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PROJETO URBANÍSTICO DE DESENHO URBANO PARA O BAIRRO DE AMARALINA – SALVADOR BAHIA GRADUANDAS: JADE CAMPELO B. NONATO VERÔNICA SILVA REIS LIMA LAURO DE FREITAS – SETEMBRO 2019 2 JADE CAMPELO B. NONATO VERÔNICA SILVA REIS LIMA PROJETO URBANÍSTICO DE DESENHO URBANO PARA O BAIRRO DE AMARALINA – SALVADOR BAHIA Trabalho apresentado no curso de Arquitetura e Urbanismo da Unime- União Metropolitana de Educação e Cultura. Orientador: Prof.Arq. Armando Branco . LAURO DE FREITAS – SETEMBRO 2019 3 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 4 2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE PESQUISA.............................................. 5 3 DEFINIÇÃO DO TERRITÓRIO DE VIZINHANÇA................................. 6 4 INSPEÇÃO TÉCNICA AO TERRITÓRIO DE VIZINHANÇA................. 7 5 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO 3................................................................ 19 6 ENTREVISTAS ........................................................................................... 20 7 SÍNTESE DAS ENTREVISTAS.................................................................... 22 8 APORTE TEÓRICO....................................................................................... 23 9 CONCLUSÃO................................................................................................ 33 10 REFERÊNCIAS............................................................................................ 34 4 INTRODUÇÃO Neste trabalho, apresentamos de acordo com o bairro de Amaralina / Salvador-BA, as suas questões urbanísticas diante da complexidade da infraestrutura urbana em seus aspectos físico-ambientais e socioeconômicos. Destacamos a poligonal do bairro contendo não só a sua centralidade como o seu território de vizinhança, acompanhado de uma descrição de todo o processo. Trazemos também imagens feitas durante a visita técnica, onde podem ser observados diversos aspectos urbanos. O trabalho tem como objetivo promover informações de como é feito e o que é observado em um projeto urbanístico em um bairro. 5 Capítulo 1. Localização da área de pesquisa O bairro de Amaralina fica localizado em Salvador-Ba. Com isso, de acordo com a Rosa dos ventos, fica exatamente no Sul da sua cidade, de acordo com seus pontos cardeais, e no sul- Sudeste, de acordo com seus pontos colaterais. Partindo disso, o bairro de Amaralina está situado á nove metros do centro de Salvador, e localizado na orla atlântica, entre o bairro Rio Vermelha (a leste), o bairro da Pituba (a oeste), Vale das Pedrinhas e Nordeste de Amaralina (ao norte) e com o Oceano Atlântico (ao sul). 6 Capítulo 2. Definição do Território de Vizinhança O processo realizado para encontrar a poligonal do Território de Vizinhança do bairro de Amaralina, foi realizado a partir do encontro da poligonal do bairro, onde usou as informações disponíveis da base SICAR. Em seguida, a poligonal de vizinhança surgiu a partir da medição de um percurso de 800 metros do ponto de centralidade, para todos os lados, através das suas vias. Com isso, após traçar uma linha por todas as ruas até o limite de 800 metros marcados, foi feita outra poligonal, a poligonal do território de vizinhança, onde, engloba o traçado realizado posteriormente nas vias. A centralidade do bairro, foi marcada na Avenida Amaralina, por conta do grande fluxo de pessoas presentes durante o dia. Foi observado a existência de comércios, igrejas, escolas, centros médicos, de uma grande área de lazer e da praia. A escolha desde local, foi baseada por uma questão social e comercial. Logo em seguida, a marcação do território de vizinhança se deu pelos pontos no bairro e no bairro vizinho onde as pessoas mais se relacionam e fazem uso. Como por exemplo, algumas escolas do bairro vizinho, Pituba, são utilizadas por grande parte dos moradores de Amaralina. 7 Capítulo 3. Inspeção técnica ao Território de Vizinhança a) Fluxo de pedestres e veículos: Fonte: Foto de autoria própria – Fluxo do trânsito no dia 7 de setembro às 10h30min. De acordo com a visita técnica, realizada no dia 7 de setembro de 2019, ás 10h30min da manhã, podemos observar um fluxo regular de veículos e um pequeno fluxo de pedestres. As pessoas que chegavam a caminhar nas ruas variavam a sua faixa etária, sendo crianças, jovens e principalmente idosos. Já sobre o transito, os motoristas de carros que passavam pelo local e circulavam pelo bairro, eram normalmente adultos, na faixa de 30 á 50 anos. 8 b) Acessibilidade: Fonte: Foto de autoria própria – Rampa de acessibilidade para cadeirantes. Foi observada a existência de algumas rampas na calçada principal e nas calçadas de alguns estabelecimentos de bairro, porém, nas calçadas próximas às casas, as rampas de acessibilidade eram inexistentes. Embora na calçada da avenida principal tenha a rampa, o uso de piso tátil para deficientes visuais, não era presente. 9 c) Sinalização de trânsito: Fonte: Foto de autoria própria – Semáforos, faixa de pedestres e sinalização de ciclovias. Assim como observado nas imagens, as ruas e avenidas eram bem sinalizadas, desde a sua via principal até as suas pequenas ruas. Semáforos e placas de sinais de trânsitos eram sempre bem localizados, visíveis e estavam funcionando. Como também, foram observadas diversas faixas para o uso dos pedestres, como também dos ciclistas. 10 d) Materiais: Fonte: Foto de autoria própria – Foto ampla da calçada principal do bairro de Amaralina. Os materiais observados nas calçadas foram normalmente o concreto. 11 e) Capacidade: Fonte: Foto de autoria própria – Calçadas com grande dimensionamento. A calçada principal era bem larga, contendo também uma ciclovia, porém, sempre dando prioridade ao pedestre. Contudo, as calçadas das ruas que dão acesso às edificações, não são muito largas e acessíveis, cabendo apenas duas pessoas, a depender. 12 f) Barreiras físicas: Fonte: Foto de autoria própria – Existência de rampa dando acesso à praia. Fonte: Foto de autoria própria – Largo das Baianas – Amaralina Sobre a existência de barreiras físicas, nota-se um acesso à praia, que é muito distante do outro acesso. É observada também, a existência de praça que precisa de reparos e de um largo que também precisa de manutenção. Porém, o largo, chamado de “Largo das Baianas”, é dos pontos de lazer que ainda tem um frequente movimento durante os finais de semana, contudo, precisa de reparos. 13 g) Mobiliário: Fonte: Foto de autoria própria – Banco de concreto exemplificando o mobiliário urbano. A existência de mobiliário urbano não era muito presente na área, porém, a sua representação pode ser feita por alguns bancos de madeira, visto no local, e por alguns equipamentos de ginástica e brinquedos. 14 h) Iluminação pública: Fonte: Foto de autoria própria – Destaque para os postes. A iluminação não pode ser observada à noite, e embora a presença de vários postes fosse notável, alguns entrevistados ressaltaram sobre a questão da falta de iluminação durante a noite.15 i) Drenagem pluvial: Fonte: Foto de autoria própria – Exemplos de dispositivos de drenagem pluvial: bocas de lobo danificadas. Algumas bocas de lobo foram vistas, e a questão de alagamentos não foram relatadas. 16 j) Vegetação: Fonte: Foto de autoria própria – Vegetação predominante: coqueiros. A vegetação presente na via principal era a de coqueiros, e nas suas ruas, a vegetação se mantinha ausente. 17 k) Edificações: Fonte: Foto de autoria própria – Edificações obedecendo ao recuo frontal. A existência dos recuos frontais eram presentes na maioria das edificações, contendo somente algumas edificações mais privadas, que separavam e interferiam na relação do público com o meio. 18 l) Costumes e hábitos: Fonte: Foto de autoria própria – Costumes baseados na utilização das ciclovias e das calçadas. O principal costume observado foi andar de bicicleta e fazer uma caminhada pela calçada. 19 Conclusão do capítulo 3 A visita realizada no território de pesquisa, bairro Amaralina, no dia 7 de setembro as 09h30min da manhã, trouxe diversos aspectos urbanismos. Durante a visita e com a entrevista realizada com os moradores e os comerciantes do bairro, percebemos sobre o fluxo de veículos que é bastante intenso durante o dia, principalmente na amenidade principal (Av. Amaralina) e também sobre o fluxo de pedestres, que já não é tão frequente assim, contudo, se tornam pouco mais elevados durante o final de semana, onde os moradores saem para usufruir da infraestrutura oferecida. Juntamente a isso, a sinalização de trânsito é algo bastante importante para o bairro, pois durante toda a observação, todas as sinalizações estávamos m em dias. Também foi observada a acessibilidade do bairro, onde, as rampas eram bastante frequentes em alguns pontos, porém, o piso tátil, para deficientes visuais, não foi visto na área. Algo que chamou bastante a atenção foi a existência de postes em todos os locais do bairro, porém, de acordo com a opinião dos moradores, durante a noite, o bairro não tem muita iluminação, prejudicando o contato dos moradores com a calçada e com o próprio bairro. Outra questão bastante relevante, é sobre a drenagem pluvial, pois, algumas bocas de lobo observadas durante o largo principal estavam quebradas, dificultando também a caminhando de quem passa por ali. Por fim, o bairro de Amaralina, precisa de melhorias em muitos aspectos, e de uma reforma para que tudo possa ir para o seu devido lugar. 20 Capítulo 4. Entrevistas - Entrevista 1 De acordo com a comerciante local Elizabeth, de 60 anos, foi relatado que o bairro da Amaralina se encontra com déficit, que não há farmácias, mercados por perto, e que as pessoas tem que se deslocar para outro bairro, para realizar suas necessidades, ela também ressaltou que precisa de uma reforma geral, melhorias na iluminação e segurança pública. - Entrevista 2 De acordo com o morador e advogado Vladimir, ele relatou que há uma deficiência de falta de infraestrutura, falta de ponto de ônibus, mas o ponto mais forte relatado foi o lazer, porém sugeriu melhorias para o bairro, principalmente, academias públicas e mais atividades culturais e socioeducativas no bairro. - Entrevista 3 De acordo com o comerciante Tiago, de 29 anos, ele conta que há falta de segurança, que as opções de comércio estão em falta, o bairro está abandonado, há faltas de rampas e piso tátil para deficientes visuais, há falta de ponto de ônibus, policiamento e que o bairro exige melhorias da iluminação. - Entrevista 4 De acordo com a comerciante Adelina, de 50 anos, ela diz que os moradores que são comerciantes têm muita a fidelidade com seu bairro, e que há faltas de comércios, precisa de uma atenção e principalmente melhorias de lazer e alguns banheiros químicos. 21 - Entrevista 5 Segundo o comerciante Roberto, ele está satisfeito com seu bairro, não mudaria nada nele, e um dos seus pontos mais fortes é a movimentação. 22 Síntese das entrevistas Durante a entrevista realizada no bairro de Amaralina, em Salvador-BA, por volta das 09h30min até às 11h da manhã, foi observado que a maioria dos entrevistados com a faixa etária adulta, sinalizou principalmente os problemas da segurança e da falta de iluminação nas ruas, assim, impossibilitando o movimento pelo bairro e fazendo com que o comércio da avenida principal seja encerrado cedo. Como também, a falta de opções para lazer e a falta de movimentação pelo bairro decorrente a isso. Os moradores afirmaram que o bairro está abandonado e precisa de uma reforma total, que lhe traga infraestrutura, já que os moradores precisam ir para outros bairros para fazer atividades comuns, e segurança em alguns pontos. Algumas questões como a falta de ponto de ônibus, falta de farmácias, mercearias e comércio também é algo a se preocupar, já que são essenciais para um bairro pequeno, como Amaralina. 23 Capítulo 5. Aporte teórico 5.1) “O efeito da arquitetura: impactos sociais, econômicos e ambientais de diferentes configurações de quarteirão” de Vinicius Netto. Segundo o autor Vinicius M. Netto, a arquitetura tem como objetivo atender às necessidades humanas para o bom ou mau funcionamento. Existem três tipos de modalidades: edifício livre (isento de ligações), os colados uns aos outros (alinhados nas divisas) e o base torre (edifício com volume duplo). Dimensão estética: conjunto de edifício solto, com alturas variadas, um conjunto fragmentado. Existência de relações absolutas de causa-efeito, ou de casualidade entre uma forma e seu resultado funcional ou social, com os efeitos passaria a ter efeitos iguais e elas perderiam o seu sentido na sociedade ou a ter efeitos aleatórios e imprevisíveis. Relação entre forma e função, uma forma pode ser apropriada para outra funcionalidade de uma atividade pode auxiliar mais ou menos uma atividade. “Casualidade parcial” entendida e controlada pelo arquiteto. Mostrar dimensões da determinação arquitetônica. O grupo de efeito para que errássemos menos e acertássemos mais. Co-presença, restrita em sua influência sobre níveis de movimento das pessoas e de padrão de uso do espaço. É ponto comum aceitar que a proximidade de serviços diversos é algo bom para as pessoas que tem, sem grandes deslocamentos, a chance de encontrar e satisfazer seus interesses e rotina, desde trabalho a moradia. Já o caso de Brasília apresentado no livro, há quarteirões de raro efeito, sem continuidade de fachadas, cujos edifícios apresentam grandes espaçamentos de portas voltadas para o espaço público e enfraquecem a relação de fachada-rua que parece bem-vinda na animação do espaço público. Proposta de urbanidade apresentada por Holanda: 1- Minimizar espaço aberto em prol de ocupados 2- Menores unidades de espaço aberto (ruas, praças…). 3-Maior números de portas abrindo para lugares públicos 4-Minimizar espaços sagrados 24 5- Configuração e implantação do edifício buscando como qualidades: densidade arquitetônica, continuação das fachadas, pluralidade de uso edifícios e da rua, atividade comercial do terreno. O mais grave dos impactos sobre a segurança pública é ocorrência de crime em nossas ruas. A densidade arquitetônica e a presença abundante de terrenos comerciais contribuem para a densidade de uso pelos pedestres. Estudos demonstram a relação de espaço e crime. Os tipos de recuos e terrenos privados quando reproduzidas como regra tende a espantar os pedestres, reduzir razões para monitoramento.Fonte: Imagem ilustrativa para representar as dimensões da arquitetura. arquitextos 079.07: O efeito da arquitetura: | vitruvius 25 5.2) Capítulos “3. Os usos das calçadas: contato” e “7. Os geradores de diversidade” de Jane Jacobs em Morte e vida de grandes cidades. 5.2.1) Capítulo 3 – “Os usos das calçadas: contato”. O capítulo três “Os usos das calçadas: contato” do livro Morte e vida das grandes cidades, de Jane Jacobs, aborda sobre a relação dos moradores de uma cidade com a sua calçada. Diferente do que muitos pensam o fato de passar um tempo na rua ao invés de estar em casa “fazendo algo” é muito mais importante e necessário do que o imaginado. Segundo Jane, as calçadas também têm vida social por serem públicas, e para que isso aconteça, é preciso que haja o encontro de forma indireta de pessoas que não se conhecem de forma privada e íntima e que nunca pensaram em se conhecer. Porém, para que esse encontro aconteça de forma naturalmente é preciso que haja na cidade uma devida confiança que parte dos moradores em relação às suas ruas. Confiança a qual, é desenvolvida processualmente por conta dos contatos e encontros públicos nas calçadas. Esses contatos são definidos como simples ações casuais, as quais podem ser: falar com um conhecido na rua, dar bom dia para vendedores e funcionários, ir a um pequeno salão de beleza ou até mesmo uma conversa na porta de casa. Atividades que geram o conhecimento da identidade pública das pessoas. Contudo, nem todas as cidades conseguem ter essa relação de segurança com os seus moradores, e a ausência dela resulta em uma catástrofe para a rua. Portanto, em uma rua em que as pessoas não se envolvem não se relacionam e não fazem corretamente o uso das calcadas no seu dia a dia, jamais irá existir confiança e as pessoas se tornarão anônimas. Para Jane Jacobs, a informalidade da vida pública, o que gera a inexistência da confiança, está diretamente ligado com outras modalidades públicas de uma cidade. Com isso, as modalidades formais geram a partir de encontros e da existência de locais para tais. Assim, a resposta para as raras relações nas ruas seria porque não havia lugares para que houvesse as relações. Porém, Jane parte do pensamento em que, além disso, existe também a privacidade na zona urbana que é indispensável, mas nem todas as conseguem. Um exemplo seriam as “fofocas”, onde, quando ocorrem em cidades pequenas, resulta que todos sabem da notícia, porém, o mesmo não acontece nas cidades grandes, tornando-as mais preservadas. Jane também cita sobre o planejamento urbano e a privacidade, onde, na arquitetura, se deu por janelas e ângulos de visões, embora nas cidades, privacidade tem a ver com você querer ou não, compartilhar algo sobre si e poder ter a escolha de quem vai saber. Segundo a 26 antropóloga Elena Padilla, autora de “Up from puerto rico”, esses são assuntos públicos, e num lugar pobre, irá sempre existir essa relação de confiança de uma pessoa com a outra, e partindo disso, que a vida pública nas ruas revela exatamente a mesma coisa. Ainda assim, o poder da escolha e do controle de quem podemos confiar, são coisas pertinentes para que haja um equilíbrio e um limite, entre a vida privada e a vida urbana pública. Ainda nesse contexto, a ação de “compartilhar” faz parte da teoria de planejamento urbano, porém, tendo em vista, que quanto mais há exigência no compartilhamento, mais irá existir o afastamento dos moradores às cidades. Quando a cidade tem a ausência de calçadas, a existência de partilhar sobre a sua vida é muito maior, assim, seguindo essa linha de raciocínio, sabe-se que quanto maior a calçada, permitindo que haja interação entre as pessoas, maior e melhor será a vida social. Outro fator importante, é a vida privada, que ocorre mais em ruas de classe média, como o modelo de Cidade-jardim, e resulta no isolamento das pessoas e na ausência de relações entre elas. Em algumas cidades está presente o urbanismo ortodoxo, onde as pessoas que não se identificam com o local, acabam indo embora e com isso, os locais vão se tornando sempre mais exigentes com a seleção de pessoas que se esquadram. Com isso, a relação entre vizinhos não será adequada. Jane dar a opção de compartilhar tudo ou nada, onde as pessoas podem escolher com quem irão compartilhar ou se é que vão. Moradores de conjuntos habitacionais e de zonas urbanas não planejadas passam por esse questionamento “tudo ou nada?”, tendo a dificuldade de se relacionarem. Segundo pesquisas realizadas, isso se dava pela má estrutura social da vida nas calçadas, que depende de uma figura pública. A figura pública pode ser alguém muito conhecido ou pouco conhecido, porém, para ser uma figura pública, deve-se ao menos ter um grande contato com pessoas, e deve servir para aproximar ou levar notícias. Por isso, se tornou muito importante ter figuras públicas nas cidades, pois ajudam a gerar uma identidade para elas e para as outras pessoas. Sobre a vida na rua, Jane conta que é muito mais fácil e mais frequente, uma pessoa rica aproveitar as coisas que a sua cidade proporciona do que uma pessoa pobre, e não existindo essa apreciação, também não irá existir a segurança nas calçadas. Por fim, o contato público e a segurança nas ruas são uma dupla as quais são diretamente ligadas e tem relação com um dos principais problemas do Brasil: a segregação e a discriminação racial. Embora existam diversas formas processuais para suavizar esses obstáculos, o planejamento urbano se tornou uma das ferramentas para diminuir a 27 discriminação e superar a segregação. Contudo, para que isso seja efetivado é preciso que haja vida pública civilizada nas calçadas. Fonte: Ligação das pessoas com as calçadas no bairro de Amaralina. 28 5.2.2) Capítulo 7 – “Os geradores de diversidade”. O capítulo sete “Os geradores de diversidade” do livro Morte e vida das grandes cidades, de Jane Jacobs, conta sobre a diversidade urbana e como funcionam os geradores para alcançá-la. Segundo a autora, a diversidade é algo natural das cidades que é composta por diversos elementos diferentes. Ao citar um dos maiores diaristas do século XVIII, James Boswell, que esclarece um dos maiores problemas das cidades, que são a sua análise uso por uso para a formação dos quadros globais, que são ineficazes e sem produção, sabe-se que para que haja o entendimento das cidades é preciso saber que existe misturas e combinações de usos que servem para promover a segurança urbana, as ligações e o contato com o público e que quando há falta dessa mistura, a vida na rua é apenas uma monotonia e um sentimento de medo, tornando-se ponto de vista econômico, um deserto. Jane aponta que as grandes cidades são normalmente os geradores naturais de diversidade e são provedoras de novas empresas e pequenos empreendimentos. Partindo disso, tem-se que sem a existência das cidades, as empresas urbanas não existiriam, e quanto maior uma cidade, maior também será a variedade e diversidade de seus produtos. Portanto, quando se quer destaque ou apenas competir com outras empresas, uma das alternativas é a sua localização. Para alcançar uma maior visibilidade, as empresas devem se instalar em locais bem movimentados e próximos de outros mecanismos da infraestrutura urbana. A diversidade comercial onde se dá desde o tamanho da empresa até os seus pequenos elementos é um dos pontos principais para uma cidade, que são chamadas de “geradoras naturais de diversidade econômica e incubadoras de novas empresas”, segundo Jane Jacobs. Embora, a presença de pessoas seja um ponto bem importante, muitas vezes, ela acaba virando apenas uma estagnação por conta do número elevado de pessoas. Por isso, que Jane apresenta quatro meios indispensáveis que podem gerar uma diversidadenas ruas e nos distritos. Primeiramente, o distrito deve garantir que as pessoas estejam nos locais por motivos diferentes e que sejam capazes de utilizar corretamente a infraestrutura, sem seguida, as quadras devem ser curtas, fazendo com que as pessoas possam chegar a outras ruas com mais rapidez e frequência, também é apresentado a opção da ligação direta entre os edifícios com as idades, para que haja conservação, e por último, deve haver uma certa densidade alta de pessoas, seja lá qual for os seus objetivos. 29 Fonte: Exemplo de prédio comercial. Casa do Comércio – Salvador - BA 30 5.3) “A recuperação do espaço público” de GEHL, J; GEMZOE, L. em Novos espaços urbanos. Nova vida urbana Em Copenhague, nos anos 2000, a cidade criou espaços para muitas formas diferentes de interação humana. Durante os últimos 40 anos, 100.000 m2, foram convertidos em espaços urbanos pedestres, liberados do tráfego de veículos. As superfícies e ruas foram pavimentadas de pedra de excelente qualidade. O centro da cidade possui um caráter e uma atmosfera convidativa as pessoas para estarem ali. Possui um pouco, descanse e permaneça o quanto quiser. Os novos espaços públicos recuperados são sempre usados e bem aproveitados. O pedestre constitui 80% do movimento da cidade. A Copenhague central se converteu em área totalmente dedicada ao pedestre. Os habitantes aproveitam as muitas oportunidades que a cidade oferece em atividades urbanas recreativas. Os 1500 assentos em bancos e 5000 cadeiras de café ao ar livre proporcionam boa oportunidade para sentar e estão todos em uso constante. Um traço comum é o caráter recreativo das atividades que se desenvolvem, outro é a sua qualidade social e os novos espaços liberados do carro, que são usados para recreação social. O modelo do centro da cidade agora está sendo seguido pelos bairros residências do entorno da cidade. A transformação das ruas e quarteirões inspiram novos arranjos urbanos, nos quais podemos encontrar exemplos similares na Europa, onde se observou espaços para a vida pública. A vida pública como lugar de encontro, desenvolveu nos últimos 30 ou 40 anos, conduziu a uma transformação notável do planejamento urbano e da arquitetura do espaço publico. Uso tradicional do espaço publica: lugar de encontro, comércio e circulação. A cidade sempre foi lugar de encontro e reunião das pessoas, lugar onde trocavam informação sobre garantir espaços agradáveis a novos tipos de vida pública. Olhando os padrões de desenvolvimento das décadas recentes, as cidades holandesas, alemãs e escandinavas estavam entre as primeiras a experimentar novos tipos de espaços urbanos. A politica de retirada de carros e oferta das melhores condições para a vida urbana continua a ser principalmente um fenômeno europeu, mas as politicas urbanas correspondentes podem ser encontradas em cidade da América do Norte, do Sul, da Ásia e Austrália. Após os esforços de Portheland, nos EUA e Curitiba são notáveis e mostram que não é exclusivamente um fenômeno europeu. Em toda parte do mundo existem cidades desoladas, invadidas e 31 abandonadas, porém há cidades que reagiram convidando os habitantes a usar e retomar os espaços públicos. As cidades que recapturaram o espaço público tiveram politicas urbanas visionárias. Vários tópicos são combinados nessas visões urbanas como segurança, mudanças nos padrões de trafego, saúde pública, redução do consumo de riquezas, redução de poluição e resíduos são esforços para fortalecer a cidade como fórum democrático. Quando as visões e as politicas trabalham lado a lado, é evidente que as cidades tornam-se lugares melhores de se viver. A cidade recuperada Nos últimos 30 ou 40 anos, o interesse na vida e nos espaços públicos começou a crescer de novo. Uma importante inspiração vem dos centros comerciais abertos, os shoppings malls, em particular nos EUA, cujo intuito era levar as pessoas a comprar. A ideia do uso do espeço publica como espaço social e recreativo, cresceu gradativamente e foi reforçado durante as décadas seguintes. A conexão entre qualidade de vida, extensão e caráter da vida urbana, também foi documentada, durante esse mesmo período. Na Europa particularmente, a tradição foi uma terceira e muito importante fonte de inspiração, muitas cidades europeias continuaram a exercer uma tradição viva de uso dos espaços públicos para atividades sociais e recreativas. Ao longo das décadas de 60 e 70, praças e ruas crescentes foram construídas na Europa para pedestre, as calçadas foram ampliadas e realçadas com mobiliário urbano, flores e árvores. Um ponto de vista importante para situação do trafego nas cidades, foi à crise do petróleo em 1973. Os interesses no transporte publicam e do uso de bicicletas cresceu em concordância. Durante todo esse período, os conceitos para novos espaços públicos foram ampliados, antes confinados e estreitos espaços comerciais, passaram a possuir um foco mais vasto, criando o espaço e condições razoáveis, garantindo oportunidade de desenvolvimento para atividades sociais e recreativas. Foi também em Barcelona que o conceito de cidade recuperada nasceu, em termos de ideia e formulação arquitetônica, a politica do espaço publico em Barcelona passou a desempenhar o papel principal nas propostas desenvolvidas posteriormente. O ato de comprar em lojas com acesso a carro, em ruas cheias de veículos estacionados, leva as pessoas a dirigirem e pararem o carro em cada destino. A alternativa é comprar em grandes centros comerciais fora das cidades. Nestes shoppings centers é ainda possível caminhar do estacionamento de até as lojas e no interior e pelos corredores do próprio centro. 32 Outras cidades como Atlanta construíram passarelas aéreas, conectando lojas localizadas estrategicamente no interior de edifícios no centro da cidade. Essas estruturas alçam os pedestres a um pavimento, dentro dos quais pode mover-se de edifício a edifício protegidos do clima e liberados das ruas e de outros espaços públicos. Uma terceira categoria de ambientes de comprar privados com localização central “é a cidade subterrâneo conhecido esse fenômeno em Osaka, no Japão, Montreal e outras cidades”. Esses tipos de centros são privados e fechados fora dos horários comerciais, não há espaço para versatilidade, humor, democracia na pauta desses centros comerciais tão padronizados e modernos. Um problema de saúde pública desenvolva-se nessas cidades, onde é impossível andar de bicicleta ou caminhar como parte de uma rotina diária. Muitos habitantes possuem sobrepeso ou condição física deficiente. Alguns deles tentam combater o problema exercitando-se na hora do almoço, gastando tempo em academia de ginástica. A extinção do trafego de pedestre e do espaço publico, assim também como grande parte de vida pública, possui muitas consequências diretas e indiretas. A cidade abandonada Essa cidade não possui modelo histórico, pois, pela primeira vez na história, o trafego dos pedestres tornou-se impossível ou supérfluo. As cidades não foram projetadas para o pedestre, a circulação e a própria vida são dependentes do carro. Uso corrente do espaço público Através de uma simplificação, é possível observar 4 tipos diferentes de cidades: • Cidade tradicional – onde lugares de encontro, de comércio e circulação continuam a coexistir em equilíbrio. • Cidade invadida – onde usos individuais, geralmente o tráfego de carros, usurpar território à custa de outros usos do espaço urbano. • Cidade abandonada – onde espaço e vida públicos desapareceram • Cidade recuperada – onde grandes esforços são feitos para encontrar um novo equilíbrio entre os usos da cidade como lugar de encontro, comércio e circulação.33 5.4) Conclusão. Os textos retratam sobre a realidade da arquitetura, e as suas ligações com as pessoas. As calçadas, por exemplo, sozinhas não podem interferir e impor o comportamento das pessoas que as usam, porém, para que haja uma qualidade tanto nas calçadas quanto na relação das pessoas é necessário que exista além de elementos, humanos presentes nela. Assim, se dar a ligação entre as pessoas com as calçadas, fazendo com que a confiança e segurança nesses espaços públicos sejam suficientes para essa própria relação. Também é abordado sobre a diversidade da arquitetura e de empresas, e quais são os geradores para que possa alcançar a diversidade. Em síntese, há cidades em que houve um planejamento urbano, para que fossem voltadas a atender aos pedestres, com o propósito de diminuir o tráfego de veículos, ao contrário de outras cidades ainda não possui a elaboração voltada aos pedestres, dependendo somente do carro. A casualidade parcial é entendida, elaborada e controlada pelo arquiteto. Portanto o arquiteto tem objetivo de atender as necessidades humanas, para o bom funcionamento. 34 REFERÊNCIAS GEHL, J; GEMZOE, L. Novos espaços urbanos. Barcelona: Gili, 2002. JACOBS, J. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000. NETTO, V. O efeito da arquitetura: impactos sociais, econômicos e ambientais de diferentes configurações de quarteirão: http://www.vitruvius.com.br/arquitextos no 397. LYNCH, K. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes.1982 http://www.vitruvius.com.br/arquitextos%20no%20397 http://www.vitruvius.com.br/arquitextos%20no%20397
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