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EBOOK - DIREITO DA CRIANCA E DO ADOLESCENTE (FINAL)

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Direito
DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
eBOOK
 
 
 
 
Organizado por 
CP Iuris 
 
 
 
 
 
Direito da Criança e do Adolescente 
 
 
 
 
1° Edição 
 
 
 
 
Brasília 
CP Iuris 
2019
 
 
 
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
Sumário 
1. Lições preliminares. ......................................................................................................3 
2. Direitos fundamentais ................................................................................................. 11 
3. Prevenção especial...................................................................................................... 81 
4. Política de Atendimento .............................................................................................. 90 
5. Medidas de proteção ................................................................................................ 102 
6. Prática de ato infracional: Direitos e Garantias............................................................ 108 
7. Medidas socioeducativas........................................................................................... 111 
8. Conselho tutelar ....................................................................................................... 125 
9. Justiça da Infância e da Juventude.............................................................................. 129 
10. Procedimentos........................................................................................................ 134 
11. Recursos ................................................................................................................. 153 
12. Ministério Público, Advocacia e Tutela de Direitos .................................................... 155 
13. Crimes e infrações administrativas ........................................................................... 163 
14. Disposições finais e transitórias................................................................................ 177 
15. SINASE.................................................................................................................... 178 
 
 
3 
 
ECA 
Lições preliminares. Direitos fundamentais. Direito à convivência familiar. Família 
substituta. 
1. Lições preliminares. 
Para fins didáticos, convém dividir a análise dos direitos das crianças e dos 
adolescentes em quatro fases: 
1ª) Fase da Absoluta Indiferença 
Nessa fase, não existiam normas jurídicas destinadas a tratar dos direitos e deveres de 
crianças e adolescentes, os quais não eram tutelados pelo Estado, tampouco pela sociedade. 
No geral, cabia ao pai reger de forma absoluta a vida dos filhos. 
Na idade antiga, p. ex., o pai em uma família romana possuía poder absoluto sobre 
seus descentes, e decidia, inclusive, sobre a vida e a morte deles. Em algumas cidades 
gregas, mantinham-se vivos apenas os filhos fortes e saudáveis, sendo que em Esparta o 
genitor transferia o poder de criar os filhos ao Estado, que os transformavam em guerreiros. 
Na idade média houve evolução no tratamento das crianças e adolescentes, graças ao 
influxo da religião sobre o Estado e, por conseguinte, nas normas por ele emanadas. Assim, 
notou-se um abrandamento na severidade outrora vista no tratamento dos filhos. Ademais, 
em alguma medida, a Igreja passou a proteger os infantes ao estabelecer penas corporais e 
espirituais aos pais que maltratavam os filhos. 
De toda sorte, ainda não havia normas jurídicas propriamente ditas destinadas à 
proteção das crianças e dos adolescentes. 
A história mais recente traz um caso emblemático que se passou nos EUA, em 1896, 
envolvendo uma criança chamada Marie Anne, que sofria maus-tratos por seus pais. Uma 
sociedade Protetora de Animais resolveu intervir buscando decisão judicial em favor da 
criança, argumentando que se até os animais possuíam proteção, com maior razão deveriam 
ter as crianças. O fato teve grande repercussão e virou o símbolo de uma nova fase que se 
 
4 
 
iniciava, porque à época ainda não havia normas protetivas às crianças, e não era comum 
que violações a elas chegassem à justiça. 
Veja como isso já foi cobrado em prova: 
VUNESP, Juiz, TJMS, 2015: Na fase da absoluta indiferença, não havia leis voltadas aos 
direitos e deveres de crianças e adolescentes. (Correto) 
2ª) Fase da Mera Imputação Criminal ou do Direito Penal Indiferenciado ou do 
Direito Penal do Menor 
Nessa fase preocupa-se primordialmente com a repressão de infratores. 
Abrange o período de vigência das Ordenações Filipinas (que previa a imputabilidade 
penal a partir dos 7 anos de idade), do Código Penal do Império de 1830 (que introduziu o 
exame da capacidade de discernimento para a aplicação da pena a pessoas entre 7 e 14 
anos), do Código Penal de 1890, do 1º Código de Menores do Brasil de 1926 e do Código 
Mello Mattos de 1927, o qual consolidou a categoria “menor” e lançou as bases da Doutrina 
da Situação Irregular. 
3ª) Fase Tutelar (fase da Doutrina da Situação Irregular) 
O debate no campo internacional e nacional levou ao desenvolvimento de uma 
doutrina do Direito do Menor. Nesse período existiam normas sobre crianças e 
adolescentes, mas elas não os tratavam como sujeitos de direitos, e sim como objeto do 
direito, além disso tinham uma incidência restritiva. 
A base dessa doutrina tinha relação direta com o binômio carência-delinquência, pois 
era justamente nessas situações que incidiam as normas relativas aos infantes. O sistema 
entrava em ação diante de crianças e adolescentes que estivessem em “situação irregular” 1, 
o que geralmente envolvia um desses dois contextos (carência ou delinquência). 
Cabe destacar quatro importantes características dessa fase: 
a) abrangência relativa e discriminatória das normas de proteção às crianças e 
adolescentes: 
 
1 O artigo 2º do Código de Menores de 1979 definia o que era “situação irregular” de forma vaga e 
imprecisa. 
 
5 
 
A rigor, o sistema entrava em ação preponderantemente diante de crianças e 
adolescentes pertencentes a famílias carentes, pois eram consideradas em situação irregular 
ou envolvidas com condutas desviantes. As leis não se aplicavam a todos de forma indistinta. 
b) possibilidade de afastar crianças e adolescentes do convívio com a família natural 
por dificuldade financeira dessa: 
A família, independentemente da sua condição socioeconômica, tinha o dever de 
prover as necessidades dos jovens à luz de um ideal estabelecido pelo Estado. Se não o 
fizesse de acordo com os padrões esperados, o menor era considerado em situação irregular 
e era possível retirá-lo do convício de sua família. O foco não era preservar a convivência 
familiar. Atualmente o ECA expressamente proíbe tal comportamento (art. 23). 
Vigorava a cultura da internação tanto para os menores carentes quanto para os 
“delinquentes”. A segregação era vista como uma das principais soluções. 
Veja como isso já foi cobrado em provas: 
CESPE, DPE-PE, 2018: A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo 
suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar; nesse caso, a família deverá ser 
incluída em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção. 
MPMG, 2014: A falta ou a carência de recursos materiais pode ensejar a suspensão do poder 
familiar e o abrigamento de criança ou adolescente segundo o princípio da proteção integral. 
(FALSO. Art. 23 ECA) 
TJPR, 2014: Em se considerando que aos pais incumbe o dever de sustento dos filhos e que a 
falta ou carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou 
suspensão do poder familiar, remanesce ao magistrado da Infância e Juventude apenas a 
possibilidade de submeter os pais a um procedimento administrativo, por infração ao 
disposto ao art. 249, do ECA (Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres 
inerentes ao pátrio poder familiar ou decorrentede tutela ou guarda, bem assim 
determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: Pena - multa de três a vinte 
salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.) (FALSO. Arts. 22 e 23 
ECA: a falta de recursos materiais não é motivo, por si só, para a perda ou suspensão do 
 
6 
 
poder familiar. Deve-se manter na família de origem, incluindo-a obrigatoriamente em 
programas de proteção, apoio e promoção). 
c) amplos poderes do juiz “de menores”: 
A partir do Código Mello Mattos, ficou estabelecido que caberia ao juiz definir o 
destino dos menores, sendo que para tanto a ele foi dado uma função judicial e normativa 
muito forte. 
O aspecto referente ao poder normativo é o que mais se cobra em provas, merecendo 
destaque o dispositivo Código de Menores de 1979 que admitia ao juiz editar atos 
normativos de caráter geral.2 
Nesse contexto, era possível se deparar com portarias do juízo que impunham o 
“toque de recolher”, vendando de forma geral e abstratas a permanência de crianças e 
adolescentes nas ruas desacompanhadas de responsáveis após determinado horário. 
Atualmente ainda se tem notícias sobre portarias com esse conteúdo, porém, de acordo 
com o STJ, elas violam o art. 149, § 2º, do ECA, o qual veda que os atos normativos 
expedidos pelo juiz da infância contenham caráter geral. 
Vejam como isso já foi cobrado em provas: 
CESPE, TJDFT 2015: É vedado a juízes da infância e da juventude disciplinar, por meio de 
portaria ou ato normativo similar, horário máximo de permanência de crianças e de 
adolescentes desacompanhados dos pais ou responsáveis nas ruas da cidade. (CORRETO. STJ, 
HC 207.720 e REsp 1.046.350/RJ: “A portaria em questão ultrapassou os limites dos poderes 
normativos previstos no art. 149 do ECA. Ela contém normas de caráter geral e abstrato, a 
vigorar por prazo indeterminado, a respeito de condutas a serem observadas por pais, pelos 
menores, acompanhados ou não, e por terceiros, sob cominação de penalidades nela 
estabelecidas.” 
CESPE, TJPR, 2016: A competência regulamentar do juiz da infância e da juventude implica o 
poder-dever de disciplinar, por meio de ato normativo de caráter geral, horário máximo de 
 
2 Art. 8º A autoridade judiciária, além das medidas especiais previstas nesta Lei, poderá, através de 
portaria ou provimento, determinar outras de ordem geral, que, ao seu prudente arbítrio, se 
demonstrarem necessárias à assistência, proteção e vigilância a o menor, respondendo por abuso ou 
desvio de poder. 
 
7 
 
permanência de crianças e de adolescentes desacompanhados dos pais ou responsáveis nas 
ruas das cidades da comarca. (ERRADO. STJ e art. 149, § 2º, ECA) 
Art. 149, § 2º: As medidas adotadas na conformidade deste artigo deverão ser 
fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações de caráter geral. 
d) direitos menos amplos que os dos adultos: 
Crianças e adolescentes tinham menos direitos que os adultos. Argumentava-se que as 
medidas eram tomadas para protegê-los, e não para punir, e assim não se observavam 
garantias fundamentais dos jovens. Nessa esteira, em certos casos, não se seguia um 
processo legal para aplicar medidas aos jovens autores de “conduta desviante”, nem para 
aferir se estavam em “situação irregular”. Não eram vistos, em verdade, como sujeitos de 
direito, e sim como objeto desse. 
 
4ª) Fase da Doutrina da Proteção Integral 
A doutrina da Proteção Integral da criança e do adolescente foi adotada pela CF/88 e 
pelo ECA. Nessa esteira, o art. 1º do Estatuto diz expressamente que a lei trata da proteção 
integral da criança e do adolescente, já o art. 227, caput, da Carta Magna conta com a 
seguinte redação, a partir da qual se infere a adoção da referida doutrina: 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à 
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o 
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à 
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de 
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. 
A CF/88 mudou de paradigma, pois as crianças os adolescentes passaram a ser 
tratados como sujeitos de direito, e não objetos de tutela, bem como a contar com um 
amplo conjunto de mecanismos jurídicos voltados à sua proteção. 
 
8 
 
As características da Doutrina da Proteção Integral são bastante exploradas em provas 
de concursos públicos, e cinco delas merecem destaque: 
a) Generalidade de proteção do Estatuto e demais normas protetivas: 
Diferente do que se verificava à época da doutrina da situação irregular, agora todas as 
pessoas com menos de 18 anos3 sujeitam-se de forma isonômica às normas sobre direitos e 
deveres das crianças e adolescentes. Vedou-se toda sorte de tratamento discriminatório, 
outrora bastante comum, especialmente em razão de condições econômicas dos jovens e 
seus familiares. 
O Estatuto da Primeira Infância (Lei 13.257/2016) reforçou essa ideia ao alterar o art. 
3º do ECA, incluindo no parágrafo único dizendo que os direitos previstos no estatuto devem 
ser aplicados a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação 
familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência , condição pessoal de 
desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de 
moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que 
vivem. Buscou-se, assim, evitar discriminações. 
b) Prioridade Absoluta: 
Diz o art. 4º, parágrafo único, do ECA que a garantia de prioridade compreende a i) 
primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias, ii) precedência de 
atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública, iii) preferência na formulação e 
na execução das políticas sociais públicas, iv) destinação privilegiada de recursos públicos 
nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. E o art. 227 da CF, visto 
alhures, complementa ao dizer que a esse grupo de pessoas também se deve assegura com 
prioridade absoluta o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária. 
Cumpre mencionar que o Estatuto do Idoso, em seu art. 3º, também assegura absoluta 
prioridade nas situações acima mencionadas a pessoas de idade igual ou superior a 60 anos , 
 
3 Conforme será visto a seguir, aplica-se o ECA em alguns casos a adultos entre 18 e 21 anos. 
 
9 
 
o que leva alguns a refletir sobre qual prioridade deveria preponderar, a das crianças e 
adolescentes, ou a dos idosos. 
A solução deve ser dada à luz do caso concreto. Contudo, no plano abstrato e teórico, 
há um argumento que pode ser utilizado em favor da prioridade dos infantes: a prioridade 
desse grupo de pessoas tem sede constitucional, e, portanto, hierarquicamente superior à 
dos idosos que é apenas legal. 
c) Condição peculiar de pessoa em desenvolvimento: 
São assegurados todos os direitos que possuem os adultos e mais outros decorrentes 
da condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Aqui também há nítido contraste com 
a doutrina da situação irregular, quando crianças e adolescnetes tinham menos direitos que 
os adultos. 
Em razão disso, recebem tratamento especial, com procedimentos diferenciados e até 
mesmo uso de taxonomia própria. 
Crianças e adolescentes, p. ex., não cometem crimes, e sim atos infracionais. Não se 
sujeito à pena, mas sim à medida socioeducativa e/ou medida de proteção. Não responde à 
ação penal, e sim a ação socioeducativa. 
d) Busca do melhor interesse da criança e do adolescente: 
Impõe-se que, na análise do caso concreto, oaplicador do direito busque a solução 
mais vantajosa para a criança ou adolescente, e não, p. ex., a seus pais, guardiães, tutores ou 
adotantes. Esse princípio se faz muito presente no estudo da colocação em família 
substituta. 
Veja como já foi cobrado em prova de concurso: 
CONSULPLAN, TJMG, 2018: Em caso de conflito entre direitos e interesses do adotando e de 
outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, devem prevalecer os direitos e os interesses do 
adotando. (CERTO. É uma decorrência da busca do melhor interesse da criança, e da previsão 
expressa do art. 39, § 3º, do ECA). 
 
10 
 
CESPE, TJAM, 2016: O princípio da proteção integral e a aplicação de medidas de proteção à 
criança e ao adolescente, previstas no ECA, justificam a imperatividade na obediência à 
ordem cronológica do registro de pessoas interessadas na adoção. (ERRADO. Em razão do 
princípio do maior interesse da criança e do adolescente, existe situações em que se admite a 
não observância da ordem cronológica do registro de pessoas interessadas na adoção. Três 
exceções são previstas no art. 50, § 13, do ECA, e outas são fruto da jurisprudência do STJ, 
conforme veremos no momento oportuno). 
e) Abandono da expressão “menor”: 
A expressão “menor” tornou-se pejorativa, porquanto remete ao Código de Menores, 
e consequentemente à doutrina da situação irregular, a qual se preocupava 
primordialmente com a carência-delinquência, e dava tratamento discriminatório aos jovens 
nessa situação. 
 
➢ Art. 2º do ECA: 
Define criança e adolescente da seguinte maneira: 
• Criança ➔ pessoa até 12 anos de idade incompletos (de 0 a 11). 
• Adolescente ➔ pessoa entre 12 e 18 anos de idade (de 12 a 17). 
O jovem é de 15 a 29 anos. 
➢ Parágrafo único do art. 2º: 
Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente o ECA às pessoas entre 18 e 
21 anos de idade. Isso ocorre tanto na seara do ato infracional quanto na seara civil. 
Exemplo de aplicação do ECA para os maiores de 18 anos no âmbito cível: 
Adoção: tramitava processo de adoção na Vara da Infância e da Juventude (VIJ) de 
adolescente de 17 anos de idade. No meio do processo, ele completou 18 anos, mas já 
estava sob guarda ou tutela dos adotantes. Nessa situação, o pedido de adoção correrá na 
vara da infância e da juventude. 
 
11 
 
Exemplo de aplicação do ECA para os maiores de 18 anos no âmbito infracional: 
Medida socioeducativa: podem ser aplicadas até o jovem completar 21 anos. Ou seja, 
é possível que um adulto de 18 comece a cumprir uma medida de internação decorrente de 
ato infracional que praticou quando adolescente. A medida poderá perdurar até os 21 anos. 
Veja como isso já foi cobrado em provas: 
CONSULPLAN, TJMG, 2018: Criança, para os efeitos do ECA, é a pessoa que possuiu até 12 
(doze) anos de idade completos. Em situações excepcionais, expressas em lei, o Estatuto 
poderá ser aplicado às pessoas entre 18 (dezoito) anos e 21 (vinte e um) anos de idade. 
(ERRADO. Art. 2º do ECA: criança é até 12 anos incompletos). 
 
IV. Interpretação do ECA 
Diz o art. 6º do ECA que, na sua interpretação levar-se-ão em conta: 
a) os fins sociais a que ela se dirige; 
b) as exigências do bem comum; 
c) os direitos e deveres individuais e coletivos; e 
d) a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em 
desenvolvimento. 
 
V. Competência legislativa 
Competência concorrente: a União trata de normas gerais e os Estados e o DF tratam 
de normas específicas. 
 
2. Direitos fundamentais 
Crianças e adolescentes têm todos os direitos fundamentais assegurados à pessoa 
adulta. O rol de direitos fundamentais previstos no ECA é ainda mais amplo. Isso decorre da 
 
12 
 
Doutrina da Proteção Integral e do princípio da condição peculiar de pessoa em 
desenvolvimento. 
São direitos fundamentais encontrados no ECA: 
• Direito à vida e à saúde 
• Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade 
• Direito à convivência familiar e comunitária 
• Direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer 
• Direito à profissionalização e à proteção ao trabalho 
I. Direito à vida e à saúde 
O capítulo que trata destes direitos é muito importante para provas de concursos, 
especialmente após as diversas alterações promovidas pela Lei 13.257/2016 (Estatuto da 
Primeira Infância). 
Diz o legislador que a criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, 
mediante a efetivação de políticas públicas que permitam o nascimento e o 
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência (art. 7º). 
Aqui, direito à vida não se confunde com o direito de sobreviver. Implica, em verdade, 
o reconhecimento do direito à vida digna. E para assegurar a vida digna, há 
necessariamente de se reconhecer o direito à saúde. Assim, não basta garantir o direito à 
vida, é necessário garantir o direito à vida com saúde. 
Visando atingir esse fim, o legislador criou direitos às mulheres em geral, às gestantes 
e às mães de crianças. Em alguma medida, disciplinou-se direitos sexuais e reprodutivos das 
mulheres4, com o objetivo de fazer com que as crianças nasçam e se desenvolvam com 
saúde. 
A esse respeito, merecem destaque os seguintes direitos: 
 
4 Direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, envolvendo aborto, foi tema abordado na 2ª fase do 29º 
concurso para Promotor de Justiça do MPDFT. 
 
13 
 
• As mulheres em geral passaram a ter direito ao acesso a programas e políticas 
de saúde específicos da mulher e de planejamento reprodutivo; 
• Às gestantes deve ser assegurado a nutrição adequada; 
• Os locais onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos 
recém-nascidos alta hospitalar responsável5 e contrarreferência na atenção primária, bem 
como o acesso a grupos de apoio à amamentação; 
• As gestantes têm direito de escolher o estabelecimento em que o parto será 
realizado e de serem a ele vinculado nos três últimos meses de gestação (trata-se de 
medida que visa dar atenção humanizada à gravidez e ao parto, viabilizando que a mulher se 
familiarize com a equipe médica que o irá realizar, bem como o local em que ele se dará); 
• Às gestantes e às mães de recém-nascidos é assegurada a assistência 
psicológica até no pós-natal como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado 
puerperal, inclusive às mulheres privadas de liberdade; ademais, elas têm o direito de serem 
acompanhadas em todas as etapas por uma pessoa de sua preferência; 
• Como forma de incentivar o parto normal no Brasil, ele foi elevado a um 
verdadeiro direito ao parto, devendo a cesariana ser realizada por motivos médicos. 
• Criou-se, por fim, o dever de buscar-se ativamente a gestante que não iniciar 
ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às 
consultas pós-parto. 
Como isso já foi cobrado em provas: 
Promotor de Justiça, MPMG, 2017: Assinale a alternativa INCORRETA: São direitos das 
gestantes e parturientes, garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente: 
 
5 O conceito de alta hospital responsável consta do art. 16 da PORTARIA Nº 3.390/2013 do Ministério da 
Saúde, o qual tem o seguinte teor: 
A alta hospitalar responsável: é a transferência do cuidado, realizada por meio de: 
I - orientação dos pacientes e familiares quanto à continuidade do tratamento, reforçando a autonomia 
do sujeito, proporcionando o autocuidado; 
II - articulação da continuidade do cuidado com os demais pontos de atenção da Rede de Atenção à 
Saúde, em particular a Atenção Básica; e 
III- implantação de mecanismos de desospitalização, visando alternativas às práticas hospitalares, como 
as de cuidados domiciliares pactuados na RAS. 
 
14 
 
a) Atendimento pré-natal no estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o 
direito de opção da mulher. (ERRADO. Art. 8º, § 1º e 2º,ECA) 
b) Um acompanhante, de sua preferência, durante o período do pré-natal, do trabalho de 
parto e do pós-parto imediato. 
c) Alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a 
outros serviços e a grupos de apoio e amamentação. 
d) Acompanhamento saudável durante toda a gestação, parto natural cuidadoso, aplicação 
de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos. 
FCC, Defensor Público, DPE/BA, 2016: Em março de 2016, o texto do Estatuto da Criança e 
do Adolescente sofreu modificações destinadas a incorporar ou reforçar regras voltadas à 
proteção da primeira infância, entre as quais podemos citar: [...] 
b) Direito da parturiente, junto ao Sistema Único de Saúde, de contar com um acompanhante 
de sua preferência no pré-natal, e o pós-parto e dois acompanhantes durante o trabalho de 
parto. (ERRADO. ART. 8º, § 6º, ECA) 
 
Além de direitos às mulheres, o legislador também criou diversos deveres ao poder 
público, às instituições e empregadores privados, bem como aos hospitais, igualmente 
visando assegurar o direito de crianças e adolescentes terem uma vida com saúde. 
Assim, o ECA passou a exigir de forma expressa, p. ex., que o poder público, as 
instituições e os empregadores propiciem condições adequadas ao aleitamento materno, 
inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade (art. 9º).6 
Nessa linha, vale lembrar que o constituinte originário também teve essa preocupação 
com os recém-nascidos cujas mães sejam presidiárias, pois , no art. 5º, inc. L, da CF, 
estabeleceu que devem ser asseguradas condições para que elas possam permanecer com 
seus filhos durante o período de amamentação. 
 
6 Esse tema foi cobrado na prova discursiva da DPE/SP (2012). 
 
15 
 
Frise-se, ainda, que a Lei do SINASE (Lei 12.594), no § 2º do art. 63, trouxe previsão 
semelhante para proteger os filhos das adolescentes submetidas à execução de medida 
socioeducativa de privação de liberdade, pois diz ser necessário assegurar condições para 
que ela permaneça com o seu filho durante o período de amamentação. 
De toda sorte, em ambos os casos, é mais um direito do recém-nascido do que da 
gestante, porquanto se visa primordialmente a saúde daquele. 
 
Quanto aos hospitais e estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, sejam 
públicos ou particulares, merecem destaque as seguintes obrigações: 
Art. 10 do ECA: 
• Manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários 
individuais, pelo prazo de dezoito anos. 
Esse prazo, por ser longo, é muito cobrado em prova. Geralmente o examinador 
apresenta um tempo inferior. Veja um exemplo de como isso já foi cobrado: 
CESPE, Juiz, TJDFT, 2016: O ECA relaciona obrigações que devem ser cumpridas pelos 
hospitais e demais estabelecimentos públicos e particulares de atenção à saúde de 
gestantes, dentre elas a de manter registro das atividades desenvolvidas, até de prontuários 
individuais, pelo prazo de cinco anos, sob pena de cometimento de infração administrativa, 
punida com multa, além de outras sanções administrativas. 
• Identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e 
digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela 
autoridade administrativa competente. 
• Proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no 
metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais. 
Neste ponto, vale mencionar que a Lei nº 13.438 de 2017 incluiu o § 5º no art. 14 do 
ECA para dizer que “é obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus primeiros dezoito 
meses de vida, de protocolo ou outro instrumento construído com a finalidade de facilitar a 
 
16 
 
detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o seu 
desenvolvimento psíquico”. Por ser uma alteração recente, é bem provável que o 
examinador passe a explorar isso. 
• Fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as 
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato. 
• Manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à 
mãe. 
• Acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orientações 
quanto à técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o 
corpo técnico já existente. 
Essa última obrigação foi incluída pela Lei nº 13.436 de 2017. Por ser recente, 
certamente irá ser cobrada em provas de concursos. 
Art. 12: 
• Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, 
de terapia intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para a 
permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de 
criança ou adolescente. (Obrigação criada pelo Estatuto de Primeira Infância) 
Veja como isso já foi cobrado em prova: 
Promotor de Justiça, MPPR, 2016: Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, os 
estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia 
intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para a permanência 
em tempo integral DOS GENITORES ou responsável, nos casos de internação de criança ou 
adolescente. (FALSO. Só um dos pais). 
 
Por fim, os últimos pontos a serem destacados quanto ao capítulo do direito à vida e à 
saúde diz respeito a procedimentos a serem adotados (1º) em caso de suspeitas de maus 
 
17 
 
tratos de crianças e adolescentes e (2º) em caso de interesse da gestante ou mãe em 
entregar filho para a adoção: 
. (1º) suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante ou 
de maus-tratos contra criança ou adolescente: o Conselho Tutelar deve ser comunicado 
obrigatoriamente;7 
. (2º) mães e gestantes que quiserem entregar seus filhos à adoção: devem ser 
conduzidas à Justiça da Infância e Juventude, sem constrangimento (conforme veremos 
adiante, a Lei 13.509 de 22/11/2017 incluiu no ECA o art. 19-A que detalhou esse 
procedimento, até então previsto de forma genérica no § 1º do art. 13 do ECA, com a 
redação dada pelo Estatuto da Primeira Infância). 
 
 Embora sejam assuntos bem diferentes, o legislador tratou deles em um só dispositivo 
(art. 13 e §§ do ECA), e em provas de concursos públicos é comum que o examinador busque 
confundir os procedimentos. 
A propósito, veja como isso já foi cobrado em prova: 
MPPR, Promotor de Justiça, 2016: Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, as 
gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão 
obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, ao Conselho Tutelar mais próximo 
do lugar em que se encontrem. (FALSO. Nesse caso se encaminhar à Vara da Infância e da 
Juventude). 
 
- Preocupação com a entrega da criança à adoção 
O ECA se orienta pela preservação da criança em sua família natural. A colocação em 
família substituta é absolutamente excepcional, sendo a adoção a última opção. 
 
7 A obrigação se dirige aos mais diversos agentes públicos e privados, porém é muito comum que essa 
obrigação surja para professores e médicos. 
As entidades públicas e privadas devem contar com pessoas capacitadas a reconhecer e comunicar ao 
Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus-tratos praticados contra crianças e adolescentes (art. 70 -B 
ECA). E são igualmente responsáveis pela comunicação as pessoas encarregadas, por razão de cargo, 
função ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crianças e a dolescentes (§ único do 70-B). 
 
18 
 
Conforme visto, o art. 8º, § 5º, diz que incumbe ao poder público prestar assistência 
psicológica: 
• A gestantes e mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para 
adoção. 
E o art. 13, § 1o, estabelece que: 
As gestantes ou mães que manifestem interesseem entregar seus filhos para adoção 
serão obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da 
Juventude. 
Já a Lei nº 13.509 de 2017 disciplinou os termos desse encaminhamento, o qual é 
importante memorizar para a prova. Ressalte-se que os §§ 6º e 10 foram vetados. Porém, 
em fevereiro de 2018, os vetos foram derrubados. Em razão disso, os códigos e vade mecum 
do início de 2018 estão desatualizados. Confira o que diz o dispositivo: 
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para 
adoção, antes ou logo após o nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e da 
Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017). 
Lembre-se que esse encaminhamento deve ser feito “sem constrangimento”, segundo 
o art. 13 do ECA. 
§ 1º A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissional da Justiça da Infância 
e da Juventude, que apresentará relatório à autoridade judiciária, considerando inclusive os 
eventuais efeitos do estado gestacional e puerperal. 
O relatório da equipe interprofissional subsidiará não só futura decisão do juiz quanto 
à adoção, como também quanto à necessidade de encaminhar a mãe ou gestante a 
atendimento especializado de saúde ou assistência social. 
§ 2º De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá determinar o 
encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua expressa concordância, à rede pública 
de saúde e assistência social para atendimento especializado. 
 
19 
 
§ 3º A busca à família extensa, conforme definida nos termos do parágrafo único do 
art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual 
período. 
Aqui se ressaltou que a adoção deve ser tida como última providência. Primeiro deve-
se buscar a manutenção dos vínculos com a família natural, entregando-a ao pai ou 
buscando a família extensa ou ampliada (aquela formada por parentes próximos com os 
quais a criança tem vínculos de afinidade e afetividade). 
De toda sorte, com o fito de dar agilidade ao processo de adoção, estabeleceu-se 
limite temporal a essa busca, que antes durava tempo indefinido. 
§ 4º Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de não existir outro 
representante da família extensa apto a receber a guarda, a autoridade judiciária 
competente deverá decretar a extinção do poder familiar e determinar a colocação da 
criança sob a guarda provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que 
desenvolva programa de acolhimento familiar ou institucional. 
§ 5º Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de ambos os genitores, se 
houver pai registral ou pai indicado, deve ser manifestada na audiência a que se refere o § 
1º do art. 166 desta Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. 
§ 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência nem o genitor nem representante 
da família extensa para confirmar a intenção de exercer o poder familiar ou a guarda, a 
autoridade judiciária suspenderá o poder familiar da mãe, e a criança será colocada sob a 
guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-la. (Promulgação de partes vetadas) 
Inicialmente esse artigo tinha sido vetado. Porém, em fevereiro de 2018 o Congresso 
Nacional derrubou o veto. 
§ 7º Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 (quinze) dias para propor a ação 
de adoção, contado do dia seguinte à data do término do estágio de convivência. 
Aqui, mais uma vez, fica nítido o propósito de imprimir celeridade ao procedimento de 
adoção. 
 
20 
 
§ 8º Na hipótese de desistência pelos genitores - manifestada em audiência ou perante 
a equipe interprofissional - da entrega da criança após o nascimento, a criança será mantida 
com os genitores, e será determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o 
acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias. 
§ 9º É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimento, respeitado o disposto no 
art. 48 desta Lei. 
§ 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crianças acolhidas não 
procuradas por suas famílias no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir do dia do 
acolhimento. (Promulgação de partes vetadas) 
Inicialmente esse artigo tinha sido vetado. Porém, em fevereiro de 2018 o Congresso 
Nacional derrubou o veto. 
 
II. Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade 
• Denominada trilogia da proteção integral da criança e do adolescente. 
Teoria de proteção integral: as normas que cuidam de crianças e adolescentes devem 
concebê-los como cidadãos plenos, porém sujeitos à proteção prioritária, tendo em vista 
que são pessoas em desenvolvimento físico, psicológico e moral. 
• Referem-se, basicamente aos três pilares destacados. 
a) Direito à liberdade 
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos (rol exemplificativo): 
• I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas 
as restrições legais; 
• II - opinião e expressão; 
• III - crença e culto religioso; 
• IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; 
• V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; 
 
21 
 
• VI - participar da vida política, na forma da lei; 
• VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. 
 
Note-se que é bem mais amplo do que o mero direito de ir e vir. É importante 
memorizar o conteúdo desse direto para não confundir com o direito ao respeito. Vê-se em 
provas de concurso público a tentativa de confundir os candidatos misturando o conteúdo 
deles. 
No que diz respeito ao direito de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços 
comunitários, vale lembrar que o juiz disciplinar a entrada e permanência de crianças e 
adolescentes em diversos espaços, desde que não o faça de modo geral e abstrato. 
Conforme visto alhures, atualmente o ECA e o STJ não admitem as portarias que criem 
“toque de recolher”, vendando genericamente a permanência de crianças nas ruas no 
período noturno desacompanhada dos responsáveis. 
A esse respeito, vale conferir o que diz o ECA: 
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou autorizar, 
mediante alvará: 
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou 
responsável, em: 
a) estádio, ginásio e campo desportivo; 
b) bailes ou promoções dançantes; 
c) boate ou congêneres; 
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; 
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. 
II - a participação de criança e adolescente em: 
a) espetáculos públicos e seus ensaios; 
b) certames de beleza. 
 
22 
 
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciária levará em conta, 
dentre outros fatores: 
a) os princípios desta Lei; 
b) as peculiaridades locais; 
c) a existência de instalações adequadas; 
d) o tipo de frequência habitual ao local; 
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou frequência de crianças e 
adolescentes; 
f) a natureza do espetáculo. 
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deverão ser fundamentadas, 
caso a caso, vedadas as determinações de caráter geral 
MPSP, Promotor de Justiça, 2017: A Constituição Federal de 1988 impôs ao legislador 
infraconstitucional o dever de tratar a criança e o adolescente como sujeitos de direito – e 
não mais como mero objeto de intervenção do mundo adulto. Nessa linha, o Estatuto da 
Criança e do Adolescente, em seu Título II, especificou direitos denominados fundamentais de 
infantes e jovens. Em tal contexto, atribuiu às crianças e aos adolescentes direitos de defesa 
mesmo em face dos adultos a quem o ordenamento jurídico os subordina. Dentre tais 
direitos, encontra-se o de defesa da integridade físico-psíquica e moral, na sua faceta de 
proteção aos direitos de fruir e de desenvolver a própria personalidade, de defender-se de 
agressões comprometedoras de sua condição de pessoa em fase de desenvolvimento, 
especificamente quando as iniciativasnefastas partam de pessoas a quem a lei impôs o 
dever de, direta e rotineiramente, protegê-los contra os ataques dos demais membros do 
grupo social, devendo ser-lhes prestado, para tanto, o suporte necessário. Tal 
contextualização correspondente ao direito de liberdade de: 
(B) buscar refúgio. 
MPRS, Promotor de Justiça, 2016: A implementação de programas para atendimento da 
criança e do adolescente em situação de rua vai de encontro ao direito de ir, vir e estar nos 
 
23 
 
logradouros públicos e espaços comunitários, assegurado no Artigo 16, inciso I, do Estatuto 
da Criança e do Adolescente. (FALSO). 
Além disso, esse assunto já foi cobrado nas provas de Juiz/DF, CESPE, 2015 e Juiz/PR, 
em 2013 e 2016. 
 
b) Direito ao respeito 
Art. 17 - O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, 
psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da 
identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. 
• Conclusão: o direito ao respeito guarda estreita relação com os direitos da 
personalidade. Eventuais violações ao direito ao respeito podem levar à indenização por 
danos morais. 
Cumpre destacar que abrange a proteção à imagem. Importante julgado sobre o tema 
foi objeto do informativo 511 do STJ. Restou estabelecido ser vedada a veiculação de 
material jornalístico com imagens que envolvam criança em situações vexatórias ou 
constrangedoras, ainda que não se mostre o rosto da vítima, e que o MP detém 
legitimidade para propor ação civil pública com o intuito de impedir a veiculação de vídeo, 
em matéria jornalística, com cenas de tortura contra uma criança, ainda que não se mostre 
o seu rosto. Embora o julgado tenha se referido especificamente à legitimidade do 
Ministério Público, entendemos que o mesmo raciocínio pode ser utilizado para legitimar 
ação similar por parte da Defensoria Pública. 
Outro ponto correlato d extrema relevância para provas, diz respeito à vedação de 
divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a crianças e 
adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. 
Atenção! Não confunda com a divulgação da notícia sobre o fato, o que é admissível 
com ressalvas. Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a criança ou 
adolescente, vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, 
 
24 
 
residência e, INCLUSIVE, INICIAIS DO NOME E SOBRENOME. (Art. 143 do ECA). Isso já foi 
cobrado em provas de promotor de justiça do MPPR, juiz do TJPR e juiz do TJDFT de 2016. 
Veja como isso já foi cobrado em provas: 
TJDFT, Juiz, CESPE, 2016: As notícias que envolvam a prática de ato infracional poderão 
conter identificação da criança e do adolescente mediante mera indicação de iniciai s do 
nome e do sobrenome, desde que não divulgadas fotografias ou imagens do rosto do menor. 
(FALSO. Não pode indicar nem as iniciais do nome). 
TJPR, Juiz, CESPE, 2016: Quem exibe, sem autorização, fotografia de adolescente envolvido 
em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe 
sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente, pratica 
infração administrativa prevista no ECA. (CORRETO) 
Promotor de Justiça, MPPR, 2016: Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, o direito 
ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do 
adolescente, abrangendo, entre outros, os seguintes aspectos: opinião, expressão e 
participação na vida política, na forma da lei; (ERRADO. Misturou com liberdade: art. 16). 
MPSP: O direito ao respeito de que gozam as crianças e os adolescentes, afirmado em norma 
contida na Lei n. 8.069/90, não abrange: 
a) a imagem e a identidade. 
b) os espaços e objetos pessoais. 
c) a escolha de trabalho, ofício e profissão. 
d) a autonomia, os valores, as ideias e as crenças. 
e) a inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral. 
 
 
c) Direito à dignidade 
 
25 
 
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os 
a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou 
constrangedor. 
 
d) Direito à educação sem castigo físico, sem tratamento cruel ou degradante 
A Lei n° 13.010/2014 inseriu no art. 18-A e 18-B do ECA o direito de crianças e 
adolescentes serem educados e cuidados sem o uso de: 
• castigos físicos ou 
• de tratamento cruel ou degradante. 
A Lei ficou conhecida como “Lei da Palmada” ou “Lei Menino Bernardo”, em 
homenagem a criança chamada Bernardo Uglione Boldrini que teria sido morta pelo pai e 
pela madrasta. 
Para fins de prova, é importante saber o que é considerado “castigo físico” para os fins 
desta Lei. Castigo físico é a ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da 
força física que cause na criança ou adolescente: 
a) sofrimento físico ou 
b) lesão. 
Portanto, a “palmada” dada em uma criança, mesmo que não cause lesão corporal, 
poderá ser considerada “castigo físico” se gerar sofrimento físico. Todavia, a lei não proíbe 
toda e qualquer palmada nas crianças e adolescentes. Somente veda aquela que gere 
sofrimento físico ou lesão. Se a palmada for leve e não causar sofrimento nem lesão, em 
tese estará fora da incidência da lei. 
Frise-se que o projeto original da lei proibia expressamente qualquer palmada. Porém, 
houve um abrandamento com o texto final. 
Note-se que o castigo físico com lesão corporal sempre foi punido. Pode enquadrar-se 
nos tipos dos arts. 129 ou 136 do Código Penal, a depender do caso concreto. 
 
26 
 
E o que é considerado “tratamento cruel ou degradante” para os fins desta Lei? 
Tratamento cruel ou degradante é aquele que: 
a) humilha; 
b) ameaça gravemente; ou 
c) ridiculariza a criança ou o adolescente. 
Perceba, portanto, que a Lei n° 13.010/2014 proíbe, além da violência física, qualquer 
forma de tratamento cruel ou degradante, o que pode acontecer mesmo sem contato físico, 
como no caso de agressões verbais. 
Veja como isso já foi cobrado em provas: 
TJGO, Juiz, FCC, 2015: cobrou o que é “tratamento cruel ou degradante”. Literalidade do art. 
18-A, II, do ECA. 
MPRR, Promotor de Justiça, CESPE, 2017: Segundo o ECA, “A criança e o adolescente têm o 
direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou 
degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, 
pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos 
executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, 
tratá-los, educá-los ou protegê-los.” Nesse sentido, entende-se por 
I - castigo físico a ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física 
sobre a criança ou o adolescente e que lhes cause sofrimento físico ou lesão. 
II - tratamento cruel ou degradante a conduta ou forma cruel de tratamento em relação à 
criança ou ao adolescente que lhes humilhe, ameace gravemente ou ridicularize. 
III - tratamento cruel ou degradante a alienação parental praticada por um dos genitores, 
por ser uma forma de humilhar a criança ou o adolescente. 
Assinale a opção correta. 
(O item III é falso, pois alienação parental não se enquadra como tratamento cruel, nos 
termos do que diz o ECA). 
 
27 
 
 
Ainda sobre o tema, destaque-se importante julgado do STJ, veiculado no informativo 
598, onde se decidiu que a conduta da agressão, verbal ou física, de um adulto contra uma 
criança ou adolescente, configura elemento caracterizador da espécie do dano moral in re 
ipsa. (É prescindível prova de dano em concreto à subjetividade do indivíduo que pleiteia a 
indenização) (REsp 1.642.318-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 
7/2/2017). 
Em outras palavras, é possível concluir que, segundoo STJ, o tratamento cruel ou 
degradante de uma criança ou adolescente, bem como o seu castigo físico, caracteriza o 
dano moral in re ipsa. 
 
Demais disso, alguns questionamentos devem ser respondidos. Quem deverá respeitar 
esse direito? 
• os pais 
• os integrantes da família ampliada (exs : padrasto, madrasta); 
• os responsáveis (ex: tutor); 
• os agentes públicos executores de medidas socioeducativas (ex: funcionários dos 
centros de internação); 
• qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los 
(exs: babás, professores). 
O que acontece com quem utilizar de castigo físico ou tratamento cruel ou degradante 
como forma de educação contra a criança ou adolescente? 
Os infratores estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes 
medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: 
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; 
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; 
 
28 
 
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; 
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; 
V - advertência. 
As medidas acima previstas serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de 
outras providências legais. 
A conduta configura crime? 
Frise-se que Lei n° 13.010/2014 não prevê nenhum crime. No entanto, a depender do 
caso concreto, o castigo físico aplicado ou o tratamento cruel ou degradante empregado 
poderá configurar algum crime previsto no Código Penal ou no ECA. 
Assim, se o castigo físico provocar lesão corporal, haverá punição com base no art. 129 
do CP. Por outro lado, se ele consistir em “expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob 
sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, 
quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho 
excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina” , restará 
caracterizado o crime previsto no art. 136 do CP. 
Por fim, eventualmente, a conduta que importe em tratamento cruel ou degradante, a 
depender do caso concreto, amoldar-se-á ao tipo do art. 232 do ECA: “submeter criança ou 
adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento”. 
O pai ou mãe agressor poderá perder o poder familiar por conta dessa conduta? SIM. 
Mas a Lei n° 13.010/2014 também não prevê isso. Contudo, o Código Civil estabelece que é 
caso de perda do poder familiar o castigo imoderado do filho: 
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: 
I - castigar imoderadamente o filho; 
 
A Lei n.° 13.010/2014 viola o Direito de Família Mínimo, importando em uma 
interferência indevida do Estado nas relações familiares? 
 
29 
 
Entendemos que não. A CF/88 diz ser dever também da sociedade e do Estado 
assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, e ao 
respeito, além de colocá-los a salvo de toda forma de violência, crueldade e opressão (art. 
227). Essa lei contribuiu para esse fim. 
O que muda, na prática, com a Lei n.° 13.010/2014? 
Praticamente nada. Isso porque os castigos físicos e o tratamento cruel ou degradante 
já eram punidos por outras normas existentes, como o Código Civil, o Código Penal e o 
próprio ECA. A Lei n° 13.010/2014 assumiu um caráter mais pedagógico e programático, pois 
o debate do assunto no Congresso Nacional veio para as ruas, e passou-se a falar mais sobre 
a necessidade de uma comunicação e uma educação não violenta com os jovens. 
 
III. Direito à convivência familiar 
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua 
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e 
comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. 
• Critério fundamental para colocação ou não em família substituta: melhor 
interesse da criança ou do adolescente. 
• A família natural tem preferência legal em relação à família substituta. 
Art. 19, § 3º: a manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente à sua família 
terá preferência em relação a qualquer outra providência , caso em que esta criança ou 
adolescente será incluída em serviços e programas de proteção, apoio e promoção . 
A prioridade da família natural persiste nas hipóteses em que os pais estejam 
privados de sua liberdade. 
§ 4º do art. 19: será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou 
o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, 
nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente 
de autorização judicial. 
 
30 
 
§ 5º do art. 19: Será garantida a convivência integral da criança com a mãe adolescente 
que estiver em acolhimento institucional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) 
§ 6º: A mãe adolescente será assistida por equipe especializada multidisciplinar. 
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) 
Veja como já foi cobrado em prova: 
CONSULPLAN, JUIZ, TJMG, 2018: 
I. A convivência integral da criança com a mãe adolescente que estiver em acolhimento 
institucional será devidamente garantida. (CERTO. Art. 19, § 5º, do ECA). 
II. Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai privado de 
liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de 
acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização 
judicial. (CERTO. Art. 19, § 4º, do ECA). 
 
Portanto, a regra é que a criança e o adolescente sejam criados no seio de sua família 
natural, devendo ser colocada em família substituta apenas em última caso, tento 
preferência os membros da família ampliado. 
Mas o que é família natural, família extensa/ampliada e família substituta?8 
De acordo com o art. 25 do ECA, Família NATURAL (caput) é aquela composta pelos 
pais (ou um deles) e os descendentes, e Família EXTENSA ou AMPLIADA (§ único) é a 
formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém 
vínculos de afinidade e afetividade (p. ex., tio/sobrinho, avô/neto, que tenham convívio). 
Veja como isso já foi cobrado em provas: 
TJPR, Juiz, 2014: A família extensa ou ampliada é aquela que se estende para além da 
unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos, os quais 
devem ser previamente consultados, quando houver necessidade de colocação do infante/ 
 
8 Há também, doutrinariamente, a família recomposta (família mosaico): formada por homens e 
mulheres que se unem, tendo fi lhos de relacionamentos anteriores. 
 
31 
 
adolescente em família substituta, na modalidade de guarda. (FALSO. + convivência e 
vínculos de afinidade e afetividade. Além disso, não há previsão expressa da obrigatoriedade 
de consultá-los). 
CESPE, TJAM, 2016: O conceito de família natural abrange o de família extensa, como aquela 
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes, inclusive parentes próximos e 
VIZINHOS com os quais a criança ou adolescente conviva e mantenha vínculos de afinidade e 
afetividade. (FALSO. ART. 25, ECA) 
Família SUBSTITUTA, por usa vez é aquela composta por GUARDA, TUTELA e ADOÇÃO 
(art. 28, caput ECA). Quando se tratar de colocação em família substituta estrangeira, a única 
modalidade aceita é a adoção. 
Art. 28. A colocação em família SUBSTITUTA far-se-á mediante guarda, tutela ou 
adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos 
desta Lei. 
Veja como isso já foi cobrado em prova: 
TJAM, Juiz, CESPE, 2016: A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela 
ou adoção, após definida a situação jurídica da criança ou adolescente por meio de 
suspensão ou destituição do poder familiar, salvo quandoambos os genitores forem 
falecidos. (FALSO. ART. 28, ECA. Além disso, a guarda não pressupõe a perda ou suspensão 
do poder familiar). 
O § 1º daquele artigo diz que SEMPRE QUE POSSÍVEL, a criança ou o adolescente será 
previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de 
desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua 
opinião devidamente considerada. 
Já o § 2º assevera que em se tratando de MAIOR de 12 (doze) anos de idade, será 
necessário seu consentimento, colhido em audiência. 
É comum os examinadores mesclarem esses dados nas provas para confundir os 
candidatos. Portanto, memorize o quadro: 
 
CRIANÇA OU ADOLESCENTE SE POSSÍVEL, é previamente ouvido por equipe 
 
32 
 
interdisciplinar, e tem sua opinião considerada, 
mas não é vinculante. 
ADOLESCENTE (maior de 12 anos) Oitiva obrigatória. E deve consentir em 
previamente em audiência. 
Como isso já foi cobrado em provas: 
TJSC, Juiz, FCC, 2017: Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, são regras que devem 
ser observadas para a concessão da guarda, tutela ou adoção, 
a) o consentimento do adolescente, colhido em audiência, exceto para a guarda. 
b) a opinião da criança que, sempre que possível, deve ser colhida por equipe 
interprofissional e considerada pela autoridade judiciária competente. (CORRETO) 
c) a prevalência das melhores condições financeiras para os cuidados com a criança ou 
adolescente. 
d) a prioridade da tutela em favor de família extensa quando ainda coexistir o poder familiar. 
e) a preferência dos pais ou responsável por algum dos eventuais pretendentes à guarda, 
tutela ou adoção. 
MPGO, Promotor de Justiça, 2016: O consentimento do adolescente é necessário para 
colocação em família substituta e deverá ser realizado em audiência, o mesmo não se 
exigindo quando se tratar de criança. (CORRETO. Art. 28, § 2º, ECA) 
TJPR, Juiz, 2014: No procedimento de adoção, em se tratando de adotando, maior de doze 
anos de idade, é indispensável o seu consentimento pessoal, que, entretanto, poderá ser 
suprido pelos pais ou responsável, se o magistrado considerar que o adolescente não está 
apto a manifestar sua opinião. (FALSO. Art. 28, § 2º, ECA. Não há essa previsão de 
suprimento). 
TJAM, Juiz, CESPE, 2016: Os grupos de irmãos colocados sob adoção, tutela ou guarda terão 
de permanecer com a mesma família substituta, ressalvada a suspeita da existência de risco 
de abuso ou outra situação que justifique razoavelmente o rompimento definitivo dos 
vínculos fraternais. (FALSO. 28, § 4º. Tem de justificar “plenamente”e buscar não romper os 
vínculos fraternais) 
 
33 
 
MPGO, Promotor de Justiça, 2016: Em se tratando de colocação em família substituta de 
criança ou adolescente indígena é, entre outros, obrigatório a intervenção e oitiva de 
representantes do órgão federal responsável pela política indigenista e de antropólogos, 
perante equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso. (CORRETO. 
ART. 28, § 6º, III, ECA) 
CESPE, TJAM, 2016: Entre outras exigências legais, criança ou adolescente indígenas ou 
provenientes de comunidade remanescente de quilombo encaminhados para adoção, tutela 
ou guarda devem prioritariamente ser colocados em família substituta de sua comunidade 
ou junto a membros da mesma etnia. (FALSO. ART. 28, § 6º, II, ECA) 
 
Ainda sobre as noções gerais da colocação em família substituta, tem-se que destacar 
a NECESSIDADE de prévia autorização judicia, nos termos do que dispõe o ECA: 
Art. 30. A colocação em família substituta NÃO admitirá transferência da criança ou 
adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não governamentais, SEM 
autorização judicial. 
Veja como isso já foi cobra em prova: 
TJDFT, Juiz, CESPE, 2016: A colocação em família substituta admite a transferência de criança 
ou adolescente a terceiro, desde que o fato seja comunicado ao Juízo da Infância no prazo de 
vinte e quatro horas, para a regularização respectiva. (FALSO. ART. 30. Precisa de prévia 
autorização judicial). 
Conforme já dito, a colocação em família substituta é situação excepcional, sendo a 
adoção a mais drástica medida. E mais excepcional ainda é a colocação em família substituta 
estrangeira, o que se faz apenas por meio de adoção, conforme diz o ECA: 
Art. 31. A colocação em família substituta ESTRANGEIRA constitui medida excepcional, 
somente admissível na modalidade de ADOÇÃO. (Guarda e tutela NUNCA serão para 
famílias estrangeiras, somente adoção) 
Veja como isso já foi cobrado em provas: 
MPGO, Promotor de Justiça, 2016: O ECA admite a colocação em família substituta 
estrangeira desde que seja adolescente e que se realize através de tutela ou adoção. (FALSO. 
Só pode adoção) 
 
34 
 
TJPR, 2014: A adoção internacional de criança brasileira ou domiciliada no Brasil é uma das 
formas de colocação do infante em família substituta estrangeira, pois, em casos específicos, 
poderá ser deferida a guarda definitiva ou a tutela. (FALSO) 
MPGO, 2016: Somente em relação ao guardião e ao tutor exige-se o compromisso, mediante 
termo nos autos, de bem e fielmente desempenhar o encargo. (CORRETO. Art. 32, ECA) 
CONSULPLA, TJMG, 2018: 
I. A colocação da criança ou adolescente em família substituta se fará mediante a guarda, 
tutela ou adoção e independentemente da sua situação jurídica. (CERTO. Art. 28, caput, do 
ECA). 
II. Os grupos de irmãos deverão ser colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma 
família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação 
que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa. (CERTO. Art. 28, § 4º, do 
ECA) 
III. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente 
admissível nas modalidades de tutela e adoção. (ERRADO. Art. 31 do ECA) 
IV. Tratando-se de menor de 12 (doze) anos de idade, não será necessário seu consentimento 
expresso. (CERTO. Art. 28, § 2º, do ECA). 
 
a) Permanência fora do convívio familiar 
Paralelamente à ideia de família natural e família substituta, há os institutos do 
ACOLHIMENTO FAMILIA e do ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL. 
Veja como isso já foi cobrado em prova: 
MPSP, Promotor de Justiça, 2017: É a colocação da criança ou adolescente sob a guarda de 
pessoa ou casal cadastrado, acompanhado e orientado pelo programa de atendimento 
específico, mantido por entidade pública ou privada, possuindo natureza excepcional e 
transitória. Tal conceito corresponde ao instituto: [...] (E) do acolhimento familiar. 
Se a criança ou o adolescente estiver em situação de risco (art. 98), o juiz da infância e 
juventude poderá aplicar medidas proteção elencadas no art. 101. Dentre elas, temos o 
acolhimento institucional (art. 101, VII) e o acolhimento familiar (art. 101, VIII). 
 
35 
 
Precisa de decisão judicial. Mas, as entidades que mantenham programa de 
acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e 
adolescentes sem prévia determinação da autoridade competente, fazendo comunicação 
do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de 
responsabilidade.9 
O acolhimento familiar consiste na entrega de criança ou adolescente em situação de 
risco a uma família previamente cadastrada junto ao Poder Público com o objetivo de 
ampará-lo temporariamente até que seja reintegrado ao convívio familiar ou colocado em 
família substituta. Neste período, a família acolhedora recebe uma ajuda de custo 
(normalmente em torno de 1 salário mínimo). 
O acolhimento institucional, por sua vez, presta-se ao mesmo fim, mas ao em vez de 
entregar a criança ou o adolescente a uma família, entrega-se a uma entidade de 
atendimento (antigamente chamada “abrigo”) a fim de que ali ele fique protegido de 
situações de maus tratos, desamparo ou qualquer outra forma de violência (física ou moral) 
que estava sofrendo.Ambos são medidas provisórias e excepcionais, sendo preferível o acolhimento 
familiar. São formas de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, 
para colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade (art. 101, § 1º). 
Somente podem ser determinados pelo magistrado. 
A situação da criança ou do adolescente afastado do convívio familiar deve ser sempre 
reavaliada. Essa reavaliação deve ser feita no máximo a cada 3 meses, de acordo com a Lei 
13.509/2017, a qual alterou o § 1º do art. 19 do ECA. Vale mencionar que o dispositivo tinha 
sido vetado (visando manter a reavaliação apenas semestral), mas o veto foi derrubado em 
2018. 
Veja como isso já foi cobrado em prova: 
 
9 Isso já foi objeto nas provas de Defensor Público da DPE/AL, 2017 , CESPE, Juiz do TJSC, 2017, FCC, e 
está previsto no art. 93 do ECA 
 
36 
 
TJSC, Juiz, 2017, FCC: As entidades que desenvolvem programas de acolhimento institucional 
devem observar o prazo mínimo de permanência de seis meses para crianças e adolescentes 
pelos acolhidos, a fim de evitar os danos psicológicos decorrentes da ruptura abrupta dos 
vínculos afetivos. (ERRADO. Art. 19, §§ 1º e 2º do ECA) 
d) podem, em situações excepcionais ou durante o recesso judiciário, receber diretamente 
criança ou adolescente sem determinação de autoridade competente, hipótese em que é 
obrigatória a comunicação ao juiz em até três dias. (ERRADO. Art. 93 do ECA) 
Prazo limite a criança ou adolescente permanecer em programa de acolhimento 
institucional: 
Art. 19, § 2º: A permanência da criança e do adolescente em programa de 
acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18 (dezoito meses), salvo 
comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada 
pela autoridade judiciária. Lei 13.509 de 22 de novembro de 2017. 
Veja como isso já foi cobrado em prova: 
CONSULPLAN, TJMG: É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de 
sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e 
comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. A permanência da 
criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por 
mais de 24 (vinte e quatro meses), salvo comprovada a necessidade que atenda ao seu 
superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. (ERRADO. Art. 19, 
§ 2º, do ECA fala em 18 meses). 
 
Antes da Lei 13.509/2017 ATUALMENTE 
Prazo máximo de permanência da 
criança e do adolescente em programa 
de acolhimento institucional: 2 anos, 
salvo comprovada necessidade que 
atenda ao seu superior interesse, 
Prazo máximo de permanência da 
criança e do adolescente em programa 
de acolhimento institucional: 18 meses, 
salvo comprovada necessidade que 
atenda ao seu superior interesse, 
 
37 
 
devidamente fundamentada. devidamente fundamentada. 
 
Vejamos ainda outras importantes alterações ao art. 19, promovidas pela Lei 
13.509/2017: 
• Convivência integral da mãe adolescente acolhida com seu filho: mãe 
adolescente acolhida em instituição ou família, tem direito permanecer em 
tempo integral com seu filho (§ 5º); 
• A mãe adolescente será assistida por equipe especializada multidisciplinar (§ 
6º): tem direito a apoio de uma equipe especializada (ex.: psicóloga, assistente 
social etc.). 
 
Em síntese, o objetivo do acolhimento familiar é propiciar a volta da criança à família 
natural em algum momento. E quando isso não é possível, deve viabilizar sua colocação em 
família substituta. Caberá ao juiz competente, fundado no relatório da equipe 
interprofissional ou multidisciplinar, decidir pela possibilidade de reintegração familiar ou 
colocação em família substituta. 
 
Ainda dentro do contexto de ACOLHIMENTO FAMILIA e INSTITUCIONAL, deve ser 
estudado o PROGRAMA DE APADRINHAMENTO. 
 
• PROGRAMA DE APADRINHAMENTO: 
Foi disciplinado no art. 19-B do ECA, fruto de inclusão pela Lei 13.509/17. 
Referido programa tem por objetivo incentivar a formação de vínculos afetivos entre 
crianças e adolescentes acolhidos e voluntários não relacionadas ao acolhimento 
institucional ou familiar, que são os padrinhos. Eles devem viabilizar a convivência familiar e 
 
38 
 
comunitária desses jovens e contribuir com sua formação social, moral, físico, cognitivo, 
educacional e financeiro. 
Para tanto, espera-se que o padrinho exerça uma função semelhante à de um parente 
ou amigo próximo da família, podendo inserir o acolhido em seu meio sociofamiliar por meio 
da participação em festas familiares (Ano Novo, Natal, etc..), convívio em datas 
comemorativas (aniversário, dia das crianças, etc.) e realização de atividades recreativas 
(cinema, parques, etc.). Também pode ajudar no campo educacional e financeiro por meio 
do custeio de cursos, materiais, consultas e tratamentos médicos, por exemplo. 
Veja a redação do art. 19-B, caput e § 1º, inseridos pela Lei nº 13.509/2017 ao ECA: 
Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de acolhimento institucional ou 
familiar poderão participar de programa de apadrinhamento. 
§ 1º O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcionar à criança e ao 
adolescente vínculos externos à instituição para fins de convivência familiar e comunitária e 
colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, 
educacional e financeiro. 
(...) 
PERFIL DA CRIANÇA OU ADOLESCENTE A SER APADRINHADO: 
Segundo a lei, deve-se priorizar o apadrinhamento daqueles “com remota 
possibilidade de reinserção familiar ou colocação em família adotiva” (§ 4º). 
Segundo estudo do CNJ, “o apadrinhamento afetivo é um programa voltado para 
crianças e adolescentes que vivem em situação de acolhimento ou em famílias acolhedoras, 
com o objetivo de promover vínculos afetivos seguros e duradouros entre eles e pessoas da 
comunidade que se dispõem a ser padrinhos e madrinhas. As crianças aptas a serem 
apadrinhadas têm, quase sempre, mais de dez anos de idade, possuem irmãos e, por vezes, 
são deficientes ou portadores de doenças crônicas – condições que resultam, quase sempre, 
em chances remotas de adoção.” (http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/79680-
apadrinhamento-afetivo-proporciona-convivencia-familiar-para-criancas-do-df) 
GUARDA DA CRIANÇA/ADOLESCENTE: 
 
39 
 
O padrinho NÃO deterá a guarda da criança ou do adolescente, tampouco será seu 
tutor ou o adotará. A guarda permanece com a unidade de acolhimento institucional ou com 
a família acolhedora. 
QUEM PODE SER PADRINHO: 
a) Pessoas físicas maiores de 18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros de adoção, 
desde que cumpram os requisitos exigidos pelo programa de apadrinhamento de que fazem 
parte. (§ 2º: veto derrubado em fevereiro de 2018). 
b) Pessoas jurídicas também podem apadrinhar criança ou adolescente a fim de 
colaborar para o seu desenvolvimento (art. 19-B, § 3º). 
 
Poder Familiar 
A família terá sobre a criança poder familiar, exercido pelo pai e a mãe. 
Poder familiar: conjunto de direitos e deveres que tem por finalidade, no que toca ao 
interesse da criança e do adolescente, a proteção da sua segurança, moralidade, educação, 
permitindo o desenvolvimento da criança ou adolescente. 
Logo, o poder familiar deve ser exercido em favor dos filhos. 
• Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, 
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias 
relativas à filiação. 
• Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e 
pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito 
de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da 
divergência. 
• Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educaçãodos filhos 
menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as 
determinações judiciais. 
 
40 
 
• Código Civil, art. 1634. Rol extenso dos deveres dos pais no exercício do poder 
familiar. 
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o 
pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: 
• dirigir-lhes a criação e a educação; 
• exercer a guarda unilateral ou compartilhada; 
• conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para: 
a) casarem; 
b) viajarem ao exterior; 
c) para mudarem sua residência permanente para outro Município; 
• nomear-lhes tutor por testamento, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o 
sobrevivo não puder exercer o poder familiar; 
• representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 anos, nos atos da vida 
civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o 
consentimento; 
• reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; 
• exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade 
e condição. 
• Parágrafo único do art. 22 do ECA reforça a paridade no exercício do poder 
familiar: 
A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades 
compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de 
transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança. 
• Os pais que descumprem a obrigação que tem com seus filhos poderão sofrer 
sanções de natureza civil ou penal. 
→ Sanções de natureza civil 
• Afastamento liminar do pai do convívio com o filho, quando for o agressor. 
 
41 
 
• Acolhimento institucional ou familiar da criança ou do adolescente, caso não se 
resolva a situação com a retirada do agressor de casa e mantendo a criança, promovendo-se 
a reavaliação no prazo máximo de 6 meses. 
• Responsabilização civil por danos morais. 
Dano moral por abandono afetivo. 
STJ: para restar configurada a responsabilidade civil por abandono afetivo, deve-se 
comprovar uma conduta omissiva ou comissiva do pai ou da mãe, em relação ao dever 
jurídico de convivência com o filho. 
Ninguém é obrigado a amar, mas é obrigado a educar. O dever de educação passa pelo 
direito de convivência. 
STJ: é necessário comprovar o prejuízo, dano, não sendo suficiente apenas 
demonstrar o abandono. 
O dano seria o trauma psicológico experimentado pelo filho abandonado. Dano à sua 
personalidade ➔ indenização por dano moral por abandono afetivo. 
→ Sanções de natureza penal 
O descumprimento do poder familiar poderá caracterizar diversos crimes. 
Exemplos: abandono de incapaz, abandono de recém-nascido, omissão de socorro, 
maus-tratos, submeter criança à exploração sexual etc. 
b) Carência de recursos materiais 
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para 
a perda ou a suspensão do poder familiar. 
§ 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a 
criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá 
obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e 
promoção. 
Veja como isso já foi cobrado em provas: 
 
42 
 
Defensor Público, DPE-PE, CESPE, 2018: A falta ou a carência de recursos materiais não 
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar; nesse caso, a 
família deverá ser incluída em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção. 
(CORRETO, art. 23 do ECA). 
Promotor de Justiça, MPMG, 2014: A falta ou a carência de recursos materiais pode ensejar a 
suspensão do poder familiar e o abrigamento de criança ou adolescente segundo o princípio 
da proteção integral. (ERRADO. Art. 23 do ECA) 
Juiz, TJPR, 2014: Em se considerando que aos pais incumbe o dever de sustento dos filhos e 
que a falta ou carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou 
suspensão do poder familiar, remanesce ao magistrado da Infância e Juventude apenas a 
possibilidade de submeter os pais a um procedimento administrativo, por infração ao 
disposto ao art. 249, do ECA (Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres 
inerentes ao pátrio poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim 
determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: Pena - multa de três a vinte 
salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.) (ERRADO. Arts. 22 e 23 
ECA: a falta de recursos materiais não é motivo, por si só, para a perda ou suspensão do 
poder familiar. Deve-se manter na família de origem, incluindo-a obrigatoriamente em 
programas de proteção, apoio e promoção). 
 
c) Condenação criminal 
• § 2º do art. 23: 
A Lei 13.715, de 24/09/2018, ampliou as hipóteses de perda do poder familiar. Dispôs 
sobre hipóteses de perda do poder familiar pelo autor de determinados crimes contra 
outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro 
descendente. 
Assim, alterou o art. 92 do Código Penal para incluir como efeito da condenação “a 
incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos 
sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder 
 
43 
 
familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado” (as 
partes em negrito foram acrescidas pela lei). 
Para manter a coerência com a nova redação do CP, alterou o § 2º do art. 23 do ECA, 
que passa a contar com a seguinte redação: 
“A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder 
familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão 
contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro 
descendente.” 
Por fim, seguindo a mesma linha, criou parágrafo único do art. 1.638 do Código Civil, o 
qual diz que: 
“Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que: 
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar: 
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, 
quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo 
ou discriminação à condição de mulher; 
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão; 
II – praticar contra filho, filha ou outro descendente: 
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, 
quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo 
ou discriminação à condição de mulher; 
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à 
pena de reclusão.” 
 
Portanto, frise-se que a condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a 
destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito 
à pena de reclusão, contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra 
filho, filha ou outro descendente. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1638p
 
44 
 
 
d) Processo judicial e contraditório para 
perda ou suspensão do poder familiar 
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente , em 
procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese 
de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22 (dever de 
sustento, guarda e educação dos filhos menores e a obrigação de cumprir e fazer cumprir as 
determinações judiciais). 
• Decretada a perda do poder familiar, a criança ou adolescente serão colocados 
para adoção. 
STJ: se não há a perda do poder familiar, o pedido de adoção deve ser cumulado com 
o pedido de destituição do poder familiar. 
e) Família natural 
Conforme já visto, a família natural está prevista

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