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Bacilos Gram-Positivos Clostridium difficile Clostridium • INTRODUÇÃO • Existem quatro espécies de importância médica: • Clostridium tetani • Clostridium botulinum • Clostridium perfringens • Todos são formadores de esporos Clostridium difficile • Características gerais • Bacilo anaeróbio • Gram positivo • Infecta e coloniza o intestino grosso • Produtor de toxinas que provocam inflamação intestinal • E caracteriza-se pela sua capacidade de formar esporos, • Existindo assim na forma vegetativa e na forma esporulada • Foi pela primeira vez isolado em 1935 a partir de fezes de recém-nascidos saudáveis, • E em 1978 considerado um agente patogênico humano, sendo descrito o seu papel relacionado a colite pseudomembranosa e diarreias associadas ao uso de antibióticos. Clostridium difficile (Coloração de Gram) Clostridium difficile • Características gerais • A primeira sequência completa de genoma de uma estirpe de C. difficile foi publicada em 2006 no Reino Unido; • Antes da década de 2000, a taxa de infeção por C. difficile não variava muito de ano para ano; • No entanto, nos últimos 15 anos, o número total de casos relatados aumentou drasticamente em cerca de 25% por ano, assim como a sua gravidade. • Este aumento está associado ao surgimento de uma nova estirpe de C. difficile – a estirpe NAP1/027/BI Clostridium difficile • Fatores de virulência • Toxina A (gene tcdA) - é uma enterotoxina, provoca o arredondamento das células intestinais e a ruptura das tight-junctions intercelulares, alterando a permeabilidade da membrana intestinal e originando secreção de fluidos. É também um potente inibidor da síntese de proteínas e ativa macrófagos e mastócitos. Desta forma, causa dano nas microvilosidades intestinais podendo ocorrer completa erosão da mucosa; • Toxina B (gene tcdB) - é uma citotoxina e as suas ações a nível do citoesqueleto e das tight junctions intercelulares resultam numa diminuição da resistência transepitelial, acumulação de fluido e destruição do epitélio intestinal. São responsáveis pela patogenicidade da colite pseudomembranosa e diarreias causado pelo C. difficile Clostridium difficile • Toxinas A e B • São glicosiltransferases, com estrutura semelhante, e são libertadas durante a fase de crescimento tardio do microrganismo no seu estado vegetativo; • Ligam-se às células hospedeiras e são internalizadas; atuam no citoplasma, alterando as proteínas envolvidas na transdução de sinais, havendo perturbação das vias de sinalização celulares, particularmente aquelas que envolvem o citoesqueleto de actina. • Atuam sinergicamente promovendo a libertação de citocinas inflamatórias, como a interleucina IL8 que contribui para a quimiotaxia de neutrófilos, aumentando a lesão da mucosa. • Os efeitos da intoxicação das células e tecidos do hospedeiro são imediatos. • Outros mediadores inflamatórios também libertados, estimulam o sistema nervoso entérico e os neurónios sensoriais, promovendo o influxo de células inflamatórias e a secreção de fluido Clostridium difficile • Flagelos • Importante fator de colonização; • As bactérias flageladas apresentam maior mobilidade, alcançando mais rapidamente as células-alvo. Clostridium difficile • Enzimas proteolíticas • A hialuronidase e a colagenase - participam da destruição do tecido conjuntivo. • E também são importantes para a nutrição do C. difficile. • Fatores de adesão • Proteínas de superfície e da parede celular facilitam a adesão da bactéria às células epiteliais intestinais Clostridium difficile • Transmissão • Normalmente, por via fecal-oral, • Pessoa-a-pessoa, • Através da ingestão de esporos e/ou células vegetativas; Transmissão fecal-oral Colonização do intestino grosso Clostridium difficile • Epidemiologia • As fontes de infeção são representadas pelos indivíduos doentes e pelos portadores assintomáticos, que eliminam esporos do bacilo nas fezes; • Coloniza o trato gastrintestinal de aproximadamente 3% da população geral, e em até 30% de pacientes hospitalizados; • A maioria dos indivíduos não são colonizados, o que explica por que a maioria das pessoas que tomam antibióticos não desenvolvem colite pseudomembranosa • No ambiente hospital na maioria das vezes a transmissão de um paciente para outro ocorre pelos próprios profissionais de saúde. Clostridium difficile • Ciclo de contaminação pelo Clostridium difficile Transmissão fecal-oral ingestão de esporos e/ou células vegetativas As células vegetativas, geralmente, são destruídas por ação do ácido gástrico. Os esporos conseguem sobreviver e germinam no intestino delgado por ação dos ácidos biliares Bactérias flageladas migram para o cólon, onde se multiplicam, especialmente quando há alterações da flora intestinal devido ao uso prévio de antibióticos. Clostridium difficile • Patogênese • Os antibióticos suprimem os membros da microbiota normal sensíveis ao fármaco, permitindo que C. difficile se multiplique e produza as toxinas A e B. • As toxinas estimulam a produção vários mediadores inflamatórios dando origem a uma resposta inflamatória em cascata, com penetração de macrófagos, mastócitos e neutrófilos para o local de infeção; • Contribuem também para a desorganização do citoesqueleto do enterócito, tendo como consequência a destruição do epitélio intestinal e a alteração da permeabilidade da mucosa; • O resultado final é o desenvolvimento de diarreia e/ou colite pseudomembranosa. Clostridium difficile • Patogênese • A clindamicina foi o primeiro antibiótico a ser reconhecido como uma causa de colite pseudomembranosa, apesar de serem conhecidos vários antibióticos que causam essa doença. • Atualmente, as cefalosporinas de segunda e terceira gerações são a causa mais comum, uma vez que são frequentemente utilizadas. • A ampicilina e as fluoroquinolonas estão também comumente implicadas • Além dos antibióticos, a quimioterapia contra câncer também predispõe à colite pseudomembranosa. • C. difficile raramente invade a mucosa intestinal. Clostridium difficile • Patogênese • O período de incubação da bactéria é de 2 a 3 dias; • A exposição do hospedeiro às toxinas induz a produção de anticorpos, principalmente imunoglobulinas G (IgG), contra as toxinas; Clostridium difficile • Manifestações Clínicas • As infecções por C. difficile são classificadas como: ligeiras, moderadas e severas. • As ligeiras a moderadas constituem a maioria dos casos sintomáticos e a principal manifestação clínica é a diarreia; • Nestes casos, a diarreia é leve, o doente apresenta menos de 10 evacuações por dia, e é aquosa, às vezes com presença de muco e sangue; • A diarreia é acompanhada por cólicas abdominais, febre moderadamente intensa e leucocitose (<15000 leucócitos/µL); • Cerca de 60% dos doentes apresentam melhorias em 10 dias Clostridium difficile • Manifestações Clínicas • Infecções severas: • Associada principalmente, a colite pseudomembranosa - onde há inflamação intensa e formação de uma camada de detritos inflamatórios na superfície da mucosa intestinal, conhecida como pseudomembrana. • É um exsudato fibrinoso contendo fibrina, leucócitos necróticos, muco e restos celulares epiteliais. • Normalmente aparecem também micro-abcessos e ulcerações • Apresenta diarreia com mais de 10 evacuações por dia; • Os doentes apresentam febre constante acima de 38,5ºC, desidratação e distúrbios eletrolíticos acentuados; Clostridium difficile • Manifestações Clínicas • A evolução destes casos pode ocorrer de forma rápida – colite fulminante; • Complicações incluem perfuração intestinal, megacólon tóxico, sépsis, choque séptico e morte. Clostridium difficile • Diagnóstico laboratorial • Sendo as toxinas A e B o principal fator de patogenicidade, o teste laboratorial de pesquisa destas toxinas nas fezes tem substituído os testes de cultura. • Elisa - utilizando-se anticorpo conhecido contra as exotoxinas • Os testes de ELISA são rápidos e baratos,apesar de menos sensíveis que o teste de citotoxicidade • Cultura em meio seletivo CCFA (ágar cicloserina-cefoxitina-frutose) ou CCEY (ágar gema de ovo-cicloserinacefoxitina) - é o método mais sensível, contudo não é muito específico pois não diferencia estirpes toxigênicas de não toxigénicas. Clostridium difficile • Diagnóstico laboratorial • O teste de citotoxicidade em cultura de células é considerado o Gold Standard. • Consiste na inoculação de filtrado de uma suspensão de fezes numa cultura de células e observação do efeito citopático como consequência da desorganização do citoesqueleto celular. • Esse teste é mais sensível e específico, mas requer um período de incubação de 24-48 horas. E por esta razão é pouco solicitado na prática clínica; • A detecção de ácidos nucleicos por reação de polimerização em cadeia (PCR) é também um método solicitado pela sua sensibilidade, especificidade e rapidez. • Esta técnica baseia-se na pesquisa dos genes que codificam as toxinas A e B Clostridium difficile • Diagnóstico laboratorial • O diagnóstico clínico da diarreia associada à infecção por Clostridium difficile pode ser feito por colonoscopia ou retoscopia. • A colite pseudomembranosa também pode ser diagnosticada através da biópsia das pseudomembranas por sigmoidoscopia ou colonoscopia. Clostridium difficile • Fatores de risco de infecção por C. difficile • Têm sido identificados vários fatores de risco relacionados com o desenvolvimento do primeiro episódio de infecção por C. difficile, sendo o mais importante a utilização prévia de antibacterianos. Outros incluem: • Hospitalização e duração da hospitalização; • Idade avançada (>65 anos); • Existência de doenças graves; • Estados de imunossupressão: utilização de fármacos imunossupressores, antineoplásicos, infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH); • Cirurgia gastrointestinal; • Medicação gastrointestinal (supressão do ácido gástrico: utilização de antagonistas H2, e inibidores da bomba de protões; fármacos que alteram a motilidade intestinal); • Alimentação entérica; Clostridium difficile • Tratamento • O antibiótico causal deve ser suspenso; • Metronidazol ou vancomicina (por 14 dias) devem ser administrados oralmente, acompanhados de reposição de fluidos • O metronidazol é preferido, uma vez que o uso da vancomicina pode selecionar enterococos resistentes a ela; • Em muitos pacientes, o tratamento não erradica o estado de portador, podendo ocorrer repetidos episódios de colite. • Prevenção • Não há vacinas ou fármacos preventivos. Os antibióticos devem ser prescritos somente quando necessário. FIM
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