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2 O Companheiro Adonhiramita

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0 COMPANHEIRO 
ADONHIRAMITA
O companheiro 
Maçom do Rito 
Adonhiramita, 
conta de agora 
em diante com 
um grande 
aliado no 
desenvolvimento 
e também na 
busca do conhe­
cimento hermé­
tico que envolve 
“o Grau de 
Companheiro”, 
que para nós é 
o estágio que 
molda o maçom 
do futuro.
Se o obreiro foi 
bem iniciado 
com toda a for­
malidade possí­
vel, cursou com 
bons “professo-
O COMPANHEIRO 
ADONHIRAMITA
POR
MELKISEDEK, FRC - M.\ M.\
Editora A Gazeta Maçônica
© Melkisedek, FRC - MM
Editora A Gazeta Maçônica
Direitos autorais totais ou parciais reservados
O COMPANHEIRO ADONHIRAMITA 
Ia edição, Setembro 2003
Autor:
Melkisedek, FRC - MM 
Planejamento Gráfico:
Equipe da Editora A Gazeta Maçônica
Diagramação:
Hilda Gushiken
Revisão:
Nívia R. Dantas
Capa:
Jair Calixto
Reprodução proibida por qualquer meio de divulgação
Dedicado a todos os Companheiros que compreenderam a 
r.z xorabilidade da evolução e o verdadeiro sentido da gratidão, 
do aperfeiçoamento e da tolerância
A todas as Lojas do Or.\ de Brusque:
ARLS ORVALHO DO HERMON N° 2859 - GOESC/GOB 
GR E AUGLOJA DE PERFEIÇÃO CAVALEIROS DO MONTE SIÃO - ECMA 
ARLS LUZ E HARMONIA N° 3347 - GOESC/GOB 
ARLS BRUSQUE DEUTSCHE LOGE N° 59 - GOSC 
ARLS HARMONIA BRUSQUENSE N° 61 - GLSC 
ARLS ORDEM E PROGRESSO N° 25 - GOSC 
CAP.-. NOACHITA I. GEVAERD - GOSC 
CONSELHO DE CAVALEIROS KADOSCH DO REEA - GOSC
E
À LOJA DE ESTUDOS E PESQUISAS UNIÃO DOS MESTRES N° 3129 
- GOESC/GOB - FLORIANÓPOLIS
ARLS LIVRE PENSAR N° 3153 - GOESC/GOB - PIÇARRAS 
ARLS GIDEÕES DA PAZ N° 2831 - GOESC/GOB - ITAPEMA
: - E AUGLOJA DE PERFEIÇÃO CAVALEIROS DA LUZ - ECMA - ITAPEMA 
ARLS SAMUEL HEUSI JUNIOR N° 3116 - GOESC/GOB - ITAJAÍ 
ARLS OBREIROS DE TRENTO N°3161 - GOESC/GOB - RIO DOS CEDROS 
ARLS A LUZ VEM DO ORIENTE N° 3014 - GOESC/GOB - PORTO BELO 
COM AS QUAIS TENHO CONVIVIDO E ESTUDADO
Agradecimentos
Não podemos esquecer a gratidão! Mais que um dever, é um privilégio 
de quem recebe apoio e incentivo no que faz. E nenhum projeto é tão bem 
ncedido quanto aquele que recebe apoio, pois apoiar é socializar! E, segundo 
que se observa, a comunidade sempre atinge um desiderato mais amplo e 
satisfatório que o indivíduo. Assim, o apoio, mesmo que informal, funciona 
como a transmissão de uma energia que resultará na concretização de alguma
- -.1. eno meu caso, como modesto escritor, mas sinceramente imbuído do 
desejo de servir, o apoio funciona como elemento de motivação, que me faz 
. - sciente da necessidade de continuar. Agradecer, nesse caso, é a exteriori- 
nção de um sentimento feliz e a esperança de continuar merecendo apoio.
Como não poderia deixar de ser, registro novamente minha gratidão pela
- mpreensão e pelo carinho de minha esposa LUCIMAR FICAGNA CAMAR- 
Z- Z que talvez por ser pma iniciada Rosacruz, bem compreenda minha dedi- 
cação à Ordem e por isso mesmo seja minha grande incentivadora e compa- 
abeira.
Meu agradecimento maçônico ao meu padrinho na Ordem, Ir.-. JOÃO 
MAZ COELHO, M/.I.-., que hoje repousa à Sombra da Acácia, e a quem 
ãe meu primeiro encontro com a Arte Real em 09/06/1979. Meu agradeci- 
■ento especial a todos os meus Amados Irmãos de minha Loja, A.’.R.’.L.’.S.’. 
C .<• ALHO DO HERMON n° 2859, da qual sou um modesto servidor na fun- 
ç de Secretário pela confiança dos meus Ilr.-., pelo incentivo de prosseguir 
e pela compreensão do elemento motivador desse trabalho: a comunhão do 
e --ecimento. Um destaque aos meus afiliados, o Ir.-. CID BATISTA DE 
C - MPOS e o Ir.-. ANTONIO MARCOS MONSORES DA FONSECA pela
8 • Agradecimentos
pesquisa de símbolos na Internet que resultou em parte das ilustrações deste 
volume, sob autorização dos proprietários de cada site, ao Ir.-. CÉSAR RO­
BERTO MAYER, M.-.I.-., T/.V/.P/.Mestre da G/. e Aug/. Loja de Perf/. 
Cavaleiros do Monte Sião, com quem discutimos diversos aspectos deste vo­
lume e fez sua revisão, e ao Ir.-. PAULO ROBERTO WEBSTER, M/. I.-., 
Ven/. Mestre da nossa querida, A.-.R.-.L.-.S.-. Orvalho do Hermon n° 2859 
que fez a apresentação deste segundo volume e tem sido incansável divulga­
dor do primeiro.
E minha especial gratidão ao Grande Arquiteto do Universo e seus Men­
sageiros de Luz, sem a interferência de quem nossa inspiração seria nula.
Or.-. de Brusque, dezembro de 2002, E/. V.-.
Ir.: Melkisedek, M .'.M.
Apresentação do Autor
Desde minha iniciação na Maçonaria tenho vivido memoráveis momen- 
' e agora, ao apresentar este autor e sua obra estou, sem dúvida nenhuma, 
wiivendo um momento mágico e histórico.
Conheci o A/. Ir.-. Alexandre abrindo o fole de sua gaita e soltando o 
zeirão em mais uma marca gauchesca na festa de encerramento das ativida- 
des maçônicas da minha querida Augusta e Respeitável Loja Simbólica Orva- 
- o do Hermon n° 2859, isso lá no ano de 1999. Recentemente havíamos des- 
. ■\?rto que ele estava adormecido e desejando conhecer-lhe e a sua esposa 
antes de o convidarmos para regularizar-se em nossa Loja, o tínhamos convi-
dado para a dita festa. Agradou e não podia ser diferente!
Este gaúcho nascido em 30 de julho de 1957 em Passo Fundo, foi inicia- 
d naquele Oriente em 09 de junho de 1979 na Grande Loja, porém, por mo- 
■ ■ profanos, aquela semente ali plantada não vingou, tendo o nosso A.-. Ir.-, 
ainda como Aprendiz recebido o placet, mas a semente ficou guardada no 
fundo do seu coração e a esperança de poder dar-lhe força e vigor, nunca 
esmoreceu.
Profissionalmente trilhou por caminhos do estado do Rio Grande do Sul 
e Santa Catarina, cumprindo sua missão profana como funcionário e Chefe de 
Agência do IBGE e, no que se refere à espiritualidade, andejou com energia e 
dedicação o Portal da Rosa+Cruz. Desnecessário enfatizar que por absoluta 
c : mpetência hoje é o Chefe da Agência do IBGE em Brusque, Santa Catarina, 
e na Ordem Rosacruz, a mais de uma década atingiu o mais alto grau.
E o que aconteceu com aquela semente plantada em 1979?
10 • Apresentação do Autor
Aquela semente foi arrancada de seu estado latente em 1999 e, através de 
um processo de regularização, culminado ritualisticamente em 25/05/2000, 
esse Amado Irmão foi admitido como Aprendiz Maçom na A.’.R/.L.’.S.'. Or­
valho do Hermon n° 2859 no G/.O.'.E.’.S.’.C.'./G.'.O/.B
E regada à semente pelo Orvalho do Hermon, tomou-se uma Acácia fron­
dosa que hoje nos brinda com seus frutos: esta incrível coleção de livros vol­
tados para o Aprendiz, o Companheiro e o Mestre Maçom em geral, e em 
particular e muito especialmente aos Adonhiramitas, preenchendo sem dúvi­
da alguma, um vácuo até então existente na literatura maçônica.
Estamos certos que este volume cumprirá o seu destino de formar - e 
bem formar - novos Companheiros Adonhiramitas ao mesmo tempo em que 
difunde o Rito, servindo como alavanca de sua maior expansão.
Aproveitem!
Janeiro de 2003, E.-. V.‘. 
Dr. Paulo Roberto Webster, 22.
Venerável Mestre da ARLS Orvalho do Hermon n° 2859
Introdução
Após ter-me aventurado na elaboração do “INICIAÇÃO À MAÇONA- 
RIA ADONHIRAMITA - APRENDIZ”, pareceu-me interessante dar conti­
nuidade ao trabalho, escrevendo algo a respeito do Companheiro Adonhira­
mita, inspirado na mesma situação que nos levou a escrever o primeiro volu­
me: a falta de material específico sobre o Rito Adonhiramita, o que leva nos- 
sos estudantes a dar uma volta pelo REAA1 - que possui abundância de mate- 
nal publicado no Brasil - adaptando seu conteúdo para o Adonhiramismo.
Nem é tão difícil assim, tal adaptação, mas um trabalho desenvolvido es- 
p ecificamente sempre será estudando sem a preocupação da adaptação. Ainda 
que a maioria das informações relativas à simbólica se assemelhe, há que se re­
gistrar a relevância da espiritualidade que o Adonhiramismo destaca, a mística 
mais elaborada do sistema', as particularidades da sua história e especialmente a 
di 'posição do Templo e dos cargos em Loja; particularidades que não devem ser 
descuidadas para que se evite a degeneração do sistema Adonhiramita.
Nenhum rito é mais importante que o outro; nenhum rito é maisautênti- 
co ou melhor que o outro! Todos os ritos são fundamentais para a sobrevivên- 
cia da Maçonaria, para que ela tenha chegado aos dias de hoje, no patamar em 
que chegou, satisfazendo todas as nuances de maçons. Apresentar o Rito Ado- 
nhiramita em destaque e dele afirmar que é o mais místico ou que destaca a 
espiritualidade, não é uma crítica aos demais ritos; pretendemos apenas, com
Rito no qual o autor foi iniciado, tendo recebido os demais graus no Rito Adonhirami- 
D. no qual encontrou sua verdadeira identidade maçônica.
12 • Introdução
isso, salientar esses ingredientes e valorizar detalhes que talvez justifiquem o 
crescimento Adonhiramita num período em que a humanidade busca aprofun­
dar sua espiritualização, coincidindo com este momento em que o Rito recebe 
uma aceitação tão relevante e expressiva, que se traduz não apenas em ser o 
sistema com o maior crescimento no Brasil, mas também o rito que, fiel as 
suas tradições históricas, desfralda - temerário - a bandeira da atualização 
sem com isso comprometer seus costumes tradicionais. De nossa parte, pre­
tendemos apenas incentivar a sua prática, sem qualquer demérito aos demais 
ritos, todos da maior importância para o atual estágio de crescimento e suces­
so da Maçonaria Brasileira.
Nesse volume, o primeiro capítulo é uma breve história da evolução da 
arte, da iniciação e suas principais escolas, seguido da história do Rito Ado­
nhiramita que, no primeiro volume, foi apresentada em rápidas pinceladas, 
pois o destaque se deu para a história da Maçonaria como um todo. E prudente 
que aquele que se prepara para ser um Mestre Adonhiramita conheça a histó­
ria do Rito, inclusive no Brasil, pelo menos em linhas gerais.
Novamente estamos abordando mais largamente os assuntos publicados, 
respeitando os conhecimentos que devem ser recebidos apenas em Loja, como 
é o caso dos meios de identificação, que não devem ser abordados em livro 
algum. Apesar de discordar, veementemente, não posso, tecer julgamento so­
bre a atitude daqueles que publicam tais detalhes. A eles cabe a reflexão maior 
sobre sua atitude. Limito-me, neste volume, entretanto, em abordar alguns 
poucos2 detalhes da ritualística por compreendermos que o Companheiro deve 
chegar ao Mestrado suficientemente preparado para o exercício de qualquer 
função.
Este volume está dividido em cinco capítulos, um dos quais pensei em 
dedicar aos filósofos que algumas instruções mencionam, mas o volume fica­
ria extenso demais. Acredito que em nossos dias o assunto poderá ser estuda­
do sem dificuldades devido à abundância de material disponível nas editoras; 
registro que Ilrnossos já publicaram material específico sobre os filósofos e 
a filosofia, inclusive em editoras profanas. Em nossa bibliografia deste volu­
me e do anterior podem os interessados selecionar o material que lhes pareça 
mais adequado.
2 A ritualística Adonhiramita será abordada com detalhes em nosso 3° volume: O Livro 
do Mestre Maçom Adonhiramita, a ser editado por esta mesma editora.
O Companheiro Adonhiramita • 13
Todos os assuntos foram abordados objetivamente, sem rodeios, sub­
sidiados por outras opiniões quando considerei conveniente, e procurando 
abranger os assuntos indispensáveis para a elaboração do questionário de 
Companheiro. Ao cabo do volume acrescentamos anexos que consideramos 
relevantes.
Todas as notas de rodapé são de nossa iniciativa, na esperança de alargar 
? entendimento de determinados assuntos, ou simplesmente subsidiando com 
outras opiniões o tema abordado e, naturalmente, as fontes, especialmente dos 
temas mais polêmicos.
Compreendendo que o segundo grau não é apenas a extensão do grau de 
Aprendiz, tão pouco uma conexão daquele com o grau de Mestre Maçom, mas 
um passo importante no processo de desenvolvimento do Maçom. Cabe lem­
bramos que os assuntos aqui abordados merecem aprofundamento, porém, a 
absoluta falta de espaço nos impede de os apresentarmos com a abordagem 
mais ampla que, talvez, fosse necessário, a qual atribuímos a vontade dos 
Companheiros em buscarem aperfeiçoamento, limitando-nos a apresentar a 
temática do grau no que nos pareceu indispensável.
Esperamos que este volume também cumpra sua finalidade de esclare­
cer.
Vale do Itajaí Mirim, dezembro de 2002.
Ir. Melkisedek, M .'.M.:
Índice
Agradecimentos, 7
Apresentação do Autor, 9
Introdução, 11
PRIMEIRO CAPÍTULO
Introdução a História da Arte, 17
SEGUNDO CAPÍTULO
Os Instrumentos de Trabalho do Companheiro, 60
TERCEIRO CAPÍTULO
As Origens do Grau de Companheiro e seu Esoterismo, 73
QUARTO CAPÍTULO
O Templo de Companheiro, 109
QUINTO CAPÍTULO
Reflexões Sobre Temas Diversos, 191
ANEXOS
Personagens Históricos que Influenciaram a Maçonaria, 257
Biografia Esotérica do Autor, 288
Bibliografia, 290
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO A 
HISTÓRIA DA ARTE
N
ão é objetivo deste trabalho documentar amplamente a história da 
arte. Para que seus objetivos sejam alcançados basta dizer que a arte 
acompanha a história do homem desde os primórdios, ou desde que o 
homo tornou-se homo habilis (homem habilidoso, cerca de 2.000.000 de anos 
a. C.), ou pelo menos, desde que a espécie se desenvolveu até o nível de homo 
fabris (homem fabricante), transformando em ferramentas objetos comuns, 
tais como pedras e madeiras.
Esta primeira arte é prática e não decorativa.
Deste tempo até o fim do último período glacial (há 13.000 anos) em que 
a humanidade se expande e desenvolve a agricultura e a criação de animais, 
ficaram registros em cavernas, rochas, utensílios diversos e algumas obras 
arquitetônicas que dão o que pensar, como os megalitos e menires, p. ex., 
como testemunha distante da inclinação artística da humanidade, e sua capa­
cidade de retratar simbolicamente seus sentimentos e impressões.
A ORIGEM
Portanto a origem da arte está ligada a origem da espécie humana e não 
interessa somente aos antropólogos mas, certamente, aos historiadores, etnó­
logos e estetas em geral.
A hipótese mais provável é a que afirma sua origem nas “pedras-figuras” 
em que saliências ou depressões geológicas naturais eram desbastadas, salien­
tando, assim, a característica imaginada.
18 • Alexandre Magno Camargo
Acredita-se que uma forma de magia propiciatória, cuja finalidade teria 
sido alcançar maior sucesso na caça, estivesse ligada a este comportamento 
em seus primórdios. Mas desse período tudo são conjeturas, as quais distan­
ciam o pensamento clássico das especulações mais recentes.
A ARTE NO BRASIL
A arte no Brasil, tem início com os nativos, sflvícolas ou inapropriada- 
mente, indígenas, como os apelidaram os portugueses na suposição de terem 
chegado ao território indiano, então denominado “as índias”.
Mas esta arte autóctone praticamente não influenciou a arte erudita do 
Brasil, exceto em tímidas e mal sucedidas tentativas de reviver a decoração 
marajoara no início do século XX3.
Seja como for, no período pré-cabralino4, pode ser fixada em dois perío­
dos: 1) a realizada pelos povos nômades do grupo Tupi-Guarani e 2) a dos 
Aruaques, povo vindo das Antilhas e fixado na Ilha de Marajó.
A arte do grupo Tupi-Guarani é ornamental, pobre, restringindo-se a de­
corações de objetos utilitários, máscaras ri­
tuais e adornos.
A arte Marajoara, por sua vez, foi des­
coberta no cemitério de Pacoval e nos ater­
ros de Sta. Isabel e Camutins5 de onde fo­
ram retiradas diversas peças (urnas, potes, 
pratos, ídolos, máscaras).
Consta que no período quinhentista, 
início da colonização, não houve arte no 
Brasil nem mesmo na arquitetura, visto que 
as construções não passaram de cabanas de 
taipas6.
Em fins daquele século e início do século XVII as obras religiosas (mos­
teiros e igrejas) tomam corpo e com isso a arte tem início, seguida de progra­
3 Delta Larousse, arte brasileira, pg. 4289, volume 8.
4 Anterior a vinda dos europeus, pelo menos ao que se refere aos portugueses.
5 Delta Larousse, arte brasileira, pg. 4290, volume 8.
6 Construção rudimentar feita totalmente com madeira rejuntada com barro ouapenas 
sua estrutura de madeira revestida por barro misturado a folhas e capim.
O Companheiro Adonhiramita * 19
mas civis e militares que tomam vulto na medida em que as riquezas naturais 
são localizadas e exploradas.
SÉCULOS XVII E XVIII
É, porém, com a descoberta de ouro em Minas Gerais que a arte toma 
maior vulto no Brasil7 (1698-1699 primeiras jazidas auríferas de importân­
cia), resultando num surto de construções, especialmente de caráter religioso.
Foi o movimento Barroco que teve a maior expressão nesse período, origi­
nário da Itália, tendo por características a arte exclusivamente religiosa, cores 
contrastantes, excesso de detalhes e expressões fisionômicas dramáticas.
No que se refere à escultura o destaque é para Antônio Francisco Lisboa 
> 1730 ? 1814), cognominado “O Aleijadinho”, que de fato não era deficiente 
físico, mas portador de hanseníase (lepra). A sugestão de o Aleijadinho ter 
sido maçom - que carece de fundamento para alguns autores - ainda que sem 
comprovação histórica parece ter algo de verdade se considerarmos que parte 
dos demais conspiradores terem sido iniciados na Europa, e a semelhança de 
algumas posturas de suas obras com os sinais maçônicos comprovaria a tese8. 
Sua obra está imortalizada nas cidades de Ouro Preto, Sabará, Mariana, São 
João Del Rey, Santa Luzia, Tiradentes e, o que é considerado sua obra prima, 
denominada “Os Doze Profetas”, no Santuário do Bom Jesus do Matosinho, 
em Congonhas do Campo (MG).
Na pintura a maior expressão brasileira foi o genial Manuel da Costa 
Ataíde, cuja principal característica foi retratar modelos mulatos em seus te­
mas religiosos de inspiração bíblica. E as cidades tomam, pela inspiração de 
seus mestçes construtores, esta característica barroca da época que, em dado 
momento, adota como decoração os azulejos.
7 Delta Larousse, O século XVIII, pg. 4294, volume 8.
8 Segundo o Ir.’. Oscar Maluche, que visitou o acervo, é impressionante a semelhança 
das posturas de algumas estátuas com os sinais maçônicos. De fato pouco se sabe da vida deste 
artista que permita uma posição definitiva a respeito de sua eventual filiação maçônica, mas 
considerando sua data de nascimento e morte (1730 ? 1814) e o fato de ter se ausentado da 
região que trabalhou uma única vez (1776) quando parece ter ido ao Rio de Janeiro, limita a 
■pótese de ter sido iniciado, ainda que não a invalide, pois as primeiras Lojas no Brasil são de 
fins do século XVIII. Além disso, o fato de dispormos do registro de uma única visita do 
Aleijadinho ao Rio não significa que ele não tenha ido ao Rio outras vezes ou que não possa 
ler sido iniciado no próprio local em que vivia.
20 • Alexandre Magno Camargo
NEOCLASSICISMO
O Neoclassicismo foi um movimento artístico e literário, que surge no 
final do século XVIII e início do século XIX, e que defendia o retomo da arte 
e literatura do período renascentista.
O estudo da arte grega, de formas simples e descoloridas, representando 
especialmente o nu, sem movimentos e total impessoalidade, é a principal 
característica do neoclassicismo, que defendia as formas da beleza universal e 
eterna, comuns a toda a humanidade, ou seja, idéias “acadêmicas”.
O neoclassicismo chegou ao Brasil com a missão Francesa em 1816, que 
aqui aportou a convite de D. João VI, o qual fundou a Escola de Artes e Ofíci­
os no Rio de Janeiro, cuja missão era ensinar arquitetura, pintura e escultura. 
Nesse período a arquitetura havia escapado a muito tempo das mãos dos ma­
çons Operativos.
A pintura neoclássica retratou o dia-a-dia, a mitologia, momentos histó­
ricos, retratos e a vida do Imperador do Brasil.
Suas principais expressões foram Jean Baptista Debret (1768 - 1848), 
Nicolas Antoine Taunay e seu filho Felix Taunay. E no segundo império, as 
maiores expressões são Victor Meireles de Lima (1832 - 1903) e Pedro Amé­
rico de Figueiredo (1843 - 1905).
Na arquitetura é o arquiteto da missão francesa, messier Auguste Henri- 
Victor Gradjean de Montigny (1776 - 1850) que transforma a cidade do Rio 
de Janeiro na capital irradiadora da arquitetura neoclássica.
CONCLUSÃO
Diante do exposto, podemos concluir que os Maçons exclusivamente 
Operativos não migraram para a colônia, pois ainda que as primeiras obras de 
arquitetura tenham sido de inspiração religiosa, foram erigidas pelos próprios 
monges e padres com auxílio dos nativos, portanto, sem o envolvimento de 
profissionais não religiosos. Alem disso, a colonização coincide com o perío­
do de decadência, consequente enfraquecimento e posterior desaparecimento 
dos Maçons Operativos.
A Maçonaria que veio para o Brasil era Especulativa e Adonhiramita, 
por influência de Portugal, como veremos adiante em mais detalhes.
O Companheiro Adonhiramita • 21
A CAVALARIA E A MAÇONARIA ESPECULATIVA
O guerreiro a cavalo adquiriu relevância desde a primeira vez em que o 
lavalo foi usado em combate, especialmente diante das conquistas de Felipe e 
eu Filho Alexandre, que só foram superadas pelos exércitos de Roma, que 
fces seguiram e aperfeiçoaram o método.
No império Romano a cavalaria teve grande destaque e importância, não 
I apenas do ponto de vista militar, mas também na questão política.
I
A lenda de sua origem no Império Romano está associada à lenda da 
fundação de Roma e de seus fundadores: Rômulo e Remo9; mas sua organiza- 
ção definitiva ocorreu no século IV a.C.10.
A Cavalaria foi uma instituição que tomou muitas formas, leigas e reli­
giosas.
Desde antes do Período Carolíngio, na França, e das lendas do Rei Ar- 
ifaur, na Inglaterra - e mesmo antes se levarmos em consideração as lendas ou 
«radições do povo celta11 - a Cavalaria teve um papel de destaque crescente na 
c iedade medieval e um código de ética12 que a guindou para uma condição 
de nobreza13 que, nos anos que antecedem o ano 1000, adquire uma tal impor­
9 A mitologia romana os inclui entre seus heróis, filhos de Marte e da Vestal Réia Silvia, 
e que foram amamentados por uma loba.
10 Nicola Aslan, Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia, Vol. 1, 
Aitenova.
" As lendas de Arthur parecem associadas as mais antigas lendas merovígias e na cultu- 
ra celta, cujo sustentáculo foram os Druidas, fonte mais remota dos ideais de honra e nobreza 
ca Cavalaria européia. Quanto aos Druidas, compunham uma Escola de Sabedoria Tradicional 
. nja origem parece associada tanto aos Magos persas quanto as Escolas de Mistério Egípcias. 
Alguns autores pretendem que eles sacrificassem pessoas em seus cultos, o que não faz o 
aenor sentido quando olhamos o conjunto de sua filosofia que pregava a não violência; não 
usavam armas e não são poucos os relatos de terem se mantido imóveis nas batalhas que se 
fizeram presentes, morrendo sem nenhuma reação.
12 Juravam combater a injustiça, defender os fracos, proteger mulheres e crianças e ser 
fiéis a Igreja e ao Rei.
13 G. Duby em seu A Sociedade Cavaleiresca, pg. 30, editora Martins Fontes, informa 
que inicialmente, “devido ao valor de subordinação do vocábulo cavalheiresco” os escritores 
sentiam-se impedidos de “aplicar o vocabulário da militia a todos os membros da aristocracia
- ca. Nenhum dentre eles deixa de estabelecer uma nítida distinção entre os príncipes, os
- róceres, os optimates, isto é, os nobres e, do outro lado, a massa dos cavaleiros. Todos propu- 
oham a imagem de um edifício social em dois níveis, colocando os ‘príncipes’, responsáveis 
pela paz pública, seja pela delegação de poderes reais, seja por um carisma atribuído por Deus
22 • Alexandre Magno Camargo
tância a ponto de se confundir os termos Cavaleiro e Nobre, a despeito dos 
princípios de vassalagem que se mantiveram14.
Aqui ainda não existem “Ordens” de Cava­
laria, nem leigas nem religiosas, mas o embrião 
da idéia brota entre os anos 989-990 na Aquitâ- 
nia15, desde Norbone, por iniciativa da Igreja - 
através de seus Bispos - que difunde a idéia de 
uma Cavalaria voltada à defesa do fraco, do po­
bre e dos interesses de Deus, reunindo o povo e 
os nobresem concílios fora das cidades16, em 
campo aberto, em que eram expostas relíquias 
sagradas, que funcionavam como canalizadores 
da fé, e onde era pregada a doutrina da paz de 
Deus e da santa fé na Igreja17.
É novamente de Cluny18, berço das gran­
des reformas e da formação dos maiores pensa­
dores daqueles anos e dos séculos que se segui­
ram, fonte moral, intelectual e filosófica da Or­
Selo dos Cavaleiros 
Templários
a certas raças, muito acima dos auxiliares que os ajudam a cumprir essa missão, homens de 
armas como eles e associados estreitamente à sua função, mas subalternos, dependentes, nutri­
dos e recompensados por seus dons. ...Essas observações permitem, pois, compreender facil­
mente que, no vocabulário das cartas de Mâconnais, a palavra milites tenha podido substituir 
termos como vassus e Fidelis, que evocavam como ela a submissão e o serviço.” O mesmo 
autor ainda se questiona “como essa mesma palavra pôde, pouco a pouco, excluir nobilis, 
como pôde ser arvorada como um título antes do fim do século XI por nobres incontestáveis, 
pelos príncipes de Antibes, pelos castelões da Ile-de-France ou pelos sires de Beaujeu?”
14 Quero dizer dos príncipes que pagam tributo ou vassalagem a outro príncipe ou rei. 
Houve casos que um rei pagou vassalagem a outro. Mesmo entre os nobres a vassalagem 
implicava num serviço, normalmente a obrigação de defender as propriedades do Senhor em 
caso de guerra.
15 Reduto da descendência merovígia e das tradições da Escola Druida. Também é nessa 
região que a Arquitetura retoma seu desenvolvimento (vide nosso primeiro volume: Iniciação 
à Maçonaria Adonhiramita - Aprendiz, editora A Gazeta Maçônica).
16 G. Duby, A Sociedade Cavaleiresca, pg. 37, editora Martins Fontes.
17 Desejava-se, também, recuperar o direito de isenção que a igreja perdia com o enfra­
quecimento do Rei e o fortalecimento dos senhores feudais que cobiçavam as arrecadações 
das terras ocupadas pela Igreja e para ela revertidas.
18 O Ir.-. José Daniel da Silva em seu A Maçonaria Adonhiramita e o Escocismo, pg. 58 
e 59, editora A Gazeta Maçônica, diz que “Paralelamente ao estabelecimento de Cluny, outra 
ordem religiosa nascia: os Eremitas Calabreses. Isolados da cristandade, em plenos domínios
O Companheiro Adonhiramita * 23
dem dos Cavaleiros do Templo, que tal iniciativa surge e se espalha além dos 
limites da França, elevando de um modo único o conceito do Cavaleiro e o 
Código da Cavalaria, que chega aos primeiros anos do segundo milênio rebus­
cado de lendas19.
Já no século XIII a cavalaria é uma instituição definida e ocupa o centro 
do edifício social, a ponto de Cavaleiros Templários, Cavaleiros Teutônicos e 
Cavaleiros de São João de Jerusalém apenas receberem nobres entre seus Ca­
valeiros, reservando encargos subalternos para a plebe20. Os próprios concei­
tos de excelência, virtude e perfeição, ligada antes à nobreza, agora estão liga­
dos também a cavalaria21.
Dessas antigas tradições surgem os graus Cavaleirescos na Maçona­
ria22, e em alguns casos o grau se intitula herdeiro e continuação de uma Or­
muçulmanose germânicos na Itália, conceberam um sistema ao qual os pesquisadores atribu­
em conter os elementos basilares da formação da cultura ocidental. Ao contrário de outras 
ordens religiosas, os Eremitas não procuraram expandir-se territorialmente, chegando porém, 
a instalar-se no que atualmente é a Bélgica. O sistema teológico por eles concebido era um 
sincretismo que contemplava elementos do islã, lendas germânicas e pagãs, cristianismo ori­
ental, mistérios egípcios e cristianismo romano.” A eles é atribuído o início das cruzadas por 
intermédio de Pedro, o eremita, famoso pregador que indicou Godofredo de Bouillon (que 
segundo estudos é de descendência merovígia) para ser o primeiro rei europeu de Jerusalém.
19 Honorius Augustodunensis em seu tratado De Imagine Mundi, registra a lenda que 
afirma terem os seres humanos, após o Dilúvio, sido distribuídos em três categorias: os livres 
seriam os filhos de Sem; os cavaleiros seriam os filhos de Jafé, os servos seriam filhos de Cão. 
Lenda que reencontramos nos Altos Graus.
20 A infantaria, os sargentos e os padres eram constituídos por homens do povo, segundo 
os costumes de então. No período medieval, especialmente, aos nobres estavam reservadas 
funções de destaque e comando na sociedade. Um bispo, um cardeal ou o papa, sempre advi­
nha de Casas tradicionais da mais alta nobreza. Ao filho mais velho era reservada a função de 
comando e sucessão que, normalmente, herdava todos os bens da família. Aos demais cabia a 
sorte na guerra com seus espólios e doações de terras e títulos ou a Igreja, a ponto da alta 
hierarquia católica ser distinguida pelo título geral de ‘‘príncipes da igreja”.
21 G. Duby, A Sociedade Cavaleiresca, editora Martins Fontes.
22 “Interrogar-se sobre as origens da franco-maçonaria contemporânea é penetrar no 
mais poderoso dos labirintos, onde as filiações e as influências se emaranham. Das corpora­
ções obreiras aos templários, da cosmogonia mosaica às iniciações antigas, dos pitagóricos à 
cabala, do mito cristão à cavalaria, dos invisíveis ‘rosacruzes’ à filosofia hermética estendem- 
se, dispersas no tempo e no espaço, as raízes e também os múltiplos enxertos sobre os quais se 
formou na Europa, desde o final do século XVII, o grande tronco da franco-maçonaria que 
recebeu o nome de ‘especulativa’, e que continua a crescer em nossos dias através das ocor­
rências felizes e infelizes de que nenhum organismo vivo consegue escapar.” Bernard Roger, 
Descobrindo a Alquimia, pg. 260, Círculo do Livro.
24 • Alexandre Magno Camargo
dem extinta para o mundo profano ou ainda existente. Entre as Ordens extin­
tas podemos citar os Cavaleiros Templários e os Cavaleiros Teutônicos, e en­
tre as Ordens que ainda possuem representações podemos citar os Cavaleiros 
de São João de Jerusalém, hoje denominados Cavaleiros da Cruz de Malta, e 
mesmo as versões modernas ou atualizadas dos Rosacruzes.
Não é de se estranhar que cada grau maçônico recorde eventos23, concei­
tos e títulos do passado, especialmente do período medieval. Ocorre que nos­
sos antigos Mestres tendo percebido a identidade de objetivos e princípios, 
entre a Maçonaria e algumas instituições do passado, incluíram-nas nos estu­
dos maçônicos, transformando, assim, a Sagrada Instituição numa espécie de 
arquivo que preserva aqueles antigos e nobres ideais que ainda mantêm seu 
apelo ético, filosófico e místico tão atual, mesmo diante da modernidade.
Com a providência de enriquecer assim os Altos Graus, aqueles Arquite­
tos da Arte Real não apenas preservaram da extinção e esquecimento aquelas 
Ordens, mas permitiram que o homem moderno participasse de suas assem­
bléias e com isso comungue de seus mais altos ideais em benefício da humani­
dade, a qual ajuda a encontrar seu desiderato24. O que já é suficiente para 
justificar a manutenção dos Altos Graus!
Seja como for, cada grau guarda uma mensagem moral, filosófica, socio­
lógica e, em alguns casos revela conexões com antigas tradições místicas cris­
tãs cujas fontes mais remotas são os gnósticos, neoplatônicos, joanesistas25, 
maniqueístas, cátaros e outras correntes eliminadas pela Igreja Católica a ponta 
de espada, e sob a acusação de heresia, mas que ressurgiram nas tradições dos 
Templários, Rosacruzes, Cabalistas e Alquimistas, e nos escritos de Trithe- 
mius, no século XV; Jacó Bõehme, no século XVI; Swedenborg, no século 
XVII; Willermoz e Saint-Martin, no século XVIII; Papus, de Güaita e Éliphas 
Levi, no século XIX, a ponto de alguns historiadores sustentarem a tese -
23 O costume de assumir o compromisso com o joelho direito no chão e a mão direita 
sobre a Bíblia; o uso de uma espada para “armar” o Cavaleiro, encostando-a nos ombros e na 
cabeça, numa forma de bênção ou consagração; e mesmo a vigília de armas que pode ser 
associada a Câmara de Reflexões.
24 “O objetivo dos trabalhos que os franco-maçons perseguiam é a construção do Ho­
mem, isto é,da Humanidade Autêntica concebida como projeto, a partir de construção do 
indivíduo. Não causará surpresa o fato de que o eixo em torno do qual eles estabeleceram seu 
simbolismo seja a construção do templo de Salomão, sendo o ser humano considerado como 
a morada da divindade.” Bernard Roger, Descobrindo a Alquimia, pg. 260, Círculo do Livro.
25 Correntes diversas de adeptos de João, o evangelista, cujas doutrinas de cunho pro­
fundamente místico nortearam os hereges desde os primórdios da Igreja Cristã e ainda causam 
estranheza por sua tão notória distinção dos demais evangelistas.
O Companheiro Adonhiramita • 25
ainda que carente de provas conclusivas - de uma sucessão, mesmo que sub­
terrânea, das antigas Tradições26.
E é nesses pensadores e autores medievais que encontramos a fonte da 
estrutura filosófica e simbólica que inspirou a Maçonaria Especulativa.
RESUMO HISTÓRICO DO RITO ADONHIRAMITA
Todos os ritos maçônicos atuais têm uma fonte comum: o sistema prati­
cado pela Grande Loja da Inglaterra desde sua fundação que, segundo consta, 
seguiu as antigas tradições da Maçonaria Operativa27 *.
Quando a Maçonaria chegou na França2!t o espírito místico da filosofia 
arcana dominava os salões, as diferentes correntes ocultistas estavam firme­
mente estabelecidas, pois séculos de desenvolvimento haviam mantido a cor- 
'ente intacta29, ainda que sutilmente oculta para fugir a sanha sanguinária da 
ntolerância religiosa que, desde a criação da inquisição30 fizera tantas vítimas.
26 "A simbologia do Templo teria chegado à Maçonaria por iniciativa dos rosacrucianos 
aceitos.” Theobaldo Varoli Filho em Curso de Maçonaria Simbólica, 3° volume, editora A 
Gazeta Maçônica.
27 Na verdade duas GG.-.LLc. a partir de 1751 (vide histórico no último capítulo deste 
volume), dos Antigos e dos Modernos; posteriormente, com a unificação em 1813, cujo siste­
ma de reunião ficou popularmente conhecido como Rito de York. Para maiores detalhes sobre 
este rito vide volume 1: INICIAÇÃO À MAÇONARIA ADONHIRAMITA - APRENDIZ, do 
mesmo autor.
2S A Maç.-. foi instalada na França em 1726.
29 Cuja fonte de irradiação iniciática tem, á séculos, se mantido em Toulouse.
30 Os Dominicanos estiveram à frente da Inquisição. Diante da violência da Inquisição, a 
Igreja Católica Romana introduziu a participação dos Franciscanos como auxiliares dos Domi-
- canos, ensangüentando assim, as mãos de mais uma Ordem da Igreja. Os Jesuítas, criados em 
: 540, justamente no período que a Igreja se ressentia e lutava contra a Igreja Luterana, cuja cria- 
ção deu margem ao surgimento de outras Igrejas cristãs, estavam imbuídos de uma doutrina qua- 
se militar e de devoção fanática a Igreja, da qual consideravam-se soldados. Nessa linha de pen- 
--mento não pouparam esforços para desacreditar qualquer instituição não Çatólica, atuando 
rrincipalmente na área da propaganda e da denúncia, infiltrando-se nas instituições e publican­
do versões que pudessem levar os supostos inimigos ao descrédito e ao consequente desapareci- 
-ento natural. Foram suas vítimas, entre outros, os Rosacruzes e os Maçons. Diversos ritos fo- 
ram criados por eles para semear a confusão e o descrédito da Maçonaria, e mesmo em nossos
- as, ainda que três de seus membros tenham publicado li vros a respeito amenizando teoricamente 
conflito, aOrdem Jesuítae suas ramificações-oficialmente-aindacombatem nossa organiza-
. ão. apresentando-a como uma religião, como pode ser comprovado pelo folheto “mandamen- 
- ' distribuído aos fiéis que se preparam para a confissão, onde consta no item “falsa religião:
. -piritismo, maçonaria, outros cultos?”, exemplar em poder do autor.
26 • Alexandre Magno Camargo
Diante da fabulosa imagem que o Ocultismo oferecia de si mesmo, os 
poderes pessoais que alegava atribuir a seus mais dedicados adeptos31, em 
quaisquer de suas correntes, fazia da Maçonaria emergente uma organização 
de poucos atrativos, pois ainda carecia das interpretações filosóficas mais 
amplas que gozamos em nossos dias e limitando-se aos graus simbólicos. As­
sim, em seus primeiros anos na França, a Maçonaria não conseguia atrair a 
aristocracia que, com seu poder, influência e recursos financeiros poderia ser, 
como foi, a mola propulsora do desenvolvimento da Ordem. Foi o discurso de 
Ramsay e sua alegação da origem aristocrática da Maçonaria, a qual teria sua 
formação entre as Ordens de Cavalaria Cristã no tempo das cruzadas, que 
motivou e atraiu a nobreza para a Ordem Maçônica e provocou as profundas 
transformações que fez da Maçonaria o que ela é hoje! E a despeito de muitas 
das correntes terem tido origem na Alemanha, como os Rosacruzes e Templá­
rios, p.ex., foi na França que se deu tanto o método quanto a forma que ainda 
praticamos nos Altos Graus pela incorporação dessas Ordens32.
A explosão de rituais cujos autores alegavam o terem encontrado numa 
antiga biblioteca de certa família tradicional ou nas prateleiras empoeiradas 
de um mosteiro, inspirados na origem cavaleiresca da Maçonaria, alegada por 
Ramsay, criou uma miscelânea de ritos e filosofias verdadeiramente espanto­
sa33! Todos procurando estabelecer uma conexão com a Escócia34 e com os
31 Basta ler o que até hoje se escreve a respeito dos poderes do nosso Ir Conde de Saint 
Germain...
32 Ainda que haja registro de conexão mais antiga (em outra obra minha que está em 
preparação, Shaddai, ao abordar a história da Ordem Rosacruz, cito que em 1676 Circula um 
panfleto que demonstra a ligação fraterna entre algumas Ordens, de cujo texto cito a seguinte 
parte: “Informamos com antecedência que a Modem Green - Ribbon’s Cabali, juntamente 
com a Antiga Fraternidade da Rosa + Cruz, os Adeptos Herméticos e a Congregação dos 
Maçons Consagrados, pretendem jantar juntos no próximo...”), aceita-se que o primeiro Capí­
tulo de Cavaleiros Rosacruz tenha sido estabelecido em Arras no ano de 1745, alegadamente, 
por concessão de Carlos Stuart, em agradecimento aos bons serviços que lhe teriam prestado 
os Maçons de Arras durante sua permanência ali. Este, porém, é apenas mais um fato polêmi­
co, eos historiadores se dividem quanto a sua autenticidade. P. ex.: o Ir/.Castellani afirma que 
a origem Rosacruz na Maçonaria se deu a partir de 1769, na Áustria, onde os Rosacruzes 
foram proibidos e buscaram refúgio na Maçonaria, a qual era tolerada (Fragmentos da Pedra 
Bruta, Volume 1, pg. 169; editora: A Trolha).
33 Mais de 100 ritos, os mais diversos, foram inventados - inclusive pelos Jesuítas - mas 
tiveram vida efêmera.
34 O Ir José Daniel da Silva em seu A Maçonaria Adonhiramita e o Escocismo, pg. 74/ 
75, editora A Gazeta Maçônica, diz que “os graus escoceses não contavam somente com 
adversários. No 'Tratado histórico sobre Maçonaria’, publicado em 1751, Kloos, possível-
O Companheiro Adonhiramita • 27
Templários que se dizia terem ali sobrevivido, intactos, muitas décadas além 
de sua extinção oficial pela Igreja Católica. Esses variados ritos foram deno- 
minados de “escoceses” pois teriam sua origem - suposta - na Escócia, e pre- 
endiam uma antiguidade maior que aquele de Londres fundado pela primeira 
kande Loja em 1717, questão ainda não completamente elucidada.
Podemos dizer que a Inglaterra nos deu a Maçonaria Simbólica35 e a 
França nos deu a Maçonaria Filosófica e Ocultista desenvolvida nos Altos 
Graus.
O Rito Adonhiramita foi uma reação contra esta “explosão de ritos”, 
e -recialmente de suposta inspiração Templária e Jesuíta, numa tentativa de 
recuperar a simplicidade da Maçonaria original e não tinha, em seus primór- 
. diversas cerimônias previstas no ritual de hoje, entre elas; o acendimen- 
lo da chama Sagrada, a incensação, o cerimonial do fogo, o pálio, a leitura do 
Li vto da Lei, a Abóbada ou os Painéis. Também não possuía em seus Templos 
Altar dos Perfumes (pois não havia incensação), nem um Altar dos Jura- 
nentos, pois na Maçonaria original o juramento era tomado no Altar do Vene- 
rável onde repousava o Livro da Lei, e essa é a razão histórica por queo Altar 
d s Juramentos deve permanecer no Oriente; ele é uma extensão do Altar do 
■ - nerável Mestre! Qualquer rito que ponha o Altar dos Juramentos no Oci­
dente demonstra sua ignorância quanto à origem histórica dos costumes ma- 
çõnicos! Pelo menos no que se refere aos graus simbólicos! A Loja era, então,
Mente o maior pesquisador da época, apresenta um manuscrito que não apenas remete a ori- 
eem da Ordem Maçônica ao tempo das Cruzadas, como também enumera, além dos graus de 
-.7rendiz, Companheiro e Mestre, seis outros graus não reconhecidos pela Grande Loja Ingle- 
u São eles: Mestre Perfeito ou Arquiteto Irlandês, Mestre Eleito, Aprendiz Escocês, Compa- 
7/jeiro Escocês, Mestre Escocês e Cavaleiro do Oriente”.
35 O que é questionável para autores que não se prendem rigorosamente ao formalismo 
-__démico, como Louis Charpentier, p.ex., que sem perder o alto conceito internacional que 
?• ssui. faz curiosa releitura dos registros fósseis e monumentos de uma Antiguidade quase 
_-í totalmente desconhecida por nós; ocorre-me uma referência a palavra Lumaçon, que ele 
nduz com o significado pedreiro de Lug, sendo Lug uma divindade cultuada na Europa oci- 
dental, especialmente em regiões hoje dominadas por França, Portugal e Espanha, num perío- 
anterior ao domínio dos celtas e gauleses, cultura aquela responsável pela ereção de meni- 
ms e obeliscos, os quais remontam a milhares de anos antes da era cristã. Se pensarmos nos 
mcursos necessários para erguer uma pedra pesando entre 250.000 kg e 600.000 kg podemos 
coecluir, sem rodeios, que uma certa tecnologia já era dominada então. E curioso que luma 
■gru fique caracol, um dos grafismos que identificava os companheiros do dever, espécie de 
■açoitaria francesa que atribui a si mesma grande antiguidade e acusa a Maçonaria moderna
□e plágio. ,
28 • Alexandre Magno Camargo
aberta em nome de Deus e de São João de Jerusalém, não havia referência a 
um Grande Arquiteto do Universo!
No que se refere aos três graus simbólicos de Aprendiz, Companheiro e 
Mestre Maçom, o Rito Adonhiramita surgiu num tempo impreciso, em data 
perdida, mas posterior a data em que a Maçonaria Inglesa se instalou na Fran­
ça36, após a suposta criação do terceiro grau, Mestre Maçom, mas antes de 
1744, pois em 174037 surgiu uma celeuma publica e um movimento denomi­
nado ADONHIRAMITA, que deve ter motivado a obra de Louis Travenol 
(cujo pseudônimo é Leonard Gabanon) publicada em 1744, em seu “Catéchis- 
me dês Franc Maçons (Catecismo dos Maçons) ou le Secret dês Franc Ma­
çons” (O Segredo dos Maçons), no qual afirma que “é sob o nome de Adonhi- 
ram que o terceiro grau deve ser trabalhado”, obra republicada em 1780; 
assim, não foi o livro que deu origem aos Adonhiramitas, mais provavelmente 
a obra terá surgido instigada pelo movimento que pretendia a correção do 
nome do Mestre de Obras pois a discussão é anterior a publicação.
Em 1758 a Grande Loja da França institui uma revisão dos ritos que 
abrigava, respaldada pelo Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ociden­
te, fato que acaba por desbaratar o domínio dos Ritos de Clermont e Here-
36 É fora de dúvida que os graus simbólicos Adonhiramitas já eram praticados antes de 
1744 quando da publicação de Leonard Gabanon, tanto que é nesse ano que surge a discussão 
quanto ao nome do Arquiteto do Templo; uma tal discussão não teria surgido sem uma prática 
que pudesse ser contestada. É infantilidade supor que um rito seria fundado a partir da suges­
tão de um autor de pouca expressão como Gabanon! Subsidiariamente, temos a história ou 
lenda do grau de Cavaleiro Noaquita ou Cavaleiro Prussiano, que foi adotado como 13° grau 
Adonhiramita apenas a pouco mais de 100 anos após o Rito Escocês Antigo e Aceito o ter 
adotado como seu grau 21 (os Adonhiramitas, pelo menos no Brasil, apenas reconheceram o 
grau de Cavaleiro Noaquita ou Prussiano após a criação do Mui Poderoso e Sublime Grande 
Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas para o Brasil, ligado ao GOB, em 1873, do qual é único 
sucessor o Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita desde 1973); a princípio não foi 
considerado como um grau legitimamente maçônico, em que os ditos Cavaleiros Noaquitas, 
supostamente criados ao tempo das cruzadas, em Jerusalém, apenas recebiam em seus quadros 
Maçons Adonhiramitas. E curioso que a despeito deste privilégio os Adonhiramitas não te­
nham reconhecido imediatamente esta Ordem como o fez o Conselho dos Imperadores do 
Oriente e do Ocidente, fonte do REAA.
37 Ir.-. Edson Nelson Ubaldo, Breves Apontamentos sobre a História do Rito Adonhira­
mita, O Prumo, n°91, 1993.
O Companheiro Adonhiramita • 29
don38, e originando novos ritos39. É esta revisão que consolida o Rito Adonhi­
ramita e dá origem à sua compilação, sem que sejam publicados seus rituais, o 
que vai ocorrer a primeira vez apenas em 1781, possivelmente devido à ex­
pansão do Rito Moderno.
Provavelmente em 1781, ou um pouco antes, é concluída a revisão da 
compilação dos 12 graus praticados pelos Adonhiramitas, após inúmeras pes­
quisas que remontam a 1752, e publicado o primeiro volume contendo seus 
graus simbólicos (compilado e não criado), por Louis Guillemain de Saint- 
Victor, e contendo, inicialmente, os 4 primeiros graus40; foi seguido de um 
segundo volume contendo os graus do 5° ao 12°, provavelmente um trabalho 
recuperado do Ir.-. Barão Théodore Henry de Tschoudy41, cuja publicação dos 
volumes ocorreu na França em 1785, provavelmente por iniciativa do Ir.'. 
Saint-Victor, se bem que alguns historiadores42 citem uma publicação de 1782
38 Discute-se a origem da palavra Héredom (também grafada Herodom ou Herodim). 
Uma das teses diz que a palavra Héredom deriva de heirdom (herança) que, na Ordem Real da 
Escócia seria a herança da Ordem do Templo que, segundo a lenda (pois não existem registros 
históricos), teria se refugiado na Escócia após sua destruição oficial pela Igreja Católica Ro­
mana, e sendo recebidos pelo Rei Robert Bruce, lutaram em suas fileiras. Oportunamente 
teriam fundado a Loja Mãe de Kilwínning (um dos mitos maçônicos atribui a esta Loja a 
origem dos Altos Graus). Outra tese relaciona Héredom com o termo grego hierós domos, 
morada sagrada. Uma terceira tese afirma tratar-se do nome de uma montanha da Escócia (não 
precisamos dizer que não existe nenhuma montanha com este nome na Escócia...). Uma quarta 
tese relaciona o nome Héredom a um suposto grau da Maçonaria Operativa, denominado 
Harodim (cita-se um outro denominado Menatzchim), desconhecido (s) dos fundadores da 
Maçonaria Especulativa os quais não eram operativos e, portanto, não tiveram acesso a supos­
tos graus superiores da Maçonaria Operativa, citado por René Guénon, mas sem qualquer 
referência a fontes ou documentos comprobatórios.
39 Ir/. Edson Carlos Ortiga, O Rito Adonhiramita e sua História, O Prumo n° 106.
40 “Récueil Précieux de la Maçonnerie Adonhiramite”, 1° volume.
41 O Barão Tschoudy é de origem suíça, mas se naturalizou francês e obteve o cargo de 
Conselheiro (no Parlamento) em Mentz. Foi Ven\ Mestre da Loja mais antiga de Mentz em 
1750; em 1760 foi Orador da Loja de São Petesburg; em 1765 foi Grão Mestre da Grande Loja 
Provincial de São Petesburg.
42 Alec Mellor, "Dictionaire Dês Franc-Maçons Et De La Franc-Maçonnerie”, citado 
pelo Ir.-. José Daniel da Silva em seu A Maçonaria Adonhiramita e o Escocísmo, pg. 83, Ed. 
Gazeta Maçônica.
30 • Alexandre Magno Camargo
dos graus simbólicos e em 1785 com os Altos Graus41 * 43, contendo na reedição 
de 1787, já o 13° grau, que no Brasil só foi praticado após 1873, o que reforça 
a tese de a Maçonaria Adonhiramita ter aportado no Brasil antes de 180044, 
pois praticou apenas 12 graus durante tão longo tempo.
Já dissemos no 1° volume, dedicado ao Aprendiz, que alguns escritores, 
baseados em Ragon, defendem a tese ainda popular mas errônea, que credita 
ao Barão de Tschoudy a criação do Rito, dando, assim, uma origem mais 
recente ao sistema Adonhiramita, o que carece de fundamento45.
Pelo que sededuz dos dados disponíveis nem Tschoudy nem Saint-Vic­
tor foram autores do Rito Adonhiramita!
Não se pode admitir que uma discussão surja antes dos fatos que a moti­
vam ! Assim a polemica quanto ao nome do verdadeiro Mestre de Obras do 
Templo de Salomão não pode ser anterior a prática de um sistema que defen­
desse um costume divergente de outras tradições, nem por isso menos correto.
41 De um modo geral, especialmente na França, em 1785 o rito já era praticado com 12 
graus e assim foi conhecido inicialmente no Brasil, onde estabeleceu suas primeiras Lojas 
pouco antes do ano 1800, como se verá adiante. A particularidade de o Rito ter permanecido 
por tanto tempo (+ ou - 100 anos) com apenas 12 graus, no Brasil, quando na França já se 
adotara o 13°, prova o irrelevante contato que se mantinha com aquela Potência, ou melhor, 
com qualquer Potência estrangeira, especialmente com a Oficina Chefe do Rito. Naturalmente 
devemos levar em consideração as enormes dificuldades de comunicação daquele tempo antes 
de formularmos qualquer juízo a respeito! Além de tudo, era então preferível que qualquer 
documento de importância ou proposta relevante fosse encaminhada pessoalmente, por um
representante dos interessados, como sucedeu na tentativa de Portugal submeter à sua Potên­
cia as Lojas brasileiras, conforme veremos nas próximas páginas.
44 A discussão da data em que a Maçonaria chegou ao Brasil, hoje, fundamenta-se se o 
Cap. Larcher esteve ou não envolvido nisso. A tese de o Capitão ter sido o fundador e seu 
principal mentor se enfraquece pelo fato de sua nau La Preneuse não ter, historicamente, apor­
tado no Brasil, segundo o Ir.-. José Castellani em seu Fragmentos da Pedra Bruta, pg. 15 a 19, 
editora A Trolha. Mas no mesmo artigo o Ir.'. Castellani afirma que o Capitão esteve em 
Salvador em 30 de novembro de 1796 onde, apesar de estar detido, desembarcou com sua 
esposa e filhas, ali permanecendo por “pouco mais de um mês”, o que nos parece tempo 
suficiente para se estabelecer algum tipo de contato e assim pensando acreditamos que o fato 
de a nau do Capitão não ter vindo junto com ele, pois foi aprisionada, não invalidada a tese de 
sua participação ou pelo menos de seu incentivo a criação da primeira Loja Adonhiramita do 
Brasil, a Cavaleiros da Luz.
45 Artigo do Ir.-. Bartolomeu Martins dos Santos “O Rito Adonhiramita I e IP’, do Ir.'. 
Lúcio Nelson Martins “Rito Adonhiramita” e do Ir.-. Edson Ubaldo “Maçonaria Adonhirami­
ta” (primo-irmão do autor). O Ir.’. José Daniel da Silva em seu “A Maçonaria Adonhiramita e 
o Escocismo”, editora A Gazeta Maçônica, é da mesma opinião, contrária a tese de Ragon.
O Companheiro Adonhiramita • 31
Em 1785 foi publicada uma tradução do alemão feita por Bérage, de um 
artigo a respeito dos Cavaleiros Noaquitas46, e que deu origem ao 13° grau, 
conforme foi praticado até 1973 quando o Excelso Conselho da Maçonaria 
Adonhiramita adotou a nova série com 33 graus, completando47 o sistema, e 
requerendo para o Brasil a titularidade do Rito, até então na França, pátria do 
Rito Adonhiramita, que o abandonou, gradativamente, na medida em que o 
Rito Moderno48, criado a pedido dos maçons franceses, contaminados com a 
nova ordem social que se estabelecia49, tomou o seu espaço, fenômeno que se 
repetiu no Brasil logo após a criação do GOB.
Nos primórdios dos Altos Graus50, o seu último grau era denominado 
Cavaleiro Rosacruz, sofrendo sua primeira adição com a adoção do acima
46 Alguns autores confundem a autoria deste artigo, o que é um despropósito, visto que 
o próprio Barão Tschoudy credita a tradução do mesmo a Bérage, Cavaleiro da Eloqüência da 
Loja de Saint Gillair e Comandante Tenente e Inspetor Geral das Lojas Prussianas na França.
47 A tese se fundamenta numa lógica clara: “A obra do Barão de Tschoudy nunca foi 
completamente publicada, não se podendo comprovar que os doze graus iniciais fossem a 
conclusão de seu trabalho” - ECMA. Alem do mais, o Rito de Héredom, fonte principal do 
Rito Adonhiramita, já era praticado com pelo menos 25 graus, o que leva a pensar que a 
publicação do “Récueil Précieux de la Maçonnerie Adonhiramite” não estava completa quan­
do o Rito Adonhiramita iniciou o seu declínio, até mesmo em virtude de suas edições terem 
sido parciais, como se viu acima. Na medida em que o Rito desaparecia na França a motivação 
para a compilação de toda a sua estrutura também desapareceu.
48 O arcabouço geral do Rito Moderno ou Francês é, principalmente, o próprio Rito 
Adonhiramita, inclusive as posições das Colunas, dos Oficiais e Luzes, o que, certamente, 
facilitou sua aceitação, no Brasil, em substituição ao então unicamente praticado Rito Adonhi­
ramita. Some-se o espaço maior que o Rito Moderno dá aos conceitos de Pátria em substitui­
ção ao conceito teológico da Divindade; os ideais da revolução francesa e do positivismo que 
terão influenciado o pensamento e as decisões daqueles irmãos para a mudança de rito, tam­
bém não devem ser esquecidos.
49 Nesse período o Brasil sofria enorme influência cultural da França, daí ter o Grande 
Oriente do Brasil mudado de rito (para o Moderno) logo no início de sua criação por Lojas 
legitimamente Adonhiramitas.
50 Nicola Aslan em seu “O Livro do Cavaleiro Rosa-Cruz”, pg. 52, Artenova, diz que: 
“A Maçonaria dos Altos Graus tinha surgido na França, na década de 1740, com a denomina­
ção de escocesa ou irlandesa... A invenção dos Altos Graus, na França, tinha sido uma tenta­
tiva para salvar a Maçonaria da degradação em que resvalara pelo desinteresse que seus Grão- 
Mestres, príncipes de sangue real, lhe tinham demonstrado. Tinha acontecido o mesmo na 
Inglaterra, onde Grão-Mestres fidalgos de 22 e 25 anos a tinham desorganizado, permitindo às 
Lojas a prática de toda a espécie de irregularidade. Como reação a tais desmandos surgiu a 
Grande Loja rival dos antigos.” Se os Altos Graus surgiram apenas como uma reação para 
salvar a Maçonaria do malogro, a solução foi bem pensada, visto que um ou mais graus supe­
riores ao terceiro, acessível apenas a maçons rigorosamente escolhidos, a quem eram concedi­
32 • Alexandre Magno Camargo
referido grau de Cavaleiro Noaquita que os historiadores alegam não ter sur­
gido como um grau maçônico.
O “templarismo” dos ritos “escoceses” não foi um fenômeno exclusiva­
mente francês51, ocorreu em outros países, especialmente na Alemanha onde 
os Templários supostamente teriam sobrevivido na Ordem dos Cavaleiros 
Teutônicos, na Estrita Observância Templária e nos Rosacruzes52.
Com a extinção dos Templários teriam surgido outras Ordens, suas su­
cessoras, mas com vida independente uma das outras e sob diversas denomi­
nações, dificultando a identificação de uma origem comum. Essa tese con­
substancia e motiva a adição de graus templários contendo um desejo de vin­
gança sobre aqueles que extinguiram sua Ordem53, o que, no entender dos 
mais instruídos maçons do período, especialmente Tschoudy, descaracteriza­
dos alguns privilégios, ainda que, inicialmente, este grau apenas aprofundasse a mesma lenda 
e princípios do terceiro, foi uma forma de comprometer uma elite com o fortalecimento da 
Ordem. Mas o que pode, de fato, ter iniciado apenas com esta motivação, tangenciou outras 
organizações iniciáticas em atividade precária naqueles dias, e que foram incorporadas com 
sucesso. Este é o caso dos Rosacruzes, por exemplo, que tinham sido proibidos na Áustria 
segundo o Ir/. Castellani em citação acima.
51 O Ir/. José Daniel da Silva em seu já citado A Maçonaria Adonhiramita e o Escocis­
mo, pg. 74, editora A Gazeta Maçônica, esclarece muito bem a questão quando afirma que 
“Apesar das críticas e da pressão exercida pela Grande Loja Inglesa da França, os graus esco­
ceses tiveram total aceitação. Em Lyon, no ano de 1743, surgiu o primeiro Capítulo Kadosch. 
sob o título de 'pequeno eleito’, referindo-se à vingança dos Templários ... Ao mesmo tempo, 
na Alemanha começavam a surgir os graus escoceses e, também aí, as críticas se fizeram 
presentes.Em 1745, em Estrasburgo, é divulgado um panfleto intitulado ‘O Maçom desmas­
carado e todos os segredos revelados’. Este documento tem como objetivo denunciar que 
‘esta nova maçonaria ’ estava a serviço do pretendente do trono da Inglaterra, aliada aos inte­
resses de Roma. Ao hipotético acordo seus adversários denominaram de ‘Estrita Observân­
cia’.” E em nota de rodapé ele conclui: “Pela denominação de ‘Estrita Observância’, ficou 
conhecido um rito de perfeição codificado por Carlos Castel. Foi objeto de críticas e denúnci­
as de ser um instrumento dos Jesuítas para desmoralizar a Ordem Maçônica”. A Estrita Obser­
vância Templária, posteriormente, sofreu novas influências, especialmente de Willermoz, Pas- 
qually e seus discípulos e o próprio Tschoudy, adotando a denominação de Cavaleiros Benfei­
tores da Cidade Santa (detalhes em Iniciação à Maçonaria Adonhiramita, do mesmo autor, 
editora A Gazeta Maçônica).
52 Os primeiros manifestos rosacruzes de 1614, em que a atenção dos sábios é solicitada, 
falam claramente de uma “reforma do mundo” e condenam o catolicismo e o papado, temas 
claramente templários!
’’ A tese que faz referencia a ganância do Rei Felipe e do Papa Clemente V ficou preju­
dicada diante da interessante tese oferecida no livro O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, de 
M. Baigent, R. Leigh e H. Lincoln - Ed. Nova Fronteira.
O Companheiro Adonhiramita • 33
va a doutrina de tolerância da Maçonaria original que, apesar disso, passa a 
adotar outras Orden.C' ou graus, como uma seqüência de sua própria estrutu­
ra, fenômeno que sofreu resistência na Inglaterra, inicialmente54 55.
Os ritos de então adotaram os mais variados graus. Alguns sobrevive­
ram, outros foram extintos ou incorporados.
Os Adonhiramitas evitaram as inovações mais recentes daquele período 
e tomaram força e projeção - ainda que efêmera - especialmente a partir da 
publicação em 1781 do Recueil (Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhi­
ramita), o que leva alguns autores a confundir esse período com a criação do 
rito.
Lamentamos reconhecer, mas os Adonhiramitas quase nada sabem a res­
peito do irmão Saint-Victor, apesar de ser ele considerado o compilador do 
Rito no que se refere aos graus simbólicos56 e o revisor das publicações de 
1781, 1785 e 1787, acreditando-se ter sido por sua iniciativa que surgiram as 
edições do “Recueil Précieux de la Maçonnerie Adonhiramite”, cujos Altos 
Graus foram compilados ou mesmo elaborados pelo Barão de Tschoudy. O 
discurso de Ragon57 e sua “Ortodoxia Maçonnique Suivie de La Maçonarie 
Oculte” (Ortodoxia Maçônica Seguida da Maçonaria Oculta), tidos por fonte 
segura por muito tempo, nos conduziram a este labirinto, visto o mesmo ter 
cometido o equívoco de atribuir ao Barão de Tschoudy o mérito que deve ser 
partilhado com Saint-Victor e certamente com outros colaboradores, compo­
nentes da Comissão que deve ter trabalhado na compilação do Rito. Para com­
plicar ainda mais a situação, é provável que Saint-Victor tenha usado um pseu­
dônimo ou nome histórico (ou simbólico).
54 É dessa forma que devemos contemplar os Altos Graus: uma coleção de Ordens em 
sua maioria extintas, arquivadas na Maçonaria. Os únicos graus que podem ser considerados 
legitimamente maçônicos são os graus que dão seqüência ao mito de Adonhiram. Os demais 
graus foram inspirados ejn Ordens de Cavalaria e em correntes filosóficas e ocultistas como 
cabalistas, alquimistas e rosacruzes.
55 Podemos dizer que três ritos resistiram contra as inovações não maçônicas: na Ingla­
terra o Rito de York, na França o Rito Adonhiramita e na Alemanha o Rito Schroeder.
56 José Daniel da Silva, A Maçonaria Adonhiramita e o Escocismo, pg. 84, Ed. A Gazeta 
Maçônica.
57 O Ir.-. Ragon cometeu outros disparates: atribuiu ao lr.\ Ashmole a elaboração dos 
rituais dos jjraus 1, 2 e 3 quando só havia a configuração tradicional das Corporações de 
Ofícios: aprendiz e oficial; a origem Templária da Maçonaria, quando a origem é Operativa e 
daí as confrarias e guildas; o envolvimento da Maçonaria como uma “eminência parda” na 
política, especialmente na Inglaterra; e outros disparates.
34 • Alexandre Magno Camargo
O Ir.-. Barão Théodore Henry de Tschoudy, nascido em 1730 em 
Metz58, e falecido em Paris em 1769, não pode ter sido o criador do Rito que, 
segundo todas as evidências, já era praticado antes de 174459 60, quando da pu­
blicação de Gabanon, como dissemos acima, e que deu origem à polêmica 
sobre o nome do Arquiteto do Templo.
Em 17446(l, o Barão tinha apenas 14 anos, e seguramente, estava alheio a 
todos os assuntos relativos a Maçonaria. Em 1787, o Barão já havia morrido 
há 18 anos! O que, naturalmente, não invalida a tese de ele ter elaborado o 
Rito sem o ter publicado, o que é pouco provável. Prendemo-nos nas seguin­
tes questões: por qual razão discutir-se-ia o nome do Mestre de Obras ou Ar­
quiteto do Templo se não houvesse uma duvida consagrada pela prática? Por 
que se discutiría (Hiran ou Adonhiram) se um grupo não tivesse naquele pe­
ríodo, ou há alguns anos, adotando uma prática diferente da maioria? Além 
disso, se Tschoudy foi capaz de criar e publicar os rituais da Ordem da Estrela 
Flamejante, e sendo de sua autoria, supostamente, o Rito Adonhiramita, por 
qual razão não teria assumido esta autoria e providenciado sua publicação 
como o fez com outros trabalhos seus?
Não custa repetir a exaustão, para que fique bem definido, que os inves­
tigadores mais autorizados da Maçonaria Adonhiramita são de opinião que 
ela tenha surgido, no que tange aos graus simbólicos, antes de 174461, efetiva­
mente, na França, num período impreciso, mas posterior a suposta criação do 
terceiro grau62, tendo seus Altos Graus origem no Rito de Heredon, de origem
58 Cidade que abrigou grandes alquimistas e outros ocultistas, a despeito de em sua 
jurisdição ter-se promovido acirrada e cruel campanha inquisitorial.
59 Em 1744 ocorre a publicação do livro de Gabanon, mas a polêmica quanto a ser ou 
não Adonhiram o Arquiteto ou Mestre de Obras, teve início aproximadamente em 1740 ou 
antes.
60 A esmagadora maioria dos estudiosos sérios concorda que o Rito Adonhiramita tenha 
surgido pouco antes de 1744.
61 Entre eles os Ilr.-.: J. J. Amorim, M/.I.V, E. Ubaldo, M.Bartolomeu M. dos 
Santos; Lucio N. Martins, M.-.I.'.; P. Roberto Pinto; Edison C. Ortiga e J. Castellani (este em 
artigo de A Trolha n° 77).
62 Os autores divergem com relação à data de criação do 3° grau, que oscila, conforme a 
tese, entre 1721 e 1723. O que também é questionável visto o que consta no “Estatuto Schaw” 
de 1598, período operativo, portanto, citado pelo Ir.’. Alex Home, que foi Mestre e Secretário 
da Loja de Pesquisas Quatuor Coronati de Londes, em seu clássico “O Templo do Rei Salo­
mão na Tradição Maçônica”, pg. 148, Ed. Pensamento; onde ele informa que “Os Estatutos 
Schaw... enumeram as regras e regulamentos da Confraria Maçônica da Escócia desse perío­
do, assinados por William Schaw, Mestre de Obra. Dos estatutos operativos da Escócia do 
século XVI um reza deste teor: Nenhum mestre ou companheiro será recebido nem admitido
O Companheiro Adonhiramita * 35
nebulosa e muito discutida63, por influência do Barão Tschoudy, e sendo o 
segundo Rito a ser Compilado64.
O Rito Adonhiramita espalhou-se pela França e foi muito popular entre 
as tropas de Napoleão que o divulgaram pelas colônias francesas e países 
amigos. Foi, também, largamente praticado em Portugal, cujas Lojas deram 
origem a sua primeira Potência, migrando dali para o Brasil, apesar de algu­
mas Lojas brasileiras terem trabalhado com Carta Constitutiva emitida pela 
França.
Não desconhecemos os méritos - da mais alta monta - do Ir.'. Barão Thé- 
odore Henry de Tschoudy, visto ter influenciado a Maçonaria e não apenas o 
Rito Adonhiramita, tendo criado diversos dos Altos Graus hoje praticados em 
quase todos os ritos65, além de ter escrito o livro “A Estrela Flamejante” publi­
cado em 176666, no qual sugere a fundação de uma Ordem com este nome, 
compostade três graus: Cavaleiro de Santo André67; Cavaleiro da Palestina; e 
Filósofo Desconhecido68 e consolidando, com esta publicação, um dos símbo­
los fundamentais da Maçonaria atual, a Estrela Flamejante!
sem o número de seis mestres e dois aprendizes aceitos.” Se o dito documento é válido, e 
parece que é, a tese do surgimento do 3° grau ente 1721 e 1723 fica comprometida! O assunto 
é abordado com mais propriedade em nosso 3° volume desta série: O Mestre Maçom Adonhi­
ramita da mesma editora.
63 O Rito de Heredon mais provavelmente teve origem na Ordem Real da Escócia, ou 
pelo menos a ela esteve associado. Remete sua origem tanto aos Templários, via Kilwinning 
(também de origem discutida) e aos antigos Caldeus, o que deve ser mais uma lenda. Instalou- 
se na França em 1743 e parece ter sido a fonte dos Altos Graus na França, sendo conhecido, 
também, por Rito de Perfeição, contendo 25 graus que foram adotados pelo Conselho dos 
Imperadores do Oriente e Ocidente.
64 O primeiro Rito a ser compilado foi o York, considerado o mais antigo de todos e o 
mais próximo dos Operativos.
65 O Ir.'. Assis Carvalho em seu “Companheiro Maçom”, A Trolha, pg. 190, afirma: 
“Muitos dos Altos Graus do Rito Escocês são de autoria do Ir.-. Tschoudy. Entre eles os Graus 
dos Eleitos, o Cavaleiro da Aguia Negra e mais alguns outros que não há razão para comenta- 
los aqui.” Inclusive: Cavaleiro da Palestina e da Aurora; Mestre Perfeito; Eleito dos Nove; 
Eleito de Pérignan; Aprendiz Escocês; Eleito dos Quinze; Companheiro Escocês; Mestre Es­
cocês; Cavaleiro do Oriente; e outros.
66 No qual faz ácida critica as invencionices incluídas nos Altos Graus de alguns ritos...
67 29° Grau Adonhiramita e do REAA.
68 Este último parece liga-lo aos Elus Cohen (e a corrente que deu origem ao Martinis- 
mo: a Rosacruz) e a escola de Willermoz, Saint Germain, Pasqually e outros tantos ocultistas 
famosos do mesmo período, com sede em Paris.
36 • Alexandre Magno Camargo
Sabe-se que o Barão era um filósofo, estudioso do ocultismo e místico 
proeminente, reconhecido e respeitado em diferentes meios, profanos ou ini- 
ciáticos; profundo conhecedor da ritualística de diversas Ordens, com fre- 
qüência era convidado a compor rituais para ritos maçônicos e de outras orga­
nizações. Era membro destacado do Conselho dos Imperadores do Oriente e 
do Ocidente69, surgido em 1758, o qual em certo tempo reuniu os maiores 
estudiosos da Maçonaria de então, e adotava o sistema de 25 graus do Rito de 
Heredon, provavelmente surgido em Lyon em 1743.'
O que os estudiosos mais criteriosos admitem, quase por unanimidade70, 
é que o Barão tenha dado a forma escrita definitiva ou que tenha consolidado 
um rito já em franca prática, mas não publicado, pois edições não faziam parte 
dos costumes da Maçonaria em seus primeiros anos71. Não é equivocado ad­
mitir que o Barão tenha criado diversos dos “Altos Graus”, ou pelo menos 
tenha depositado neles algo do seu amplo conhecimento histórico, filosófico e 
místico (ocultista). Até por que, isso é um fato histórico admitido em outros 
Ritos regularmente praticados ainda hoje!
Admitimos que o embrião do Rito Adonhiramita como hoje é conhecido, 
com os Altos Graus, esteja na criação do Soberano Conselho de Cavaleiros do 
Oriente, fundado em 22 de julho de 1762, contando com total e imediata acei­
tação, cujo líder foi o alfaiate Pirlet, que surgiu com o objetivo de resgatar a 
Maçonaria original ainda que tenha mantido em seu bojo um grupo de graus 
praticados pelo ramo mais antigo de Heredon. O Barão de Tschoudy, que a ele 
esteve associado desde há primeira hora foi, também, o redator dos graus ado­
tados, despidos de inovações ou adições consideradas não maçônicas.
Com a fundação da Grande Loja da França, em 1755, os Altos Graus 
passam a ser considerados regulares, e no ano seguinte é fundado o primeiro 
Capítulo considerado regular desses Altos Graus: o Capítulo dos Cavaleiros do 
Oriente, os quais se atribuíam o título de Príncipes Soberanos da Ordem. Como 
dissemos acima, em 1758 vem a luz o Conselho dos Imperadores do Oriente e
69 Alguns autores vinculam este conselho ao Capítulo de Clermont, supostamente fun­
dado pelo Chevalier de Boneville em 1754, que alegava ser a fiel continuação de uma suposta 
Loja fundada no Colégio de Clermont. De vida efêmera, é a ele atribuída a criação dos graus: 
Escocês de Santo André, Cavaleiro da Águia ou Mestre Seleto, Ilustre Cavaleiro ou Templário 
e Sublime Ilustre Cavaleiro.
70 Entre eles, meu primo, o Ir.-. Edson Nelson Ubaldo em seu artigo Breves Apontamen­
tos sobre a História do Rito Adonhiramita, O Prumo, n° 91 de 1993.
11 Produziam-se cópias manuscritas para uso das Lojas, cujos membros deviam decorar 
os rituais e catecismos de cada grau antes de receberem aumento de salário.
O Companheiro Adonhiramita • 37
do Ocidente, do qual Tschoudy também fazia parte, e para quem elaborou os 
rituais de diversos de seus graus, cujo rito se completava com 25 graus, origi­
nalmente. Mais tarde72, em 1801, um de seus ramos, nos USA, adiciona 8 graus, 
faz algumas adaptações e completa a série de 33, e toma-se conhecido como 
Rito Escocês Antigo e Aceito, desvinculado de qualquer outro sistema.
O sistema original, que agrupava os graus escoceses, de diversas ori­
gens, foi muito criticado inicialmente, inclusive por Tschoudy, que considera­
va alguns dos graus adotados pelo Conselho, como espúrios, não maçônicos e 
que, portanto, não deveríam ser agregados na escala de graus73. E foi justa­
mente essa discussão que deu origem ao Soberano Conselho de Cavaleiros do 
Oriente74, liderado pelo Ir/. Pirlet, contando com a participação de Tschoudy, 
que buscava o resgate histórico da Maçonaria, ainda que admitindo ter alguns 
de seus graus origem no Oriente, ao tempo das Cruzadas, entre as Ordens 
Cristãs de Cavalaria75, fonte ou motivação dos Altos Graus.
Existe uma certa discordância entre os graus Adonhiramitas e de outros 
ritos descendentes do Capítulo de Héredom devido ao fato histórico de que o 
Rito Adonhiramita - em que pesem as “reformas” nele realizadas em meados 
do século XX - foi instituído com o objetivo de resgatar a pura tradição maçô­
nica e cavalheiresca de origem cristã. Assim, nem todos os graus praticados 
pelo Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, criado em 1758 - e 
do qual o Ir/. Tschoudy foi um membro destacado e seu principal ritualista - 
foram admitidos pelo Soberano Conselho dos Cavaleiros do Oriente, criado 
em 1762 por Pirlet, Tschoudy e outros que discordavam do encaminhamento 
pouco ortodoxo do primeiro e dando, assim, origem ao Rito Adonhiramita 
completo, incluindo seus Altos Graus76, que surge como uma reação contra a 
descaracterização da Maçonaria original que estava se processando no Conse­
lho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, fonte principal do Rito Esco­
cês Antigo e Aceito.
72 Tschoudy abandonou o Conselho em 1762.
73 Inclusive os de Cavaleiro Noaquita e Rosacruz (que adaptou), além dos graus que 
buscavam algum tipo de vingança, sendo esta postura do Barão a razão de não aceitação do 
grau Noaquita pelos Adonhiramitas por cerca de 100 anos após o REAA já o ter incorporado. 
Essa opinião parece ter sido reformulada por Saint-Victor quando teria admitido que o Grau 
de Cavaleiro Rosacruz seria o “nec plus ultra” (o ápice e o término) de sistema Adonhiramita, 
o que ainda se discute.
74 Fonte final dos Altos Graus Adonhiramitas.
75 Desde o segundo grau consta esta afirmação.
76 Nem todos os Altos Graus foram implementados imediatamente.
38 9 Alexandre Magno Camargo
Perdão se me repito, mas desejo que o assunto fique bem claro.
Assim, como fonte essencial do Rito Adonhiramita, é na documentação 
do Soberano Conselho dos Cavaleiros do Oriente que devemos colher nossas 
informações, às quais não temos acesso ou por não terem sido publicadas, 
nem mesmo na França, seu berço, ou por terem se extraviado, não sabemos ao 
certo. O que nos leva a terreno inseguro, o que poderia ser evitado se oE.-.C.’.M.’.A.-. procurasse recuperar esses arquivos na França, publicando-os 
no Brasil. Nosso Am /. Ir.‘. João José Amorim nos informa que algumas precio­
sidades estão em fase de tradução e brevemente estarão disponíveis, Oxalá 
possam trazer mais luz para nosso entendimento.
A França, mãe do Rito Adonhiramita, interessada em praticá-lo nova­
mente, após alguns de seus próceres assistirem sua ritualística, conduzida por 
maçons do G.’.O.’.B /., o está recebendo do Excelso Conselho da Maçonaria 
Adonhiramita e do G/.O/.B.-. que, por sua vez, já enviaram exemplares de 
antigos documentos oriundos originalmente da própria França.
É certo que na Revolução Francesa77, inúmeros documentos foram per­
didos e a Maçonaria sofreu grave enfraquecimento naquele país, a despeito de 
alguns irmãos mal informados continuarem a divulgar a falsa notícia de ter 
sido a Maçonaria a mentora intelectual da Revolução Francesa78, contrariando 
seus princípios de tolerância, disciplina e fraternidade.
MAÇONARIA OPERATIVA - 02/02/1356 CORRENTES OCULTISTAS 
(Templáríos, Rosacruzes, Cabalistas, etc.)
MAÇONARIA ESPECULATIVA - 24/06/1717 RITO DE HEREDON - 1743 
(25 Graus de Perfeição)
MAÇONARIA NA FRANÇA - 1726
Loja Louis d’Argent fundada por
Carlos Radecliffe, Conde de Derwetwater
1755 A GRANDE LOJA DA FRANÇA 
REGULARIZA OS ALTOS GRAUS
RITO ADONHIRAMITA - 1740 ? SOBERANO CONSELHO DE CAVALEIROS 
DO ORIENTE - 22/06/1762
1758 - REVISÃO DOS RITOS NA FRANÇA 
Tem origem a Compilação do
Rito Adonhiramita, até então não escrito
? os Adonhiramitas adotam Altos Graus, 
que são compilados até o
12° = Cavaleiro Rosacruz
1781 - Publicação da Compilação
Preciosa da Maçonaria Adonhiramita 
até o 4° grau - em 1785 é publicado o 2° volume
1787 - Publicação da Compilação em 
dois volumes, incluindo os Altos Graus
77 1789 a 1799.
78 A tolerância do Grande Oriente da França levou o clero a acusar a Maçonaria de ser a 
mentora da Revolução.
O Companheiro Adonhiramita * 39
O RITO ADONHIRAMITA NO BRASIL
Apesar de a História do Rito Adonhiramita no Brasil79 ter sido abordada 
com profundidade pelo nosso A.-. Ir.-. José Daniel da Silva em seu “A Arte 
Real de Adon-Hiram-Abi”80, este volume ficaria incompleto sem apresentar­
mos um breve resumo sobre o assunto. Para os Ilr.-. que desejem um aprofun­
damento apropriado sobre o tema, sugerimos, como fruto da pesquisa séria de 
um Adonhiramita e não de articulistas de plantão, não simpatizantes do Ado­
nhiramismo (o que por si só já não é uma atitude maçônica), a leitura atenta da 
citada obra, também editada por A Gazeta Maçônica.
Como dissemos acima, o Adonhiramita foi o primeiro Rito Maçônico 
praticado no Brasil81 e a partir dele foram criadas nossas primeiras Potências82 
Maçônicas83, inclusive o Grande Oriente do Brasil84, e em suas Lojas prepa­
rou-se a Independência.
Com o tempo foi caindo em desuso inclusive na França e atualmente sua 
pratica está limitada ao Território Nacional Brasileiro, onde registrou um res­
surgimento em meados do século XX com a criação de novas Lojas prati­
cando este sistema maçônico, o que vem sendo incrementado, tratando-se do 
segundo rito mais praticado entre os brasileiros e o que mais cresce, prova­
velmente devido a sua mística e beleza ritualística. O Rito Adonhiramita no 
Brasil, teve duas origens: Portugal e França.
A despeito do enfraquecimento do Rito Adonhiramita na França, cujas 
lojas passaram a adotar o Rito Moderno (ou Francês), em Portugal o sistema 
continuava forte a ponto de sua primeira Potência ter sido formada pelo Rito 
Adonhiramita, dali migrando para o Brasil em maior contingente do que da
79 A Maçonaria começou no Brasil a partir de maçons iniciados em paises estrangeiros, 
ainda que vivendo dispersos e não ousando formar Lojas devido às perseguições comuns na 
época. No ano de 1800, seguhdo os “Anais da Maçonaria Fluminense”, cinco desses maçons 
formaram uma loja e começaram, em absoluto segredo, a iniciar pessoas que gozavam de 
crédito, instruídas e de bons costumes.
80 Parte do qual tive oportunidade de ler, antes da edição e em mãos de um Irmão do ECMA.
81 Como se verá adiante.
82 Inclusive a baiana que desapareceu em 1817.
83 Grande Oriente Brasiliano (também dito “Brasílico”), fundado em 17 de junho de 
1822 pelas Lojas Comércio e Artes, União e Tranquilidade e Esperança de Niterói, todas 
praticantes do Rito Adonhiramita, o único existente no Brasil até 1822, quando este primeiro 
GOB adotou o Rito Moderno que, por falta de rituais e instruções não foi corretamente prati­
cado inicialmente, pois muitos costumes Adonhiramitas permaneceram, inclusive o calendá­
rio, acabando por influenciar até o REEA que chegou somente no final da década.
84 Como se verá adiante.
40 • Alexandre Magno Camargo
França. Provavelmente, foram seus praticantes de corrente ou influência fran­
cesa que introduziram o Rito Moderno no Brasil.
Parece certo que nos anos que antecederam 1800 migraram para o Brasil 
alguns Maçons, e retomaram filhos da terra que foram estudar na Europa, 
onde passaram pela iniciação maçônica, fato que se estendeu ao longo dos 
primeiros anos de 1800, pelo menos.
Paira forte dúvida com relação à data de fundação da primeira Loja bra­
sileira, admitindo-se que tenha sido a Loja União, depois Reunião, em 1801, 
se bem que algumas fontes citem a Loja Cavaleiros da Luz como tendo sido 
fundada na Barra, Bahia, em julho de 179785, Adonhiramita, assunto contro­
verso pela carência de provas. O fato é que a Reunião surgiu sob influência 
majoritária de maçons portugueses que praticavam o Rito Adonhiramita86. A 
segunda Loja Adonhiramita, Firmeza e União87, nessa faze de retomo, é de 
1839 e nesse mesmo ano o GOB cria o Grande Colégio dos Ritos88, reorgani­
zado em 1842, reunindo os Altos Graus dos Ritos então praticados89, que em 
1855 adota a denominação de Sublime Grande Capítulo dos Ritos Azuis, re­
gulamentado em 1858 e que funcionou até 187490.
Compensa, nesse ponto, citar um resumo que fizemos de parte do “QUA­
DRO HISTÓRICO DA MAÇONARIA NO RIO DE JANEIRO EXTRAÍDO 
DOS ANAIS MAÇÔNICOS FLUMINENSES, PUBLICADOS EM 1832” o 
qual não apenas resumimos mas vertemos para linguagem mais atual:
A primeira loja se chamou União9', cresceu logo e nela se incorpo­
raram outros maçons92 que já estavam trabalhando, decidindo fazer uma
85 Afonso Rui, A Primeira Revolução Social Brasileira, Tipografia Beneditina, 1951, 
citado pelo Ir.-. Frederico Guilherme Costa, em seu livro Questões Controvertidas da Arte 
Real, Volume 4, A Trolha.
86 José Daniel da Silva, A Maçonaria Adonhiramita e o Escocismo, pg. 97/98 - Editora 
A Gazeta Maçônica, que cita “Annaes Maçônicos Fluminenses de 1832”, em que estes fatos 
são detalhadamente apresentados.
87 Ir/. Bartolomeu Martins dos Santos em seu artigo O Rito Adonhiramita, internet.
88 Alternativa que valorizava o GOB diante de seu rival que asilava o Supremo Conselho 
do REEA.
89 Adonhiramita e Moderno.
90 Ir/. José Daniel da Silva, A Arte Real de Adon-Hiram-Abi.
91 Reina grande controvérsia a respeito da primeira Loja Regular do Brasil. O texto mais 
citado é a narrativa do Barão do Rio Branco: “Efemérides Brasileiras”. Alguns autores situam o 
fato em 1800 e outros antes disso, como já mencionamos em nosso volume anterior: “Iniciação 
à Maçonaria Adonhiramita - Aprendiz”, editora A Gazeta Maçônica e no texto acima.
92 Certamente iniciados na Europa, como o foram muitos universitários e clérigos na 
França (Montpelier) e em Portugal (Coimbra).
O Companheiro Adonhiramita *41
só Loja para melhor se articularem, a qual denominaram Loja Reunião93. 
Os maçons fluminenses, que trabalhavam com regularidade no antigo 
rito dos doze graus94, receberam uma visita na época em que foi feita a paz 
de Amiens e entrou neste porto a corveta de guerra francesa Hydre, com 
destino a ilha de Bourbon; Mr. Laurent95 e mais alguns oficiais maçons, 
pediram para visitar a Loja e ficaram surpresos pelo zelo que se traba­
lhava diante de tantos perigos e aceitaram, contentes, o convite

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