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Célia Ferreira Pinto Gramática da Língua Portuguesa I Morfologia 6 CLASSES DE PALAVRAS INTRODUÇÃO A palavra adjetivo significa “colocado ao lado de, justaposto a”. Esse significado enfatiza o caráter funcional do conceito de adjetivo: é necessário apresentar a relação que se estabelece entre o substantivo e o adjetivo para poder conceituar este último. Na realidade, substantivos e adjetivos apresentam muitas características semelhantes e, em muitas situações, a distinção entre ambos só é possível a partir de elementos fornecidos pelo contexto. O adjetivo exerce sempre funções sintáticas relativas aos substantivos, atuando como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto). CLASSES DE PALAVRAS Plano de aula • ADJETIVO o Locução adjetiva o Formação o Adjetivos pátrios o Flexões ADJETIVO O adjetivo é a palavra variável que atribui uma especificação ao substantivo, caracterizando-o. Essa especificação pode referir-se a uma qualidade, a um estado, à aparência ou ao modo de ser dos referentes dos substantivos. o Exemplos: difícil, belo, complicado, feroz, esperto etc. Na relação que se estabelece entre um substantivo e um adjetivo, o adjetivo é o elemento determinante e o substantivo é o elemento determinado. O adjetivo, quando empregado junto a um substantivo, amplia, limita ou precisa o seu sentido: • político honesto (qualidade); • carro amassado (estado); • céu azul (aparência); • criança educada (modo de ser). Do ponto de vista das funções sintáticas que desempenha nas orações, o adjetivo pode ser: • Adjunto adnominal. Quando colocado junto ao substantivo, constitui um termo acessório da oração. Exemplo: “Por trás de um grande homem existe sempre uma grande mulher”. • Predicativo. Quando modifica o substantivo ou o sintagma nominal por intermédio de um verbo explícito ou implícito, constituindo um termo essencial da oração: • Predicativo do sujeito (nos predicados nominais ou verbo-nominais): o “Aquele jogador é extraordinário” (com verbo de ligação explícito); o “As crianças dormem tranquilas” (com verbo intransitivo); o “Os jogadores receberam o troféu felizes” (com verbo transitivo). • Predicativo do objeto (direto e indireto): o “O júri considerou o réu inocente da acusação de homicídio” (com verbo transitivo direto); o “Chamei-lhe de idiota” (com verbo transitivo indireto). 1. LOCUÇÃO ADJETIVA As locuções adjetivas são conjuntos de palavras (geralmente preposições + substantivos ou preposições + advérbios) com valor e função de adjetivo: indivíduo sem caráter, homem de negócio, fantasias de papel, navio a vapor. Existem adjetivos correspondentes a muitas dessas locuções adjetivas. Alguns, como se verá a seguir, são formas eruditas, de uso praticamente restrito a textos literários: de abdômen abdominal de abutre vulturino de aluno discente de asno asinino de audição ótico, auditivo de bispo episcopal de cabra caprino de cavalo equino, equídeo de chumbo plúmbeo de chuva pluvial de criança pueril, infantil de dinheiro pecuniário de fígado figadal, hepático de fogo Ígneo de garganta gutural de ilha insular de inverno hibernal de lago lacustre de lobo lupino, lobal de macaco simiesco de madeira lígneo de marfim ebúrneo, ebóreo de pedra pétreo de peixe písceo de prata argênteo de professor docente de quadris ciático de rato murino de rio fluvial de sonho onírico de umbigo umbilical de vento eólio de visão ótico ou óptico 2. FORMAÇÃO Também como os substantivos, os adjetivos podem ser classificados com relação à sua estrutura e formação. Podem ser: • primitivos ou derivados; • simples ou compostos. Adjetivos primitivos são os radicais que por si mesmos designam qualidades, independentemente da existência de seres ou ações que as representem. São muito poucos os adjetivos primitivos da língua. Dentre eles estão os nomes de cores e alguns outros: branco, preto, azul, amarelo, vermelho, curto, grande, pequeno, branco, claro, escuro, liso, livre, triste, feliz. Adjetivos derivados são aqueles formados a partir de outros radicais: infeliz, amarelado, esbranquiçado, entristecido, enraivecido, apavorado, amedrontado, desconfortável, imóvel. Adjetivos simples são os que apresentam um único radical. Os adjetivos primitivos e derivados elencados acima podem também ser tomados como exemplos de adjetivos simples. Adjetivos derivados são aqueles formados a partir de outros radicais: infeliz, amarelado, esbranquiçado, entristecido, enraivecido, apavorado, amedrontado, desconfortável, imóvel. 3. ADJETIVOS PÁTRIOS Adjetivos pátrios são os adjetivos derivados de substantivos que se referem a países, estados, províncias, regiões, cidades, aldeias, vilas, povoados. Para facilitar a apresentação dos adjetivos pátrios, é hábito dividi-los em referentes: a) ao Brasil; b) a Portugal e demais países de língua portuguesa; c) às Américas; d) aos demais países e continentes. Vejamos, então, alguns adjetivos pátrios referentes aos estados e capitais brasileiras e a alguns países e cidades das demais regiões indicadas (não estão indicados os pátrios mais conhecidos, que são aqueles terminados em –ês, como “português”, “francês”, “chinês” e outros semelhantes). Referentes ao Brasil Acre Acreano Amapá Amapaense Espírito Santo Espírito-santense ou capixaba (que significa “roça de milho” em uma língua indígena que era falada na região de vitória) Marajó Marajoara Mato Grosso do Sul Mato-grossense-do-sul Rio de Janeiro (estado) Fluminense (derivado do latim flumen, fluminis, que quer dizer “rio”) Rio de Janeiro (cidade) Carioca (que, em língua tupi, significa “casa do branco”) Rio Grande do Norte Rio-grandense-do-norte, norte-rio-grandense ou potiguar (que, em língua tupi, significa “comedor de camarão”) Santa Catarina Catarinense, catarineta ou barriga-verde Referentes a Portugal e demais países de língua portuguesa Açores Açoriano Cabo Verde Cabo-verdiano ou cabo-verdense Coimbra Coimbrão, conimbricense, conimbrigense, colimbriense Lisboa Lisboeta, lisbonense, olisiponense ou ulissipanense São Tomé e Príncipe São-tomense ou são-tomeense Referentes às Américas Bogotá Bogotenho Buenos Aires Buenairense, bonaerense ou portenho Caracas Caraquenho El Salvador Salvadorenho Guatemala Guatemalteco Patagônia Patagão Referentes aos demais países e continentes Bangladesh Bengali Chipre Cipriota Estônia Estoniano Jerusalém Hierosolimita ou hierosolomitano Mônaco Monegasco Pequim Pequinês Sardenha Sardo Túnis Tunisino, tunesino Muitas vezes é necessário usar adjetivos pátrios compostos para fazer referência a mais de um povo ou região. Dizemos, então, “a cultura luso-brasileira”, “o acordo sino-soviético”, “os povos anglo-americanos”, “os trovadores galego- portugueses”, “o império austro-húngaro”, e assim por diante. Nesses casos, observe que o primeiro radical assume uma forma reduzida e erudita. Veja algumas das principais formas reduzidas de adjetivos pátrios: Adjetivos Pátrios África Afro- Alemanha Germano- ou teuto- Austrália Australo- Áustria Austro- China Sino- Dinamarca Dano- Finlândia Fino- França Franco- 4. FLEXÕES Assim como os substantivos, os adjetivos apresentam flexões de gênero, número e grau. A morfossintaxe da Língua Portuguesa exige que os adjetivos concordem em gênero e número com os substantivos que modificam. Isso significa que eles devem assumir o mesmo gênero e o mesmo número que o substantivo. A mesma regra vale para a noção gramatical de número. • Gênero Os adjetivos, quanto ao gênero, podem ser biformes ou uniformes. Como essa própria designação indica, são biformes os adjetivos que podem apresentar-se sob duas formas, uma para o masculino e outra para o feminino, ou seja, podem flexionar-se morfologicamente. As formas do masculino são não marcadas, como nos substantivos; as formas do feminino são marcadas através do acréscimo, ao radical, do sufixo –a (que marca, na língua, a noção de feminino): • o ator português, a atriz portuguesa; • o submarinoamarelo, a canoa amarela. São uniformes os adjetivos que têm uma mesma forma tanto no masculino como no feminino, ou seja, não admitem flexão morfológica. Seu gênero será determinado pelo gênero intrínseco do substantivo que modificam: • o exercício fácil, a prova fácil; • o calor insuportável, a dor insuportável; • um caso espetacular, uma história espetacular. São também uniformes os adjetivos compostos cujo segundo elemento é um substantivo ou um adjetivo uniforme: vestido verde-garrafa, blusa verde-garrafa; vestido azul-celeste, saia azul-celeste. Aqueles terminados em –u, –ês ou –or recebem simplesmente o acréscimo do sufixo –a: • cru, crua; • nu, nua; • holandês, holandesa; • burguês, burguesa. É importante conhecer as seguintes exceções: • zulu • hindu • cortês • descortês • pedrês • montês • multicor • incolor • bicolor • tricolor • sensabor • E os comparativos: melhor, pior, maior, menor, superior, inferior, ulterior, anterior e posterior, que são uniformes. Vejamos, agora, outras regras de formação do feminino dos adjetivos. Os adjetivos terminados em –ão formam o feminino em –ã ou –ona: • são, sã; • alemão, alemã; • cristão, cristã; • chorão, chorona; • comilão, comilona. Os terminados em ditongo fechado –éu [êu] fazem o feminino em –eia: • ateu, ateia; • europeu, europeia; • pigmeu, pigmeia; • plebeu, plebeia; Exceções: • judeu, judia; • sandeu (tolo), sandia. Os terminados em ditongo aberto –éu fazem o feminino em –oa: • ilhéu, ilhoa; • tabaréu (caipira), tabaroa Vale mencionar, também, o caso particular do adjetivo mau, cuja forma feminina é má. Quanto aos adjetivos compostos formados, em sua maioria, por dois adjetivos, somente o segundo recebe a flexão do feminino – se biforme: • consultório médico-dentário, clínica médico-dentária; • acordo luso-brasileiro, união luso-brasileira. As exceções a apontar aqui são: azul-marinho, que é uniforme (o terno azul-marinho, a capa azul-marinho), e surdo-mudo, que tem os dois elementos flexionados no feminino (rapaz surdo-mudo, moça surda-muda). • Número Os adjetivos concordam em número com o substantivo que modificam, assumindo a forma singular ou plural desse substantivo. A flexão de plural dos adjetivos simples segue as mesmas regras que já estudamos com relação aos substantivos. Com relação aos adjetivos compostos por dois adjetivos, somente o segundo sofre a flexão de número (a regra, aqui, é a mesma que vimos para a flexão de gênero dos adjetivos compostos): • clínica médico-dentária, clínica médico-dentárias. As exceções são: “azul-marinho” e “azul-celeste”, que são invariáveis (automóvel azul-marinho, automóveis azul- marinho). São invariáveis quanto ao número os adjetivos referentes a nomes de cores cujo segundo radical é um substantivo: • farda verde-oliva, fardas verde-oliva; • tinta amarelo-canário, tintas amarelo-canário. • Grau Diz-se que há variação de grau nos adjetivos quando se quer comparar ou intensificar as características atribuídas aos substantivos. No primeiro caso, tem-se o grau comparativo. No segundo, o grau superlativo. A variação de grau manifesta-se morfologicamente através da flexão (as chamadas formas sintéticas) ou, sintaticamente, através do recurso a outras palavras em estruturas comparativas ou superlativas (as chamadas formas analíticas). • Grau Comparativo No grau comparativo, como o nome indica, confronta-se a maneira como determinada qualidade ou estado manifesta-se em mais de um ser, ou a maneira como duas ou mais qualidades ou estados manifestam-se em um mesmo ser. O grau comparativo pode ser de igualdade, de superioridade e de inferioridade, e forma-se, na maioria dos casos, por expressões analíticas que incluem advérbios e conjunções. a) Grau comparativo de igualdade: Este candidato é tão honesto quanto os demais candidatos do seu partido. Este candidato é tão desonesto quanto presunçoso. b) Grau comparativo de superioridade: Seu candidato é mais desonesto (do) que o meu. Eles são mais desonestos (do) que presunçosos. c) Grau comparativo de inferioridade: Meu candidato é menos desonesto do que o seu. Meu candidato é menos desonesto do que carreirista. Existem alguns adjetivos que têm uma forma sintética para a expressão do grau comparativo de superioridade. São os adjetivos bom, mau, grande e pequeno, que apresentam as formas melhor, pior, maior e menor, respectivamente. Existe um contexto, no entanto, em que formas analíticas devem ser usadas para expressar o grau comparativo desses quatro adjetivos. Isso ocorre nos casos em que o que se compara são duas qualidades de um mesmo ser: Esta sala é mais grande do que confortável. Este seu amigo é mais bom do que tolerante. Eles são mais maus do que desonestos. Estas cadeiras parecem mais pequenas do que estreitas. • Grau Superlativo No grau superlativo, intensifica-se uma determinada qualidade ou estado em termos relativos ou absolutos. Diz-se, assim, que o superlativo pode ser relativo ou absoluto. a) Relativo: denota que determinado ser, com relação a todos os demais seres de um conjunto que apresentam uma certa qualidade, destaca-se por apresentá-la em grau maior ou menor. É sempre expresso de forma analítica, através do uso de advérbios, e pode ser de superioridade ou de inferioridade: • Este é o mais interessante dos livros que li (superlativo relativo de superioridade). • Ele é o menos egoísta de todos (superlativo relativo de inferioridade). b) Absoluto: denota que determinado ser apresenta determinada qualidade em um alto grau; expressa ideia de excesso. Pode assumir uma forma sintética ou analítica. O superlativo absoluto é sintético se formado pelos acréscimos, ao radical do adjetivo, de determinados sufixos. O mais comum desses sufixos é –íssimo(a), mas formam-se também superlativos através dos sufixos –ílimo(a) e érrimo(a): • Este é um piloto velocíssimo. • A prova de hoje estava dificílima. • Aquele homem é paupérrimo. No grau superlativo absoluto analítico a variação de grau é feita através do uso de advérbios: • Este é um piloto muito veloz. • A prova de hoje estava extraordinariamente difícil. Muitas vezes, ao receber um dos três sufixos formadores dessa forma de superlativo, o radical do adjetivo sofre uma mudança, reassumindo uma forma próxima à do radical latino. Essas são formas eruditas. Segue-se um elenco de algumas dessas formas irregulares: acre acérrimo amargo amaríssimo amigo amicíssimo célebre celebérrimo cruel crudelíssimo difícil dificílimo doce dulcíssimo livre libérrimo magro macérrimo, magríssimo negro nigérrimo, negríssimo nobre nobilíssimo pobre paupérrimo, pobríssimo sábio sapientíssimo sagrado sacratíssimo terrível terribilíssimo veloz velocíssimo CONCLUSÃO Adjetivo é toda palavra que caracteriza o substantivo, indicando-lhe qualidade, defeito, estado, condição. Ele pode aparecer antes ou depois do substantivo. Um adjetivo apresenta três formas de flexão: gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (comparativo e superlativo). O grau do adjetivo expressa a intensidade com que o adjetivo caracteriza o substantivo. O grau comparativo pode ser de superioridade, igualdade e inferioridade. O grau superlativo indica que uma característica é atribuída em máxima intensidade ao substantivo. O grau superlativo pode ser absoluto e relativo. O absoluto pode ser sintético e analítico. O grau relativo pode ser de superioridade e de inferioridade. Os adjetivos pátrios podem se referir a cidades, países ou continentes, exprimindo a nacionalidade. A locução adjetiva é toda expressão (duas ou mais palavras) que aparecem no lugar de um adjetivo. A locução adjetiva sempre começa com uma preposição. A maioria das locuções adjetivas é substituída por um adjetivo correspondente. ATIVIDADES 1 – (PUC-MG) Existe propriedade vocabular na substituição da locução destacada por um adjetivo correspondente, exceto em: a) “Viver numa vila na Zona Sul pode ser muito melhor do que ocupar uma casa na periferiada cidade.” (urbana) b) “A vida de Maria Helena em nada se assemelha à de José Gomes, que vive numa área de risco próxima ao lixão.” (perigosa) c) “Já faz parte da rotina deste homem passar os períodos de chuva alojado no grupo escolar.” (chuvosos) d) “Maria Helena luta para conseguir a titulação de seu terreno.” (terrenal) 2 – (UNIP) Em que conjunto os adjetivos têm valor afetivo? a) Proibido entrada e aviso reles. b) Aviso reles e pobre cão. c) Pobre cão e rico dinheirinho. d) Pobre cão e custa canina. 3 – (MACKENZIE) Assinale a alternativa em que ambos os adjetivos não se flexionam em gênero. a) Elemento motor; tratamento médico-dentário. b) Esforço vão; passeio matinal. c) Cientista hindu; homem célebre. d) Juiz arrogante; sentimento fraterno. 4 – (UFCE) Pertence à área semântica de chuva, a palavra: a) pluvial. b) plúmbeo. c) fulvo. d) cúpido. 5 – (FEI) Nos versos: A cujo fluxo mágico respira-se Um quebrando de amor, melhor que a vida! O adjetivo sublinhado está no grau: a) superlativo absoluto analítico. b) superlativo absoluto sintético. c) superlativo relativo de superioridade. d) comparativo de superioridade. Número do slide 1 Número do slide 2 INTRODUÇÃO �CLASSES DE PALAVRAS� ADJETIVO Número do slide 6 Número do slide 7 Número do slide 8 1. LOCUÇÃO ADJETIVA Número do slide 10 Número do slide 11 2. FORMAÇÃO Número do slide 13 Número do slide 14 3. ADJETIVOS PÁTRIOS Número do slide 16 Número do slide 17 Número do slide 18 Número do slide 19 Número do slide 20 Número do slide 21 Número do slide 22 4. FLEXÕES Número do slide 24 Número do slide 25 Número do slide 26 Número do slide 27 Número do slide 28 Número do slide 29 Número do slide 30 Número do slide 31 Número do slide 32 Número do slide 33 Número do slide 34 Número do slide 35 Número do slide 36 Número do slide 37 Número do slide 38 Número do slide 39 Número do slide 40 Número do slide 41 Número do slide 42 Número do slide 43 CONCLUSÃO Número do slide 45 ATIVIDADES Número do slide 47 Número do slide 48 Número do slide 49 Número do slide 50
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