Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
BIOQUÍMICA – ATP E POTENCIAL TRANSMEMBRÂNICO EM NEURÔNIOS Adriely Panetto – 82A PROPRIEDADES DA MEMBRANA NEURONAL Bicamada lipídica. Forma barreira para proteínas e íons do fluido intra e extracelular. Seletivamente permeável (Na, K, Cl) de maneira variável, de acordo com uma gradiente de concentração. A diferença de potencial é responsável pelo potencial de repouso da membrana. POTENCIAL DE REPOUSO EM NEURÔNIOS No estado de repouso, um gradiente elétrico é mantido através da membrana neuronal criando um potencial de repouso na membrana. Neurônios têm um potencial de repouso de -70 mV. No repouso, os íons entram e saem por meio de canais de vazamento permanentemente abertos (poros). O gradiente de concentração é mantido pela bomba Na+/K+. Canais de sódio e canais de potássio dependentes de voltagem ficam fechados no repouso. Alta permeabilidade ao K+ e pouco permeável ao Na+. Impermeável a íons intracelulares. Presença de trocador Na+/K+ ATPase que bombeia 3 Na+ pra fora e joga 2K+ pra dentro. Contém uma enzima de membrana que requer Na+ e K+ para catalisar a hidrólise de ATP (Na+/K+ -ATPase). O ATP é necessário para gerar a força de transporte da bomba (trocador). O gradiente químico direciona os íons Na+ e o Ca2+ para dentro produzindo despolarização e o K+ para fora produzindo hiperpolarização. Além de direcionarem o Cl- para fora, produzindo despolarização. K+ tendência a sair da célula na direção do seu gradiente de concentração. A mudança de conformação dos canais de voltagem dependente abre o canal quando a diferença de potencial elétrico através da membrana decresce (menos negativo em relação ao valor basal). A geração de um impulso potencial em um neurônio requer a inicialização de um evento que irá afetar a despolarização da membrana de forma que ela atinja aproximadamente +20 a +30mV. Para atingir um potencial de +20 a +30 mV os canais de Na se abrem e permitem o influxo de Na para reverter a polaridade da membrana de 90mV a 100mV. Etapas do potencial de ação: Repouso Despolarização Repolarização Hiperpolarização Repouso Neurotransmissores: pequenas moléculas ou peptídeos possuem mecanismos e locais de síntese diferentes. Quando Na+ diminui seu gradiente de concentração nos neurônios através dos canais de voltagem. Isto é acompanhado pelo movimento de K+ para fora da célula. ATPase restaura o potencial de repouso. Um impulso elétrico é gerado e propagado para baixo no axonio por um processo de despolarização de canais de voltagem através dos quais Na+ entra na célula. A despolarização localizada causa mudança conformacional na vizinhança → os canais abrem momentaneamente → permite o processo prosseguir ao longo do axônio. A polarização e despolarização progressiva ao longo do axônio permite o impulso ser propagado sem diminuir sua amplitude. A transmissão do impulso elétrico é um processo contínuo no tecido nervoso e é a energia do ATP gerado no metabolismo da glicose que mantém o sistema operando. INTERAÇÃO NEURÔNIO-NEURÔNIO Neurônios interagem entre si via sinapse elétrica ou química. SINAPSE ELÉTRICA É formada no espaço entre o neurônio pré-sináptico e o pós-sináptico (junta). Coexistem com as sinapses químicas. O transporte das cargas é feito por meio de proteínas de membrana (canais iônicos). Com a vinda do impulso elétrico, a despolarização causa abertura de canais de Cálcio, causando influxo de íons Ca++. SINAPSE QUÍMICA Existem dois tipos de sinapse química: 1- O neurotransmissor é liberado na fenda sináptica → liga-se diretamente a um canal de íons → causa sua “abertura” ou “fechamento” por mudança conformacional; 2- O neurotransmissor liga-se a um receptor que libera ou leva a geração de um segundo mensageiro → poderá reagir com um canal de íons → levando este se abrir ou fechar. Obs.: Há casos que a proteína de membrana é um receptor que perpassa 7 vezes a membrana e está acoplado a proteína G (metabotrópico). Etapas da sinapse química 1. Síntese do neurotransmissor; 2. Estocagem do neurotransmissor; 3. Liberação do neurotransmissor; 4. Ativação de receptores pós-sinápticos dos neurotransmissores; 5. Inativação de neurotransmissores. Todos esses estágios, ao final, precisam parar. Isso ocorre na etapa 5, com a sensibilização do neurotransmissor(inativação). Há vários tipos de neurônios que podem produzir proporções e quantidades diferentes de vários neurotransmissores. Ex.: glutametérgicos, colinérgicos etc. Propriedades funcionais dos receptores químicos 1. Encontram-se no terminal axonal pré-sináptico estocadas em vesículas; 2. As enzimas necessárias a sua síntese estão presentes no neurônio pré-sináptico; 3. A estimulação sob condições fisiológicas resultam em sua liberação; 4. Existência de mecanismo para o término de sua ação na fenda sináptica. SÍNTESE DE NEUROTRANSMISSORES Mais de 100 substâncias neurotransmissoras são sintetizadas. Essas substâncias são divididas em três categorias: Aminas biogênicas Aminoácidos Peptídeos (ex: substância P) Exemplos de neurotransmissores: 1. Excitatórios: acetilcolina, aspartato, dopamina, histamina, norepinefrina, epinefrina, glutamato, serotonina. Todas elas apresentam nitrogênio em sua estrutura. 2. Inibitórios: GABA e glicina. Classe de moléculas neurotransmissoras 1. Moléculas pequenas: acetilcolina, aminas biogênicas, dopamina, norepinefrina, epinefrina, serotonina e histamina. 2. Aminoácidos: GABA, glutamato e glicina. 3. Peptídeos: muitos 4. Não convencionais: óxido nítrico, monóxido de carbono, fatores de crescimento. Síntese de pequenas moléculas neurotransmissoras São sintetizadas em qualquer parte do neurônio: no citoplasma próximo ao núcleo ou no axônio próximo ao terminal sináptico. Síntese de acetilcolina A síntese de acetilcolina ocorre dentro do terminal nervoso e é catalisada pela enzima colina acetiltransferase. A acetilcolina é sintetizada a partir de colina e acetato, e é encontrada em vários pontos do SNC e Periférico e em todas as junções neuromusculares. Síntese serotonina A serotonina é sintetizada a partir do triptofano. Sofre hidroxilação (Triptofano à 5- Hidroxitriptofano), com a reação catalisada pela enzima Triptofano Hidroxilase. Depois, sofre descarboxilação (5- Hidroxitriptofano à Serotonina), catalisada pela enzima Hidroxitriptofano Descarboxilase. Essa serotonina é sintetizada no SNC e nas células cromafins. Síntese de catecolaminas As catecolaminas são sintetizadas a partir da tirosina. Primeiro ocorre hidroxilação: tirosina → DOPA (catalisada pela enzima Tirosina Hidroxilase). Depois ocorre a descarboxilação: DOPA → dopamina (catalisada pela enzima DOPA Descarboxilase). Obs.: Nas células que usam dopamina como neurotransmissor, a reação para nesta etapa. Depois a dopamina sofre uma nova hidroxilação: dopamina → norepinefrina, água e desidroascorbato (catalisada pela enzima Dopamina β-Hidroxilase). Esta reação é irreversível. Finalmente, ocorre uma metilação: norepinefrina → epinefrina e S-adenosil homocisteina (catalisada pela enzima Feniletanolamina N-metiltransferase). Síntese de peptídeos neurotransmissores Ocorre no corpo da célula e exige transcrição gênica (no núcleo) e translação (no ribossomo). O neuropeptídio é processado no reticulo endoplasmático → enovelado (conformação) no aparelho de Golgi → estocado em vesículas no terminal axonal → liberado na fenda sináptica. Vários peptídeos são derivados do peptídeo pre- opiomelanocortina (POMC). Os neuropeptídios são responsáveis por mediarem respostas sensoriais e emocionais (fome, sede, desejo sexual, prazer e dor). ESTOCAGEM DE NEUROTRANSMISSORES Ocorreem vesículas no terminal pré-sináptico. 1. Vesículas sinápticas (VS) pequenas: estão livres ou ligadas a proteínas do citoesqueleto (actina). 2. Vesículas sinápticas (VS) grandes: contem pequenas moléculas neurotransmissoras, peptídeos e enzimas (algumas também contem enzimas para sintetizar norepinefrina a partir da dopamina). Biogênese das vesículas sinápticas Diverge da secreção constitutiva. As proteínas constituintes da membrana vesicular sináptica são sintetizadas no Retículo Endoplasmático Granular (REG) e carreadas em vesículas do Complexo de Golgi para o terminal pré-sináptico, mediante proteínas motoras (cinesina e dineína citoplasmática) ao longo de microtúbulos ou miosinas ao longo de filamentos de actina. LIBERAÇÃO DE NEUROTRANSMISSORES 1. Entrada de cálcio (via canal de voltagem); 2. Mobilização das vesículas sinápticas; 3. Ligação das vesículas a membrana, fusão e exocitose; 4. Reciclagem das vesículas. Mobilização de vesículas sinápticas: O potencial de ação no nervo pré-sináptico abre o canal de voltagem de Ca2+, permitindo a entrada de Ca2+ no citoplasma. Quando Ca2+ entra, ativa Ca2+ -CaMquinases I e II. Esta última fosforila a proteína regulatória Sinapsina. Isto previne que as vesículas sinápticas se liguem a proteínas do citoesqueleto, resultando em um aumento da quantidade de vesículas livres. A calmodulina (proteína do citoesqueleto) pode se ligar a Sinapsina e impedir competitivamente sua interação com a Actina. As vesículas entram na zona ativa no terminal pré- sináptico. Proteínas especializadas Proteínas especializadas atuam na fixação das vesículas à membrana. Estas proteínas se localizam na membrana das vesículas, outras na membrana pré- sináptica e algumas no citoplasma entre as membranas. A interação destas proteínas traz a vesícula para junto da membrana pré-sináptica. 1. Sinaptofisina: proteína da membrana da vesícula. Contribui para formação de um canal da vesícula para a membrana pré-sináptica que permite a liberação das moléculas neurotransmissoras para a fenda sináptica. 2. Sinaptotagmina: proteína da membrana da vesícula que interage via Ca2+ dependência com proteínas da membrana pré-sináptica. Envolvida na fixação da vesícula à membrana. 3. Sintaxina: proteína da membrana plasmática pré- sináptica. A Sintaxina liga-se a Sinaptotagmina e media sua interação com os canais de Ca2+ no lado de liberação das moléculas neurotransmissoras. Também parece estar envolvida na exocitose. 4. Sinaptobrevina/VAMP (proteína de membrana associada a vesícula): envolvida no transporte e exocitose das vesículas. Tetanus e toxinas botulinum ligam-se a VAMP e causam uma vagarosa e irreversível inibição da liberação das moléculas neurotransmissoras. 5. Rab3: Proteínas ligadas a GTP. Especificas para vesículas sinápticas e estão envolvidas na fixação e no processo de fusão da exocitose. 6. SV-2: proteína de membrana. Síndrome Miastenica de Lambert-Eaton Doença autoimune na qual são produzidos anticorpos Quando os anticorpos reagem com os VGCC http://web.indstate.edu/thcme/mwking/peptide-hormones.html 7. Bomba de prótons vacuolar: ATPase de membrana envolvida no transporte de neurotransmissores. Reciclagem das vesículas sinápticas Após a fusão das vesículas com a membrana celular, a membrana vesicular se afasta e forma uma película constituída de proteína Clatrina que a separa da membrana pré-sináptica. A seguir, a película de Clatrina é removida e ocorre a reconstituição da vesícula. Células de Renshaw: Grupo de interneurônios inibitórios no chifre ventral (ventral horn) da medula espinhal. Neurotoxinas Neurotoxinas botulínica e tetânica são as mais potentes toxinas proteicas bacterianas. Quando estas proteínas entram na circulação, ligam-se com alta especificidade a superfície dos terminais nervosos periferais e, por endocitose, entram na célula neural. Toxina Butolínica Atua localmente e bloqueia a liberação de neurotransmissores das vesículas. Ela se liga respectivamente a proteína SV2 e a sinaptotagmina, sendo internalizada por endocitose nas vesículas cobertas com clatrina. As vesículas endocitóticas acidificam e permitem a entrada por inserção, via membrana da cadeia B da toxina, e por inversão a cadeia A. Esta entra no citoplasma da célula neuronal e cliva SNAP-25, enquanto a cadeia B da neurotoxina rompe a cadeia da sinaptobrevina. A ruptura das proteínas SNARE interferem com a formação do complexo SNARE (proteínas específicas de ancoragem e fusão na zona ativa) estável que é necessário para a fusão exocítica das vesículas sinápticas. Pequenas doses de neurotoxina botulínica (especialmente tipo A) injetadas no músculo, desenvolvem um bloqueio neuromuscular local de longa duração. Isto é devido ao bloqueio da liberação de acetilcolina que engatilha a contração neuromuscular. Este efeito tem sido empregado para liberar espasmos musculares e remover rugas por paralisia muscular local. Toxina Tetânica É transportada ao longo dos axônios até a medula espinhal. Lá, atravessa a fenda sináptica e inibe os terminais dos interneuronios glicinérgicos. Como resultado, não ocorre regulação da inibição por feedback resultando na superexcitação do neurônio e na contração muscular. ATIVAÇÃO DE RECEPTORES PÓS-SINÁPTICOS POR NEUROTRANSMISSORES Receptores ionotrópicos estão relacionados com os canais de íons. Possuem comunicação direta e rápida. Podem ser excitatórios ou inibitórios. Receptores metabotrópicos: formam um canal direto, com ação lenta. Podem ser inibitórios ou excitatórios, modulando vários processos fisiológicos. Composto de uma proteína transmembrânica constituída de 7 hélices que se conecta diretamente com a proteína G, que se conecta à uma terceira proteína que se liga a uma variedade de sinais intracelulares. INATIVAÇÃO DE RECEPTORES PÓS- SINÁPTICOS POR NEUROTRANSMISSORES 1. Proteínas Transportadoras: proteínas transportadoras na membrana pré-sináptica transportam as moléculas neurotransmissoras de volta para a célula pré-sináptica, onde esta será novamente estocada ou sofrerá uma reação enzimática de ruptura da molécula. Ex: serotonina é reciclada desta maneira. Inibidores de reciclagem de serotonina são utilizados no tratamento da depressão. 2. Difusão: Neuropeptídeos rapidamente se difundem no meio circundante, se afastando dos receptores. 3. Inativação Enzimática: Um exemplo é a acetilcolinesterase, uma enzima presente em todas as sinapses colinérgicas, que degrada a acetilcolina. A ligação da molécula de GABA à proteína receptora (canal) causa uma mudança conformacional desta para uma forma mais aberta que permite um influxo de íons cloro (Cl-). Este influxo de ânions causa hiperpolarização da célula, inibindo a ação potencial.
Compartilhar