • Sorotipo A, C e D são patogênicos para humanos • Doenças causadas pelo Clostridium perfringens • Intoxicação alimentar • Infecções de tecidos moles • Celulite • Miosite supurativa • Mionecrose ou Gangrena gasosa Clostridium perfringens • Intoxicação alimentar • A maioria das intoxicações surge com C. perfringens produtor da enterotoxina do tipo A (produzida - Sorotipo A). • Esta enterotoxina é uma proteína formada durante o processo de esporulação no interior do intestino, e interfere no transporte de água, sódio e cloretos através da mucosa intestinal. • Sintomas: dores abdominais agudas, diarreias com náuseas, febre, e, em casos raros, vómitos. • Incubação: de 8 a 24 horas após a ingestão do alimento contaminado (dose infecciosa é superior a 1 milhão de células vegetativas por grama de alimento; • Sintomas persistem, geralmente, durante 24 horas, mas podem manter-se, de forma menos acentuada, durante 1 a 2 semanas. Clostridium perfringens • Manifestações clínicas • As intoxicações por C. perfringens do tipo C são raras, mas muito graves. • Produtor de toxina beta – atividade necrosante • Enterite necrosante – processo necrosante agudo do intestino delgado (jejuno) • Sintomas: dores abdominais agudas muito intensas, diarreia sanguinolenta, algumas vezes vómitos, ulceração do intestino delgado e perfuração da parede intestinal (choque); • Alta taxa de mortalidade • Está comumente associada a ingestão de carne de porco mal cozida com batata doce. Clostridium perfringens • Infecções de tecidos moles - Normalmente ocorrem após trauma. • Celulite • Ocorre como uma infecção localizada em ferida superficial, geralmente ≥ 3 dias após a lesão. • Suspeita e intervenção precoces são essenciais, respondendo bem ao tratamento. Clostridium perfringens • Infecções de tecidos moles - Normalmente ocorrem após trauma. • Miosite supurativa • infecção supurada (acumulo de pus) do músculo sem necrose, é muito comum em usuários de drogas parenterais (injetáveis). • Há surgimento de edema, dor frequentemente e gases nos tecidos. • Rapidamente se dissemina e pode progredir para mionecrose. Miosite supurativa Mionecrose (Gangrena gasosa) Clostridium perfringens • Infecções de tecidos moles • Gangrena gasosa (mionecrose, fasciite necrotizante) • É uma infecção do tecido muscular (visivelmente necrótico) causada principalmente pelo Sorotipo A e por várias outras espécies de clostrídios; • Pode ocorrer após certos tipos de cirurgias ou lesões (traumas) que são contaminadas; • Sorotipo A – produz toxina Alfa (lectinase), que danifica as membranas celulares, incluindo eritrócitos (resulta em hemólise). • E outras enzimas degradativas (proteases e colagenases), contribuem para a produção de gás nos tecidos Clostridium perfringens • Gangrena gasosa (mionecrose, fasciite necrotizante) • Sintomas • Dor intensa • Necrose muscular com gás • A hemólise de eritrócitos e a icterícia são comuns • Insuficiência renal • Choque • Morte • Tem uma taxa de mortalidade de ≥ 40% com o tratamento e 100% sem o tratamento. Clostridium perfringens • Diagnóstico clínico • Avaliação Clínica • Pela inspeção da ferida e áreas adjacentes (incluindo o odor). • Na mionecrose: Radiografias podem mostrar a produção de gás local e a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) delineiam a extensão da necrose e do gás. • Diagnóstico laboratorial • Coloração de Gram – detecção de microscópica de bacilos Gram positivos • Secreções das lesões ( infecções de tecidos moles) • Elisa - Pesquisa de toxinas nas fezes do paciente (intoxicação alimentar) Clostridium perfringens • Diagnóstico laboratorial • Cultura: exsudato da ferida • Cultivados anaerobiamente e identificados por reações de fermentação de açúcar (lactose, glicose, sacarose) e produção de ácido orgânico. • As colônias de C. perfringens exibem uma zona dupla de hemólise no ágar sangue. • O ágar gema de ovo é utilizado para demonstrar a presença de pectinase (enzimas degradativas). • Testes sorológicos não são úteis. Clostridium perfringens • Diagnósticolaboratorial • Cultura de C. perfringens tipo A em cultura anaeróbica a 37ºC, crescimento de 24. horas A Ágar SPS seletivo para C. perfringens. O C. perfringens reduz sulfito de sódio na presença de citrato férrico (presentes no meio) e forma precipitados negros (Sulfito ferroso) deixando as colônias escuras. Ágar Sangue mostrando colônias arredondadas, lisas, brilhantes e rodeadas por halo de dupla hemólise Ágar gema de ovo Observado colônias com reação lecitinase positiva Lecitinases ou lectinases degradam fosfolipídios (membrana citoplasmática) Clostridium perfringens • Tratamento • Mionecrose com ou sem gás – realizar drenagem completa e desbridamento; • A penicilina G (3 a 4 milhões de unidades IV de 4/4 h a 6/6 h) e Clindamicina (600 a 900 mg IV de 6/6 a 8/8 h); • Se o paciente for alérgicos à penicilina • Clindamicina 600 a 900 mg IV de 6/6 a 8/8 h , com ou sem metronidazol, 500 mg IV a cada 6 h; • Oxigênio hiperbárico - pode ser útil na mionecrose extensa, particularmente nos membros, como um complemento aos antibióticos e à cirurgia; • Pode salvar o tecido e diminuir a morbidade e a mortalidade se iniciado precocemente, mas não deve postergar o desbridamento cirúrgico. Clostridium perfringens • Prevenção e controle • Educação dos manipuladores de alimentos • Os ferimentos devem ser limpos e debridados. • A penicilina pode ser administrada como profilaxia. • Não há vacina. FIM
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