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CURSO ON-LINE - DIREITO ADMINISTRATIVO (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ 
AFT 
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS 
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AULA 1 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Caros amigos, hoje iniciamos nossa primeira aula voltada pro concurso de 
AFT que se aproxima. Se surgir qualquer dúvida, não deixe de postá-la no 
fórum. Como tenho viajado muito, pelo menos uma vez por semana 
passarei lá para responder às questões postas. 
Bons estudos a todos!! Sucesso sempre!! 
Leandro Cadenas Prado 
 
1. CONCEITO 
 
O Direito Administrativo, como ramo autônomo da maneira como é visto 
atualmente, teve seu nascimento nos fins do século XVIII, com forte 
influência do direito francês, tido por inovador no trato das matérias 
correlatas à Administração Pública. 
Você vai perceber que, no que se refere a esse ramo do direito, a França é 
sempre citada, pela qualidade de suas leis administrativas, e pelas 
inovações a partir da revolução francesa. 
São muitos os conceitos do que vem a ser o Direito Administrativo. Em 
resumo, pode-se dizer que é o conjunto dos princípios jurídicos que 
tratam da Administração Pública, suas entidades, órgãos, agentes 
públicos, enfim, tudo o que diz respeito à maneira como se atingir as 
finalidades do Estado. Ou seja, tudo que se refere à Administração Pública e 
à relação entre ela e os administrados e seus servidores é regrado e 
estudado pelo Direito Administrativo. 
Guarde bem, o conceito é sempre bom ter em mente. 
O Direito Administrativo integra o ramo do Direito Público, cuja principal 
característica encontramos no fato de haver uma desigualdade jurídica 
entre cada uma das partes envolvidas. De um lado encontramos a 
Administração Pública, que defende os interesses coletivos; de outro, o 
particular. Havendo conflito entre tais interesses, haverá de prevalecer o da 
coletividade, representado pela Administração. Assim, esta se encontra 
num patamar superior ao particular, de forma diferente da vista no 
Direito Privado, onde as partes estão em igualdade de condições. Falou em 
Administração Pública, lembre que, em geral, está um degrau acima! 
Sabemos que a República Federativa do Brasil, nos termos da CF/88, é 
formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal (art. 1º). Em seu art. 2º, determina a divisão dos Poderes da União 
em três, seguindo a tradicional teoria de Montesquieu. Assim, são eles: o 
Legislativo, o Executivo e o Judiciário, independentes e harmônicos entre si. 
Cada um dos três Poderes tem sua atividade principal e outras secundárias. 
A título de ilustração, veja que ao Legislativo cabe, precipuamente, a função 
legiferante, ou seja, de produção de leis, em sentido amplo. Ao Judiciário, 
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cabe a função de dizer o direito ao caso concreto, pacificando a sociedade, 
em face da resolução dos conflitos. Por último, cabe ao Executivo a 
atividade administrativa do Estado, é dizer, a implementação do que 
determina a lei, atendendo às necessidades da população, com infra-
estrutura, saúde, educação, cultura, enfim, servir ao público. 
Então, o Direito Administrativo não regula apenas as atividades do Poder 
Executivo. 
Tal ramo do Direito regra todas as atividades administrativas do 
Estado, qualquer que seja o Poder que as exerce, ou o ente estatal a que 
pertença: se a atividade é administrativa, sujeita-se aos comandos 
do Direito Administrativo. 
Veja como todos os Poderes atuam também na esfera administrativa: 
O Judiciário, quando realiza um concurso público para preenchimento de 
suas vagas, segue as normas da Lei nº 8.112/90, se da esfera federal. O 
Senado Federal, quando promove uma licitação para aquisição de resmas 
de papel, por exemplo, seguirá a Lei nº 8.666/93, e assim por diante. 
Vemos, assim, que não só o Executivo se submete ao Direito 
Administrativo. Repita-se: cada Poder, cada ente, cada órgão, no 
desempenho de suas atribuições administrativas, está submetido às 
previsões desse ramo do Direito. 
O estudo do Direito Administrativo, no Brasil, torna-se um pouco penoso 
pela falta de um código, uma legislação consolidada que reúna todas as leis 
esparsas que tratam dessas matérias. Então, temos que lançar mão da 
doutrina e do estudo de cada uma das leis, bem assim da Constituição 
Federal, que são suas principais fontes. 
 
2. FONTES 
 
Diz-se fonte à origem, de onde provém algo. No caso específico em estudo, 
fonte é o lugar de onde emanam as regras do Direito Administrativo. 
Quatro são as principais fontes: 
I – lei; 
II – jurisprudência; 
III – doutrina; 
IV – costumes. 
Como fonte primária, principal, tem-se a lei, em seu sentido genérico (“lato 
sensu”), que inclui, além da Constituição Federal, as leis ordinárias, 
complementares, delegadas, medidas provisórias, atos normativos com 
força de lei, e alguns decretos-lei ainda vigentes no país etc. Em geral, é ela 
abstrata e impessoal. 
Mais adiante, veremos o princípio da legalidade, de suma importância no 
Direito Administrativo, quando ficará bem claro o porquê de a lei ser sua 
fonte primordial. 
As outras três fontes são ditas secundárias. 
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Chama-se jurisprudência o conjunto de decisões do Poder Judiciário na 
mesma linha, julgamentos no mesmo sentido. Então, pode-se tomar como 
parâmetro para decisões futuras, ainda que, em geral, essas decisões não 
obriguem a Administração quando não é parte na ação. Diz-se em geral, 
pois, na CF/88, há previsão de vinculação do Judiciário e do Executivo à 
decisão definitiva de mérito em Ação Declaratória de Constitucionalidade 
(art. 102, § 2º). 
Tendo em vista a previsão constitucional de edição de Súmulas Vinculantes, 
inserta na CF/88 pela EC nº 45/04, essa passou a ser mais uma fonte do 
Direito Administrativo, uma vez que terão “efeito vinculante em relação aos 
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e 
indireta”. 
É a seguinte a regra constitucional: 
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por 
provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, 
após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar 
súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá 
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder 
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas 
federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão 
ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a 
eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja 
controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a 
administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e 
relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. 
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a 
aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser 
provocada por aqueles que podem propor a ação direta de 
inconstitucionalidade. 
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a 
súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá 
reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a 
procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão 
judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou 
sem a aplicação da súmula, conforme o caso." 
A regulamentação veio através da Lei nº 11.417/2006. A seguir, destacam-
se trechos importantes, inclusive a alteração promovida por essa na Lei nº 
9.784/99, que certamente será objeto de questionamento em concursos 
próximos: 
Art. 7o Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar 
enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo 
indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, 
sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de 
impugnação. 
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§ 1o Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da 
reclamação só será admitido após esgotamento das vias 
administrativas. 
§ 2o Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal 
Federal anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial 
impugnada, determinando que outra seja proferida com ou sem 
aplicação da súmula, conforme o caso. 
Art. 8o O art. 56 da Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, passa 
a vigorar acrescido do seguinte § 3o: 
Art. 56. (...) 
§ 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa 
contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade 
prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, 
explicitar, antes de encaminhar o recurso à autoridade 
superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da 
súmula, conforme o caso. 
Art. 9o A Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, passa a vigorar 
acrescida dos seguintes arts. 64-A e 64-B: 
Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da 
súmula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso 
explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da 
súmula, conforme o caso. 
Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a 
reclamação fundada em violação de enunciado da súmula 
vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão 
competente para o julgamento do recurso, que deverão 
adequar as futuras decisões administrativas em casos 
semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas 
esferas cível, administrativa e penal. 
Sugiro a leitura atenta dessa Lei nº 11.417/2006, pois, como sabemos, 
novidades são assuntos prediletos dos examinadores, e esse assunto 
continua sendo muito cobrado!! 
A doutrina é a teoria desenvolvida pelos estudiosos do Direito, 
materializada em livros, artigos, pareceres, congressos etc. Assim como a 
jurisprudência, é fonte secundária e influencia no surgimento de novas leis 
e na solução de dúvidas no cotidiano administrativo, além de complementar 
a legislação existente, muitas vezes falha e de difícil interpretação. 
Por fim, os costumes hoje em dia têm pouca utilidade prática, em face do 
citado princípio da legalidade, que exige obediência dos administradores aos 
comandos legais. No entanto, em algumas situações concretas, os costumes 
da repartição podem influir de alguma forma nas ações estatais, inclusive 
ajudando a produção de novas normas. Diz-se costume à reiteração 
uniforme de determinado comportamento, que é visto como exigência legal. 
 
3. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO 
 
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Ao conjunto de regras que disciplinam determinado instituto dá-se o nome 
de regime jurídico. 
As expressões regime jurídico da Administração Pública e regime jurídico 
administrativo não se confundem. 
Note a diferenciação que faz a ilustre professora Di Pietro1: 
A expressão regime jurídico da Administração Pública é 
utilizada para designar, em sentido amplo, os regimes de direito 
público e de direito privado a que pode submeter-se a 
Administração Pública. Já a expressão regime jurídico 
administrativo é reservada tão-somente para abranger o 
conjunto de traços, de conotações, que tipificam o Direito 
Administrativo,colocando a Administração Pública numa posição 
privilegiada, vertical, na relação jurídico-administrativa. 
Em se tratando de regime jurídico administrativo, importam as normas que 
buscam atender aos interesses públicos. Refere-se ao conjunto das 
regras que visam a esse fim, ou seja, é um conjunto de prerrogativas e 
sujeições próprios da atividade pública. 
Normalmente, para atingir tais objetivos, as normas jurídico-administrativas 
concedem uma posição estatal privilegiada, ou seja, como já dito, o Estado 
localiza-se num patamar de superioridade em relação ao particular, 
justamente por defender o interesse de toda uma coletividade. 
Dessa forma, surgem os dois princípios basilares do Direito Administrativo: 
supremacia do interesse público sobre o particular e 
indisponibilidade do interesse público, tratados adiante. 
No entanto, ainda que a importância do Direito Administrativo seja patente, 
as controvérsias em matéria administrativa decididas pelo órgão executor 
não fazem coisa julgada material2, cabendo ao Judiciário essa incumbência. 
Então, algum pedido que seja dirigido à Administração Pública e por ela 
negado, pode ser revisto, como regra geral, pelo Judiciário (CF, art. 5º, 
XXXV). Veremos adiante que, quanto ao mérito administrativo, o Judiciário 
nada pode fazer. 
Então, no Brasil, cabe somente ao Poder Judiciário dizer o Direito (“juris 
dicere”), de forma definitiva, no caso concreto. 
 
1 Direito Administrativo. 16ª Ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 64. 
2 Coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI): consiste na decisão judicial definitiva, da qual não é 
possível mais se recorrer – quer porque intempestivo o recurso, quer em virtude de 
impossibilidade processual – e que modifica a vontade e a atividade das partes litigantes, 
impondo-lhes a decisão judicial pacificadora do conflito. 
Há dois tipos de coisa julgada, a saber: 
I – material: enfrenta o mérito, dando definitividade à decisão, que não mais poderá ser 
alterada. Tampouco poderá ser proposta nova ação com as mesmas partes e com mesmo 
conteúdo; 
II – formal: termina o processo sem decidir o mérito, por alguma irregularidade processual, 
como falta de pagamento das custas, irregularidade na representação, falta de alguma das 
condições da ação etc. Nesse caso, como não houve apreciação do mérito, basta que o autor 
corrija as falhas e promova outra ação. 
Diz o art. 467 do Código de Processo Civil: “Denomina-se coisa julgada material a eficácia, 
que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou 
extraordinário”. 
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Isso não afasta a possibilidade de se recorrer administrativamente de 
qualquer lesão ou ameaça a direto. Porém, as decisões nessa instância, 
repita-se, estarão sujeitas ao crivo do Judiciário. 
Para alguns, à decisão definitiva, na esfera administrativa, dá-se o nome de 
coisa julgada administrativa, embora parte significativa da doutrina não 
reconheça sua existência. Nesses termos, como se viu, a “coisa julgada” 
que representa uma decisão definitiva só existe se proferida pelo Poder 
Judiciário. Então, diante de uma coisa julgada administrativa, 
respeitados os demais requisitos da ação, pode-se acionar o Judiciário para 
que a mesma seja revista. Com isso, ressalte-se que uma decisão na esfera 
administrativa, que não pode mais ser revista, pode ser dita coisa julgada 
administrativa, sem olvidar que o Judiciário a ela não se vincula, exceto 
em se tratando exclusivamente de mérito administrativo, visto adiante. 
Como citado, há quem defenda que só existe uma coisa julgada, e esta é 
exclusiva do Poder judiciário. Para estes, a rigor, não existe coisa a “julgada 
administrativa”, mas sim mera preclusão no âmbito administrativo, é dizer, 
uma vez ocorrida esta, impossível será a revisão pela Administração. 
Repita-se uma vez mais: coisa julgada administrativa é a decisão 
definitiva no âmbito administrativo, da qual não cabe mais recurso, 
tornando-se irretratável pela Administração Pública3. 
Aqui cabe uma importante distinção, destacando a diferença entre unicidade 
e dualidade de jurisdição. 
A Jurisdição é una, como no Brasil, quando apenas a um órgão se 
defere a competência de dizer o Direito de forma definitiva, é dizer, 
fazendo coisa julgada material (CF, art. 5º, XXXVI). 
De outro lado, diz-se que é dual quando há previsão de que dois 
órgãos se manifestem de forma definitiva sobre o Direito, cada qual 
com suas competências próprias. Ocorre tal dualidade na França, onde as 
decisões em matéria administrativa fazem coisa julgada material, enquanto 
que cabe ao Judiciário manifestar-se sobre os demais assuntos. Assim, na 
França, uma decisão administrativa não pode ser revista pelo Judiciário. 
Como já se disse, o Direito Administrativo pátrio tem forte influência do 
Direito francês, sendo que a principal diferença entre ambos os sistemas 
está justamente na dita natureza judicante da decisão do contencioso 
administrativo francês. 
Apenas para clarear, não se confundam os conceitos de dualidade de 
jurisdição e duplo grau de jurisdição. Este refere-se à possibilidade de 
recorrer da decisão de primeira instância, para que seja novamente 
analisado o caso por outra superior, dentro do Judiciário. Guarde isso, 
costuma ser cobrado em concursos! 
Portanto, se um caso está pendente de solução na esfera administrativa, e 
inicia-se ação (perante o Judiciário) tratando do mesmo tema, a decisão 
administrativa fica prejudicada, posto que sempre valerá a judicial. Assim, o 
processo administrativo será arquivado sem decisão de mérito. 
 
3 STF, RE 144.996/SP, relator Ministro Moreira Alves, publicação DJ 12/09/1997: A coisa 
julgada a que se refere o artigo 5º, XXXVI, da Carta Magna é, como conceitua o § 3º do 
artigo 6º da Lei de Introdução ao Código Civil, a decisão judicial de que já não caiba recurso, 
e não a denominada coisa julgada administrativa. 
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A eleição da via administrativa ou judicial é opção do interessado. Porém, 
uma vez acionado o Judiciário, não caberá mais a primeira via, pois a 
decisão judicial sempre prevalecerá sobre a administrativa. No entanto, 
nada impede que, após esgotadas todas as instâncias administrativas, o 
interessado se socorra do Judiciário, pois, repita-se, no Brasil, a jurisdição é 
una. 
Só para citar, a instância administrativa tem várias peculiaridades 
interessantes para os administrados, como a informalidade do processo, 
celeridade, gratuidade,possibilidade de revisão de ofício e muitas outras, 
que acabam por incentivar o seu uso, desafogando um pouco o Poder 
Judiciário. 
Sobre o tema em questão, veja a notícia divulgada recentemente no 
Informativo 476 do STF: 
Processo Fiscal: Utilização Simultânea das Vias 
Administrativa e Judicial 
Nesta assentada, o Min. Sepúlveda Pertence, em voto-vista, 
acompanhou a divergência, no sentido de negar provimento ao 
recurso. Asseverou que a presunção de renúncia ao poder de 
recorrer ou de desistência do recurso na esfera 
administrativa não implica afronta à garantia 
constitucional da jurisdição, uma vez que o efeito coercivo que 
o dispositivo questionado possa conter apenas se efetiva se e 
quando o contribuinte previa o acolhimento de sua pretensão na 
esfera administrativa. Assim, somente haverá receio de provocar 
o Judiciário e ter extinto o processo administrativo, se este se 
mostrar mais eficiente que aquele. Neste caso, se houver uma 
solução administrativa imprevista ou contrária a seus interesses, 
ainda aí estará resguardado o direito de provocar o Judiciário. Por 
outro lado, na situação inversa, se o contribuinte não esperar 
resultado positivo do processo administrativo, não hesitará 
em provocar o Judiciário tão logo possa, e já não se 
interessará mais pelo que se vier a decidir na esfera 
administrativa, salvo no caso de eventual sucumbência 
jurisdicional. Afastou, também, a alegada ofensa ao direito de 
petição, uma vez que este já teria sido exercido pelo contribuinte, 
tanto que haveria um processo administrativo em curso. Concluiu 
que o dispositivo atacado encerra preceito de economia 
processual que rege tanto o processo judicial quanto o 
administrativo. Por fim, registrou que já se admitia, no campo do 
processo civil, que a prática de atos incompatíveis com a vontade 
de recorrer implica renúncia a esse direito de recorrer ou prejuízo 
do recurso interposto, a teor do que dispõe o art. 503, caput, e 
parágrafo único, do CPC, nunca tendo se levantado qualquer 
dúvida acerca da constitucionalidade dessas normas. Vencidos os 
Ministros Marco Aurélio, relator, e Carlos Britto que davam 
provimento ao recurso para declarar a inconstitucionalidade do 
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dispositivo em análise, por vislumbrarem ofensa ao direito de 
livre acesso ao Judiciário e ao direito de petição. 4 
(grifou-se) 
 
4. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Os princípios devem ser compreendidos bem, tendo em vista que sempre 
podem te ajudar na hora de resolver uma questão de prova. Dê bastante 
atenção a eles! 
São o início de tudo, proposições anteriores e superiores às normas, que 
traçam vetores direcionais para os atos do legislador, do administrador e do 
aplicador da lei ao caso concreto. 
Constituem o fundamento, o alicerce, a base de um sistema, 
condicionando as estruturas subseqüentes e garantindo-lhes 
validade. 
Importante notar que os princípios não necessitam estar presentes na 
legislação, tendo validade e operando efeitos independentemente de 
positivação5. Se presentes na lei, diz-se que são normas principiológicas. 
São de observância obrigatória, sendo mais grave transgredi-los que a 
uma norma, pois a sua violação implica em ofensa a todo sistema de 
comandos. Importância especial têm os princípios constitucionais, pois, 
segundo o STJ, “hodiernamente, inviabiliza-se a aplicação da legislação 
infraconstitucional impermeável aos princípios constitucionais, dentre os 
quais sobressai o da dignidade da pessoa humana, que é um dos 
fundamentos da República, por isso que inaugura o texto constitucional, que 
revela o nosso ideário como nação” 6. 
Ressalte-se que não existe hierarquia entre os princípios. Cada um tem 
a sua importância e, como são “mandamentos de otimização”, devem ser 
aplicados “na maior medida possível”. Na aplicação de princípios, caso a 
caso, é que se acaba, indiretamente, dando mais valor a um ou a outro, 
mas isso não significa que exista tal hierarquia. Um princípio que não seja 
usado em um determinado caso pode ser o mais importante em outro. 
Importa analisar o conjunto deles no caso concreto, aplicando cada um com 
maior ou menor intensidade, sem aniquilar totalmente um em benefício de 
outro. 
Veja-se uma passagem em julgado do STF7 sobre a questão, cujo voto, que 
acompanhou o relator, foi emitido pelo Ministro Celso de Mello: 
(...) entendo que a superação dos antagonismos existentes entre 
princípios constitucionais há de resultar da utilização, pelo 
Supremo Tribunal Federal, de critérios que lhe permitam ponderar 
e avaliar, “hic et nunc”, em função de determinado contexto e sob 
 
4 STF, RE 233.582/RJ, relator para o acórdão Ministro Joaquim Barbosa, publicação DJ 
11/09/2007. 
5 Direito Positivo é o conjunto de normas jurídicas, escritas ou não, vigentes num certo 
território, a um certo tempo. 
6 STJ, RESP 684.442/RS, relator Ministro José Delgado, publicação DJ 05/09/2005. 
7 STF, Inq. 1.957/PR, relator Ministro Carlos Velloso, publicação DJ 11/11/2005. 
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uma perspectiva axiológica concreta, qual deva ser o direito a 
preponderar no caso, considerada a situação de conflito 
ocorrente, desde que, no entanto, a utilização do método da 
ponderação de bens e interesses não importe em esvaziamento 
do conteúdo essencial dos direitos fundamentais, tal como 
adverte o magistério da doutrina (...). 
Vamos a cada um dos mais cobrados em concursos. 
 
4.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
Como o próprio nome sugere, esse princípio diz respeito à obediência à lei. 
Encontramos muitas variantes dele expressas na nossa Constituição. 
Aproveitando, vamos relembrar alguns, para que fique bem clara a 
incidência do princípio da legalidade específico no Direito Administrativo, 
que é nosso foco atual. 
Assim, o mais importante é o dito princípio genérico, que vale para todos. 
É encontrado no inc. II do art. 5º, que diz que “ninguém será obrigado a 
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. 
Vemos então que existe relativa liberdade do povo, que pode fazer de 
tudo, menos o que a lei proíbe. 
Vamos ver outros dois exemplos constitucionais. 
O primeiro é o que orienta o Direito Penal, e está no mesmo art. 5º, em seu 
inciso XXXIX. O constituinte originário estabeleceu que determinada 
conduta somente será considerada criminosa, se prevista em lei. 
Em outro ramo, no Direito Tributário, a CF/88, em seu art. 150, I, também 
estabeleceu a observância obrigatória do princípio aqui estudado. Aqui diz 
quesomente poderá ser cobrado ou majorado tributo através de lei. 
Agora, o que nos interessa: no Direito Administrativo, tal princípio 
determina que, em qualquer atividade, a Administração Pública está 
estritamente vinculada à lei. Assim, se não houver previsão legal, nada 
pode ser feito. 
A diferença entre o princípio genérico e o específico do Direito 
Administrativo tem que ficar bem clara na hora da prova. Naquele, a 
pessoa pode fazer de tudo, exceto o que a lei proíbe. Neste, a 
Administração Pública só pode fazer o que a lei autoriza, estando 
engessada, na ausência de tal previsão. Seus atos têm que estar sempre 
pautados na legislação. 
Repare na importância que a legislação tem na vida do Estado. É ela quem 
estabelece como um juiz deve conduzir um processo ou proferir uma 
sentença; ou então o trâmite de um projeto de lei no legislativo ou a 
fiscalização das contas presidenciais pelo TCU; ou ainda as regras para 
aquisição de materiais de consumo pelas repartições... tudo tem que estar 
normatizado, e cada um dos agentes públicos estará adstrito ao que a lei 
determina. Então, é expressão do princípio da legalidade a permissão para a 
prática de atos administrativos que sejam expressamente autorizados pela 
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lei, ainda que mediante simples atribuição de competência, pois esta 
também advém da lei. 
Segundo o STF8, “a Administração Pública submete-se, nos atos praticados, 
e pouco importando a natureza destes, ao princípio da legalidade”. 
 
4.2 PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE 
 
Qualquer agente público, seja ele eleito, concursado, indicado etc, está 
ocupando seu posto para servir aos interesses do povo. Assim, seus atos 
obrigatoriamente deverão ter como finalidade o interesse público, e 
não próprio ou de um conjunto pequeno de pessoas amigas. Ou seja, deve 
ser impessoal. 
Se o administrador decide construir ou asfaltar uma determinada rua, deve 
fazê-lo para beneficiar o conjunto da população, não porque a rua passa em 
frente a um terreno seu ou de algum correligionário. Nesta situação, 
teríamos um ato pessoal, praticado com desvio de finalidade. Lembre-se 
que o administrador é um mero representante temporário dos interesses do 
povo, e não pode se desvirtuar desse fim. No caso em análise, confunde-se 
com o princípio da finalidade, que é uma espécie da impessoalidade, por 
vezes sendo considerados como sinônimos. 
Segundo o STF 
É dever da Administração Pública perseguir a satisfação da 
finalidade legal. O pleno cumprimento da norma jurídica constitui 
o núcleo do ato administrativo. Dever jurídico da Administração 
Pública de atingir, da maneira mais eficaz possível, o interesse 
público identificado na norma.9 
Outra vertente do princípio aqui comentado é a que prevê que os 
atos não serão imputados a quem os pratica, mas sim à entidade à 
qual está vinculado. No caso de um AFRF lavrar um Auto de Infração 
contra determinada pessoa jurídica pelo não pagamento de tributo devido, 
não é ele que estará exigindo o tributo, mas sim a Secretaria da Receita 
Federal, em face da lei que assim estipula. O AFRF é mera materialização 
do ente SRF. Como é ela quem autua, qualquer outro AFRF poderá rever de 
ofício ou manter a cobrança, ainda que aquele autor do Auto de Infração 
tenha sido desligado dos quadros da SRF. 
No exemplo anterior, a rua não foi feita pelo prefeito, mas sim pela 
Prefeitura. O prefeito não passa de um representante temporário da 
Prefeitura. 
Segundo a Corte Suprema10, é constitucional previsão legal que vede ao 
Estado e aos Municípios atribuir nome de pessoa viva a avenida, praça, rua, 
logradouro, ponte, reservatório de água, viaduto, praça de esporte, 
biblioteca, hospital, maternidade, edifício público, auditórios, cidades e salas 
de aula, já que compatível com este princípio da impessoalidade. 
 
8 STF, RE 359.444/RJ, relator Ministro Carlos Velloso, publicação DJ 28/05/2004. 
9 STF, RE 403.205/RS, relatora Ministra Ellen Gracie, publicação DJ 19/05/2006. 
10 STF, ADI 307/CE, relator Ministro Eros Grau, julgamento em 13/02/2008, noticiado no 
Informativo 494. 
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Por fim, segundo leciona Celso A. Bandeira de Mello, impessoalidade 
também se relaciona diretamente com o princípio da isonomia. Repita-
se: o tratamento deve ser impessoal, o mesmo para todos, de forma 
isonômica. 
Veja o que diz o art. 37, §1º, da CF/88, que representa a garantia de 
observância desse princípio: 
A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas 
dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou 
de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos 
ou imagens que caracterizem promoção pessoal de 
autoridades ou servidores públicos. 
Importante: violar o mencionado parágrafo não é violar o princípio da 
publicidade, mas sim outros, como impessoalidade, moralidade etc. 
Assim decidiu o STF11: 
Publicidade de atos governamentais. Princípio da impessoalidade. 
Art. 37, parágrafo 1º, da Constituição Federal. O caput e o 
parágrafo 1º do artigo 37 da Constituição Federal impedem que 
haja qualquer tipo de identificação entre a publicidade e os 
titulares dos cargos alcançando os partidos políticos a que 
pertençam. O rigor do dispositivo constitucional que assegura o 
princípio da impessoalidade vincula a publicidade ao caráter 
educativo, informativo ou de orientação social é incompatível com 
a menção de nomes, símbolos ou imagens, aí incluídos slogans, 
que caracterizem promoção pessoal ou de servidores públicos. A 
possibilidade de vinculação do conteúdo da divulgação com o 
partido político a que pertença o titular do cargo público mancha 
o princípio da impessoalidade e desnatura o caráter educativo, 
informativo ou de orientação que constam do comando posto pelo 
constituinte dos oitenta. 
Observe também a Lei 9.784/99, que, em seu art. 2º, parágrafo único, inc. 
III, determina que, nos processos administrativos, serão observados os 
critérios de objetividade no atendimento do interesse público, vedada a 
promoção pessoal de agentes ou autoridades. 
 
4.3 PRINCÍPIO DA MORALIDADE 
 
Os romanos já diziam que “non omne quod licet honestum est” (nem tudo o 
que é legal é honesto). 
Obedecendo à moralidade, deve o administrador, além de seguir o que a lei 
determina, pautar sua conduta na moral, fazendo o que for melhor e mais 
útil ao interesse público. Tem que separar, além do bem do mal, legal do 
ilegal, justo do injusto, conveniente do inconveniente, também o honesto 
do desonesto. Éa moral interna da instituição, que condiciona o exercício 
de qualquer dos poderes, mesmo o discricionário. 
 
11 STF, RE 191.668/RS, relator Ministro Menezes Direito, publicação DJ 30/05/2008, 
noticiado nos Informativos 502 e 508. 
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“A moralidade administrativa não só um dever do agente público, mas um 
direito do cidadão.” Essa a afirmação do Ministro José Delgado do STJ, no 
REsp 579.541/SP12, onde se discutia a contratação para publicação de atos 
municipais de jornal do qual o prefeito era o diretor. Em seu voto, assim se 
manifestou o Ministro: 
Não satisfaz às aspirações da Nação a atuação do Estado de 
modo compatível só com a mera ordem legal. Exige-se muito 
mais. 
O cumprimento da moralidade, além de se constituir um dever do 
administrador, apresenta-se como um direito subjetivo de cada 
administrado. 
 
O princípio da moralidade administrativa não deve acolher 
posicionamentos doutrinários que limitem a sua extensão. Assim, 
imoral é o ato administrativo que não respeita o conjunto de 
solenidades indispensáveis para a sua exteriorização; quando 
foge da oportunidade ou da conveniência de natureza pública; 
quando abusa no seu proceder e fere direitos subjetivos públicos 
ou privados; quando a ação é maliciosa, imprudente, mesmo que 
somente no futuro uma dessas feições se torne visível. A razão de 
tão larga expressividade do princípio da moralidade no texto da 
Carta Magna é reflexo do constrangimento vivido pela sociedade 
brasileira em ser testemunha de desmandos administrativos 
praticados no trato da coisa pública, sem que se apresentasse, no 
ordenamento jurídico, qualquer perspectiva de controle eficaz e 
de determinação de responsabilidade. 
O bem administrar se constitui numa atuação conjuntural que 
produza, eficazmente, condições para que o fim a que se destina 
o Estado seja atingido. Por isso, torna-se claro que bem comum e 
moralidade administrativa são ideais que jamais podem ser 
objetivados de modo total em um simples regramento de direito 
positivo. Eles se caracterizam e se tornam visivelmente presentes 
através das ações concretas do agente público quando se 
apresentam totalmente desprovidas de qualquer desvio ou abuso 
de poder. A violação do princípio da moralidade administrativa 
implica tornar inválido e censurável o ato praticado com apoio na 
norma, mesmo que não exista qualquer dispositivo normativo 
expresso dizendo a respeito. 
Anoto outro exemplo dado pela doutrina: determinado prefeito, após ter 
sido derrotado no pleito municipal, às vésperas do encerramento do 
mandato, congela o Imposto Territorial Urbano, com a intenção de reduzir 
as receitas e inviabilizar a administração seguinte. Ainda que tenha agido 
conforme a lei, agiu com inobservância da moralidade administrativa. 
Nossa Carta Magna faz menção em diversas oportunidades à moralidade. 
Uma delas, prevista no art. 5º, LXXIII, trata da ação popular contra ato 
lesivo à moralidade administrativa. Em outra, o constituinte determinou a 
punição mais rigorosa da imoralidade qualificada pela improbidade (art. 37, 
 
12 STJ, RESP 579.514/SP, relator Ministro José Delgado, publicação DJ 19/04/2004. 
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§ 4º). Há ainda o art. 14, § 9º, onde se visa proteger a probidade e 
moralidade no exercício de mandato, e o art. 85, V, CF/88, que considera a 
improbidade administrativa como crime de responsabilidade. 
Veja exemplos concretos em julgados do STJ, estendendo, inclusive, à 
Administração Indireta a atenção a esse princípio: 
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS 
NÃO SINGULARES. ATIVIDADE MEIO. LICITAÇÃO. 
OBRIGATORIEDADE. (...) 3. Malgrado sejam regidas pelo direito 
privado, as sociedades de economia mista, ainda que explorem 
atividade econômica, integram a administração pública estando 
jungidas aos princípios norteadores da atuação do Poder Público, 
notadamente a impessoalidade e a moralidade. 4. Recurso 
especial provido.13 
ADMINISTRATIVO. AÇÃO POPULAR. PROCEDIMENTO 
LICITATÓRIO. DESOBEDIÊNCIA AOS DITAMES LEGAIS. (...) 
DESVIRTUAMENTO DO PRINCÍPIO DA IGUALDADE ENTRE OS 
LICITANTES. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E 
MORALIDADE ADMINISTRATIVAS. LESÃO AO ERÁRIO PÚBLICO 
CONFIGURADA. NULIDADE. 1. O que deve inspirar o 
administrador público é a vontade de fazer justiça para os 
cidadãos sendo eficiente para com a própria administração, e não 
o de beneficiar-se. O cumprimento do princípio da moralidade, 
além de se constituir um dever do administrador, apresenta-se 
como um direito subjetivo de cada administrado. Não satisfaz às 
aspirações da Nação a atuação do Estado de modo compatível 
apenas com a mera ordem legal, exige-se muito mais: necessário 
se torna que a administração da coisa pública obedeça a 
determinados princípios que conduzam à valorização da dignidade 
humana, ao respeito à cidadania e à construção de uma 
sociedade justa e solidária. 2. A elevação da dignidade do 
princípio da moralidade administrativa a nível constitucional, 
embora desnecessária, porque no fundo o Estado possui uma só 
personalidade, que é a moral, consubstancia uma conquista da 
Nação que, incessantemente, por todos os seus segmentos, 
estava a exigir uma providência mais eficaz contra a prática de 
atos administrativos violadores desse princípio. 3. A ação popular 
protege interesses não só de ordem patrimonial como, também, 
de ordem moral e cívica. O móvel, pois, da ação popular não é 
apenas restabelecer a legalidade, mas também punir ou reprimir 
a imoralidade administrativa. Nesse duplo fim vemos a virtude 
desse singular meio jurisdicional, de evidente valor educativo 
(Rafael Bielsa, “A Ação Popular e o Poder Discricionário da 
Administração”, RDA 38/40).14 
CONCURSO PARA SERVENTIA. TÍTULOS. DEFINIÇÃO. DATA 
LIMITE. NATUREZA DOS TRABALHOS JURÍDICOS PUBLICADOS. 
ESCLARECIMENTO POSTERIOR À PUBLICAÇÃO DO EDITAL E 
APRESENTAÇÃO PELOS CANDIDATOS. Não tendo o edital do 
 
13 STJ, RESP 80.061/PR, relator Ministro Castro Meira, publicação DJ 11/10/2004. 
14 STJ, RESP 579.541/SP, relator Ministro José Delgado, publicação DJ 19/04/2004. 
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certame definido claramente a data limite para entrega dos 
títulos, bem como a natureza dos trabalhos jurídicos publicados 
para fins de pontuação, não poderia a Comissão do Concurso, 
posteriormente à publicação do edital e após a entrega dos 
títulos, alterar ou modificar os critérios do concurso, por ofender 
os princípios da moralidade administrativa e impessoalidade. 
Precedentes. Recurso provido.15 
Ainda com base no princípio em comento, veda-se o nepotismo16, no seu 
sentido de favoritismo para com parentes, seja para o exercício de cargo 
público sem concurso, seja para contratação sem licitação. 
Citem-se, para exemplificar, duas previsões legais: 
Lei nº 8112/90, art. 117. Ao servidor é proibido: (...) VIII – 
manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de 
confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau 
civil. 
Lei nº 11.416/2006, art. 6o No âmbito da jurisdição de cada 
tribunal ou juízo é vedada a nomeação ou designação, para os 
cargos em comissão e funções comissionadas, de cônjuge, 
companheiro, parente ou afim, em linha reta ou colateral, até o 
terceiro grau, inclusive, dos respectivos membros e juízes 
vinculados, salvo a de ocupante de cargo de provimento efetivo 
das Carreiras dos Quadros de Pessoal do Poder Judiciário, caso 
em que a vedação é restrita à nomeação ou designação para 
servir perante o magistrado determinante da incompatibilidade. 
Naturalmente que, se o parente foi aprovado em regular concurso ou 
venceu legalmente uma licitação, não há afronta à moralidade. 
Nessa linha, declarou o STF17 a constitucionalidade da Resolução nº 0718, de 
18/10/2005, do CNJ, culminando por editar, em 21/08/2008, a Súmula 
Vinculante nº 13, com o seguinte teor: 
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, 
colateral ou por afinidade, até 3º grau, inclusive da autoridade 
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em 
 
15 STJ, RMS 18.420/MG, relator Ministro Felix Fischer, publicação DJ 29/11/2004. 
16 A prática é antiga. Veja o trecho final da Carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao Rei de 
Portugal, D. Manuel, tida por muitos como a “certidão de nascimento” do Brasil, onde o 
próprio pede emprego para seu genro: “E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo 
que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de 
mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de 
São Tomé a Jorge de Osório, meu genro — o que d´Ela receberei em muita mercê. Beijo as 
mãos de Vossa Alteza. Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, 
primeiro dia de maio de 1500. Pero Vaz de Caminha.” 
17 STF, ADC 12/DF, relator Ministro Carlos Britto, publicação DJ 18/12/2009. Excertos do 
Informativo 516, ADC 12/DF: A vedação ao nepotismo constante da Resolução CNJ 7/2005 
“está em sintonia com os princípios constantes do art. 37, em especial os da impessoalidade, 
da eficiência, da igualdade e da moralidade, que são dotados de eficácia imediata, não 
havendo que se falar em ofensa à liberdade de nomeação e exoneração dos cargos em 
comissão e funções de confiança, visto que as restrições por ela impostas são as mesmas 
previstas na CF, as quais, extraídas dos citados princípios, vedam a prática do nepotismo”. 
18 Disciplina o exercício de cargos, empregos e funções por parentes, cônjuges e 
companheiros de magistrados e de servidores investidos em cargos de direção e 
assessoramento, no âmbito dos órgãos do Poder Judiciário e dá outras providências. 
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cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de 
cargo em comissão ou de confiança ou ainda de função 
gratificada da administração pública direta, indireta em qualquer 
dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
municípios, compreendido o ajuste mediante designações 
recíprocas, viola a Constituição Federal. 
Note que o STF declarou ferir a Constituição “a nomeação de cônjuge, 
companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até 3º 
grau”, enquanto que o Estatuto Federal retro citado (Lei nº 8112/90, art. 
117, VIII) proíbe, em seu texto, até o segundo grau civil. Com isso, os 
parentes atingidos pela súmula, exemplificando no gênero masculino, são: 
pai, filho, tio, sobrinho, cunhado, avô, neto, sogro, genro, bisavô e bisneto. 
Mas não são todos os cargos que se sujeitam à vedação citada. A propósito, 
note que cargos políticos são de livre nomeação, ainda que seja o nomeado 
parente próximo, em face de suas características. Veja como decidiu o 
STF19: 
NEPOTISMO. SÚMULA VINCULANTE Nº 13. INAPLICABILIDADE AO 
CASO. CARGO DE NATUREZA POLÍTICA. AGENTE POLÍTICO. 
Impossibilidade de submissão do reclamante, Secretário Estadual 
de Transporte, agente político, às hipóteses expressamente 
elencadas na Súmula Vinculante nº 13, por se tratar de cargo de 
natureza política. 
Por fim, cite-se ainda a promulgação da Lei nº 8.429/92, que trata da 
probidade na administração pública, com base constitucional no art. 37, § 
4º: 
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a 
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a 
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário20, na forma 
e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 
Citada lei alcança os atos de improbidade praticados por qualquer agente 
público, seja servidor estatutário ocupante de cargo efetivo ou não. Assim 
foi redigido o art. 1º: 
Art. 1º Os atos de improbidade praticados por qualquer 
agente público, servidor ou não, contra a administração 
direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de 
Território, de empresa incorporada ao patrimônio público 
ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja 
concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do 
patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma 
desta lei. 
No parágrafo único deste artigo a lei prevê mais duas alternativas que se 
 
19 STF, Rcl 6.650 MC-AgR/PR, relator Ministro Cezar Peluso, DJ 21/11/2008, Informativos 
524 e 529. Excertos do Informativo 524: A nomeação de parentes para cargos políticos não 
implica ofensa aos princípios que regem a Administração Pública, em face de sua natureza 
eminentemente política, e que, nos termos da Súmula Vinculante 13, as nomeações para 
cargos políticos não estão compreendidas nas hipóteses nela elencadas. 
20 =Cofres públicos. 
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destacam: 
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei 
os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de 
entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, 
fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas 
para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou 
concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio 
ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção 
patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres 
públicos. 
Para os fins desta Lei, o art. 2º cuidou de discriminar quem é considerado 
agente público, estendendo suas disposições também para não-agentes 
públicos: 
Art. 2º Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo 
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem 
remuneração, por eleição, nomeação, designação, 
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou 
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades 
mencionadas no artigo anterior. 
Art. 3º As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, 
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou 
concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se 
beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. 
Destaque-se, ainda, a determinação para que sejam obedecidos os 
princípios citados: 
Art. 4º Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são 
obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no 
trato dos assuntos que lhe são afetos. 
Ressalte-se que esses são os mesmos quatro princípios constantes da 
redação original do caput do art. 37 da Constituição. No entanto, convém 
relembrar que o princípio da eficiência, visto a seguir, foi nele inserido pela 
Emenda Constitucional nº 19, de 1998. 
 
4.4 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE 
 
É este mais um vetor da Administração Pública, e diz respeito à obrigação 
de dar publicidade, levar ao conhecimento de todos os seus atos, 
contratos ou instrumentos jurídicos como um todo. Isso dá 
transparência21 e confere a possibilidade de qualquer pessoa questionar e 
controlar toda a atividade administrativa que, repito, deve representar o 
interesse público, por isso não se justifica, de regra, o sigilo. Note que, nos 
 
21 Uma das faces do princípio da publicidade é a transparência, positivada, por exemplo, na 
Lei de Responsabilidade Fiscal, LC nº 101/2000, cujo art. 1º, § 1º, assim dispõem: “A 
responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se 
previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, 
mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas ...”. 
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termos da CF/88, art. 37, § 1º, a publicidade dos atos, programas, obras, 
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, 
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, 
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou 
servidores públicos. 
Claro que em determinados casos pode ser relativizada publicidade, quando 
o interesse público ou segurança o justificarem. A própria CF/88 prevê 
diversas exceções. Vejamos algumas, todas presentes no art. 5º: 
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado 
o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; 
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos 
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo 
ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de 
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do 
pagamento de taxas: 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos 
ou contra ilegalidade ou abuso de poder; 
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa 
de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; 
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais 
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; 
LXXII – conceder-se-á “habeas data”: 
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à 
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de 
dados de entidades governamentais ou de caráter público; 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por 
processo sigiloso, judicial ou administrativo. 
Cito ainda outras regras da legislação infraconstitucional, que conferem 
sigilo em casos especiais: art. 20 CPP, art. 155 CPC, art. 3º, § 3º, da Lei 
8.666/93. 
A publicidade produz os efeitos previstos somente se feita através de órgão 
oficial, que é o jornal, público ou não, que se destina à publicação de atos 
estatais. Dessa forma, não basta a mera notícia veiculada na imprensa 
(STF, RE 71.652). 
Com a publicação, presume-se o conhecimento dos interessados em 
relação aos atos praticados e inicia-se o prazo para eventual 
interposição de recurso, e também os prazos de decadência e 
prescrição. 
Contudo, não são todos os atos administrativos que devem ter publicidade 
ampla. Nesse rumo, atos internos, em geral, exigem apenas publicidade 
interna, como é o caso de fixação de regras para apresentação de atestados 
médicos por parte dos servidores do órgão. 
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De outro lado, por expressa previsão legal, deve haver publicação no meio 
oficial, por exemplo, nas hipóteses de interessados indeterminados, 
desconhecidos ou com domicílio indefinido (Lei nº 9.784/99, art. 26, § 4º). 
Por último, cito trecho do julgamento liminar proferido pelo eminente 
Ministro do STF, Celso de Mello, no HC 96.98222, que tão bem enfrenta a 
questão do sigilo versus a publicidade: 
Os estatutos do poder, numa República fundada em bases 
democráticas, não podem privilegiar o mistério (MS 24.725-
MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, “in” Informativo/STF nº 331). 
Na realidade, a Carta Federal, ao proclamar os direitos e deveres 
individuais e coletivos (art. 5º), enuncioupreceitos básicos, cuja 
compreensão é essencial à caracterização da ordem democrática 
como um regime do poder visível, ou, na lição expressiva de 
BOBBIO (“O Futuro da Democracia”, p. 86, 1986, Paz e Terra), 
como “um modelo ideal do governo público em público”. 
A Assembléia Nacional Constituinte, em momento de feliz 
inspiração, repudiou o compromisso do Estado com o mistério e 
com o sigilo, que fora tão fortemente realçado sob a égide 
autoritária do regime político anterior. 
Ao dessacralizar o segredo, a Assembléia Constituinte restaurou 
velho dogma republicano e expôs o Estado, em plenitude, ao 
princípio democrático da publicidade, convertido, em sua 
expressão concreta, em fator de legitimação das decisões e dos 
atos governamentais. 
É preciso não perder de perspectiva que a Constituição da 
República não privilegia o sigilo, nem permite que este se 
transforme em “praxis” governamental, sob pena de grave ofensa 
ao princípio democrático, pois, consoante adverte NORBERTO 
BOBBIO, em lição magistral sobre o tema (“O Futuro da 
Democracia”, 1986, Paz e Terra), não há, nos modelos políticos 
que consagram a democracia, espaço possível reservado ao 
mistério. 
Tenho por inquestionável, por isso mesmo, que a exigência de 
publicidade dos atos que se formam no âmbito do aparelho de 
Estado traduz conseqüência que resulta de um princípio essencial 
a que a nova ordem jurídico-constitucional vigente em nosso País 
não permaneceu indiferente. 
O novo estatuto político brasileiro - que rejeita o poder que oculta 
e que não tolera o poder que se oculta - consagrou a publicidade 
dos atos e das atividades estatais como expressivo valor 
constitucional, incluindo-o, tal a magnitude desse postulado, no 
rol dos direitos, das garantias e das liberdades fundamentais, 
como o reconheceu, em julgamento plenário, o Supremo Tribunal 
Federal (RTJ 139/712-713, Rel. Min. CELSO DE MELLO). 
 
4.5 PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA 
 
22 DJ 28/11/2008, Informativo 530. 
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Costumo destacar este princípio como dos mais importantes. Como vimos, 
não existe hierarquia entre princípios, porém, para fins de concurso público, 
este princípio acaba tendo relevância pois foi o último introduzido na 
Constituição, por meio da EC nº 19/98, chamada de emenda da reforma 
administrativa, que deu nova redação ao art. 37 e outros. Inicialmente, foi 
relacionado na Lei nº 8.987/95, que trata da prestação dos serviços 
públicos. 
Também revela dois aspectos distintos, um em relação à atuação do 
agente público, outro em relação à organização, estrutura, 
disciplina da Administração Pública. 
Os agentes públicos devem agir com rapidez, presteza, perfeição, 
rendimento. Importante também é o aspecto econômico, que deve pautar 
as decisões, levando-se em conta sempre a relação custo-benefício. 
Privilegia, assim, o binômio qualidade x economicidade. Construir uma linha 
de distribuição elétrica em rua desabitada pode ser legal, seguir a Lei de 
Licitações, mas não será um investimento eficiente para a sociedade, que 
arca com os custos e não obtém o benefício correspondente. 
A Administração Pública deve estar atenta às suas estruturas e 
organizações, evitando a manutenção de órgãos/entidades sub utilizados, 
ou que não atendam às necessidades da população. 
Perceba o que prevê a Lei nº 9.784/99, em seu art. 2º, “caput”: 
Art. 2o. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos 
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, 
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, 
segurança jurídica, interesse público e eficiência. 
Estes princípios estudados até aqui são os cinco básicos da Administração, 
expressos na Constituição Federal, em seu art. 37, caput: 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência... 
Acrescente-se que os princípios administrativos previstos 
constitucionalmente representam uma relação meramente exemplificativa 
de dogmas que deverão ser obrigatoriamente observados pelo 
administrador público. 
Segundo a doutrina, o princípio da democracia participativa é instrumento 
para a efetividade dos princípios da eficiência e da probidade administrativa. 
 
Guardou bem? Não? Então L.I.M.P.E. a Administração Pública!! 
Esses princípios devem estar na ponta da língua, pois são objeto de 
perguntas freqüentes. 
A seguir, analisamos as características de outros princípios, também 
vinculados à Administração Pública. 
 
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4.6 PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO 
 
Este é um princípio basilar da Administração Pública, que determina que se 
sobrepõe o interesse da coletividade sobre o interesse do particular, o que 
não significa que os direitos deste não serão respeitados. 
Havendo confronto entre os interesses, há de prevalecer o coletivo. 
É o que ocorre no caso de desapropriação por utilidade pública, por 
exemplo. Determinado imóvel deve ser disponibilizado para a construção de 
uma creche. O interesse do proprietário se conflita com o da coletividade 
que necessita dessa creche. Seguindo o mencionado princípio e a lei, haverá 
sim a desapropriação, com a conseqüente indenização do particular (art. 5º, 
XXIV, CF/88). 
Outro caso exemplar é da requisição administrativa, prevista no art. 5º, 
XXV da CF/88. 
Deve ser seguido o princípio, tanto no momento da elaboração da 
lei, quanto no momento da execução da mesma, num caso concreto, 
sempre vinculando a autoridade administrativa. Havendo atuação que não 
atenda ao interesse público, haverá o vício de desvio de poder ou desvio de 
finalidade, que torna o ato nulo. 
Ressalto que o interesse público é indisponível. Assim, os poderes 
atribuídos à Administração Pública têm a característica de poder-dever, 
que não podem deixar de ser exercidos, sob pena de ser caracterizada a 
omissão. 
Por fim, há dois tipos de interesse: primário ou secundário. Seguindo 
lição de Celso Antônio Bandeira de Mello23, “interesse público ou primário é 
o pertinente à sociedade como um todo e só ele pode ser validamente 
objetivado, pois este é o interesse que a lei consagra e entrega à compita 
do Estado como representante do corpo social. Interesse secundário é 
aquele que atina tão-só ao aparelho estatal enquanto entidade 
personalizada e que por isso mesmo pode lhe ser referido e nele encarna-se 
pelo simples fato deser pessoa.” 
Segundo Luiz Roberto Barroso24, interesse público primário é o interesse da 
sociedade, sintetizado em valores como justiça, segurança e bem-estar 
social. Secundário é o interesse da pessoa jurídica de direito público (União 
Estados e Municípios), identificando-se com o interesse da Fazenda Pública, 
isto é, do erário. Nesse sentido, conforme destaca o doutrinador, o 
“interesse público secundário jamais desfrutará de uma supremacia priori e 
abstrata em face do interesse particular. Se ambos entrarem em rota de 
colisão, caberá ao intérprete proceder à ponderação desses interesses, à 
vista dos elementos normativos e fáticos relevantes para o caso concreto”. 
 
 
23 MELLO, Celso Antônio Bandeira, Curso de Direito Administrativo, São Paulo, 2005, 
Malheiros Editores, p. 57-58. 
24 BARROSO, Luiz Roberto. Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito. (O 
Triunfo Tardio do Direito Constitucional no Brasil). Revista Eletrônica sobre a Reforma do 
Estado (RERE), Salvador, Instituto Brasileiro de Direito Público, nº 9, março/abril/maio, 
2007. Disponível na internet: <http://www.direitodoestado.com.br/redae.asp. Acesso em: 
20 de março de 2009. Pag. 30. 
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4.7 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE OU DE VERACIDADE 
 
Abrange dois aspectos: um quanto à perfeita conformidade com a 
legislação, outro com a verdade dos fatos ocorridos. 
Como a Administração Pública deve obediência ao princípio da legalidade, 
presume-se que todos seus atos estejam de acordo com a lei. Essa 
presunção admite prova em contrário, a ser produzida por quem alega. É 
chamada então de relativa, ou “juris tantum” (lembre da diferença com a 
presunção absoluta, “juris et de jure”, que não admite prova em contrário). 
Com esse atributo, é possível a execução direta, imediata, das decisões 
administrativas, inclusive podendo criar obrigações ao particular, 
independente de sua concordância e executadas por seus próprios meios. 
 
4.8 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE 
 
O Estado deve prestar serviços públicos para atender às necessidades da 
coletividade. Essa prestação não pode parar, pois os desejos do povo são 
contínuos. 
Tendo em vista a necessária continuidade, há limitações ao direito de greve 
dos servidores públicos (art. 37, VII, CF/88), dos militares (art. 142, § 3º, 
IV, CF/88) e à existência de substitutos que preencham funções públicas 
temporariamente vagas. 
No campo dos contratos administrativos, podemos ver que também esse 
princípio se faz notar: aquele que contrata com a Administração Pública não 
pode invocar a “exceptio non adimpleti contractus”, ou exceção de contrato 
não cumprido (arts. 476 e 477, CC), ou seja, ainda que não receba o 
pagamento devido, deve continuar prestando o serviço público delegado 
(em regra por 90 dias, art. 78, XV, Lei nº 8.666/93). Existe ainda a 
possibilidade de reversão25 dos bens da concessionária de serviço público. 
Destaque-se a regra do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/90: 
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, 
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de 
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, 
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. 
(grifou-se) 
Mas a continuidade não é garantia absoluta. A regra é a prestação 
contínua do serviço. Não se caracteriza como descontinuidade do serviço, 
contudo, a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio 
aviso, quando (art. 6º, § 3º, Lei nº 8.987/95): 
I – motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das 
instalações; 
 
25 Lei nº 8.987/1995, art. 36 - A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a 
indenização das parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não 
amortizados ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a 
continuidade e atualidade do serviço concedido. 
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II – por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da 
coletividade. 
Interpretando-se sistematicamente o art. 22, do Código de Defesa do 
Consumidor, com o art. 6º, § 1º, Lei nº 8.987/95, confirma-se que a 
continuidade do serviço público não constitui princípio absoluto: 
A Lei 8.987/95, que dispõe sobre o regime de concessão e 
permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 
da Constituição Federal, prevê, nos incisos I e II do § 3º do art. 
6º, duas hipóteses em que é legítima sua interrupção, em 
situação de emergência ou após prévio aviso: (a) por razões de 
ordem técnica ou de segurança das instalações; (b) por 
inadimplemento do usuário, considerado o interesse da 
coletividade. Tem-se, assim, que a continuidade do serviço 
público, assegurada pelo art. 22 do CDC, não constitui 
princípio absoluto, mas garantia limitada pelas disposições da 
Lei 8.987/95, que, em nome justamente da preservação da 
continuidade e da qualidade da prestação dos serviços ao 
conjunto dos usuários, permite, em hipóteses entre as quais o 
inadimplemento, a suspensão no seu fornecimento.26 
É legítimo o ato administrativo praticado pela empresa 
concessionária fornecedora de energia e consistente na 
interrupção de seus serviços, em face de ausência de 
pagamento de fatura vencida. A relação jurídica, na hipótese 
de serviço público prestado por concessionária, tem natureza de 
Direito Privado. A jurisprudência da Primeira Seção do STJ, pelo 
seu caráter uniformizador no trato das questões jurídicas em 
nosso país, é no sentido que “é lícito à concessionária interromper 
o fornecimento de energia elétrica, se, após aviso prévio, o 
consumidor de energia elétrica permanecer inadimplente no 
pagamento da respectiva conta (L. 8.987/95, Art. 6º, § 3º, II)”. 
Na questão ora analisada, o pagamento é contraprestação, 
aplicável o CDC, e o serviço pode ser interrompido em caso de 
inadimplemento. A continuidade do serviço, sem o efetivo 
pagamento, quebra o princípio da isonomia e ocasiona o 
enriquecimento ilícito e sem causa de uma das partes.27 
(grifou-se) 
A regra em comento, então, deve ser analisada com cuidado, levando-se 
em conta as características do caso concreto. Por não ser uma regra 
absoluta, não seria sempre possível a interrupção, como nos casos de 
hospitais, iluminação pública ou usuário miserável. Tampouco seria possível 
usar tal ferramenta para obrigar o devedor a quitar sua dívida, como pode-
se observar dos julgados a seguir reproduzidos: 
A interrupção do corte de energia

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