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BIOLOGIA CELULAR: CITOESQUELETO E MOVIMENTOS CELULARES 1 Citoesqueleto Trata-se de um conjunto de proteínas polimerizadas que estabelecem a forma celular, modificam-na e participam da movimentação celular (intra e extracelular). Ele é formado pelos microtúbulos, filamentos de actina e filamentos intermediários, que atuam de maneira coletiva, apesar de terem funções e dinâmicas diferentes. MICROTÚBULOS Forma e composição Os microtúbulos são uma parede de proteínas com meio oco (como um canudo de alumínio). Ele é o tipo mais rígido e espesso do citoesqueleto. Esse componente está presente em células que não estão em divisão, células em divisão e em ciliadas. É formado pela polimerização do heterodímero de tubulina (tubulina-α + tubulina-β), que formam uma fila denominada protofilamento. A associação de 13 protofilamentos vai formar o microtúbulo. Organização e polimerização Sempre em um protofilamento uma extremidade vai ter a tubulina-α (denominado negativo (-)) e na outra a tubulina-β (positiva (+)). Logo, sempre em uma das extremidades do microtúbulo vai ter um tipo de tubulina, caracterizando a polarização do microtúbulo. Sendo assim, sempre a extremidade com a beta livre (+) a polimerização é mais rápida, já na extremidade alfa livre (-) a polimerização é mais lenta. Assim, a extremidade beta livre (+) é onde ocorre o crescimento significativo do microtúbulo. Essa organização dos microtúbulos é necessária pois a associação de protofilamentos dá mais rigidez e estabilidade ao microtúbulo, só que sem perder a sua dinâmica e crescimento ou despolimerização. O crescimento dos microtúbulos é muito rápido, mas é limitado pela disponibilidade do heterodímero. A tubulina-α e a tubulina-β possuem sítios de ligação do GTP (molécula de energia parente do ATP), se os dímeros de tubulinas estiverem ligados aos GTPs e estiverem hidrolisando-os devagar, o microtúbulo polimeriza, a hidrólise rápida do GTP em GDP desestabiliza o microtúbulo que começa a se despolimerizar. Ou seja, o crescimento do microtúbulo ocorre quando o dímero é adicionado mais rapidamente do que a hidrólise GTP => GDP. Já o encurtamento ocorre quando a velocidade de hidrólise do GTP ligado à tubulina é mais rápida do que a taxa de entrada dos dímeros, caracterizando uma instabilidade dinâmica, que auxilia na rápida reorganização deles para alguma tarefa celular. Quando o polímero diminui de tamanho é chamado de catástrofe, já quando aumenta é chamado de resgate. A única forma de estabilizar o microtúbulo é com uma Proteína Estabilizadora de Microtúbulos (MAP). Os microtúbulos estáveis são importantes para a formação dos cílios, flagelos e no transporte de substâncias. Centro Organizador dos Microtúbulo (MTOC) É o local de nucleação (início) dos microtúbulos, nas células animais é chamado de centrossomo (existe somente um por célula). Na periferia do centrossomo está a extremidade (+) dos microtúbulos, e no centrossomo está a (-). No local dos centrossomas também está os centríolos, que é formado por 9 trincas de microtúbulos. O centrossomo é formado pelo par de centríolos + material pericentriolar. BIOLOGIA CELULAR: CITOESQUELETO E MOVIMENTOS CELULARES 2 Nas células ciliadas, os cílios são formados a partir dos corpúsculos basais (cópias de centríolos) que ficam na base de cada cílio. Material pericentriolar (nucleação) Trata-se de uma substância que tem anéis de γ- tubulina, que servem de moldes para a produção dos dímeros dos microtúbulos. A necessidade do centrossomo é importante para a organização, posicionamento e orientação dos microtúbulos. Na mitose Na mitose há a duplicação do centrossomo e os microtúbulos formam uma completa organização para a formação do fuso mitótico. Formam-se os microtúbulos do cinetocoro, polares (estabilização) e astrais (periferia do fuso). Fármacos que interferem na polimerização (utilizado no tratamento de câncer) • Colchicina: ação em microtúbulos instáveis, impede a polimerização da extremidade (+) pela formação do complexo tubulina-colchicina. • Taxol: estabiliza os microtúbulos pelo consumo de todas as tubulinas. FILAMENTOS DE ACTINA Funções • Forma o córtex celular • Movimentos embrionários • Movimentação • Anel contrátil na mitose • Forma as microvilosidades e outras estruturas Forma Os filamentos de actina são os mais finos dos 3 filamentos, são relativamente flexíveis (trançado de colar de pérola). Ele é feito pela polimerização da actina-G (globular) formando um protofilamento; depois, ocorre o o enrolamento de dois protofilamentos, formando a actina-F (filamento). Organização e polimerização Cada globulina (subunidade do filamento de actina) tem um sítio de ligação para o ATP, além de ser um composto polarizado → tem uma extremidade (+) e uma (-), no qual a (+) é onde ocorre a maior parte da polimerização. A polarização da actina é delimitada pelo número de actinas-G no citosol. A sua polimerização e despolimerização é parecida com a do microtúbulo, só que é ATP em vez de GTP. Também tem a mesma ideia da instabilidade dinâmica. Fármacos que atuam na instabilidade dinâmica • Faloidina: impede a despolimerização • Citocalasinas: evita a polimerização Formação Para a formação dos filamentos de actina que compõe o córtex celular, há os Complexos de Proteínas Associadas à Actina (ARP’s), onde contêm moldes de actina, que polimerizam os filamentos organizados em rede. Todavia, para a formação de microvilosidades, estereocílios, lamelipódios, filopódios e pseudópodes, há outro complexo de proteínas, as forminhas, que têm moldes para a formação dos filamentos na vertical. Há proteínas que permitem a estabilização da actina (microfilamentos), os quais são importantes na formação do córtex celular, microvilosidades e outras estruturas formadas pelos filamentos de actina que são estáticos. Zônula de Oclusão e Zônula de Adesão Trata-se de estruturas juncionais que são formadas pelos filamentos de actina: • Zônula de Oclusão: São duas membranas que se aproximam firmemente (quase se fundem), devido aos filamentos de actinas e proteínas transmembranas que as amarram para evitar que passem substâncias entre elas (comum no intestino). • Zônula de Adesão: Estrutura um pouco mais frouxa, a qual forma um cinturão de adesão entre as células epiteliais, que mantém a sua junção e arquitetura (evita migração/invasão celular). O que ajuda na adesão célula- célula são as caderinas, que são glicoproteínas as quais permitem a ligação célula- célula, mas são dependentes de Ca+2. As caderinas se associam às actinas para manter a estabilidade aos complexos. Adesão focal BIOLOGIA CELULAR: CITOESQUELETO E MOVIMENTOS CELULARES 3 É uma estrutura que une a células com a matriz extracelular ao seu redor e é estabilizada pelos filamentos de actina. FILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS Está num diâmetro médio entre os microtúbulos e os filamentos de actina. Os filamentos intermediários são extremamente estáveis, além de ser exclusivo de organismos multicelulares. Forma São feitos da polimerização de 8 tetrâmero de filamentos de certas proteínas alfa-hélice. Os dímeros são colocados de maneira inversa (o lado carboxi-terminal fica junto com o N-terminal), sendo caracterizada como não polarizada (polarizações se anulam). Função É como se fosse um cabo de aço muito resistente, que mantém a tração e a coesão entre as células (desmossomos), principalmente nas células epiteliais. Não atua na movimentação celular. Além disso, é o único tipo de filamento encontrado dentro do núcleo, que forma a lâmina nuclear (conjunto de laminas), que seria um córtex da membrana celular para o envoltório nuclear, dando sustentação ao núcleo. As laminas são menos estáveis devido a necessidade do envoltório nuclear se desfazer na mitose. E, ainda, os filamentosintermediários são chamados de neurofilamentos nos neurônios, atuam na manutenção da forma dessa célula. Nos músculos, são chamados de desminas. Ou seja, em cada tipo de célula há um tipo de filamento intermediário, isso é importante para autópsias de tumores, pois em situações de metástase é possível perceber qual tecido foi o pioneiro a desenvolver o câncer pelo tipo de filamento que tem as células cancerígenas. Desmossomos Trata-se de especializações de membrana que mantém as células vizinhas unidas; são feitas por proteínas transmembranas das duas células, as quais se ligam e são sustentadas pelos filamentos intermediários dentro das células. Outra coisa que mantém as proteínas transmembranas unidas são as moléculas de cálcio. Complexo unitivo O complexo unitivo da célula é formado pelas estruturas citas anteriormente nesse resumo: Zônula de Oclusão + Zônula de Adesão + Desmossomos = Complexo unitivo. Hemidesmossomos É igual ao desmossomos só que a célula se associa à matriz extracelular, em vez de se associar à outra célula. Doenças relacionadas • Epidermólise Bolhosa: Mutação no gene da queratina (filamento intermediário) que a desestrutura e não mantém as células do epitélio unidas, formando bolhas com a fricção da pele (descolamento do tecido) • Esclerose Lateral Amiotrófica: Acúmulo e montagem anormal dos neurofilamento, então os axônios motores ficam desestabilizados e não conseguem transmitir os impulsos nervosos, o que acabam atrofiando os músculos. • Progéria: Baseado por “Benjamin Button”, as crianças envelhecem muito rápido, problema nas laminas do núcleo celular. OBS! Há proteínas denominadas pelectinas que promovem a integração dos 3 componentes do citoesqueleto. Movimento Celulares Movimentos Movimentos celulares que modificam a forma celular: • Contração de células musculares • Emissão de lamelipódios • Divisão celular • Batimento de flagelo Movimentos celulares que não causam modificação: BIOLOGIA CELULAR: CITOESQUELETO E MOVIMENTOS CELULARES 4 • Transporte intracelular (grânulos, vesículas de secreção e organelas) Funcionamento Os motores moleculares que permitem a movimentação celular são proteínas motoras (ex:miosina, cinesina e dineína), que se ligam à um filamento polarizado do citoesqueleto (microtúbulo ou actina) e utilizam energia da molécula de ATP para a realização do movimento. Além disso, outro fator que auxilia na movimentação é a polimerização e despolimerização de microtúbulos e actinas. Actina x Miosina Quem se liga à actina são somente proteínas da família miosina, que podem carregar vesículas pela actina, podem se segurar na membrana plasmática e puxar a actina (alongando ou retraindo a célula) ou participar da contração muscular (miosina II). O sentido do movimento da miosina sobre a actina é sempre da extremidade (-) → (+) da actina (relembrar da polarização dos filamentos de actina). Microtúbulos x Cinesina e Dineína A cinesina transita da extremidade (-) → (+) dos microtúbulos (de perto do núcleo para a periferia). A dineína transita da extremidade (+) → (-) (da periferia para perto do núcleo). Essas proteínas fazem o transporte de vesícula, organelas, pigmentos e moléculas. A movimentação de cílios e flagelos ocorrem da associação de microtúbulos com dineínas. Esse compostos são organizados na forma de axonema (9 microtúbulos na periferia + 2 microtúbulos no centro). A movimentação dos cílios e flagelos ocorrem quando dois microtúbulos se ligam às dineínas. Dessa forma, as dineínas tentam movimentar um microtúbulo e causam uma onda devido às proteínas de ligação (impedem o deslizamento), criando a movimentação (em forma de onda). Alterações genéticas na dineína causa a Síndrome de Kartagener, causando infertilidade (flagelo do espermatozoide não mexe) e problemas no trato respiratório (problemas nos cílios).
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