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APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos História A Opção Certa Para a Sua Realização 1 HISTÓRIA DO BRASIL A EXPANSÃO ULTRAMARINA EUROPÉIA DOS SÉCULOS XV E XVI. No século XV a nova burguesia européia e parcelas da nobreza buscam na expansão comercial uma saída para a crise econômica do continente. Procuram novos mercados produtores e consumidores, já que o comércio entre Europa e Oriente feito através do Mediterrâneo é insuficiente para gerar as riquezas necessárias para solucionar a crise européia. Tentam superar o controle exercido por Veneza e Gênova sobre os produtos das Índias, nome genérico que inclui todo o Oriente. Novas rotas comerciais – Os objetivos da nova burguesia comercial européia são alcançar a África, com suas cobiçadas fontes de ouro e prata, e as Índias, terra das especiarias, sedas e pedrarias. O empreendimento é dispendioso e arriscado. Significa sair do mar Mediterrâneo e enfrentar o desconhecido "mar Oceano", ou "mar Tenebroso", como o Atlântico é chamado na época. Entre todos os povos que se organizam para a aventura, os portugueses saem na frente, seguidos por espanhóis, ingleses, franceses e holandeses. Pioneirismo de Portugal Um conjunto de fatores favoráveis explica a dianteira dos portugueses na expansão marítima do século XV. Os mais importantes são a precoce centralização política do reino, posição geográfica, rápida formação de uma burguesia comercial e, o mais significativo, uma dinastia que aposta na expansão comercial. Centralização política de Portugal – O surgimento de Portugal como nação independente está vinculado às lutas travadas na península Ibérica pela expulsão dos muçulmanos. Antecipando-se aos demais países europeus, Portugal já é uma nação centralizada políticamente em torno de um único monarca no século XII. O primeiro rei de Portugal, Afonso I, assume o trono pelas armas em 1139. Ele inaugura a dinastia dos Borgonha, reconhecida pelo papa em 1179. Vocação comercial e marítima – Na porta de saída do Mediterrâneo para o Atlântico, os portos de Portugal são pontos de passagem obrigatória para as embarcações que percorrem a rota entre as cidades italianas e os mercados do norte da Europa. Cedo surgem ricos comerciantes e armadores, e os marinheiros portugueses conhecem todos os portos da Europa e do norte da África. A dinastia de Avis – Na época das grandes navegações e descobrimentos, reina em Portugal a Casa de Avis, dinastia fundada por dom João I, o Mestre de Avis, em 1385, após uma crise sucessória no reino. Ele conquista a Coroa pelas armas, apoiado pela pequena nobreza, camponeses, comerciantes, armadores e ricos representantes dos ofícios urbanos. Todos têm um interesse em comum: a expansão comercial e marítima. Escola de Sagres A busca de uma nova rota para o Oriente exige o aperfeiçoamento das técnicas de navegação até então conhecidas. Portugal faz isso sob a direção do infante dom Henrique, irmão do rei dom João I. O infante reúne no promontório de Sagres, no Algarve, os maiores especialistas em navegação, cartografia, astronomia, geografia e construção naval. Forma, assim, o mais completo e inovador centro de estudos náuticos da época. Tecnologia marítima portuguesa – Os especialistas de Sagres aperfeiçoam instrumentos de navegação, como a bússola, o astrolábio, o quadrante, a balestilha e o sextante. Desenvolvem a cartografia moderna e são os primeiros a calcular com precisão a circunferência da Terra em léguas, numa época em que poucos acreditavam que o planeta fosse redondo. Caravela latina – Em Sagres nasce a caravela latina: robusta para poder enfrentar mar alto e tempo ruim, pequena para explorar litorais recortados e ágil para navegar com ventos contrários. Com essa embarcação exclusiva dos portugueses, os navegadores do reino enfrentam os perigos e surpresas do "mar Oceano", exploram o litoral da África e encontram o caminho marítimo para o Oriente. Expansão marítima portuguesa A tomada de Ceuta, no norte da África, em 1415, marca o início da expansão portuguesa rumo à África e à Ásia. Em menos de um século, Portugal domina as rotas comerciais do Atlântico sul, da África e da Ásia. Sua presença é tão marcante nesses mercados que, do século XVI ao XVIII, o português é usado nos portos como língua franca – aquela que permite o entendimento entre marinheiros de diferentes nacionalidades. Financiamento das viagens – A expansão ultramarina envolve somas milionárias. Para financiá-la, a Coroa portuguesa aumenta impostos, recorre a empréstimos junto a grandes comerciantes e banqueiros, inclusive italianos, e aos recursos acumulados pela Ordem de Cristo, herdeira da antiga Ordem dos Templários. Templários – Braço armado da Igreja, a Ordem dos Templários enriquece com os saques realizados no Oriente Médio durante as cruzadas, nos séculos XII e XIII. Com hierarquia própria, homens armados e muito dinheiro, transforma-se em um poder paralelo dentro da Igreja. Dissolvida pelo papa, os integrantes da ordem são perseguidos por toda a Europa. Portugal acolhe os templários e suas fortunas durante o reinado de dom Diniz, de 1279 a 1325. Eles fundam a Ordem de Cristo. Dom Henrique, membro da ordem e administrador de seus recursos, usa essa riqueza para financiar o projeto ultramarino. Conquista da costa africana – Entre 1421 e 1434 os lusitanos chegam aos arquipélagos da Madeira e dos Açores e avançam para além do cabo Bojador. Em 1436 atingem o Rio Douro e começam a conquista da Guiné. Ali se apropriam da Mina, centro aurífero explorado pelos reinos nativos em associação aos comerciantes mouros, a maior fonte de ouro de toda a história de Portugal. Em 1441 os portugueses chegam ao cabo Branco. Em 1444 atingem a ilha de Arguim, onde instalam a primeira feitoria em território africano, e iniciam a comercialização de escravos, marfim e ouro. Entre 1445 e 1461 descobrem Cabo Verde, navegam pelos rios Senegal e Gâmbia e avançam até Serra Leoa. De 1470 a 1475 exploram a costa de Serra Leoa até o cabo Santa Catarina. Em 1482 chegam a São Jorge da Mina e avançam até o rio Zaire, o trecho mais difícil da costa ocidental africana. Cinco anos mais tarde, em 1487, Bartolomeu Dias atinge o cabo das Tormentas, no extremo sul do continente – que passa a ser chamado de cabo da Boa Esperança –, e atinge o Índico. Conquista, assim, o trecho mais difícil do caminho para as Índias. Cristóvão Colombo em Sagres – Na época em que os portugueses atingem a foz do rio Zaire, Cristóvão Colombo trabalha para Portugal e integra a equipe de pilotos de Sagres. Ali elabora seus cálculos – errados – sobre a circunferência da Terra em léguas: imagina as Índias muito mais próximas da Europa. Em 1483 oferece ao rei de Portugal dom João II seu projeto de alcançar as Índias pelo ocidente. Como os portugueses já têm seus próprios planos – chegar às Índias contornando a África –, rejeitam a proposta de Colombo, mais tarde bancada pela Espanha. Fonte – Barsa Expansão Marítima História Por Algosobre A crise de crescimento do século XV No início da Idade Moderna, surgiu um descompasso na economia européia, entre a capacidade de produção e consumo na zona rural e na zona urbana. A produção agrícola no campo estava limitada pelo regime de trabalho servil. O resultado disso era uma produtividade baixa e, consequentemente, a falta de alimentos para abastecer os núcleos urbanos. Já a produção artesanal nas cidades era alta e não encontrava consumidores na zona rural, devido ao baixo poder aquisitivo dos trabalhadores rurais e ao caráter auto-suficiente da produção feudal. Além disso, o comércio internacional europeu, baseado na compra de produtos orientais(especiarias, objetos raros, pedras preciosas), tendia a se estagnar, pois os nobres, empobrecidos pela crise do feudalismo, cada vez compravam menos essas mercadorias. Os tesouros acumulados pela nobreza durante as Cruzadas escoavam para o Oriente, em pagamento das especiarias. O resultado disso foi a escassez de metais preciosos na Europa, o que criava mais dificuldades ainda para o desenvolvimento do comércio. A solução para esses problemas estava na exploração de novos mercados, capazes de fornecer alimentos e metais preciosos a baixo custo APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos História A Opção Certa Para a Sua Realização 2 e, ao mesmo tempo, aptos para consumir os produtos artesanais fabricados nas cidades européias. Mas onde encontrar esses novos mercados? O comércio com o Oriente estava indicando o caminho. Os mercados da Índia, da China e do Japão eram controlados pelos mercadores árabes e seus produtos chegavam à Europa ocidental através do mar Mediterrâneo, controlado por Veneza, Gênova e outras cidades italianas. O grande número de intermediários nesse longo trajeto encarecia muito as mercadorias. Mas se fosse descoberta uma nova rota marítima que ligasse a Europa diretamente aos mercados do Oriente, o preço das especiarias se reduziria e as camadas da população européia com poder aquisitivo mais baixo poderiam vir a consumi-las. No século XV, a burguesia européia, apoiada por monarquias nacionais fortes e capazes de reunir grandes recursos, começou a lançar suas embarcações nos oceanos ainda desconhecidos — Atlântico, Indico e Pacífico - em busca de novos caminhos para o Oriente. Nessa aventura marítima, os governos europeus dominaram a costa da África, atingiram o Oriente e descobriram um mundo até então desconhecido: a América. Com a descoberta de novas rotas comerciais, a burguesia européia encontrou outros mercados fornecedores de alimentos, de metais preciosos e de especiarias a baixo custo. Isso permitiu a ampliação do mercado consumidor, pois as pessoas de poder aquisitivo mais baixo puderam adquirir as mercadorias, agora vendidas a preços menores. A expansão comercial e marítima dos tempos modernos foi, portanto, uma consequência da crise de crescimento da economia européia. Outras condições à expansão marítima européia A expansão marítima só foi possível graças à centralização do poder nas mãos dos reis. Um comerciante rico, uma grande cidade ou mesmo uma associação de mercadores muito ricos não tinham condições de reunir o capital necessário para esse grande empreendimento. Apenas o rei era capaz de captar recursos de toda a nação para financiar as viagens ultramarinas. Projeto de navios do período da Expansão Eram enormes as dificuldades que tinham de ser superadas para navegar pelos oceanos. As embarcações tinham de ser melhoradas e as técnicas de navegação precisavam ser aprimoradas. No século XV, inventou-se a caravela. A bússola e o astrolábio passaram a ser empregados como instrumentos de orientação no mar, e a cartografia passou por grandes progressos. Ao mesmo tempo, a antiga concepção sobre a forma da Terra começou a ser posta em dúvida. Seria a Terra realmente um disco chato e plano, cujos limites eram precipícios sem fim? Uma nova hipótese sobre a forma de nosso planeta começou a surgir: o planeta teria a forma de uma esfera. Nessa nova concepção, se alguém partisse de um ponto qualquer da Terra e navegasse sempre na mesma direção, voltaria ao ponto de partida. O desejo de desbravar os oceanos, descobrir novos mundos e fazer fortuna animava tanto os navegantes, que eles chegavam a se esquecer do medo que tinham do desconhecido. Dois Estados se destacaram na conquista dos mares: Portugal e Espanha." Conseqüências dos grandes descobrimentos. A expansão marítima européia iniciou uma fase de crescente interdependência mundial, em proveito das nações colonizadoras, que dominaram o mundo política, econômica e culturalmente até 1914. Tal hegemonia foi total na América, cuja população indígena, dizimada na maior parte, só sobreviveu na medida em que pôde adaptar-se às novas condições de vida impostas pelos conquistadores. A África negra foi devastada demográfica e culturalmente pelo tráfico negreiro, que forneceu milhões de escravos ao Novo Mundo. A partir do século XVIII e sobretudo no XIX, a Ásia oriental (exceto o Japão) e a Oceania ficaram submetidas aos interesses políticos e econômicos do Ocidente. O Atlântico e o Pacífico predominaram desde então no comércio mundial. Na Europa, o afluxo do ouro e da prata da América, do século XVI ao XVIII, superou em muito o do ouro africano do século XV e influenciou poderosamente as transformações econômicas, sociais e políticas, das quais a burguesia foi a principal beneficiária. Os produtos tropicais originários do Novo Mundo (algodão e fumo) ou nele introduzidos (açúcar) tornaram-se fonte de riqueza para minorias de colonos europeus e suas respectivas metrópoles, generalizando-se seu consumo na Europa e mesmo em outros continentes, a exemplo do fumo na África e na Ásia. Plantas alimentícias americanas como a batata e o milho melhoraram a dieta popular européia. Generalizou-se o consumo de especiarias, os produtos de luxo orientais difundiram-se e geraram imitações (porcelana). E a geografia, as ciências biológicas, a história e a etnografia enriqueceram- se enormemente. -o0o- A História do Brasil compreende, tradicionalmente, o período desde a chegada dos portugueses até os dias atuais, embora o seu território seja habitado continuamente desde tempos pré-históricos por povos indígenas. Após a chegada dePedro Álvares Cabral, capitão-mor de expedição portuguesa a caminho das Índias, ao litoral sul da Bahia em 1500, a Coroa portuguesa implementou uma política de colonização para a terra recém- descoberta a partir de 1530. A colonização europeia se organizou por meio da distribuição de capitanias hereditárias pela coroa portuguesa a membros da nobreza e pela instalação de um governo-geral em 1548. A economia da colônia, iniciada com o extrativismo do pau-brasil e as trocas entre os colonos e os índios, gradualmente passou a ser dominada pelo cultivo da cana-de-açúcar para fins de exportação. Com a expansão dos engenhos e a ocupação de novas áreas para seu cultivo, o território brasileiro se insere nas rotas de comércio do velho mundo e passa a ser paulatinamente ocupado por senhores de terra, missionários, homens livres e largos contingentes de escravos africanos. No final do século XVII foram descobertas ricas jazidas de ouro nos atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso que foi determinante para o povoamento do interior do Brasil. Em 1789, quando a Coroa portuguesa anunciava aDerrama, medida para cobrar supostos impostos atrasados, eclodiu em Vila Rica (atual Ouro Preto) a Inconfidência Mineira. A revolta fracassou e, em 1792, um de seus líderes, Tiradentes, morreu enforcado. Em 1808, com a transferência da corte portuguesa para o Brasil, fugindo das tropas de Napoleão Bonaparte, o Príncipe-regente Dom João de Bragança, filho da Rainha Dona Maria I, abriu os portos da então colônia, permitiu o funcionamento de fábricas e fundou o Banco do Brasil. Em 1815, o então Estado do Brasil, uma colônia do império português, tornou-se um reino unido com Portugal, e a então Rainha Dona Maria I, foi coroada rainha do reino unido de Portugal, Brasil e Algarves. Com a morte APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos História A Opção Certa Para a SuaRealização 3 da mãe, o então Príncipe-regente Dom João de Bragança foi coroado rei, em 1816. Logo depois volta para Portugal, deixando seu filho mais velho, Dom Pedro de Alcântara de Bragança, o príncipe real do reino unido, como regente do Brasil. Em 7 de setembro de 1822, Dom Pedro de Alcântara proclamou a independência do Brasil em relação ao reino unido de Portugal, Brasil e Algarves, e fundou o Império do Brasil, sendo coroado imperador como Dom Pedro I. O mesmo reinou até 1831, quando abdicou e passou a Coroa brasileira ao seu filho, Dom Pedro de Alcântara, que tinha apenas cinco anos. Aos catorze anos, em 1840, Dom Pedro de Alcântara(filho) teve sua maioridade declarada, sendo coroado imperador no ano seguinte, como Dom Pedro II. No final da primeira década do Segundo Reinado, o regime estabilizou-se. As províncias foram pacificadas e a última grande insurreição, a Revolta Praieira, foi derrotada em 1849. Nesse mesmo ano, o imperador extingue o tráfico de escravos. Aos poucos, os imigrantes europeus assalariados substituíram os escravos. No contexto geopolítico, o Brasil se alia à Argentina e Uruguai e entra em guerra contra o Paraguai. No final do conflito, quase dois terços da população paraguaia estava morta. A participação de negros e mestiços nas tropas brasileiras na Guerra do Paraguai deu grande impulso ao movimento abolicionista e ao declínio da monarquia. Pouco tempo depois, em 1888, a princesa imperial do Brasil, D. Isabel de Bragança, filha de Dom Pedro II, assina a Lei Áurea, que extingue aescravidão no Brasil. Ao abandonar os proprietários de escravos, sem os indenizar, o império brasileiro perde a última base de sustentação. Em 15 de novembro de 1889, ocorre a proclamação da república pelo marechal Manuel Deodoro da Fonseca e tem início a República Velha, terminada em 1930com a chegada de Getúlio Vargas ao poder. A partir daí, a história do Brasil destaca a industrialização do Brasil e a participação brasileira na Segunda Guerra Mundialao lado dos Estados Unidos; o movimento militar de 1964, onde o general Castelo Branco assumiu a presidência. O Regime Militar, a pretexto de combater a subversão e a corrupção, suprimiu direitos constitucionais, perseguiu e censurou os meios de comunicação, extinguiu os partidos políticos e criou o bipartidarismo. Após o fim do regime militar, os deputados federais e senadores se reuniram , em 1988, em assembleia nacional constituintee promulgaram a nova Constituição, que amplia os direitos individuais. O país se redemocratiza,avança economicamente e cada vez mais se insere no cenário internacional. Período colonial (1500-1808) A chegada dos portugueses O período compreendido entre o Descobrimento do Brasil em 1500, (chamado pelos portugueses de Achamento do Brasil), até a Independência do Brasil, é chamado, no Brasil, de Período Colonial. Os portugueses, porém, chamam este período de A Construção do Brasil, e o estendem até 1825- 1826 quando Portugal reconheceu a independência do Brasil. Há algumas teorias sobre quem foi o primeiro europeu a chegar nas terras que hoje formam o Brasil. Entre elas, destacam-se a que defende que foi Duarte Pacheco Pereira entre novembro e dezembro de 1498 e a que argumenta que foi o espanholVicente Yáñez Pinzón no dia 16 de janeiro de 1500. No entanto, oficialmente o Brasil foi descoberto em 22 de abril de 1500, pelo capitão-mor duma expedição portuguesa em busca das Índias, Pedro Álvares Cabral, que chegou ao litoral sul daBahia, na região da atual cidade de Porto Seguro, mais precisamente no distrito de Coroa Vermelha, No dia 9 de março de 1500, o português Pedro Álvares Cabral, saindo de Lisboa, iniciou viagem para oficialmente descobrir e tomar posse das novas terras para a Coroa, e depois seguir viagem para a Índia, contornando a África para chegar aCalecute.[21] Levava duas caravelas e 13 naus, e por volta de 1 500 homens - entre os mais experientes Nicolau Coelho, que acabava de regressar da Índia; Bartolomeu Dias, que descobrira o cabo da Boa Esperança, e seu irmão Diogo Dias, que mais tarde Pero Vaz de Caminha descreveria dançando na praia em Porto Seguro com os índios, «ao jeito deles e ao som de uma gaita». As principais naus se chamavam Anunciada, São Pedro, Espírito Santo, El- Rei, Santa Cruz, Fror de la Mar,Victoria e Trindade.[24] O vice-comandante da frota era Sancho de Tovar e outros capitães eram Simão de Miranda, Aires Gomes da Silva, Nuno Leitão,[25] Vasco de Ataíde, Pero Dias, Gaspar de Lemos, Luís Pires, Simão de Pina, Pedro de Ataíde, de alcunha o inferno, além dos já citados Nicolau Coelho e Bartolomeu Dias. Por feitor, a armada trazia Aires Correia, que havia de ficar na Índia, e por escrivães Gonçalo Gil Barbosa e Pero Vaz de Caminha. Entre os pilotos, que eram os verdadeiros navegadores, vinham Afonso Lopes e Pero Escobar. Diz a Crônica do Sereníssimo Rei D. Manuel I: E, porque el Rei sempre foi mui inclinado às coisas que tocavam a nossa Santa fé católica, mandou nesta armada oito frades da ordem de S. Francisco, homens letrados, de que era Vigário frei Henrique, que depois foi confessor del Rei e Bispo de Ceuta, os quais como oito capelães e um vigário, ordenou que ficassem em Calecut, para administrarem os sacramentos aos portugueses e aos da terra se se quisessem converter à fé.— Crônica do Sereníssimo Rei D. Manuel I Âncoras levantadas em Lisboa, a frota passou por São Nicolau, no arquipélago de Cabo Verde, em 16 de março. Tinham-se afastado da costa africana perto das Canárias, tocados pelos ventos alísios em direção ao ocidente. Em 21 de abril, da nau capitânea avistaram-se no mar, boiando, plantas. Mais tarde surgiram pássaros marítimos, sinais de terra próxima. Ao amanhecer de 22 de abril ouviu-se um grito de "terra à vista", pois se avistou o monte que Cabral batizou de Monte Pascoal, no litoral sul da atual Bahia. Ali aportaram as naus, discutindo-se até hoje se teria sido exatamente em Porto Seguro ou em Santa Cruz Cabrália(mais precisamente no ilhéu de Coroa Vermelha, no município de Santa Cruz Cabrália), e fizeram contato com os tupiniquins, indígenas pacíficos. A terra, a que os nativos chamavam Pindorama ("terra das palmeiras"), foi a princípio chamada pelos portugueses de Ilha de Vera Cruz e nela foi erguido um padrão (marco de posse em nome da Coroa Portuguesa). Mais tarde, a terra seria rebatizada como Terra de Santa Cruz e posteriormente Brasil. Estava situada 5.000 km ao sul das terras descobertas por Cristóvão Colombo em 1492 e 1.400 quilômetros aquém da Linha de Tordesilhas. Sérgio Buarque de Holanda descreve, em História Geral da Civilização Brasileira: Tendo velejado para o norte, acharam dez léguas mais adiante um arrecife com porto dentro, muito seguro. No dia seguinte, sábado, entraram os navios no porto e ancoraram mais perto da terra. O lugar, que todos acharam deleitoso, proporcionava boa ancoragem e podia abrigar mais de 200 embarcações. Alguma gente de bordo foi à terra, mas não pode entender a algaravia dos habitantes, diferente de todas as línguas conhecidas. No dia 26 de abril, um domingo (o de Pascoela), foi oficiada a primeira missa no solo brasileiro por frei Henrique Soares (ou frei Henrique de Coimbra),[22] que pregou sobre o Evangelho do dia. Batizaram a terra como Ilha da Vera Cruz no dia 1 de maio e numa segunda missa Cabral tomou posse das terras em nome do rei de Portugal. No mesmo dia, os navios partiram, deixando na terra pelo menos dois degredados e dois grumetes que haviam fugido de bordo. Cabral partiu para a Índia pela via APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos História A Opção Certa Para a Sua Realização 4 certaque sabia existir a partir da costa brasileira, isto é, cruzou outra vez o Oceano Atlântico e costeou a África. O rei D. Manuel I recebeu a notícia do descobrimento por cartas escritas por Mestre João, físico e cirurgião de D. Manuel[22] e Pero Vaz de Caminha, semanas depois. Transportadas na nau de Gaspar de Lemos, as cartas descreviam de forma pormenorizada as condições geográficas e seus habitantes, desde então chamados de índios. Atento aos objetivos da Coroa na expansão marítima, Caminha informava ao rei: Nela até agora não podemos saber que haja ouro nem prata, nem alguma coisa de metal nem de ferro lho vimos; pero a terra em si é de muitos bons ares, assi frios e temperados como os d'antreDoiro e Minho, porque neste tempo de agora assi os achamos como os de lá; águas são muitas infindas e em tal maneira é graciosa, que querendo aproveitar-se dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem; pero o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será salvar esta gente (…) boa e de boa simplicidade. — Pero Vaz Caminha Damião de Góis narra o descobrimento em sua língua renascentista: Navegando a loeste, aos xxiiij dias do mes Dabril viram terra, do que forão muito alegres, porque polo rumo em que jazia, vião não ser nenhuma das que até então eram descubertas. Padralures Cabral fez rosto para aquela banda & como forão bem à vista, mandou ao seu mestre que no esquife fosse a terra, o qual tornou logo com novas de ser muito fresca & viçosa, dizendo que vira andar gente baça & nua pela praia, de cabelo comprido & corredio, com arcos & frechas nas mãos, pelo que mandou alguns dos capitães que fossem com os bateis armados ver se isto era assi, os quaes sem sairem em terra tornaram à capitaina afirmando ser verdade o que o mestre dixera. Estando já sobrancora se alevantou de noite hum temporal, com que correram de longo da costa ate tomarem hum porto muito bom, onde Pedralures surgio com as outras naos & por ser tal lhe pos nome Porto Seguro. —Damião de Góis Além das cartas acima mencionadas, outro importante documento sobre o descobrimento do Brasil é o Relato do Piloto Anônimo. De início, a descoberta da nova terra foi mantida em sigilo pelo Rei de Portugal. O resto do mundo passou a conhecer o Brasil desde pelo menos 1507, quando a terra apareceu com o nome deAmérica na carta (mapa) de Martin Waldseemuller, no qual está assinalado na costa o Porto Seguro. Expedições exploratórias Em 1501, uma grande expedição exploratória, a primeira frota de reconhecimento, com três naus, encontrou como recurso explorável apenas o pau-brasil, de madeira avermelhada e valiosa usada na tinturaria europeia, mas fez um levantamento da costa. Comandada por Gaspar de Lemos, a viagem teve início em 10 de maio de 1501 e findaria com o retorno a Lisboa em 7 de setembro de 1502, depois de percorrer a costa e dar nome aos principais acidentes geográficos. Sobre o comandante, podem ter sido D. Nuno Manuel, André Gonçalves, Fernão de Noronha, Gonçalo Coelho ou Gaspar de Lemos, sendo este último o nome mais aceito. Em 1501, no dia 1 de novembro, foi descoberta a Baía de Todos os Santos, na atual Bahia, local que mais tarde seria escolhido por D. João III para abrigar a sede da administração colonial. Alguns historiadores negam a hipótese de Gonçalo Coelho, que só teria partido de Lisboa em 1502. O Barão do Rio Branco, em suas Efemérides, fixa-se em André Gonçalves, que é a versão mais comumente aceita. Mas André Gonçalves fazia parte da armada de Cabral, que retornou a Lisboa quando a expedição de 1501 já partira para o Brasil e com ela cruzou na altura do arquipélago de Cabo Verde. Assim, diversos historiadores optam por Gaspar de Lemos, que entre junho e julho de 1500 havia chegado a Portugal com a notícia do descobrimento. O florentino Américo Vespúcio vinha como piloto na frota (e por seu nome seria batizado todo o continente, mais tarde). Depois de 67 dias de viagem, em 16 de agosto, a frota alcançou o que hoje é oCabo de São Roque (Paraíba) e, segundo Câmara Cascudo, ali plantou o marco de posse mais antigo do Brasil. Houve, na ocasião, contatos entre portugueses e os índios potiguaras. Ao longo das expedições, os portugueses costumavam batizar os acidentes geográficos segundo o calendário com os nomes dos santos dos dias, ignorando os nomes locais dados pelos nativos. Em 1 de novembro (Dia de Todos os Santos), chegaram à Baía de Todos os Santos, em 21 de dezembro (dia de São Tomé) ao Cabo de São Tomé, em 1 de janeiro de 1502 à Baía da Guanabara (por isso batizada de "Rio de Janeiro") e no dia 6 de janeiro (Dia de Reis) àangra (baía) batizada como Angra dos Reis. Outros lugares descobertos foram a foz do rio São Francisco e o Cabo Frio, entre vários. As três naus que chegaram à Guanabara eram comandadas por Gonçalo Coelho, e nela vinha Vespúcio. Tomando a estreita entrada da barra pela foz de um rio, chamaram-na Rio de Janeiro, nome que se estendeu à cidade de São Sebastião que ali se ergueria mais tarde. Em 1503 houve nova expedição, desta vez comandada (sem controvérsias) por Gonçalo Coelho, sem ser estabelecido qualquer assentamento ou feitoria. Foi organizada em função um contrato do rei com um grupo de comerciantes de Lisboa para extrair o pau-brasil. Trazia novamente Vespúcio e seis navios. Partiu em maio de Lisboa, esteve em agosto na ilha de Fernando de Noronha e ali afundou a nau capitânia, dispersando-se a armada. Vespúcio pode ter ido para a Bahia, passado seis meses em Cabo Frio, onde fez entrada de 40 léguas terra adentro. Ali teria deixado 24 homens com mantimentos para seis meses. Coelho, ao que parece, esteve recolhido na região onde se fundaria depois a cidade do Rio de Janeiro, possivelmente durante dois ou três anos. Detalhe do mapa "Terra Brasilis" (Atlas Miller,1519), atualmente na Biblioteca Nacional de França. Nessa ocasião, Vespúcio, a serviço de Portugal, retornou ao maior porto natural da costa brasileira, a Baía de Todos os Santos. Durante as três primeiras décadas, o litoral baiano, com suas inúmeras enseadas, serviu fundamentalmente como apoio à rota da Índia, cujo comércio de produtos de luxo – seda, tapetes, porcelana e especiarias – era mais vantajoso que os produtos oferecidos pela nova colônia. Nos pequenos e grandes portos naturais baianos, em especial no de Todos os Santos, as frotas se abasteciam de água e de lenha e aproveitavam para fazer pequenos reparos. No Rio de Janeiro, alguns navios aportaram no local que os índios chamavam de Uruçu-Mirim, a atual praia do Flamengo. Junto à foz do rio Carioca (outrora abundante fonte de água doce) foram erguidas uma casa de pedra e um arraial, deixando-se no local degredados e galinhas. A construção inspirou o nome que os índios deram ao local (cari-oca, "casa dos brancos"), que passaria a ser o gentílico da cidade do Rio. O arraial, no entanto, foi logo destruído. Outras esquadras passariam pela Guanabara: a de Cristóvão Jacques, em 1516; a de Fernão de Magalhães (que chamou o local de Baía de Santa Luzia), em 1519, na primeiracircunavegação do mundo; outra vez a de Jacques, em 1526, e a de Martim Afonso de Sousa, em 1531. APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos História A Opção Certa Para a Sua Realização 5 Outras expedições ao litoral brasileiro podem ter ocorrido, já que desde 1504 são assinaladas atividades de corsários. Holanda, em Raízes do Brasil, cita o capitão francês Paulmier de Gonneville, de Honfleur, que permaneceu seis meses no litoral de Santa Catarina.[28] A atividade de navegadores não-portugueses se inspiravadoutrina da liberdade dos mares, expressada por Hugo Grotius em Mare liberum, base da reação europeiacontra Espanha e Portugal, gerando pirataria alargada pelos mares do planeta.[29] Extração de pau-brasil O pau-brasil (que os índios tupis chamavam de ibirapitanga) era a principal riqueza de crescente demanda na Europa. Estima-se que havia, na época do descobrimento, mais de 70 milhões de árvores do tipo, abundando numa faixa de 18 km do litoral do Rio Grande do Norte até a Guanabara. Quase todas foram derrubadas e levadas para a Europa. A extração foi tanta que atualmente a espécie é protegida para não sofrer extinção. Para explorar a madeira, a Coroa adotou a política de oferecer a particulares, em geral cristãos-novos, concessões de exploração do pau- brasil mediante certas condições: os concessionários deveriam mandar seus navios descobrirem 300 léguas de terra, instalar fortalezas nas terras que descobrissem, mantendo-as por três anos; do que levassem para o Reino, nada pagariam no primeiro ano, no segundo pagariam um sexto e no terceiro um quinto. Os navios ancoravam na costa, algumas dezenas de marinheiros desembarcavam e recrutavam índios para trabalhar no corte e carregamento das toras, em troca de pequenas mercadorias como roupas, colares e espelhos(prática chamada de "escambo"). Cada nau carregava em média cinco mil toras de 1,5 metro de comprimento e 30 quilogramas de peso. Em 1503, toda a terra do Brasil foi arrendada pela coroa a Fernão de Noronha (ou Loronha), e outros cristãos-novos, produzindo 20 mil quintais de madeira vermelha. Segundo Capistrano de Abreu, em Capítulos da História Colonial, cada quintal era vendido em Lisboa por 21/3 ducados, mas levá-lo até lá custava apenas meio ducado. Os arrendatários pagavam 4 mil ducados à Coroa. Comerciantes de Lisboa e do Porto enviavam embarcações à costa para contrabandearem pau-brasil, aves de plumagem colorida (papagaios, araras), peles, raízes medicinais e índios para escravizar. Surgiram, assim, as primeiras feitorias. O náufrago Diogo Álvares, o Caramuru, estabeleceu-se desde 1510 na barra da Baía de Todos os Santos, onde negociava com barcos portugueses e estrangeiros. Outra feitoria foi chamada de Aldeia Velha de Santa Cruz, próxima ao local da descoberta. Além dos portugueses, seus rivais europeus, principalmente franceses, passaram a frequentar a costa brasileira para contrabandear a madeira e capturar índios. Os franceses contrabandearam muito pau-brasil no litoral norte, entre a foz do rio Real e a Baía de Todos os Santos, mas não chegaram a estabelecer feitoria. Outro ponto de contrabando, sobretudo no século XVII, foi o Morro de São Paulo (Bahia). Até que Portugal estabelecesse o sistema de capitanias hereditárias, a presença mais constante na terra era dos franceses. Estimulados por seu rei, corsários passam a frequentar a Guanabara à procura de pau-brasil e outros produtos. Ganharam a simpatia dos índios tamoios, que a eles se aliaram durante décadas contra os portugueses. Portugal, verificando que o litoral era visitado por corsários e aventureiros estrangeiros, resolveu enviar expedições militares para defender a terra. Foram denominadas expedições guarda-costas, sendo mais marcantes as duas comandadas por Cristóvão Jacques, de 1516- 1519 e 1526-1528. Suas expedições tinham caráter basicamente militar, com missão de aprisionar os navios franceses que, sem pagar tributos à coroa, retiravam grandes quantidades do pau-brasil. A iniciativa teve poucos resultados práticos, considerando a imensa extensão do litoral e, como solução, Jacques sugeriu à Coroa dar início ao povoamento. A expedição enviada em 1530 sob a chefia de Martim Afonso de Sousa tinha por objetivos explorar melhor a costa, expulsar os franceses que rondavam o sul e as cercanias do Rio de Janeiro, e estabelecer núcleos de colonização ou feitorias, como a estabelecida em Cabo Frio. Martim Afonso doou as primeiras sesmarias do Brasil. Foram fundados por esta expedição os núcleos de São Vicente e São Paulo, onde o português João Ramalho vivia como náufrago desde 1508 e casara-se com a índia Bartira, filha do cacique Tibiriçá. Em São Vicente foi feita em 1532 a primeira eleição no continente americano e instalada a primeira Câmara Municipal e a primeira vila do Brasil. A presença de Ramalho, que ajudava no contato com os nativos e instalara-se na aldeia de Piratininga, foi o que inspirou Martim Afonso a instalar a vila de São Vicente perto do núcleo que viria a ser São Paulo. A mais polêmica expedição seria a de Francisco de Orellana que, em 1535, penetrando pela foz do rio Orinoco e subindo-o, descreve que numa única viagem, em meio de um incrível emaranhado de rios e afluentes amazônicos, teria encontrado o rio Cachequerique, raríssima e incomum captura fluvial que une o rio Orinoco aos rios Negro e Amazonas. Escravidão no Brasil A mão-de-obra africana ajustava-se à agricultura e ao regime de trabalho servil, sem os intransponíveis obstáculos culturais do escravo ameríndio, inapto ao trabalho contínuo. Sua introdução no Brasil, na verdade, foi uma extensão da corrente escravocrata existente em Portugal. Inicialmente, o sistema comercial que vigorava no tráfico de escravos não se inclinou ao fornecimento dessa mão-de-obra aos colonos estabelecidos no Brasil. A preferência dos comerciantes escravagistas era para o rico mercado de Castela, com reexportação para as áreas de mineração da América e para a promissora agricultura nas Antilhas. Desde 1539 os colonos estabelecidos no Brasil reclamavam da falta de mão-de-obra para o cultivo da cana-de-açúcar e o incremento dos engenhos, rogando ao rei licença para adquirir escravos. Em 1542, o donatário de Pernambuco solicitou autorização para adquirir escravos na Guiné, por conta própria, alegando que a produção açucareira não poderia arcar com o soldo de empregados. Somente em 1559, quando a indústria já estava com suas bases assentadas, a coroa decidiu permitir o ingresso de escravos negros no Brasil: cada senhor podia trazer 120 escravos do Congo. Com essa permissão, começou o tráfico negreiro oficial no Brasil, que somou-se a aquisições isoladas existentes em São Vicente e na Bahia. Negros e mulatos, uns ainda escravos, outros já alforriados, acompanharam Tomé de Sousa na edificação da cidade de Salvador, em 1549. Esses grupos foram os precursores de milhões de negros africanos que, por dois séculos e meio, foram trazidos para o Brasil. Na época do descobrimento, Portugal já estava de posse dos arquipélagos da Madeira e de Cabo Verde, do litoral da Guiné, das ilhas São Tomé e Príncipe, da embocadura do Zaire e de Moçambique, e havia plantado uma fortaleza na Costa do Ouro (Gana). No século XVI teve início a conquista de Angola. De todos esses locais vieram escravos para o Brasil. O monopólio do comércio de escravos era exercido pelas feitorias estabelecidas nas ilhas desertas da Madeira e Cabo Verde. Os negreiros iam buscar os escravos nos "rios de Guiné", uma extensa região cortada por rios e canais navegáveis, muito maior que a atual Guiné-Bissau. Na ilha de Bissau e no rio Cacheu ficavam os entrepostos, cercados de paliçadas e guarnecidos com artilharia, a cargo de "lançados", brancos e mulatos que se incumbiam de reunir os escravos e mercadorias em locais onde as embarcações portuguesas pudessem recolhê-los. Os negros das tribos fulas e mandingas, vindos da Guiné Portuguesa, foram desembarcados em todo o Nordeste para trabalhar nas lavouras canavieiras e nas fábricas de açúcar. Posteriormente, com a fundação de Belém, no Pará, representantes daquelas tribos foram trabalhar em várias regiões da Amazônia. Eram transportados por uma companhia privilegiada, a Cacheu. Esses negros, chamados genericamente "peças de Guiné", logo foram absorvidos pela população brasileira. Os fulas tinham como singularidade a cor opaca, tendendo para o pálido e, em poucotempo, essa característica tornou-se um qualificativo comum para todo o negro com a mesma compleição. As expressões fulo, negro fulo, negrinha fula, passaram, mais tarde, por extensão, a aplicar-se à ausência momentânea de cor nas faces das pessoas, indistintamente negros ou brancos. Daí a expressão perpetuada até os dias atuais: "fulo de raiva". Os mandingas, que à época da escravidão viviam um processo de islamização, uma vez que provinham de terras atingidas por aquela cultura, não haviam deixado de lado suas antigas crenças e com elas aportaram no Brasil. Esses negros deram à APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos História A Opção Certa Para a Sua Realização 6 língua portuguesa, com suas designações tribais, novos sinônimos para encantações e artes mágicas. A partir de 1576, com a fundação de Luanda, abriu-se nova fonte de escravos. Os negros de Angola passaram a concorrer com os da Guiné em todos os portos principais de escravos: Rio de Janeiro, Bahia, Recife e São Luís. Em 1641 os holandeses já dominavam Pernambuco e para lá trouxeram de Angola contingentes de negros que eram vendidos também aos senhores do Ceará e Alagoas. Povos negros de língua banto chegaram ao Brasil quase ininterruptamente, até o fim do tráfico em 1850: muxicongos, benguelas, rebolos e caçanjes de Angola. Do Congo, vieram os cambindas. Com base ou escala em Luanda, os tumbeiros - navios negreiros, em geral de pequeno porte - contornavam a região meridional do continente para alcançar Moçambique, de onde traziam negros macuas e anjicos para serem vendidos no Brasil. Os tumbeiros faziam o tráfico para o Brasil em condições tão precárias que grande parte da carga - entre trinta e quarenta por cento - morria durante a viagem. No século XVIII iniciou-se o tráfico com a Costa da Mina, litoral setentrional do golfo da Guiné. Os portugueses já haviam tentado estabelecer-se na região desde 1482 e levantado ali o castelo de São Jorge da Mina, de onde se originou o nome. O forte caíra em poder dos holandeses ao tempo em que dominavam o Nordeste brasileiro. Embora uma provisão real de 1644 tenha permitido a navios matriculados na Bahia e no Recife o comércio na Costa da Mina, este só teria confirmação real em 1699. Foram então autorizadas a realizar o resgate de escravos naquela área 24 embarcações. Estavam registradas no porto da Bahia e cada uma levava tabaco, açúcar e aguardente suficientes para a compra de 500 negros. O tráfico encaminhou para o Brasil negros das mais variadas tribos, como fântis e achantis, txis e gás, estes das vizinhanças do castelo da Mina; euês e fons, conhecidos no Brasil por jejes; iorubas, no Brasil chamados de nagôs; tapas, hauçás, canures, fulas, mandingas e grunces. Destinavam-se às minas, onde eram vendidos a bom preço. As condições de transporte eram as melhores de todo o período do tráfico. Ao contrário do que ocorria com os tumbeiros vindos de Angola, os que vinham da Costa da Mina tinham perdas insignificantes. Dada a suposição de que se originavam de áreas onde havia mineração, os negros da Costa da Mina custavam mais caro que os trazidos de Angola. Em pouco tempo esses negros constituíram uma elite da massa escrava, especialmente do ponto de vista religioso. Tapas, nagôs, hauçás e malês (muçulmanos), comandaram os negros da Bahia em sucessivas insurreições entre 1806 e 1835. Xangôs, candomblés, macumbas, todos os cultos negros do Brasil, obedecem, em linhas gerais, ao modelo de culto oferecido por nagôs e jejes. No início dos trabalhos de mineração foram muito procurados, mas por volta de 1750 apenas mil deles eram adquiridos anualmente em Minas Gerais, à medida que a exploração do ouro e dos diamantes passava das mãos dos particulares para o governo da metrópole. Concentrados em maior número na Bahia, passaram a ser vendidos para serviços domésticos urbanos no Rio de Janeiro, Recife e Maranhão. A ocupação do território brasileiro alterou substancialmente a disposição do elemento escravo no país. No início os portos de desembarque também eram os centros de distribuição de escravos: o de São Luís abastecia a Amazônia; o de Pernambuco, em Recife, abastecia as cidades do Nordeste; o da Bahia servia também a Minas Gerais; o do Rio de Janeiro, também a parte de Minas Gerais e São Paulo. A partir dessas localidades o escravo era vendido para outras praças do interior, como Goiás e Rio Grande do Sul. As sucessivas mudanças no quadro econômico do país, do açúcar para o ouro, do ouro para o café, impuseram intenso, demorado e variado contato lingüístico, religioso e sexual entre os negros das mais diversas nações africanas. Quando a exploração do açúcar, decadente e em ruína, chegou praticamente à bancarrota, iniciou-se o ciclo do ouro. Os trabalhadores, ociosos nas regiões do litoral, foram transferidos para as minas, que absorviam grandes contingentes de mão-de-obra e forçaram a intensificação do comércio com Angola e Costa da Mina. Em breve, a exploração do ouro e também a de diamantes, que era feita por iniciativa particular, passou a controle direto do governo da metrópole, inicialmente com os contratos, e em seguida com a Real Extração. O negro, que já estava parcialmente desviado para a agricultura e a pecuária, passou então a ser utilizado na cultura do café e, durante a guerra civil americana, do algodão. Em conseqüência, adotou a língua portuguesa, a religião cristã, os costumes nacionais e se destribalizou por completo. Durante o período da escravidão distinguiam-se três tipos de negros: o novo ou boçal, recém-chegado da África e sem conhecimento dos costumes do país; o ladino, africano, mas já com experiência da sociedade brasileira, e o crioulo, nascido e criado no Brasil. Todos foram compelidos a ajustar-se às novas condições de vida. Inicialmente, a Igreja Católica apenas batizava o novo antes que ele seguisse para seu destino, mas durante algum tempo, nas cidades, tentou orientar para a religião cristã, primeiro os ladinos, em seguida os crioulos e os mulatos, favorecendo a criação de irmandades. O governo central recrutou negros e pardos para formações militares subalternas, as ordenanças, chamadas posteriormente de henriques, em homenagem a Henrique Dias, chefe de uma delas, que se distinguiu na guerra contra os holandeses. Mas o trabalho produtivo - em suas várias acepções - foi o fator de assimilação mais constante, que impôs a língua, a alimentação, os hábitos de trabalho e repouso, as relações familiares, a etiqueta e a disciplina. Esse fenômeno produziu de um lado negros forros (alforriados) e libertos e, por outro, três tipos de trabalhadores, o negro do campo, o negro do ofício e o negro doméstico. O negro conquistou a liberdade de maneira precária, constantemente ameaçada pela polícia e pelo arbítrio dos brancos. O negro forro era libertado diretamente por seu senhor, em geral em testamento. O negro liberto, comprava a liberdade ou a obtinha em virtude da lei, de promessa do governo ou por prestar serviços especiais. A alforria contemplava preferencialmente os velhos e os doentes, e se em muitos casos era concedida por reconhecimento ou bondade, também serviu à conveniência de senhores, que desse modo se eximiam de alimentar e vestir um negro não mais produtivo. O próprio escravo podia obter sua alforria, caso tivesse juntado uma soma igual àquela por que fora adquirido, e propusesse a transação ao senhor. Juntas de alforria, mais ou menos associadas às irmandades do Rosário e de São Benedito, agiam no sentido de que o dinheiro angariado por todos servisse sucessivamente à libertação de cada um de seus membros. No que se refere à legislação o negro foi beneficiado pelaLei do Ventre Livre, de 1871 e pela dos sexagenários, em 1885. Alguns negros foram alforriados por prestarem serviços especiais, como os soldados de Henrique Dias, os praças do batalhão de Libertos da guerra da independência na Bahia e os escravos que serviram às tropas brasileiras na guerra do Paraguai. No final do império, negros de "filiação desconhecida" obtiveram a liberdade com base na legislação que determinava que "o brasileiro só é escravo se nascido de ventre escravo". Contudo, a grande maioria dos escravos não gozou de condições tão propícias. No campo, o negro foi a mão-de-obra nos canaviais e nas roças de tabaco do Brasil colônia, e nos cafezais e algodoais à época do império. O negro do campo esteve sempre, mais do que qualquer outro, à disposição do senhor. Era este quem fornecia suas vestimentas, alimentação, moradia e controlava até mesmo suas relações sexuais. Enquanto o tráfico negreiro não despertou indignação e revolta e mesmo sanções internacionais, o negro escravo foi alvo dos castigos mais atrozes e aviltantes que um ser humano podia enfrentar: tronco, açoite, viramundo, cepo, libambo, peia, gonilha são denominações das brutalidades terríveis a que foi submetido, isso quando a agressão não era maior, como pontapés no ventre de escravas gestantes, olhos vazados e dentes quebrados a martelo. O trabalho de sol a sol (cerca de 14 horas por dia) transformava o negro de campo num verdadeiro trapo humano. Como reação, os negros tentaram organizar-se em quilombos, promover levantes ou abandonar em massa as fazendas, e quase sempre foram reprimidos a ferro e fogo. O negro de ofício (também chamado "de partes" ou "oficial") coexistia com o negro de campo, mas ocupava um lugar ligeiramente superior na escala social. Originou-se do trabalho em moendas e caldeiras, nas fábricas de açúcar do século XVI. Mais tarde surgiram negros ferreiros, marceneiros, pedreiros, seleiros, canoeiros e barbeiros e mulheres costureiras. Na primeira metade do século XIX já havia, no Rio de Janeiro, bons profissionais negros, serralheiros, ourives, sapateiros, alfaiates capazes de cortar casacas e chapeleiras que competiam com as francesas. APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos História A Opção Certa Para a Sua Realização 7 Esses negros serviam ao senhor, a seus vizinhos, e às vezes a toda a comunidade. No litoral, em 1837, um escravo qualquer custava 400$000 (quatrocentos mil-réis), mas o preço de um "oficial" oscilava entre 600$000, 800$000 e um conto de réis. O negro doméstico trabalhava como pajem, moço de recados, capanga e criado quando homem. Babá, cozinheira, mucama, doceira, quando mulher. Eles se traduziam nas "crias da casa", nos "afilhados" e nos "homens de confiança". Todos, entretanto, serviam à ostentação do senhor como símbolo de poder e riqueza. Alguns aprendiam a ler, outros reuniam pecúlio suficiente para uma vida menos submissa. Esse tipo de negro existiu em maior número nas regiões açucareiras do Nordeste, nas minas do final do século XVIII e, no Rio de Janeiro, nos últimos anos de escravidão. Com o tempo, os excedentes do negro doméstico deram lugar a dois novos tipos: o negro de aluguel e o negro de ganho. O primeiro era preparado pelo senhor para servir a outrem e lhe trazer ganhos; o segundo pagava ao senhor certa soma diária, em troca de liberdade de ação. O negro de aluguel passou a ter colocação em atividades de tipo industrial, nas fábricas de tecidos, mas também no trabalho em metais, madeira, edificações e tudo o que o mercado exigisse no momento. No Rio de Janeiro e São Paulo, os negros foram absorvidos pelo serviço doméstico para os estrangeiros e burgueses da cidade. Quando a Lei Áurea foi assinada, em 13 de maio de 1888, beneficiou apenas 750.000 escravos, menos de um décimo da população negra existente no Brasil. O negro, ao longo de sua história no país, influenciou sensivelmente os costumes brasileiros. Histórias do Quibungo deleitaram e aterrorizaram crianças; os cultos de origem africana, com orientação jeje-nagô, floresceram nos centros principais e conquistaram adeptos em todas as classes sociais; a capoeira, que antes servira à defesa da liberdade do negro, passou a ser vista como uma forma brasileira de arte marcial; o batuque de Angola saiu dos terreiros das fazendas e invadiu as cidades sob a forma de lundu, baiano, coco, samba e variações; a cozinha brasileira tem muitos pratos de origem africana: vatapá, caruru, arroz de cuxá. A feijoada teve origem na cozinha dos escravos. Os cortejos do rei do Congo serviram de modelo aos maracatus e afoxés e aos desfiles das escolas de samba. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. Escravidão Indígena Com efetivo início da colonização do Brasil, os portugueses tinham a necessidade de empreender um modelo de exploração econômica das terras que fosse capaz de gerar lucro em pouco tempo. Para tanto, precisariam de uma ampla mão-de-obra capaz de produzir riquezas em grande quantidade e, dessa forma, garantir margens de lucro cada vez maiores para os cofres da Coroa Portuguesa. Contudo, quem poderia dispor de sua força de trabalho para tão ambicioso projeto? Inicialmente, os portugueses pensaram em aproveitar do contato já estabelecido com os índios na atividade de extração do pau-brasil. Nesse período, os índios realizavam essa extração por meio de um trabalho esporádico recompensado pelos produtos trazidos pelos lusitanos na prática do escambo. Em contrapartida, o trabalho nas grandes propriedades exigia uma rotina de trabalho longa e disciplinada que ia contra os hábitos cotidianos de boa parte dos indígenas. Além disso, as mortes causadas pelo trabalho forçado, as mortais epidemias contraídas no contato com o homem branco e ruptura com a economia de subsistência dos indígenas impedia a viabilidade desse tipo de escravidão. Ao mesmo tempo, devemos levar em conta que o controle sobre os índios escravizados era bem mais difícil tendo em vista o conhecimento que tinham do território. Dessa forma, a vigilância se tornava algo bastante complicado. Como se não bastasse esses fatores de ordem cultural, biológica e social, a escravidão indígena também foi extensamente combatida pela Igreja no ambiente colonial. Representados pela Ordem Jesuíta, os clérigos que aportavam em terras brasileiras se envolveram em uma série de disputas em que repudiavam o interesse dos colonos em converter os índios em escravos. Tal postura se justificava no interesse que os clérigos católicos tinham em facilitar o processo de conversão religiosa dos índios. Apesar de sua influência e autoridade, muitos padres foram explicitamente afrontados pela ganância de colonos que saiam pelo território em busca de índios. Na maioria das vezes, a escravidão indígena servia como alternativa à falta e o alto custo de uma peça trazida da África. Preferencialmente, os colonos atacavam as populações indígenas ligadas às missões jesuíticas, pois estes já se mostravam habituados à rotina e aos valores da cultura ocidental. Mediante a forte pressão dos religiosos, Portugal proibiu a captura de índios por meio de uma Carta Régia emitida no ano de 1570. Segundo esse documento, os índios só poderiam ser presos e escravizados em situação de guerra justa. Ou seja, somente os índios que se voltassem contra os colonizadores estariam sujeitos à condição de escravos. Por meio dessa medida, os colonizadores conseguiram manter a escravidão indígena durante todo o período colonial. A escravidão indígena foi oficialmente extinta no século XVIII, momento em que o marquês de Pombal estabeleceu um conjunto de transformações na administração colonial. Primeiramente,ordenou a expulsão dos jesuítas do Brasil mediante a ampla influência política e econômica que tinha dentro da colônia. Logo depois, em 1757, proibiu a escravidão indígena e transformou algumas aldeias em vilas submetidas ao poderio da Coroa. Por Rainer Sousa Administração colonial Capitanias do Mar (1516-1532) A administração das terras ultramarinas, que a princípio foi arrendada a Fernão de Noronha, agente da Casa Fugger (1503-1511), ficou a cargo direto da Coroa, que não conseguia conter as frequentes incursões de franceses na nova terra. Por isso, em 1516, D. Manuel I e seu Conselho criam nos Açores e na Madeira as chamadas «capitanias do mar», por analogia com as estabelecidas no Oceano Índico. O objetivo fundamental era garantir o monopólio da navegação e a política do mare clausum (mar fechado). De dois em dois anos, o capitão do mar partia com navios para realizar um cruzeiro de inspeção no litoral, defendendo-o das incursões francesas ou castelhanas. No Brasil, teriam visitado quatro armadas. As armadas de Jacques assinaram-se com insistência no rio da Prata. Também em 1516 ocorre a primeira tentativa de colonização metódica e aproveitamento da terra com base na plantação da cana (levada de Cabo Verde) e na fabricação do açúcar. Já devia ter havido algumas tentativas de capitanias e estabelecimentos em terra, pois em 15 de julho de 1526 o rei D. Manuel I autorizou Pedro Capico,[30] "capitão de uma capitania do Brasil", a regressar a Portugal porque "lhe era acabado o tempo de sua capitania". Talvez Jacques tenha ido buscar Capico em Porto Seguro, pois a ele era justamente atribuída a fundação de uma feitoria no local, muito antes de ser doada como capitania a Pero do Campo Tourinho. Outras capitanias incipientes podem ter existido pelo menos em Pernambuco, Porto Seguro, Rio de Janeiroe São Vicente. Roberto Simonsen (em História Econômica do Brasil, pág.120) comenta: Na terra de Santa Cruz, o valor e as possibilidades de comércio não justificavam (…) organizações da mesma importância» que as feitorias de Portugal na África. «Mesmo assim, foram instaladas, quer pelos concessionários do comércio do pau-brasil, quer pelo próprio governo português, várias feitorias, postos de resgate onde se concentravam, sob o abrigo de fortificações primitivas, os artigos da terra que as naus vinham buscar. São por demais deficientes até hoje as notícias sobre estas feitorias, Igaraçu, Itamaracá, Bahia, Porto Seguro, Cabro Frio, São Vicente e outras intermediárias, que desapareciam, ora esmagadas pelo gentio, ora conquistadas pelos franceses. Mas o próprio comércio do pau-brasil é uma demonstração de sua existência, e as notícias sobre a década anterior, de 1530, salientam a preocupação do Governo português de defendê-las.» Eram assim postos de resgate de caráter temporário, estabelecimentos efêmeros, assolados por entrelopos e corsários franceses, por selvagens. Por muitos anos cessará todo o interesse de Portugal pelo Brasil. O Brasil APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos História A Opção Certa Para a Sua Realização 8 ficou ao acaso… Colonizar a nova terra seria dispendioso, sem lucro imediato. Portugal, no auge de sua técnica de navegação, de posse de feitorias fincadas em vastíssimas costas de oceanos, não tinha recursos humanos, com uma população estimada em um milhão de habitantes. Impunha-se uma atitude predominantemente fiscal. Havia o quê? Havia macacos, papagaios, selvagens nus e primitivos. Mas havia pau- brasil…—Roberto Simonsen João Ribeiro (em História do Brasil) diz que ... depois das primeiras explorações, as terras do Brasil tornaram-se constante teatro da pirataria universal. Especuladores franceses, alemães, judeus e espanhóis aqui aportam, comerciam com o gentio ou seelvajam-se e com eles convivem em igual barbaria. Os navegadores de todos os pontos aqui se aprovisionam ou se abrigam das tempestades. Aventureiros aqui desembarcam, e vivem à ventura, na companhia de degredados e foragidos. O que procura a corte portuguesa de D. Manuel I são as riquezas do Oriente, e se alguma expedição aqui toca e se demora, (....) não é o Brasil que as atrai mas ainda a fascinação do Oriente. —João Ribeiro Capitanias hereditárias (1532-1549) A apatia só iria cessar quando D. João III ascendeu ao trono. Na década de 1530, Portugal começava a perder a hegemonia do comércio na África Ocidental e no Índico. Circulavam insistentes notícias da descoberta de ouro e de prata na América Espanhola. Então, em 1532, o rei decidiu ocupar as terras pelo regime de capitanias, mas num sistemahereditário, pelo qual a exploração passaria a ser direito de família. O capitão e governador, títulos concedidos ao donatário, teria amplos poderes, dentre os quais o de fundar povoamentos (vilas e cidades), conceder sesmarias e administrar a justiça. O sistema de capitanias hereditárias implicava na divisão de terras vastíssimas, doadas a capitães- donatários que seriam responsáveis por seu controle e desenvolvimento, e por arcar com as despesas de colonização. Foram doadas aos que possuíssem condições financeiras para custear a empresa da colonização, e estes eram principalmente "membros da burocracia estatal" e "militares e navegadores ligados à conquista da Índia" (segundoEduardo Bueno em "História de Brasil"). De acordo com o mesmo autor, a sugestão teria sido dada ao rei por Diogo de Gouveia, ilustre humanista português, e respondia a uma "absoluta falta de interesse da alta nobreza lusitana" nas terras americanas. Foram criadas, nesta divisão, quinze faixas longitudinais de diferentes larguras que iam de acidentes geográficos no litoral até o Meridiano das Tordesilhas, e foram oferecidas a doze donatários. Destes, quatro nunca foram ao Brasil; três faleceram pouco depois; três retornaram a Portugal; um foi preso por heresia (Tourinho) e apenas dois se dedicam à colonização (Duarte Coelho em Pernambuco e Martim Afonso de Sousa na Capitania de São Vicente). Das quinze capitanias originais, apenas as capitanias de Pernambuco e de São Vicente prosperaram. As terras brasileiras ficavam a dois meses de viagem de Portugal. Além disso, as notícias das novas terras não eram muito animadoras: na viagem, além do medo de "monstros" que habitariam o oceano (na superstição europeia), tempestades eram frequentes; nas novas terras, florestas gigantescas e impenetráveis, povos antropófagos e não havia nenhuma riqueza mineral ainda descoberta. Em 1536, chegou o donatário da capitania da Baía de Todos os Santos, Francisco Pereira Coutinho, que fundou o Arraial do Pereira, na futura cidade do Salvador, mas se revelou mau administrador e foi morto pelos tupinambás. Tampouco tiveram maior sucesso as capitanias dos Ilhéus e do Espírito Santo, devastadas por aimorés e tupiniquins. Governo-Geral (1549-1580) Tomé de Sousa Após o fracasso do projeto de capitanias, o rei João III unificou as capitanias sob um Governo-Geral do Brasil e em 7 de janeiro de 1549nomeou Tomé de Sousa para assumir o cargo de governador-geral. A expedição do primeiro governador chegou ao Brasil em 29 de março do mesmo ano, com ordens para fundar uma cidade para abrigar a sede da administração colonial. O local escolhido foi a Baía de Todos os Santos e a cidade foi chamada de São Salvador da Baía de Todos os Santos. As condições favoráveis da terra, o clima quente, o solo fértil, a excelente posição geográfica, fizeram com que o rei decidisse reverter a capitania para a Coroa (expropriando-a do donatário Pereira Coutinho). As tarefas de Tomé de Sousa eram tornar efetiva a guarda da costa, auxiliar os donatários, organizar a ordem política e jurídica na colônia.O governador organizou a vida municipal, e sobretudo a produção açucareira: distribuiu terras e mandou abrir estradas, além de fazer construir um estaleiro. Desse modo, o Governo-Geral centralizou a administração colonial, subordinando as capitanias a um só governador-geral que tornasse mais rápido o processo de colonização. Em 1548, elaborou-se o Regimento do Governador-Geral,[33] que regulamentava o trabalho do governador e de seus principais auxiliares - o ouvidor-mor (Justiça), o provedor- mor (Fazenda) e o capitão-mor (Defesa).[34] O governador também levou ao Brasil os primeiros missionários católicos, da ordem dos jesuítas, como o padre Manuel da Nóbrega. Por ordens suas, ainda, foram introduzidas na colônia as primeiras cabeças de gado, de novilhos levados de Cabo Verde. Ao chegar à Bahia, Tomé de Sousa encontrou o velho Arraial do Pereira com seus moradores, e mudaram o nome do local para Vila Velha. Também moravam nos arredores o náufrago Diogo Álvares "Caramuru" e sua esposa Paraguaçu (batizada como Catarina), perto da capela de Nossa Senhora das Graças (hoje o bairro da Graça, em Salvador). Consta que Tomé de Sousa teria pessoalmente ajudado a construir as casas e a carregar pedras e madeiras para construção da capela de Nossa Senhora da Conceição da Praia, uma das primeiras igrejas erguidas no Brasil. Tomé de Souza visitou as capitanias do sul do Brasil, e, em 1553, criou a Vila de Santo André da Borda do Campo, transferida em 1560 para o Pátio do Colégiodando origem a cidade de São Paulo. Duarte da Costa Em 1553, a pedidos, Tomé de Sousa foi exonerado do cargo e substituído por Duarte da Costa, fidalgo e senador nas Cortes de Lisboa. Em sua expedição foram também 260 pessoas, incluindo seu fiho, Álvaro da Costa, e o então noviço José de Anchieta, jesuíta basco que seria o pioneiro na catequese dos nativos americanos. A administração de Duarte foi conturbada. Já de início, a intenção de Álvaro em escravizar os indígenas, incluindo os catequizados, esbarrou na impertinência de Dom Pero Fernandes Sardinha, primeiro bispo do Brasil. O governador interveio a favor do filho e autorizou a captura de indígenas para uso em trabalho escravo. Disposto a levar as queixas pessoalmente ao rei de Portugal, Sardinha partiu para Lisboa em 1556 mas naufragou na costa de Alagoas e acabou devorado pelos caetés antropófagos. Durante o governo de Duarte da Costa, uma expedição de protestantes franceses se instalou permanentemente na Guanabara e fundou a colônia da França Antártica. Ultrajada, a Câmara Municipal da Bahia apelou à Coroa pela substituição do governador. Em 1556, Duarte foi exonerado, voltou a Lisboa e em seu lugar foi enviado Mem de Sá, com a missão de retomar a posse portuguesa do litoral sul. Mem de Sá O terceiro Governador-Geral, Mem de Sá (1558-1572), deu continuidade à política de concessão de sesmarias aos colonos e montou ele próprio um engenho, às margens do rio Sergipe, que mais tarde viria a pertencer ao conde de Linhares(Engenho de Sergipe do Conde). Para enfrentar os colonos franceses estabelecidos na França Antártica, aliados aos tamoiosna baía de Guanabara, Mem de Sá aliou-se aos Temiminós do cacique Arariboia. O seu sobrinho, Estácio de Sá, comandou a retomada da região e fundou a cidade do Rio de Janeiro a 20 de Janeiro de 1565, dia de São Sebastião. União Ibérica (1580-1640) Ilustração de uma bandeira por Almeida Júnior:Estudo p/ Partida da Monção, 1897. Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de S. Paulo. Com o desaparecimento de D.Sebastião e posteriormente a morte de D. Henrique I, Portugal ficou sob união pessoal com a Espanha, e foi governada pelos três reis Filipes (Filipe II, Filipe III e Filipe IV, dos quais se subtrai um número quando referentes a Portugal e ao Brasil). Isso virtualmente acabou com a linha divisória do meridiano das Tordesilhas e permitiu que o Brasil se expandisse para o oeste. APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos História A Opção Certa Para a Sua Realização 9 Várias expedições exploratórias do interior (chamado de "os sertões") foram organizadas, fosse sob ordens diretas da Coroa ("entradas") ou por caçadores de escravos paulistas ("bandeiras", donde o nome "bandeirantes"). Estas expedições duravam anos e tinham o objetivo principalmente de capturar índios como escravos e encontrar pedras preciosas e metais valiosos, como ouro e prata. Foram bandeirantes famosos, entre outros, Fernão Dias Paes Leme, Bartolomeu Bueno da Silva (Anhanguera), Raposo Tavares, Domingos Jorge Velho, Borba Gato eAntônio Azevedo. A União Ibérica também colocou o Brasil em conflito com potências europeias que eram amigas de Portugal mas inimigas da Espanha, como a Inglaterra e a Holanda. Esta última atacou e invadiu extensas faixas do litoral nordestino, fixando-se principalmente em Pernambuco e na Paraíba por vinte e cinco anos. Estado do Maranhão e Estado do Brasil (1621-1755) Das mudanças administrativas durante o domínio espanhol, a mais importante sucedeu em 1621, com a divisão da colônia em dois Estados independentes: o Estado do Brasil, que abrangia de Pernambuco à atual Santa Catarina, e o Estado do Maranhão, do atual Ceará à Amazônia. A razão se baseava no destacado papel assumido pelo Maranhão como ponto de apoio e de partida para a colonização do norte e nordeste. O Maranhão tinha por capital São Luís, e o Estado do Brasil sua capital em Salvador. Nestes dois estados, os súditos eram cidadãos portugueses (chamados de "portugueses do Brasil") e sujeitos aos mesmos direitos e deveres, e as mesmas leis as quais estavam submetidos os residentes em Portugal, entre elas, as Ordenações manuelinas e as Ordenações filipinas. Quando o rei Filipe III (IV da Espanha) separou o Brasil e o Maranhão, passaram a existir três capitanias reais: Maranhão, Ceará e Grão-Pará, e seis capitanias hereditárias. Em 1737, com sua sede transferida para Belém, o Maranhão passou a ser chamado de Grão-Pará e Maranhão. Tal instalação era efeito do isolamento do extremo norte do Estado do Brasil, pois o regime de ventos impedia durante meses as comunicações entre São Luís e a Bahia. No século XVII, o Estado do Brasil se estendia do atual Pará até o Rio Grande do Norte e deste até Santa Catarina, e no século XVIII já estariam incorporados o Rio Grande de São Pedro, atual Rio Grande do Sul e as regiões mineiras e parte da Amazônia. O Estado do Maranhão foi extinto na época de Marquês de Pombal. Economia colonial A economia da colônia, iniciada com o puro extrativismo de pau-brasil e o escambo entre os colonos e os índios, gradualmente passou à produção local, com os cultivos da cana-de-açúcar e do cacau. O engenho de açúcar (manufatura do ciclo de produção açucareiro) constituiu a peça principal do mercantilismo português, organizadas em grandes propriedades. Estas, como se chamou mais tarde, eram latifúndios, caracterizados por terras extensas, abundante mão-de-obra escrava, técnicas complexas e baixa produtividade. Para sustentar a produção de cana-de-açúcar, os portugueses começaram, a partir de meados do século XVI, a importar africanos como escravos. Eles eram pessoas capturadas entre tribos das feitorias europeias na África (às vezes com a conivência de chefes locais de tribos rivais) e atravessados no Atlântico nos navios negreiros, em péssimas condições de asseio e saúde. Ao chegarem à América, essas pessoas eram comercializadas como mercadoria e obrigados a trabalhar nas plantações e casas dos colonizadores. Dentro das fazendas, viviam aprisionados em galpões rústicos chamados de senzalas, e seus filhos também eram escravizados, perpetuando a situaçãopelas gerações seguintes. Nas feitorias, os mercadores portugueses vendiam principalmente armas de fogo, tecidos, utensílios de ferro, aguardente e tabaco, adquirindo escravos, pimenta, marfim e outros produtos. Até meados do século XVI, os portugueses possuíam o monopólio do tráfico de escravos. Depois disso, mercadores franceses, holandeses e ingleses também entraram no negócio, enfraquecendo a participação portuguesa. O Brasil nasceu e cresceu econômica e socialmente com o açúcar, entre os dias venturosos do pau-de-tinta e antes de as minas e o café o terem ultrapassado. Efetivamente, o açúcar foi base na formação da sociedade e na forma de família. A casa de engenho foi modelo da fazenda de cacau, da fazenda de café, da estância. Foi base de um complexo sociocultural de vida. —Gilberto Freyre Houve engenhos ainda nas capitanias de São Vicente e do Rio de Janeiro, que cobriam cem léguas e couberam ambas a Martim Afonso de Sousa. Este receberia o apoio de João Ramalho e de seu sogro Tibiriçá. No Rio, funcionava o engenho de Rodrigo de Freitas, nas margens da lagoa que hoje leva seu nome. Ao entrar oséculo XVII, o açúcar brasileiro era produto de importação nos portos de Lisboa, Antuérpia, Amsterdã, Roterdã, Hamburgo. Sua produção, muito superior à das ilhas portuguesas no Atlântico, supria quase toda a Europa. Gabriel Soares de Sousa, em 1548, comentava o luxo reinante na Bahia e o padre Fernão Cardim exaltava suas capelas magníficas, os objetos de prata, as lautas refeições em louça da Índia, que servia de lastro nos navios: «Parecem uns condes e gastam muito», reclamava o padre. Em meados do século XVII, o açúcar produzido nas Antilhas Holandesas começou a concorrer fortemente na Europa com o açúcar do Brasil. Os holandeses tinham aperfeiçoado a técnica, com a experiência adquirida no Brasil, e contavam com um desenvolvido esquema de transporte e distribuição do açúcar em toda a Europa. Portugal foi obrigado a recorrer à Inglaterra e assinar diversos tratados que afetariam a economia da colônia. Em 1642, Portugal concedeu à Inglaterra a posição de "nação mais favorecida" e os comerciantes ingleses passaram a ter maior acesso ao comércio colonial. Em 1654 Portugal aumentou os direitos ingleses; mas poderiam negociar diretamente vários produtos do Brasil com Portugal e vice-versa, excetuando-se alguns produtos como bacalhau, vinho, pau- brasil). Em1661 a Inglaterra se comprometeu a defender Portugal e suas colônias em troca de dois milhões de cruzados, obtendo ainda as possessões de Tânger e Bombaim. Em 1703 Portugal se comprometeu a admitir no reino os panos dos lanifícios ingleses, e a Inglaterra, em troca, a comprar vinhos portugueses. Data da época o famosíssimo Tratado de Methuen, do nome de seu negociador inglês, ou tratado dos Panos e Vinhos. Na época, satisfazia os interesses dos grupos dominantes mas teria como consequência a paralisação da industrialização em Portugal, canalizando para a Inglaterra o ouro que acabava de ser descoberto no Brasil. No nordeste brasileiro se encontrava a pecuária, tão importante para o domínio do interior, já que eram proibidos rebanhos de gado nas fazendas litorâneas, cuja terra de massapê era ideal para o açúcar. Estuda-se bem o açúcar no item dedicado àinvasão holandesa. A conquista do sertão, povoado por diversos grupos indígenas foi lenta e se deveu muito à pecuária (o gado avançou ao longo dos vales dos rios) APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos História A Opção Certa Para a Sua Realização 10 e, muito mais tarde, às expedições dos Bandeirantes que vinham prear índios para levar para São Paulo. O Ciclo do Ouro No final do século XVII foi descoberto, pelos bandeirantes paulistas, ouro nos ribeiros das terras que pertenciam à capitania de São Paulo e mais tarde ficaram conhecidas como Minas Gerais. Descobriram-se depois, no final da década de 1720,diamante e outras gemas preciosas. Esgotou- se o ouro abundante nos ribeirões, que passou a ser mais penosamente buscado em veios dentro da terra. Apareceram metais preciosos em Goiás e no Mato Grosso, no século XVIII. A Coroa cobrava, como tributo, um quinto de todo o minério extraído, o que passou a ser conhecido como "o quinto". Os desvios e o tráfico de ouro, no entanto, eram frequentes. Para coibi-los, a Coroa instituiu toda uma burocracia e mecanimos de controle.[35]Quando a soma de impostos pagos não atingia uma cota mínima estabelecida, os colonos deveriam entregar jóias e bens pessoais até completar o valor estipulado — episódios chamados de derramas. O período que ficou conhecido como Ciclo do Ouro iria permitir a criação de um mercado interno, já que havia demanda por todo tipo de produtos para o povoamento das Minas Gerais. Era preciso levar, Serra da Mantiqueira acima, escravos e ferramentas, ou, rio São Francisco abaixo, os rebanhos de gado para alimentar a verdadeira multidão que para lá acorreu. A população de Minas Gerais rapidamente se tornou a maior do Brasil, sendo a única capitania do interior do Brasil com grande população. A essa época maioria da população de Minas Gerais , aproximadamente 78%, era formada por negros e mestiços. A população branca era formada em grande parte por cristãos-novos vindos do norte de Portugal e das Ilhas dos Açores e Madeira. Os cristãos novos foram muito importantes no comércio colonial e se concentraram especialmente nos povoados em volta de Ouro Preto e Mariana. Ao contrário do que se pensava na Capitania do Ouro a riqueza não era mais bem distribuída do que em outras partes do Brasil. Hoje se sabe que foram poucos os beneficiados no solo mais rico da América no século XVIII. As condições de vida dos escravizados na região mineira eram particularmente difíceis. Eles trabalhavam o dia inteiro em pé, com as costas curvadas e com as pernas mergulhadas na água. Ou então em túneis cavados nos morros, onde era comum ocorrerem desabamentos e mortes. Os negros escravizados não realizavam apenas tarefas ligadas à mineração. Também transportavam mercadorias e pessoas, construíam estradas, casas e chafarizes, comerciavam pelas ruas e lavras. Alguns proprietários alugavam seus escravos a outras pessoas. Esses trabalhadores eram chamados de "escravos de aluguel". Outro tipo de escravo era o "escravo de ganho", por exemplo, as mulheres que vendiam doces e salgados em tabuleiros pelas ruas. Foi relativamente comum este tipo de escravo conseguir formar um pecúlio, que empregava na compra de sua liberdade, pagando ao senhor por sua alforria. A Sociedade Mineradora e as Camadas Médias O Brasil passou por sensíveis transformações em função da mineração. Um novo pólo econômico cresceu no Sudeste, relações comerciais inter-regionais se desenvolveram, criando um mercado interno e fazendo surgir uma vida social essencialmente urbana. A camada média, composta por padres, burocratas, artesãos, militares, mascates e faisqueiros, ocupou espaço na sociedade. A população mineira, salvo nos principais centros Vila Rica, Mariana,Sabará, Serro e Caeté, era essencialmente pobre. O custo de vida altíssimo e a falta de gêneros alimêntícios uma constante. As minas propiciaram uma diversificação relativa dos serviços e ofícios, tais como comerciantes, artesãos, advogados, médicos, mestre-escolas entre outros. No entanto foi intensamente escravagista, desenvolvendo a sociedade urbana às custas da exploração da mão de obra escrava. A mineração também provocou o aumento do controle do comércio de escravos para evitar o esvaziamento da força de trabalho das lavouras, já que os escravos eram os únicos que trabalhavam. Os escravos mais hábeis para a mineiração eram os "Minas"
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